Este documento discute táticas de grupo ofensivas no handebol que envolvem dois ou mais jogadores. Apresenta o aclaramento como uma ação tática comum que liberta espaço para outro jogador. Fornece exemplos de aclaramento executado por diferentes pares de jogadores e como isso pode criar oportunidades de pontuação ou assistência.
Este documento discute táticas de grupo ofensivas no handebol que envolvem dois ou mais jogadores. Apresenta o aclaramento como uma ação tática comum que liberta espaço para outro jogador. Fornece exemplos de aclaramento executado por diferentes pares de jogadores e como isso pode criar oportunidades de pontuação ou assistência.
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Este documento discute táticas de grupo ofensivas no handebol que envolvem dois ou mais jogadores. Apresenta o aclaramento como uma ação tática comum que liberta espaço para outro jogador. Fornece exemplos de aclaramento executado por diferentes pares de jogadores e como isso pode criar oportunidades de pontuação ou assistência.
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Táctica de grupo ofensiva tendo em conta o tempo e o modo no
sentido de se obter a melhor estruturação
espacio-temporal e a realização técnica Aclaramento adequada para aumentar a qualidade e reportório das respostas. Paulo Jorge Pereira
O presente trabalho tem como
propósito apresentar um conjunto de acções tácticas associadas ao aclaramento, que sendo um conteúdo táctico terminologicamente característico do basquetebol, é perfeitamente identificável nos procedimentos tácticos ofensivos do andebol actual. Pode ser considerada uma acção típica de circulação de jogadores, com o objectivo particular de libertar um espaço para ser explorado por um beneficiário (Pereira, 1995). Este movimento, pode ser utilizado em De acordo com o princípio da conjugação com outros conteúdos tácticos unidade entre a formação táctica e envolve dois ou mais jogadores elementar e a formação táctica complexa constituindo uma acção táctica de grupo. A (Antón, 1998), pretende-se que os maioria das acções propostas tem como exercícios seguidamente expostos, sejam intervenientes directos dois (unidades 2X2) parte integrante de um modelo de jogo ou mais elementos constituindo pequenos previamente estabelecido. As acções grupos de jogadores (com um máximo de 3 devem ser trabalhadas em diferentes a 4 elementos) com funções diferenciadas. contextos (maior ou menor dificuldade) Existem estudos que referem a utilizando variáveis distintas (espaço, predominância maioritária das acções número de jogadores e bolas, fechada ou tácticas de grupo no jogo (Barbosa, 1998); aberta em diferentes momentos da acção, no entanto seria oportuno, embora difícil, etc.), mas sempre com um objectivo estudar também a eficácia das mesmas fundamental que é o de que os jogadores quando comparadas com acções consigam reconhecer os elementos individuais ou colectivas no sentido de constituintes dessa mesma acção, melhor conhecermos e clarificarmos as independentemente dela ocorrer de forma necessidades tácticas do jogo, simplificada (no treino) ou em jogo. nomeadamente quanto ao reconhecimento É imperativo conhecer os contornos das acções mais eficazes no que respeita ao da tarefa táctica e factores que número de jogadores envolvidos nas condicionam a tomada de decisão (Mayo, tarefas tácticas ofensivas. 2001) no que respeita aos mecanismos de Deve ser entendido que o percepção, decisão e execução, de forma a cumprimento dos princípios específicos do planificar os exercícios adequadamente. ataque (Roman, 2002) e os detalhes de Relativamente à fase perceptiva, não é a operacionalidade, devem fazer parte, quer mesma coisa, num determinado exercício, da sua utilização em jogo, quer da ocorrerem muitos ou poucos estímulos, exercitação no treino, pelo que a verificarem-se de forma sequencial ou manipulação do exercício e as variáveis simultânea, da mesma forma que ter na utilizadas para o efeito devem ser tarefa de fase decisora mais ou menos alternativas profunda reflexão por parte do treinador. de resposta, condiciona a fase seguinte, a Por conseguinte, as tarefas dos execução do gesto motor propriamente intervenientes devem ser planificadas dito. Paulo Jorge Pereira Outubro 2006
Por outro lado, o princípio da passos com a suposta utilização necessária
associação óptima indutiva/dedutiva do drible. Produzindo-se a troca de (Antón, 1998) permite garantir um marcação entre os defensores, e também equilíbrio entre aquilo que são as devido às características da zona e actividades programadas pelo treinador (de orientação espacial dos intervenientes, as carácter indutivo) e as respostas criativas possibilidades de intercepção do passe dos atletas em função das situações aumentam (fig.2). Por outro lado, à medida problema colocadas pelo jogo (de carácter que nos aproximamos do eixo longitudinal dedutivo). Neste sentido, para além das central do campo, as dificuldades da soluções concretas existentes, as respostas utilização da troca (considerando sempre não previstas, devem ser encaradas sempre defensores escalonados) obrigam a que os como uma transferência das anteriores e, defensores estejam preparados para dentro de um quadro lógico, resultantes da defender em espaço amplo (caso optem necessidade de encontrar soluções para os pelo deslizamento), induzindo por vezes problemas impostos pelo próprio jogo. debilidades ao sistema, nomeadamente ao Treinar em condições tácticas sistema defensivo 6:0. similares ao jogo e estruturar os exercícios de acordo com três momentos: Exercícios introdutórios, de aprofundamento ou desenvolvimento e de carácter complexo ou de competição (Villalobos y Morell, 2004), devem ser aspectos a ter em conta na construção de trabalhos com estas características. A figura 1 mostra uma solução resultante da relação entre o lateral e o extremo contíguo, aproveitando o facto dos seus defensores directos (ou pares) Fig.1 Acção entre o lateral e o extremo estarem escalonados. O extremo desmarca contíguo, resultante do aclaramento do extremo para o lateral beneficiar (simultaneidade de para o interior (eixo longitudinal do movimentos contrários). campo) no momento em que o lateral se prepara para iniciar a finta com saída para o exterior sobre o seu par. O conteúdo táctico utilizado pode definir-se como um aclaramento efectuado pelo extremo libertando o espaço exterior para o lateral beneficiar. A simultaneidade de movimentos contrários desta acção pode originar erros se os defensores decidirem trocar de marcação dado que o extremo deve em todo o momento oferecer linha de passe ao lateral adaptando o seu deslocamento. O lateral pode finalizar no Fig.2 Se o defensor do exterior exterior ou assistir o extremo que acompanhar o extremo, o lateral pode finalizar depois de ultrapassar o seu par, ou assistir o interrompe a progressão para se colocar extremo que se situa próximo da área de 6m. próximo da linha de 6m (Fig.2). Nesta acção, os defensores têm a tarefa mais facilitada pelo facto de estarem a actuar no Se perante uma defesa 5:1 este exterior do campo, não só pela qualidade problema pode ser minimizado (defensores da trajectória exigida ao lateral (adaptação avançados habitualmente tão ou mais dos apoios e consequentemente do tronco) rápidos que os centrais), o mesmo já não se a par da interligação eficiente do ciclo de passa com um sistema 6:0, onde por norma 2 Paulo Jorge Pereira Outubro 2006
os defensores centrais são menos móveis relativamente aos defensores, tipo e
quando comparados com o jogador central velocidade do passe, e dos deslocamentos opositor. Embora não seja o tema central etc.) são decisivos para o sucesso de deste trabalho, não podemos ignorar a qualquer acção. Provavelmente, será mais problemática imposta pela natureza dos importante que a bola surja do lateral duelos individuais (Peñas, L. 2002) que se esquerdo dado que nesse momento a produzem em determinadas zonas do defesa flutua no sentido contrário à finta. campo tendo em conta por exemplo as características antropometricas e funcionais dos intervenientes directos na acção. Como se pode observar na figura 3, e considerando uma defesa 6:0, a acção de aclaramento por parte do pivot, combinado com a finta do central, pode provocar erros irremediáveis ao sistema defensivo dado que implica que os defensores centrais estejam preparados para defender de forma eficaz em situação Fig3. Esta acção, pode ser realizada entre um central e um pivot (simultaneidade de movimentos de 1X1 em espaço amplo, dado que a troca contrários). de marcação neste caso, provavelmente não seria a solução táctica mais eficaz. O sucesso da acção está determinado pela sincronização das tarefas do central (1X1) e do pivot (deslocamento) bem como do desempenho individual no momento de ter que provocar o desequilíbrio sem o qual nada acontece. O objectivo primordial deve ser colocar em evidência o duelo entre o defensor central e um central atacante que supostamente domina as acções técnicas e tácticas associadas ao 1X1. Criadas as condições, o central pode: Fig4. O comportamento dos defensores determina a finalizar a acção com remate, penetrar em solução, que pode assumir diferentes formas. drible, induzir uma progressão sucessiva (decalage) ou assistir o pivot que deve Na construção da táctica de grupo, estar em condições de receber se a dúvida intrinsecamente associada ao modelo de (deslizar ou trocar) for colocada ao jogo previamente elaborado em função dos defensor central menos profundo (fig.4). conceitos do treinador e das características Desta forma, o desfecho da acção, é dos seus jogadores, torna-se imperativo definido em primeira instância pela prever antecipadamente soluções de eficiência do cumprimento das tarefas em continuidade para as acções trabalhadas. situação de 2X2 (defensores centrais contra Embora também não seja o motivo deste central e pivot) sem a qual não existe trabalho, há que referir que, planificar a obtenção de vantagem posicional ou construção de qualquer acção táctica, deve numérica, ou seja não existem condições implicar planificar soluções de óptimas para finalizar com êxito (objectivo continuidade ajustadas. Uma solução de fundamental do ataque). continuidade para a acção descrita na Na fig. 3 observa-se que o passe figura 4 (caso os defensores centrais surge do lateral direito, no entanto este e tivessem êxito com o deslizamento), seria outros detalhes (colocação do pivot, por exemplo o cruzamento entre o central e proximidade dos atacantes entre si e o lateral esquerdo resultante da fixação par 3 Paulo Jorge Pereira Outubro 2006
do central (Laguna, 2005), associado ao movimentos de engano ou outros, podem
bloqueio exterior do pivot ao defensor ser efectuados em qualquer das acções central como mostra a figura 5. O lateral expostas anteriormente, dado que torna esquerdo deve finalizar da 1ª linha se o mais difícil a tarefa dos defensores. espaço e o tempo o permitir, beneficiar do bloqueio efectuado pelo pivot, ou passar ao lateral direito que decide a continuidade (finalização da 1ª linha, passe ao pivot, penetração ou decalage). Não existe um tempo determinado para a aprendizagem deste encadeamento de tarefas tácticas, no entanto tudo depende da qualidade dos intervenientes para identificarem a melhor solução, bem como de uma planificação equilibrada dos exercícios que numa etapa final deve integrar todos os estímulos e em etapas intermédias localizar os problemas a Fig5. O comportamento dos defensores determina a solucionar. Este exercício poderá ser continuidade, que pode assumir diferentes formas. aberto no início (os defensores variam a sua decisão pela troca ou deslizamento) e A utilização deste meio táctico fechado no final caso o central (que assume maior viabilidade se considerarmos também decide numa fase intermédia a um sistema defensivo mais profundo, dado continuidade) não consiga nenhum tipo de que existe mais espaço para poder ser vantagem, determinando previamente o utilizado. Por outro lado, estes sistemas, jogador que finaliza a acção. Da mesma também possuem habitualmente defensores forma, o exercício pode ser fechado no mais rápidos nas linhas mais avançadas, o início (definir só deslizamento entre que poderá limitar o êxito dos atacantes da defensores) e aberto no final variando a 1ª linha ofensiva no momento de conclusão do mesmo de acordo com a desequilibrar em situação de 1X1. Neste melhor solução. caso deverá ser possível (quanto mais Considerando agora um sistema profundo seja o sistema) colocar em defensivo 5:1, podemos observar na figura evidência o duelo existente entre o 6 de que forma o lateral pode obter defensor central que a ser o mesmo, deverá vantagem em situação de 1X1 perante o ter no confronto directo um pivot com seu defensor par, simultaneamente ao maior mobilidade e que conheça as movimento efectuado pelo pivot, que intenções tácticas do aclaramento. executa uma trajectória para o exterior. Um dos pressupostos de êxito para esta acção, obriga a que o pivot procure garantir linha de passe aberta para o lateral em todo o percurso, estabelecendo um duelo constante com o defensor central pela conquista do espaço. Uma variante possível para gerar a dúvida ao defensor central, surge quando o pivot descreve uma trajectória em direcção aos 9m demonstrando a intenção de bloquear o Fig6. Aclaramento protagonizado pelo pivot em defensor par do lateral, e a modifica relação com o lateral esquerdo que finta e decide a dirigindo-se em seguida para a linha de continuidade. 6m. Esta acção, tendo a mesma intenção da anterior fica enriquecida pelo movimento Da mesma forma, existe a possibilidade de de engano do jogador pivot. Este tipo de circunstancialmente colocar jogadores 4 Paulo Jorge Pereira Outubro 2006
extremos na posição de lateral, no sentido situação de superioridade numérica de 3X2
de dotar a 1ª linha ofensiva de maior em espaço amplo próxima da área de 6m. mobilidade, sempre com o propósito de Na figura 8, o central decide por vencer os duelos individuais que se aclarar a zona transformando o sistema estabelecem em acções de 1X1 em espaço ofensivo e optando por uma trajectória que amplo. Estas adaptações obrigam, não só o coloca nas costas do defensor par do que os atletas estejam aptos para actuar no lateral fintador. O detalhe que deve estar seu posto específico, mas também noutros, associado à eficiência deste movimento diz caso a situação o exija. respeito à forma como essa trajectória deve ser descrita pelo central. Neste caso o central deve num primeiro momento romper o alinhamento entre os defensores (caso exista) colocando o seu defensor menos profundo com uma trajectória vertical e só depois diagonal.
Fig7. Aclaramento protagonizado pelo central para
o lateral esq. beneficiar (1X1 em espaço amplo).
A figura 7 mostra uma acção de
aclaramento perante um sistema defensivo 3:3, iniciada pelo jogador central, que Fig8. O central, provoca o escalonamento de após passe ao lateral próximo do pivot, defensores para impedir a troca de marcação entre transforma o sistema ofensivo em 2:4. os defensores. Neste caso não se verificam movimentos contrários simultâneos. O facto do central As acções explanadas não são mais transformar o sistema, optando por uma do que formas possíveis de utilização do trajectória que o afasta do lateral fintador aclaramento, existem outras com certeza (que como já vimos pode ser um extremo) tão ou mais apropriadas, mas estou seguro surge no sentido de impedir qualquer troca de que todas têm um denominador comum: de marcação por parte dos defensores da 2ª libertar um espaço para posteriormente linha defensiva. A continuidade é decidida explorar. pelo lateral esquerdo que tem como missão Uma forma mais complexa de ultrapassar o defensor par, devendo estar aclaramento envolvendo um maior número consciente da distância que o separa duma de jogadores, está representada na figura 9. zona onde possa constituir perigo para o Considerando um sistema defensivo 3:2:1, sistema defensivo. Fintar e usar o pivot aclara uma zona a ser explorada posteriormente o drible (unitário ou não) pelo extremo (que recebe do central) para depois finalizar ou passar deve ser um quando a bola circula em sentido contrário encadeamento de meios tecnico-tácticos ao aclaramento. Uma solução de dominados pelo protagonista da finta. continuidade, caso o defensor do exterior Existe mais espaço no interior do campo, deslize com o extremo, poderá ser a no entanto em função do comportamento finalização do lateral pelo exterior. Antón do defensor, deve ser o lateral a decidir (1998) denominaria esta acção como qual a zona idónea a explorar. circulação de jogadores dupla coordenada Ultrapassado o defensor, está criada uma e simultânea (movimento simultâneo do 5 Paulo Jorge Pereira Outubro 2006 pivot e do extremo que procuram oferecer linha de passe ou pelo menos fixar jogadores libertando zonas), ou sucessiva se consideramos o escalonamento espacio- temporal relativo ao extremo e ao lateral. Ou seja, um aclaramento duplo simultâneo neste caso ou simples se só uma zona for libertada para posterior utilização.
Bibliografía
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