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Inconsciente
Avancemos mais de 2 mil anos da cena desse Banquete para
encontrar Lacan numa de suas teses, intitulada O desejo e sua
interpretação, em que ele inicia a conceitualização do que chamou
inicialmente de “pequeno objeto a”, tema que pode ser considerado
um desdobramento do conceito de “o Nome-do-Pai”. Lacan entenderá
o inconsciente radicalmente estruturado como uma linguagem, e isso
terão conseqüências sérias tanto na prática psicanalítica quanto na
teoria lingüística, abrindo duas frentes de batalha. Por corresponder a
um inconsciente entendido como falta, a linguagem, ela mesma, será
para sempre incompleta em sua significação. Entre a nomeação das
coisas e sua significação haverá sempre uma sutura mal feita. Assim,
nenhum significante comportará um significado completo e
irredutível, mas deslizará constantemente por uma cadeia de
significantes arbitrários, sem nunca ter fim. Só uma atitude
comandada pela necessidade pragmática de comunicação é que pode
interromper, barrar esse sentido sempre em aberto do significante e
fazê-lo cristalizar-se por algum tempo. Mas o desejo sempre
conseguirá fazer que os significantes s movam e falará através das
fissuras deixadas descobertas.
Visível e oculto
Inicialmente, o roteiro cria profissões emblemáticas que já
definem o que acontecerá com o relacionamento dos amantes. Dan é
um jornalista encarregado da seção de obituários. Ele mesmo conta
como os obituários são redigidos para esconderem sempre a pessoa
real. O que de fato as pessoas foram na vida não importa nos
obituários. Mas sim, a visão edulcorada e elegante em que todos se
transformam em pais amantíssimos, esposos fiéis e profissionais
competentes, mesmo que tenham sido sempre o oposto disso tudo.
Ou seja, nem mesmo na morte, revelamos o que somos de fato. O
falso obituário dos jornais incumbe-se de manter o distanciamento
necessário da pessoa real. O obituário, que deveria revelar finalmente
a pessoa, a mantém, agora, definitivamente distante.