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Auto-Hemoterapia

Pode o teu próprio sangue te curar?

Coletânea de artigos e entrevistas reunidos através de pesquisa em artigos, livros e páginas


da Internet em alguns países.
Entendendo o sistema imunológico.

Este texto está na comunidade medicina entegrativa 20/03/2006 11:40

O sistema imunológico combate microorganismos invasores e é responsável pela "limpeza" do


organismo, ou seja, a retirada de células mortas, a renovação de determinadas estruturas, rejeição
de enxertos, e memória imunológica. Atua contra células alteradas, que diariamente surgem no
nosso corpo, como resultado de mitoses anormais. Essas células, se não forem destruídas, podem dar
origem a tumores.
Células do sistema imune se organizam como um exército. Cada tipo de célula age de acordo com
sua função. Algumas são encarregadas de receber ou enviar mensagens de ataque, ou
mensagens de supressão (inibição), outras apresentam o "inimigo" ao exército do sistema imune,
outras só atacam para matar, outras constroem substâncias que neutralizam os "inimigos" ou
neutralizam substâncias liberadas pelos "inimigos".
Além dos leucócitos, também fazem parte do sistema imune as células do sistema mononuclear
fagocitário, (SMF) antigamente conhecido por sistema retículo-endotelial e mastócitos. As primeiras
são especializadas em fagocitose e apresentação do antígeno ao exército do sistema imune. São
elas: macrófagos alveolares (nos pulmões), micróglia (no tecido nervoso), células de Kuppfer (no
fígado) e macrófagos em geral.
Os mastócitos são células do tecido conjuntivo e sua principal função é armazenar potentes
mediadores químicos da inflamação, como a histamina, heparina, ECF-A (fator quimiotáxico - de
atração- dos eosinófilos) e fatores quimiotáxicos (de atração) dos neutrófilos. Elas participam de
reações alérgicas (de hipersensibilidade), atraindo os leucócitos até o local e proporcionando
uma
vasodilatação.

nosso organismo 20/03/2006 11:41

O nosso organismo possui mecanismos de defesa que podem ser diferenciados quanto a sua
especificidade, ou seja, existem os específicos contra o antígeno ("corpo estranho") e os
inespecíficos que protegem o corpo de qualquer material ou microorganismo estranho, sem
que este seja específico.
O organismo possui barreiras naturais que são obviamente inespecíficas, como a da pele
(queratina, lipídios e ácidos graxos), a saliva, o ácido clorídrico do estômago, o pH da
vagina, a cera do ouvido externo, muco presente nas mucosas e no trato respiratório, cílios
do epitélio respiratório, peristaltismo, flora normal, entre outros. Se as barreiras físicas,
químicas e biológicas do corpo forem vencidas, o combate ao agente infeccioso entra em
outra fase. Nos tecidos, existem células que liberam substâncias vasoativas, capazes de
provocar dilatação das arteríolas da região, com aumento da permeabilidade e saída de
líquido. Isso causa vermelhidão, inchaço, aumento da temperatura e dor, conjunto de
alterações conhecido como inflamação. Essas substâncias atraem mais células de defesa,
como neutrófilos e macrófagos, para a área afetada.
Biblioteca de Doenças
Auto-Hemoterapia
Dr. Luiz Moura
Prof. Dr. José de Felippe Junior
Dra Berenice Wilke

Definição

É um recurso terapêutico de baixo custo, simples que se resume em retirar sangue de


uma veia e aplicar no músculo, estimulando assim o Sistema Retículo-Endotelial,
quadruplicando os macrófagos em todo organismo.

LuizMoura

Sumário

A técnica é simples: retira-se o sangue de uma veia comumente da prega do cotovelo e aplica-
se no músculo, braço ou nádega, sem nada acrescentar ao sangue. O volume retirado varia de
5ml à 20ml, dependendo da gravidade da doença a ser tratada. O sangue, tecido orgânico,
em contato com o músculo, tecido extra-vascular, desencadeia uma reação de rejeição do
mesmo, estimulando assim o S.R.E. A medula óssea produz mais monócitos que vão colonizar
os tecidos orgânicos e recebem então a denominação de macrófagos. Antes da aplicação do
sangue, em média a contagem dos macrófagos gira em torno de 5%. Após a aplicação a taxa
sobe e ao fim de 8h chega a 22%. Durante 5 dias permanece entre 20 e 22% para voltar aos 5%
ao fim de 7 dias a partir a aplicação da auto-homoterapia. A volta aos 5% ocorre quando não há
sangue no músculo.

As doenças infecciosas, alérgicas, auto-imunes, os corpos estranhos como os cistos


ovarianos, miomas, as obstruções de vasos sanguíneos são combatidas pelos macrófagos,
que quadruplicados conseguem assim vencer estes estados patológicos ou pelo menos,
abrandá-los. No caso particular das doenças auto-imunes a autoagressão decorrente da
perversão do Sistema Imunológico é desviada para o sangue aplicado no músculo,
melhorando assim, o paciente.

Histórico

Em 1911, F. Ravaut registra: modo de tratamento auto (uno mismo, haima – sangra)
empregado em diversas enfermidades infecciosas, em particular na febre tifóide e em
diversas dermatoses. Ravaut usa a auto-hemoterapia em certos casos de asma, urticária e
estados anafiláticos (dicionário enciclopédico de medicina, T.1 de L. Braier).

Em 1941 o Dr. Leopoldo Cea, no Dicionário de Términos Y Expressiones Hematológica, pg


37, cita: auto-hemoterapia, método de tratamento que consiste em injetar a um indivíduo
cierta, cantidad de sangre total (suero Y glóbules) tomada de este mismo indivíduo.
H. DOUSSET – AUTO HEMOTERAPIA – Técnicas indispensáveis. E útil em certos casos para
dessensibilizações – 1941.

WWW.MEDICINAINTERATIVA.NET

COMUNIDADE NO ORKUT: AUTO_HEMOTERAPIA

Stedman - Dicionário Médico - 25a edição - 1976 - pág 129 - Auto-hemotherapy - auto-
hemoterapia - tratamento da doença pela retirada e reinjeção do sangue do próprio
paciente. '

1977 - Index Clínico - Alain Blacove Belair - auto-hemoterapia - terapêutica de


dessensibilização não específica.

Entretanto foi o professor Jesse Teixeira que provou que o S.R.E era ativado pela auto-
hemoterapia em seu trabalho publicado e premiado em 1940 na Revista Brasil - Cirúrgico, no
mês de Março. Jesse Teixeira provocou a formação de uma bolha na coxa de pacientes,
com cantárida, substancia irritante. Fez a contagem dos macrófagos. antes da auto-hemoterapia,
a cifra foi de 5%. Após a auto-hemoterapia a cifra subiu a partir da 1a hora chegando após 8
horas a 22%. Manteve-se em 22% durante 5 dias e finalmente declinou para 5% no 7° dia após
a aplicação.

Ação Terapêutica

Entre 1943 e 1947, quando cursava a Faculdade Nacional de Medicina apliquei a auto-
hemoterapia cumprindo ordem de meu pai, Professor Pedro Moura, nos pacientes que ele
operava na Casa de Saúde S. José no Rio de Janeiro. A primeira aplicação era feita na
residência do paciente e a 2a , 5 dias depois na Casa de Saúde no quarto do paciente e era
sempre de 10ml.

A finalidade da aplicação era evitar infecção ou outra complicação infecciosa pulmonar, já a


anestesia na época era em geral com éter que irritava bastante os pulmões. O

cirurgião geral, Dr. Pedro Moura adotou este método face ao sucesso do Professor Jesse
Teixeira que registrou em 150 cirurgias as mais variadas, 0% de complicações infecciosas post-
operatórias em 1940.

Depois de formado continuei a aplicar a auto-hemoterapia apenas em casos de acne


juvenil e algumas dermatoses de fundo alérgico.
Entretanto, devo ao Dr. Floramante Garófalo, em 1976, quando este tinha então 71 anos,
conhecimento que resultou em mais abrangência da ação terapêutica da auto-
hemoterapia. Em março de 1976 o Dr. Garófalo queixou-se de fortes câimbras em sua
direita quando caminhava mais de 100 metros.

Sugeri ao colega que procurasse o angiologista, Dr. Antonio Vieira de Melo. Este decidiu fazer
arteriografia da femural direita sendo constatada obstrução de cerca de 10cm ao nível do
terço médio da coxa direita. O angiologista disse ao Dr. Garófalo que resolveria o problema com
uma prótese que substituiria o segmento da artéria femural obstruída.

O Dr. Garófalo disse ao angiologista que "não quero me tornar um homem biônico, amanhã
terei outra artéria obstruída e terei que colocar novas próteses". Vou resolver o problema com a
auto-hemoterapia.

Eu então me ofereci para fazer as aplicações. Durante 4 meses, de 7 em 7 dias aplicava 10 ml


de sangue no Dr. Garófalo que então decidiu se submeter à nova arteriografia de femural direita,
já que podia caminhar normalmente, porém o Dr. Antonio Vieira de Melo acreditava que era
impossível que a artéria estivesse livre da obstrução atribuíndo a melhora à sugestão. Repetida
a arteriografia, não havia mais nenhuma obstrução na femural direita. Foi então que o Dr.
Garófalo me presenteou com os trabalhos de Jesse Teixeira, de 1940 e de Ricardo Veronesi, de
1976. O estímulo do S.R.E. comprovado por Jesse Teixeira e as ações deste bem explicados no
trabalho de Ricardo Veronesi explicavam a desobstrução da artéria femural de Garófalo e
abriam um enorme campo no tratamento das doenças auto-imunes.

Em setembro de 1976 internou-se na Clínica Medica do Hospital Cardoso Fontes uma


paciente cujo diagnóstico foi esclarecido pela consultora dermatológica da Clínica, Dra.
Ryssia Alvares Florião. Feitas as biópsias nas mamas, abdômen e coxa de A.S.O. (F) - 52
anos, encaminhadas estas à patologista do Hospital, Dra. Glória de Morais Patello, o
diagnóstico foi: esclerodermia, fase final.

A Dra. Ryssia que tinha sido residente em Clínica Dermatológica nos Estados Unidos da
América, em Nova York para onde convergiam os pacientes com E. S. P., disse que pouco
podia fazer pela paciente, pois aquela Clínica era nada mais que um depósito de
esclerodérmicos"

Iniciei o tratamento da paciente com E.S.P., no dia 10/09/1976. Para provocar o desvio
imunológico e assim aliviar a paciente apliquei. 5ml de sangue em cada deltóide e 5m em
cada glúteo, de 5 em 5 dias. A paciente já não caminhava há 8 meses e não deglutia
sólidos, só líquidos, devido a estenose do esôfago. Dia 10/10/1976 a paciente saia
andando do Hospital, com alta melhorada assinada pela Dra. Ryssia.

A paciente continuou o tratamento com a dose reduzida para 10 ml de sangue por semana. Em maio
de 1977 a paciente A.S.O. foi reinternada para avaliação, sendo constatada grande
melhora em relação ao dia 10/10/1976 quando teve alta no ano anterior.
Surgiu na ocasião um concurso patrocinado pelo Laboratório Roche – Hospital Central da
Aeronáutica. Redigimos então um trabalho minuciosamente documentado tanto com exames
complementares como também com fotografias em slides da paciente em setembro de 1976
e maio de 1977. O concurso cujo tema era originalidade não publicou o trabalho.

A partir deste caso em que a auto-hemoterapia comprovou ser poderosa arma terapêutica
em doenças auto-imunes passei a aplicá-la também em doenças alérgicas com excelente
resultado. Apresentarei resumidamente alguns casos que merecem destaque:

• 1980 – M. das G.S. – 28 anos, funcionária da Petrobrás. Diagnóstico esclerodermia


sistêmica progressiva – Decisão da chefia médica da Petrobrás – aposentar a
paciente. Há 22 anos vem se tratando com a auto-hemoterapia. Está assintomática e
deverá se aposentar em 2005 por tempo de serviço.

• 1980 – G.S.M. (F) 55 anos – Diagnóstico – MIASTENIA GRAVIS pelo Instituto de


Neurologia – Av. Pasteur – RJ. A paciente atualmente, embora com a doença, vive
normalmente, toma ônibus. É a única paciente que sobrevive entre aquelas
diagnosticadas em 1980 como miastenia gravis, no Instituto de Neurologia

• 1982 - J da SR (M) 30 anos - diagnóstico - Doença de CROHN - Tratou-se com a


auto-hemoterapia de 10ml semanais durante 1 ano. Até a data atual nenhum
sintoma teve da moléstia que o acometeu em 1982.

• 1990 - M. da RS (M) 22 anos - Doença de CROHN - Curiosamente a moléstia


começou após o paciente ser assaltado, quando na ocasião fazia o vestibular para
Odontologia. Prescrevi a auto-hemoterapia que foi aplicada pelo próprio pai do
paciente. Até hoje assintomático.

• 1997 - RS (F) 35 aos - Diagnóstico - L.E.S - A auto-hemoterapia permitiu à paciente


ter vida normal, viajando para o exterior com crianças de rua que ela ensina a bailar.

• Em 1978, minha filha que vive na Espanha tinha ovários policísticos, não ovulava,
era estéril. Solicitei ao Dr. Pedro - ginecologista e obstetra - que fizesse a auto-
hemoterapia de l0 ml semanais.

• Após 6 meses ela engravidou, e repetido o exame com insuflação tubária, já não
haviam mais cistos. O Dr Pedro fez o parto de meus netos, um casal hoje com 20 e
21 anos respectivamente e prosseguiu aplicando DIU ao longo de 20 anos a fim de
evitar gravidez indesejada.

• 1390 - M.D.C. - 24 anos (F) - A paciente começou a apresentar petequias e


epistaxis frequentes. Quando apresentou otorragia foi encaminhada a um
hematologista que diagnosticou como púrpura trombocitopênica. Durante 6
meses foi tratada com corticoesteróides em altas doses, até que estes não mais
surtiram efeito e as plaquetas baixaram para 10.000mm3 de sangue. O
hematologista decidiu usar quimioterápico conseguindo a elevação das plaquetas
para níveis quase normais durante 2 meses. Os quimioterápicos não surtiram mais
efeito e a paciente foi encaminhada para um cirurgião para se submeter à
esplenectomia. A paciente se recusou quando o cirurgião não garantiu que o fígado
assumiria a função do baço. A paciente me procurou e eu mandei aplicar a auto-
hemoterapia. As plaquetas se normalizaram, a paciente depois teve mais 2 filhos,
e vive vida normal com o seu baço.

• 1982 - M - (F) - A paciente aluga cavalos para turistas em Visconde de Mauá. Foi
picada por uma aranha armadeira em sua perna direita, que gangrenou, ficando
exposta a tíbia. Foi internada na Sta. Casa de Rezende onde foi decidida a
amputação. Já na mesa de cirurgia a paciente decidiu que não aceitava a
amputação da perna, como preconisava o instituto Butantã para estes casos.
Assinou termo de responsabilidade e foi liberada. Me procurou e eu institui a auto-
hemoterapia e a lavagem da ferida com solução de cloreto de magnésio como fazia
Pierre Delbet, cirurgião na guerra de 1914 a 1918. Em 20 dias a paciente estava
curada, trabalhando com sua perna até hoje.
VOL. II MARÇO DE 1940 N U M: 3

B R A S I L - C I R U R G I C O
ORGÃO OFICIAL DA SOCIEDADE MEDICO - CIRÚRGICA DO HOSPITAL
GERAL DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DO RIO DE JANEIRO
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HOSPITAL DE PRONTO SOCORRO — Rio de Janeiro

Serviço Daniel de Almeida

"COMPLICAÇÕES PULMONARES POST-


OPERATORIAS" ( 1 )

CONTRIBUIÇÃO A´ SUA PROPHYLAXIA

Pelo DR. JÉSSE TEIXEIRA.

Com o intuito de contribuir para o estudo das complicações pulmonares post-


operatorias, principalmente no que se refere á sua prophylaxla, apresentamos aqui o
relato de nossas conclusões, baseadas em 150 casos, dos quaes cerca de 60% observados
no Hospital de Prompto Soccôrro.
A circumstancia de ser o Hospital de Prompto Soccôrro, estrictamente, um
hospital de urgência, confere ao methodo preventivo, que empregamos, segura garantia
de efficacia e utilidade. Sabem todos que os imperativos da cirurgia de urgência afastam
qualquer cuidado pre-operatorio, ficando asslm os doentes desamparados, ante a ameaça
da complicação pulmonar post-operatoria, uma vez que a tão decantada vaccina anti-
bronchopneumonica é de uma fallibilidade comprovada.
_______________________
(1) — Trabalho premiado pela Sociedade Acadêmica de Medicina e Cirurgia — premio de
Cirurgia de 1939.
V — PROPHYLAXIA

Fora do ambito da cirurgia de urgência, são numerosos os meios prophylatlcos


das complicações pulmonares post-operatorias (eleição do doente e da anesthesia, cura
de catharros das vias respiratórias, saneamento da bocca, prevenção de resfriamentos,
exercícios respiratórios, inhalações de carbogenio, etc.). Todos, aliás, muito precários.
Para a prophylaxla destas complicações ha, comtudo, um recurso, que,
segundo as observações do seu autor e as nossas próprias, ao que parece únicas em
nosso meio, é da mais alta valia, podendo ser vantajosamente empregado, quer na
cirurgia de urgência, quer nos casos em que o doente pode ser preparado.
Trata-se da autohemotransfusão de 20 cc. logo após a operação; estando o
doente ainda na mesa de operação, retiram-se 20 cc. de sangue de uma veia da prega do
cotovello, que são immediatamente injectados na nádega.
Baseamo-nos em 150 observações (1) das quaes, a maioria, pertencentes á
cirurgia de urgência, através dos casos passados pelo Serviço "Daniel de Almeida" a
cargo do Dr. JORGE DORIA, no Hospital de Prompto Soccôrro.

Deixamos de publicar aqui grande numero .de observações também favoráveis á


utilidade do methodo, que foram feitas por collegas nossos nos seguintes serviços : 13.a
Enfermaria da Santa Casa (Serviço do Dr. DARCY MONTEIRO) pelo doutorando CARLOS
TEIXEIRA, serviço do Dr. G. ROMANO (Hospital da Gambôa) pelo doutorando OSCAR DE
FIGUEIREDO BARRETTO e Serviço Chapôt-Prevost (Hospital de Prompto Soccôrro) a
cargo do Dr. DARCY MONTEIRO, pelo doutorando MONTEIRO DE FIGUEIREDO.

_______________________
(1) — Agradecemos a intelligente e proveitosa collaboração do Dr. Annibal Luz, distincto
collega e amigo de todas as horas.

Março – 1940
COMPLICAÇÕES PULMONARES POST-OPERATORIAS

Foi-nos suggerida a attenção a o assumpto em fins de 1937, pelo jovem e brilhante


docente Dr. SYLVIO D'AVILA, que chefiava a 12.a enfermaria da Santa Casa, de que éramos
interno, sendo as primeiras 60 observações alli colhidas.
A suggestão do nosso chefe de então se prendeu a um artigo publicado no
"The American Journal of Surgery" (May, 1936 —pag. 321), intitulado
"Autohemotransfusion in Preventing Postoperatlve Lung Complications" e assignado por
MICHAEL W. METTENLEITER (cirurgião do Post-Graduate Hospital, de Nova York).
METTENLEITER, considerando os excellentes resultados do processo, como
methodo curativo das pneumonias post-operatorias declaradas, onde foi aconselhado por
VORSCHUTZ, reslveu empregal-o, como prophylatico, em 300 casos de sua clinica
particular e não teve uma só complicação pulmonar, a não ser pequena área
thrombótica em um pulmão, cinco dias após a operação.
Antigamente, o emprego da autohemotransfusão se submettia ás influencias
fecundas, nas anti-scientificas do empirismo. Hoje, porém, temos uma explicação
razoavelmente clara e perfeitamente acceitavel de sua acção. Quando o sangue
empregado fora de sua situação normal, no apparelho circulatório, elle se torna uma
substancia completamente differente para o organismo.
O sangue extrahido por puncção venosa é um sangue asphyxico que, por curto
lapso, se põe em contacto com um corpo extranho (seringa), o que é sufficiente para
provocar modificações na sua physico-chimica e, por isso, injectado no organismo, actua
como si fora uma proteína extranha. De todos, é conhecido o effeito estimulante das
proteínas paren-teraes sobre o systema sympathlco e o para-sympathlco, pelo que
occorrem reacções vaso-motoras e teciduaes em todo o organismo.
WIDAL observou accentuada diminuição dos leucocytos em todo o systema
vascular perlpherico. Porém, mais tarde, MULLER e PETERSEN demonstraram que essa
diminuição peripherica corresponde a um aumento destas cellulas nos órgãos
abdominaes, e consequentemente, a um incremento nas funcções orgânicas, particularmente do
fígado, accelerando-se a secreção biliar e os processos de desintoxicação. Nenhum efeito sobre
o systema vaso-motôr, sangue ou tecidos se observa nos órgãos cuja innervação autonoma
foi supprimida antes da injecção.
O sistema retlculo-endothelial de ASCHOFF-LANDAU também é poderosamente
estimulado pela autohemotransfusão.
As seguintes experiências provam essa affirmação:
a) — um emplastro de cantharidas, collocado sobre a pelle da coxa, determina a
formação de pequena vesícula. Pois bem, si aspirarmos o conteúdo dessa vesícula num
tubo em U e o centrifugarmos, depois de sêcco e corado, a contagem differencial nos
revelará uma incidência de monocytos por volta de 5 % (os monocytos são os
representantes no sangue circulante do S. R. E.). Após a autohemotransfusão, a cifra
de monocytos, no conteúdo da vesícula, se eleva, em oito horas para 22 % e, após 72
horas, ainda ha 20 %, cahindo a curva gradualmente para voltar ao normal, no fim de sete
dias;

b) — pela prova do Vermelho Congo se evidencia a capacidade de armazenar


corantes do S. R. E. — essa capa cidade accentua-se consideravelmente após a injecção de
sangue;

c) — outro test utiliza a determinação do índice bactericida dos humores,


segundo o methodo de WRIGHT. Após a injecção, o índice mostra um accrescimo, que,
dentro de oito horas, chega a um máximo de 15 a 20 valores normaes. Como
a elevação dos monocytos, a elevação do índice bactericida dos humores prova a
estimulação dos poderes defensivos do organismo, através do S. R. E. ou melhor, para
ceder aos impulsos de um são nacionalismo, sem desattender ás exigências
da boa sciencia, através do systema angio-histio-lacunar de PÓVOA - BERARDINELLI (o
alveolo pulmonar é parte integrante do systema lacunar).

Para os que acceitam as idéas de PIERRE DUVAL, podemos concluir que a


autohemotransfusão actua como elemento desensibilizante, contra a aggressão dos
polypeptidios, que só agem em indivíduos sensibilizados.
Finalmente, estamos inclinados a acceitar a efficacia da autohemotransfusão nas
complicações da tuberculose, visto como ella parece remediar a phase de inferioridade
ou anergia, que a intervenção cirúrgica desperta nos tuberculosos.
A propósito da desprezível quantidade de sangue, que se accumula na ferida
operatória, suggeriu-se que a observação deste sangue poderia tornar uma addicional
autotransfusão desnecessária.
São de METTENLEITER as seguintes palavras : "as alterações physico-chimicas,
na totalidade do sangue e do soro, são tão delicadas e occorrem tão rapidamente, que
nenhuma comparação pôde ser feita entre o sangue retirado de uma veia e reinjectado
intramuscularmente e o sangue accumulado numa ferida para ser absorvido; estes dois
processos são inteiramente differentes".
O sangue tem sobre os outros agentes proteino-therapicos, além das vantagens
de commodidade e economia, a de que a sua absorpção se faz mais promptamente.
Para terimnar, em vista dos nossos excellentes resultados, que confirmam
amplamente as verificações de METTENLEITER, podemos fazer nossas as suas palavras :
"as complicações pulmonares podem surgir, com qualquer espécie ou methodo de
anesthesia, mas a ausência de accommettimentos pulmonares, em nossa série, prova que a
autohemotransfusão e não o typo de anesthesia, responde pelos bons resultados".

Casuística — 150 casos.

1) — intervenções :
Appendicectomias............................................................... 56
C. R. hérnia inguinal ....................................................... 29
Laparatomias exploradoras .............................................. 11
C. R. hérnia inguinal estrangulada .................................. 7
Gastrectomias ...................................................................... 5
Fistulotomias........................................................................ 5
Hemorrholdectomias ............................................................ 5
Inversões da vaginal .......................................................... 5
Sepultamento de ulceras gastro-duodenaes perfuradas.... 4

Operação de Ivanissevitch................................................. 3
Operação de Ombredanne (ectopia testicular) ............ 3
Emasculações totaes............................................................. 3
Anus ilíacos .......................................................................... 3

C. R. hérnias cruraes estranguladas................ .............


Resecções intestinaes .. ........................................ ..............
Exerese de kysto dermoide................................. .............
Salpingectomia ...................................................... ............. 2
Exerese de kystos torcidos do ovário ............. .............
C. R. de fremia umbilical estrangulada......... .............
Amputações de membros .................................... .............
Cholecystectomia ................................................................
Gangliectomia lombar . ..................................................
Gastroenterostomia . .........................................................
Cerclagem da rotula ..........................................................
Operação de Albee (enxerto vertebral).........................
Nephrectomia ......................................................................
Nephrostomia e retirada de calculo ...............................
Trepanação da tíbia .........................................................
Prostatectomia....................................................................
C. R. hernial crural ....................................... ........ 1
Saphenectomia........... .................................... ....................
Arthrotomia ................................................... ....................
Coecopexia ................... .................................... ...................
Castração ..................... .......................................................
Sympatectomia periarterial . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Cystostomia .........................................................................
Cholecystostomia ......... .................................... ..................
Drenagem da íosse iliaca direita .................... ........
Esplenectomia .................................................. ..................

2) — Anesthesias :

Local..................................................................................... 62
Balsoformio ........................................................... ............. 50
Rachidiana ........................................................................... 20
Ether .................................................................................... 10
Peridural segmentaria ...................................................... 5
Eunarcon .......................................... .................................. 3

3) — Diagnósticos :

Appendicites ........................................................................ 51
Hérnias inguinaes .............................................................. 24
Hérnias inguinaes estranguladas ................................... 7
Fistulas anaes..................................................................... 6
Feridas penetrantes do abdomen ................................... 6
Hemorrhoidas ...................................................................... 5
Hydroceles da vaginal ............................ ........... .............. 5

Ectopias testiculares .........................................................


Ulceras duodenaes....................... ..................................... 4
Ulceras gastro-duodenaes perfuradas ...........................
Varicoceles ...........................................................................
Epithelíomas do penis ...................................... ................
Canceres do recto.............................................................. 3
Hérnias umbilicaes estranguladas ...............................
Peritonites agudas generalizadas.....................................
Canceres do estômago ......................................................
Kystos dermoides...............................................................
Roturas de prenhez ectopica .......................................... 2
Kystos torcidos de ovário................................................
Esmagamentos de membros ............................................
Cholecystite.................................... .....................................
Gangrena do pé ...........................................................
Fractura de rotula ...............................................
Mal de Pott ..................................................................
Fistula estercoral ......................................................
Tuberculose renal .....................................................
Lithiase renal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Osteomyelite aguda .......................................................
Adenoma prostatico ......................................................
Hérnia crural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Varizes da perna .......................................................
Arthrite suppurada do Joelho ................................... 1
Ulcera de perna.. ................................................ .............
Occlusao intestinal .......................................................
Câncer de bexiga ...............................................................
Rotura traumática de baço ............................................
Varicocele pelvice ..............................................................
Ferida penetrante do thorax ..........................................
Pancreatite edematosa, com peritonite biliar sem per-
Furação ...............................................................................
Abscesso appendicular ......................................................
Volvulo da sigmoide..........................................................
VI — RESULTADOS E CONCLUSÕES

1°. — As complicações devidas ao shock : — Só cedem, evidentemente, ao tratamento


do shock (sol. chloretadas hypertonicas e, eventualmente, infusão massiça de café em
clyster). Comtudo, a autohemotransfusão contribue, seguramente, para que sobre ellas
deixem de enxertar-se as complicações do 2°. typo ou infectuosas.
Tivemos muitos casos de manifestações segmentarias de shock na frlbra lisa
trachéo-bronco-pulmonar, porém nenhuma dellas evoluiu para a infecção.

2.° — As complicações infectuosas — não surgiram em nossos 150 casos.


Em vários dos numerosos casos em que deixámos de fazer a autohemotransfusão, a titulo
de contraprova, as complicações infectuosas appareceram, sendo tratadas pela
autohemotransfusão curativa em altas doses (40 a 80 cc.), pelo soro chloretado
hypertonico, álcool, digital, vitamina C, etc.

Commentemos alguns casos interessantes : numerosos doentes se


submetteram à operação com bronchites chro-nlcas ou sub-agudas. Pois bem, após a
operação, fez-se a autohemotransfusão e essas bronchites ou continuaram na mesma,
sem se aggravar ou, então, desappareceram.
De dois doentes que soffreram esplenectomia por ruptura traumática do baço,
em um foi feita a injecção de sangue — alta, curada, em oito dias. Em outro não se fez
a autohemotransfusão e manifestou-se-lhe um foco de condensação na base direita.
Um velho prostatico suffreu uma talha hypogastrica, como tempo prévio á
prostatectomia. Dada a benignidade da intervenção, não lhe fizemos a
autohemotransfusão e se constituiu uma cortico-pleurite.
Curou-se e, operado de prostatectomia, foi-lhe feita a injecção de sangue,
tendo um post-operatorio respiratório normal.
Outro doente, que padecia de mal de Pott, submetteu-se á operação de
ALBEE (enxerto vertebral). Era portador de catarrho chronico das vias aéreas superiores;
foi operado sob anesthesia geral pelo balsoformio e ficou três mezes no leito gessado
sem apresentar a mínima complicação pulmonar, tendo-lhe sido feita a
autohemotransfusão após a operação.

3°. — Complicações devidas á embolia pulmonar. — Não podemos tirar


conclusões seguras a respeito deste ponto,em primeiro lugar, porque tivemos apenas
dois casos e, em segundo, porque só em um foi feita a autohemotransfusão, aliás no
que não morreu. Comtudo, parece-nos que a autohemotransfusão não pôde impedir a
formação de uma thrombophlebile nem que desta se desprendam êmbolos.
4°. — Quanto ás complicações pulmonares post-operatorias nos indivíduos
tuberculosos, parece-nos que a autohemotransfusão age beneficamente no sentido de
corrigir a phase de inferioridade orgânica que o acto cirúrgico desperta nesta classe de
pacientes.
Tivemos quatro casos de intervenções, em indivíduos tuberculosos comprovados,
sem complicação pulmonar post-operatoria : duas appendicectomias, uma nephrectomia por
.tuberculose renal e uma nephrostomia com retirada de calculo coraliforme, em
indivíduo que se havia submettido a pneu-mothorax therapeutico.
Só num caso se desenvolveu uma pneumonia tuberculosa, mas o indivíduo era
portador de tuberculose evolutiva e, operado de appendicite aguda, foi-lhe feita somente
injecção de 10 cc. de sangue, portanto dose insufficiente, metade da que aconselha o
autor do methodo.
Esses casos não nos permittem ainda uma conclusão segura, do mesmo modo
que os de embolia pulmonar.

Não resta duvida que as complicações infectuosas, segundo o critério por nós
estabelecido; são prevenidas seguramente pela prática da autohemotransfusão.
AUTOHEMOTRANSFUSÃO COMO PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES PULMONARES
PÓS-OPERATÓRIA.

Michael W. Mettenleiter, M.D., FAC.S.

Instrutor em cirurgia, Pós Graduado pelo Hospital Escola de Nova York

Nova York

A administração do sangue como um agente terapêutico é um procedimento muito antigo, primeiramente


em casos de anemia onde a substituição das principais substâncias é bem conhecida. A aplicação que temos em
mente é a retirada de uma pequena porção do sangue, da veia do paciente, e a re-injeção direta em seu corpo.
Em 1898, Grasfsron e Elfstron1 aplacaram a autotransfusão em um caso de pneumonia.
Dez anos depois Balfour2 usou este método como uma terapia específica. Todos os autores empregaram-na
puramente sem explanações a respeito das ações.
Em 1913 a auto-hemoterapia foi defendida por Spiethoff3, em dermatologia, e considerada uma terapia protéica
não específica. Auto-hemoterapia, desde então, vem sendo extensamente usada em uma variedade de doenças e
condições. Os resultados foram encorajadores na pneumonia pós-operatória, furunculoses, bronquites, enfisemas e
urticárias.
Um bom resultado nas complicações pulmonares pós-operatórias é manifestado pelo declínio da temperatura,
no período de vinte e quatro a quarenta e oito horas, depois da administração e do desaparecimento dos sintomas.
Existem cinco métodos diferentes de aplicação:
1. Injeção intramuscular de sangue desfibrinado; 20 c.c. de sangue são desfibrinados pela mistura em
recipiente de vidro e injetados imediatamente.
2. Injeção intramuscular de 16 c.c. de sangue fresco, misturados com 4 c.c. de água destilada.

3. Injeção intramuscular de sangue fresco inalterado.


4. Injeção intravenosa de sangue desfibrinado ou sangue mantido no gelo por algumas horas ou
mesmo dias.
5. Injeção intradérmica em pequena quantidade, de 1 ou 2 c.c. de sangue fresco.

________________________________________

1 ELFSTROM, C. and GRAFSTROM, A.A.


relatório preliminar de experimentos com sangue aquecido no tratamento de pneumonia crupe. N. Y.
Méd.Jour., 68: 307, 1898
² BALFOUR. Brit. Med. Jour., 1990. Cit. Holfheinz, S.: Eigenbluttherapie in der Cirurgie. Ergebn. d. Cbir. u.Ortb., 22: 152, 1929.
³ SPIETHOFF, B. Zur therapeutischen Verwendung des Eigenserums. Muncb. Med. Wcbnscbr., 521: 1913.
A injeção intravenosa ocasionalmente produz zumbidos, palpitação ou outros sintomas portanto a aplicação
intramuscular é preferível. Até 40 c.c. podem ser injetados no músculo sem dificuldades técnicas ou desconforto para o
paciente.
Embora, no passado, a auto-hemoterapia foi usada empiricamente, temos atualmente uma clara explanação
sobre suas ações.
Os componentes ásperos do soro sanguíneo bem como as mudanças sutis das proteínas e dos derivados, foram
abordadas em anos recentes. Benhold4 reivindica que a variação da albumina, glóbulos, pseudoglóbulos e dos
endoglóbulos, possuem propriedades físico químicas, permitindo várias graduações de um ou de outro, porém
permanecem com suas funções características separadas. Quando o sangue é empregado fora da corrente sanguínea ou
seja, de seu meio natural, ele se transforma em uma substância diferente para o corpo humano. Sua característica
química é alterada imediatamente após sua retirada do vaso sanguíneo.
O efeito estimulante da proteína parenteral no sistema simpático e parassimpático, é demonstrado pelo teste a
seguir:
A ação da injeção do sangue desfibrinado na corrente intravenosa, provoca a imediata dilatação dos vasos
sanguíneos e a hiperemia periferial na pele, do ponto da injeção. Este hiperemia torna-se, mais tarde, um azul desbotado.
Os efeitos gerais após a autonomia do sistema nervoso, são ainda mais admiráveis. Após a injeção do sangue
desfibrinado, acorre uma reação vascular juntamente com uma reação dos tecidos do corpo.
Widal, e alguns outros5, observaram uma latente diminuição do número de leucócitos em todo sistema vascular
periferial. Mueller e Petersen6 demonstraram que esta diminuição corresponde a um crescimento destas células nos
órgãos abdominais. Com este crescimento no número de leucócitos nos órgãos abdominais há um crescimento
correspondente das funções dos tecidos, particularmente no fígado, acelerando a secreção biliar, bem como o processo
de desintoxicação7.
Parece evidente que estas reações dependem dos estímulos dos sistemas simpático e parassimpático, iniciado
pela injeção do sangue desfibrinado. Isso ocorre também com outras proteínas. Sem efeito sobre o sistema vasomotor,
sangue ou tecidos, tais reações ocorrem após a injeção, onde a autonomia do nervo serve aos órgãos respectivos.

________________________________________
4CIT. KYLEN. 1st, es berechtigt, das Bluteiwess als ein spezifisches Organ aufzufassen? Med. Klinik. 6:171, 1935
5 WIDAL, F. L’anaphylexie. Press Med., 37:4, 512, 1926.
6MUELLER, E.F. And Wiener, P. The mechanism of insulin action. Arcb. Of Int. Med., 37: 4, 512, 1926
7MUELLER, E. F. And Brutt, H. Die zentrale Bedeutung der Leber bei der natuerlichen. Abwehr von Infeklion. Munbc. Wcbnscbr., 2044:1929.
O sistema retículo-endotelial também é estimulado pela auto-hemoterapia. Recentes investigações fornecem
bases fundamentadas para estes efeitos. (Schurer.8)
Existe um método simples para testas os efeitos do estímulo dos tecidos subcutâneos e das células da parede
vascular. Uma cantárida de 1sq. cm, é aplicado na coxa por vinte e quatro horas. Uma vesícula que se forma, é aberta. O
fluido é retirado, centrifugado e colocado por um tubo em forma de "U". O sedimento é, então, embalado a vácuo e a
contagem dos glóbulos brancos é feita. (Kauffman.) A incidência normal de monócitos é por volta de 5 por cento. Após
oito horas da autohemotransfusão, a contagem dos glóbulos brancos, aumenta em 22 por cento, sendo que 20 por cento
ainda encontram-se presentes após um período de setenta e duas horas. A curva decresce gradualmente no período de
sete dias, retornando ao normal após algumas semanas.
O sistema retículo-endotelial também é capaz de armazenar matéria corante. A determinação
calorimétríca com Kongored (Schurer) revela uma grande reserva após a autohemotransfusão. Um outro teste utiliza um
índice bactericida após o método de Wright. Algumas horas após a injeção, o índice revela um crescimento; e após oito
horas alcança o pico máximo de 15 a 20 vezes o normal. Como o crescimento de monócitos, as mudanças no índice
bactericida provam o estímulo das forças defensivas do organismo, resultando em um aumento da resistência do corpo.
As investigações de Schurer sugerem que a absorção do sangue injetado inicia-se rapidamente. Sabemos
que a absorção de leite, monoproteicos e outras substâncias protéicas podem ser demonstradas após um período de
quatro a seis horas9. O sangue, em quantidade suficiente, é absorvido após nove horas e assim produzirá, nas vias
sanguíneas, o fermento chamado glycyltryptophanase.
Estímulos sanguíneos que formam tecidos no tutano dos ossos são reconhecidos, também, após as
injeções intramusculares de sangue ou outras fontes proteicas. Hoff9 e alguns outros puderam demonstrar estes importantes
sintomas como parte da terapia protéica.
Estas conclusões apontam para a sabedoria da autohemotransfusão imediatamente após a cirurgia, num
esforço para prevenir complicações pulmonares pós-operatórias.
Temos usado a autohemotransfusão em uma série de 300 casos cirúrgicos, injetando 20 c.c. de sangue fresco,
intramuscular, imediatamente após as cirurgias. Não foram registrados casos de complicações pós-operatórias como
bronquites ou pneumonias. Somente em um caso desenvolveu-se uma área de trombose nos pulmões, após a
operação. Tratavam-se de gastroenterostomia, colecistectomia, apendicectomia, histerectomia, ooforectomia, herniotomia,
tireoidectomia, mastectomia, etc., sob anestesia geral com gás e éter, ao invés de anestesia local. Complicações pós-
operatórias podem ocorrer em qualquer tipo de método anestésico, contudo a ausência de complicações
pulmonares, em nossas séries, indica que é a auto-noterapia responsável por bons resultados, e não o método
anestésico utilizado.
________________________________________
8 SCHURER-Waldeheim, F. Ueber die Wirloingsweise der Eigenblutbehandlung. Deutscb. Ztscbr. f. Cbir., 239:352:1933.

9 HOFF. F. Klinische Beitraege zur Frage der zcntralncrvoscsn Regulation dês Blutes. Klin. Wcbnscbr., 42, 1751. 1932
Existem, algumas vezes, insignificantes quantidades de sangue deixadas na feridas, sugerindo que a
absorção deste sangue pode render uma autohemotransfusão adicional necessária. As alterações físico-
químicos em todo o sangue a em seu soro, são tão cadas e rápidas que não há comparação que possa ser feita
entre drenar sangue das veias re-injetá-lo no músculo ou sangue deixado sobra a ferida para ser absorvido. Estes
dois processos são inteiramente diferentes.

CONCLUSÃO

1. A administração intramuscular de 20 c.c. de sangue autógeno, após cirurgias, tem efeito estimulante sobre
o sistema retículo-endotelial, bem como sobre o sistema simpático, que aumenta a atividade e resistência dos tecidos.
2. Este método não é perigoso. Estes procedimentos vem sendo usados em 300 casos, com bons
resultados na prevenção de complicações pulmonares pós-operatórias, com evidente redução de embolismo pós-
operatório.
AUTOHEMOTRANSFUSION IN PREVENTING POSTOPERATIVE LUNG
COMPLICATIONS*

MICHAEL W, METTENLEITER , M . D., F . A . C . S .


Instructor in Surgery, New York Post-Graduate Hospital Medical School and Hospital
NEW YORK

THE administration of blood as a glassbeads and injected iramediately.


therapeutic agent is a very old procedure, 2. Intramuscular injection of 16 c.c.
and in primary anemic cases where the of fresh blood mixed with 4 c.c. of distilled
replacement of substance plays the main role, water.
is, of course, well known. The application we 3. Intramuscular injection of unaltered
have in mind is the withdrawal of a small fresh blood.
amount of blood from the patient's vein and 4. Intravenous injection of defibrinated
reinjection directly into the body. fresh blood or blood kept on ice for several hours
1
ln 1898, Grafstrom and Elfstrom or even days.
applied autotransfusion in a case of pneumonia. 5. Intradermal injection of smalí
Ten years Jater Balfour² used this method as a quantities I to 2 c.c-, of fresh blood.
specific therapy. All authors employed it purely The intravenous injection
empiricalIy without explanation of its action. In occasionally produces tinnitus, palpitation or
1913 autohemo-therapy was advocated by other shock symptoms, therefore
3
Spiethoff in dermatology and considered an intramuscular application is preferable. As much
unspecific protein therapy. Autohemotherapy as 40 c.c. can be injected intramuscularly
has since been used extensively in a varrety without technical difficulties or discomfort to
of diseases and conditions. The results were the patient.
encouraging in postoperative pneumonia, Although autohemotherapy was
furunculosis, bronchitis, eczemas and urticaria. formerly used empirically, we now have a clear
A good result in postoperative lung explanation for its action.
complications is manifested by the decline of The rough constituents of blood
temperature within twenty-four to forty-eight serum and the subtle changes of the various
hours after administration and disappearance of proteins and derivatives have been brought to
symptoms. light in recent years. Benhold* claims that the
There are five different methods of various albumins, globulins, pseudoglobulins
application: and euglobulins possess physiochemical
1. Intramuscular injection of properties permitting various graduations from
defibrinated blood; 20 c.c. of blood is one to the other but still retaining their
defibrinated by shaking in a flask with separate specific functions. When blood is
employed outside its natural place in the sympathetic system is demonstrated by the
circulatory system it becomes quite a different following simple test: when defibrinated blood
substance for the body. Its physical chemistry is is injected intravenously it immediately
changed immediately after withdrawal from a produces dilatation of the blood vessel and
blood vessel. redness of the skin, peripheral from the point of
The stimulating effect of parenteral injection. This redness changes later to a bluish
proteins on the sympathetic and para- discoloration.

• Based upon 300 private surgical operations. 321

The general effects upon the autonomic There is a simple method for testing the
nervous system are even more striking. After the effect of stimulating subcutaneous tissues and
injection of defibrinated blood, vascular reactions cells of vascular walls. A canthariden-plaster, i sq.
combined with reactions of the respective tissues cm. in size, is applied on the thigh for twenty-
occur ali over the body. four hours, A vesicle which formed is opened.
Widal and several others* The fluid is evacuated and brought into a "U"
observed a marked decrease in the number of tube and centrifuged. The sediment is air dried,
leucocytes in the entire peripheral vascular stained and a differential whrte blood count is
system. MuIIer and Petersen* demonstrated later done. (Kauffman.) The normal monocytes
that this peripheral decrease corresponds to an incidence is about 5 per cent. After an
increase of these cells ín the abdominal organs. autohemotransfusion the monocytes in the
With this increase in the number of leucocytes diíferential count increase to 22 per cent in eight
in the abdominal organs there is a corresponding hours and 20 per cent are still present after
increase of the tissue functions, particularly the seventy-two hours. The curve drops gradually
liver, accelerating the bile secre-tion and the within seven days and returns to normal after
7
detoxication procedures. several weeks. The reticulo-endothelial system is
It seems evident that these reactions also able to store dyes. Colorimetric determination
depend upon sympathetic or parasympa-thetic with Kongored (Schurer*) revealed a greater
stimulations initiated by the injection of reserve after autohemotransfusion. Another test
defibrinated blood. This also occurs with other utilizes a bactericidal index after Wright's
proteins. No effect upon the vasomotoric method. After injection the index shows an
systera, blood or tissues takes place after increase in a few hours and after eight hours
injection where the autonomic nerve supply of reaches a maximum of 15 to ao times normal. Like
the respective organs is severed. the increase in monocytea, the changes in the
The reticulo-endothelial system is also bactericidal index prove the stimulation of the
definitely stimulated by autohemotherapy. Recent defensive powers of the organism, resulting in
investigations give a well founded explanation for higher body resistance.
this effect. (Schurer.8)
Schurer's investigations suggest that that the afasorption of this blood may render an

the absorption of the injected blood starts rather additional autotransfusion unnecessary. The

quickly. We know that the absorption of milk, physiochemical changes in the whole blood and in
the serum are so delicate and occur so rapidly that no
novoprotein and other protein substances can
comparison can be made between blood drawn from
be demonstrated after four to six hours.9 Blood is
a vein and reinjected intramuscularly and blood left
absorbed after one hour in sufficient quantity to
in a wound to be afasorbed. These two processes
produce the ferment called glycyltrypto-phanase
are entirely different.
in the blood stream.
CONCLUSION
Stimulation of the blood forming tis-
sues in the bone marrow has also been definitely 1. The intramuscular administration
recognized after intramuscular injections of blood of 20 c.c. of autogenous blood after operation
or other foreign proteins. Hoff' and several others has a stimulating effect upon the reticulo-
could demonstrate this important symptom as a endothelial systera and the sympathetic
part of the therapeutic value of protein therapy. nervous systera which in turn increases
These conclusions point to the wisdom activity and resistance of tissues.
of autohemotransfusion immediately after 2. The method is without danger.
operation in an effort to prevent post-operative This procedure has been used in 300 cases with
lung complications. good results in the prevention of post-operative
We have used autohemotransfusion in a lung complications and possibly less frequent
series of 300 surgical cases, injecting 20 c. c. occurrence of postoperate embolism.
fresh blood intramuscularly immediately after REFERENCES
operation. No lung complications, as
1. ELFSTROM, C. and GRAFSTROM, A. A
postoperative bronchitis or pneumonia, were
preliminary report of experimente with heated blood
observed. Only one case developed a small
in the treat-ment of croupous pneumonia. N. Y,
thrombotic área in one lung five days after
Med. Jour., 68: 307, 1898.
operation. The operations performed were
2. BALFOUR. Brít. med. Jour., 1909. Cit.
gastroenterostomies, cholecystectomies,
Hoffheinz, S.: Eigenbluttherapie in der Chirurgíe.
appendectomies, hysterectomies, ovariotomies,
Ergebn. d. Cbir. u. Ortli., 22:152, 1929.
herniotomies, thyroidectomies, mastectomies, etc.,
3. SPIETHOFF, B. Zur therapeutischea
under general anesthesia with gás and ether,
Verwendung dei Eigenseruras. Muncb. med.
avertin as base and local anesthesia.
Webnsebr,. 521: 1913.
Postoperative complications may arise with any
4. CIT. KVLEN. Ist es berecfuigt, das
kind or method of anesthesia, but the absence of
Bluteiweiss ais ein spezifisches Organ
lung involvements in our series indicates that
aufzuíassen? Med. Klinik, 6: 171. 1935.
autohemotherapy and not the typc of
5. WIDAL. F. LVnaphylaxic. Presse
anesthesia applíed accounted for the good
med., 79; 781, 1921.
resulta.
6. MUELLER, E. F. and WIENER, P. The
There is sometimes a negligible amount of
mechanism of insulin action. Arcb. of Inl. Med.,
blood left in the wound, and it hás been suggested
37: 4,512,1926. Deutseb. Ztsebr. f. Cbir., 239: 352: 1933.
7. MUELLER, E. F. and BRUTT, H. Die 9. HOFF, F. Klinische Beitraege zur Frage
zentrale Bedeu-tung der Leber bei der natuerlichen der zentrol-nervoesen Regulation des Blutes. Klín.
Abwchr von Infektioneo. Muncb. med. Webnsebr., Webnsebr., 42, 1751, 1932.
2044: 1929.
8. SCHUKER-WALDHEIM, F. Ueber die
Wirkungsweise der Eigeoblutbehandiung.
IMUNOLOGIA

Imunoterapia:
o impacto médico do século

INTRODUÇÃO outras, as especialidades intimamente


Os modernos conceitos envolvidas nesses modernos conceitos
imunológicos e suas implicações na imunológicos. Os conhecimentos que
patologia humana irão acarretar, rapidamente se acumulam nesse
seguramente, um impacto maior que setor terão papel importantíssimo na
o causado com o surgimento dos prevenção, correção, limitação,
antibióticos nas décadas de 40 e 50. controle ou cura de inúmeras doenças
Em verdade, os antibióticos têm catalogadas nas especialidades
R i c a r d o V e r o n e s l
seu campo de ação quase que Pr ofessor de Do enças infeccio sas e mencionadas. Sarampo, rubéola,
Parasitárias da Faculdade de Medicina da
limitado às doenças infecciosas, herpes simples e zoster, hepatite por
Universidade de São Paulo, da Faculdade

principalmente as bacterianas, de Medicina de Jundiaí e da Faculdade de vírus, tuberculose, lepra, brucelose,


Ciências Médicas de Santos; Membro do
enquanto a imunoterapia específica e Comitê de Peritos em Doenças Bactorianas mononucleose, verrugas,
inespecífica abrange horizontes bem
da O rga ni zaçã o Mu ndi al d e S aú de;
toxoplasmose, leishmanioses,
P re si de nt e d o Co mit ê d e Do en ça s

mais amplos, quase não restando ne- Infecciosas, da Panamerican Medical blastomicoses, doença de Chagas,
Association; Chairman do Comitê Latino-
nhum campo da patologia humana . Americano de Medicina Tro pical da
malária, doença de Crohn, linfomas,
ern que imunologia não tenha maior
A sso ci a çã o M éd i ca P a n a me ri c an a i carcinomas, leucemias, aterosclerose,
Consultor da Academia de Ciências dos
ou menor participação em seus Estados Unidos; e edltor coordenador do artrite reumatológica, lúpus
livro Veronesi Doenças Infecciosas e
mecanismos patogênicos. eritematoso, doenças auto-imunes
Parasitárias.

Doenças infecciosas e parasitárias, (várias), candidíase generalizada são, entre outras,


neoplásicas, degenerativas e doenças auto-imunes as doenças em que se tem demonstrado a
têm, todas, uma participação decisiva do sistema possibilidade de, intervindo no setor imunitário,
imunitário em sua iniciação, evolução, controle e curar ou impedir a sua progressão.
cura ou morte.
Para facilitar a compreensão desses
Quase não encontramos especialidade médica que
conhecimentos, apresentaremos, numa sequência
possa, hoje, dispensar os conhecimentos da
didática, os elementos fundamentais implicados na
moderna imunologia para melhor atender os
dinâmica imunológica, desde sua origem,
mecanismos íntimos, fundamentais, dai doenças.
diferenciação e, finalmente, sua atuação na
Infectologia, Cardiologia, Nefrologia, Hepatologia,
imunopatologia humana e animal, incluindo as
Gastren-terología, Cirurgia, Oncologia, Der-
matologia, Oftalmologia, Hematologia, Fisiologia,
Hausenologia, Nutrição e Ceriatria são, entre
possibilidades da imunoterapia específica na tecido linfóide se faz à custa de células
correção dos defeitos imunológicos detectados.
indiferenciadas da medula óssea (célula-mãe,
Origem e diferenciação do totipotente). A diferenciação dos linfócitos se
sistema imunitário na fará no timo e nos folículos linfóides. do intestino
espécie humana
e, através desse processamento, os linfócitos
A origem do sistema imunitário estarão aptos a participar, por mecanismos
confunde-se com a origem dos primeiros órgãos
linfóides, constituídos pelo timo, baço, gânglios diferentes, das reações imunológicas responsáveis
linfáticos e tecido linfóide intestinal, órgãos ou pela homeostase, vigilância imunológica e
agrupamentos de tecidos que constituem o
chamado sistema linfóide. equilíbrio funcional dos componentes do sistema
O timo se forma à custa do intestino imunológico de defesa do organismo. Esse sistema
primitivo, aos 84 dias da embriogênese; o baço e imunológico repousa, essencialmente, na
gânglios linfáticos aos 140 dias; e o tecido linfóide imunidade mediada por células, na imunidade
intestinal aos 175 dias. Há uma correlação direta, mediada por anticorpos e na atividade fagocitária
na filogênese animal, entre o período de gestação dos rnacrófagos do tecido retículo-histiocitário. E
e o surgimento do sistema linfóide. através do processamento do timo e no equivalente à
Acredita-se que a Bolsa de Fabricius, bolsa de Fabrícius que os linfócitos passam a
órgão importante na diferenciação dos linfócitos participar da imunidade mediada por células
nas aves (e que se encontra junto à cloaca das (linfócitos T ou timo-processados) ou da imunidade
mesmas), se localize, na espécie humana, no te- por anticorpos (linfócitos B ou bolsa-processados)
cido linfóide intestinal, placas de Peyer e (fig. 1). Ambos os Iinfócitos apresentam íntima
apêndice. interação através de enzimas (linfocinas), podendo
Os elementos celulares (linfócitos) tanto estimular como inibir a ação um do outro.
originam-se no embrião humano, nas ilhotas Também, tanto o linfócito T como o B atuam
sanguíneas do saco vitelino e do tecido sobre os macrófagos desejados, assim como
hemopoiético do fígado, enquanto, no adulto, se estimulando-os em suas várias funções que
originam na medula óssea. A regeneração do enumeraremos mais adiante.
O linfócito timo-processado passa a ser macrófagos na área onde estão os linfócitos
antígeno sensível, específica ou inespecificamente, sensibilizados. O fator M.I.F. pode ser detectado
ocorrendo, em função dessa sensibilização, a precocemente dentro de 6 horas), antes que se
chamada transformação blastóide, em que ocorrem positivem os testes 1 e 2.
alterações estruturais na célula, acompanhadas de 4. Pela identificação de outras linfocinas.
atividades blástlcas e síntese de RNA e DNA (fig. Existem mais lê 24 linfocinas produzidas pelos
2). Há métodos de laboratório para detectar essas linfócitos T. (Fig. 2).
transformações e, dessa maneira, diagnosticar
Linfócito B (ou bolsa-processado)
qualquer defeito, funcional ou estrutural, dos
elementos. Após a transformação blastóide, o Este linfócito, à semelhança do linfócito
linfócito T se transforma no pequeno linfócito T, é antígeno sensivel, transformando-se, em contato
sensibilizado que se responsabiliza pela com o antigeno, em célula blástica (plasmoblasto),
imunidade mediada por células e que tem como precursora da linhagem )Jasmática (plasmócitos e
manifestações fundamentais: ........ ' células da memória). As células Ia memória da
1. Hipersensibilidade retardada (P.P.D., linhagem plasmática (B), como as da linhagem
Mitsuda, Montenegro, D.N.C.B., levedurina, etc); linfoblástíca (T), são capazes de reter a "imagem
2. Rejeição de enxertos heterólogos; antigênica" por muitos anos e de reagir com o
3. Produção de enzimas atuantes nos antígeno que a sensibiliza. (Fig. 2 e 3.) As células
outros setores do sistema imunológico (linfocinas), da memória B elaborarão anticorpos ao
tais como o S.R.H., granulócitos, linfócitos B e constatarem novamente o antígeno (efeito de
glânglios linfáticos. reforços) e as células da memória T se
Para testar a normalidade funcional do responsabilizarão pela positividade da reação de
sistema no setor T podemos lançar mão de: hipersensibilidade retardada e rejeição de
1. Testes cutâneos de hipersensibilidade enxertos quando constatarem novamente o
retardada, tais como reação ao PPD, .N.C.B. (di- antígeno sensibilizante.
nitro-cloro-benzeno), levedurina, tricofitina, Os plasmócitos são, por excelência, as
Mitsuda e outros. células produtoras de imunoglobulinas (IgE, IgM,
2. Estimulação ou desencadeamento da IgA IgD IgE) que respondem pela imunidade
atividade blástica (transformação blastóide) à custa mediada por anticorpos.
da fito-hemaglutinina (substância vegetal extraída do Tanto a imunidade mediada por
feijão). A atividade blástica pode ser detectada anticorpos como a mediada por células podem ser
através da síntese de D.N.A. (medida pela captação benéficas, favoráveis ou, ao contrário, maléficas,
3
de tímidina títrica H ), ou pela contagem de células prejudiciais, responsáveis por inúmeros processos
em divisão (índice mitótico). imunológícos (ex. doenças auto-imunes).
3. Pela identificação do M.I.F. Sistema reticulo-endotelial (ou
(Migration-inhibiting factor), uma substância retículo-histiocitárlo), S.R.H.
protéica sintetizada e liberada pelos linfócitos Este componente do sistema imunológico
sensibilizados e capaz de inibir a migração dos é, provavelmente, o mais importante dos três,
funcionando, todavia, em íntima interdependência linfócitos B eT. 5. Biotransformação e
com os sistemas T e B, que influem, excreção do colesterol.
profundamente, em sua fisiologia através de 6. Metabolismo férrico e formação de
enzimas por eles elaboradas (linfocinas). Assim, bilibirrubina.
as enzimas linfocitárias tanto podem estimular
como inibir o S.R.H., influindo no controle,
limitação ou erradicação do processo mórbido,
seja ele de natureza virótica, bacteriana,
neoplásica ou auto-imune.
O sistema R-H é constituído por células
macrofágicas dotadas de intensa capacidade de
fagocitar, lisar e eliminar substâncias estranhas,
quer vivas quer inertes. A localização do sistema
R-H é demonstrada na figura 4.
As células macrofágicas se originam de
monócito da medula óssea, de onde são lançadas
na corrente sanguínea para, finalmente, colonizar
os tecidos e órgãos (concentradas principalmente
na pele, peritônio, pulmões, ossos, sinusóides
hepáticos (células de Kupfer) e sinusóides linfáti-
cos). Os macrófagos podem ser estacionários ou
errantes, conforme se demonstra na figura 4.
7. Metabolismo da proteínas e
Todavia admite-se que macrófagos estacionários
remoção de proteínas desnaturadas.
(tissulares) possam migrar através da parede dos
8. Destoxificação e metabolismo de
sinusóides, tornar-se, assim, livres e penetrar na
drogas. Respondendo por tantas e tão importantes
região sede do processo inflamatório.
funções, fácil de se entender o papel
As principais funções do sistema R-H
desempenhado pelo sistema R-H no
são:
determinismo favorável ou desfavorável de
1. Clearance de partículas estranhas
processos mórbidos tão variados como sejam os
provenientes do sangue ou dos tecidos (inclusive
infecciosos, neoplásicos, degenerativos e auto-
células neoplásicas), toxinas e outras substâncias
imunes.
tóxicas.
2. Clearance de esteróides e sua
Defeitos do Sistema Imunológico e sua
biotransformação.
Importância na Patologia-Humana
3, Remoção de microagregados de fíbrina
e prevenção de coagulação intravascular. Doenças Infecciosas e parasitárias.
4. Ingestão do antígeno, seu Quando o organismo humano ou animal é agredido
processamento e ulterior entrega aos por agentes infecciosos ou parasitários, é acionado
o sistema imunitário, em seus vários
compartimentos, a fim de destruir ou neutralizar o "defeito" no setor T-RH. Através da
agressor. Tanto a imunidade mediada por células, imunoestimulação ou de introdução de fator de
como a mediada por anticorpos, complementadas ao transferência nesses indivíduos, a evolução da
final pelos macrófagos, são movimentadas para doença poderá ser bloqueada. No herpes simples
impedir a ação patogênica do agente invasor. recidivante (labial ou genital) também os testes
imunológicos detectam "defeito" no setor T-
Conforme a natureza do agente
RH, enquanto o setor B permanece
etiológico, variará o setor mais importante de
funcionalmente perfeito (formação de anticorpos
defesa, ora sendo os anticorpos humorais
humorais). A literatura está cheia de observações
(como, por exemplo, o poliovírus), ora os
de curas de herpes recidivantes pelo tratamento
anticorpos secretórios (IgA) ira a imuidade
com imunoestimulante do tipo do Levamisole-
mediada por células, complementadas pela
tetramisole. Igualmente se beneficia desse
fagocitose dos macrófagos e dos micrófagos
tratamento o herpes-zoster.
(polimorfonucleares neutrófilos).
Como o tratamento imunoterápico ativo
Além dos anticorpos, são movimentados
sempre leva mais de quatro semanas para ser
outros elementos humorais com capacidade de
eficaz, é indicado o tratamento antiviral específico
neutralizar os vírus ou indiretamente, favorecer ou
(quando disponível) enquanto se aguarda o efeito
auxiliar a ação dos elementos de defesa do sistema
do imunoestimulador. Assim, a Cytarabina está
imunitário. Assim, são produzidas pelos linfócitos
indicada como substância antiviral na fase aguda do
T, 24 linfocinas, entre elas o interferon, o M.I.F., as
herpes, quer simples quer do zoster.
linfotoxinas, a IgA.
Hepatite por vírús: Existem muitas
Certos vírus não são destruídos pelos
observações de que a persistência do vírus da
anticorpos humorais mesmo em grande hepatite do tipo B (HBAg ou antígeno Au) é
quantidade no sangue. Desse modo, na síndrome responsável pelo quadro de hepatite crônica
da rubéola congênita, a despeito de títulos
agressiva que conduz, finalmente, a um quadro de
protetores de anticorpos anti-rubéola no sangue, o
cirrose hepática. A persistência do antígeno HBAg
vírus rubeólico é isolado do sangue, humores e seria condicionada por um defeito no setor T-RH,
tecidos. Esta é uma demonstração inequívoca de defeito este que poderá ser remediado através de
que a imunidade mediada por anticorpos é imunoestimulaçãa ou inoculação de F.T. Também o
insuficiente, no caso, para erradicar o agente
defeito no setor T condicionaria uma menor inibição
patogênico. Tais indivíduos apresentam um
dos linfócitos B e, consequentemente, uma maior
"defeito" imunológico no setor dos linfócitos T, produção de auto-anticorpos responsáveis pelo
diagnosticados pelos testes que descrevemos. mecanismo de auto-agressividade da entidade.
Através de correção do "defeito", os macrófagos
Verrugas por vírus: É uma virose
são ativados e a fagocitose é estimulada,
cutânea causada pelos papovavírus e caracterizada
destruindo o vírus. O mesmo fenômeno se pelas recidivas frequentes e curas, espontâneas ou
observa na panencefalite subaguda esclerosante, com auxílio de "benzeduras", amuletos e "rezas". A
onde o patógeno parece ser o vírus do sarampo, persistência ou recrudescência do vírus também
persistente no S.N.C., em consequência de um
está condicionada a um defeito no setor T-RH.
imunoestimulação nos três setores T, B e R: H,
ocorre a fusão das organelas e o T. gondii é
fagocitado mais intensamente e lisado pelo
macrólago. Explica-se, assim, o porquê do
surgimento de toxoplasmose em imunodeprimidos
(por neoplasias, corticosteróides, gravidez, drogas,
fatores genéticos, etc.) e abrem-se novos horizontes
terapêuticos pela associação de quimioterápicos à
imunoterapia estimulante inespecífica.
Hanseníase: Sempre constitui uma
curiosidade científica o conhecimento dos fatores
determinantes das várias formas de hanseníase. Por
que a grande maioria dos indivíduos que entram em
Figura 4. Não visualizada, indicando os
contato com o M-leprae são apenas infectados e
componentes do Sistema reticulo-histiocitário e suas
desenvolvem sólida imunidade, principalmente
localizações.
relacionada à imunidade mediada por células? Por
que uma ínfima minoria contrai a doença e apenas
Através da imunoestimulação com
uma pequena parcela é vítima da temível lepra
drogas do tipo, Levamisole-tetramisole, têm
lepromatosa, contagiante, mutilante, resistente aos
sido curados, em quatro à seis semanas, esses
quimioterápicos, enquanto a outra parte contrai a
tipos de verrugas. A recidiva é evitada pelo
lepra tuberculóide, benigna, não contagiante?
prolongamento da imunoestimulação (12 meses) ou
Sabe-se, hoje, que os fatores
pela correção do defeito fundamental
determinantes estão subordinados ao sistema
(imunodepressão endógena ou exógena: por drogas,
imunológico e que a forma L-L (virchowiana) é
por fatores psíquicos (depressões), por fatores
condicionada à presença, no soro de tais indivíduos,
estressantes, velhice, ele.).
de uma enzima inibidora da transformação blastóide
Toxoplasmose: Tomando a toxoplasmose
dos linfócitos T. Tal inibição impede a elaboração
como modelo, podemos, por extensão, extrapolar
de linfocinas que estimulam o sistema
as experiências que já se fizeram com esta doença
macrofágico (R:H) e, igualmente, a imunidade
para outras entidades infecciosas ou parasitárias em
mediada por células (tais indivíduos são Mitsuda-
que os mecanismos imunopatogênicos
negativos). Tornou-se, assim, possível a cura ou
fundamentais são semelhantes. Assim, sabe-se,
bloqueamento da evolução da lepra lepromatosa
por experiências em animais de laboratório, que o
pela imunoestimulação ativa, inespecífica, através
toxoplasma gondii se assesta e se reproduz, no
do BCG, levamisole-tetramisole, e outros, ou,
interior de células retículo-histiocitárias, graças à
ainda, pela inoculação do fator de transferência,
elaboração de uma enzima que impede a união do
capaz de reverter à positividade os testes de
fagossoma com o lisos-soma, união esta
lúpersensibilidade retardada, antes negativos.
indispensavel para que ocorra a fagocitose e lise dos
organismos intracelulares. Todavia, através de
Os modelos mencionados (lepra e antineoplásica específica se faz à custa da própria
toxoplasmose) podem ser extrapolados para massa tumoral do hospedeiro que poderá ser
inúmeras doenças infecciosas e parasitárias, tais incrusive marcada com radioisótopos de atividade
como: leishmanioses, tripanosomíase americana anti-humoral e com tropismo especial para o órgão
(doença de Chagas), blastomicoses, malária, afetado.
tuberculose, esquistossomose, brucelose, linfoma A imunoestimulação antineoplásica
de Burkitt. inespecífica se faz à custa de antígenos de
O mecanismo imunitário de defesa é composição antigênica diferente da tumoral, mas
comum a todas essas doenças, apenas variando a que atuam pelo estímulo da fagocitose pelo sistema
natureza e composição antigênica do patógeno. R:H. Estes fagocitam e lisam, indistintamente, as
Através de uma combinação ou alternância substâncias estranhas que ingerem; inclusive as
adequada de quiomioterápicos e células neoplásicas.
imunoestimulantes, poderá o médico, no futuro, O engolfamento das células neoplásicas
vislumbrar perspectivas mais otimistas para poderá ser facilitado pelas opsoninas,
doenças infecciosas e parasitárias, até então de imunoglobulinas que parecem ter seu papel
difícil ou nenhum tratamento eficaz. ressuscitado na atualidade, juntamente com a nova
Doenças Malignas: A imunidade conceituaçâo imunológica das doenças.
mediada por células está "defeituosa" na maioria As primeiras indicações, convincentes,
dos indivíduos com doenças neoplásicas, sendo o do papel da imunidade nas doenças malignas
defeito reversível pela inoculação de fator de foram oferecidas pela observação de uma
transferência ou imunoestimulação, específica ou significativa baixa de incidência de leucemia em
inespecífica. crianças vacinadas com BCG, quando comparadas
O "defeito" imunológico pode ser com as não vacinadas. Posteriormente, a imuno-
primário, isto é, transmitido pelo código de estimulação passou a ser usada como terapêutica
genética, ou secundário, em consequência de antineoplásica em vários tipos de neoplasias,
fatores imunodepressores, endógenos ou exógenos. surgindo, inclusive, outros imunoestimulantes
A favor do "defeito" primário falam as inespecíficos como o Levamisole-tetramisole, o
observações de famílias com vários casos de Corynebacterium parvum. e outros. Hoje, em
leucemia, câncer, linfomas, etc. grandes centros de Oncologia da Europa e dos
Os fatores secundários podem ser Estados Unidos, os imunoestimulantes são larga-
encontrados em drogas imunodepressoras, mente usados, juntamente com as medidas
radioterapia, stress psíquico (depressões), clássicas anti-neoplásicas (cirurgia, irradiações,
subnutrição, velhice, gravidez, etc. quimioterapia). Inclusive, a droga de escolha para
A localização do "defeito" está, o tratamento do melanoma maligno passou a ser a
fundamentalmente, no setor T-R:H, conforme o imunoestimulação pelo BCG, local (intralesional)
demonstram os testes imunológicos. e/ou sistêmico (intradérmico ou percutâneo) a
A imunoestimulação antineoplásica pode cada quatro dias, no primeiro mês, e, posterior-
ser específica ou inespecífica. A imunoestimulação mente, a cada semana, durante vários meses,
espaçando mais as doses após dois meses entre os vacinados, enquanto permaneceu alta
(bimensais e mensais). Em 1975 comparou-se, na entre os não vacinados. O emprego de
Universidade da Califórnia (Divisão de Corynebacterium parvum, em substituição ao
Oncologia), a frequência de recidivas de mela- BCC, parece trazer vantagens, principalmente
noma em operados, dos quais um grupo havia porque o C. parvum é inativado, e não se corre o
recebido, ao acaso, BCG, e o outro grupo, somente risco de Becegeite, mormente entre
cirurgia. A conclusão foi categórica: a incidência aqueles com intensa imunodepressão.
de recidivas de melanoma quase se reduziu a zero

retardada, em uma ou duas horas, e, desse


modo, levantar o estado imunitário mediado por ce-
las e, até, por anticorpos, de várias entidades
mórbidas e inespecificamente, dos indivíduos sob
"alto risco" para contrair quaisquer das doenças para
as quais é suscetível e que poderão ser uma
neoplasia, uma leucemia, uma hanseníase, ou uma
das muitas doenças que mencionamos. Caberá ao
clínico do futuro o papel de diagnosticar e corrigir
Além do tratamento das doenças malignas
os "defeitos imunológicos". inclusive realizando,
já declaradas e, frequentemente, em grau avançado,
no consultório, os testes de hipersensibilidade
com metástases em vários órgãos, poderemos
retardada, agora padronizados e fornecidos em kits.
antecipar a imunoestimulaçâo inespecífica fazendo
Ao imunologista de laboratório caberá a feitura de
uma imunoprafilaxia em todos aqueles que,
testes mais refinados, como os de fito-
submetidos aos testes imunológicos, apresentarem
hemaglutinina, captação de tiinidina títrica,
algum "defeito" imunológico.
formação de rosetas.
Independentemente da origem do "defeito"
A imunoestimulação não oferece
imunológico, genética ou adquirida, transitória ou
dificuldades, uma vez que os imunoestimulantes
permanente, esse indivíduo será declarado sob
são de fácil manejo e os esquemas são muito
"alto risco" e candidato, assim, a uma terapêutica
simples. Acreditamos que em cursos de apenas seis
corretiva (ativa ou passiva), com duração enquanto
meses, em pós-graduação, os clínicos estarão aptos
os testes indicarem a persistência do "defeito
a associar a imunoterapia à químio e radioterapia e
imunológico". Concomitantemente, serão
colher resultados bem melhores que aqueles onde
tomadas as medidas profiláticas possíveis para
não se associa tal terapêutica.
afastar os prováveis agentes etilógicos da
O importante é atuar correta e
imunodepressão (stress psíquico, má nutrição,
oportunamente, conforme o "momento
anemia, drogas tóxicas, gravidez, etc).
imunológico" da doença, evitando erros
Com a ajuda de aparelhos ue injeção
imperdoáveis, como os de fazer imunossupressão
intradermica a jato (dermo-jet), poderemos
quando, em realidade, o que o paciente está
realizar milhares de testes de hipersensibilidade
necessitando é de imunoestimulação. A experiências realizadas em ratos na Universidade de
oportunidade de tirar o máximo de proveito da Tennessee. Estamos realizando experiências em tal
imunoestimulação ou da imunodepressão também sentido no Serviço do Professor Luiz V. Décourt em
deve ser levada em alta consideração. Sabe-se São Paulo.
que, enquanto não se reduzir a massa tumoral a Subnutrição e defesas Imunitárias. A
6
menos de IO células neoplásicas, ou leucêmicas, alta letalidade e os elevados índices de mortalidade
não será eficaz a imunoestimulaçã e que é por doenças infecciosas e parasitárias entre
principalmente para as células metastáticas, subnutridos indica uma. defesa deficiente do
localizadas em redutos inatingíveis e desco- organismo ante esses agressores. Numerosos estudos
nhecidos, que a imunoterapia tem a sua grande realizados nesse campo demonstram que o malnutrido
indicação. Desse modo, é necessário, apresenta depleção de liníõcitos T e atrofia do sistema
inicialmente, realizar a extirpação da grande linfóide, responsável pela deficiente resposta aos
massa tumoral (cirurgia, quimioterapia, irradiações) patógenos. Os linfócitos B sofrem, indiretamente, essa
e, depois, fazer a imunoestimulação. depleção de linfócitos T, não havendo, todavia, no
Doenças auto-imunes. Várias doenças de malnutrido, maiores repercussões na imunidade
auto-agressão têm encontrado na moderna mediada por anticorpos.
conceituação imunológica explicação para seus Deve-se acrescer que, no malnutrido,
mecanismos imunopatogênicos e, desse modo, ocorre uma elevação do cortisol plasmático, fator
vêm se beneficiando da terapêutica imunológica. imunodepressor que agrava a deficiência imunitária
Num aparente paradoxo, a imunoestimulacâo do decorrente da depleção de linfócitos T. Também
setor T tem oferecido resultados favoráveis no vários patógenos são conhecidos como
tratamento das doenças tidas corno auto-imunes, imunodepressores, como o plasmódio da malária, os
como a artrite reumatóide, a ileíte reginal de Crohn vírus da rubeóla e do sarampo. O vírus E.B. do linfoma
e a hepatite crônica agressiva. A explicação para de Burkitt e o bacilo da lepra.
tais resultados é dada pela ação inibitória dos Acreditamos que a imunização em massa
linfócitos T sobre os linfócitos B encarregados da pelo BCG intradérmico ou percutáneo, em
formação de auto-anticorpos. A estimulação dos populações de malnutridos, irá, certamente, melhorar
linfóticos T acentuaria a inibição sobre os linfócitos B. o estado imunitário e as defesas inespecíficas desses
Doenças degenerativas. O sistema R:H indivíduos, de modo a baixar os índices de morbidade
exerce papel importante na homeostase inclusive dos e letalidade para inúmeras doenças infecciosas,
lípides, Dessa maneira, tem-se demonstrado, em parasitárias e inclusive, neoplásicas.
animais, que o sistema R:H está implicado na Estado psíquico e defesas
produção e excreção do colesterol, quer endógeno Imunológicas. Os prolongados períodos de
como exógeno. Conclui-se, daí, que a depressão psíquica assim como o stress, contínuo da
hípercolesterolemia e, talvez, a aterosclerose vida moderna atuam, através de liberação de
dependem do perfeito funcionamento do sistema R:H. substâncias imunodepressoras (ex. cortisol), no
podendo ser reduzida a taxa de colesterol sanguíneo sistema de defesa imunológica, diminuindo-a em
através da imunoestimulaçào do sistema, conforme graus e períodos variáveis, Corrigida a causa
primária, o indivíduo é considerado fora do estado de
"grande risco". Enquanto perdurarem os fatores ocorra a rejeição do feto (abortamento). É fato
imunodepressores de origem psíquica, o indivíduo conhecido, e de longa observação, que a gestante,
poderá contrair mais facilmente uma das inúmeras em consequência dessa imunodepressão fisiológica,
doenças de que fizemos menção, o que aconselha apresenta evolução desfavorável das neoplasias,
uma imunoestimulação inespecífica enquanto se aguarda tuberculose, hepatite, toxoplasmose, poliomielite.
pelos resultados da terapia psiquiátrica para debelar a Em contrapartida, as gestantes que padecem de
causa psíquica primária. doenças em que a imunossupressão é desejável
Idade e sistema Imunitário. Com o apresentam uma melhora do quadro clínico durante
envelhecimento, mais nitidamente após os 65 anos, a gestação.
ocorre uma depleção de linfócitos T, enquanto, É ainda um campo aberto à pesquisa o
concomitantemente, se observa um aumento de "silêncio imunológico dos vivíparos". No momento,
linfócitos B no sangue periférico. Tal fenômeno seria apenas podemos proteger melhor a gestante contra
responsável pelo aumento de doenças auto-imunes doenças em que é suscetível, ou mais vulnerável, de
na velhice (aumento dos anticorpos auto-imunes acordo com as circunstâncias epidemiológicas do seu
secretados pelos linfócitos B). A depleção de lin- co-ambiente.
fócitos T explicaria o aumento de incidência de
neoplasias e doenças degenerativas.
Gravidez e Imunidade. Na gravidez
ocorre o chamado "silêncio imunológico dos
vivíparos" condição esta indispensável para que não
RESUMO SUMMARY
Foi feita uma análise das perspectivas que se vis- The perspective for the practical application of
lumbram para a aplicação prática dos conhecimentos modern immunology was analyzed. Practically, no field
atuais da moderna imunologia. Os campos da medicina of Medicine is left out and most of them are still
em que esses conhecimentos se aplicam são praticamente unexplored under this point of view. So far, the deep
ilimitados, e muitos deles ainda não foram explorados. implications of the three main sectors of the
No momento, já se demonstram, em animais de immunological system of defense was demonstrated in
laboratório ou em patologia humana, as profundas experimenta carried out either in laboratory animais or in
implicações dos três setores do sistema imunológico de human pathology. Infectious. parasitic, neoplasic.
defesa do organismo, em variadas entidades mórbidas, degenerativo and autoimmune diseases are deeply
incluídas, entre elas, as infecciosas, parasitárias, envolved in the immunological defense mechanism.
neoplásicas, degenerativas e auto-imunes: Alguns Examples where most of the immunopathological
exemplos de doenças em que se estudou a imunoterapia envolvements has been studied were shown and
foram apresentados e comentados. commented. To make the subject easier for
Para faclitar ao leitor, a matéria foi distribuída understanding. the matter was distributed as follows: 1.
didatlcamente pelos seguintes iténs: Formation and development of the immunological system
1. Formação e desenvolvimento do sistema in the human species. 2. Formation and differentiation of
imunitário na espécie humana. the cellular elements envolved in the immunological

2. Formação e diferenciação dos elementos mechanisms (with diagrammatic illustration). 3.

celulares envolvidos nos mecanismos imunitários. "Defects" of the immunological mechanism and their

3. "Defeito" do sistema imunológico e sua importance in the human pathology. Specific examples of

importância em patologia humana. Esta parte foi ilustrada clinical entities where most of the immunotherapy

com exemplos específicos de algumas entidades onde se experience was gathered were shown. 4. The influence of

acumulam maiores experiências na imunoterapia. malnutrition. age and pregnancy on the immunological

4. Influência da subnutrição, idade e gravidez mechanism of defense.

no sistema de defesa imunológica


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LEITOR

• "Venho cumprimentar toda a • "Faço parte da turma de 1961 da Tijuca (RJ)." Armando Filardi, Rio.
equipe de MEDICINA DE HOJE Escola de Medicina e Cirurgia do Rio • "Acompanho com grande interesse
pelo alto gabarito dos artigos de Janeiro, que pela sua organização as publicações de MEDICINA DE
publicados, pela atualidade dos e liderança marcou época na Facul- HOJE, cujos trabalhos técnico-
mesmos e pela grande valia que tem dade. Entretanto, desde a formatura científicos. em muito têm contribuído
para nós, médicos interioranos, sempre esta turma nunca se reuniu. Por isso, para o desempenho de nossa
necessitando de atualização. Pelo através de MEDICINA DE HOJE profissão e atualização de nossos
afastamento dos grandes centros gostaria de formular o convite aos conhecimentos. Congratulo-me com
médicos, este é, talvez, um dos meus colegas para que nos reunísse- a revista e, em especial, com o
poucos recursos para exercermos mos em dezembro de 1976, a fim de cirurgião Lúcio Galvão, pelos seus
conscientemente a verdadeira comemorar nosso 15.° aniversário de excelentes artigos sobre cirurgia, os
medicina. Meus cumprimentos a Bloch formatura. Mande seu nome, ende- quais demonstram o seu alto gabarito
Editores, ao Conselho Científico e reço e telefone de residência e con- profissional." Ary Teixeira.de
editoria da revista."Dr. Paulo J. M. sultório para Armando Filardi, Oliveira,Viçosa, MC.
Carvalho, Alfenas, MG. Av.Maracanã, 81, tel. 228-9876,
Associação Brasileira de Medicina Complementar
Nosso principal objetivo é elaborar " PROTOCOLOS DE CONSENSO " das estratégias
terapêuticas, com a finalidade de " REGULAMENTAÇÃO " no Conselho Federal de
Medicina ou nos Conselhos de Classe Competentes.

Infecção Focal : uma das causas esquecidas da etiologia de doenças sistêmicas – o


valor do FDG PET no diagnóstico e o valor da autovacina e da autohemoterapia no
tratamento

José de Felippe Junior

“Existe muita sabedoria e eficácia terapêutica nos ensinamentos dos médicos antigos,
aqueles que viveram na era pré-antibiótica”.
JFJ

“Os pesquisadores antigos usavam o raciocínio e a experimentação desvinculados de


qualquer compromisso com interesses omissos. Não havia o conflito de interesse não
declarado”.
JFJ
O termo “infecção focal” foi apresentado à comunidade médica por Frank Billings em 1912
e a sua proposição era que dentes ou tonsilas infectadas poderiam ser os responsáveis
pela produção de vários tipos de doenças nos seres humanos, tais como: artrite,
reumatismo, nefrite, apendicite, endocardite e outras doenças de origem desconhecida (
Billings – 1912,1913,1914). Nesta época descreveu muitos casos de artrite e nefrite que
melhoraram ou até se curaram após a remoção cirúrgica do foco de infecção. Na verdade
Billings já havia descrito em 1906 o papel de bactérias na etiologia da úlcera gástrica e
duodenal e logo a seguir já coletava 12 casos de endocardite crônica nos quais quatro
apresentavam amigdalite crônica ou abscesso alveolar (Billings – 1906, 1909, in Gibbons-
1998 referência de Billings 1898 ).
Billings escreveu em 1912 “Eu penso que não há dúvidas que processos degenerativos
insidiosos que ocorrem nos pacientes de idade madura são devidos à lenta intoxicação de
infecções focais localizadas em algum lugar do organismo”. Ele definiu como foco de
infecção uma área circunscrita de tecido contendo organismos patogênicos que pode se
localizar em qualquer lugar do organismo, mas geralmente está na boca ou vias aéreas,
locais mais expostos aos agentes infecciosos. Os dentes, especialmente aqueles
submetidos a excesso de trabalho dental e as amigdalas palatinas são particularmente
vulneráveis. Importantes são os abscessos alveolares, pois freqüentemente não são
notificados pelos pacientes e passam facilmente despercebidos pelos médicos. Os
pulmões, o trato genitourinário (especialmente a próstata e as vesículas seminais) e o trato
gastrointestinal (ex.: apêndice e vesícula biliar) são locais freqüentes de infecção oculta.
Focos secundários em linfonodos adjacentes ao foco primário são outras possibilidades. A
doença sistêmica aparece quando a bactéria se dissemina dos locais de infecção focal
para órgãos distantes ou por via hematogênica ou por via linfática (Billings-1914,1916).
A lista de doenças da época provocadas por foco de infecção é mostrada a seguir. As
patologias de 1914 e 1915 foram descritas por Billings e as demais pelos autores: Craig-
1914, Stengal-1914, Brown-1914, Bridges-1914, Nyman-1916, Rosenow-1918, Cecil-1932
e Reimann-1940.
Em 1914 : artrite, miosite, reumatismo agudo, nefrite, degeneração visceral, septicemia,
úlcera gástrica e duodenal, colecistite, miocardite, endocardite, tiroidite, pancreatite
Em 1915 : coréia, apendicite, eritema nodoso, herpes zoster, mielite espinhal, osteomielite,
iridociclite
Outros autores: psicoses, fobias, melancolia, insônia, arritmias, hipertensão arterial,
insuficiência cardíaca, angina, parestesias, doença de Hodgkin, poliomielite.
Um grande pesquisador contemporâneo da Clínica Mayo, Edward C. Rosenow, através de
experimentos muito elegantes e inteligentes, corroborou com os achados de Billings.
Rosenow preencheu os postulados de Koch sobre a etiologia das doenças. Primeiro, ele
cultivou bactérias de focos infecciosos encontrados nos pacientes (ex.: tonsilas ou dentes)
ou lesões sistêmicas distantes (ex.: articulações). A seguir injetou intravenosamente estas
bactérias em animais e observou os resultados. Constatou que as bactérias produziam o
aparecimento de lesões nos órgãos dos animais que correspondiam aos órgãos dos
pacientes dos quais as bactérias haviam sido cultivadas. ( Rosenow – 1922 ). Continuando
suas experiências Rosenow observou algo de muito peculiar, uma espécie de “dissociação”
ou “transmutação” de cepas de estreptococos e pneumococos quando alterava o meio de
cultura (mudanças de oxigenação e de temperatura) que as tornavam mais virulentas e
capazes de produzir lesões em vários tipos de órgãos (Rosenow – 1914).
Rosenow defendeu com unhas e dentes a teoria da infecção focal onde uma doença
distante pode ser provocada por um foco isolado de infecção ou um reservatório de
bactérias. O pesquisador afirmava que estes microorganismos ou os seus derivados
estavam implicados em doenças que iam da artrite à esquizofrenia (Rosenow-1940,1953).
Outro autor que concordou com a teoria da infecção focal, foi Hunter em 1911. Entretanto,
este médico inglês foi longe demais, pois condenou as restaurações dentárias e assim
desencadeou uma onda de extrações de dente desnecessárias, com a finalidade de tratar
vários tipos de doenças degenerativas (Hunter – 1911).
Em 1920, Price implicou as bactérias do canal dentário, que permanecem após o
tratamento endodôntico da raiz, assim como as toxinas produzidas por essas bactérias
como agentes causais de doenças. O pesquisador implantou dentes tratados
endodonticamente sob a pele de animais e constatou que muitos acabavam por apresentar
as mesmas doenças observadas nos pacientes: artrite, endocardite, doenças respiratórias,
reumatismo e nefrite. Também escreveu que muitos dos seus pacientes que apresentavam
doenças degenerativas, sentiram alívio após a extração do dente doente (Price- 1923).
Quatro presidentes da Associação Médica Americana, Austin Flint, Frank Billings, Charles
Mayo e Walter Bierring concordavam com a teoria do foco de infecção (Mayo-1914 ,
Bierring-1938).
Em 1938, Cecil abalou um pouco a teoria da infecção focal. Estudando 200 pacientes com
artrite reumatoide verificou que 70% não apresentavam infecção focal. No nosso ponto de
vista Cecil mostrou que nós médicos “modernos” estamos perdendo a oportunidade de
encontrar foco de infecção em 30% dos pacientes com artrite reumatoide. Porque
insistimos em esquecer os ensinamentos dos mais velhos?
A partir de 1940, a teoria da infecção focal como produtora de doenças de difícil explicação
ou degenerativas começou a cair no esquecimento.
Em 1994 Debelian, reaviva a memória dos médicos, escrevendo em Jornal de
Odontologistas, que moléstias sistêmicas podem ser provocadas por microorganismos
provenientes da cavidade oral: artrite, nefrite, abscesso hepático, abscesso cerebral,
mediastinite, endocardite bacteriana, meningite, etc. Muitos destes casos são provocados
pela bacteremia que se segue a uma manipulação durante o tratamento dentário. Essas
bacteremias geralmente são transitórias, pois o sistema imune de vigilância infecciosa é
rapidamente acionado nas pessoas sem doenças crônicas debilitantes. Acredita-se que a
incidência de bacteremia após manipulação dentária gira em torno dos 17 a 94% ,
dependendo da moléstia de base e do tipo e da duração da manipulação (Heimdahl –
1990).
Novamente em 1994, um autor chamado Meinig observa que bactérias escondidas nos
túbulos dentais após tratamento da raiz do canal dentário podem causar doenças
sistêmicas degenerativas. Meinig também era favorável à retirada cirúrgica do dente
infectado e do dente tratado endodonticamente.
Ainda em 1994 a Associação Americana de Endodontistas enviou para o conhecimento
público folhetos desacreditando a teoria do foco de infecção e da extração indiscriminada
de dentes. Repetiu o mesmo procedimento em 2000.
Em 1996 a Associação Dental Britânica revisou literatura de quase 30 anos e proclamou
que a extração dentária com a finalidade de tratamento de doenças sistêmicas seria
considerada procedimento “não ético”.
Segundo a Associação Americana de Endodontistas, mais de 30 milhões de tratamento de
canal são feitos anualmente nos Estados Unidos com sucesso de 90%. Segundo eles o
tratamento de canal é seguro e não cria doenças degenerativas. Eles dizem, escrevem e
reescrevem, porém não provam cientificamente as suas afirmações, e compreende-se
muito bem as razões desta Associação.
Estudos recentes demonstraram que apesar de todos os cuidados nos procedimentos de
tratamento de canal e ao uso dos mais sofisticados bactericidas locais, ainda persistem
bactérias enclausuradas no canal dentário tratado (Peters - 1995, Buck – 1999,2001).
Lorber em 1996, escreveu nos Anais de Medicina Interna: “está ocorrendo uma revolução
na compreensão da interação microorganismo – ser humano , que é a descoberta que os
agentes transmissíveis são os responsáveis por doenças que antes nunca foram suspeitas
de terem origem infecciosa” .
Em trabalho da Hungária o autor afirma que a infecção focal possui papel definido em
várias complicações infecciosas, afirmando que a erradicação da infecção focal pode ter
efeito curativo e ou preventivo nas doenças sistêmicas. Entretanto, o autor notou
acertadamente que apenas a erradicação do foco não foi suficiente para o tratamento
final.(Semmelweis – 2002). Na verdade, já havia sido descrito no passado que o processo
de doença somente se estanca com as autovacinas ou a autohemoterapia ao lado da
exclusão do foco (Rosenow – 1914,1940,1953,1958).
Em 2002 Zhurakovskii estudou as alterações morfológicas de cartilagens de coelhos
adultos submetidos a infecção focal por Staphylococcus aureus. Conseguiu demonstrar o
que os antigos já haviam observado, que a infecção crônica local produziu alterações
atróficas e degenerativas à distância, nas articulações.
Ainda em 2002 surgiu o livro de Kulacz : “As raízes das doenças: conexão odontologia e
medicina” implicando o foco de infecção bucal como agente etiológico de vários tipos de
doenças de causa desconhecida e de doenças degenerativas, incluindo a artrite
reumatoide, a nefrite e as doenças cardiovasculares, incluindo o infarto do miocárdio e o
derrame cerebral.
Nos últimos anos a teoria do foco infeccioso ressurgiu com os epidemiologistas
evidenciando a associação entre a doença periodontal com doenças que estão
aumentando de freqüência na atualidade, como o infarto do miocárdio, o derrame cerebral ,
o diabetes e os problemas de gravidez (De Stefano-1993 , Matilla-1995, Genco-1996,
Beck-1996, 2000).

Doenças da Cavidade Bucal e Doenças Sistêmicas

Matilla em 1989 encontrou associação positiva entre infecção dental e o infarto agudo do
miocárdio. Em 1995 o mesmo autor em trabalho prospectivo envolvendo 214
coronariopatas concluiu que as infecções dentárias possuem maior significado estatístico
com a incidência de eventos agudos coronarianos do que os seguintes fatores de risco :
hipertensão arterial, diabetes, fumo, colesterol, idade e status sócio-econômico.
De Stefano em 1993, analizando 9.769 pessoas com idade entre 25 e 75 anos mostrou
maior risco de coronariopatia nos pacientes com periodontite quando comparados com
controles sem periodontite. O risco foi 25% maior nos portadores de periodontite.
Interessante o achado de um risco muito maior (72%) no grupo mais jovem (24 a 50 anos).
Beck em 1996, estudou a perda óssea alveolar em 1.147 veteranos das forças armadas
dos Estados Unidos, por um período de 18 anos. Após ajustar os fatores de risco habituais,
constatou que pacientes com altos níveis de perda óssea alveolar sofriam risco 1,5 vezes
maior de apresentarem coronariopatia; 1,9 vezes maior de apresentarem infarto do
miocárdio fatal; e 2,8 vezes maior de apresentarem derrame cerebral.
Na Índia em 1996, Genco estudando 1.372 pessoas não fumantes com idade inferior a 60
anos e após ajustar os fatores de risco mais comuns constatou que a incidência de infarto
do miocárdio era 2,7 vezes maior nos pacientes com doença periodontal.
Haraszthy em 2000, identificou vários tipos de patogenos periodontais nas placas
ateromatosas de artérias obtidas em autopsias. Encontrou o Bacteróides forsythus em 30%
dos espécimes testados, o Pophyromonas gingivalis em 26% e o Actinobacillus
actinomycetem comitans em 18%.
Loesche em 2000, em trabalho prospectivo e controlado constatou que os pacientes com
B. forsythus e P.gingivalis apresentavam 3 vezes mais chance de apresentarem infarto
agudo do miocárdio.
Kinane em 2000, em animais de experimentação mostrou que essas bactérias na placa
provocam o aumento de proteínas que induzem a agregação plaquetária (PAAP : proteínas
associadas à agregação plaquetária) . As PAAP aumentam a freqüência cardíaca,
aumentam a pressão arterial, reduzem a contratilidade cardíaca e provocam a formação de
placas de ateroma nos animais.
Em 2003, surgiram mais dois trabalhos, o de Rutger e o de Janket, mostrando a maior
incidência de infarto do miocárdio, doença cardiovascular e acidente vascular cerebral
isquêmico nos pacientes portadores de doença periodontal .
Grau em 2004, mostrou que a doença periodontal é fator de risco para o derrame cerebral
(acidente vascular cerebral isquêmico). Constatou que pacientes com doença periodontal
apresentavam risco de duas a três vezes maior de apresentarem derrame cerebral.
Pacientes diabéticos com doença periodontal apresentam maiores dificuldades de controle
do seu nível de glicêmico (Diabetes e periodontal diseases – 2000).
Mulheres grávidas com doença periodontal apresentam maior risco de terem filhos
prematuros ou de baixo peso (Offenbacher – 1996 , Jeffcoat – 2001). O mais interessante é
que o tratamento da doença periodontal reduz o risco de parto prematuro e de recém
nascidos de baixo peso (Lopez – 2002).

Possíveis explicações para a teoria do foco de infecção

Os patógenos da cavidade bucal e suas toxinas podem agir diretamente nos tecidos,
gerando uma resposta inflamatória com altos níveis de citocinas ou de imuno-complexos
que podem se depositar: a- nos rins provocando glomerulonefrites e tubulopatias ou b- no
subendotélio vascular provocando aterosclerose ou c- nas cartilagens provocando artrite ,
ou d- em algum local do corpo provocando algum tipo de doença de difícil diagnóstico.
Algumas placas bacterianas anaeróbias produzem lipopolisacarídeos que desencadeiam a
produção de citocinas, as quais afetam o endotélio vascular e predispõe a formação de
trombos, aterosclerose ou lesão vascular. Se o endotélio é o glomerular renal provoca
hematúria e proteinúria. Se o endotélio é de uma coronária provoca angina pectoris ou
infarto do miocárdio. Se o endotélio pertencer à artéria carótida provoca derrame cerebral.
Se o endotélio nutre uma articulação provoca artrite, e assim por diante.
Lipopolisacarídes no tecido periodontal ou na corrente circulatória desencadeiam uma
resposta inflamatória tipo fase aguda que elevam o fibrinogênio sérico, a proteína C reativa
e as lipoproteínas ligadas ao colesterol ( LDL ). Este fenômeno é conhecido pelos
Cardiologistas como fatores de risco do infarto do miocárdio. Os Reumatologistas os
encaram como sinais de atividade reumática e o Nefrologista como doença glomerular em
atividade. Realmente a medicina é muito interessante: cada médico vê o pedaço do seu
elefante. Neste momento surgem os dentistas e provam que o tratamento periodontal
diminui significantemente a proteína C reativa do paciente com periodontite crônica
(Iwamoto – 2003 , Joshipura – 2004). Realmente precisamos tomar muito cuidado com os
médicos especialistas.
Alguns pesquisadores fizeram hipótese muito interessante: as lesões periapicais dentárias
de pacientes com artrite reumatoide aumentam a produção de imunoglobulinas e de
componentes do complemento e desta forma contribuem para o aparecimento da artrite
reumatoide. Entretanto, Malmstron estudando 36 reumatoides e 22 controles não
conseguiu observar tais alterações e Torabinejad, também não conseguiu observar
aumento da produção de imunocomplexos em lesões periapicais dentárias (Malmstron-
1975, Torabinejad -1983) trabalhos que de modo algum invalidam a teoria exposta acima.

Valor Clínico do FDG PET na descoberta de focos de infecção

A tomografia por emissão de positrons (PET) usando o isótopo 18 do flúor ligado à


deoxiglicose-fluorine-18 fluordeoxiglicose (FDG) , já se tornou uma ferramenta útil em
oncologia , no diagnóstico de pequenos tumores e agora está se mostrando de valor no
campo das moléstias infecciosas, no diagnóstico de foco infeccioso de difícil diagnóstico
(De Winter – 2002).
O FDG se acumula nos órgãos com elevada glicólise anaeróbia e as células neoplásicas
usam por excelência esta via no seu metabolismo. Entretanto, os macrófagos e os
neutrófilos também utilizam a glicólise anaeróbia principalmente quando estão em
atividade, desta forma o FDG também se acumula nos locais de inflamação e de infecção
(Tahara -1989 , Kubota -1992 , Brown -1995 , Bar-Shalon -2002).
Em 2003 surge um belo trabalho na Noruega, de Bleeke-Rovers e colaboradores,
mostrando o real valor do FDG PET na descoberta de foco de infecção de difícil
localização.
Em 35 pacientes com febre de origem desconhecida foram realizados 35 PET. O
diagnóstico final foi estabelecido em 19 pacientes (54%). Do número total de tomografias
37% foram úteis clinicamente sendo o valor preditivo desta técnica de 87%. O diagnóstico
final dos pacientes com febre de origem desconhecida foi: infecção (17%), câncer (11%) ,
doença inflamatória não infecciosa (17%) , miscelânea (9%) e sem diagnóstico (46%).
Em 48 pacientes com suspeita de infecção focal foram realizadas 55 PET durante os
episódios de infecção. O diagnóstico final foi estabelecido em 38 pacientes (82%) e do
número total de tomografias 65% foram úteis clinicamente. O valor preditivo nestes 55
episódios de infecção foi de 95%. O diagnóstico final dos pacientes com suspeita de foco
infeccioso foi: infecção (58%) , neoplasia (5%) , doença inflamatória não infecciosa (7%) ,
miscelânea (12%) e sem diagnóstico (18%) . Nos pacientes com infecção o foco estava no
tecido subcutâneo (3) , articulação (2) , espondilodiscite (6) , prótese vascular infectada (3)
, aneurisma micótico (2) , cisto infectado (5) , abscesso abdominal (2) , prostatite (1) , cistite
(2) , pneumonite (1) , abscesso cerebral (1) , endoftalmite (1).
Os resultados de Bleeke- Rovers nos mostra que existem outros locais de foco ao lado das
tonsilas e dos dentes e que o FDG PET é uma ferramenta que apesar de dispendiosa é
muito útil.
Outros autores também empregaram o FDG PET para diagnosticar focos de infecção
escondidos da clínica e das ferramentas habituais.
Já em 1998, Sugawara utilizava o FDG PET, e em 11 pacientes conseguiu descobrir o local
do foco de infecção ou inflamação em 10 pacientes. Stumpe, estudando 39 pacientes com
suspeita clínica de foco de infecção descobriu a localização em 35 casos em um total de 45
tomografias com FDG (Stumpe – 2000).
Em estudo prospectivo Meller conseguiu descobrir o foco de infecção em 11 dos 20
pacientes estudados (55%) ( Meller – 2000). Lorenzen em estudo retrospectivo de 16 casos
foi capaz de localizar o foco de infecção em 11 pacientes (69%) ( Lorenzen – 2001) .
Em estudo retrospectivo envolvendo 167 tomografias com FDG PET de pacientes
ortopédicos, Chacko conseguiu descobrir a localização do foco em 97 casos, a maioria
deles em próteses de joelho e bacia. Nos pacientes com suspeita de osteomielite o valor
preditivo do exame foi de 91% (Chacko – 2003).
Blockmans,comparou dois métodos de busca de foco de infecção: FDG PET e cintilografia
com Gálio radioativo, concluindo que o PET foi útil em 41% dos pacientes, enquanto a
cintilografia foi útil em somente 25% dos casos ( Blockmans – 2001).
Esses estudos nos mostram que a tomografia utilizando o FDG PET é de grande valor no
diagnóstico de foco de infecção oculto, e nós médicos temos ao nosso dispor mais uma
ferramenta para descobrir focos de infecção os quais como acabamos de ver, não se
restringem à cavidade bucal.
Tratamento de Doenças Sistêmicas Provocadas por Foco de Infecção

Rosenow em 1929 enfatizava dois pontos primários em relação ao tratamento do foco de


infecção :

1- Remoção do foco de infecção. Demonstrou que o foco está geralmente em volta do


dente doente ou em dente desvitalizado e secundariamente nas tonsilas. Ele afirmava com
cautela que a remoção do foco nem sempre resultava na cura da doença sistêmica, porque
pode haver focos secundários de infecção em outros locais do organismo ( Rosenow -
1919-1927-1929-1944-1953 , Austin – 1929).
2 - Administração de antígeno específico (vacina) ou anticorpo específico ou ambos, de
preferência autógeno (retirado do próprio paciente) (Rosenow-1928). São as vacinas
autógenas tão utilizadas no passado, na era pré-antibiótica. Se o foco de infecção não for
eliminado, as vacinas devem ser administradas por um período de tempo indefinido.
O conceito de doença autoimune surgiu na segunda metade do século 20 para explicar
doenças nas quais não se identificava uma causa externa. Entretanto, muitos
pesquisadores acreditavam que a assim chamada “reação autoimune” seria o resultado e
não a causa da doença, e que o início da “doença autoimune” poderia ser desencadeado
por fatores ambientais desconhecidos agindo em terreno genético predisposto(Conrad-
1994) ou mesmo por um foco de infecção escondido e não diagnosticado.
O Dr. Rosenow não somente tratou de moléstias como artrite, nefrite, asma, etc como
também de outras condições como o alcoolismo, doenças mentais e mesmo o crime de alta
violência, utilizando o raciocínio do foco de infecção (Rosenow-1933-1935-1950).
Na impossibilidade de se fazer vacinas autógenas, de acordo com os ensinamentos de
Rosenow, pela impossibilidade de se encontrar o foco de infecção, os pesquisadores
clínicos passaram a empregar a autohemoterapia.
A autohemoterapia é a retirada de sangue do antebraço e a imediata injeção intramuscular
ou subcutânea do sangue coletado. Seria uma forma de auto-vacina em concentrações
bem diluídas dos possíveis derivados e produtos do foco de infecção.
Hoje temos a possibilidade de usar a tomografia FDG PET e assim temos maior
possibilidade de encontrar o foco de infecção escondido e não diagnosticado. Na
impossibilidade de encontrarmos o foco nos resta a autohemoterapia, procedimento sem
custo e desprovido de efeitos colaterais, exceto leve dolorimento no local da injeção.
A autohemoterapia foi introduzida por Ravaut em 1913 e tem sido empregada em vários
tipos de doenças sistêmicas e doenças de origem desconhecida.
Os efeitos benéficos da autohemoterapia são atribuídos aos antígenos presentes no
sangue, os quais estimulam a produção de anticorpos quando o sangue é injetado no
músculo ou no tecido subcutâneo. Esta explicação está de acordo com os trabalhos de
Rosenow que constatou a presença de derivados das bactérias do foco de infecção na
corrente sanguínea durante a fase ativa da doença (Burgess-1932 , Rosenow-1915).
É difícil encontrar trabalhos indexados sobre o uso da autohemoterapia, mas este
procedimento já foi utilizado nas seguintes condições, com sucesso estatístico ignorado por
nós:
Alcoolismo
Alergias
Artrite
Asma
Acne juvenil
Artrite reumatoide
Bronquite
Coréia
Colite ulcerativa
Diabetes melitus
Dermatose alérgica
Doença de Crohn
Doença pulmonar obstrutiva crônica
Doenças mentais
Doenças pancreáticas
Doenças virais
Encefalite
Epilepsia
Enxaqueca
Esterilidade – ovário policístico
Esclerodermia
Esclerose múltipla
Gangrena por picada de aranha
Glaucoma
Herpes zoster
Herpes simplex
Hipertensão arterial
Iridociclite
Insuficiência vascular periférica
Infecção da cavidade bucal
Miastenia gravis
Pênfigo
Pneumonia
Poliomielite
Psoriase
Prevenção de infecção pulmonar no pós operatório
Prevenção de infecções cirúrgicas
Plaquetopenias
Púrpura trombocitopênica
Reumatismo
Úlcera de estomago

Conclusão

As palavras proferidas por Billings em 1915 servem de grande alerta para nós médicos
vivendo em 2006: “A bacteriologia moderna e a pesquisa clínica estão acrescentando dia a
dia provas incontestáveis que a invasão bacteriana e a infecção de tecidos é a causa
fundamental de muitas doenças sistêmicas, que têm sido classificadas como tóxicas,
metabólicas ou nutricionais”.
Os dados epidemiológicos e as pesquisas que se seguiram mostram que o grande
pesquisador do passado estava com a razão. Vamos ser médicos mais cuidadosos e
acrescentar ao nosso raciocínio a possibilidade da presença de um foco de infecção.
Quantas doenças já devem ter passado na frente dos meus olhos e eu não fui capaz de
diagnosticar uma simples e facilmente curável infecção focal?

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AUTO-HEMOTERAPIA - O TIRO MÁGICO?

Stuart Shakman Hale

Permitindo o avanço tecnológico: A agulha Hipodérmica

VISTA GERAL, AÇÃO, ABRANGÊNCIA, FREQUÊNCIA

A habilidade do corpo vivo de combater a infecção a própria infecção é verdadeiramente


mágica. A auto-hemoterapia pode excepcionalmente ajudar o corpo executar esta mágica,
facilitando a identificação de organismos infectados na corrente sanguínea, e permitindo
lançar-se de um contra-ataque.

A auto-hemoterapia, referindo-se aqui a re-aplicação imediata intramuscular ou subcutânea


do próprio sangue, parece abranger uma opção de terapia obrigatória na ausência de outras;
e pode merecer também substituir outras terapias, que possuem risco frequente da
experimentação, atualmente na moda. Desde a introdução deste método por Ravaut em
1913, a auto-hemoterapia foi empregada em uma larga escala de condições de doença.
Centenas de artigos sobre o assunto foram publicados nos jornais médicos de maior
circulação entre 1920 e 1940, como listados nos vários volumes do Index Medicus
(geralmente sob a categoria de "terapia do soro (soroterapia)". Adicionalmente, a re-
aplicação subcutânea ou intramuscular do sangue ou de componentes autologous é discutido
frequentemente na literatura sem a referência específica ao termo "auto-hemoterapia", como
pode ser notado em um número de exemplos contemporâneos..

A auto-hemoterapia não é "terapia alternativa". Os numerosos artigos sobre o assunto que


foram publicados no jornal oficial da Associação Médica Americana, incluindo o endosso de
um editor de 1938 da aplicação da auto-hemoterapia contra a psoríases e a recomendação
proposta de seu uso contra outras doenças, a auto-hemoterapia foi proposta também como
uma medida preventiva. Por exemplo, um relatório de 1935 fala de resultados favoráveis
contra a hemorragia cerebral e afirma que a auto-hemoterapia é absolutamente indicada
como tratamento preventivo nos casos de disposição hereditária à pressão de sangue
elevada (pressão alta).
A açâo benéfica relatada da auto-hemoterapia foi atribuída à presença dos antígenos no
sangue que estimulam a produção dos anticorpos quando injetados nos tecidos. Esta.
explanação encontra sustentação no trabalho do Dr. E.C. Rosenow (Fundação Mayo, 1915-
44), que estabeleceu a presença de um organismo ou de um antígeno causador no sangue
durante estágios ativos de muitas doenças. Pôde assim, a ação da auto-hemoterapia ser
comparada àquela de uma vacina autogênica.

As doses intramusculares discutidas geralmente na literatura tendem a cair dentro dos 3 a


10 centímetros cúbicos da escala. A segurança e a utilidade de uma programação duas
vezes por semana têm sido demonstradas na literatura histórica, a qual está de acordo com
administração de duas vezes por semana do antígeno e do anticorpo do Dr. Rosenow para
doenças crônicas tais como o MS. Como defendido pelo Dr. Rosenow no exemplo do MS, um
membro responsável da família pode ser instruído para administrar a terapia, que pode ser
ministrada indefinidamente. Como o Dr. Rosenow enfatizou, a presença contínua de focos
orais primários, de focos orais assintomáticos não detectados ou de focos secundários
inacessíveis serviria para assegurar a presença contínua dos patogênicos causadores da
doença na circulação. Sob tais circunstâncias, nem das vacinas do Dr. Rosenow nem da
auto-hemoterapia se poderia esperar que efetuassem a eliminação do organismo causador (a
eliminação pode ser igualada a uma "cura"), daqui a necessidade indicada para a
co n ti n u a ç ã o d a t e r a p i a s o b r e u m p e r í o d o d e t e m p o i n d e f i n i d o.

Os atributos da Auto-hemoterapia de segurança, do custo baixo, e da disponibilidade


imediata sugerem a continuação de sua utilidade potencial contra um espectro grande de
doenças nas quais um organismo causador seja disseminado através da corrente
sanguínea, independente da fonte ou da identidade do organismo causador - incluindo os
organismos causadores da malária, do ebola e da AIDS. Uma forma intramuscular de auto-
hemoterapia, como relatado com sucesso contra a malária, tem sido proposta já para a
AIDS, como uma forma alternativa/experimental nos casos onde um foco inacessível,
persistente da infecção não existe, a auto-hemoterapia pode certamente ser suficiente para
efetuar uma cura, e pode nisso se tornar "um tiro mágico".

Enquanto a auto-hemoterapia, como uma entidade distinta gozou de um período bem


documentado de sua popularidade durante a primeira metade do século XX, ela representa
também a culminação de uma linha fundamental tecida com a arte, durante no mínimo
alguns milênios. Práticas tradicionais diversas como o bloodletting, a acupuntura, coining e o
maxubustion, e o plasmapheresis de moderno-dia, inovações no transplante de medula
óssea (uso da medula autologous; e uso de bastão de células do sangue no lugar da
medula), e a algumas auto-transfusões da extensão mesmo - todos envolvem a
manipulação do próprio sangue ou de seus componentes e a possibilidade que os
benefícios podem pelo menos em parte ser devido a uma resposta defensiva forçada dentro
dos tecidos do corpo contra às substâncias prejudiciais na circulação sanguínea. Sob esta
luz, a auto-hemoterapia pode ser vista como simplesmente a aplicação direta de tal processo,
feito possível por esse grande avanço tecnológico chamado: agulha hipodérmica.
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AUTOHEMOTHERAPY - THE MAGIC SHOT?

Stuart Hale Shakman

Enabling technological advance: The Hypodermic Needle

OVERVIEW, ACTION, SCOPE, FREQUENCY

The ability of the living body to combat infection is itself truly magical. Autohemotherapy
may uniquely help the body perform this magic, by facilitating the identification of infective
organisms in the bloodstream, and enabling the launching of a counterattack.

Autohemotherapy, referring here to the immediate intramuscular or subcutaneous


reinjection of one's own blood, appears to comprise a compelling therapy option in the
absence of others, one that may also merit replacing other (experimental and often risky)
attempts at therapy currently in vogue. Since the introduction of this method by Ravaut in
1913 [*1], autohemotherapy has been employed in a wide range of disease conditions.
Several hundred articles on the subject have been published in mainstream medical
journals mostly from the early 1920s through the early 1940s, as listed in the various Index
Medicus volumes (generally under the subject category "serum therapy"). Additionally, the
subcutaneous or intramuscular reinjection of autologous blood or components is often
discussed in the literature without specific reference to the term "autohemotherapy", as may
be noted in a number of contemporary examples [*2].

Autohemotherapy is not "alternative therapy". Numerous items on the subject which have
been published in the authoritative Journal of the American Medical Association, including a
1938 editor's endorsement of autohemotherapy against psoriasis [*3] and referral to its use
against other diseases [*4], Autohemotherapy has also been proposed as a preventive
measure. For example, a 1935 report of favorable results against cerebral hemorrhage
asserted that autohemotherapy is absolutely indicated as preventive treatment in cases of
established hereditary disposition to high blood pressure. [*5]

The reported beneficial action of autohemotherapy has been attributed to the presence of
antigens in the blood [*6] which stimulate the production of antibodies when injected into the
tissues. This explanation finds support in the work of Dr. E. C. Rosenow (Mayo Foundation,
1915-44), which established the presence of a causative organism or antigen in the blood
[*7] during active stages of many diseases. Thus might the action of autohemotherapy be
likened to that of an autogenous vaccine.
Intramuscular doses commonly discussed in the literature tend to fall within the 3 to 10 cc
range. The safety and utility of a twice-weekly schedule has been demonstrated in the
historical literature [*8], which schedule is in concert with Dr. Rosenow's twice-weekly
administration of antigen and antibody for chronic diseases such as MS. As advocated by
Dr. Rosenow in the case of MS, a responsible family member might be instructed in
administering the therapy, insofar as it may have to be continued indefinitely. As Dr.
Rosenow has emphasized, the continued presence of primary oral foci, undetected
symptomless oral foci or inaccessible secondary foci would serve to ensure the continued
presence of causative pathogens in the circulation. Under such circumstances, neither the
vaccines of Dr. Rosenow nor autohemotherapy would be expected to effect elimination of
the causative organism (which elimination might be equated to a "cure"), hence the
indicated need for the continuation of therapy over an indefinite period of time.
Autohemotherapy's attributes of safety, low cost, and immediate availability suggest
continuing potential utility against a broad spectrum of diseases in which a causative
organism disseminates through the bloodstream, regardless of the source or identity of the
causative organism - including the likes of malaria, ebola and AIDS. (An intramuscular form
of autohemotherapy, as reportedly successfully used against malaria, has been already
been proposed for AIDS [*9], as has an experimental alternate form [*10]) In cases where
an inaccessible, persistent focus of infection does not exist, autohemotherapy may indeed
be sufficient to effect a cure, and might therein comprise a "magic shot".

While autohemotherapy as a distinct entity enjoyed a well documented period of popularity


during the first half of the 20th century, it also represents the culmination of a fundamental
thread weaving through the healing arts for at least a few millenia. Such diverse traditional
practices as bloodletting, acupuncture, coining and maxubustion, and modern-day
plasmapheresis, innovations in bone marrow transplantation (use of autologous marrow;
and use of stem cells from blood in place of marrow), and to some extent even
autotransfusions - all involve the manipulation of one's own blood or blood-components and
the possibility that benefits may at least in part be due to a forced defensive response within
the body's tissues against harmful substances in the circulating blood. In this light,
autohemotherapy may be viewed as simply the direct application of such a process, made
possible by that grand technological advance the hypodermic needle.

The Autohemotherapy Reference Manual is now avalible through IOS BOOKS


AUTOHEMOTERAPIA – A PICADA MÁGICA?

Uma Tecnologia Avançada - A Agulha Hipodérmica

Perspectiva, Ação, Escopo, Frequência

A habilidade do corpo humano de combater sozinho as infecções é realmente


mágica. A autohemoterapia pode ajudar o corpo a realizar essa mágica facilitando ou
permitindo a identificação de organismos infecciosos na corrente sanguínea e
desencadeando um contra-ataque. A Autohemoterapia, aqui mencionada, refere-se a uma
reinjecão subcutânea ou intramuscular, imediata, com o sangue do próprio paciente.
Trata-se de uma terapia opcional na ausência de outras, que pode substituir com sucesso
outras tentativas terapêuticas (as vezes experimentais e arriscadas) usadas atualmente.
Desde a introdução deste método por Ravaut em 1913, a autohemoterapia tem sido
usada numa vasta gama de problemas de saúde ou enfermidades.
Desde o começo de 1920 até o ano de 1940 foram publicadas centenas de estudos
médicos sobre o assunto, conforme listado em algumas publicações médicas; geralmente
sob o nome de "Terapia de soro". Por outro lado, as reínjeções ou aplicações de sangue no
próprio indivíduo costumam ser discutidas nas publicações sem referência especifica ao
termo "Autohemoterapia".
Autohemoterapia não é "Terapia Alternativa".
O jornal da Associação Médica da América falou muito sobre esse assunto,
incluindo uma aprovação da Autohemoterapia, em 1938, no tratamento contra psoriase, além
do uso desse processo contra outros tipos de doenças. A Autohemoterapia também foi
sugerida como uma medida preventiva.
Em 1935, um relatório apontando resultados favoráveis contra a hemorragia
cerebral (derrame"), garantia que a autohemoterapia era totalmente indicada como prevenção
em casos com disposição hereditária de pressão alta.
A ação benéfica da hemoterapia (autohemoterapia) é atribuída a presença de antígenos
no sangue, os quais estimulam a produção de anticorpos quando injetado no tecido.

Este estudo é apoiado no trabalho realizado pelo Dr. E. C. Rosenow (da Fundação
Mayo, 1915-1944), que estabeleceu a presença de um organismo causador, ou antígeno
no sangue, durante o estagio ativo de diversas doenças. Desse modo pode-se comparar
a ação da autohemoterapia com a ação de uma vacina autógena.
As doses intramusculares, discutidas na literatura, costumam ficar dentro da escala
(faixa) de 3 a 10cc.

A literatura histórica mostra que duas aplicações de hemoterapia semanais


são o ideal e suficiente, e que esse processo recebe o apoio sugerido pelo Dr.
Rosenow para o caso de doenças crônicas como o MS. O Dr. Rosenow recomenda, no
caso de MS, que uma pessoa da própria família seja instruída a administrar a terapia, já
que o tratamento deverá ser contínuo. Conforme salienta o Dr. Rosenow, a presença
constante dos focos orais primários, dos focos secundários inacessíveis serviriam para
assegurar a presença contínua dos patogenos causadores na circulação.
Sob tais circunstâncias, nem as vacinas do Dr. Rosenow, nem a autohemoterapia
poderiam eliminar o organismo causador cuja eliminação poderia ser considerada a uma
"cura"; portanto, a necessidade de continuar a terapia por um período de tempo
indefinido.
As características de segurança, baixo custo e eficácia imediata da
autohemoterapia , indicam sua grande utilidade contra um espectro enorme de doenças,
onde o organismo invasor ou causador se dissemina através do sangue, sem levar em
conta ou independentemente da origem ou da identidade do organismo causador, incluindo
malária, ebola e aids (Foi indicada a aplicação intramuscular, de autohemoterapia,
conforme resultados obtidos, favoravelmente, contra a malária e a Aids, como forma
alternativa ). Embora a autohemoterapia tenha sido bem documentada e popularizada durante
a primeira metade do século 20, ela também representa o ponto alto de um elo
fundamental na arte da cura durante alguns milénios. Praticas tradicionais como sangria,
acupuntura,e o moderno transplante de medula óssea (uso de medula autologa e uso de
células tronco do sangue em lugar de medula) e em certos casos até autotransfusões;
todos ou tudo envolve a manipulação do sangue do próprio indivíduo, ou
componentes de sangue, e a possibilidade de que tais benefícios, em parte, possam ser
devidos a uma resposta defensiva forçada dentro dos tecidos do corpo humano conta
substâncias prejudiciais na corrente sanguínea. Em vista disso, a autohemoterapia pode ser
vista como uma simples aplicação em tal processo, tornando possível através do grande
avanço tecnológico a agulha hipodérmica.

Obs.: Este texto é uma tradução de um trabalho publicado no INSTITUTE OF


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DICIONÁRIOS MÉDICOS

Dicionário.
Dicionário Médico Parcionik (au-to-he-mo-te-ra-pi-a)s.f [De Auto-
+gr.haima,sangue=terapeía,tratamento.]Método de tratamento,que consiste na
reingeção imediata de sangue do próprio indivíduo.Var: Autemoterapia.
Al.,eigenblut.behandlung; Esp.,Autohemoterapia; Fr.,Authémothérapie; Ingl.,
Autohemoterapy; It., Autoemoterapia.
Dicionário.
Dicionário Médico-Blakiston.tratamento de uma doença com o próprio sangue do
pacient,colhido por punção venosa e reinjetado por via intramuscular.
Dicionário.
Dicionário Médico Fortes-Pacheco. Auto-hemoterapia s.f.Cg.Autós haima
therapeia tratamentos). Método de tratamento que consiste na injeção de sangue do
próprio paciente.
Dicionário.
Dicionário Terminológico de ciências. Método=Salvat Edtores,S.a. F.inyección ai
paciente de su propia sangre en el tratamiento de diversas enfermidades infecciosas.
Dermatosis Y Estados Alergicos.
Dicionário.
Dicionário de ciências Médicas Dorland. Autohemoterapia (Auto-=hemoterpia). F.
Tratamento por dministracíon de Ia propia sangre del paciente.
Dicionário.
Dicionário de termos técnicos de medicina Garnier Delamare. Autohemoterapia,
S.f.(P. Ravaut,1913) ou Auti-hemoterapia/ S.F.(F.Ramondd<1911). Modo de tratamento
utlizado principalmente nos Estados Alérgicos. Conciste em ingetar sob a pele ou, de
preferência, na espessura dos músculos,20 a 25 ml recem-colhido de uma veia do doente,
sem submetê-lo a preparo algum.
Dicionário.
Stendmon's Medicai dictionary 22 Au'tohemother'apy. treatment of disease by the
withdrawal and reinjection of the pacient's own blood.
Dicionário.
Em 1941 o Dr. Leopoldo Cea, no Dicionário de Términos Y Expressiones
Hematológica, pg 37, cita: auto-hemoterapia, método de tratamento que consiste em
injetar a um indivíduo cierta cantidad de sangre total (suero Y glóbules) tomada de este
mismo indivíduo. H. DOUSSET - AUTO-HEMOTERAPIA - Técnicas indispensáveis. É
útil em certos casos para dessensibilizações - 1941. Stedman - Dicionário Médico - 25*
edição -1976 - pág 129 - Auto-hemotherapy - auto-hemoterapia - tratamento da doença
pela retirada e reinjeção do sangue do próprio paciente. 1977 -Index Clínico - Alain
Blacove Belair - auto-hemoterapia - terapêutica de dessensibilização-não específica.
Dr. Luis Moura
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