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Escola Profissional Agrícola Quinta

da Lageosa

Anatomia e Biomecânica do Cavalo

Disciplina: Hipologia
Módulo 1 - 8688

Ana Narciso Ribeiro 2021/2022


GENERALIDADES SOBRE OSTEOLOGIA

APARELHO LOCOMOTOR = Porção


passiva (ESQUELETO) + porção ativa
(MÚSCULOS).
GENERALIDADES SOBRE OSTEOLOGIA

ESQUELETO = ossos +
cartilagens + ligamentos +
articulações
GENERALIDADES SOBRE OSTEOLOGIA

Funções do esqueleto:
» Suporte dos músculos, tendões e locomoção;

» Proteção dos tecidos moles (encéfalo, cavidades torácica e pélvica);

» Hematopoiese (elementos do sangue);

» Depósito mineral (matriz óssea).


GENERALIDADES SOBRE OSTEOLOGIA

Em termos funcionais, dividimos o esqueleto do cavalo 2 partes:

» ESQUELETO AXIAL – ossos do crânio, ossos da face, coluna vertebral


e esqueleto torácico (esterno, costelas).
GENERALIDADES SOBRE OSTEOLOGIA

» ESQUELETO APENDICULAR – ossos dos membros.


GENERALIDADES SOBRE OSTEOLOGIA

Ossos: (3)
» Longos: ossos constituídos
por um corpo ou diáfise e duas
extremidades ou epífises.
Exemplos: fémur, tíbia,
metacarpo, metatarso…
GENERALIDADES SOBRE OSTEOLOGIA

» Chatos/Planos: ossos em que a largura e


o comprimento são muito mais
significativas do que a altura.
Exemplos: escápula, ossos do crânio…
GENERALIDADES SOBRE OSTEOLOGIA

» Curtos: não apresentam


nenhuma dimensão
preponderante sobre
qualquer das outras, ou
seja, o comprimento, a
largura e a espessura são
aproximadamente iguais.
Exemplos: carpianos,
tarsianos,
sesamoides…
Os ossos longos subdividem-se em 3 zonas
principais:

1. Epífise;

2. Metáfise - zona de crescimento


(cartilagem epifisária);

3. Diáfise.
Esqueleto - crânio
Coluna Vertebral:

» 7 Vértebras Cervicais;
» 18 Vértebras Torácicas;
» 6 Vértebras Lombares;
» 5 Vértebras Sagrada;
» 15-21 Vértebras Caudais.
Membro Anterior:
» Escápula;
» Úmero;
» Rádio e Ulna;
» Carpo – Metacarpo;
» Falanges;
» Ossos Sesamóides (proximal e distal).
Extremidade inferior do membro anterior.
Membro Posterior:
» Coxal (Ílium, Isquium e Púbis);
» Fémur e Patela;
» Fíbula e Tíbia;
» Tarso;
» Metatarso;
» Falanges;
» Ossos Sesamóides (proximal e distal).
BIOMECÂNICA

» O movimento/locomoção do cavalo
é produzido pela ação de
músculos que ao contraírem-se
em conjunto com os ossos aos
quais estão fixos provocam
energia cinética.

» Qualquer ação exercida sobre um


osso muda o ângulo da
articulação, abrindo-a ou
fechando-a.
BIOMECÂNICA

6 PRINCIPAIS GRUPOS DE MÚSCULOS:


1. Músculos cervicais ventrais;
2. Músculos elevadores da base do pescoço e do
tórax;
3. Músculos flexores do dorso (abdominais e
sublombares);
4. Músculos cervicais dorsais;
5. Músculos extensores do dorso;
6. Ligamento superior comum/supraespinhoso
BIOMECÂNICA

1. MÚSCULOS CERVICAIS VENTRAIS: (ou flexores do pescoço):


Encontram-se na parte inferior do pescoço e são responsáveis pela
flexão do pescoço e da nuca, encurvação do pescoço e flexão lateral
da cabeça.
BIOMECÂNICA

2. MÚSCULOS ELEVADORES DA BASE DO PESCOÇO E DO TÓRAX:


Estendem-se das vértebras cervicais e torácicas (até T10) até à espinha da
escápula, unindo, deste modo, o membro anterior ao pescoço ao tronco.
A sua contração leva à elevação da base do pescoço e do tórax entre as espáduas.
BIOMECÂNICA

3. MÚSCULOS FLEXORES DO DORSO (ABDOMINAIS E SUBLOMBARES):


Devido às suas inserções nas costelas, vértebras e coxal, levam à flexão da região
toracolombar, e consequente avanço dos posteriores.
Visam também sustentar o peso das vísceras abdominais auxiliam na defecação,
micção, parto e expiração do cavalo.
BIOMECÂNICA

4. MÚSCULOS CERVICAIS DORSAIS:


Situam-se na parte superior do pescoço e inserem-se nas vértebras
cervicais, primeiras vértebras torácicas e escápula.
A contração destes músculos provoca a elevação/inversão ou
encurvação do pescoço e extensão da nuca.
BIOMECÂNICA

5. MÚSCULOS EXTENSORES DO DORSO:


Preenchem o intervalo ao longo do dorso e “rim”, de cada lado da
coluna, entre as apófises espinhosas e transversas, e são
representados principalmente pelo músculo longo dorsal.
Provocam a extensão e/ou lateroflexão da região toracolombar, no
caso da contração
ser bilateral ou unilateral, respetivamente.
BIOMECÂNICA

6. LIGAMENTO SUPERIOR COMUM/SUPRAESPINHOSO:


Tem início no ligamento nucal, e estende-se da cabeça ao sacro,
unindo-se às apófises espinhosas de todas as vértebras da coluna
vertebral.
Este ligamento é muito elástico da nuca até ao garrote, permitindo
amplos movimentos do pescoço, e pouco flexível do garrote ao
sacro, para conferir uma maior solidez a esta região.
Músculos / Tendões
» Olhando para a constituição física do cavalo, é evidente que os
músculos são mais poderosos no topo dos membros.
» À medida que descemos a musculatura é mais longilínea até que
abaixo do joelho e curvilhão deixam de existir músculos – só
existindo tendões e ligamentos.
TENDÕES DO EXTENSOR COMUM, FLEXORES E
LIGAMENTO SUSPENSOR DO BOLETO
TENDÕES DO EXTENSOR COMUM,
FLEXORES E LIGAMENTO
SUSPENSOR DO BOLETO
O casco
Estrutura elástica que se compõe por 5 partes:
» Taipa, parede, cinta ou muralha;
» Barras;
» Linha Branca;
» Palma ou sola;
» Ranilha, arnilha, forquilha ou forqueta.
Função do Casco

Estrutura cornificada e insensível epiderme que cobre a extremidade


distal do membro.

1. Proteger as estruturas interiores da fricção;


2. Proteger do frio e calores extremos (córnea não conduz bem a
temperatura);
3. Proteger da desidratação;
4. Proteger da infeção e corpos estranhos.
Função do Casco
 Absorção de choque (amortecimento)
 Suporte de peso:
 60% peso na frente - MA – absorve o choque;
 30% peso atrás - MP – absorve o choque e auxilia na
projeção de movimento para diante.
Função do Casco
Amortecimento
 CAVALO FERRADO:

 A ranilha não entra em contacto com o chão e o efeito amortecedor


desaparece.
 Talões contraem e a ranilha encolhe.
TAIPA e BARRAS
 Divide-se em :

1. Pinça
2. Ombros
3. Quartos
4. Talões
TAIPA e BARRAS

 O casco não se fecha completamente, pois tem que ser elástico e


expansivo.

ABSORÇÃO DO IMPACTO

 A taipa dirige-se para dentro e para a frente na zona dos talões onde
constitui as barras.
TAIPA e BARRAS

1. Suportar o peso;
2. Aumentar a superfície de carga;
3. Aumentar resistência dos talões.
PALMA

 PALMA em cavalos de tiro é mais plana que os cavalos de desporto.

 É rica em água 33%.


RANILHA

 Rica em água 45%, maior conteúdo hídrico de todo o casco – por isso é
maleável.
 Formada por uma substância córnea tubular e intertubular.
CONFORMAÇÃO GERAL
O Homem utiliza o cavalo em diversas atividades, exemplificando o cavalo de
tiro (fotografia da esquerda) foi um cavalo que representou um papel
fundamental no desenvolvimento agrícola (no decorrer do século passado)
enquanto que o puro sangue inglês (fotografia da direita) foi desenvolvido
para as corridas de cavalos e por essa razão torna-se evidente a
necessidade de adquirir animais com conformações bastante distintas.
CONFORMAÇÃO GERAL

Nem sempre o animal nasce com a conformação perfeita, mas grande maioria
quando avaliadas antecipadamente por um médico veterinário têm tratamento
médico ou cirúrgico (até aos 6 meses de idade).
CONFORMAÇÃO GERAL

A forma e proporções do esqueleto é que vai determinar a conformação


de um cavalo.
CONFORMAÇÃO GERAL
O esqueleto do cavalo é uma cadeia móvel de ossos e cartilagem,
funcionando como uma moldura óssea que protege os órgãos do
animal e auxilia na locomoção.
Está coberto por músculos, tendões, tecido adiposo, tecido
conjuntivo, vasos sanguíneos, pele e pelo.
QUAL A MELHOR FORMA DE AVALIAR UM CAVALO?

A melhor forma de avaliar os andamentos de um cavalo é observá-lo em


liberdade.

O espaço deverá ser suficientemente amplo para o cavalo se


mover livremente e atingir alguma velocidade da forma mais
natural possível.
CONFORMAÇÃO GERAL

Para uma primeira impressão geral, a principal qualidade a procurar num cavalo
em liberdade, para qualquer disciplina, deve ser uma facilidade geral de
movimento, com um corpo solto e harmonioso.
O ritmo deverá ser regular e simétrico com amplitudes de passadas iguais para
as duas mãos.
CONFORMAÇÃO GERAL

Nesta fase vamos também observar a amplitude e elevação natural


da passada do cavalo, a sua agilidade e coordenação, e a trajetória
dos membros, para ver se existem desvios que possam levar a
interferências entre membros.
CONFORMAÇÃO GERAL
Idealmente o cavalo deverá ser observado a passo e a trote, em piso duro e em
piso mole:
» Em linha reta;
» Em círculos (círculo à direita e à esquerda).
CONFORMAÇÃO GERAL

Como observar que o cavalo claudica de um membro anterior?

Em trote, na linha reta, é possível observar que o cavalo levanta a cabeça e


o pescoço quando o membro doloroso toca no chão de modo a
remover o peso desse mesmo membro. Poderá também ocorrer uma
diminuição da amplitude da passada e da amplitude com que baixam
os boletos.
CONFORMAÇÃO GERAL

Como observar que o cavalo claudica de um membro posterior?

Verifica-se um aumento de amplitude de movimento da tuberosidade coxal


quando o membro que claudica apoia o chão, arrasta uma das pinças
do casco, tem menor amplitude de flexão de algumas articulações
(soldra, curvilhão, boleto).
CONFORMAÇÃO GERAL

Para um bom equilíbrio geral é importante que um cavalo adulto tenha


uma altura aproximadamente igual nas espáduas e na garupa. No
entanto:
CONFORMAÇÃO GERAL

Cavalos de Obstáculos
» Uma boa maneira de avaliar o potencial para saltar de um cavalo novo, e
mesmo por
desbastar, é observá-lo a saltar em liberdade.
» Normalmente um cavalo não tem tendência a saltar obstáculos quando
em liberdade (por divertimento), sendo que se o fizer este é um bom
indicador na escolha do cavalo para esta disciplina.
» Ao dirigir-se para o obstáculo deve alongar naturalmente as passadas,
encurtando a passada final ao aproximar-se da batida.
Conformação Geral

Cavalos de Obstáculos
» Os cavalos de obstáculos devem fletir o máximo possível as articulações
de ambos os membros anteriores por cima dos obstáculos e usar a
cabeça e o pescoço como balanceiros naturais.
» O ponto mais alto do cavalo quando se encontra no salto sobre o
obstáculo deve ser o garrote e nunca a nuca.
DENTIÇÃO:
 Morfologia correlaciona-se com forma de vida e de alimentação
da espécie animal.
 Arcada dentária superior
 Maxilar
 Arcada dentária inferior
 Mandíbula
Fórmula dentária dos equinos:
 Dentição decídua:
 2x (I 3/3; C 0/0; Pm 3/3).

 Dentição definitiva:
 2x (I 3/3; C 1/1; Pm 3 ou 4/3; M 3/3).
Nomenclatura – sistema Triadon
Nomenclatura – sistema Triadon
Superior direito Superior
Incisivos
Incisivos esquerdo

Caninos Caninos
(quando presentes) (quando presentes)

Dentes de lobo Dentes de lobo


(quando presentes) (quando presentes)

Pré-molares Pré-molares

Molares Molares

Molares Molares

Pré-molares Pré-molares

Dentes de lobo Dentes de lobo


(quando presentes) (quando presentes)

Caninos Caninos
(quando presentes) (quando presentes)

Inferior direito Inferior


Incisivos Incisivos
esquerdo
Dentição do Cavalo

 Incisivos
 3:Pinças
 2: Médios
 1: Cantos
Dentição do Cavalo
 As fases a ter em conta na avaliação
das arcadas dentárias são:
 Erupção dos Dentes de Leite
 Desgaste e Rasamento dos Dentes de Leite

 Erupção dos dentes permanentes, fase de


substituição ou de coexistência
 Rasamento dos dentes permanentes
Idade de erupção dos dentes incisivos
Idade Pinças Médios Cantos
Nascimento a 1 Leite
semana
2 a 4 semanas Leite Leite

7 a 9 meses Leite Leite Leite

2,5 anos Definitivo Leite Leite

3,5 anos Definitivo Definitivo Leite

4,5 anos Definitivo Definitivo Definitivo


Fenómenos utilizados para determinar a idade

 - Os caninos surgem entre os 4 a 5


anos.

 A cauda de andorinha é pouco rigorosa,


pode surgir entre os 7 e os 11 anos.
Fenómenos utilizados para determinar a idade

 -A linha de Galvayn surge no canto superior ao 10 anos, e


atinge a extremidade do dente aos 20 anos, para depois
desaparecer aos 30 anos.

 - A partir dos 10 anos, a mesa dentária passa a ter uma


forma triangular.
Dente não
raso

Base do
corneto

Dente
raso com
estrela
dentária
Ângulo de oclusão
Ângulo de oclusão
Linha, ou sulco, de
Galvayn
Cauda de Andorinha
Imagens – 1 aos 6 anos
Imagens – 7 aos 14 anos
Imagens – 16 a 20
anos
Formas da mesa dentária
Problemas dentários
 Arcada superior maior
 Desenvolvimento de pontas
Problemas dentários
Dentisteria: generalidades
 O processo de erupção e desgaste dentário é contínuo, como tal,
qualquer zona do dente do cavalo que não esteja em oclusão ou
contacto com o oposto não se desgasta e estas áreas do dente vão-
se projectar como sobrecrescimentos ou pontas dentárias.
 Assim, qualquer alteração produzida por um desgate anormal tende
a agravar-se com o tempo.
 Por isso, é de extrema importância o conceito de profilaxia
dentária.
Dentisteria: equipamento usado
 Abrebocas
 Limas (manuais ou eléctricas)
 Elevadores de dentes
 Extractores
 Forceps
Dentisteria: casos clínicos
 História clínica:
 Sexo, idade, raça
 Alimentação
 Actividade desportiva
 Carácter
 Diagnóstico:
 Ganchos (pontas dentárias)
 Rampas
 Dentes de lobo
 Retenção de dentes de leite
 Má oclusão: Prognatismo, Braquignatismo
 Falta de dentes: incisivos, molares e pré-molares
 Fraturas
Dentisteria: casos clínicos

Prognatismo

Braquignatismo
Dentisteria: casos clínicos
Dente Erupção Dente Erupção
Decíduos: PM 1 5 a 6 meses
I1 Nascimento – 1 PM 2 2,5 anos
semana
I2 4 a 6 semanas PM 3 3 anos
I3 6 a 9 meses PM 4 4 anos
PM 1, 2 e 3 Nascimento – 2 M1 9 a 12 meses
semanas
Definitivos: M2 2 anos
I1 2,5 anos M3 3,5 a 4 anos
I2 3,5 anos
I3 4,5 anos
C 4 a 5 anos

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