O Liberalismo surgiu na primeira metade do século XIX, como consequência da ideologia das Luzes
(Iluminismo) e das Revoluções Liberais (Americana, Francesa, etc.).
opunha-se ao absolutismo ou qualquer outra forma de tirania política;
defendia a livre iniciativa;
promovia as classes burguesas.
A ideologia liberal é centrada na defesa dos direitos do indivíduo (direitos naturais, inerentes á
condição humana):
O Homem podia participar activamente na vida do país, pois era considerado um cidadão que podia
intervir na governação. A intervenção política podia-se dar de diversas formas:
através do exercício de voto para escolha dos governantes;
ao exercer os cargos para os quais tenha sido eleito;
participando com a opinião em movimentos cívicos, etc.
No entanto, havia restrições ao exercício pleno da cidadania. O direito ao voto apenas estava reservado
aos possuidores de rendimento suficientes para pagar impostos (sufrágio censitário), logo não era
muito democrático. Seria necessário a adopção do voto universal em vez do voto censitário, pois muita
população era posta de parte.
O principal objectivo do regime político durante o Liberalismo foi a consagração dos direitos do
indivíduo. Para evitar o exercício do despotismo, o liberalismo político elaborou formas para limitar o
poder. Este deveria fundamentar-se em textos constitucionais, funcionar na base da separação de
poderes e da soberania nacional exercida por uma representação e proceder á secularização das
instituições.
Textos Constitucionais: O poder político é legitimado através dos textos constitucionais. Resulta em
dois processos, as Constituições (se forem votadas pelos representantes da Nação) e as Cartas
Constitucionais (se elaboradas pelo rei);
Separação dos poderes: O Liberalismo defende a separação dos poderes, para evitar que o poder se
concentre, resvalando o despotismo. Assim, distribuiu-se os poderes (legislativo, executivo, judicial) pelos
diferentes órgãos de soberania.
Liberalismo económico Doutrina económica impulsionada por Adam Smith que defende a
propriedade privada, a liberdade de iniciativa e a livre concorrência, pelo que o funcionamento do mercado
seria garantido pela lei da oferta e da procura, competindo ao Estado o papel de garante destes princípios
e não de intervenção directa na economia.
Adam Smith considerava que o trabalho era a fonte da riqueza. É em função da produtividade do
trabalho que uns países são mais ricos do que os outros. Smith queria demonstrar que a riqueza de um
país resultava da actuação de indivíduos, que movidos pela livre iniciativa e o seu próprio interesse,
promoviam o crescimento económico do país. O Homem, desde que não transgrida as leis da justiça,
deve ter a liberdade para realizar o seu interesse pessoal da forma que mais lhe convier, pondo o seu
trabalho e o capital em concorrência com os outros homens. Logo, o Estado teria que abdicar de qualquer
intervenção na economia.
De que maneira o liberalismo económico impulsionou a Segunda Revolução Industrial? (Mais á frente..)
Romantismo movimento cultural do século XIX inspirado nas ideias liberais da época que, recusando
a racionalidade clássica, valoriza a liberdade de pensamento, as emoções, os sentimentos, a natureza e
o gosto pelos ambientes exóticos e medievais.
O Romantismo foi a expressão da ideologia liberal nas artes e nas letras. Na realidade, ao
racionalismo, à ordem e à harmonia clássicas, o romântico contrapôs o indivíduo, o sentimento, a emoção,
a imaginação e o nacionalismo. Defende a liberdade até ao limite e a independência nacional contra
a opressão estrangeira. Preferência pelo mistério, sonho, imaginação, o estranho, a noite, o herói,
pitoresco.
A liberdade tornou-se a temática principal do Romantismo, fosse liberdade politica, social, económica, etc.
Ao longo do século XIX, a revolução industrial conheceu um forte impulso devido à utilização de novas
fontes de energia e ao aparecimento de outros sectores de ponta. Tendo iniciado a sua industrialização
nos finais do século XVIII, a Inglaterra manteve a hegemonia no século XIX, embora ameaçada por outros
países que também se industrializaram.
A ligação ciência-técnica
Estas inovações assentaram na estreita articulação entre a técnica e a ciência. Na realidade, se o
desenvolvimento técnico da primeira fase da revolução industrial se deveu sobretudo à capacidade
criadora de operários, nesta segunda fase os inventos resultaram da acção de cientistas que, formados
em Universidades, actuavam em estreita ligação com as fabricas nos laboratórios. Deste modo, a
investigação cientifica e tecnológica acumulou conhecimentos e desenvolveu aplicações cada vez mais
aperfeiçoadas, num processo em que teoria e prática se alimentaram mutuamente, gerando
progressos cumulativos ( expressão utilizada para designar as relações estabelecidas entre a ciência
e a técnica os finais do século XIX, caracterizadas pela interacção entre o problema surgido na fábrica, a
sua resolução pela investigação efectuada em laboratório e a aplicação da solução pela empresa), o que
permitiu vencer a concorrência e conquistar mercados.
É a partir de 1870 que podemos falar, com propriedade, de uma “civilização industrial”. A era do
capitalismo industrial aproxima-se do auge.
Capitalismo Industrial Sistema económico caracterizado pela concentração dos meios de produção
(as fabricas) nas mãos de grandes proprietários que, dispondo de capital e recorrendo á exploração da
mão-de-obra, transformaram a industria na principal fonte de obtenção de lucros.
A racionalização do trabalho
Produzir com qualidade e produzir a baixo preço tornaram-se as questões fundamentais a fim de obter do
trabalho a máxima rentabilização.
Frederick Taylor expôs o seu método para a optimização do rendimento da fábrica, que ficou conhecido
por taylorismo. Assentava na divisão máxima do trabalho, seccionando-o em pequenas tarefas
elementares e encadeadas. A cada operário caberia executar, repetidamente, apenas uma destas
tarefas, que o trabalhador seguinte continuava. Cada operário seria treinado para uma única tarefa,
especializando-se na sua execução.
Henry Ford pôs em pratica as ideias de Taylor, aplicando-o à estandardização ( Padronização do
processo de produção e dos produtos obtidos, conseguida pelo fabrico em série, com vista a tornar
possível a produção em massa) da produção de automóveis, que foi um tremendo sucesso, apesar
deste método ser alvo de criticas.
A geografia da Industrialização
Até meados do século XIX, a Inglaterra deteve a hegemonia económica a nível mundial pelos seguintes
factores:
dispunha de mais potência em maquinas a vapor;
liderava a produção mundial do carvão, ferro e aço;
possuía a maior frota comercial do mundo;
etc.
O livre-cambismo
A expansão da revolução industrial foi acompanhada pelo triunfo das ideias livre-cambistas. No entanto, a
liberdade de concorrência provocou a proliferação de produtos a baixo preço, o que afectou a economia.
As crises cíclicas constituíram sistemáticos sobressaltos económicos e simultaneamente, fizeram crescer
as desigualdades sociais. As crises capitalistas (geralmente de 10 em 10 anos) deviam-se essencialmente
a um excesso de investimentos e de produção industrial.
Crises cíclicas situação periódica de mau estar a nível da economia provocada por uma subida ou
descida anormal dos preços, dos salários ou da produção. As crises contemporâneas são de
superprodução: a procura diminui, a oferta aumenta, os preços e os salários baixam, aumenta o
desemprego e diminui o nível de vida.
A violência das crises e sobretudo os seus efeitos sociais puseram em evidencia as fragilidades do
capitalismo liberal. Os mecanismos de resposta ás crises traduziram-se pelo incremento de politicas
proteccionistas e pelo aumento da intervenção do estado na regulação da vida económica e social.
A explosão populacional
Explosão demográfica Forte aceleração da taxa de crescimento da população mundial verificada a
partir dos finais do século XVIII, relacionada sobretudo com a significativa redução da taxa de
mortalidade.
A expansão da Revolução Industrial correspondeu a uma expansão da população, pelo que foram
os países industrializados que revelaram mais cedo estas características demográficas.
Expansão urbana
As alterações demográficas e económicas originaram uma forte expansão urbana. Os principais
factores da expansão foram:
- o êxodo rural (as alterações na produção agrícola, ao dispensarem parte da mão-de-obra, levam a que
o habitante da província procure a cidade)
- a emigração (a população europeia foi responsável por diversas vagas de partida para as colónias
dos continentes africano, americano e oceânico)
- o crescimento dos sectores terciário e secundário (estes concentram-se nas cidades e requerem
cada vez mais efectivos. A população activa dedicada ao sector primário diminui.)
Migrações internas:
- Deslocações sazonais (realizadas apenas em certas alturas do ano para locais onde era necessário um
acréscimo da mão-de-obra);
- Êxodo rural (movimento campo-cidade, fosse porque uma agricultura mecanizada dispensava mão-
de-obra ou porque uma agricultura de subsistência fornecia insuficientes rendimentos)
Os Europeus espalharam-se pelo mundo fora em sucessivas vagas de emigração. Na origem deste
fluxo migratório terão estado os seguintes factores:
- a pressão populacional (os governos apoiavam politicas migratórias devido á excessiva concentração
populacional);
- os problemas no mundo rural;
- os problemas ligados á industrialização;
- a revolução dos transportes (que embarateceu o preço das passagens);
- a idealização dos países de destino (como por exemplo os E.U.A., que era visto como a terra das
oportunidades);
- a fuga a perseguições politicas e religiosas.
Condição Burguesa
Alta Burguesia
A alta burguesia conquistou um poder equiparável ao seu estatuto económico pois alem de controlar os
pontos-chave da economia, exercia cargos políticos. Ao nível dos comportamentos, os burgueses
tentavam aproximar-se da aristocracia.
A burguesia foi, pouco a pouco, definindo e impondo os seus próprios valores, tais como o apreço pelo
trabalho, o sentido de poupança, a perseverança e a solidariedade familiar. Passou, então, a demonstrar
orgulho pelo estilo de vida burguês (surgimento da consciência de classe, consciencialização
colectiva em relação à posição ocupada por um estrato na hierarquia social).
Classes médias
As classes médias constituem o grupo mais heterogéneo e situam-se entre a alta burguesia e o
proletariado. Englobam o conjunto de profissões que não dependem do trabalho físico, isto é, o chamado
sector dos serviços. A sua composição integrava:
- pequenos empresários da industria;
- empregados comerciais;
- profissionais liberais (em vez de terem um patrão, trabalhavam por conta própria. Ex: médicos,
advogados, etc.)
As classes médias eram defensoras dos valores da burguesia no intuito de permanecerem dentro
desta classe. Tornaram-se assim, as classes mais conservadoras.
Condição operária
Proletariado Classe operária que, sem meios de produção, vende a sua força de trabalho em troca
de um salário.
O movimento operário
As primeiras reacções dos operários contra a sua condição miserável foram pouco organizadas. Com o
passar do tempo, o movimento operário organizou-se para se tornar mais eficaz, revestindo duas
formas:
- Associativismo (criação de associações que apoiavam os operários mediante o pagamento duma
quota)
- Sindicalismo (os sindicatos utilizavam como meios de pressão as manifestações e greves. A
reivindicação do dia de trabalho de 8 horas, melhoria dos salários, direito ao descanso semanal,
eram alguns dos objectivos que foram verificados em finais do século XIX.
As propostas socialistas
Socialismo Ideologia surgida no século XIX como reacção ás desigualdades sociais geradas pela
revolução industrial que, defendendo a abolição da propriedade privada, a gestão democrática aos
meios de produção, procurava alcançar a igualdade no plano social.
Princípios do Marxismo:
- a luta de classes é um traço fundamental de toda a História;
- a sociedade burguesa será destruída quando o proletariado instaurar a “ditadura do
proletariado”;
- o Proletariado retirará o capital á burguesia e o capitalismo será destruído, pois todos os
instrumentos de produção estarão nas mãos do Estado, e assim se construirá o comunismo.
- os operários devem unir-se internacionalmente para fazer a revolução comunista.
ESQUEMA SINTESE!
Século XIX
As transformações politicas
Desde o século XVIII foi implantado um sistema liberal moderado em vários países da Europa. Tratou-
se da eliminação dos regimes absolutistas e da sua substituição por monarquias constitucionais.
A partir do terceiro quartel do séc. XIX, surgiu um novo entendimento do sistema liberal que daria origem
às democracias representativas (demoliberalismo).
Demoliberalismo Sistema politico em vigor nos países da Europa Ocidental desde os finais do séc.
XIX, que é caracterizado sobretudo por ser mais democrático através da extensão do direito de voto
a camadas mais vastas da população.
Alguns países substituíram o sistema monárquico por um regime politico republicano (caso de
Portugal, em 1910);
O sufrágio censitário foi substituído pelo sufrágio universal( direito de todos os cidadãos, sem
distinção de sexo, raça, fortuna, votarem em eleições)
Para aperfeiçoar o sistema representativo, a idade do voto foi antecipada, o voto passou a ser secreto e
os cargos políticos passaram a ser remunerados.
Os afrontamentos imperialistas
Imperialismo Domínio que um Estado exerce sobre outros países, a titulo militar, politico,
económico e cultural.
A Europa dominava o mundo. A expansão europeia insere-se numa estratégia de controlo de uma
vasta extensão territorial com vista á satisfação das necessidades económicas das metrópoles.
O caso mais evidente de imperialismo e de colonialismo ocorreu relativamente à ocupação do
continente africano.
Em 1851, instaurou-se uma nova etapa politica, designada por Regeneração. Este movimento
estendeu-se até à implantação da Republica (1910) e procurava inverter o percurso de decadência
que o país verificava até então.
O fomento económico assentou na doutrina livre-cambista. Fontes era defensor da redução das
tarifas aduaneiras argumentando que só a entrada de matérias-primas a baixo preço poderia favorecer
a produção portuguesa.
A Regeneração assentou o fomento económico sobre bases instáveis, o que originou uma crise
financeira:
Livre-cambismo (abriu caminho á entrada de produtos industrializados a baixo preço, no entanto, não
tinha condições de competitividade, pois a industrialização foi lenta e tardia. Em resultado, a balança
comercial era negativa.)
Investimentos externos (grande parte do desenvolvimento português fez-se á custa de investidores
estrangeiros, logo, as receitas originadas por esses investimentos não revestiram a favor de Portugal).
Empréstimos (o défice das finanças publicas agravou-se, e devido aos sucessivos empréstimos no
país e no exterior, a divida publica duplicou. Com a falência do banco inglês, Portugal deixou de ter
meios de lidar com a divida, declarando a bancarrota (ruína financeira) em 1892.
O surto industrial
No final do século XIX, a crise obrigou a uma reorientação da economia portuguesa que apostou nos
seguintes vectores:
retorno á doutrina proteccionista (abandonando o Livre cambismo);
concentração industrial (através da criação de grandes companhias);
valorização do mercado colonial;
expansão tecnológica.
A crise económica (o facto de se estar perante uma crise económica e irregularidades financeiras,
provocou um grande descontentamento. Apesar do fomento industrial baseado no proteccionismo, os
problemas estruturais mantinham-se como o atraso agrícola e a dependência externa.);
A ditadura de João Franco (que governava com plenos poderes, pois D. Carlos dissolveu o
Parlamento. Isto apenas veio reforçar o descontentamento com a monarquia.);
O regicídio (o assassinato do rei D. Carlos e do príncipe herdeiro, D. Luís Filipe, em 1908, mostrou,
em evidencia, o total descrédito em que havia caído a monarquia. Após um golpe tão violento, foi
impossível para D. Manuel II dar continuidade á monarquia. Foi o ultimo rei de Portugal.)
A 4 de Outubro de 1910, eclodiu uma revolta republicana, e no dia seguinte, 5 de Outubro, foi
proclamada a 1ª Republica Portuguesa.
ESQUEMA SINTESE