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VANESSA VIVIANE DE CASTRO SIAL (Ingr.

03/2002)
(HISTÓRIA SOCIAL)

“DAS IGREJAS AO CEMITÉRIO: POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE A MORTE NO


RECIFE DO SÉCULO XIX.”

Esta dissertação analisa, a partir do projeto de construção do Cemitério Público Bom Jesus da
Redenção no Recife do século XIX, como se deram as transformações dos costumes fúnebres,
mediante a imposição de normas sanitárias relacionadas às práticas funerárias tradicionais, que
eram entendidas pelos médicos higienistas como um dos fatores de propagação das epidemias.
Neste sentido, os cemitérios extra-muros desencadearam novas práticas culturais e adaptações nas
atitudes diante da morte. Os médicos higienistas, que influenciaram decisivamente na elaboração e
aprovação destas normas sanitárias pelo poder público, acreditavam que os corpos cadavéricos eram
possíveis focos de emanações miasmáticas, sendo agentes de grande poder de infecção do ar,
causadores de toda sorte de epidemias na cidade.
A proibição dos sepultamentos nas igrejas gerou múltiplos pontos de discussão e conflitos na
sociedade recifense do século XIX, assim como ocorreu em várias outras cidades brasileiras: dentro
do poder público, na elaboração de leis e regulamentos para as novas práticas fúnebres, como
também na população, que viu suas crenças mais íntimas ameaçadas, sobretudo entre membros de
irmandades religiosas e os emergentes comerciantes dos novos serviços mortuários. Ademais, o
estudo das transformações dos costumes fúnebres foi fundamental para a compreensão do conflito
entre a Igreja e o Estado na segunda metade do século XIX, sobretudo pela negação da Igreja em
conceber o direito dos não-católicos a serem sepultados nos cemitérios públicos, interpretados como
elementos decisivos no processo de secularização da morte no Brasil oitocentista.
Palavras chaves: Saúde Pública, Cemitério, Costumes Fúnebres, Secularização, Recife, Século
XIX.

Sidney Chalhoub – Orientador


Silvia Hunold Lara
Sheila Siqueira de Castro Faria

24/02/2005

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