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AMPUTAÇÃO DE MEMBRO INFERIOR: PERFIL DOS PACIENTES DO SERVIÇO DE

REABILITAÇÃO FÍSICA DA UNICENTRO – PROJETO ÓRTESE E PRÓTESE

Rubia Caldas Umburanas1, Ângela Dubiela1, Cássio Silva Pereira1, Vanessa Cristina
Novak (orientadora)2
1
Universidade Estadual do Centro-Oeste/Departamento de Fisioterapia/ Rua Simeão Camargo Varela de
Sá, nº.03, 85040080, Guarapuava-Pr, rumburanas@hotmail.com
2
Universidade Estadual do Centro-Oeste/Departamento de Fisioterapia, vanenovak@yahoo.com.br

Resumo- Apesar de amputação ser uma palavra temida, cujo significado é o de terror e mutilação, e poder
trazer várias conseqüências, ela deve ser encarada não como o fim de algo, mas sim o início de uma nova
fase. As principais etiologias relacionadas com as amputações são de caráter vascular, traumática,
neuropática, tumorais, infecciosos e congênitos. Objetivo: demilitar o perfil dos pacientes amputados em
membro inferior atendidos no Serviço de Reabilitação Física da Unicentro – Projeto Órtese e Prótese.
Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo, que visa traçar o perfil dos pacientes amputados em
membro inferior quanto a idade, tipo de amputação, causa e sexo predominate e o número total destes
pacientes atendidos pelo Serviço de Reabilitação Física da Unicentro-Projeto Órtese e Prótese, no período
de junho 2003 à junho de 2009, sem critérios de exclusão. As causas mais frequêntes de amputação foram
de origem vascular e traumática. Houve predomínio do sexo masculino em todos os níveis de amputações
estudados. Dessa forma, o uso de próteses tem a finalidade de proporcionar melhora funcional aos
pacientes, tornando-os independentes para melhorar a qualidade de vida destes após a amputação.

Palavras-chave: Fisioterapia, amputação, prótese


Área do Conhecimento: Ciências da Saúde

Introdução cerebral, malformações congênitas, lesões


medulares, amputações dentre outras.
O Serviço de Reabilitação Física da Unicentro Resultante da inércia da vida, o corpo humano
– Projeto Órtese e Prótese, teve início em 11 de está sujeito a mudanças, seja elas através do
junho de 2003, na Clínica Escola de Fisioterapia processo de senilidade, patologia ou por algum
da Universidade Estadual do Centro-Oeste tipo de acidente que possa decorrer, todas podem
(Unicentro), em Guarapuava-Pr e consiste em resultar em injúrias com possíveis riscos a
realizar avaliação, adequação, treinamento, incapacidades. E quando estas se tornam reais, o
acompanhamento e fornecimento de órteses, indivíduo se depara com vários obstáculos
próteses e meios auxiliares de locomoção aos locomotores, psicológicos, econômicos e sociais
indivíduos que portam algum tipo de deficiência que precisam ser encarados com seriedade para
física ou motora, com intuito de valorizar a que possam ser vencidos buscando a reintegração
reabilitação física e melhorar a qualidade de vida à sociedade (BOCOLINI, 2000).
dos pacientes. O programa conta com uma equipe Apesar de amputação ser uma palavra temida,
multidisciplinar envolvendo as áreas de cujo significado é o de terror e mutilação, e poder
fisioterapia, medicina, psicologia, enfermagem e trazer várias conseqüências, não só físicas como
assistência social. O programa, Órtese e Prótese, também psicológicas, ela deve ser encarada não
presta assistência à população de Guarapuava e como o fim de algo, mas sim o princípio de uma
parte dos outros 19 municípios que compõem a 5ª nova fase que, se de um lado mutilou a imagem
Regional de Saúde do Estado. Além disso, existe corporal, de outro lado eliminou o perigo de perder
um convênio com a instituição APR – Associação a vida, ou deu alívio ao sofrimento intolerável
Paranaense de Reabilitação, em Curitiba-PR, o como, por exemplo, a dor, ou ainda tornou
qual produz as próteses e órteses para toda a possível maior liberdade de ação. Faz-se
região sul do Brasil e também no exterior. Desde o necessário chegar esses conceitos e noções aos
ano de 2003, aproximadamente duas mil e pacientes que devem ser amputados, preparando-
oitocentas pessoas recebem ou já receberam os para um futuro relativamente melhor
atendimento via SUS (Sistema Único de Saúde). (BOCOLINI, 2000).
Os pacientes do projeto são portadores de As principais etiologias relacionadas com as
deficiência física e/ou motora incluindo amputações podem ter caráter vascular,
diagnósticos de distrofias musculares, paralisia traumática, neuropática, tumorais, infecciosos e
congênitos (CARVALHO, 2003). As vasculopatias

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periféricas constituem uma causa importante de causa vascular, 44% causa traumática e 10%
amputações e acometem em maior número causa congênita). As amputações do tipo Chopart
pessoas na faixa etária de mais de 50 anos, sendo foram encontradas em 21 indivíduos (10,4%),
os membros inferiores os mais comprometidos. Já sendo que 28,5% são do sexo feminino, com
as causas traumáticas atingem também um idade média de 43,16 anos ±23,5 (sendo que
número expressivo da população por acidentes de aproximadamente 66,66% são por causa vascular
trânsito, trabalho ou em razão de outra etiologia e 33,34% outras causas) e 71,5% são do sexo
(BOCOLINI, 2000). masculino com idade média de 51,73 anos ±15,32
As amputações dos membros inferiores são (sendo aproximadamente 60% são por causa
divididas em desarticulação do quadril, vascular, 40% outras causas). Já as amputações
transfemoral, desarticulação do joelho, transtibial, bilaterais de membros inferiores foram
Syme, Chopart, pirogof, lisfranc, transmetatarsiana encontradas em 14 indivíduos (6,9%), sendo que
e desarticulação de artelhos, sendo unilateral ou 50% são do sexo feminino, com idade média de
bilaterais (PINTO, 2001; CARVALHO, 2003). O 57,14 anos ±14,65 (sendo que aproximadamente
objetivo deste estudo foi demilitar o perfil dos 58% são por causa vascular, 29% causa
pacientes amputados em membro inferior traumática e 13% congênita) e 50% são do sexo
atendidos no Serviço de Reabilitação Física da masculino com idade média de 52,14 anos ±8,73
Unicentro – Projeto Órtese e Prótese. (sendo aproximadamente 28% são por causa
vascular e 72% causa traumática). As amputação
Metodologia do tipo Syme, desarticulação de joelho e quadril
foram encontradas em 13 indivíduos (6,6%),
Trata-se de um estudo quantitativo, que visa sendo que 20% são do sexo feminino e 80% do
traçar o perfil dos pacientes amputados em sexo masculino. Abaixo segue a figura 1 com o
membro inferior quanto a idade, tipo de número de indivíduos e tipos de amputação.
amputação, causa e sexo predominate e o número
total destes pacientes atendidos pelo Serviço de Figura 1- nº de individuos e tipos de amputação
Reabilitação Física da Unicentro-Projeto Órtese e Sexo Feminino Sexo Masculino
Prótese, no período de junho 2003 à junho de 70
64
2009, sem critérios de exclusão. Foi utilizado para 60
56
esta análise o banco de dados interno do serviço
N ú m e ro d e I n d i v í d u o s

50
no qual constam todos os dados clínicos dos
pacientes. 40

30
Resultados 17
20 16 15
10
7 7
Aproximadamente dois mil e oitocentos 10 6 3
pacientes estão cadastrados no Serviço de 0
Reabilitaçao Física da Unicentro, destes 201 Transfemoral Transtibial Chopart Bilateral Outros
indivíduos apresentam algum tipo de amputação Amputações
no membro inferior. Com relação aos níveis, sexo
e causa das amputações, 72 indivíduos Discussão
apresentam amputações transfemorais (35,8%),
sendo que 22,23% são do sexo feminino com As amputações de membros inferiores de
idade média de 57,31 anos ±14,35 (sendo que causa vascular além de serem as mais frequentes,
aproximadamente 75% são por causa vascular, atingem principalmente pacientes com uma faixa
19% causa traumática e 6% outras causas) e etária mais avançada. Já as amputações
77,77% são do sexo masculino com idade média traumáticas são a segunda maior causa,
de 54,91 anos ±17,20 (sendo aproximadamente acometem mais os individuos com menos de 50
49% são por causa vascular, 43% causa anos, e os adultos jovens devido a maior
traumática e 8% outras causas). As amputações exposiçao no trabalho e no trânsito (CARVALHO,
transtibiais foram encontradas em 81 indivíduos 2003; CASSEFO, et al, 2003; MAY, 2004).
(40,3%), sendo que 20,9% são do sexo feminino, A amputação transtibial é o nível mais realizado
com idade média de 49,64 anos ±18,57 (sendo entre as amputações, pois visa uma boa
que aproximadamente 42% são por causa reabilitação e um alto grau de independência
vascular, 30% causa congênita, 23% causa (CARVALHO, 2003). A maioria dos pacientes do
traumática e 5% outras causas) e 79,1% são do estudo em questão, apresentaram amputação
sexo masculino com idade média de 53 anos unilateral (93,1%) e nível transtibial (40,3%),
±14,06 (sendo aproximadamente 46% são por conforme o estudo de Diogo (2003), que segundo

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o mesmo autor, este nível de amputação torna os
pacientes mais independentes do que aqueles - PINTO, M. A. G. A Reabilitação do Paciente
com amputação bilateral. Amputado. In: Lianza, S. Medicina Reabilitação. 3
A amputação transtibial compreende toda ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2001.
amputação realizada entre o tornozelo e a
articulação do joelho, sendo este nível o mais
indicado por manter a articulação do joelho,
diminuir o gasto energético durante a marcha e
deixá-lo mais fisiológico, além da facilidade em
colocar e remover a prótese (PINTO, 2001;
CARVALHO, 2003).
Em todos os níveis de amputação o predomínio
foi do sexo masculino como no estudo de Cassefo
et al (2003).

Conclusão

A amputação é uma experiência traumática e


devastadora, cujo impacto psicológico afeta não
só o paciente, mas todos aqueles que o cercam,
pois há exigência de uma aceitação em relação a
sua mudança física.
Suas causas mais freqüentes são traumáticas
e vasculares, sendo que as traumáticas ocorrem
mais no sexo masculino, devido a acidentes, e as
vasculares mais em idosos e associados a outras
patologias. Dessa forma, o uso de próteses tem a
finalidade de proporcionar melhora funcional aos
pacientes que apresentam algum tipo de disfunção
ou necessidade de suporte, tornando-os
independentes para melhorar a qualidade de vida
destes.

Referências

- BOCOLINI, F. Reabilitação – Amputados,


Amputações e Próteses. 2.ed. São Paulo: Robe
Editorial, 2000.

- CARVALHO, J. A. Amputações de membros


inferiores – Em busca da plena reabilitação. 2. ed.
São Paulo: Ed. Manole, 2003.

- CASSEFO et al. Perfil Epidemiológico dos


pacientes amputados do Lar Escola São
Franscisco – estudo comparativo de 3 períodos
diferentes. Acta Fisiátrica. V. 10, n. 2, p. 67-71,
2003.

- DIOGO, M. J. D. Avaliação funcional de idosos


com amputação de membros inferiores atendidos
em um hospital universitário. Rev. Latino-Am.
Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 11, n. 1, p. 59-
65, 2003.

- MAY, J.B. Avaliação e tratamento após


amputação de membro inferior. In: O`SULLIVAN,
S.B; SCHMITZ, T.J. Fisioterapia: Avaliação e
Tratamento. 4. ed. São Paulo: Ed. Manole, 2004.

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