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A Exploração Sexual Comercial

de Meninos, Meninas e
Adolescentes

Prostituição
Infantil

1
Centro Universitário Augusto Motta - UNISUAM
Estudos Sócio – Antropológicos
Professora: Ana Lúcia Drumond
Turma: JUR 0201N
Componentes do Grupo:

 Anaile Guedes Matrícula: 07107322


 Antônio Carlos Matrícula: 07107384

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 Solange Cristina Matrícula: 07107318
 Ingrid Portela Matrícula: 07107280
 Marcos Zanoni Matrícula: 07107179
 Viviane Machado Matrícula: 07107153

Sumário
A Exploração Sexual Comercial de Meninos, Meninas e
Adolescentes

Prostituição Infantil

1. Introdução
------------------------------------------------------------------------------------------
--------04

2. Prostituição Infantil
---------------------------------------------------------------------------------------05

2.1 – Prostituição Infantil no Rio de Janeiro

3. Formas de
Abuso---------------------------------------------------------------------------------
-------06,07

4. Perspectiva Familiar, Social e


Econômica-----------------------------------------------------------08,09

4.1 – Família, Sociedade e o Estado


4.2 – Explicações Causais da Prostituição Infantil

5. Enfoque Jurídico da Exploração Comercial no


Brasil-------------------------------------------10,11,12

3
6. Perfil dos
Aliciadores---------------------------------------------------------------------------
---------13,14

7.
Prevenção----------------------------------------------------------------------------
------------------------14

8. Estatísticas – A Prostituição Infantil em


Números-------------------------------------------------15,16

9.
Conclusão----------------------------------------------------------------------------
------------------------17

10.Bibliografia
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
---------18

1. Introdução
O caráter consumista das sociedades capitalistas estimula a
marginalização de jovens carentes e estimula seu envolvimento com o
tráfico de drogas. A drogadicção acompanha grande parte das vítimas de
exploração sexual, sobretudo as que são aliciadas por redes de
exploração. A erotização precoce de crianças e adolescentes, estimulada
pelos meios de comunicação e o apelo frenético do consumo têm levado
muitos jovens a se prostituírem. Enfim, é a banalização da violência em
geral, incluindo a violência sexual que passam a fazer parte do cotidiano
de muitas crianças, alimentada pela cultura vazia e narcisista de nossos
dias, onde já é comum, pessoas explorarem as outras. Tudo isso provoca
o crescimento do comércio sexual, da indústria pornográfica e do turismo
sexual, responsáveis pelo aliciamento de muitas meninas e adolescentes.
Nos casos de abuso sexual os crimes escondem-se sob um forte
pacto de silêncio, derivado da noção de que os adultos são donos das
crianças e que o lar é uma instituição inviolável (58% dos casos

4
acontecem dentro da própria família). Enquanto que a Exploração Sexual
Comercial configura-se como uma das mais cruéis conseqüências da
miséria e da omissão ou convivência da sociedade, diante das redes de
prostituição, pedofilia e material pornográfico. O termo prostituição
infantil é mais conhecido e facilita o entendimento do leitor ou ouvinte,
mas não é adequado. A criança e o adolescente são seres em formação,
que não escolhem se prostituir. O Mais correto é utilizar o termo
Exploração Sexual Comercial. Nas Cidades as crianças e adolescentes
ganham no setor informal, principalmente pela oferta de serviços e nas
atividades ilícitas(tráfico de drogas e prostituição).
Exploração Sexual Comercial é o ato ou jogo sexual em que o
adulto utiliza uma criança ou adolescente para fins comerciais. Indução e
participação em shows eróticos, fotografias e filmes são exemplos de
exploração sexual comercial.

Abuso Sexual é o ato ou jogo sexual em que o adulto submete a


criança ou adolescente para estimular-se ou satisfazer-se, impondo-se
pela força física, pela ameaça ou pela sedução com palavras ou com
oferta de presentes.
A Prostituição Infantil aparece também associada a drogas e
doenças, enquanto complicador e parte da exploração. As drogas são
mencionadas no processo de iniciação das meninas na prostituição, como
lenitivo e mitigação de sua situação de opressão e sofrimento, e também,
como iniciação na rede de tráfico. Comprometimentos físicos e
psicológicos rondam a sexualidade desprotegida, conseqüências
desastrosas são: a gestação precoce indesejada, aborto provocado,
aborto espontâneo, casamentos forçados, nascimentos prematuros,
traumas de parto, doenças de transmissão sexual e a própria infertilidade.
A violência fatal também aparece associada: as tentativas de suicídio. A
investigação de redes de Exploração Sexual Comercial de crianças foi
tema de uma Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI, com o objetivo de
mobilizar a sociedade, hoje muito mais conscientizada, para a gravidade
de uma realidade que consideram conhecida pelas autoridades. O crime
organizado no Brasil, envolve 110 rotas de tráfico intermunicipal e
interestadual e 131 rotas que levam mulheres, adolescentes e crianças
para o exterior.

2. Prostituição Infantil

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A situação de meninas, meninos e de adolescentes vítimas de
violência sexual em suas diversas modalidades, enfatizando aspectos
conceituais da exploração sexual comercial de crianças e adolescentes,
as dimensões que explicam o fenômeno, bem como a definição teórica
das modalidades de exploração sexual e suas formas de expressão na
realidade brasileira.
A prostituição é uma forma de exploração sexual comercial, onde
crianças e adolescentes por estarem submetidos às condições de
vulnerabilidade e risco social são consideradas prostituídas e não
prostituídas. Consiste numa relação de sexo e mercantilização e num
processo de transgressão. Essa forma de troca de favores sexuais
converte a pessoa prostituída em produto de consumo, organizado em
função dos princípios econômicos de oferta e da demanda.

2.1 - Prostituição Infantil no Rio de Janeiro

Cresce, a cada dia, o número de adolescentes com idades


entre 14 e 17 anos se prostituindo nas ruas do Rio de Janeiro. Cerca
de mil meninas de rua entre 8 e 15 anos de idade se prostituem,
segundo dados do Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos da
Criança e do Adolescente. Na Região Sudeste, revela que os
menores mantém relações sexuais com turistas dentro de carros ou
em hotéis da região. Quase todos os adolescentes são viciados em
drogas como cola de sapateiro, cocaína e maconha, ainda algumas
são recrutadas por traficantes de morros para vender drogas no
asfalto.

Na Cidade do Rio de Janeiro, a situação encontrada foi a


seguinte:

 foi a única área onde os depoimentos nomearam


prostituição infantil masculina (homosexual, COM MICHÊS
DE VÁRIAS CLASSES SOCIAIS);
 exploração por turismo sexual e clientes locais;
 meninas que vivem nas ruas e para sobreviverem trocam
favores sexuais, sem se considerarem prostitutas;
 presença de pseudo-agência de modelos, camuflando a
exploração sexual de meninas e adolescentes.

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3. Formas de Abuso
A forma mais comum de abuso sexual extra-familiar, é a
exploração sexual comercial de crianças e adolescentes – a prostituição
infantil. Aqui, além da criança, vítima do pedófilo, há um outro
personagem, o aliciador. Este é um criminoso que ganha dinheiro com
a venda do sexo de crianças e adolescentes. Muitos ainda vêem a
prostituição infantil como uma forma de trabalho, na realidade a
criança brasileira é explorada por brasileiros.

Existem duas formas de abuso sexual:

 Com contato físico

 Violência Sexual
 Exploração sexual

 Sem Contato Físico

 Constrangimento
 Assédio
 Ato obsceno
 Pornografia Infantil

As conseqüências de uma violência sexual praticada contra crianças e


adolescentes podem ser físicas, psicológicas ou de comportamento, todas
igualmente prejudiciais para quem sofre a violência.

Físicas
 Dor constante na vagina ou no ânus

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 Corrimento vaginal
 Inflamações e hemorragias
 Doenças sexualmente transmissíveis, Aids, Hepatite B, etc..

Psicológicas
 Sentimento de Culpa
 Sentimento de Isolamento de ser diferente
 Sentimento de estar “marcado” pelo resto da vida
 Depressão
 Falta de Amor Próprio
 Medo Indefinido permanente
 Tentativa de suicídio

Comportamento
 Dificuldade de expressar o sentimento de raiva
 Queda no rendimento escolar
 Atitudes autodestrutivas: uso excessivo de álcool, de drogas, etc..
 Aumento do grau de provocação erótica
 Tendência ao abuso das relações sexuais
 Regressão da linguagem e do comportamento
 Agressividade contra a família

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4. Perspectiva Familiar, Social e
Econômica
Os baixos indicadores sócio-culturais e econômicos favorecem a
exploração sexual de crianças e adolescentes, como meio de
sobrevivência, nas periferias e no centro. As fortes crises
econômicas, políticas e sociais sofridas pela sociedade brasileira
vêm provocando seu empobrecimento, com maior exclusão social e
privação dos direitos fundamentais. O comércio e o tráfico sexuais,
comuns em países em desenvolvimento, subsistem e crescem
explorando a miséria de famílias famintas. A maior parte das
meninas e adolescentes prostituídas no Brasil são levadas pela

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necessidade de sobrevivência. Elas compõem o segmento mais
vulnerável da pirâmide social. E a total falta de perspectiva social ou
pessoal colaboram para que sejam facilmente induzidas ou
seduzidas por adultos inescrupulosos, coagidas por exploradores e
violentadas pelos usuários, os clientes....
Mas não é apenas a miséria a única causa que colocam meninas
e meninos nessa marginalidade. Milhares de meninas e adolescentes
brasileiras trocam favores sexuais por comida ou abrigo, o usuário
ou cliente da menina ou aquele que facilita o comércio do seu corpo
são passíveis de processo crime e podem ser condenados à prisão.
Em regiões extremamente pobres meninas são vendidas às vezes
pela própria família, para servir sexualmente a grandes
concentrações masculinas, como nos garimpos e em canteiros de
obras. Outras, acreditando ganhar dinheiro, subir na vida, fazer
sucesso ou encontrar um príncipe encantado, são levadas para
outros países, principalmente Suíça, Alemanha e Espanha, onde
passam a pertencer a redes internacionais de exploração sexual,
como tem sido amplamente divulgado pela imprensa.

4.1 – Família, Sociedade e o Estado

Infelizmente, muitas vezes, a família além de negligenciar suas


crianças ainda permite, acoberta ou estimula a violência sexual
contra elas, o que ocasiona e facilita a exploração sexual. Não é
apenas a miséria e o abandono os motivos que levam tantas
adolescentes a se prostituírem. A maioria das adolescentes
prostituídas foram vítimas de estupro ou abuso sexual por parentes
ou pessoas ligadas à família. A negligência da família, soma-se a
omissão da sociedade, que não enxerga ou finge não enxergar essa
grave violação de direito. A exploração sexual também se fortalece
com a falta de compromisso do Estado que não cumpre seu papel de
garantir os direitos fundamentais da população infanto-juvenil,
quando: deixa de formular políticas públicas de proteção, defesa e
promoção da infância; negligencia os serviços públicos, sobretudo a
assistência à família, à saúde e à moradia, promiscuidade; permite
que milhares de crianças permaneçam fora da escola ou oferece
ensino deficiente que gera evasão e desestímulo escolar; tolera as
inúmeras situações em que crianças e adolescentes estão expostos
a ambientes perniciosos ao seu desenvolvimento sobretudo no que
diz respeito à programação das redes de televisão, ao acesso a
filmes e impressos pornográficos; desfiguração de valores essenciais

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ao conjunto da sociedade e para a degradação da figura da mulher,
reduzindo-a a mero instrumento de prazer sexual.
4.2 – Explicações Causais da Prostituição Infantil

O reconhecimento das desigualdades de classe, das situações de


extrema pobreza e de exclusão como pano de fundo do
entendimento, são as principais causas da prostituição infantil. Os
pais que ora aparecem premiços por extremas necessidades
materiais, quando a “venda do corpo” da filha ou a “venda da filha”
se lhes afigura como alternativa de sobrevivência imediata da
família. São citados, aqueles para quem a moral patriarcal de grande
rigidez os leva a formas de educação feminina extremamente
coercitivas e hierárquicas, propiciando condenação moral. É uma
tragédia social, imagine uma garota de 16 anos, com os pais
desempregados ou subempregados, alguns irmãos mais novos
famélicos, ela própria sem qualquer perspectiva concreta de
sobrevivência: o código moral contra a prostituição acaso será capaz
de detê-la?

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5 – Enfoque Jurídico da Exploração
Comercial no Brasil

A Lei Maior, a Constituição Federal, no seu art. 227, assim disposto:

“É dever da Família, da Sociedade e do Estado assegurar à criança e


ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de

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negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão..”

Essa doutrina da proteção integral foi regulamentada pelo Estatuto


da Criança e do Adolescente pela Lei 8.069/90, assim, a proteção
integral, especial e legal garante o atendimento de todas as
necessidades, oportunidades, facilidades, liberdade e dignidade às
crianças e adolescentes, para desenvolver plenamente sua
personalidade considerando seu estado de formação bio-psico-social,
afetiva e intelectual. È devida essa proteção especial porque esse
estado de maturação que o Estatuto define como sendo físico,
mental, moral, espiritual e social acarreta mudanças constantes de
comportamento, decorrente das transformações biológicas, das
circunstâncias e condições em que vivem, como também da
necessidade natural de conhecer, aventurar, descobrir, superar-se e
agregar-se.

No Brasil, a exploração sexual de crianças e adolescentes é crime


previsto no artigo 244 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

O Estatuto da criança e do adolescente, no seu artigo 244-A, define como crime submeter
à criança ou adolescente à prostituição ou à exploração sexual. Portanto não é crime a
prática da prostituição infantil.

“Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2º desta
Lei, à prostituição ou à exploração sexual:" (AC)*”

"Pena - reclusão de quatro a dez anos, e multa." (AC)

"§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em
que se verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas referidas no caput
deste artigo." (AC)

"§ 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de


funcionamento do estabelecimento."

O que isso significa?

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Significa que somente o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local onde
ocorrer à relação sexual comercializada serão penalizados. No núcleo do tipo penal
capitulado no art. 244-A explane sobre o verbo submeter, que significa, sujeitar, subjugar,
obrigar. Logo entende-se que comete a conduta típica àquele que sujeita, que subjuga e
que obriga a criança á prostituição ou a exploração sexual.
Portanto o tipo legal capitulado no artigo 244-A, não incrimina o cliente da “Prostituta
mirim”. Mas, sim aquele que a submete a prostituição, ou seja, aquele que a obriga a se
prostituir.
A realidade é que a lei é falha quando deixa de prever punição dos usuários ou
clientes das prostitutas(os) menores de idade.

Entretanto, o problema da prostituição infantil não é só um problema para a


economia e para os nossos índices que só aumentam, mas, antes de tudo é um problema
social e moral. Os direitos da criança previsto no ECA é deixado bem claro que a
prostituição infantil não é uma dessas características, dentre as várias a qual a lei
assegura.

“Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à


pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando
-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes
facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de
liberdade e de dignidade.”

“Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público


assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;

c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;

d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à


infância e à juventude.

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência,


discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige,
as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição
peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.

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Crítica final: E a nossa legislação quando será mais bem redigida, e o ministério público, e
os conselhos tutelares, quais serão as providências a se tomar diante desta situação, onde
estão os programas de desenvolvimento infantil e contra a exploração sexual, uma vez que
está previsto no Estatuto da criança e do adolescente que é dever destes órgãos criá-los. :
O que será daqueles que amanhã serão os principais atuantes da nossa
sociedade?

Mas a Lei por si só tende a não resolver o problema, falta vontade


política para se implantar o que diz a legislação.

6 – Perfil dos Aliciadores

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Pode-se indicar que os homens (59%) aparecem com maior
incidência no processo de aliciamento/agenciamento ou
recrutamento de mulheres, crianças e adolescentes para as redes de
tráfico com fins sexuais, cuja faixa etária oscila entre 20 e 56 anos.
Mulheres, a incidência é de 41% e a faixa etária é de 20 a 35 anos.
Os aliciadores de nacionalidade brasileira, a maioria do sexo
masculino, pertencem a diferentes classes sociais, com idades entre
20 e 50 anos. Alguns dele pertencem às elites econômicas, são
proprietários, funcionários de boates ou de outros estabelecimentos
que fazem parte da rede de favorecimento à exploração sexual.
Muitos exercem funções públicas nas cidades de origem ou de
destino do tráfico de mulheres, crianças e adolescentes. Também há
mulheres que estão na conexão do tráfico, exercendo a função de
recrutamento/aliciamento de outras mulheres. Os aliciadores agem
dentro da lógica do crime organizado, envolvendo uma divisão de
trabalho/funções.

Uma parte cuida do recrutamento/aliciamento/abrigamento e


transporte e outra parte lida com a falsificação dos documentos

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(carteiras de identidade, passaportes, registros de nascimentos e
vistos). O perfil do aliciador está relacionado às exigências do
mercado do tráfico para fins sexuais, isto é, quem define o perfil do
aliciador é o mercado do sexo, é a demanda que se configura
através de critérios que estão relacionados a classes sociais, idade,
sexo e cor. Outros atores tratados como responsáveis são os
policiais, donos de boates, caminhoneiros, são agressores e agentes
de exploração. Esses sintetizam um ideário de preconceitos e
discriminações da sociedade sobre as meninas, “vagabundas”,
“perdidas” e por isso merecedoras de maus tratos, espancamentos e
intimidações.

7 – Prevenção
A campanha governamental contra a prostituição infantil e de
adolescentes, concentrada nos pontos turísticos brasileiros, não
passa de uma deslavada hipocrisia. É uma campanha repressiva,
que se apóia num código moral puritano, descolado da vida corrente
e que ignora a realidade social das vítimas da prostituição. Não é
uma política de resgate. É uma ação de polícia.
A prevenção significa a construção da igualdade pela ação conjunta
dos homens através da organização política da comunidade, a partir
do exercício individual dos direitos políticos, de auto determinação e
auto gestão de direitos, mediante a exigibilidade de um dever da
família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público e
suas instituições. Esse sistema de garantias envolve vários agentes
responsáveis pela correção dos desvios existentes na realidade,
através de instrumentos de promoção de direitos, controle e
vigilância, defesa e responsabilização, através de uma política de
atendimento com diretrizes e ações específicas.
A prevenção consiste em garantir às crianças e adolescentes o
exercício pleno de seus direitos, preservando-os de qualquer
situação de risco social e pessoal para reduzir o número de vítimas
potenciais, oferecendo oportunidades e alternativas para diminuir os
riscos.

Algumas estratégias de Prevenção vêm sendo utilizadas no Brasil:

 Formação e Capacitação sobre os direitos humanos, difundindo


amplamente essa cultura;

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 Combater todas as formas de violência através dos esforços de
cumprir a lei e punir os culpados;
 Organizar campanhas que possam influenciar os meios
publicitário e de comunicação;
 Capacitar lideranças comunitárias para formar e informar os
habitantes;
 Criar e ampliar as fontes de educação informal.

A recuperação de crianças e adolescentes vítimas de violência


sexual, depende do resgate de sua auto-estima e da possibilidade de
se abrir perspectivas concretas para um futuro mais digno. A criança
que se auto-valoriza, aprende a respeitar a si mesma e aos outros.

8 – Estatísticas - Prostituição Infantil em


números

Secretaria Especial de Direitos Humanos adota um serviço unificado de


notificação de violência sexual de crianças e adolescentes. Além da
recepção, o serviço compreende o
acompanhamento, monitoramento, avaliação e tratamento das
denúncias.
Após o recebimento e análise das denúncias, a respectiva notificação é
enviada
ao Ministério Público, às Delegacias e aos Conselhos Tutelares de todas as
Unidades da Federação.
A implantação do Disque-Denúncia, em articulação com todos os
serviços de notificação e com os organismos de defesa e
responsabilização,
representa o cumprimento da prioridade determinada pelo Presidente da
República no contexto da responsabilização dos autores da violência
sexual
contra crianças e adolescentes. Para a Secretaria Especial dos Direitos
Humanos, este serviço representa uma fonte importante e inesgotável de
conhecimento dos fatos e das circunstâncias que contribuem para a
violação de

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direitos de crianças e adolescentes. Além de possibilitar a criação de um
banco
de dados, o registro dos casos de violência praticados contra crianças e
adolescentes permite a elaboração de indicadores qualificados para o
norteamento de políticas de garantia de direitos.

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Exploração sexual infantil: Centro concentra mais vítimas - Levantamento da
prefeitura mostra que Praça Mauá lidera estatística. Rio - Mapa da exploração sexual
infantil no Rio mostra que o Centro é a região do Rio com maior número de vítimas.
Levantamento realizado pela Secretaria Municipal de Assistência Social mostra que
pelo menos 70 menores de 12 a 17 anos integram rede de prostituição nesta área, de
um total de 223 no município. A Praça Mauá é o local com maior concentração: 30
meninas. Copacabana, que carrega a má fama de ponto de turismo sexual, tem
menos vítimas do que Irajá, São Cristóvão e Campo Grande.

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9 – Conclusão
O Abuso e a exploração sexual são atos de violência contra crianças
e adolescentes, porque são atos de transgressão aos direitos
humanos e a liberdade sexual. Nesses casos, a sexualidade não é
fonte de reprodução da espécie humana, nem de prazer, como
relações bilaterais e legítimas. Ao contrário , manifesta-se como
instrumento de perversão, coação e coerção, portanto ilegais e
atentatórias à dignidade. Mesmo não sendo o aparato repressivo do
estado a ação mais eficaz para combater o abuso e a exploração
sexual infanto-juvenil, não se pode negar o valor da lei e a sua
eficácia como meio de garantir a paz social e de regrar as condutas
das pessoas para lhes assegurar direitos, ou para lhes imputar
sanções por contrariar a mesma.

Nesse processo, duas linha básicas e prioritárias de ação devem


fazer parte de qualquer manifestação de prevenção e combate ao
abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes:

1. Garantia dos direitos e exercício de cidadania para os abusáveis e


explorados;

2. Educação através do esclarecimento e da sensibilização e


responsabilização jurídica, mediante apuração dos fatos e aplicação
da lei como as sanções cabíveis, para os abusadores e exploradores.

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A forma como os indivíduos vem se comportando, agindo, reagindo e
expressando, são novas condutas. Suas atitudes estão
demonstrando, inclusive, mudanças nos valores éticos, morais e no
caráter. Segundo o conceito ético o caráter expressa contextura
moral do indivíduo e é essa conduta moral existe quando o sujeito
respeita as normas e os padrões do meio onde ele vive. Essas
mudanças são anormalidades, ou seja, o desvio dos padrões de
comportamento socialmente aceitáveis.O mais grave é que são
muito mais decorrentes da ausência dos valores éticos e morais do
que de funções biopsicológicas e patológicas, notadamente em
relação aos crimes sexuais. A Exploração Sexual e Comercial de
crianças e adolescentes tem como base uma ideologia de mercado,
que não respeita valores e não tem limites morais e éticos. Para
satisfação dos desejos, fantasias, anomalias sexuais e interesses
lucrativos, tudo se compra, inclusive o sexo jovem.

Por tudo isso, é preciso que haja uma modificação na consciência de


elevado número de pessoas suficiente para produzir uma revolução
nas sociedades, criando-se a cultura do respeito à população infanto-
juvenil. O mundo precisa eliminar as forças restritivas e alimentar as
propulsoras às ações em andamento e construir outras que
efetivamente possam priorizar, em termos absolutos, a proteção
integral das crianças e dos adolescentes.

10 - Bibliografia
 Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids – ABIA
Rua da Candelária, nº79 – 10ºandar - Centro

 Associação de Moradores de Condomínio e Amigos da Vila Mimosa –


AMOCAVIM
Rua Sotero dos Reis, nº53 – Praça da Bandeira

 Davida – Prostituição, Direitos Civis e Saúde


Rua Santo Amaro, nº129 – Centro

22
 www.aprendiz.org.br
 IBase – Av. Rio Branco,nº124 – 8º andar – Centro www.ibase.org.br

1. Meninas - Documentário Ficção


2. A Máfia da Prostituição Infantil
3. Todos os Olhares – Prevenção da Violência Sexual

 Filme Anjos do Sol – Rudi Lagemann


 www.Abrapia.org.br
 www.diganaoaerotizaçãoinfantil.wordpress.com
 www.scielo.br – Prostituição Infantil: Uma Questão de Saúde Pública

 Exploração Sexual Comercial de Meninos, Meninas e Adolescentes na


América Latina e Caribe (Relatório Final - Brasil) LEAL, Maria Lúcia
Pinto. A Exploração Sexual Comercial de Meninos, Meninas e
Adolescentes na América Latina e Caribe (Relatório Final – Brasil).
Brasília: CECRIA, IIN, Ministério da Justiça, UNICEF, CESE, 1999.

 Barbosa de Carvalho, Silvia - As Virtudes do Pecado: Narrativas de


Mulheres a “Fazer a Vida” no Centro da Cidade - Rio de Janeiro, 2000

INSTITUTO INTERAMERICANO DEL NIÑO - Proyecto sobre Tráfico,


Pornografía Infantil en Internet y Marcos Normativosen la Región del
Mercosur, Chile y Bolívia - TRÁFICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
PARA FINS DE EXPLORAÇÃO SEXUAL NO MERCOSUL, BOLIVIA E CHILE
Estudo do Brasil
SECRETARIA ESPECIAL DE DIREITOS HUMANOS - PRESIDÊNCIA DA
REPÚBLICA
BRASÍLIA - DF - AGOSTO DE 2004

A Exploração Sexual Comercial de Meninos, Meninas e Adolescentes -


Prostituição Infantil

Exploração Sexual Comercial é o ato ou jogo sexual em que o adulto utiliza uma criança ou
adolescente para fins comerciais. Indução e participação em shows eróticos, fotografias e filmes são
exemplos de exploração sexual comercial. Crianças e Adolescentes, por estarem submetidos às condições
de vulnerabilidade e risco social são consideradas prostituídas e não prostituídas. Consiste numa relação
de sexo e mercantilização e num processo de transgressão. Essa forma de troca de favores sexuais

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converte a pessoa prostituída em produto de consumo, organizado em função dos princípios econômicos
de oferta e da demanda.
Aparece também associada a drogas e doenças, enquanto complicador e parte da exploração. As
drogas são mencionadas no processo de iniciação das meninas na prostituição, como lenitivo e mitigação
de sua situação de opressão e sofrimento, e também, como iniciação na rede de tráfico.
Comprometimentos físicos e psicológicos rondam a sexualidade desprotegida, conseqüências desastrosas
são: a gestação precoce indesejada, aborto provocado, aborto espontâneo, casamentos forçados,
nascimentos prematuros, traumas de parto, doenças de transmissão sexual e a própria infertilidade. A
violência fatal também aparece associada: as tentativas de suicídio. A investigação de redes de
Exploração Sexual Comercial de crianças foi tema de uma Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI, com
o objetivo de mobilizar a sociedade, hoje muito mais conscientizada, para a gravidade de uma realidade
que consideram conhecida pelas autoridades. O crime organizado no Brasil, envolve 110 rotas de tráfico
intermunicipal e interestadual e 131 rotas que levam mulheres, adolescentes e crianças para o exterior.
A forma mais comum de abuso sexual extra-familiar, é a exploração sexual comercial de crianças e
adolescentes – a prostituição infantil. Aqui, além da criança, vítima do pedófilo, há um outro personagem, o
aliciador. Este é um criminoso que ganha dinheiro com a venda do sexo de crianças e adolescentes.
Muitos ainda vêem a prostituição infantil como uma forma de trabalho, na realidade a criança brasileira é
explorada por brasileiros . E a total falta de perspectiva social ou pessoal colaboram para que sejam
facilmente induzidas ou seduzidas por adultos inescrupulosos, coagidas por exploradores e violentadas
pelos usuários, os clientes....
Mas não é apenas a miséria a única causa que colocam meninas e meninos nessa marginalidade.
Milhares de meninas e adolescentes brasileiras trocam favores sexuais por comida ou abrigo, o usuário ou
cliente da menina ou aquele que facilita o comércio do seu corpo são passíveis de processo crime e
podem ser condenados à prisão.

No Brasil, a exploração sexual de crianças e adolescentes é crime previsto no artigo 244 do


Estatuto da Criança e do Adolescente.
Seu artigo 244-A, define como crime submeter à criança ou adolescente à prostituição ou à
exploração sexual. Portanto não é crime a prática da prostituição infantil.

“Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2º desta
Lei, à prostituição ou à exploração sexual:" (AC)*”

"Pena - reclusão de quatro a dez anos, e multa." (AC)

Em regiões extremamente pobres meninas são vendidas às vezes pela própria família, para servir
sexualmente a grandes concentrações masculinas, como nos garimpos e em canteiros de obras.
Não é apenas a miséria e o abandono os motivos que levam tantas adolescentes a se prostituírem. A
maioria das adolescentes prostituídas foram vítimas de estupro ou abuso sexual por parentes ou pessoas
ligadas à família. A negligência da família, soma-se a omissão da sociedade, que não enxerga ou finge não
enxergar essa grave violação de direito. A exploração sexual também se fortalece com a falta de
compromisso do Estado que não cumpre seu papel de garantir os direitos fundamentais da população
infanto-juvenil, quando: deixa de formular políticas públicas de proteção, defesa e promoção da infância;
negligencia os serviços públicos, sobretudo a assistência à família, à saúde e à moradia, promiscuidade;
permite que milhares de crianças permaneçam fora da escola ou oferece ensino deficiente que gera
evasão e desestímulo escolar; tolera as inúmeras situações em que crianças e adolescentes estão
expostos a ambientes perniciosos ao seu desenvolvimento sobretudo no que diz respeito à programação
das redes de televisão, ao acesso a filmes e impressos pornográficos; desfiguração de valores essenciais
ao conjunto da sociedade e para a degradação da figura da mulher, reduzindo-a a mero instrumento de
prazer sexual.
Os pais que ora aparecem premiços por extremas necessidades materiais, quando a “venda do corpo”
da filha ou a “venda da filha” se lhes afigura como alternativa de sobrevivência imediata da família. São

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citados, aqueles para quem a moral patriarcal de grande rigidez os leva a formas de educação feminina
extremamente coercitivas e hierárquicas, propiciando condenação moral. É uma tragédia social, imagine
uma garota de 16 anos, com os pais desempregados ou subempregados, alguns irmãos mais novos
famélicos, ela própria sem qualquer perspectiva concreta de sobrevivência: o código moral contra a
prostituição acaso será capaz de detê-la?
A prevenção consiste em garantir às crianças e adolescentes o exercício pleno de seus direitos,
preservando-os de qualquer situação de risco social e pessoal para reduzir o número de vítimas potenciais,
oferecendo oportunidades e alternativas para diminuir os riscos.

Algumas estratégias de Prevenção vêm sendo utilizadas no Brasil:

 Formação e Capacitação sobre os direitos humanos, difundindo amplamente essa cultura;


 Combater todas as formas de violência através dos esforços de cumprir a lei e punir os
culpados;
 Organizar campanhas que possam influencias os meios publicitário e de comunicação;
 Capacitar lideranças comunitárias para formar e informar os habitantes;
 Criar e ampliar as fontes de educação informal.

A recuperação de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, depende do resgate de sua auto-
estima e da possibilidade de se abrir perspectivas concretas para um futuro mais digno. A criança que se
auto-valoriza, aprende a respeitar a si mesma e aos outros.

Por tudo isso, é preciso que haja uma modificação na consciência de elevado número de pessoas
suficiente para produzir uma revolução nas sociedades, criando-se a cultura do respeito à população
infanto-juvenil. O mundo precisa eliminar as forças restritivas e alimentar as propulsoras às ações em
andamento e construir outras que efetivamente possam priorizar, em termos absolutos, a proteção integral
das crianças e dos adolescentes.

Centro Universitário Augusto Motta - UNISUAM


Estudos Sócio – Antropológicos
Professora: Ana Lúcia Drumond
Turma: JUR 0201N
Componentes do Grupo:
 Anaile Guedes Matrícula: 07107322
 Antônio Carlos Matrícula: 07107384
 Solange Cristina Matrícula: 07107318
 Ingrid Portela Matrícula: 07107280
 Marcos Zanoni Matrícula: 07107179
 Viviane Machado Matrícula: 07107153

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