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INTRODUÇÃO ÀS TÉCNICAS DO TRABALHO INTELECTUAL 

José Carlos Bruni 
José Aluysio Reis de Andrade 

INTRODUÇÃO 
O trabalho intelectual, como todo trabalho, supõe o domínio de determinadas técnicas que 
são  correntes,  entre  os  que  se  dedicam  a  essa  atividade.  Elas  devem  ser  usadas  tanto  por 
aqueles que já alcançaram os mais elevados graus da carreira científica, como pelos que se 
iniciam nos estudos universitários. Este folheto pretende ser uma introdução a tais técnicas 
e consta de recomendações a respeito da leitura de textos científicos, a respeito da melhor 
forma  de  se  encaminhar  uma  redação  e  relaciona  um  certo  número  de  convenções  comu­ 
mente usadas. 
Cumpre lembrar que os instrumentos aqui re sumidos não devem ser tomados como regras 
rígidas,  a  serem  usadas  mecanicamente.  A  familiarização  progressiva  com  essas  práticas 
acaba por propiciar a desenvoltura necessária ao seu uso equilibrado. 
Mas enquanto tal não ocorrer, deve ser lembrado que a honestidade, a humildade e a dedi­ 
cação são requisitos de ordem moral, igualmente indispensáveis a todo trabalho dessa natu­ 
reza. 

1ª. Parte: COMO LER 
José Carlos Bruni 
COMO LER 
SUGESTÕES PARA UMA PRÁTICA PRODUTIVA DA LEITURA 
Aprende­se a mecânica de ler aos sete anos de idade. No entanto, a leitura, concebida como 
instrumento de compreensão de uma idéia, é processo bem mais complexo. Seu aprendiza­ 
do não pode ser fixado numa idade determinada e o aprimoramento da técnica de leitura é 
tarefa de toda uma vida. 
Vamos tratar aqui de alguns  aspectos mais  importantes dessa técnica e de  modo extrema­ 
mente esquemático. 
O esquema aqui proposto aplica­se, sobretudo aos textos de Ciências Humanas. 
A leitura é exercida sobre um texto, nome genérico para toda e qualquer porção de lingua­ 
gem escrita. As dimensões do texto são variáveis. Textos podem ser: uma obra inteira, com 
vários volumes; um livro inteiro; uma parte de um livro, com vários capítulos; um capítulo 
de um livro; um item de um capítulo; às vezes, uma página apenas, mas de conteúdo bas­ 
tante rico. 
O texto científico, caracterizado por um certo rigor de pensamento e expressão, uma certa 
ordem na concatenação das idéias e pela demonstração das afirmações, comporta uma leitu­
ra interna e uma análise externa. A leitura interna atém­se ao que o texto diz explicitamen­ 
te. A análise externa utiliza dados que não aparecem no texto, mas que o explicam. 

1. LEITURA INTERNA 
1.1 A idéia básica 
Ler  é,  fundamentalmente,  o  ato  de  apropriação  da  idéia  central  do  texto,  isto  é,  da  idéia 
principal, básica, que contém a essência do texto. 
Este  deve  ser  o  princípio  que  deve  nortear  toda  leitura.  Todos  os  outros  princípios  estão 
subordinados a este e devem contribuir para a sua realização. 
A  idéia  básica  não está  localizada em um ponto perfeitamente  identificável do texto. A i­ 
déia básica anima o texto inteiro, podendo transparecer mais claramente em certas frases do 
que em outras. Há certos trechos mais “quentes” em que certas frases são muito importan­ 
tes. Mas a leitura desses trechos não é suficiente para produzir a idéia básica do texto. 
Tendo em vista essas considerações, podemos tentar fixar a primeir a regra da técnica da 
leitura: 
LER  INICIALMENTE  O  TEXTO  INTEIRO,  PARA  OBTER  UMA  VISÃO  DE 
CONJ UNTO DO TODO. 
Nesta leitura, deve­se procurar prestar atenção apenas para o importante, deixando­se de lado 
os pormenores, o que não é essencial, como exemplos, repetições, dados ilustrativos, etc. 
Terminada  esta  primeira  leitura,  necessariamente  a  mais  superficial,  é  interessante  tentar 
fazer,  mentalmente  ou  por  escrito,  um  apanhado  geral  das  idéias  que  se  revelaram  mais 
salientes, que  mais chamaram a atenção, das  idéias que  formam um conjunto global, sem 
consultar o texto novamente. Essa idéia geral será o guia para os passos restantes do traba­ 
lho. 
1.2 As idéias secundárias 
Como vimos, a idéia básica percorre o texto inteiro, isto é, ela não se apresenta de chofre, 
mas é o desenrolar ordenado do discurso, são as partes sucessivas do discurso que formam 
a idéia básica. A idéia vai estruturar o texto, vai comandar a articulação das várias partes do 
texto. 
Em geral, todo texto encontra­se dividido em várias partes, cada uma contendo uma idéia, 
não a central, mas as idéias secundárias, acessórias, que ser vem de apoio para a idéia cen­ 
tral. As partes que se sucedem no texto estão relacionadas entre si de um modo determinado 
e é este modo de relacionamento das diversas partes entre si que chamamos de estrutura de 
um texto. 
Com isto podemos formular a segunda regra da leitura: 
NA  SEGUNDA  LEITURA,  PROCURAR  IDENTIFICAR  AS  PARTES  DO  TEXTO 
QUE  CONTÊM  AS  IDÉIAS  SECUNDÁRIAS,  BEM  COMO  O  MODO  COMO  ES­ 
TÃO RELACIO NADAS.
Esta leitura, já mais aprofundada do que a anterior, deve prestar mais atenção aos pormeno­ 
res,  aos  elementos  subordinados  à  idéia  central,  como os  exemplos,  os  dados  ilustrativos, 
etc... Deve­se verificar quais são os vários temas tratados, como de um se passa ao outro. 
1.3 Os conceitos 
As partes de um texto, por sua vez, são com postas de vários elementos, que podemos cha­ 
mar, de maneira geral, de conceitos, entendendo­se com isso as idéias mais elementares de 
um texto. São como que os tijolos de uma casa, assim como as partes corresponderiam aos 
vários cômodos dela. A análise do texto deve chegar aos conceitos que o constituem. Daí a 
terceira regra de leitura: 
UMA  TERCEIRA  LEITURA  DO  TEXTO  DEVE  APRENDER  OS  VÁRIOS  ELE­ 
MENTOS COMPONENTES DAS DIFERENTES PARTES, OS CONCEITOS. 
Trata­se, evidentemente, da leitura mais cuida dosa, mais minuciosa. Não é imprescindível 
ter­se em mente — a cada momento — a idéia básica, mas sim deve­se tentar compreender 
as minúcias das idéias, ou antes, os elementos mínimos de que estão formadas. Procura­se, 
então,  determinar  o  sentido  de  cada  palavra,  servindo­se  das  indicações  dadas  no  próprio 
texto. 
1.4 Os níveis de texto 
A leitura interna de um texto deve portanto captar sua idéia básica e seus conceitos. Trata­ 
se de um movimento que parte do mais geral, do mais global, para terminar no mais parti­ 
cular, no mais elementar. Podemos chamar a idéia básica, a estrutura e os conceitos de ní­ 
veis de texto. A  leitura correta é aquela que consegue apreender os vários  níveis do texto 
sem confundir um com o outro. Há outros níveis — menos importantes — mas que convém 
conhecer para não se imaginar que todo texto tenha apenas aqueles mencionados. Quando 
num  texto  predomina  a  intenção  polêmica,  por  exemplo,  devemos  tomar  cuidado  com  os 
recursos de estilo, como a ironia, para não confundir o que o autor afirma com aquilo que 
ele próprio critica. 
Em suma, deve­se ler um texto científico três vezes. A primeira leitura deve apreender  
a idéia básica, a segunda deve procurar as par tes e sua concatenação, a terceira deve 
fixar os conceitos. 
Observação: A prática constante de leitura de textos científicos vai aos poucos dispensando 
o lei tor das leituras obrigatórias; com o treino e o tempo, já numa primeira leitura pode­se 
distinguir  com  bastante  segurança  os  vários  níveis  do  texto.  Para  o  principiante,  porém, 
estudar um texto significa lê­lo no mínimo três vezes. 

2. ANÁLISE EXTERNA 
Todo o texto está inserido num contexto. Ao contrário do texto, o contexto é invisível, isto 
é, não está diretamente presente ao  leitor. O contexto deve ser procurado, pesquisado, re­ 
construído. 
Contexto é o conjunto dos elementos que cercam, de algum modo, o texto. O contexto lógi­ 
co é composto pelos elementos de ordem intelectual que envolvem o texto. Tudo aquilo que 
antecede logicamente o texto e de que o texto depende pode ser chamado de os pressupos­
tos  do texto. Todas  as  conseqüências  que  o texto  acarreta, tudo  aquilo  a  que  o texto  leva 
pode ser chamado de as implicações do texto. 

PRESSUPOSTOS — TEXTO — IMPLICAÇÕES 

CONTEXTO 
O contexto histórico  indica o conjunto de acontecimentos fatos de ordem política, econô­ 
mica e social — que determinam o contexto do texto. Todo o texto tem uma data — a data 
da sua produção — que o marca como produto de uma história e de uma época. O contexto 
histórico ilumina esta temporalidade do texto. 
O trabalho do texto exaustivo ou total deve dar conta da estrutura interna do texto (= com­ 
preensão das idéias manifestadas no texto), bem como da situação histórica (=compreensão 
dos fatores determinantes do texto, que se situam fora dele). 
Só depois de compreendido, um texto pode ser discutido, criticado, aceito ou rejeitado. 

2ª. Parte: COMO ESCREVER 
José Aluysio Reis de Andrade 
SUGESTOES PARA COMO ESCREVER 
Advertência Preliminar: 
A redação de textos científicos apresenta um certo número de exigências que são anteriores 
a qual quer tipo de estudo sério e que são aqui enumera das apenas a título de lembrete. Em 
primeiro  lugar,  supõe  o  pleno  domínio  da  língua  vernácula,  isto  é,  exige  conhecimentos 
gramaticais básicos, sobretudo de regência, de concordância, de ortografia, de pontuação e 
o uso adequado das orações, dos períodos e dos parágrafos. Em segundo lugar, requer um 
razoável domínio do vocabulário, pelo menos, daquele usado pelos meios de comunicação, 
o que permite às pessoas se expressarem com alguma fluência. 
Por fim, requer o conhecimento do assunto sobre o qual se vai discor r er. 

A REDAÇÃO 
Considera­se aqui redação todo texto de sentido completo, encarado quanto à sua produção, 
ou seja, como trabalho a ser executado. Toda redação compõe­se basicamente de três par­ 
tes: de uma introdução, de um desenvolvimento e de uma conclusão. 
1. A Introdução 
A introdução tem as seguintes funções: 
1.1 A primeira é a de apresentar o tema sobre o qual se vai escrever. Uma vez proposto, ou 
escolhido, o tema, ou o assunto, deve ser  feito um cuidadoso exame de sua  formulação e 
dos seus ter mos, para se chegar a sua compreensão bem clara, através do levantamento de
todas as idéias implicadas. Aqui deve ser aplicado o que foi recomendado no COMO LER. 
Tal exame leva a um certo número de interrogações, que são os problemas que devem ser 
respondidos pela redação e que constituem a própria razão de ser da situação criada. A se­ 
guir, e ainda antes de se dar início à redação, deve­se procurar reunir todos os dados e in­ 
formações de que se dispõe  sobre o assunto, procurando­se  mobilizá­los para as questões 
levantadas. Há casos em que essa operação é feita  mentalmente (por exemplo, uma prova 
sem  consulta). Há outros, em que se tem que recorrer a anotações e à bibliografia (por e­ 
xemplo, uma prova com consulta ou um trabalho a ser feito fora da escola). Essa primeira 
etapa é de muita importância pois já se chegou a dizer que a boa compreensão de um tema 
representa mais de cinqüenta por cento do seu desenvolvimento. Só com o auxilio dessa ope­ 
ração é que é possível enfrentar­se diretamente o tema, evitando­se exposições paralelas lon­ 
gas e, com ele confusamente relacionadas, mesmo quando “se sabe tudo sobre o assunto”. 
1.2 A segunda função da introdução é a de indicar de forma esquemática como o assunto 
vai ser desenvolvido, ou seja, dar uma idéia da ordem em que a exposição foi organizada. 
Com  efeito,  toda  exposição  é  composta  de  partes  que,  conforme  a  sua  extensão,  exigem 
uma  indicação gráfica, com títulos ou sub­títulos ou um sistema de  numeração. Nas reda­ 
ções mais curtas os próprios parágrafos servem para esse fim. Esse esquema serve ao leitor 
e, explicito ou não, é indispensável como orientação para quem escreve. 
1.3 A terceira função da introdução é a de indicar de forma sumária o método e o material 
que foi utilizado. Essa indicação depende muito da disciplina (ou ciência) e do tipo de tra­ 
balho.  No  nível  em  que  se  situam  as  presentes  recomendações,  é  suficiente  dizer­se,  por 
exemplo, que foi feita uma análise interna de um texto, ou o levantamento de dados foi fei­ 
to através de questionários, de entrevistas ou que, simplesmente, foram utilizadas as aulas e 
determinado(s)  livro(s)  indicado(s)  pelo  professor.  Em  trabalhos  originais  resultantes  de 
uma pesquisa científica, as exigências são muito mais complexas, por exemplo, os números 
2° e 3° estão intimamente relacionados. 
Enfim, a boa introdução questiona o tema, transforma­o numa interrogação e num desafio. 
O que vem depois é a resposta. 
Em resumo: a introdução deve enunciar de forma clara o tema que é proposto; deve indicar 
como o mesmo vai ser desenvolvido e deve mencionar de forma sucinta o método e o mate­ 
rial utilizado. 
2. O Desenvolvimento 
O desenvolvimento é o corpo do trabalho, é a dissertação propriamente dita. É onde se pro­ 
cura responder às questões levantadas na introdução, segundo o plano aí traçado, o que de­ 
ve resultar em uma seqüência concatenada de idéias. Na primeira parte deste folheto, pro­ 
curou­se indicar a melhor forma de se ler um texto. Aqui se deve pensar na melhor forma 
de produzir um texto. Há evidente mente um paralelismo entre as duas coisas. Em ambos os 
casos trata­se de textos científicos. O tipo de exigência é a mesma. Quem escreve um texto 
tem que se preocupar com o desenvolvimento de uma idéia básica, através de idéias secun­ 
dárias e através de conceitos. Só que quem escreve, além de atender às exigências lógicas 
de  estruturação, tem  a  obrigação  de  supor  que  escreve  para  um  leitor,  isto  é,  que o texto 
deve ser entendido por outras pessoas. Em qualquer caso, deve­se esquecer que o tema foi 
pro posto por um professor, por exemplo. Deve­se antes pensar em um texto a ser lido por
qualquer  pessoa  interessada.  E  para  se  fazer  entender  é  necessário  que  a  escrita  seja  sim­ 
ples, clara e direta. 
Outra exigência a ser atendida na redação é a linguagem científica. Cada ciência tem o seu 
vocabulário próprio, que vai sendo assimilado aos poucos, até se atingir o ideal de precisão 
e rigor De qualquer forma, a escrita científica tem as suas próprias exigências que não de­ 
vem ser confundidas nem com a obscuridade, nem com o pedantismo. 
Do ponto de vista prático, recomenda­se fazer um rascunho da redação, seguindo o esque­ 
ma traça do. Proceder­se a uma rigorosa revisão para se  verificar se o que se pretendeu e 
planejou  foi  efetivado.  A  seguir  proceder­se  às  correções  necessárias  e  só  então  passar  à 
forma definitiva. 
Em resumo: o desenvolvimento é o corpo da redação. procure desenvolver uma idéia cen­ 
tral de acordo com um plano previamente traçado e de maneira direta, clara e coerente. 
3. A Conclusão 
A função da conclusão é relacionar, de for ma resumida e precisa, o problema colocado na 
1 O problema do vocabulário técnico vai  ser discutido a seguir em:  A TERMINOLOGIA 
CIENTÍFICA E O USO DOS DICIONÁRIOS. 
introdução com o que foi exposto no desenvolvimento. Deve­se procurar relacionar os re­ 
sultados  a  que  se  chegou  na  exposição,  com  a  questão  básica  proposta  na  introdução,  de 
forma que o leitor fique com uma idéia global do que acabou de ler. 
Em resumo: a conclusão deve procurar articular a introdução e o desenvolvimento, para que 
o leitor guarde um esquema mais ou menos nítido do que acabou de ler. 
Observação: Depois da conclusão, deve ser relacionada detalhadamente a bibliografia usa­ 
da, segundo as normas descritas logo a seguir. 
A  redação  —  Em  resumo:  r edigir,  no  sentido  aqui  usado,  é  apresentar  claramente 
uma idéia, transfor má­la em problema, desenvolvê­la em  seus vários aspectos e con­ 
cluir apr esentando soluções para as questões levantadas. 

BIBLIOGRAFIA E COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA 
Bibliografia, de uma maneira geral, é o conjunto de obras a respeito de um autor ou a res­ 
peito de um assunto. Uma bibliografia compreende um certo número de obras fundamentais 
— como é o caso dos escritos de um autor estudado e um certo número de obras ou artigos, 
em revistas técnicas, que procuram esclarecer aspectos dessas obras básicas ou que comple­ 
tam aspectos dos assuntos trata dos. É impossível pretender­se um conhecimento em nível 
científico  de  um  determinado  assunto,  sem  um  bom  domínio  de  bibliografia  básica  e  um 
razoável  domínio  da  bibliografia  complementar.  Os  chama  dos  manuais  são  obras  gerais 
com fins didáticos. Servem de introdução e são muito úteis para se alcançar uma visão geral 
do assunto científico em es tudo, mas em hipótese alguma podem substituir as obras bási­ 
cas. Esquematicamente, a bibliografia pode ser separada em: 
q  BIBLIOGRAFIA BÁSICA — incluindo textos originais ou obras fundamentais pa­ 
ra o estudo de determinado autor ou problema.
q  BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ­ estudos especiais 
q  BIBLIOGRAFIA AUXILIAR ­ compreende os manuais e obras equivalentes 
q  OBRAS DE REFERÊNCIA ­ compreende os vocabulários e os dicionários especia­ 
lizados, etc. 
Os livros por si só, não possuem a agilidade necessária ao acompanhamento da extensão, da 
rapidez e da complexidade da pesquisa, em nossos dias. Por outro lado, é impossível fazer­ 
se ciência cru completo isolamento. Por isso, são  instrumentos cada vez  mais  importantes 
de comunicação científica os artigos publicados nos periódicos e revistas especializadas, o 
mesmo acontecendo com os congressos científicos, ou hoje mais comumente, reproduzidos 
ou  indicados  pela  Internet.  Finalmente,  deve  ser  acrescentado  que  uma  das  funções  dos 
manuais, antes  mencionados, é a indicação de boa bibliografia sobre os assuntos tratados, 
sem  falar  nas  publicações  orientadas  especialmente  para  a  atualização  bibliográfica  e  nos 
centros de documentação e informação científica, quase sempre constando da Internet. 
Em  resumo: bibliografia é o conjunto de obras a  respeito de um autor ou de um as­ 
sunto e a comunicação científica se faz por meio de revistas, de congressos e de centros 
de documentação e informação científica e pelos modernos recur sos da infor mática. 

SUGESTOES PARA OS APONTAMENTOS 
A técnica do apontamento ou da anotação ou do fichamento é um dos instrumentos auxilia­ 
res  in dispensáveis ao trabalho científico. Trata­se aqui principalmente do problema do  a­ 
pontamento de leituras e não de aulas, embora haja muita coisa em comum entre ambos. Na 
verdade,  ninguém  pode  confiar  à  memória  todos  os  elementos  das  leituras  feitas  e  nem 
mesmo é conveniente que o faça. O esforço de memorização é algo que não tem mais lugar 
na vida intelectual de nossos dias. O que realmente importa é dispor­se, a qualquer momen­ 
to, de resumos de leituras feitas, mas escritos e organizados de tal forma que não seja ne­ 
cessário refazê­los. O processo de anotação é basicamente uma técnica de reprodução, que 
economiza tempo e trabalho e só tem sentido se alcançar realmente tais objetivos. O bom 
apontamento  permite,  por  exemplo,  que  feita  a  leitura  de  determinada  obra  no  inicio  do 
curso, não seja necessário repeti­la por ocasião de uma prova a ser realizada no fim do se­ 
mestre. Mas o “econômico” não é o único aspecto importante dos apontamentos ou ficha­ 
mentos. Com efeito, cada dia vai­se tornando mas difícil a posse de livros técnicos e mais 
ainda de revistas especializadas. Por outro lado, as bibliotecas, pelo grande número de con­ 
sulentes, permitem um uso muito limitado do material bibliográfico. Por isso, o uso de ano­ 
tações  é  um  recurso  insubstituível,  para  o  professor  e  para o  investiga  dor.  Isso  não  quer 
dizer que o fichamento substitua, em todos os casos, a leitura direta dos textos. Há obras de 
conteúdo  tão  rico  que  a  cada  nova  leitura  têm  algo  de  novo  a  oferecer.  Um  instrumento 
paralelo a ser usado, juntamente com as anotações, quando possível, é o xerox, ou o uso do 
computador, de alguns trechos mais significativos das obras, dos artigos ou dos textos, em­ 
bora se deva obedecer as  limitações  impostas pela  legislação vigente. E uma combinação 
interessante, mais viva e de muito bons resultados. O guia para anotações é o mesmo que 
foi descrito na parte COMO LER deste folheto. A boa anotação ou resenha, obviamente, só 
é possível depois de uma boa leitura, isto é, depois de se ter conseguido uma compreensão 
global do texto. Uma prática muito comum, e completamente inoperante de anotação, con­
siste  em  resumir,  cada  parágrafo,  logo  na  primeira  leitura,  sem  antes  se  ter  uma  idéia  de 
conjunto do texto. 
É preciso também, que se lembre que o sistema de apontamentos acaba adquirindo, a partir 
de certas normas gerais, uma fisionomia pessoal. Com a prática continuada, cada um acaba 
descobrindo certos macetes que se tornam de grande utilidade. 
Por fim, nunca é demais dizer que os apontamentos não se podem constituir numa reprodu­ 
ção literal do texto original, numa simples cópia, pois, sendo muito extensos, nada mais são 
do que uma sobrecarga inútil. Mas, por outro lado, não podem também ser, a tal ponto re­ 
sumidos, que não oferecem mais do que uma imagem muito pálida do original. Anotar cor­ 
responde a um trabalho de reprodução que é tanto mais eficaz quanto representa realmente 
um esforço pessoal de síntese. 
Em resumo: Os apontamentos devem re produzir, de forma cômoda, as idéias centrais 
do texto e de molde a dispensar novas e fr eqüentes consultas. 

A TERMINOLOGIA CIENTÍFICA E O USO DOS DICIONÁRIOS 
Vocabulário  científico  é  o  conjunto  de  termos  usados  por  uma  ciência,  para  expor  o  seu 
sistema  de  conhecimentos  ou  para  comunicar  as  suas  novas  descobertas.  Os  termos  são 
aquelas  palavras  que,  com  um  determinado  significado,  se  tornaram  de  uso  corrente,  em 
determinada  especialidade  científica.  Daí,  a  designação  de  terminologia  científica.  E  toda 
ciência tem a sua. Os termos científicos podem ser recolhidos da linguagem comum, podem 
ser tomados de uma ciência afim ou podem ser criados. Estes são os neologismos científi­ 
cos, que são cria dos quando não há  linguagem comum ou nas ou trás ciências um termo 
capaz de comunicar, de for ma precisa, aquilo que se quer representar ou quando o termo 
eventualmente utilizável se pode prestar a interpretações ambíguas. Sociedade é um exem­ 
plo de termo da linguagem comum, usado pelos cientistas sociais. Já macro­economia é um 
termo inventado pelos economistas. O que permite distinguir o uso que se está fazendo de 
um determinado termo é o seu significado. Assim, um mesmo termo pode comportar mais 
de  um  significado.  Dentro  de  uma  mesma  ciência,  pode  haver  usos  diferentes  do  mesmo 
termo, conforme as épocas ou conforme os autores. Daí se  indispensável, ao se  iniciar  no 
estudo de qualquer ciência, o uso freqüente dos vocabulários técnicos. São obras de consul­ 
ta, que constituem o repositório dos termos mais usados por uma ciência, com os respecti­ 
vos significados e suas variações. Não se podem confundir essas obras com os dicionários 
comuns. Estes podem dar uma noção geral de uso científico de um termo, mas para uso de 
leigos. Pode ocorrer que o interessado não conheça nem o uso comum de um termo, o que 
vem dificultar a sua compreensão do significado técnico. Nesse caso, é aconselhável que se 
consulte  primeiro  o  dicionário  de  língua  portuguesa,  para  depois  passar­se  à  consulta  do 
dicionário  especializado.  Como  os  demais,  os  dicionários  especializados  compõem­se  de 
verbetes (a cada termo corresponde um verbete), em geral, organizados em ordem alfabéti­ 
ca. Além disso, o verbete apresenta mais de um significado para cada termo. Esses vários 
significados são dispostos, dentro  do verbete, na ordem de sua generalidade. Em primeiro 
lugar, o significado  mais geral, que aparece antecedido de um —A—. É o significado  — 
A— para efeito de citação. Depois seguem­se os significados particulares —b—, —c—, — 
d—, etc...
Em resumo: Para o estudo de qualquer ciência é necessária a familiarização com o seu 
vocabulário técnico, além dos textos, o r ecurso auxiliar recomendado é o uso freqüen­ 
te dos vocabulários ou dicionários especializados. 

CONVENÇÕES MAIS COMUNS DOS TEXTOS CIENTÍFICOS 
Relacionamos a seguir um certo número de práticas e de sinais convencionais, que são usa­ 
dos nos textos científicos, com o fim de facilitar os trabalhos de citação, de referência bi­ 
bliográfica e de fontes. 
Há citação quando se intercalam no próprio texto, trechos de obras ou de escritos de outros 
autores.  A  primeira  regra  da  citação  é o  uso  de  aspas,  quando  esta  citação  não  ultrapassa 
mais de três (3) linhas dentro do texto; quando isso ocorre, o trecho deve ser recuado, digi­ 
tado em corpo menor (tamanho da fonte) e excluído o uso das aspas. 
Já quando o trecho citado estiver em idioma diferente do usado no texto, deve­se destacar a 
citação da seguinte forma: 
­ no texto; entre aspas, em itálico; 
­ com recuo; corpo menor, em itálico. 
Outra regra da citação é a indicação do nome do autor da obra citada, deve figurar somente 
o sobrenome, o ano e a página, (MORAES, 1980, p.l5), 
se, no entanto, o autor vier fora do parênteses, deve constar assim Moraes, (1980, p.l.5). O 
nome da obra, bem como a imprensa (Local e Editora) só apare cem completos, e com des­ 
taque para o título, em negrito ou itálico, ao final do trabalho, arrolados em ordem alfabéti­ 
ca única com o título de Referências, devendo constar desta  lista, somente as obras efeti­ 
vamente citadas no texto. Para as demais obras que foram lidas, porém não citadas, podem 
ser divulgadas, após as Referências, em uma lista, também em ordem alfabética única, com 
o nome de Bibliografia consultada. 
As notas de Rodapé (devem ser reduzidas ao’ mínimo possível), são reservadas ao autor do 
trabalho para que este informe ao leitor, algo que não possa ser inserido no texto. Quando 
se  fizer  necessário o uso de Referência  no Rodapé, esta deve  figurar completa  na  lista de 
Referências ao final do trabalho. 
O sistema de chamada deve ser numérico: (1), (2), etc. 
Muitas vezes, não se faz uso literal do texto, mas procura­se reproduzir, com as próprias pa­ 
lavras, as idéias aí contidas. Não se trata, então de uma citação, mas de uma paráfrase, que 
em vista disso, não exige destaque. Mas, mesmo em tais casos, é de boa norma localizar­se o 
que foi utilizado, com o mesmo procedimento que foi adotado para a citação literal. 
Existem alguns termos, expressões e abreviaturas latinas, abaixo relacionadas, que, embora 
sejam de uso comum, devem  ser evitadas, pois, quando são muito utilizadas, dificultam  a 
leitura.  Às  vezes,  é  preferível  repetir  a  indicação  das  fontes  bibliográficas  tantas  vezes 
quantas forem necessárias. 
Ex.: Ibidem ou Ibid = na mesma obra 
Idem ou Id do mesmo autor
Loc. cit.= no lugar citado 
Passim = aqui e ali; em vários trechos ou passagens 
Havendo intercalação de outras notas, usa­se a expressão op.cit. para se referir à obra citada 
anteriormente na mesma página. Para fazer referência a trabalhos de outros autores ou notas 
do  mesmo  trabalho,  usa­se  a  abreviatura  Cf.  (Cf.  nota  5  deste  capítulo).A  abreviatura  da 
palavra página convencionou­se p. (singular ou plural). 
Usa­se  a  expressão  sic.  (do  latim,  assim  mesmo),  quando  houver  necessidade,  depois  da 
citação, para lembrar que não houve nenhum engano de transcrição, e que seus termos são 
esses mesmos.

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