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u NICEUMA

Equipe EAD
@ VIRTUAL

Equipe EAD

REITORIA
Profª. Ms. Cristina Nitz da Cruz

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
Prof. Ms. Marcos Barros

COORDENAÇÃO GERAL
Ricardo Teodoro Martins

ASSESSORIA PEDAGÓGICA
Sandra Regina Pinto Pestana

DESIGN INSTRUCIONAL
Samira Santana Dias

REVISÃO TEXTUAL
Aricinara Porto O’Farrell

SUPERVISÃO DE TUTORIA

Equipe EAD
Keila Gerude Ferreira Botelho

DESIGN GRÁFICO
João Mário Chaves Júnior
u NICEUMA
@

Apresentaçã
VIRTUAL

Apresentação

Olá estudante! Seja bem-vindo (a)

Você está iniciando mais uma disciplina do curso de Administração


na modalidade de Educação à Distância. Trata-se da disciplina de Direito
Empresarial.
O Direito é uma Ciência humana que está diretamente ligada a todos os
aspectos da vida humana em sociedade. Sua tarefa essencial é de estabelecer
critérios que delimitarão os direitos e deveres dos indivíduos, tornando possível a
convivência harmoniosa de todos. Os interesses individuais são podados e medidos
na proteção das necessidades coletivas.
Os diversos ramos do Direito tratam de áreas específicas, sobre as quais
esta Ciência se ocupa, no sentido de alcançar todas as nuances de uma sociedade.
Torna-se indispensável, a qualquer pessoa, independentemente de sua formação,
o conhecimento dos principais ditames do Direito, uma vez que este se encontra

Apresentação
latente em todos os níveis da estrutura de nossa sociedade.
A verdade é que o Direito é um marco onde encontramos nossos limites
básicos, tanto em relação às obrigações assumidas perante a sociedade, quanto aos
direitos exercitados no dia-a-dia.
Neste contexto, considera-se que os acadêmicos do Curso de Administração
precisam buscar conhecimentos essenciais sobre o universo do Direito, pois este
definirá os parâmetros fundamentais da atividade do administrador.
A disciplina Direito Empresarial tem sua importância destacada no sentido
de que trata especificamente da regulamentação da atividade do empresário e as
relações jurídicas que envolvem os interesses relacionados à mercancia.
O Direito Empresarial, hoje, se encontra regido e organizado por diversas
legislações infraconstitucionais, dentre elas, destaca-se o Código Civil que contém
as principais diretrizes da atividade empresarial.
Nesse sentido, o objetivo é apresentar os principais conceitos inerentes ao
Direito e especialmente, os institutos e conceitos relativos ao Direito de Empresa.
Assim, convido você, a iniciar este estudo e alcançar as ferramentas básicas
para a compreensão dos aspectos legais da atividade do administrador.
Seja bem-vindo (a) ao processo pela busca do saber, onde você é um
sujeito ativo e o professor um mediador, e que juntos, possamos estabelecer uma
cumplicidade valorizada por curiosidade, motivação e exigência, propiciando a
finalidade principal do ensino universitário: o exercício da crítica na pesquisa, no
ensino e na extensão.
presentaçã Lembro que todas as orientações para a formatação e uniformização dos
trabalhos acadêmicos estão apresentadas e seguem os critérios da ABNT - Associação
Brasileira de Normas Técnicas, através das Normas Brasileiras Regulamentadoras
- NBRs 6.023 (Referências) e 10.520 (Citações), como aqueles definidos pelo
UNICEUMA.

Bons estudos!

Professor Conteudista Alexander Rodrigues Ferreira


Advogado e Professor
Apresentação
u NICEUMA
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Sumário

APRESENTAÇÃO ...................................................................................................03

MÓDULO I – DIREITO CONSTITUCIONAL E


DIREITO CIVIL
1 DIREITO E MORAL, LEI, ESTADO E DIREITO CONSTITUCIONAL ...08
1.1 Distinção entre Direito e Moral .........................................................................08

Sumário
1.2 Divisão Clássica do Direito ................................................................................08
1.3 Fontes do Direito .................................................................................................09
1.4 Norma Jurídica (Lei em sentido amplo) ...........................................................10
1.5 Igualdade Formal e Igualdade Material .............................................................12
2 DIREITO CIVIL .................................................................................................................13
2.1 Personalidade Civil ...............................................................................................13
2.2 Capacidade Civil ...................................................................................................14
2.3 Fatos Jurídicos ......................................................................................................15
2.4 Contratos ...............................................................................................................17

MÓDULO II – DIREITO DO CONSUMIDOR E


DIREITO EMPRESARIAL
1 DIREITO DO CONSUMIDOR ...................................................................................20
2 DIREITO EMPRESARIAL ..........................................................................................22
Sumário
MÓDULO III – DIREITO SOCIETÁRIO
1 SOCIEDADES EM ESPÉCIE ........................................................................................28
2 OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS .......................................................................................34

MÓDULO IV – TÍTULOS DE CRÉDITO,


FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO
1 TÍTULOS DE CRÉDITO ................................................................................................36
1.1 Letra de Câmbio ...................................................................................................38
1.2 Nota Promissória .................................................................................................41
1.3 Cheque ...................................................................................................................42
1.4 Duplicata ................................................................................................................45
2 FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO ...................................................................................47
2.1 Falência ....................................................................................................................47
2.2 Recuperação Judicial .............................................................................................50
2.3 Recuperação Extrajudicial ....................................................................................51

REFERÊNCIAS ............................................................................................................52
Sumário
Sumário
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Módulo

Direito Constitucional e
Direito Civil
Direito Empresarial

1 DIREITO E MORAL, LEI, ESTADO E DIREITO CONSTITUCIONAL

Direito é um fenômeno de origem natural que está diretamente associado ao relacionamento de seres
vivos com interesses conflitantes. Não se trata de um fenômeno restrito à espécie humana, mas que abrange
os seres vivos em geral; sendo conseqüência das relações entre interesses antagônicos desde o surgimento da
vida até os tempos de hoje. É o resultado da combinação de determinados elementos.
Não se chega à essa constatação buscando-se o significado etimológico da palavra Direito, mas sim
analisando o objeto, o fato ao qual ela se refere. Tal fato é a regulamentação das condutas dos indivíduos
em permitidas ou proibidas, ou seja, regulamentação de ações; e como toda ação é efetuada no sentido de
satisfazer à um interesse, pode-se dizer que o fato ao qual a palavra Direito se refere é a regulamentação de
interesses.
Por viver em sociedade, a ação de um homem interfere na vida de outros homens, provocando,
consequentemente, a reação de seus semelhantes. Para que essa interferência de condutas tivesse um sentido
construtivo, foi necessária a criação de regras capazes de preservar a paz no convívio social. Assim, nasceu
o Direito, sendo fruto da necessidade de se estabelecer um conjunto de regras que proporcionasse ordem à
vida e aos interesses da sociedade. Afinal, nenhuma sociedade subsistiria sem um mínimo de ordem, direção
e solidariedade.
Nesse sentido, considera-se que o convívio em sociedade é essencial ao homem, e que nenhuma
sociedade funcionaria sem a adoção de regras do Direito.
Por isso, afirmavam os antigos romanos, ubi societas, ibi jus – onde houver sociedade, aí existirá o
Direito.

1.1 Distinção entre Direito e Moral

O Direito surgiu para regular a convivência, impedir e solucionar os conflitos de interesse que se
apresentavam na vida cotidiana da sociedade.
Assim, o Direito não poderia desenvolver suas práticas sem ter como principal fundamento os valores
adotados como padrão na sociedade que visava regulamentar. Dessa forma, observa-se que o Direito e a
Moral devem caminhar juntos. Verdadeiramente, a Moral servirá de esteio ideológico para o Direito.
O Direito é a organização jurídica de uma sociedade, o conjunto de princípios, normas e instituições
que tem por finalidade manter a harmonia social (evitar e solucionar conflitos). A Moral é o conjunto de
valores e condutas aceitas como padrão em uma sociedade.

1.2 Divisão Clássica do Direito

O Direito pode ser dividido em diversos ramos que englobam suas áreas, com base no seu objeto
tutelado (bem jurídico protegido), sua influência, a participação da sociedade e o envolvimento das entidades
de caráter público e privado. Os principais ramos do Direito são:

a) DIREITO PÚBLICO - é o conjunto de ramos do Direito que regulamenta a atividade do Estado


(poder público), suas atividades de gestão e sua relação com os indivíduos. Principais ramos do Direito
Público:
• DIREITO CONSTITUCIONAL.

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Curso de Graduação em Administração a Distância

• DIREITO ADMINISTRATIVO.
• DIREITO PENAL.
• DIREITO TRIBUTÁRIO.
• DIREITO PROCESSUAL.
• DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO.

b) DIREITO PRIVADO - é o conjunto de ramos do Direito que estuda e organiza as relações entre
os indivíduos em uma sociedade, ocupando-se dos interesses particulares de cada um. Principais ramos do
Direito Privado:
• DIREITO CIVIL.
• DIREITO DO TRABALHO.
• DIREITO EMPRESARIAL.
• DIREITO DO CONSUMIDOR
• DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO.

c) DIREITO POSITIVO - é o conjunto de normas que se encontra codificado, ou seja, registradas


em um documento escrito.

d) DIREITO NATURAL - são as normas que surgem da própria evolução histórica da sociedade
sem que tenham passado por um processo de codificação.

e) DIREITO NACIONAL - é o conjunto de normas internas de cada Estado.

f) DIREITO INTERNACIONAL - é o conjunto de normas criadas em conjunto por diversos


países ou organizações internacionais, e as normas nacionais de cada Estado em relação ao outro.

g) DIREITO OBJETIVO - é o conjunto de todas as normas criadas de forma geral e abstrata, o que
permite sua aplicação a qualquer indivíduo.

h) DIREITO SUBJETIVO - consiste na aplicação da norma a cada indivíduo em cada situação


específica.

1.3 Fontes do Direito

A palavra fonte tem o significado de lugar de onde a água surge, nasce ou jorra. É nesse sentido
que se diz: a praça desta cidade tem uma bela fonte. Entretanto, vale ressaltar que esta palavra também pode ser
usada num sentido amplo, quando falamos, por exemplo, em fontes do Direito ou fontes da norma jurídica,
querendo saber qual é a origem do Direito, de onde provêm as normas.

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Direito Empresarial

As fontes do Direito admitidas no ordenamento jurídico brasileiro são:

A Lei São as normas jurídicas.


É a produção científica proveniente dos estudos realizados por
Doutrina
pesquisadores de uma área específica do conhecimento.
É o conjunto de decisões reiteradas, sobre determinadas
Jurisprudência
questões, proferidas pelo poder judiciário.
São as condutas reiteradas de uma sociedade. No Brasil é
Costumes
utilizada como medida para a aplicação da lei.
São regras jurídicas escritas ou não escritas, reconhecidas
Princípios Gerais do Direito
universalmente.
Consiste na aplicação da norma específica a um fato semelhante
Analogia
que não possui norma própria.

1.4 Norma Jurídica (Lei em sentido amplo)

Em razão de sua origem, as normas jurídicas, são essencialmente, regras sociais. Isso significa que a
função das normas jurídicas é disciplinar o comportamento social dos homens. No entanto, dizer apenas
isso não é suficiente para caracterizá-las, porque existem diversas outras normas que também disciplinam a
vida social.
Dentre elas, cita-se as normas morais que se baseiam na consciência moral das pessoas. Assim, o que
diferencia as normas jurídicas das demais normas, são aspectos específicos que advêm da própria intervenção
do Estado.

As características das normas jurídicas são:


• Coercibilidade: é a possibilidade da conduta que transgride a norma sofrer coerção, isto é,
repressão, uso da força. Neste contexto, o Estado exerce o seu poder de império para punir o
autor de conduta contrária à norma;
• Sistema imperativo e atributivo: em decorrência da coercibilidade, a norma jurídica assume
uma característica imperativa e atributiva. Imperativa, porque tem o poder de imperar, de impor
a uma parte, o cumprimento de um dever. Atributiva, porque atribui à outra parte, o direito de
exigir o cumprimento do dever imposto pela norma. “O direito de um é o dever do outro”;
• Promoção da justiça: o conteúdo da norma jurídica deve ter como finalidade estabelecer
justiça entre os homens. Justiça é a virtude de dar a cada um o que é seu, solucionando de modo
equilibrado os interesses em conflito.

Nesse sentido e com base nas características examinadas, considera-se que a norma jurídica é a norma
moral, garantida pelo poder de coerção do Estado, com o objetivo teórico de promoção da justiça.
No Brasil existem inúmeras normas jurídicas regulando os mais diversos ramos do Direito. Para que
não haja contradição e dispersão entre essas normas, é preciso que elas integrem um sistema hierarquicamente
organizado. Esse sistema recebe o nome de ordenamento jurídico.
As normas do ordenamento jurídico situam-se em diferentes níveis de hierarquia. É interessante citar
aquela que se pode utilizar como base para o estudo das mais complexas. Podemos representá-la da seguinte
forma:

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Curso de Graduação em Administração a Distância

a) CONSTITUIÇÃO FEDERAL E EMENDAS À CONSTITUIÇÃO - As normas constitucionais


estão no topo do ordenamento jurídico, estando assim, hierarquicamente, superior a todas as demais regras
jurídicas. Nenhuma outra norma pode contrariar um preceito constitucional, sob pena de incorrer no vício
da inconstitucionalidade. Das normas constitucionais devem derivar todas as outras normas.

b) LEIS: LEI COMPLEMENTAR, LEI ORDINÁRIA, LEI DELEGADA E MEDIDA


PROVISÓRIA - Essas quatro normas jurídicas estão no mesmo nível hierárquico. Não há subordinação
entre elas. Diferenciam-se entre si pela matéria e pela forma do processo legislativo. A Lei Complementar
trata de matérias especificamente previstas na Constituição Federal e que exige um maior rigor no formalismo
do processo legislativo, através do quorum mínimo de aprovação da maioria absoluta. (Art. 69 – CF). A Lei
Ordinária trata de matéria não reservada pela Constituição Federal à Lei Complementar e exige um menor
rigor no formalismo do processo legislativo, através do quorum mínimo de aprovação da maioria simples.
A Lei Delegada é elaborada pelo Presidente da República, mediante delegação do Congresso Nacional. A
Medida Provisória tem força de lei e é adotada pelo Presidente da República em caso de relevância e urgência,
mas que tem a necessidade de submissão imediata à apreciação do Congresso Nacional (Art. 62 – CF).
Como já dito, essas quatro normas estão no mesmo patamar hierárquico. Assim, havendo um conflito
entre tais leis, há de se avaliar qual delas extrapolou os limites de competência, previstos na Constituição
Federal. Há de se registrar, porém, que existem juristas que entendem que a Lei Complementar está acima
da Lei Ordinária. Este não é o nosso entendimento, conforme já exposto.

LEI FEDERAL, LEI ESTADUAL E LEI MUNICIPAL:

Também não há, a princípio, hierarquia entre Lei Federal, Lei Estadual e Lei Municipal. Todas estão
no mesmo nível hierárquico. Havendo confronto entre as leis ordinárias nessas três esferas do Poder, há de
se avaliar, também, a competência, legislativa em razão da matéria prevista na Constituição Federal para a
União, Estados e Municípios.
Há de se entender que uma Lei Federal não prevalecerá sobre uma Lei Municipal se a matéria objeto
da norma for da competência do Município e vice-versa.
O Art. 22 da Constituição Federal estabelece que “compete privativamente à União, legislar sobre
direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
sobre desapropriação, águas, energia, informática, telecomunicação e radiodifusão; serviço postal, sistema
monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais; sobre trânsito e transportes; propaganda comercial”
etc. O parágrafo Único desse mesmo artigo prevê a possibilidade da Lei Complementar autorizar os Estados
à legislar sobre questões específicas da União.
O Art. 30 da Constituição Federal estabelece que compete aos Municípios legislar sobre assuntos de
interesse local; a suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; instituir e arrecadar os tributos
de sua competência; organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços
públicos de interesse local, incluindo o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; promover, no que
couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da
ocupação do solo urbano.
Assim, está claro, que uma Lei Federal não poderá regular assuntos que são da competência dos
municípios, bem como uma Lei Municipal não poderá adentrar na esfera legislativa da União.
Extrai-se, daí, que não há hierarquia entre Leis Federais, Estaduais e Municipais. Havendo, porém,
previsão na Constituição Federal para uma competência legislativa concorrente ou comum entre União,
Estados e Municípios, aí sim, poderia se invocar a hierarquização entre as normas federal, estadual ou
municipal.

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Direito Empresarial

O Art. 24 da mesma Constituição estabelece que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal
legislar concorrentemente sobre direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico, sobre
orçamento, juntas comerciais, custas dos serviços forenses, produção e consumo; floresta, caça, pesca, fauna,
conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos materiais, proteção do meio ambiente e controle da
poluição; responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor; educação, cultura, ensino e desporto;
criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; procedimentos em matéria processual;
previdência social, proteção e defesa da saúde; assistência jurídica e defensoria pública; proteção e integração
social das pessoas portadoras de deficiência; proteção à infância e à juventude.
Nesses casos, por serem competências concorrentes, a possibilidade de conflitos é grande. Daí, os
quatro parágrafos que compõem o Art. 24 esclarecem que à União cabe estabelecer “normas gerais”, sem
excluir a “competência suplementar dos Estados”.
Assim, de acordo com o § 1º do referido artigo, uma Lei Federal estará afrontando uma Lei Estadual,
nos casos de competência concorrente, se a União extrapolar os limites de “normas gerais”. Em outras
palavras, nos casos de competência legislativa concorrente, a União não poderá legislar entrando em detalhes,
em particularidades.

c) DECRETOS - Abaixo das Leis, tem-se o Decreto, que é um instrumento legislativo, da competência
do Presidente da República (Art. 84, IV – CF) que serve para aprovar o regulamento da lei, de forma a
possibilitar o fiel cumprimento desta. O Decreto não pode ir além dos limites da lei para alterar ou acrescentar
normas. Os governadores e prefeitos municipais também têm competência para expedir decretos.

d) PORTARIAS e RESOLUÇÕES - Portaria é um instrumento legislativo utilizado pelos auxiliares


diretos dos chefes de Poder Executivo que visam regular as atividades de suas pastas. A Portaria deve estar
em consonância com as Leis e Decretos. Resoluções são deliberações normativas de órgãos colegiados. A
resolução também não pode extrapolar os limites da lei e da competência do órgão que a editar.
No caso específico do Código de Trânsito Brasileiro – CTB, Lei nº 9.503, de 23 de setembro de
1997, o art 12, I, confere competência ao CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO – CONTRAN,
para estabelecer as normas regulamentares referidas no CTB. O CONTRAN exerce essa competência
regulamentar do CTB através de Resolução. O usual, no sistema legislativo brasileiro, é o exercício do poder
regulamentar através de Decreto dos chefes de Poder Executivo.

e) NORMAS INDIVIDUAIS - São normas criadas no exercício das relações sociais entre os
indivíduos e que possuem reconhecimento pelo Direito em razão de autorização expressa da Lei que permite
a eles dispor livremente de seus bens e interesses privados (Exemplos: Contratos, Regimento interno de
condomínios, Estatutos de associações etc.), bem como as sentenças oriundas do Poder Judiciário, prolatadas
como resposta à conflitos que envolvem interesses particulares.

1.5 Igualdade Formal e Igualdade Material

A Constituição Federal estabelece como fundamento para todos os direitos fundamentais o tratamento
igualitário, sem distinções de qualquer natureza. Esse pressuposto embasa todas as esferas do Direito,
bem como a vida cotidiana de todos os cidadãos. A norma constitucional, no entanto, não se esquece das
diferenças biológicas, sociais e econômicas que existem na sociedade.
Em razão disso, quando trata da igualdade entre todos os indivíduos o faz em duas vertentes distintas
que buscam elevar todas as pessoas ao mesmo nível de oportunidades, tanto em direitos, quanto em
obrigações.

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Curso de Graduação em Administração a Distância

Assim, pode-se entender a igualdade sob o prisma da igualdade formal, denominada princípio da
igualdade que define que todos são iguais perante a lei, sendo garantido a todos os indivíduos os mesmos
direitos e a igualdade material, denominada princípio da isonomia, que determina o tratamento igual para
“os iguais” e desigual para “os desiguais”. Neste contexto, a igualdade se dá entre os membros de diversos
grupos sociais que se encontram em situação de desigualdade, possibilitando o equilíbrio entre eles.

2 DIREITO CIVIL

Direito Civil é o ramo do Direito privado, formado pelo conjunto de normas e princípios que
regulamentam a capacidade jurídica das pessoas, a atribuição de direitos e as relações jurídicas referentes à
família, às coisas (bens), às obrigações e a sucessão patrimonial.
A principal fonte das normas do Direito Civil brasileiro é o Código Civil, a Lei 10.406/2002.

2.1 Personalidade Civil

Consiste na atribuição de direitos e obrigações à pessoa cuja existência foi reconhecida pelo direito.
Esse reconhecimento ocorre pelo cumprimento de regras jurídicas relativas ao registro das pessoas. Estas, de
acordo com a Teoria Geral do Direito Civil, se dividem em pessoas físicas e jurídicas. A primeira, representada
pelo exercício dos direitos da pessoa natural, e a segunda, representada pelas entidades que congregam os
interesses de um número determinado ou determinável de pessoas.
Pode-se conceituar, assim, a pessoa física como a pessoa natural, a quem foi atribuído um conjunto
de direitos e obrigações, e a pessoa jurídica como uma ficção jurídica representada pelo ente, formado
por pessoas físicas ou pessoas jurídicas, dotado de direitos e obrigações, independentes daqueles que a
constituíram.
De acordo com o Código Civil, entende-se a pessoa natural enquanto sujeito de direitos e obrigações,
quando passa a existir para o direito com o registro civil de seu nascimento, tendo garantido, também, ao
nascituro, os direitos necessários à garantia do seu nascimento. Complementa ainda, o diploma legal que a
personalidade da pessoa física deixará de existir com o registro civil do óbito ou declaração judicial da morte
presumida.
Quanto à pessoa jurídica, o legislador, com base nas características típicas de cada figura, classificou as
pessoas jurídicas em pessoa jurídica de direito público interno – a União Federal, os Estados, o Distrito
Federal, os municípios, as autarquias e as demais entidades de caráter público criados por lei, pessoa jurídica
de direito público externo – os estados estrangeiros e as organizações internacionais e pessoa jurídica de
direito privado – sociedades, associações, fundações, organizações religiosas e os partidos políticos.
A atribuição de direitos a estas pessoas depende da constituição das mesmas, que pode se dar pela
edição da norma jurídica pública (direito público) e registro dos atos constitutivos no órgão competente
(direito privado). Enquanto que a extinção de sua personalidade ocorre pela edição de uma norma pública,
que assim determina no que tange às entidades de direito público e por decisão dos sócios ou decisão judicial
nas entidades de direito privado.

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Direito Empresarial

2.2 Capacidade Civil

O homem tem personalidade jurídica, uma vez que está dotado da aptidão básica para ser sujeito ativo
ou passivo de uma relação jurídica. No entanto, nem todos os homens possuem a mesma capacidade jurídica
para exercer direitos. Capacidade jurídica é a capacidade para o exercício dos direitos civis.
A capacidade para o exercício pessoal dos direitos depende de fatores como a idade e o estado de
saúde que condicionam o grau de consciência e formação da vontade humana.
No Brasil, a capacidade jurídica das pessoas encontra-se estabelecida em lei e varia conforme o ramo do
Direito. De acordo com o Código Civil, as pessoas dividem-se em três grandes grupos, quanto ao exercício
da capacidade jurídica. Esses grupos são:

• Pessoas absolutamente incapazes – Aquelas que não podem exercer por si próprias os
direitos civis.
a) Os menores de 16 anos, que deverão ser representadas por seus pais, tutores ou
curadores;
b) Aqueles que não tenham o discernimento necessário em razão de enfermidade ou
deficiência mental;
c) Aqueles que não podem exprimir sua vontade, mesmo que de forma transitória.

• Pessoas relativamente incapazes – Aquelas a quem a lei autoriza a prática de determinados


atos de forma autônoma.
a) Os maiores de 16 (dezesseis) e menores de 18 (dezoito), que deverão ser assistidos por
seus pais, tutores ou curadores;
b) Os ébrios habituais, os viciados em drogas e os deficientes mentais que tenham o
discernimento reduzido;
c) Os excepcionais sem o desenvolvimento mental completo;
d) Os pródigos (gastos imoderados e desperdícios) que dilapidam seu patrimônio de
forma inconsequente.

• Pessoas plenamente capazes – Aqueles que podem praticar livremente todos os atos da
vida civil.
a) Os maiores de 18 anos;
b) Os emancipados.

Emancipação é o instituto do Direito Civil por meio do qual a lei concede capacidade
civil plena aos indivíduos que ainda não a possuem em razão da idade. São hipóteses:
autorização expressa dos pais, registrada em cartório, ou no caso de tutela, decisão
judicial requerida pelo tutor; pelo casamento; exercício de emprego público efetivo;
colação de grau em curso superior; se o indivíduo possuir economia própria.

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Curso de Graduação em Administração a Distância

2.3 Fatos Jurídicos

A fonte geradora das relações jurídicas é o fato jurídico. Na definição clássica, são os acontecimentos
em virtude dos quais as relações de direito nascem, se transformam e se extinguem.
Em sentido amplo, os fatos jurídicos compreendem:
1. Fatos naturais – São os eventos naturais que geram efeitos jurídicos. Ex: inundações em
Santa Catarina;
2. Atos humanos – São os fatos que derivam da vontade direta do ser humano. Dividem-se
em:
a) Atos jurídicos - É a prática de uma conduta humana que gera ou extingue um direito.
b) Atos ilícitos – É a conduta ilegal (contra legem) praticada pelo homem que tenha efeitos
jurídicos.

Os atos jurídicos são desenvolvidos tendo diversos objetos. Aquele que tem por objeto a realização de
um ato que consubstancia ou reflete um negócio, é denominado de Negócio Jurídico.
Com base nos diversos aspectos que envolvem estas relações jurídicas, elas podem ser classificadas em
diversos tipos específicos, dentre os quais destaca-se:
• Oral ou verbal – O negócio não possui registro documental;
• Escrito – A manifestação das vontades envolvidas é registrada de forma escrita;
• Solene (formal) – É aquele cuja forma de realização encontra-se pré-fixada em lei;
• Não–solene (informal) – o negócio é realizado sem a existência de pré-requisitos legais;
• Unilateral – O negócio é realizado com a manifestação da vontade de apenas um indivíduo;
• Bilateral – Ocorre com a manifestação das vontades opostas dos negociantes;
• Principais – É aquele que representa uma única relação obrigacional;
• Acessórios – É aquele que decorre da concretização de outro negócio jurídico.

O Código Civil menciona diversos requisitos que todo ato jurídico deve possuir para ser válido,
gerando assim efeitos para o Direito, ou seja, que na sua ausência significariam que os atos praticados seriam
considerados nulos. São eles:
a) Sujeito Capaz – significa que a pessoa que declara sua vontade no ato jurídico deve ter
capacidade jurídica para a prática daquele ato;
b) Objeto lícito – significa que o objeto do ato jurídico deve estar fundamentado no Direito.
Em outras palavras, não pode contrariar as normas jurídicas;
c) Forma prescrita ou não defesa em lei – significa que o ato jurídico deve obedecer à forma
estabelecida ou não proibida pela lei.

O ato jurídico pode ser anulado, isto é, desfeito, se contiver defeitos que provoquem sua ineficácia. O
código civil estabelece as situações em que se enquadram estes vícios:
• Erro – é a falsa noção da realidade. Ocorre quando o agente, ao praticar o ato, o faz baseando-
se em falso juízo ou engano cometido por conta própria. O erro em questão é aquele que atinge
a substância do ato, ou seja, ele reflete relevância ao ato anulável.

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Direito Empresarial

• Dolo – é o engano intencionalmente provocado por uma pessoa para iludir outra. O dolo se
diferencia do erro, pois, no engano, o agente é provocado pela má-fé, ludibriação e malícia de
outra pessoa.
• Coação – é toda pressão injusta e grave exercida sobre alguém para forçá-lo a praticar um ato.
A ameaça contida na coação deve provocar na vítima justificado temor de dano, devendo ainda
ser atual, grave e injusta.
• Fraude Contra credores – é a artimanha utilizada pelo devedor para prejudicar o credor.
Ocorre quando o devedor procura diminuir maliciosamente seu patrimônio, consciente de que
seus bens respondem por suas dívidas. Seu objeto é desfalcar seus bens, comprometendo, assim,
a garantia que eles representam para o pagamento de suas dívidas.
• Lesão – ocorre quando há uma necessidade premente ou inexperiência de um dos contratantes
de ver celebrado um negócio, aproveitando-se a outra parte desta situação para fixar valor muito
superior ao que normalmente o faria.
• Estado de perigo - é a necessidade iminente, que uma das partes tem de salvar-se, ou salvar
pessoa de sua família de grave dano, que promove a prática do ato. Ocorre quando a pessoa que
pratica o ato encontra-se em situação tão delicada e perigosa de modo que a sua vontade não se
manifesta de forma livre.

Os atos jurídicos praticados com a violação das premissas jurídicas estabelecidas pelo Código Civil
podem sofrer do instituto da nulidade, que consiste na situação que justifica a impossibilidade da realização
ou reconhecimento de um negócio jurídico realizado ou pretendido.
Os atos nulos têm a sua validade afetada. Desta feita, objetivam restabelecer a ordem e punir aqueles
que violam o ordenamento jurídico, a lei retira a validade e a proteção que conferia aos atos assim celebrados.
A nulidade dependendo do seu fundamento poderá ser classificada como relativa ou absoluta, importando,
assim, em efeitos diversos derivados do reconhecimento da ilegalidade dos atos.
A nulidade absoluta, ou seja, o ato considerado nulo, se fundamenta na inobservância de um dos
elementos de validade para a prática dos atos. Tratando-se desta forma da incapacidade absoluta do sujeito,
da ilicitude, impossibilidade ou indeterminação do objeto, bem como do respeito às formas prescritas em lei
ou às solenidades exigidas para a prática dos atos.
O ato nulo possui características diferenciadas, em razão de sua gravidade, tendo, portanto, tratamento
rigoroso definido em lei. De acordo com a lei civil ele é insuscetível de confirmação, ou seja, não pode ser
confirmado ou corrigido pelas partes envolvidas, pode ser alegado por qualquer indivíduo que dele tome
conhecimento e também pelo Ministério Público ou pelo próprio juiz, de ofício. É, ainda, imprescritível, ou
seja, o tempo não tem a capacidade de sanar o ato, se podendo alegar a nulidade a qualquer tempo.
A nulidade relativa, ou seja, os atos considerados anuláveis, se fundam na violação do direito inerente
a um indivíduo isoladamente, pois se trata de vício de consentimento. A lei permite, assim, que o ato tenha
validade, cabendo à parte prejudicada o direito, se pretendido, de requerer a anulação. As hipóteses previstas
em lei são a da incapacidade relativa do sujeito e da ocorrência de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão
ou fraude contra os credores.
Em virtude de sua menor gravidade, o ato anulável possui características mais brandas do que o ato
nulo. O legislador confere-lhe certa dose de validade e eficácia, permitindo até mesmo sua convalidação
(confirmação) pelo decurso do tempo ou pela vontade das partes. Sua anulação depende, expressamente, da
manifestação de uma das partes envolvidas, que requer judicialmente sua nulidade, sendo entendido como
havendo convalidação tácita, quando qualquer das partes deixar de provocar o poder judiciário dentre dos
prazos estabelecidos em lei ou quando cumpre, mesmo que em parte, a obrigação derivada do ato.

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Curso de Graduação em Administração a Distância

2.4 Contratos

Os negócios jurídicos mais simples, que se esgotam num único ato, são formalizados por um documento
também simples, como recibo, nota fiscal/fatura, duplicata, nota promissória etc. O negócio jurídico mais
complexo exige a elaboração formal de um contrato por instrumento escrito. Deve definir direitos e deveres
das partes, objetivo do contrato, duração por tempo determinado ou indeterminado etc.
Este instrumento é o contrato que reflete um acordo celebrado por duas ou mais pessoas como
expressão autônoma de suas vontades. As partes envolvidas na relação jurídica, expressas pelo contrato,
são denominadas contratantes. Porém, já se estabeleceu por costume que aquele que adquire um bem ou
contrata a prestação de um serviço é chamado de contratante e aquele que se ocupa do cumprimento da
obrigação pactuada é denominado contratado.
As relações obrigacionais, expressas pelo contrato, são desenvolvidas com base em uma série de
princípios que vinculam as partes entre si desencadeando uma série de direitos e deveres. Destaca-se os
seguintes exemplos:
a) Autonomia das vontades – O contrato pode ser livremente celebrado, desde que suas
cláusulas não contrariem as normas jurídicas;
b) Pacta sunt servanda (força obrigatória dos contratos) – Celebrado o contrato as partes
estarão obrigadas a cumprir todas as suas cláusulas;
c) Rebus sie stantibus – havendo mudança no estado das coisas, em relação ao momento
da celebração do contrato, ocasionado por caso fortuito ou força maior, o contrato deverá ser
revisado;
d) Exceptio non adimplenti – (equilíbrio nas prestações) – as cláusulas pactuadas devem
ser cumpridas pelos dois pólos da relação contratual.

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Módulo

II

Direito do Consumidor e
Direito Empresarial
Direito Empresarial

1 DIREITO DO CONSUMIDOR

O Direito do Consumidor é um ramo do Direito que lida com conflitos de consumo e com a defesa
dos direitos dos consumidores, e que se encontra desenvolvido na maior parte dos países com sociedades de
consumo e sistemas legais funcionais.
O Direito do Consumidor é um ramo relativamente novo do Direito, principalmente no Direito
Brasileiro. Entretanto somente a partir dos anos 1950, após a segunda guerra mundial, quando surge a
sociedade de massa com contratos e produtos padronizados, é que se iniciou uma construção mais sólida
no sentido de harmonizar as relações de consumo. Os consumidores passaram a ganhar proteção contra os
abusos sofridos, tornando-se uma preocupação social, principalmente nos países da América e da Europa
Ocidental que se destacaram por serem pioneiros na criação de Órgãos de defesa do consumidor.
Existem, no entanto evidências implícitas da existência de regras entre consumidores e fornecedores
de serviços e produtos em diversos códigos, constituições e tratados, bem antes da criação do Direito do
consumidor. Já no antigo código de Hammurabi, com certas regras que, ainda que indiretamente, visavam
proteger o consumidor.
Assim, por exemplo, a Lei nº 233 rezava que o arquiteto que viesse a construir uma casa cujas paredes
se revelassem deficientes teria a obrigação de reconstruí-las ou consolidá-las as suas próprias expensas. As
conseqüências para desabamentos com vítimas fatais eram ainda mais severas; o empreiteiro, além de ser
obrigado a reparar totalmente os danos causados ao dono da moradia, poderia ser condenado a morte se o
acidente vitimasse o chefe de família. No caso de falecimento do filho do empreendedor da obra, a pena de
morte se aplicaria a algum parente do responsável técnico pela obra, e assim por diante.
Na Índia, no século XIII a.C., o sagrado código de Manu, previa multa e punição, além de ressarcimento
dos danos, àqueles que adulterassem gêneros (Lei No 702) ou entregassem coisa de espécie inferior àquela
acertada, ou vendesse bens de igual natureza por preços diferentes (Lei No 703).
Na Grécia, a proteção ao consumidor preocupava Aristóteles, que advertia para a existência de fiscais a
fim de que não houvessem vícios nos produtos comercializados, em Roma a Cícero. Contemporaneamente,
existe o Direito do Consumidor, cujo objetivo é adaptar e melhorar o direito das obrigações entre as pessoas,
de forma a buscar e restabelecer o equilíbrio das partes abaladas pelo poder do mercado fornecedor, muitas
vezes fruto da constituição de monopólios e oligopólios, ou até mesmo, pela displicência no tratamento dado
as pessoas, constituindo um verdadeiro rolo compressor sobre as queixas e os direitos dos consumidores.
Como direito novo, o Direito do Consumidor busca inspiração no Direito Civil, Comercial, Penal,
Processual, Financeiro e Administrativo, para de uma forma coerente, atingir seus objetivos sem ofender
os demais princípios e regras existentes. Dessa união de sistemas e legislações, surgiu em 1990, o Código
de Defesa do Consumidor, Lei nº 8078/90, que foi criado para regulamentar as relações de consumo,
entendidas como sendo o vínculo estabelecido entre fornecedor e consumidor, ligados por um objeto que será
necessariamente, um serviço ou um produto. Esses três requisitos devem vir obrigatoriamente, coexistirem,
sob pena de não se aplicar o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e, sim, o direito comum.
No ordenamento jurídico brasileiro destaca-se que a Constituição Federal, em diversos de seus artigos,
regulamenta este direito, assim, explicita o artigo 5º, inciso XXXII, que elenca a proteção ao consumidor
como direito fundamental, o artigo 170 que expressa como princípio geral da atividade econômica a defesa
do consumidor e o artigo 48 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias que determinou a
elaboração do CDC.
O CDC enuncia os conceitos essenciais dos sujeitos que se inter-relacionam no direito do consumidor.
O artigo 2º expressa “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatário final”. O mesmo artigo em seu parágrafo único enuncia também que a coletividade de
pessoas, ainda que não atue na relação de consumo, equipara-se a do consumidor.

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Curso de Graduação em Administração a Distância

O artigo 3º expressa “Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos
ou prestação de serviços”.
A relação de consumo se manifesta quando o consumidor adquire ou utiliza produto ou serviço
comercializado pelo fornecedor como destinatário final. Em se tratando de aquisição de produto ou
serviço para consumo por terceiro, alheio à contratação, não se enquadra a proteção garantida ao direito do
consumidor.
O consumidor é protegido contra vícios e fatos de consumo (arts. 12, 14, 18 e 20), ou seja, contra
produtos e/ou serviços que, ou não funcionam como deveriam, ou provocam dano ao consumidor ou a
outrem quando de sua utilização.
A reclamação do consumidor pode se basear na garantia legal concedida explicitamente pela lei - 90
dias. Essa garantia existe independente da garantia dada pelo fabricante. Assim, se o fabricante dá garantia
de 9 meses, devemos acrescentar mais 3 meses.
Para exercer o direito de reclamar por vicios de produtos e serviços o consumidor deverá fazê-lo: 1
- Em até 30 dias se o vício for aparente; 2 - Em até 90 dias se o vício for oculto;
Para exercer o direito contra danos, ou seja, pelo fato do produto ou serviço, o consumidor tem 5 anos
de prazo
O Consumidor também pode fazer reclamações com base na garantia dada pelo fornecedor do
produto ou serviço.
Recomenda-se que toda insatisfação na relação de consumo seja resolvida diretamente entre as
partes (no caso, fornecedor e consumidor); caso não seja possível se chegar a um acordo, existem órgãos
administrativos (PROCON’s Estaduais e Federais, associações de defesa) para o registro da reclamação.
Há ainda o Poder Judiciário, como a última saída para a resolução de qualquer conflito, cuja decisão
será definitiva e irreversível (salvo o ajuizamento de ação rescisória - verificar o Código de Processo Civil
para o cabimento desse “remédio”).
A defesa do consumidor é a atividade de proteção do mesmo através da divulgação de informação
sobre a qualidade dos bens e serviços e através do exercício de pressão sobre as entidades públicas com o
objetivo de defender os direitos dos consumidores.
A defesa do consumidor não se baseia apenas na punição dos que praticam ilícitos e violam os
direitos do consumidor, como também na conscientização dos consumidores de seus direitos e deveres e
conscientizar os fabricantes, fornecedores e prestadores de serviços sobre suas obrigações demonstrando
que agindo corretamente eles respeitam o consumidor e ampliam seu mercado de consumo contribuindo
para o desenvolvimento do país.
Os princípios que regem a defesa do consumidor norteiam-se pela boa-fé do adquirente e do comerciante,
uma vez que a propaganda pode estabelecer os liames de seu exercício. Caso a propaganda seja enganosa, o
consumidor tem direito à justa reparação, da mesma forma que terá direito à venda conforme o anunciado.
A respeito do tema propaganda enganosa, esta se trata de assunto de interesse público, pertencendo ao ramo
dos direitos difusos de caráter meta-individual.

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Direito Empresarial

2 DIREITO EMPRESARIAL

O Direito Empresarial ou Direito de Empresa, um ramo do direito privado, anteriormente fazendo


parte do Direito Comercial como um Direito Mercantil e atualmente faz parte da codificação do Novo
Código Civil Brasileiro. Trata-se do Direito Empresarial ou Direito de Empresa como um conjunto de
princípios e normas concernentes à estrutura e atividades das empresas. Pela primeira vez numa codificação
civil brasileira, passa-se a disciplinar as regras básicas da atividade negocial, do conceito de empresário ao de
sociedade. Observa o Prof. Benjamim Garcia de Matos, do curso de Direito da Unimep, que “a revogação
da primeira parte do Código Comercial de 1º de junho de 1850, com a introdução do Direito de Empresa
no novo Código Civil”.
O Novo Código Civil Brasileiro (Lei 10.406/02) que entrou em vigor em janeiro de 2003, possui uma
parte especial intitulada como Livro II Do Direito da Empresa. Devemos expor que o objetivo do legislador
era a unificação dos temas do ramo do direito privado envolvendo o Código Comercial Brasileiro no campo
da sociedade comercial e do direito empresarial e algumas leis comerciais especiais como o Decreto 3708/19,
Decreto 916/1890, Decreto 486/69 para uma nova e moderna visão no Novo Código Civil Brasileiro.
Os artigos referentes ao livro II, que tratam sobre o direito de empresa que disciplina sobre a vida
do empresário e das empresas, com nova estrutura aos diversos tipos de sociedades empresariais contidas
no novo Código Civil, possui como paradigma o Código Civil italiano. Traz profundas modificações no
direito pátrio, como por exemplo, o fim da bipartição das obrigações civis e comerciais. No livro I, referente
ao direito das obrigações se desdobra a disciplina do direito de empresa, regendo no primeiro os negócios
jurídicos e no segundo a atividade enquanto estrutura para exercício habitual de negócios, representada pela
empresa.
Vale ressaltar as principais inovações com o novo Direito de Empresa, como a substituição da expressão
Direito Comercial por Direito Empresarial e a de comerciante por empresário, onde adota a moderna Teoria
da Empresa, prevista no Código Civil Italiano de 1942. Destaca-se ainda:
1. A unificação das Obrigações Civis e Mercantis, acabando-se com a distinção entre sociedades
civis e comerciais, criando-se em substituição, as sociedades empresariais, que tem natureza
econômica;
2. A substituição das “sociedades simples”, pelas “sociedades empresariais”;
3. O estabelecimento das normas gerais dos “Títulos de Crédito”, mantendo-se a legislação
especial das diversas figuras já existentes, como a lei das letras de câmbio e notas promissórias,
duplicata, cheque, etc;
4. A criação do Livro II intitulado “Do Direito de Empresa”.

Sobre a obra “Do Direito de Empresa”, considera-se que este novo livro, trata-se da fusão sem
artifícios do Direito Civil com o Direito Comercial. É dividido em quatro títulos referentes aos arts. 966
a 1.195, disciplinando tudo que diga respeito ao “empresário”, “empresa”, “o estabelecimento”, e os
“institutos complementares” que regulamentam e disciplinam a atividade empresarial, como: Registro das
sociedades empresariais, o seu nome, Dos prepostos, gerentes, Da escrituração mercantil, que pode adotar
os instrumentos modernos da tecnologia da informática, Da contabilidade, balanço.
No campo do Direito Societário procederam-se grandes atualizações com a criação das “Sociedades
Simples” e a atualização da “Sociedade de Responsabilidade Limitada”, que passou a ter uma importância
mais acentuada para todos os tipos de sociedade, desde a micro até a macro empresa. A sociedade de fato ou
irregular passa a ser denominada “sociedade comum”, não personificada. Deu-se um tratamento diferenciado
e privilegiado às microempresas e empresas agrícolas, conforme já previsto em legislação específica cuidando
da matéria, como o Estatuto da Micro e Pequena Empresa, Lei do Simples e a Constituição Federal de
1988, artigo 170. Foi reintroduzida a distinção entre Empresa Nacional e Estrangeira. A personalidade

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Curso de Graduação em Administração a Distância

jurídica é expressamente reconhecida. Segundo o Prof. Miguel Reale, supervisor do novo Código, o Código
não realiza, propriamente, a unificação do Direito Privado, mas tão somente do Direito das Obrigações,
acabando-se com a dicotomia entre obrigações civis e comerciais, e introduziu-se o novo livro “Do Direito
de Empresa”.
A teoria adotada pelo Código Civil é a Teoria da Empresa, oriunda do Direito francês e italiano, que
segundo disciplina o art. 966, considera como empresário aquele que exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Dessa forma, destaca-se:
a) Estrutura organizada: não se atenta mais para o ato (ato de comércio), mas para a estruturação
de bens materiais e imateriais, organizados para a realização, com sucesso, do objeto de atuação.
Esses bens se constituem a partir de um capital que se investe na empresa;
b) Atividade profissional: não um ou alguns atos, mas atividade, isto é, sucessão contínua
de ações para realizar o objeto professado (sua profissão, o motivo para o qual se constituiu a
empresa);
c) Patrimônio especificado: os bens materiais e imateriais organizados para a realização do
objeto, e a atividade com eles realizada (conjunto de atos jurídicos), são específicos da empresa;
faculdades e obrigações empresariais, que deverão experimentar escrituração (contabilidade)
própria;
d) Finalidade lucrativa: a atividade realizada com a estrutura organizada de bens e procedimentos
visa a produção de riquezas apropriáveis, mais especificamente, de lucro, ou seja, de uma
remuneração para o capital;
e) Identidade social: quando o legislador usa a expressão considera-se empresário, remete a um
aspecto comunitário da empresa, que tem uma existência socialmente reconhecida. Fala-se, por
exemplo, que o Brasil fez isso ou aquilo, deixando perceber que a comunidade compreende a
empresa como um ente existente em seu meio.

Nota-se, todavia, que o legislador, no parágrafo único do artigo 966 do Código Civil, excluiu dessa
definição e empresa, aqueles que exercem profissão intelectual, de natureza científica, literária e artística,
ainda que com concurso de auxiliares ou colaboradores; essa exclusão dá-se como regra geral, comportando
exceção inscrita na própria norma: se o exercício da profissão constituir elemento da empresa.
Uma das obrigações elementares para o exercício da empresa é o registro do empresário ou da
sociedade empresária. Esse registro é regulado pelos artigos 96 a 970 do Código Civil e pela Lei 8.934, de 18
de novembro de 1994, que disciplinam o chamado Registro Público de Empresas Mercantis, que está a cargo
das Juntas Comerciais que atuam sob a supervisão, orientação e coordenação do Departamento Nacional de
Registros do Comércio (DNRC), órgão integrante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, responsável pelo controle e pelas normas do Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis
(Sinrem).
Há uma junta comercial em cada Estado e no Distrito Federal, com sede na capital, que pode ter
delegacias regionais para o registro do comércio, se assim autorizar a legislação do Estado.
Vale ressaltar que o legislador enumera duas modalidades de empresário, reconhecidos e
regulamentados pelo Código Civil. O empresário individual que consiste na pessoa física que exerce individual
e profissionalmente a atividade econômica organizada sob a sua própria firma e a sociedade empresária,
objeto de estudo em capítulo específico.
O empresário individual formará seu nome empresarial que será composto pelo nome civil do
empresário. O nome civil poderá ser abreviado, mantendo-se um dos sobrenomes (patronímico). Havendo
duplicidade quanto ao nome, estará o empresário obrigado a acrescentar expressão que o identifique
(qualifique).

23
Direito Empresarial

O empresário deve preceder a sua inscrição por meio de requerimento à junta comercial do local em
que se encontra a sede da empresa. O requerimento deverá conter o seu nome; nacionalidade; estado civil (se
casado, o regime de bens e o seu domicílio); a firma com a respectiva assinatura; o capital; o objeto e a sede da
empresa. E lembre-se: se o empresário pretender a transformação em sociedade empresarial, deverá solicitar
a mudança à junta.
De acordo com o artigo 972 do Código Civil, tem capacidade para empresariar (exercer atividade
empresarial) o indivíduo em pleno gozo da capacidade civil e que não seja legalmente impedido. São impedidos
de acordo com o Código Civil: a) Funcionários públicos (exceto na condição de sócio da sociedade empresária);
b) Chefe do poder executivo; c) Juízes e promotores; d) Falidos, enquanto não forem reabilitados; e) Os
médicos, na exploração de farmácias.
É importante destacar que o empresário individual tem responsabilidade ilimitada, respondendo com
todo o seu patrimônio, para cumprir as obrigações da empresa.
Diferentemente da figura do empresário individual, o empreendedor individual é a pessoa que trabalha
por conta própria e que se legaliza como pequeno empresário. Para ser um empreendedor individual, é
necessário faturar, no máximo, até R$ 36.000,00 por ano, não ter participação em outra empresa como sócio
ou titular e ter um empregado contratado que receba o salário mínimo ou o piso da categoria.
A Lei Complementar nº 128, de 19/12/2008, criou condições especiais para que o trabalhador conhecido
como informal, possa se tornar um Empreendedor Individual legalizado.
Entre as vantagens oferecidas por essa lei, está o registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas
(CNPJ), o que facilitará a abertura de conta bancária, o pedido de empréstimos e a emissão de notas fiscais.
Esta figura tem um papel de profissionalização da atividade dos indivíduos que desenvolviam atividade
de caráter empresarial sem as proteções que o Código Civil estabelece. Vale ressaltar que é uma condição
específica e diferenciada, inclusive no que refere-se às obrigações exigidas do empresário.
No exercício de sua atividade, a empresa, de modo geral, utiliza-se de dois elementos fundamentais, que
são: o nome empresarial e o estabelecimento empresarial.
O nome empresarial é o nome que identifica o empresário sob o qual exerce suas atividades. Em razão,
da natureza de identidade que o nome oferece à pessoa jurídica constituída para o exercício destas atividades, o
Código Civil, em seu artigo 1.166, estabelece a proteção ao nome empresarial, enunciando que com o registro
da empresa, torna-se exclusivo o uso do nome por ela escolhido no território do Estado em que se efetuou o
registro.
O nome pode ser classificado em duas categorias distintas que se diferenciam tanto na possibilidade de
utilização, quanto na estrutura de sua composição. Essas categorias são:
a) Firma ou razão social – Deverá ser usada por empresário individual, sociedade de pessoas e
sociedades limitadas, devendo ser formado obrigatoriamente com nome civil do empresário ou
dos sócios;
b) Denominação social – Deverá ser usada por sociedades de capital e sociedade limitadas,
podendo ser formado pela utilização do nome civil dos sócios ou pela criação de um nome
fantasia.

Vale ressaltar alguns aspectos que devem ser observados na formação do nome empresarial. As
sociedades limitadas devem indicar o ramo de sua atividade e acrescentar a sigla LTDA. Quanto às demais
sociedades, aquelas que adotarem o nome civil dos sócios, sempre que o nome de todos não for utilizado é
indispensável a utilização da expressão & CIA.
O estabelecimento empresarial é o conjunto de todos os bens utilizado pelo empresário para o
desenvolvimento de suas atividades. Dentre os principais componentes do estabelecimento, aquele que
representa o caminho de acesso da clientela ao empresário é o ponto comercial, o local utilizado pelo empresário
para a comercialização ou divulgação de seus produtos ou serviços.

24
Curso de Graduação em Administração a Distância

Em razão desta situação, o ponto comercial possui proteção especial quando empresário e proprietário
se confundem, considerando que a proteção consiste no fato de que havendo desapropriação deverá ser pago
o valor de mercado do imóvel acrescido de uma indenização especial; quando o empresário for o locatário
do imóvel essa proteção consistirá na imposição da renovação compulsória do contrato de locação.
Neste último caso alguns requisitos deverão ser observados para o exercício do direito. O contrato a
ser renovado deverá ser escrito, seu prazo ou o somatório dos prazos dos contratos sucessivos deverá ser
de, no mínimo, cinco anos e a atividade do empresário deverá ter se mantido no mesmo ramo pelo menos
nos últimos três anos.
Apesar da possibilidade da renovação compulsória, observa-se que o legislador garante ao proprietário
do ponto locado, uma certa garantia ao seu direito de propriedade, permitindo a ele que exerça o direito da
exceção de retomada ao final do contrato, desde que sejam observadas as seguintes hipóteses:
a) Realização de obras no Imóvel por exigência do poder público;
b) Reforma voluptuária pretendida pelo locador, para a valorização do imóvel;
c) Processo de renovação – O locatário não apresentou proposta de renovação ou a proposta
foi insuficiente;
d) Existência de proposta melhor de terceiro;
e) Uso próprio – afirma que o locador vai usar;
f) Transferência para aquele local de atividade mantida por conjugue, ascendente, descendente
ou irmão do proprietário, desde que a atividade possua pelo menos um ano ininterrupto.

Outro item interessante a se destacar é o denominado título do estabelecimento, nome adotado pelo
empresário e utilizado para identificar o ponto comercial e os demais componentes do estabelecimento
do empresário. O título pode ser constituído pela simples utilização do nome empresarial ou por meio da
adoção de um nome fantasia, que não se confunde com o nome empresarial.

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Módulo

III

Direito Societário
Direito Empresarial

1 SOCIEDADES EM ESPÉCIE

As normas sobre sociedades comerciais estavam expressas, em sua parte mais antiga, no Código
Comercial e, em sua parte mais moderna e dinâmica, na legislação societária extravagante, ou seja, em leis
posteriores à edição do Código Comercial e, em especial na Lei das Sociedades por Ações, cujas normas são
aplicáveis, subsidiariamente às demais formas de sociedades, para suprir eventual omissão contratual.
Com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, as normas das sociedades em geral, passam a estar
contidas no Título Direito de Empresa, com exceção das sociedades por ações, que continuam regidas por
lei especial.
O Código Civil estabelece que quando duas ou mais pessoas vinculam-se por um contrato social,
reunindo seus capitais e trabalho, para alcançar determinado objetivo comum, está formada uma sociedade.
A sociedade pode ser formada por pessoas físicas, ou por pessoas físicas e jurídicas, ou ainda, só por
pessoas jurídicas. A aquisição da personalidade jurídica se dá, conforme, já estudado, com o registro dos atos
constitutivos na junta comercial (sociedade empresarial) ou no cartório de pessoas jurídicas (sociedades civis)
e a sua extinção se dará com o término do processo constituído por três fases:
a) Dissolução – Momento em que os sócios decidem pelo encerramento das atividades da
empresa;
b) Liquidação – Consiste no pagamento das obrigações e o conseqüente levantamento do
patrimônio para definir a divisão do saldo se houver;
c) Extinção – É o momento em que serão procedidos os registros dos órgãos públicos,
finalizando-se com a baixa na junta comercial.

Com a aquisição da personalidade jurídica a sociedade se torna titular de direitos e obrigações distintas
de seus formadores, no entanto, quando atos são praticados em desacordo com os ditames do contrato
ou estatuto social que regem a sociedade poderá ocorrer a desconsideração da personalidade jurídica, que
consiste na responsabilização de qualquer dos sócios, em substituição à sociedade quando estes agirem em
nome dela, desrespeitando cláusulas do contrato ou do estatuto social.
A classificação das sociedades pode ser promovida com base em quatro critérios gerais:
a) Quanto a responsabilidade dos sócios:
i. Limitada – é aquela na qual todos os sócios exercem a responsabilidade com limites.
ii. Ilimitada – é aquela em que todos os sócios exercem a responsabilidade sem limites.
iii. Mista – é aquela que possui sócios com os dois tipos de responsabilidade.

b) Quanto a personificação:
i. Personificadas – São aquelas a quem o Direito atribui personalidade jurídica.
ii. Não-personificada – São aquelas em que o Direito não atribui personalidade jurídica.

c) Quanto a Natureza Jurídica:


i. Empresariais – São aquelas que se adequam aos requisitos legais estabelecidos no
código civil para a definição de empresa.
ii. Não-empresariais – São aquelas que não obedecem aos requisitos legais ou estão
excluídas de caracterização como empresa. Ex. Sociedades artísticas, intelectuais e
científicas.

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Curso de Graduação em Administração a Distância

d) Quanto a estrutura econômica:


i. De pessoas – São aquelas cuja formação tem por base as seguintes características:
pessoas dos sócios e o seu relacionamento fora da empresa.
ii. De capital – São aquelas criadas com base na contribuição de cada sócio para a
formação de capital social.

CARACTERÍSTICAS SOCIEDADE DE PESSOAS SOCIEDADE DE CAPITAL


Responsabilidade Ilimitada Limitada
Negociação das parcelas Restritas Livres
Voto Cabeça Proporcional ao capital
Aspectos/Pessoais Influência Não Influência
Nome empresarial Firma ou Razão social Denominação Social

O diploma civil inovou no que tange a regulamentação das sociedades ao limitar a formação das
mesmas quando os seus constituintes forem casados entre si. A intenção do legislador é a de proteger os
direitos oriundos do Direito da Família, uma vez que surgindo a sociedade poderia se estabelecer confusão
entre os bens e os direitos dos cônjuges.
Assim o Código Civil expressa que só poderá ser constituída sociedade entre marido e mulher quando
casados sob os regimes de bens diferentes da comunhão universal e da separação obrigatória. Tendo, contudo,
sido garantido a proteção da segurança jurídica aos cônjuges que formaram sociedade antes da vigência do
Código de 2002.
Outro aspecto importante a se ressaltar, com relação às sociedades, é quanto ao capital social, que por
sua vez, será formado no ato de constituição da sociedade por meio da:

- Subscrição, que consiste no lançamento no contrato social das parcelas a que cada sócio está
se comprometendo para a formação do capital, bem como o meio pelo qual estas parcelas serão
pagas, inclusive, se for o caso, pela entrega de bens ou pela prestação de serviços.
- Integralização, que consiste na transferência dos bens subscritos do patrimônio do sócio
para o patrimônio da sociedade ou conclusão das prestações de serviços a que o sócio ficou
obrigado.

As principais modalidades de sociedades reconhecidas pelo ordenamento jurídico brasileiro são:


Sociedade em comum; Sociedade em nome coletivo; Sociedade em comandita simples e por ações; Sociedade
em conta de participação; Sociedade limitada; Sociedade anônima.

• Sociedade em comum
A sociedade em comum é uma sociedade de fato ou irregular que não esta juridicamente constituída,
sendo portanto, uma sociedade não personificada e que não pode ser considerada uma pessoa jurídica.
Para muitos doutrinadores, as sociedades de fato e as irregulares são a mesma coisa, contudo muitos as
distinguem, pois as sociedades de fato não possuem ato constitutivo, enquanto que as sociedades irregulares
possuem os atos constitutivos, porém sem estarem devidamente inscritos no orgão competente ou com o
registro desatualizado, em especial no que pertine às alterações realizadas no contrato ou estatuto social.

29
Direito Empresarial

A existência destas sociedades depende de reconhecimento pelo poder judiciário, que deverá acontecer
mediante ação declaratória que analisará os fatos e os documentos que comprovem juridicamente o que já
existe apenas de fato.
A responsabilidade dos sócios neste tipo de sociedade é solidária e ilimitada, porém, subsidiária em
relação à sociedade, o que permite compreender que qualquer dos sócios pode responder pelas obrigações
sociais em sua integralidade quando a sociedade deixar de cumpri-las.
O Código Civil prevê que devem ser aplicadas às sociedades em comum, as regras pertinentes às
sociedades simples, de acordo com o artigo 986, do Código Civil de 2002.

• Sociedade em nome coletivo


A sociedade em nome coletivo é a sociedade empresária de pessoas que exerce sua atividade sob firma
ou razão social, de tal sorte que todos os sócios sejam responsáveis ilimitadamente e de modo solidário pelas
dívidas sociais. O que a distingue de todas as demais sociedades empresariais é que a responsabilidade de
todos os sócios é uniforme.
A sociedade em nome coletivo é, unanimemente, classificada como uma sociedade de pessoas, já que
as características pessoais dos sócios dão ensejo à sua união para a formação de uma sociedade.
Ela utiliza-se de razão social, pelo fato de ser uma sociedade de pessoas.Na formação da razão social
deverá constar o patronímico de pelo menos um dos sócios, acrescido do termo “& companhia”. Na
eventualidade de serem incluídos os patronímicos de todos os sócios, a expressão se faz desnecessária.
Vale ressaltar que nesse tipo de sociedade, qualquer um dos sócios poderá exercer a administração,
porém, se o contrato social designar sócio-administrador, será este que deverá gerir a sociedade.
A sociedade só responde por atos de gestão praticados de acordo com o objeto social apontado
no contrato social. Se um determinado ato for praticado em nome da sociedade, mas fora de seu objeto,
somente, o sócio-administrador responderá.
A lei civil apresenta uma série de regras específicas para a atividade deste tipo de sociedade, porém,
subsidiariamente, aplicam-se a elas os regramentos aplicáveis às sociedades simples, regras gerais de direito
societário, nos termos do artigo 1.040 do Código Civil.

• Sociedade em comandita simples ou por ações


A sociedade em comandita é uma sociedade que apresenta duas categorias de sócios: os comanditados
– com responsabilidade ilimitada – e os comanditários – com responsabilidade limitada. Dependendo da
estrutura em que se encontra dividido seu capital, ela será: simples ou por ações, esta última quando o capital
da sociedade for dividido em ações.
A sociedade em comandita é classificada como sociedade de pessoas, em razão disso, como já estudado,
ela adotará firma ou razão social. Esta será formada com o patronímico abreviado ou por extenso dos sócios
comanditados, sendo vedada a utilização do nome dos sócios comanditários. O acréscimo da expressão “&
companhia” é possível se existir mais de um sócio comanditado.
Esta sociedade trouxe a inovação da possibilidade de conciliação da responsabilidade ilimitada dos
sócios com a sua responsabilidade limitada. Cabe apenas aos sócios comanditados administrar a sociedade.
Além das regras próprias estabelecidas para este tipo de sociedade, aplica-se subsidiariamente, regras
cabíveis as sociedades em nome coletivo, conforme expressa o artigo 1.046 do Código Civil.

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Curso de Graduação em Administração a Distância

• Sociedade em conta de participação


A sociedade em conta de participação é uma sociedade empresária que vincula, internamente, os sócios.
Ela é considerada sui generis, que não possui personalidade jurídica, não estando sujeita às formalidades
prescritas para a formação das outras sociedades. É composta por duas ou mais pessoas, sendo que uma
dessas pessoas, necessariamente, deve ser empresário ou sociedade empresária.
Por ser apenas uma ferramenta existente para facilitar a relação entre os sócios, não é uma sociedade
propriamente dita, ela não tem personalidade jurídica autônoma, patrimônio próprio e não aparece perante
terceiros.
O empreendimento é realizado por dois tipos de sócios: o sócio ostensivo e o sócio oculto. O sócio
ostensivo (necessariamente empresário ou sociedade empresária) realiza em seu nome os negócios jurídicos
necessários para ultimar o objeto do empreendimento e responde pelas obrigações sociais não adimplidas. O
sócio oculto, em contraposição, não tem qualquer responsabilidade jurídica relativa aos negócios realizados
em nome do sócio ostensivo.
A sociedade só existe perante os sócios, uma vez que o sócio ostensivo não aparece perante terceiros.
É uma sociedade de pessoas, na qual a característica pessoal dos sócios é fundamental para a sua constituição,
bem como para a sua continuação.Nestas sociedades o elemento pessoalidade torna-se ainda mais claro, já
que a necessidade da manutenção de um segredo, bem como o exercício das atividades por somente um
sócio, torna fundamental a confiança entre os sócios.

• Sociedade limitada
A sociedade limitada é uma sociedade Sui Generes, pois, pode combinar características das sociedades
de pessoas ou de capital, tendo como principal fundamento a limitação da responsabilidade dos sócios à
participação no capital social. O fundamento jurídico desta sociedade se encontra estabelecido nos artigos
1.052 a 1.087 do Código Civil, com a aplicação subsidiaria das regras das sociedades simples e anônimas.
Esta sociedade é considerada híbrida por que a definição da sua classificação entre sociedade de pessoas
ou de capital depende das escolhas lançadas no contrato social da empresa, de acordo com a permissão
expressa no Código Civil.

CARACTERÍSTICAS SOC. DE PESSOAS SOC. DE CAPITAIS


Cessão de cotas Depende da concordância É Livre
Penhorabilidade das cotas Não é possível É Possível
Sucessão causa mortes das quotas Não é possível É Possível

A sociedade é a única que tem a opção de utilizar qualquer das modalidades de nome empresarial,
sendo, contudo, exigidas algumas especificidades na sua formação, sendo obrigatória a indicação do ramo de
atividade e o uso da expressão limitada ou da sigla LTDA.
O capital da sociedade é dividido em quotas que representam a fração ideal do capital destinada a cada
sócio com base na sua contribuição para a composição deste. As quotas podem representar parcelas iguais
ou desiguais do capital social sendo permitido a cumulação de quotas por um único sócio.
A integralização do capital deverá ser realizada pela entrega de bens móveis ou imóveis, sendo vedada
a integralização por meio da prestação de serviços. Caso a integralização ocorra por meio da entrega de bens,
todos os sócios são responsáveis pela quitação de eventuais diferenças, o valor real e o valor estimado até
cinco anos após o registro.
A cessão de quotas poderá ocorrer quando o contrato social não dispuser, expressamente, em contrário.
Sendo possível a transferência entre os sócios independente da vontade dos demais; se envolver não sócio,
ou seja, pessoa que não integre o quadro social, será permitida se não houver oposição de titulares de mais
de ¼ (um quarto) do capital social.

31
Direito Empresarial

A administração da sociedade poderá ser realizada por sócios ou não-sócios. Pode ser realizada por
uma ou mais pessoas. Porém, não deverão exercer a administração, ao mesmo tempo sócios e não sócios. Se
todos os sócios exercerem igualmente a administração, e outro for admitido, este não pode exigir o direito de
administrar também.
A nomeação do administrador pode se dar por meio da indicação no contrato social ou em ato separado
(ata de reunião ou assembléia dos sócios). Se o administrador não é sócio, sua escolha dependerá de aprovação
de: todos os sócios, antes da integralização; e dois terços dos sócios, após a integralização.
O administrador não sócio tomará posse por termo no livro de atas da administração e deverá a
averbação do registro no prazo máximo de 10 dias. Sua destituição pode ocorrer a qualquer tempo ou com o
fim do prazo pré-estabelecido. A destituição deve ser averbada no registro competente.
Se o administrador for sócio, nomeado no contrato, sua destituição depende da aprovação de titulares de
no mínimo 2/3 (dois terços) do capital social, salvo disposição em contrário. O administrador pode renunciar
ao cargo, notificando por escrito aos sócios. Sua renuncia só terá validade plena após a averbação.
As principais responsabilidades do administrador são o uso da firma ou denominação social, que é privativo
dos administradores, elaboração e apresentação do inventário, balanço patrimonial e balanço de resultado
econômico ao final de cada exercício social, representar ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente a
sociedade.
As decisões que não couberem ao administrador serão tomadas pelos sócios em reunião ou assembléia
geral que consistirá no momento em que os sócios exercem seu poder de decisão sobre os principais assuntos
pertinentes a administração da sociedade. Quando a sociedade possuir mais de 10 sócios é exigida a realização
de assembléia geral.
A entidade contará com um conselho fiscal que é o órgão responsável por avaliar todos os atos praticados
pela administração, elaborando pareceres para discussão nas assembléias gerais. Será composto de 3 ou mais
membros e respectivos suplentes, podendo ser sócios ou não, dede que não tenham qualquer vínculo de
parentesco com os membros de outros órgãos da sociedade ou deles pertencer. Podem ser remunerados,
sendo o valor definido pela assembléia geral.

• Sociedade anônima
A sociedade anônima, também conhecida como Sociedade por Ações, é a pessoa jurídica de direito
privado, dotada de natureza empresarial, independente de seu objeto, constituída com a finalidade de lucro.
Seu fundamento jurídico se encontra na Lei 6404/76 e nos artigos 1088 e 1089 do Código Civil.
Este tipo societário tem como principais características a natureza jurídica empresarial independentemente
do objeto, tem seu capital dividido em ações, sociedade de capital, adota denominação social, responsabilidade
limitada, constituída por meio de estatuto social, geralmente identificada pelo termo companhia.
A sociedade pode ser classificada em duas espécies: a sociedade de capital fechado – São aquelas cujo
capital é dividido em ações que admitem a negociação em bolsa de valores ou mercado de balcão; e a
sociedade de capital aberto – É aquela cujo capital é negociado livremente, o que torna possível a participação
de pequenos investidores.
O capital desta sociedade é dividido em ações que consistem em títulos que representam frações ideais
do capital das sociedades. Estas podem possuir valores diferenciados em razão de critérios específicos:
a) Valor nominal – É um valor obtido pela divisão do capital social pelo número de ações
emitidas. A utilização deste valor é opcional, pois se adotado torna-se o valor mínimo a ser pago
por cada ação.

Vn=Capital Social/Nº de Ações Emitidas

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Curso de Graduação em Administração a Distância

b) Valor patrimonial – É o valor obtido pela divisão do patrimônio Líquido pelo número de
ações emitidas.

Vp=Patrimônio Líquido/Nº de Ações Emitidas

c) Valor de mercado – É aquele obtido no ato da negociação das ações. Este valor pode oscilar
acima ou abaixo dos demais valores.
d) Preço de emissão – É o valor a ser pago por cada sócio no ato da constituição da sociedade,
não podendo ser inferior ao valor nominal, se houver.

As ações podem, ainda, ser classificadas com base na sua espécie:


a) Ordinárias – São as ações que atribuem, ao sócio, alguns direitos plenos perante a sociedade,
concedendo ao acionista a capacidade de decisão no processo de deliberação dos sócios;
b) Preferenciais – São aquelas que conferem aos seus titulares direitos privilegiados em relação às
ordinárias, estas preferências estão estabelecidas no estatuto social, tomando por base a natureza
peculiar de seus titulares que buscam apenas o lucro ou resultados. Mas lembre-se que, nestes
casos, a emissão de ações preferenciais esta limitada a 50% do capital social.
c) Fruição – São as ações concedidas a sócios, cujas ações foram amortizadas e que lhes garantem
direitos perante a sociedade sem obrigações contrárias.

Quanto a forma, as ações classificam-se em:


a) Nominativas – São aquelas que possuem a indicação de seus titulares e cuja transferência
se procede mediante registro no livro transferência de ações nominativas e lançamento no livro
registro das ações nominativas;
b) Escriturais – São aquelas que permanecem sob a posse de instituição financeira que se
responsabiliza pelo registro das movimentações das mesmas.

Nesta sociedade os titulares de suas ações são os sócios da empresa denominados de acionistas. Estes
possuem direitos essenciais como: participação nos resultados sociais; fiscalização na gestão dos negócios
sociais; direito de preferência na subscrição de novas ações e o direito de retirar-se da sociedade sempre que o
sócio não concordar com uma decisão.
O acionista titular de mais de 50% das ações ordinárias tem a capacidade para decidir sozinho as matérias
que não são de competência da assembléia geral, sendo denominado de acionista controlador.
A constituição das sociedades anônimas diferencia-se das demais, por exigir determinadas condutas a
serem tomadas por seus sócios antes do registro da sociedade na junta comercial.
É exigida a subscrição de todo o capital social de no mínimo dois sócios em assembléia geral de
constituição, a assinatura do respectivo boletim de subscrição, a integralização de no mínimo 10% do capital
subscrito em moeda corrente nacional e o depósito dos valores em nome da companhia no Banco do Brasil.
Quando se tratarem de sociedades de capital aberto antes da assembléia geral de constituição, é necessário
o registro perante a Comissão de Valores Mobiliários, órgão pertencente ao Conselho Monetário Nacional que
dentre as suas atribuições tem a função de fiscalizar a atividade destas sociedades.
A administração da sociedade anônima pode ser realizada por um ou dois órgãos, a diretoria com caráter
obrigatório e o conselho de administração de natureza facultativo.

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Direito Empresarial

A diretoria será composta por dois ou mais diretores, sua eleição é feita pela assembléia geral ou pelo
conselho de administração, se houver, seu mandato terá o prazo máximo de três anos; tem por principal
finalidade a representação da sociedade e a prática dos atos necessários para o seu funcionamento; podem ser
acionistas ou não e devem residir no Brasil.
O conselho de administração será composto por no mínimo três conselheiros eleitos, exclusivamente
pela assembléia geral, seu mandato será de no máximo três anos, sua principal finalidade é orientar os negócios
sociais, inclusive estabelecendo os parâmetros para a atividade da diretoria, seus membros só podem ser sócios
e sempre estarão em numero ímpar.
Por fim, o conselho fiscal será um órgão que deve ser regulamentado no estatuto social, mas cujo
funcionamento só se dará mediante requerimento dos sócios. A indicação dos seus membros deverá garantir
uma vaga à representante dos acionistas minoritários.

2 OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS

Durante o desenvolvimento de suas atividades, a empresa por vezes, necessita realizar negócios jurídicos
que visem a ampliação, modificação ou extinção de suas atividades. Estes negócios que promovem a inter-
relação, entre empresas distintas, são denominados de operações societárias.
Estas operações podem ser classificadas de modo geral em quatro categorias distintas que se diferem,
em especial, pelo resultado jurídico da operação:
a) Cisão – Ocorre quando uma sociedade tem sua estrutura e seu patrimônio dividido, podendo
dar origem a novas sociedades ou ser absorvida por outras já existentes.

Exemplos: Sociedade A -------- Sociedade B + Sociedade C


Sociedade A --------- Sociedade A + Sociedade B

b) Fusão - Ocorre quando duas ou mais sociedades se unem formando uma nova sociedade
independente daquelas que lhe deram origem.

Exemplo: Sociedade A + Sociedade B = Sociedade C

c) Incorporação – Ocorre quando uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, resultando
no aumento do patrimônio e estrutura desta.

Exemplo: Sociedade A + Sociedade B = Sociedade A

d) Transformação – Ocorre quando uma sociedade promove alteração na sua estrutura social e
jurídica, passando a ser uma nova sociedade sob nova estrutura.

Exemplo: Sociedade Limitada --------- Sociedade Anônima

Como resultado destas operações, as responsabilidades e obrigações das sociedades que deixam de
existir, são assumidas por aquelas que resultaram do processo.

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u NICEUMA
@ VIRTUAL

Módulo

IV

Títulos de Crédito,
Falência e Recuperação
Direito Empresarial

1 TÍTULOS DE CRÉDITO

Título de crédito é um documento que tem como objetivo representar um crédito relativo a uma
transação específica de mercado, facilitando desta forma a sua circulação entre diversos titulares distintos,
substituindo num dado momento a moeda corrente ou dinheiro em espécie, além de garantir a segurança
da transação.
Considerando suas principais características e o que melhor expressa a doutrina, compreende-se título
de crédito como um documento representativo do direito de crédito pecuniário que nele se contém e que
pode ser executado por si mesmo, de forma literal e autônoma, independente de qualquer outro negócio
jurídico subjacente ou subentendido, bastando que preencha os requisitos legais.
Os títulos de crédito são de fundamental importância para os negócios, haja vista que promovem e
facilitam a circulação de créditos e dos respectivos valores a estes inerentes, além de propiciar segurança da
circulação de valores.
Considera-se que é fundamental o entendimento de que um título de crédito é um documento
representativo de um direito de crédito e não propriamente originário deste, mesmo porque a existência
do direito de crédito não implica necessariamente na criação de um título, enquanto que ao contrário, a
existência de um título de crédito, exige obrigatoriamente a existência anterior de um direito de crédito
representado formalmente pelo respectivo título.
Os títulos de crédito tiveram sua origem na Idade Média, provavelmente no século XIII, surgindo com
a exigência de um documento para firmar acordos financeiros. Com as feiras de mercadores existentes neste
período, foi necessário ter uma forma de trocar os vários tipos de moeda que circulavam, além de que na
época os assaltos eram freqüentes.
A partir do século XV, os títulos de crédito foram evoluindo em diferentes lugares da Europa,
buscando satisfazer os interesses dos comerciantes da época. Em Roma, não tinha documento que provasse
a existência dos títulos de crédito, mas, no chamado período italiano (até 1673), o comércio funcionava com
base na confiança. Já no período francês (1673 a 1848), os títulos de crédito passam a ser instrumento de
pagamento, nessa época surge o endosso, e não podiam ser abstratos, teriam que apresentar causa específica
e provisão de fundos, ou seja, apenas com saldo disponível o título seria pago.
No período alemão (1848 a 1930) surgiu o título de crédito propriamente dito. Nessa época, o título
se tornou abstrato, não tinha causalidade e nem exigência de fundos, mas existia o aceite, dado pelo sacador,
atribuindo responsabilidade de pagamento ao sacado. Começou, assim, o processo de conceituação dos
títulos de crédito, além de conferências para elaborar uma legislação uniforme, realizadas na cidade de Haia,
Suíça.
A uniformização das leis dos títulos de crédito aconteceu no período moderno (1930), fase na qual os
países se reuniram para criar uma legislação única, que foi denominada Lei Uniforme de Genebra. O Brasil
incorporou esta lei apenas em 1966, através do Decreto 57.663/66, sendo que antes a nossa lei era pelo
Decreto 2.044/1908.
Dentre as várias características dos títulos de crédito, pode-se destacar a negociabilidade, a executividade,
a tipicidade, a circulabilidade, o formalismo e a co-obrigação:
• A negociabilidade decorre da facilidade de circulação do crédito, como diz Fábio Ulhoa,
“possibilita uma negociação mais fácil do crédito decorrente da obrigação representada”;
• A executividade resulta numa maior eficiência na cobrança, ou seja, existindo um documento
provando o crédito, a cobrança judicial é mais eficiente e rápida;
• A tipicidade significa ter uma lei específica que regule os títulos de crédito, como está posto no
artigo 903 do Código Civil Brasileiro;

36
Curso de Graduação em Administração a Distância

• A circulabilidade traz maior benefício ao mundo econômico, garantindo maior rapidez


na circulação de valores, seja através do endosso, seja pela simples tradição, quando ocorre
transmissão de todos os direitos inerentes ao título de crédito;
• O formalismo está presente no título através de seus requisitos, sendo necessário documento
e declaração de vontade, ou seja, assinatura dos interessados;
• A co-obrigação tem por finalidade dar maior proteção ao portador do título, ficando, cada
pessoa que coloca sua aposta, responsável por seu pagamento tanto quanto o devedor principal.
Tal característica vem descrita no artigo 47 da Lei Uniforme de Genebra: “Os sacadores,
aceitantes, endossantes ou avalistas de uma letra são todos solidariamente responsáveis para
com o portador”.

Os princípios norteadores do direito cambiário também podem ser considerados características


marcantes dos títulos de crédito. Dos princípios que disciplinam o regime jurídico dos títulos de crédito,
destacam-se a literalidade, a autonomia e a cartularidade.
a) Literalidade – Segundo o princípio da literalidade, o que não está contido no título,
expressamente, não terá validade. Assim, o direito garantido pelo título será observado segundo
o teor do documento.
b) Autonomia – Em razão da natureza peculiar dos títulos, que não necessitam de vontade das
partes para a sua circulação, se pode afirmar que a posse de boa-fé enseja um direito próprio.
c) Carturalidade - é garantia de que o sujeito que postula a satisfação do direito é mesmo o seu
titular, sendo, desse modo, o postulado que evita o enriquecimento indevido de quem, tenha
sido credor de um título de crédito, o negociou com terceiros, significa então, que, enquanto o
título existir fisicamente, o seu possuidor deverá apresentá-lo para exercer o direito.

No que tange à classificação dos títulos, a doutrina tem se posicionado no sentido de seguir a divisão
clássica sem maiores inovações, utilizando como critérios de diferenciação entre as variadas modalidades de
título, a origem, a circulação, o modelo, a tipicidade e o emissor.
a) Quanto ao negócio de origem – os títulos podem ser abstratos ou causais. É causal aquele
no qual o negócio jurídico que lhe deu origem vincula-se ao título de tal sorte que produz
efeitos jurídicos sobre a sua vida jurídica (Exemplo: Duplicata mercantil). É abstrato aquele
que, uma vez emitido, desvincula-se completamente, da causa que lhe deu origem (Exemplo:
Nota promissória).
b) Quanto à circulação – os títulos podem ser ao portador, nominativos e à ordem. Ao
portador é aquele que não expressa o nome do beneficiário, o que facilita a sua circulação pela
mera tradição. Nominativo é aquele em que se encontra a identificação de seu beneficiário e só
se transmite por cessão de crédito. À ordem é aquele emitido à determinada pessoa, mas que
permite a transferência por endosso.
c) Quanto ao modelo – os títulos podem ser livres ou vinculados. Livre é o título que não
apresenta forma própria, ou seja, não possui um padrão previamente estabelecido. Vinculado é
aquele que possui um padrão previamente definido para o preenchimento de seus requisitos.
d) Quanto à tipicidade – os títulos podem ser típicos e atípicos. Os títulos típicos são aqueles
definidos em lei. Os títulos atípicos não se encontram definidos em lei.
e) Quanto ao emissor – os títulos poderão ser públicos ou privados. Públicos são aqueles
emitidos pelo Estado ou qualquer pessoa jurídica de direito público. Privados são aqueles
emitidos por pessoa de direito privado.

37
Direito Empresarial

Alguns atos são típicos da relação estabelecida com base nos títulos, a doutrina agrupa-os em atos
cambiários, porque representam em todos os sentidos, atos negociais, que consistem na movimentação dos
créditos firmados nos títulos. Os mais importantes são:
a) Saque – é o ato de lançamento do título de crédito, ou seja, é o ato que consiste no surgimento
do direito expresso pelo título;
b) Aceite – é o ato em que o sujeito da relação que se obriga ao pagamento, expressa sua
concordância em cumprir a ordem, vinculando-se, assim, ao pagamento do título;
c) Endosso – é o ato pelo qual o credor de um título de crédito à ordem, transfere o seu direito
de crédito para uma outra pessoa;
d) Aval – é o ato cambiário pelo qual uma pessoa (avalista) se compromete a pagar título de
crédito, nas mesmas condições que um devedor desse título (avalizado);
e) Pagamento – é a principal forma de extinção do título, pois consiste no cumprimento da
obrigação nele expressa;
f) Protesto – é o ato formal extrajudicial que objetiva conservar e ressalvar direitos e demonstrar
que não foi efetuado o pagamento de um título;

A relação creditícia expressa pelos títulos de crédito pode envolver, por vezes, pessoas distintas da
figura exclusiva do credor e do devedor. Essas pessoas podem ser classificadas com fundamento no seu grau
de participação e responsabilidade assumida em razão do título, tais como:
a) Sacador – é aquele que emite o título em favor de outra pessoa ou expressa a ordem de
pagamento a ser cumprida;
b) Sacado – é aquele que efetua o pagamento do título, nos casos em que o pagamento é
efetuado por pessoa diversa do sacador;
c) Beneficiário – é aquele em favor de quem o título é emitido, ou seja, o credor do título de
crédito.

1.1 Letra de Câmbio

A letra de câmbio começou a se formar na Itália, no século XIV. Considera-se que nesse contexto,
as pessoas evitavam transportar dinheiro de uma cidade para outra, pois estavam sujeitas à emboscada e
à perda, e assim procuravam um banqueiro de sua própria cidade, que tinha relação comercial com outro
banqueiro da cidade onde pretendiam se dirigir, e entregavam-lhe o dinheiro.
Em troca, recebiam uma carta, uma ordem de pagamento, que dava tal incumbência ao banqueiro de
outra cidade, onde faria o pagamento. Assim, em vez das pessoas transportarem dinheiro, transportavam a
carta, documento representativo da soma a ser paga. Essa prática deu origem ao atual título de crédito, hoje
de uso universal. Portanto, enviava-se dinheiro de um local para outro através do instrumento do contrato
de câmbio: uma ordem de pagamento.
Nessa operação, destaca-se a atuação de pelo menos três pessoas fundamentais nesse processo: o
banqueiro que recebia o dinheiro e expedia a carta; o sacador aquele que recebia a carta e o sacado, tomador
ou beneficiário;
Atualmente, o mecanismo é o mesmo: há o sacador que emite a letra de câmbio, entregando-a ao
tomador (credor), para que este receba do sacado (devedor).

38
Curso de Graduação em Administração a Distância

A letra de câmbio é uma ordem de pagamento. Uma pessoa dá a ordem de pagamento, determinando
que certa quantia seja paga para uma outra pessoa. É o sacador quem dá a ordem ao sacado, para realizar o
pagamento. Há, ainda, o beneficiário da ordem, que é o credor, conhecido como tomador. Quem cria a letra
de câmbio é o sacador. O saque é o ato de criação, de emissão do título.
Após a entrega da letra de câmbio ao tomador, este procura o sacado para obter o aceite ou o pagamento,
conforme o caso. Contudo, o saque produz outro efeito: o de vincular o sacador ao pagamento da letra de
câmbio. Caso o sacado se negue em aceitar ou a pagar o título, o tomador poderá cobrar do próprio sacador
(LU232, art. 9.º). “É ensinança tradicional da melhor doutrina que o sacado, enquanto não aceitar, não é um
obrigado cambial”.
A letra de câmbio é o saque de uma pessoa contra outra, em favor de terceiro. É uma ordem de
pagamento que o sacador dirige ao sacado, seu devedor, para que, em certa época, este pague certa quantia
em dinheiro, devida a uma terceira, que se denomina tomador. É, enfim, uma ordem de pagamento à vista
ou a prazo. Quando for a prazo, o sacado deve aceitá-la, firmando nela sua assinatura de reconhecimento: é
o aceite. Nesse momento, o sacado se vincula na relação jurídico-material, obrigando-se ao pagamento.
Portanto, a relação se estabelece entre três pessoas: o sacador, o sacado e o tomador. Entretanto, a
lei faculta que uma mesma pessoa ocupe mais de uma dessas posições. Nada impede que a letra de câmbio
possa ser sacada em benefício do próprio sacador ou o sacador seja a mesma pessoa do sacado (LU, art.
3.º).
O formalismo é da essência da letra de câmbio, devendo, portanto, conter determinados requisitos
preestabelecidos por lei. Assim, ela deve trazer:
1. denominação “letra de câmbio” no seu contexto;
2. a quantia que deve ser paga, por extenso;
3. o nome da pessoa que deve pagá-la (sacado);
4. o nome da pessoa que deve ser paga (tomador);
5. assinatura do emitente ou do mandatário especial (sacador).

Se surgir uma disparidade entre a importância declarada por cifra e a declarada por extenso, valerá esta
última.
A letra de câmbio, quando emitida, poderá ser sacada incompleta.
Porém, se ela for assim emitida, por exemplo, sem o nome do tomador, poderá circular. Mas seus
requisitos devem estar totalmente cumpridos, antes da cobrança judicial ou do protesto do título. É que
o portador de boa fé é considerado procurador do sacador para completá-la. “É claro – observa o Prof.
Fábio U. Coelho – se preencher o título em desacordo com o avençado, ou com a realidade dos fatos, terá o
portador agido de má fé, e deixará, por isso, de ser considerado procurador do emitente do título”.
Entretanto, vale ressaltar a existência de outros requisitos da letra de câmbio, tais como:
1. o lugar do pagamento;
2. a importância declarada por cifra;
3. a data do vencimento do título;
4. a data da emissão.

“Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, o domicílio


do emitente” (§ 2º do art. 889, CC).

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Direito Empresarial

A falta da época do vencimento não afeta a validade do documento.


“É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento” (§ 1º do art. 889, do
CC).
“Deve o título de crédito conter a data da emissão,...” (CC, art. 889). A data da emissão, a partir
da vigência do novo Código Civil, passou a ser requisito legal. Contudo, dispõe o art. 888 do CC que a
“omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, não
implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem”.

O pagamento do título deve ser efetuado pelo devedor no dia do vencimento. Pode ser:
a) à vista: O sacado deve pagá-lo no ato de sua apresentação;
b) em dia certo: O sacado deve pagá-lo:
1. no dia do vencimento indicado no título;
2. a tempo certo da vista, significando tantos dias a partir da data do aceite, ou seja, da data
em que o título é exibido ao sacado;
3. a tempo certo da data, isto é, tantos dias contados da data da emissão do título.

O aceite é o ato praticado pelo sacado que se compromete a pagar a letra de câmbio no vencimento,
assinando no anverso do título. Basta a sua assinatura, ou a de seu mandatário especial, podendo ser
acompanhado da expressão esclarecedora tal como: “aceite” ou “pagarei”, ou ainda, “honrarei”.
A falta de aceite não extingue a letra de câmbio. O sacador continua sendo o responsável e o sacado
não assume nenhuma obrigação em relação ao título, embora haja a menção do seu nome na letra.
Se o sacado ao receber a letra de câmbio para o aceite não a devolve, retendo-a indevidamente, está
sujeito à prisão administrativa. Basta requerer ao juiz. O art. 885 do CPC indica essa situação:
Artigo 885. “O juiz poderá ordenar a apreensão de título não restituído ou
sonegado pelo emitente, sacado ou aceitante; mas só decretará a prisão de quem
o recebeu para firmar aceite ou efetuar pagamento, se o portador provar, com
justificação ou por documento, a entrega do título e a recusa da devolução.
Parágrafo único. O juiz mandará processar de plano o pedido, ouvirá depoimento
se for necessário e, estando provada a alegação, ordenará a prisão”.

Sendo a letra de câmbio um título de crédito, o endosso é perfeitamente admissível e, havendo uma
cadeia de endossos em preto, o último endossatário é considerado o legítimo proprietário da letra.
Se o sacador inserir a expressão “não à ordem”, a letra não poderá circular por meio de endosso (LU,
art. 11). Entretanto, normalmente a letra de câmbio contém a cláusula “à ordem” e, assim, o credor poderá
negociar o crédito mediante um ato jurídico denominado endosso, consistente da sua assinatura no verso ou
anverso do título. O primeiro endossante será sempre o tomador; o segundo endossante é o endossatário do
tomador e assim sucessivamente. Não há qualquer limite para o número de endossos.
Quando o proprietário do título o endossa, torna-se coobrigado solidário no pagamento (LU, art.
15).
A letra de câmbio pode receber aval. O avalista é responsável da mesma forma que o seu avalizado
(LU, art. 32), ou seja, o avalista responde pelo pagamento do título perante o credor do avalizado e, realizado
o pagamento, poderá voltar-se contra o devedor.

40
Curso de Graduação em Administração a Distância

A prescrição é a perda do direito de propor ação judicial em conseqüência do não uso dela, durante
um determinado espaço de tempo previsto em lei. A prescrição da letra de câmbio é a perda da execução
judicial pelo seu não-exercício dentro do prazo de três anos.
Vencida a letra de câmbio o credor tem o direito de propor ação executiva e, para tanto, terá o prazo
de três anos a contar da data do vencimento da cambial. Se deixar passar esse prazo prescritivo, essa ação
não será cabível.
No entanto, se deixar passar o prazo de 3 anos para o exercício da referida ação contra o devedor
principal e seu avalista, ocasião em que a letra perde a natureza de título executivo extrajudicial, terá, ainda, o
direito de propor ação monitória, que é ação de conhecimento, a partir de prova escrita sem eficácia de título
executivo, para constituição de título judicial.
É o que se extrai da dicção textual do art. 1.102-A do CPC:
Artigo 1.102-A. “A ação monitória compete a quem pretender, com base em
prova escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro,
entrega de coisa fungível ou determinado bem móvel”.

O prejuízo assim será enorme: a correção monetária começa a incidir a partir da propositura da
ação, enquanto que, propondo ação executiva em tempo, a correção monetária incidirá a partir da data do
vencimento do título. O pior é o credor ter que provar a origem do título, pois, com a prescrição, o documento
“letra de câmbio” deixou de ser um título de crédito. Também traz prejuízo a demora da penhora, pois antes
poderá vir a contestação, a instrução, a sentença e o recurso.

1.2 Nota Promissória

A Nota Promissória é um título de crédito no qual uma pessoa/ sacador, emitente ou subscritor
(obrigado principal)- firma, por escrito, uma promessa de pagamento para outra – beneficiário ou sacado-
constante do documento, ou a sua ordem, uma quantia em dinheiro. Está sujeita às mesmas normas aplicadas
à letra de câmbio, com exceções previstas na Lei Uniforme.
Enquanto a letra de câmbio é uma ordem de pagamento, porque através dela o signatário (sacador) do
título, requisita a uma pessoa (sacado), o pagamento de uma soma, a nota promissória é uma promessa de
pagamento feita pelo próprio devedor que se obriga, dentro de certo prazo, ao pagamento de uma soma pré-
fixada. Passa a ser um título de crédito desde a sua emissão feita pelo devedor, e o seu possuidor ou portador
poderá, logo após o vencimento, não sendo paga, propor ação executiva para recebê-la.
Por se tratar de um título autônomo que independe da indagação da causa que motivou a obrigação.
“Nota promissória regularmente emitida e avalizada, mesmo originária de um contrato particular, - decidiu
o Tribunal - pode circular. Uma vez endossada, representa dívida autônoma, com causa legítima” (in RT
659/150).

Portanto, lembre-se: a nota promissória é uma promessa direta que o devedor


faz ao credor, pois ela é emitida pelo devedor. Já a letra de câmbio é emitida
por uma pessoa que dá uma ordem ao seu devedor (sacado) para pagar certa
quantia a um terceiro.

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Direito Empresarial

Quando a nota promissória é emitida, intervêm, necessariamente, duas pessoas: o emitente que é o
devedor, e o beneficiário, que é o credor.
Além delas, podem aparecer outras pessoas, como o “avalista”, que se obriga com o emitente,
solidariamente, ao pagamento do título e o “endossatário”, ou terceiro, em cujas mãos passa o título quando
o credor o aliena.
A seguir são apresentados os seus requisitos essenciais:
1. a denominação nota promissória;
2. a importância por extenso a ser paga;
3. o nome da pessoa a quem deve ser paga;
4. a assinatura de próprio punho do emitente (devedor) ou do mandatário especial. “Se a cambial
foi emitida por procuração, observados os poderes outorgados, é considerada válida (Súmula 6
deste Tribunal)” (in RT 652/151).

Esses requisitos devem ser lançados por extenso no seu contexto, como acontece com a letra de câmbio;
a assinatura do devedor precisa ficar do lado direito e no final; o nome do credor deve aparecer logo após a
expressão “nota promissória” situada no centro do título.
A nota promissória não pode ser emitida ao portador. Um de seus requisitos essenciais é que ela contenha
o nome do credor. “A nota promissória ao portador não constitui, título de dívida líquida e certa - decidiu certa
vez o Tribunal - podendo, quando muito, auxiliar a prova da obrigação assumida pelo signatário para com o
autor, cobrável pela via ordinária, e não pela executiva” (in RT 598/213). Atualmente, a ação própria para a
cobrança via ordinária é a “ação monitória”. Entretanto, nada impede que se emita a nota promissória em
branco, que poderá circular livremente. Somente no momento de ser apresentada em juízo, ou no Cartório de
Protesto deve ser colocado o nome do credor.
O Tribunal já decidiu que não enseja execução o título incompleto, “por lhe faltar um requisito de forma”
(in RT 591/220). “Se o credor não exercitar os poderes que lhe são conferidos no mandato tácito contido na
emissão da nota promissória em branco, deixando de complementá-la até o momento de sua cobrança, não se
reconhece ao título a natureza cambial, tornando nula a execução nele embasada” (in RT 588/210).
O pagamento da promissória será feito no tempo indicado no próprio título. Se não se determina o
prazo para pagamento, entende-se que se trata de promissória à vista. A nota promissória pode ser passada:
1. à vista; 2. em dia certo; 3. a tempo certo da data da emissão; neste caso, a data da emissão tem relevância.
Pelo art. 77 da Lei Uniforme, são aplicáveis à nota promissória todas as disposições da letra de câmbio,
evidentemente no que não lhe contrariem a natureza.
Vale, assim, tudo o que for válido à letra de câmbio, aplica-se, mutatis mutantis, à nota promissória,
no que diz respeito a endosso, aval, vencimento, pagamento, protesto, execução, etc. Exceto no que se refere
ao aceite, pois na promissória não se utiliza deste instituto, pela simples razão de que o próprio emitente da
promissória equipara-se ao aceitante da letra de câmbio.
É por isso que a nota promissória é um título de crédito desde o seu nascedouro. A prescrição é de
três anos do credor contra o emitente e o respectivo avalista e, de um ano, a ação do portador contra o
endossante.

1.3 Cheque

Representa ordem de pagamento incondicional em dinheiro e à vista contra uma instituição financeira.
Surgiu na Idade Média com os Cavaleiros Templários e, por volta do século XIX era utilizado pela realeza
britânica para receber pagamento dos tesoureiros. A França foi o primeiro país a regulamentar o cheque.

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Curso de Graduação em Administração a Distância

No Brasil, a Lei 1083/1860 fez a primeira referência a esse título e somente com a Lei 7.357/1985 foi
regulamentado. O cheque é título de crédito padronizado; somente será válido aquele efetivamente emitido
por endosso ou instituição financeira assemelhada.
Constitui, assim, ordem de pagamento à vista, emitida contra um banco, em razão de fundos que o
emitente possui junto ao sacado. Traduz uma série de vantagens ao passo que substitui a moeda pelo referido
papel representativo; possibilita o pagamento à distância. A emissão do cheque requer, como pressuposto
básico, a provisão de fundos pelo emitente junto ao sacado. Nesse sentido, o sacado de um cheque (banco)
não possui nenhuma obrigação cambial, visto que não garante o pagamento da cártula; não pode ser
responsabilizado ou mesmo executado pelo credor em razão de falta ou insuficiência de fundos disponíveis
na conta do emitente do título.
São figuras desse instituto o emitente, o sacado e o tomador ou beneficiário que se associam com os
elementos confiança e tempo. O cheque possui requisitos essenciais que o individualizam em relação aos
demais títulos cambiários. Nos termos do art. 1º da Lei 7357/85, constituem requisitos do cheque: I – a
denominação “cheque” inscrita no contexto do título e expressa na língua em que é regido; II - a ordem
incondicional de pagar quantia determinada; III – o nome do banco ou instituição financeira que deve pagar
(sacado); IV – a indicação do lugar de pagamento.
Na falta do lugar dessa indicação, será considerado lugar de pagamento aquele designado junto ao
nome do sacado; se designado em vários lugares, deverá ser pago no primeiro deles. Ainda, não existindo
qualquer indicação, o cheque é pagável no lugar da emissão. V – a indicação da data e do lugar de emissão; VI
– a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais. O cheque tem implícita a
causa “à ordem”, significa dizer que se transmite normalmente mediante endosso. Este admite a cláusula “sem
garantia”, pela qual o endossante não assume, em relação ao título, nenhuma responsabilidade cambial.
Cabe, também, no cheque o endosso-mandato, em que o endossatário se investe na condição de
mandatário do endossante e não se torna titular do crédito. Interessante ainda acrescentar que os analfabetos
somente poderão emitir cheques mediante mandatário com poderes especiais outorgados por instrumento
público. Poderá o emitente inserir no cheque a cláusula “não à ordem”, hipótese em que a sua circulação será
regida pelo Direito Civil.
Ressalta-se que as diferenças entre endosso e cessão civil de crédito são:
• o transmitente responde pela solvência do devedor quando endossante, mas não responde se
é cedente;
• o recebedor está imunizado perante exceções se endossatário, mas não está quando cessionário
do crédito.

Sobre circulação do cheque, importa registrar que a legislação tributária, quando elege a movimentação
financeira como fato imponível de imposto, costuma limitar o número de endosso que o cheque pode
receber, com o objetivo de forçar a verificação da hipótese de incidência, isto é, na constituição da obrigação
de pagar o tributo, essas limitações impedem que o cheque tenha mais de um endosso.
O art. 17 da lei n. 7.357/85 prevê que os cheques transmitem-se por endosso, que pode ser feito ao
próprio sacador, ou a um terceiro. São nulos, porém, o endosso parcial e o condicionador. Não é permitido
ao sacado endossar o cheque.
Tal situação valeria como quitação, salvo no caso de o sacado possuir vários estabelecimentos e o
endosso ser feito em favor de estabelecimento diverso daquele contra o qual o cheque foi emitido. Tal como
a letra de câmbio, o endosso deve ser feito no verso ou anverso do cheque.
Pode ser assinado pelo próprio endossante ou por seu mandatário com poderes especiais, valendo,
inclusive, chancela mecânica ou processo equivalente. O endosso posterior ao protesto ou após findo o
prazo de apresentação só produz efeitos de cessão civil de crédito. Já o endosso sem data presume-se feito
antes do protesto ou de declaração equivalente, ou de findo o prazo de apresentação.

43
Direito Empresarial

O cheque também pode ser garantido, no todo ou em parte, por aval. Poderão ser avalistas terceiros,
estranhos ao título ou um de seus signatários. O único que não pode ser avalista é o sacado. O aval deve ser
lançado no anverso, ou no verso do cheque com a cláusula “por aval” ou outra equivalente, sendo seguida da
assinatura do avalista. O aval poderá ser em branco ou em preto. Em preto é aquele que indica o avalizado e
o em branco é aquele que não o indica e, nesse caso, considerar-se-á avalizado o emitente do cheque.
Há quatro modalidades de cheque: a) visado; b) administrativo; c) cruzado; d) para se levar em conta.
O cheque visado é aquele em que o banco sacado, a pedido do emitente ou do portador legítimo,
lança e assina, no verso, declaração confirmando a existência de fundos suficientes para a liquidação do
título. Somente pode receber visamento o cheque nominativo ainda não endossado. Ao visar o cheque, o
banco sacado deve reservar, da conta de depósito do emitente, numerário bastante para o pagamento do
título, realizado o pagamento do débito correspondente. O visto do cheque não exonera o emitente, os
endossantes e demais devedores, e não importa nenhuma obrigação cambial do banco sacado. O cheque
visado pelo Banco representada uma garantia para o portador de que o cheque tem fundos.
O cheque administrativo é o emitido pelo banco sacado, para liquidação por uma de suas agências.
Nele, emitente e sacado são a mesma pessoa; ou seja, a instituição financeira ocupa, simultaneamente a
situação jurídica de quem dá a ordem de pagamento e a de seu destinatário. O pressuposto do cheque
administrativo, também chamado bancário, é a nominatividade. Se a lei admitisse sua emissão “ao portador”,
poderia o título de uma instituição financeira conceituada acabar substituindo o papel-moeda. Serve essa
modalidade de cheque ao aumento da segurança no ato de recebimento de valores.
O cheque cruzado é aquele atravessado por duas linhas paralelas na face do título. Estas linhas
podem ser lançadas pelo emitente ou pelo portador do cheque. O cruzamento do cheque restringe a sua
circulação, pois o título só poderá ser pago a um Banco. Assim, quando uma pessoa recebe cheque cruzado
deverá depositá-lo em sua conta bancária, para que o título seja “compensado” pelo serviço bancário. Há
duas espécies de cruzamento: o geral, que não identifica nenhum banco no interior dos dois traços; e
o especial, em que certo banco é identificado, por seu nome ou número no sistema financeiro, entre os
mesmos traços.
O cruzamento se destina a tornar segura a liquidação de cheques ao portador, já que, uma vez cruzado
o título, sempre seria possível, a partir de consulta aos assentamentos do banco, saber em favor de que
pessoa ele foi liquidado. O cheque não cruzado ao portador, pode ser pago diretamente no caixa da agência
sacada, hipótese em que não se poderá reconhecer a pessoa que recebeu o correspondente valor.
O cheque para se levar em conta é aquele em que o emitente ou portador proíbem o pagamento
do título em dinheiro.
A cláusula “para ser creditado em conta” deve constar do anverso do cheque, na transversal. A praxe
é inseri-la no cruzamento com expressa menção da conta de depósito do credor. Nessa modalidade o
pagamento do cheque se reveste de grande segurança, na medida em que ou será liquidado na conta referida
pela cláusula especial, ou não se prestará a nenhuma outra finalidade.
O cheque deve ser apresentado, pelo credor, ao banco sacado, para liquidação, dentro do prazo
assinalado pela lei. Para aqueles da “mesma praça”, o prazo é de 30 (trinta) dias; para os “de praças diferentes”,
60 (sessenta) dias, sempre a contar do saque. Ressalte-se, outrossim, que o cheque, mesmo após o transcurso
dos 30 ou 60 dias da lei, ainda poderá ser apresentado ao banco sacado, para fins de liquidação. Apenas
depois de prescrita a execução; ultrapassados 6 meses do término do prazo de apresentação, o sacado não
poderá mais receber e processar o cheque.
Quanto aos cheques pós-datados, é interessante lembrar que, segundo a lei Uniforme sobre Cheques,
este título é ordem de pagamento à vista. Desta maneira, os cheques com data futura ao dia real da emissão
não devem ser levados em conta. A data futura não é considerada e o cheque sempre é pagável à vista. De
acordo com o art. 28 da Lei Uniforme, o cheque apresentado a pagamento antes do dia indicado como data
da emissão é pagável no dia da apresentação.

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Curso de Graduação em Administração a Distância

Embora a pós-datação não produza efeitos perante o banco sacado, na hipótese de apresentação
para liquidação, ela apresenta um acordo entre tomador e emitente. A apresentação precipitada do cheque
significa o descumprimento do acordo.
O pagamento do cheque pode ser sustado pelo emitente em duas hipóteses: revogação, também
chamada contra-ordem; e oposição. Em ambas, o objetivo é impedir a liquidação do cheque, pelo banco
sacado; pressupondo, portanto, que esta não tenha se realizado à data da sustação.
O cheque regularmente processado e pago não pode ser, por evidente, objeto de revogação ou
oposição. Ao banco sacado não cabe apreciar as razões do ato. Se uma pessoa legalmente autorizada à sua
prática, revoga o cheque ou se opõe ao seu pagamento, o sacado deve apenas adotar os procedimentos
administrativos internos, aptos a atender a vontade dela.
Se a sustação é, no caso em particular, medida justa ou abuso de direito, isso não é coisa com que
se deva preocupar o banco. Sua função resume-se a simplesmente garantir a eficácia ao ato unilateral do
emitente.
A validade ou invalidade da sustação somente pode ser determinada pelo juiz, cabendo ao prejudicado
demandar o emitente e provar o abuso no exercício do direito. Autorizam, em geral, a sustação, os fatos de
desapossamento indevido do talão de cheques ou do título já emitido. Note-se que a infundada sustação do
pagamento do cheque tem os mesmos efeitos penais da emissão de cheque sem fundos; isto é, caracteriza
crime de estelionato.

1.4 Duplicata

A duplicata, título príncipe do direito brasileiro, como assim se refere Tullio Ascarelli, é um título de
crédito emitido pelo fornecedor de mercadoria ou serviço, correspondente a uma fatura de venda mercantil
a prazo (da qual é cópia), e que, aceito pelo comprador, é em geral descontado num banco, que efetua sua
cobrança. No sentido etimológico, duplicata significa cópia, reprodução.
O termo “duplicata” não pode ser interpretado ao pé da letra, como cópia ou documento duplicado
de outro, mas sim como título emitido com base em crédito decorrente da venda de mercadoria ou prestação
de serviços. Existe uma corrente que defende que se pode dizer que a duplicata já existia desde o Código
Comercial de 1850. Era imposto aos comerciantes a emissão de fatura. Era a fatura-duplicata, a relação por
escrito das mercadorias entregue. Em 1908, a parte que disciplinava essa matéria foi revogada pelo Decreto
nº 2.044 e, mais adiante, veio a ser tratada novamente por vários decretos e leis.
Atualmente, a emissão de duplicatas é disciplinada pela lei 5.474/68. Trata-se de título de crédito
causal, que se transmite por endosso, garante-se por aval e cobra-se por ação cambial. Assim, por estar
também submetida aos institutos do endosso, aceite e aval, aplicam-se subsidiariamente à duplicata, as regras
da letra de câmbio. O empresário que quer emitir duplicatas é obrigado a ter e escriturar o Livro de registro
de Duplicatas, que deve ser conservado no seu próprio estabelecimento.
A duplicata caracteriza-se como um instrumento de saque do vendedor de mercadorias pela
importância faturada ao comprador. Trata-se assim, de ordem de pagamento, assemelhando-se à letra de
câmbio. Distingue-se desta porque, enquanto a letra é título abstrato (pode ser sacada em qualquer situação,
de acordo com a vontade do emitente), a duplicata é título causal que, para ser regular, deve ter sido emitida
sob o lastro de uma venda de mercadorias ou prestação de serviços, ou seja, embasada em fatura, que é a
relação de mercadorias vendidas, discriminadas por sua natureza, quantidade e preço, ou relação de serviços,
também discriminados de acordo com a respectiva qualidade, natureza e preço.
É um título padronizado pelo Conselho Monetário nacional, através da resolução n. 102, e por isso
deve conter: I - A denominação “duplicata”; II - A data de emissão; III - O número de ordem; IV - O
número da fatura da qual foi extraída; V - A data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à

45
Direito Empresarial

vista; VI - O nome e o domicílio do vendedor e do comprador; VII - A importância a pagar, em algarismos


e por extenso; VIII - A cláusula à ordem (a cláusula “não à ordem” somente pode ser inserida no título
por endossante, e, como o vendedor saca a seu favor, ele, necessariamente, é o primeiro endossante do
título); IX - A declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada pelo
comprador, como aceite cambial (o comprador deve ser identificado com nome, domicílio e documento:
RG, CPF etc.); X - A assinatura do emitente (seguindo a indicação de seu nome e domicílio). A duplicata não
pode compreender a mais de uma fatura e não pode ser emitida a certo termo de vista, nem a certo termo
de data, uma vez que deve conter a data certa de vencimento.
Para que ocorra o aceite, a duplicata deverá ser enviada ao sacado na praça ou no lugar de seu
estabelecimento, diretamente pelo vendedor ou por intermédio de instituições financeiras, procuradores ou
correspondentes, dentro do prazo de trinta dias contados da data da sua emissão (art 6º da Lei 5.474/68).
No caso de remessa por intermédio de representantes, instituições financeiras, procuradores ou
correspondentes, estes deverão apresentar o título ao comprador dentro de 10 dias, contados da data de seu
recebimento na praça de pagamento. Se não for à vista, o comprador terá, no máximo, 10 dias contados da
data de apresentação, para devolver o título ao apresentante, devendo a duplicata estar devidamente assinada
ou acompanhada de declarações, por escrito, das razões da falta de aceite (art 7º da Lei 5.474/68).
A duplicata é um título de aceite obrigatório, ou seja, o sacado, em regra, está obrigado a aceitar a ordem
do título. Ele somente poderá negar o aceite da duplicata por motivo de: I - Avaria ou não-recebimento das
mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por sua conta e risco; II - Vícios, defeitos e diferença
na qualidade ou na quantidade das mercadorias devidamente comprovados; III - Divergência nos prazos ou
nos preços ajustados.
Em função do seu caráter obrigatório, o aceite da duplicata mercantil pode ser discriminado em três
categorias:
I. Aceite ordinário – Resulta da assinatura do comprador aposta no local apropriado do título
de crédito.
II. Aceite por comunicação – resulta da detenção da duplicata mercantil pelo comprador
autorizado por eventual instituição financeira cobradora, com a comunicação, por escrito, ao
vendedor, de seu aceite.
III. Aceite por presunção – resulta do recebimento das mercadorias pelo comprador, desde
que não tenha havido causa legal motivadora de recusa, com ou sem devolução do título ao
vendedor.

A prova do pagamento da duplicata é o recibo passado pelo legítimo portador, ou por seu representante
com poderes especiais, no verso do próprio título ou em documento separado com referência expressa à
duplicata. Também se presume resgatada à duplicata com a liquidação de cheque, a favor do estabelecimento
endossatário, no qual conste, no verso, que seu valor se destina à amortização ou liquidação da duplicata nele
mencionada.
De acordo com o art. 12 da Lei 5.474/68, o pagamento da duplicata poderá ser assegurado por aval,
sendo o avalista equiparado àquele cujo nome indicar, caso não haja indicação, este será equiparado àquele
cuja firma estiver aposta acima da sua, fora desses casos, ao comprador.
Poder-se-á efetuar o protesto de uma duplicata na praça de pagamento constante do título pelas
seguintes razões: I - Falta de aceite: II - Falta de devolução do título pelo comprador; III -Falta de pagamento.
O fato de não ter sido protestado o título por falta de aceite ou de devolução não elide a possibilidade de
protesto por falta de pagamento (art. 13, § 2º, da Lei n. 5.474/68).
Como nas cambiais, a conseqüência da falta de protesto dentro do prazo legal (30 dias contados
da data do seu vencimento) é a mesma, qual seja, a perda do direito de regresso contra os endossantes e
respectivos avalistas do título (art. 13, § 4º).

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Curso de Graduação em Administração a Distância

A triplicata nada mais é do que uma cópia da duplicata que foi perdida ou extraviada, possuindo os
mesmos efeitos, requisitos e formalidades da duplicata que substitui (art. 23). Geralmente é emitida uma
triplicata quando o comprador retém a duplicata original.
Nos termos do art. 18 da Lei n. 5.474/68, a pretensão à execução da duplicata prescreve: I- Em 3 anos,
contados da data do vencimento do título, contra o sacado e respectivos avalistas; II- Em 1 ano, contando da
data do protesto, contra os endossantes e respectivos avalistas; III- Em 1 ano, contando da data em que haja
sido efetuado o pagamento do título, de qualquer dos coobrigados, uns contra os outros.

2 FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO

A nova Lei de Falências e Recuperação de Empresas (Lei 11.101/05) passou a vigorar a partir de junho
de 2005, seu principal objetivo inovador é preservar a empresa em estado de crise econômico-financeira.
Sua adoção é considerada de extrema importância em nosso país. O ordenamento anterior, o Decreto-
lei nº 7.661, datava de 1945, ou seja, de uma época em que a atividade econômica brasileira era incipiente. A
realidade da época era completamente distinta da dos dias atuais.
A nova legislação falimentar vem sendo elogiada porque se propõe a priorizar a recuperação das
empresas, e não o seu fechamento. Entre as aclamadas modificações, destaca-se:
• Fim da sucessão empresarial para créditos trabalhistas e tributários;
• Mudança na prioridade de pagamentos das dívidas, sendo que dívidas bancárias são pagas logo
após as dívidas funcionárias;
• Substituição da concordata pelo processo de recuperação;
• Criação de um plano especial de recuperação para as micro e pequenas empresas.

2.1 Falência

Conforme destaca Ricardo Negrão (2004, p. 21), “falência é o processo de execução coletiva, no qual
todo o patrimônio de um empresário decretado falido é arrecadado, visando o pagamento da universalidade
de seus credores, de forma completa ou proporcional”.
A falência compreende um processo complexo em que ocorrem a arrecadação dos bens do falido, a sua
administração, verificação dos créditos, pagamento de credores e apuração de eventuais crimes falimentares.
A decretação da falência tem como objetivo preservar o crédito público. Isso porque, quando denunciada
a letalidade patrimonial do devedor, são ultrapassadas as fronteiras da relação obrigacional singular e atingidos
todos os demais credores. A falência permite que os credores sejam tratados de forma proporcional ao seu
crédito no conjunto de bens que compõem o patrimônio do devedor. Por esse motivo é que a atual legislação
prioriza a recuperação da empresa.
De acordo com o direito brasileiro, são necessários os seguintes requisitos para que fique caracterizada
a falência:
I. Condição de insolvência do devedor – a insolvência do devedor se revela pela incapacidade
patrimonial do devedor em satisfazer regularmente às próprias obrigações.
A insolvência não é necessariamente demonstrada pela falta de pagamento do devedor no dia do
vencimento de um título. Ela pode ser presumida por alguns sintomas legais ou, ainda, ser requerida pelo
próprio devedor.

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Direito Empresarial

De acordo com a Lei de Falências, há três critérios para averiguar a ocorrência da insolvência do
empresário, quais sejam:
a) Insolvência presumida pela impontualidade, ou seja, atraso no pagamento das
obrigações;
b) Insolvência presumida por sintomas legais, ou seja, o devedor pratica atos tipificados
pela Lei, execução frustrada, realização de negócios simulados, transferência do estabelecimento
empresarial etc.;
c) Insolvência confessada ou autofalência ocorre quando o próprio devedor requer a
falência.

II. Caráter de empresarialidade do devedor – a lei estabelece que somente o empresário individual
e as sociedades empresariais podem requerer a falência.
Dentre as sociedades empresariais, no entanto, algumas não se sujeitam à falência, por determinação
legal, conforme o artigo 2º da Lei de Falências, sendo, assim, regidas por um regime jurídico especial:
• Empresas públicas;
• Sociedades de economia mista;
• Instituições financeiras, públicas ou privadas;
• Cooperativa de crédito;
• Administradora de consórcio;
• Entidade de previdência complementar;
• Sociedade operadora de plano de assistência à saúde;
• Sociedade seguradora;
• Sociedade de capitalizações.

III. Sentença judicial, decretando a falência - faz-se necessário que o poder judiciário prolate
sentença declaratória acolhendo os pedidos formulados à petição inicial e reconhecendo a condição de falido
do devedor.
O foro competente para processar a falência é o do local onde está instalado o principal estabelecimento
do devedor. O juízo é universal, em regra, pois algumas ações não são processadas por esse juízo (ação não
falimentar, reclamações trabalhistas, cobrança de débitos tributários, ações em que a União, suas autarquias
ou empresas públicas forem parte, ações de despejo ou relativas a imóveis).
No processo de falência torna-se indispensável que se configurem os dois pólos da relação processual.
A legitimidade passiva, ou seja, o pólo passivo é privativo de devedores empresários, sociedades empresárias
ou mesmo empresários individuais, independentemente de serem registrados em Junta Comercial.
A legitimidade ativa, ou seja, a capacidade para requerer a falência poderá ser exercida pelo próprio
devedor empresário (autofalência), qualquer credor, se empresário, tem que provar sua regularidade; o
cônjuge sobrevivente; os herdeiros do devedor; o inventariante; o sócio ou acionista da sociedade; o credor
não domiciliado no Brasil, desde que preste caução.
É interessante ressaltar que a responsabilidade dos sócios, quando solidária e ilimitada, resulta na
decretação de sua falência, ficando sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade
falida.

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Curso de Graduação em Administração a Distância

O rito a ser seguido no próximo falimentar pode ser dirigido de duas formas diferentes dependendo
de quem efetivou o pedido judicial: a) falência requerida pelo credor ou sócio minoritário, o rito segue os
preceitos dos arts. 94 a 96 e 98; b) se for autofalência, segue o rito dos arts. 105 a 107, de natureza não
contenciosa.
Após o pedido de falência, o devedor poderá adotar as seguintes posturas:
a) efetuar o depósito elisivo nos casos de pedido baseado na impontualidade ou na execução
frustrada;
b) contestar o pedido e depositar nos casos de pedido baseado na impontualidade ou na execução
frustrada;
c) simplesmente contestar o pedido;
d) pleitear a recuperação judicial.

Lembre-se que: o depósito elisivo é realizado em dinheiro para quitar o crédito


reclamado. Corresponde ao crédito, acrescido de correção monetária, juros e
correção monetária.

Decretada a falência, surgem os seguintes efeitos:


a) quanto aos direitos do credor – vencimento antecipado das obrigações do falido, suspensão
das ações e execuções, fim da fluência dos juros, suspensão da prescrição, suspensão da
exigibilidade dos créditos;
b) quanto aos bens do falido – todos os bens atuais do falido, ou que venham a ser adquiridos
no curso da falência, ficam sujeitos ao procedimento falimentar.

Na sentença que decreta a falência do empresário, o juiz indicará o administrador, que será um
profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou
pessoa jurídica especializada, por esse motivo pode ser pessoa física ou jurídica, que assumirá a administração
dos bens do falido até o fim do processo.
Depois do administrador realizar o atendimento aos credores da massa e as restituições em dinheiro,
deverá efetuar o pagamento dos demais créditos, os quais são classificados conforme sua origem, na seguinte
ordem (art. 83, LRF):
a) créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 salários mínimos por credor, e os
decorrentes de acidente de trabalho;
b) créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado – são aqueles em que o devedor
indicou previamente um bem que garante o pagamento da dívida;
c) créditos tributários – são aqueles derivados do não recolhimento dos tributos;
d) créditos com privilégio especial – os previstos no artigo 964 do Código Civil ou em outras leis;
e) créditos com privilégio geral – os previstos no artigo 965 do Código Civil ou em outras leis, além
dos créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante a recuperação judicial;
f) créditos quirografários – oriundos de obrigações assumidas pelo devedor sem que haja garantias
pré-estabelecidas;
g) multas contratuais e penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas,
inclusive multas tributárias;
h) créditos subordinados – são os valores correspondentes aos direitos dos sócios e que não foram
pagos até a decretação da falência.

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Direito Empresarial

2.2 Recuperação Judicial

Em substituição ao regime da concordata, previsto na antiga Lei de Falências, a Lei 11.101/05 previu
a possibilidade de o devedor requerer a aprovação do plano de recuperação judicial e extrajudicial, de forma
a superar sua situação econômico-financeira e retomar o desenvolvimento de suas atividades. A recuperação
judicial privilegia, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.
A recuperação judicial é um mecanismo que permite que o devedor apresente um plano para a sua
recuperação, sem que seja necessário deixar de operar ou requerer a sua falência. É resguardada a manutenção
da atividade e é privilegiada a função social que a empresa exerce perante a comunidade.
Nos termos do artigo 48 da Lei de Falências, a recuperação judicial poderá ser requerida pelo devedor
que exerça a atividade empresarial há mais de dois anos e atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente:
a) não ser falido ou, se já foi, ter suas obrigações declaradas extintas por sentença judicial;
b) não ter obtido, há menos de cinco anos, a concessão de recuperação judicial;
c) não ter, há menos de oito anos, obtido a concessão de recuperação judicial e esta ter sido
convalidada em falência;
d) não ter sido o falido condenado, como administrador ou sócio, por qualquer crime
falimentar.

A recuperação judicial, pode, ainda, ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor,
inventariante, ou sócio remanescente, nos termos do artigo 48 da Lei 11.101/05.
O plano de recuperação judicial envolve todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não
vencidos, sendo de se mencionar que os credores conservam seus direitos e privilégios contra o devedor
principal, coobrigados, fiadores e obrigados em face do exercício de direito de regresso.
O pedido deverá ser apresentado mediante o poder judiciário por meio de petição inicial, instruída do
motivo que justifica o pedido e dos principais documentos de escrituração contábil da empresa. Recebido o
pedido, o juiz analisará e aprovando-o, abrirá prazo para a apresentação do plano de recuperação.
Apresentado o plano, o juiz irá aprová-lo ou rejeitá-lo. Aprovado, abrirá prazo para que os credores
apresentem oposição. O plano de recuperação deverá ser apresentado no prazo de 60 dias, contados a partir
da concessão do benefício devendo conter:
a) Os meios de recuperação a ser empregados, tais como a alteração do controle societário, o
aumento de capital;
b) Demonstração de sua viabilidade econômica;
c) Laudo econômico financeiro e de avaliação de bens e do ativo do devedor.

O plano terá duração máxima de dois anos de duração. O pedido de recuperação será, automaticamente,
convertido em falência, quando qualquer das obrigações previstas no plano for descumprida, ocorrendo
assim, a chamada convolação em falência, ela poderá ocorrer também a pedido dos credores ou em razão da
perda do prazo para a apresentação do plano.
A aprovação do plano não impede que o devedor, a qualquer momento, requeira sua conversão em
falência.

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2.3 Recuperação Extrajudicial

Grande inovação trazida pela Lei de Falências é a recuperação extrajudicial, procedimento totalmente
inovador trazido pela nova lei.
Constitui o plano de recuperação extrajudicial uma forma de negociação, no âmbito privado, das
dívidas do empresário em conjunto com seus credores. O empresário convida alguns credores e propõe uma
estratégia para renegociar suas dívidas.
Diferentemente do que ocorre no procedimento de recuperação judicial, na recuperação extrajudicial,
apenas os credores mais relevantes participam do processo. Ademais, o procedimento é mais simples e é
realizado no âmbito privado. O juiz apenas homologa o plano previamente aprovado pelos credores.
O procedimento vem previsto no capítulo VI da Lei de Falências e impede que credores inexpressivos
atuem de forma abusiva, unicamente, com o intuito de prejudicar o devedor. Note-se, no entanto, que o
plano não poderá prever antecipação de vencimento de dívidas ou tratamento desfavorável dos credores que
não integrem o plano.
O plano é elaborado pelo devedor e discutido com os seus credores. Os meios de recuperação são
vários. Tanto pode ser um dos mencionados no artigo 50 da Lei, como pode ser um outro que atenda os
interesses específicos dos credores convocados.
Aprovado o pedido de recuperação extrajudicial pelos credores que representem 3/5 (três quintos)
dos credores, o plano deverá ser homologado em juízo. Após a homologação, os credores não poderão
desistir da adesão ao plano, sendo que, a sentença homologatória constituirá título extrajudicial, nos termos
do inciso III do artigo 584 do Código de Processo Civil.
Uma vez homologado o plano, ele obrigará a todos os credores por ele abrangidos, exclusivamente,
em relação aos créditos constituídos até a data do pedido de homologação. Os créditos não abrangidos pelo
plano não poderão ter suas condições originais alteradas.
Vale ressaltar que apenas os credores que aderirem ao plano ficarão sujeitos aos seus efeitos. É também
de se notar que a homologação, não impede outras modalidades de realizarem acordo privado entre o
devedor e seus credores.

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Direito Empresarial

REFERÊNCIAS

DI PIETRO, Maria Sylvia Z. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2005.

DOWER, Nelson Godoy. Instituições de Direito Público e Privado. São Paulo: Editora
Saraiva, 2007.

FABRETTI, Laúdio Camargo. Direito de Empresas no Novo Código Civil. São Paulo: Atlas,
2003.

FILKELSTEIN, Maria Eugenia. Direito Empresarial. São Paulo: Atlas, 2006.

GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Forense,
2005.

MAMEDE, Gladston. Manual de Direito Empresarial. São Paulo: Atlas, 2007.

MARTINS, Fran. Curso de Direito Comercial. Rio de Janeiro: Forense, 2006.

NEGRÃO, Ricardo. Direito Empresarial. São Paulo: Atlas, 2004.

ULHÔA, Fábio. Curso de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2006.

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