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O Almorode conVida

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O Almorode
O rio Almorode, também conhecido por Avioso ou
Arquinho, nasce em S. Pedro de Avioso (Maia) e
desagua em Gueifães, no rio Leça, do qual é afluente.
No seu percurso de 11 Km atravessa, sucessivamente,
as freguesias de S. Pedro de Avioso, St.ª Maria de
Avioso, Vermoim, Nogueira, Milheirós e Gueifães,
recebendo água principalmente de 3 afuentes: a ribeira
de Silva Escura, ribeiro de Guindes e a ribeira dos
Mogos.
O Almorode, com uma bacia hidrográfica de 33 km2, é o
maior afluente do Rio Leça e o maior curso de àgua que
nasce no concelho da Maia.

Até ao último terço do século passado, os


ecossistemas que lhe estavam associados eram ricos
em biodiversidade, albergando uma fauna e uma flora
pujantes. Peixes, anfíbios, répteis, crustáceos,
mamíferos e toda a sorte de plantas aí conviviam em
harmonia natural.
Constituia, igualmente um importante recurso
económico para as populações das suas margens. A
fertilização induzida pelas suas cheias de Inverno
tornavam os campos agrícolas adjacentes os mais
produtivos de todo o distrito.
A força motriz das suas àguas movia inúmeros moínhos
que produziam a farinha que deu o pão a gerações
inteiras de maiatos.
Até hà 40 anos atrás, quando as máquinas de lavar
eram mera ficção científica, pode dizer-se que o Rio
Almorode lavava a roupa a meia cidade do Porto. Era
Trecho do Rio Almorode, em Vermoim
nas suas àguas que muitas das ínumeras lavadeiras da
Maia (a profissão que, em Vermoim rivalizava em número de efectivos com a de tamanqueiro) lavavam as roupas dos seus
clientes da cidade do Porto, que transportavam em trouxas à cabeça. As roupas a secar e a corar, espalhadas pelas suas
margens, eram a visão materializada do filme “Aldeia da Roupa Branca”.

Noutros tempos, em que o mundo era mais pequeno, o nosso rio foi o “Parque Temático”, a Disneylandia possível, de
sucessivas gerações de crianças. Palco de mirabolantes aventuras e épicas “cóboiadas”. Os seus “fundões” eram as piscinas
onde se aprendia a nadar sem monitor, à custa de muitos “pirolitos” engolidos. Era o nosso pequeno Mississipi.

A industrialização e a pressão urbanística que se fez sentir sentir nas suas margens, particularmente a partir de finais dos
anos 60 do século passado, acabariam por transformar o Almorode num verdadeiro esgoto a céu aberto e matou a vida que
pululava nas suas àguas. Uma perda lamentável para todos nós.

Felizmente que o encerramento de algumas indústrias e o investimento que foi feito no saneamento básico proporcionou a
oportunidade ao Almorode para demonstrar a sua tenacidade e a fibra de que é feito. As suas àguas têm vindo a recuperar
alguma limpidez e os ecossistemas que lhe estão associados têm vindo a recuperar. Os peixes regressaram e os lagostins
vermelhos, espécie exótica invasiva, também já cá chegaram. Com eles regressaram as galinhas de àgua (galeirões) que, de
boa vontade, introduziram os lagostins na sua dieta.

Porém, o leito do Almorode continua a ser para alguns, o seu vazadouro particular de toda a sorte de lixos. Desde pneus a
bidões, passando por banheiras, carrinhos de bébé, cadeiras, garrafas plásticas e mobílias, de tudo se encontra no nosso rio.
Esta situação não pode continuar. E não existe nenhuma desculpa para continuar. Existe recolha de lixo porta-a-porta e os
ecopontos e ecocentros estão espalhados pelo concelho.
A existência de lixo no Almorode é pura falta de civismo.
E isso não é tolerável.
O Rio Almorode atravessa Vermoim de Norte para Sul. Entra pela Várzea, uma veiga agradabilíssima, por onde
serpenteia dolentemente.

Referências da História
O Rio Almorode é também conhecido como Rio Avioso, no início do
seu curso e, mais para a parte final, como Rio Arquinho.

A mais antiga referência escrita que se conhece a Vermoim, utiliza o


Almorode ou Avioso como referência de localização do Mosteiro de S.
Romão de Vermoim.
Trata-se do "testamentum Sunillanes", feito em 30 de Outubro de 1014
(é verdade, quase a fazer 1 000 anos), pelo qual Ermengro, uma rica
viúva, preocupada com a salvação da sua alma, deixa ao frades e
freiras do Mosteiro de S. Romão, metade de umas propriedades que
possuía em Sevilhães (Gondomar).
E onde era o referido Mosteiro?

O documento diz-nos: acisterium prenominato Vermudi et reliquias


loci ejus, vocabulo Sancti Romani, et omne ejus cujus baselica fundata
est in ipsa villa, suburbio Portugal, prope rivulo Leza et discurrente
arrugio Avenoso

Isto é : O Mosteiro de S. Romão (Sancti Romani) fundado em Vermoim


(Villa Vermudi), localizada junto à Ribeira de Avioso (arrugio Avenoso)
afluente do Rio Leça (rivulo Leza), nos subúrbios do Porto (Portugal).

Um dos moínhos abandonados

Tradições curiosas
Durante muito tempo, os mancebos de Vermoim,
que eram convocados para prestar provas para o
serviço militar obrigatório (a "Inspecção") tinham
por tradição, na noite anterior à partida, percorrer as
ruas da freguesia, em grupo, a rufar bombos
alugados ao Cipriano. A noite só terminava,
madrugada alta, com um banho colectivo, em
pelota, no Rio Almorode.

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