Controle de Custos na Administração Pública Municipal: a Percepção dos Gestores dos Municípios pertencentes a Associação dos Municípios do Nordeste Riograndense (AMUNOR) e a Associação dos Municípios dos Campos de Cima da Serra (AMUCSER) do Rio Grande do Sul
Artigo apresentado no 5o CONTECSI. Congresso Internacional de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação - International Conference on Information Systems and Technology Management - USP/SP, 2008.
Referência Completa:
SCARPIN, J. E. ; SILVA, A. J. ; BOGONI, N. M. . Controle de Custos na Administração Pública Municipal: a Percepção dos Gestores dos Municípios pertencentes a Associação dos Municípios do Nordeste Riograndense (AMUNOR) e a Associação dos Municípios dos Campos de Cima da Serra (AMUCSER) do Rio Grande do Sul. In: 5o CONTECSI. Congresso Internacional de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação - International Conference on Information Systems and Technology Management - USP/SP, 2008, São Paulo/SP. CONTECSI. Congresso Internacional de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação. São Paulo/SP: FEA/USP, 2008. v. 5º. p. 1-15.
Artigo apresentado no 5o CONTECSI. Congresso Internacional de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação - International Conference on Information Systems and Technology Management - USP/SP, 2008.
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SCARPIN, J. E. ; SILVA, A. J. ; BOGONI, N. M. . Controle de Custos na Administração Pública Municipal: a Percepção dos Gestores dos Municípios pertencentes a Associação dos Municípios do Nordeste Riograndense (AMUNOR) e a Associação dos Municípios dos Campos de Cima da Serra (AMUCSER) do Rio Grande do Sul. In: 5o CONTECSI. Congresso Internacional de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação - International Conference on Information Systems and Technology Management - USP/SP, 2008, São Paulo/SP. CONTECSI. Congresso Internacional de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação. São Paulo/SP: FEA/USP, 2008. v. 5º. p. 1-15.
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Controle de Custos na Administração Pública Municipal: a Percepção dos Gestores dos Municípios pertencentes a Associação dos Municípios do Nordeste Riograndense (AMUNOR) e a Associação dos Municípios dos Campos de Cima da Serra (AMUCSER) do Rio Grande do Sul
Artigo apresentado no 5o CONTECSI. Congresso Internacional de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação - International Conference on Information Systems and Technology Management - USP/SP, 2008.
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SCARPIN, J. E. ; SILVA, A. J. ; BOGONI, N. M. . Controle de Custos na Administração Pública Municipal: a Percepção dos Gestores dos Municípios pertencentes a Associação dos Municípios do Nordeste Riograndense (AMUNOR) e a Associação dos Municípios dos Campos de Cima da Serra (AMUCSER) do Rio Grande do Sul. In: 5o CONTECSI. Congresso Internacional de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação - International Conference on Information Systems and Technology Management - USP/SP, 2008, São Paulo/SP. CONTECSI. Congresso Internacional de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação. São Paulo/SP: FEA/USP, 2008. v. 5º. p. 1-15.
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COST CONTROL IN MUNICIPAL PUBLIC ADMINISTRATION: THE
MUNICIPAL MANAGERS PERCEPTION OF THE MUNICIPALITIES AFFILIATED TO THE RIOGRANDENSE NORTHEAST MUNICIPALITIES ASSOCIATION (AMUNOR),MUNICIPALITIES OF CAMPOS DE CIMA DA SERRA ASSOCIATION (AMUCSER) OF RIO GRANDE DO SUL Jorge Eduardo Scarpin (Programa de Ps-Graduao em Cincias Contbeis PPGCC/FURB Fundao Universidade Regional de Blumenau FURB, Blumenau SC Brasil) - jorgescarpin@furb.br Nadia Mar Bogoni (Programa de Ps-Graduao em Cincias Contbeis PPGCC/FURB Fundao Universidade Regional de Blumenau FURB, Blumenau SC Brasil) - nadiabogoni@hotmail.com Adriano Jos da Silva (Programa de Ps-Graduao em Cincias Contbeis PPGCC/FURB Fundao Universidade Regional de Blumenau FURB, Blumenau SC Brasil) - ajs@al.furb.br This study aims to verify whether the city halls of the municipalities affiliated to AMUNOR and AMUCSER have a cost control system, and what the main difficulties to implement the system are. As far as the methodology used in this study is concerned: as to its objective, descriptive research; as to its procedures, at first, bibliographic. Then, survey style with a quantitative approach. The population covers 30 municipalities which compose (AMUNOR) and (AMUCSER) in Rio Grande do Sul with a final sample of 27 of the 30 municipalities involved. Results show that no city hall has a cost control system, and that the greatest difficulties to implement one are: lack of qualified personnel, managers and personnel do not have necessary information about the importance of having a cost control, once it is not demanded by the State Department of Accounts. In conclusion, lack of inspection by the Department of Accounts leads to managers not investing in qualification of personnel so that cost control might be implemented in municipal public administration. Keywords: Cost control, Fiscal Responsibility Law, Municipal Administration. 317 XL De 04 a 06 de Junho de 2008 - So Paulo - Brasil TECS - Laboratrio de Tecnologia e Sistemas de nformao FEA USP - www.tecsi.fea.usp.br CONTROLE DE CUSTOS NA ADMINISTRAO PBLICA MUNICIPAL: A PERCEPO DOS GESTORES DOS MUNICPIOS PERTENCENTES A ASSOCIAO DOS MUNICPIOS DO NORDESTE RIOGRANDENSE (AMUNOR) E A ASSOCIAO DOS MUNICPIOS DOS CAMPOS DE CIMA DA SERRA (AMUCSER) DO RIO GRANDE DO SUL RESUMO O objetivo principal deste estudo verificar se as prefeituras dos municpios pertencentes a Associao dos Municpios do Nordeste Riograndense (AMUNOR) e dos municpios pertencentes a Associao dos Municpios dos Campos De Cima da Serra (AMUCSER) do estado do Rio Grande do Sul possuem sistema de controle de custos e quais as principais dificuldades encontradas para implantao do sistema. A metodologia utilizada para alcanar os objetivos propostos pelo estudo utilizou-se do uso das tcnicas de pesquisa que se seguem: quanto ao seu objetivo, pesquisa descritiva; quanto aos procedimentos, na primeira etapa bibliogrfica seguindo num segundo momento para pesquisa do tipo levantamento ou survey, com abordagem quantitativa. A populao compreendeu 30 municpios que compem (AMUNOR) e a (AMUCSER) do estado do Rio Grande do Sul, com amostra final de 27 municpios participantes. Os resultados evidenciaram que nenhuma prefeitura possui um sistema de controle de custos e que as maiores dificuldades para a implantao de um controle de custos so: a falta de servidores qualificados, gestores e servidores no possuem informaes necessrias sobre a importncia de existir um controle de custos e no exigncia por parte do Tribunal de Contas do Estado TCE. Conclui-se que a falta de fiscalizao por parte do TCE, contribui para o desinteresse dos gestores pblicos em investir em qualificao e na capacitao dos servidores municipais, e tambm na implantao do controle de custos na administrao pblica municipal. Palavras-chave: Controle de custos. Lei de Responsabilidade Fiscal. Administrao Municipal. 1 INTRODUO O controle dos recursos pblicos um tema importante diante do estabelecimento de um novo padro de administrao pblica no Brasil. Este novo padro de administrao surge num contexto de reformas administrativas com vistas a adequar o aparelho do estado s novas demandas do desenvolvimento econmico e social. As reformas administrativas tm por base um diagnstico de crise fiscal e de crise do modelo de administrao burocrtica caracterstico do Estado nacional-desenvolvimentista e interventor, vigente entre os anos de 1930 e final da dcada de 1980 no Brasil. A Reforma do Estado nos anos 1990 teve por objetivo tornar a administrao pblica mais eficiente e capaz de oferecer ao cidado mais servios, com maior qualidade, isto , fazer mais e melhor com os recursos disponveis. O novo modelo de administrao deveria reduzir custos e ao mesmo tempo aperfeioar as rotinas e os processos de trabalho, com procedimentos simplificados, estabelecendo metas e indicadores de desempenho para a satisfao do cidado (PEREIRA, 1997). 318 TECS - Laboratrio de Tecnologia e Sistemas de nformao FEA USP - www.tecsi.fea.usp.br luz do novo padro de administrao pblica surge a Lei Complementar 101 de 04 de maio de 2000, chamada Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). No texto legal, est explcito o propsito de corrigir rumos da administrao pblica, limitando os gastos s receitas, mediante adoo das tcnicas de planejamento governamental, organizao, controle interno e externo e transparncia das aes de governo em relao populao. Por seu turno, a LRF prev em seu artigo 50 3 que o setor pblico passar a manter um sistema de custos para permitir a avaliao e o desempenho dos seus gastos, imprescindveis como instrumento de gesto e planejamento (BRASIL, LC 101). Diante do exposto, percebe-se que a conscincia da necessidade de apurao de custos e da conduo da administrao pblica com eficincia, profissionalismo e transparncia esto se consolidando. Trata-se de um cenrio de grandes mudanas da atuao das organizaes pblicas. O objetivo principal deste estudo verificar se as prefeituras dos municpios pertencentes Associao dos Municpios do Nordeste Riograndense (AMUNOR) e dos municpios pertencentes a Associao dos Municpios dos Campos De Cima da Serra (AMUCSER) do estado do Rio Grande do Sul possuem sistema de controle de custos e quais as principais dificuldades encontradas para implantao do sistema. Nesse contexto, a questo que norteia a pesquisa formulada da seguinte forma: qual a importncia da implantao de um sistema de custos para os gestores dos municpios pertencentes a Associao dos Municpios do Nordeste Riograndense (AMUNOR) e da Associao dos Municpios dos Campos de Cima da Serra (AMUCSER) do estado do Rio Grande do Sul? A relevncia deste estudo reporta-se ao cenrio das grandes transformaes advindas na administrao pblica com o advento da Lei Complementar 101 (LRF) que estabelece novos marcos e paradigmas de relacionamento dos gestores pblicos com os to escassos recursos financeiros. A metodologia utilizada para alcanar os objetivos propostos pelo estudo utilizou- se do uso das tcnicas de pesquisa que se seguem: quanto ao seu objetivo, pesquisa descritiva; quanto aos procedimentos, na primeira etapa bibliogrfica seguindo num segundo momento para pesquisa do tipo levantamento ou survey, com abordagem quantitativa. A populao compreendeu 30 municpios que compem a Associao dos Municpios do Nordeste Riograndense (AMUNOR) e dos Campos De Cima da Serra (AMUCSER) do estado do Rio Grande do Sul, com amostra final de 27 municpios participantes. O presente estudo encontra-se dividido para melhor compreenso da seguinte forma: o referencial terico composto pela composio dos gastos pblicos, a Lei de Responsabilidade Fiscal, importncia da implantao de um sistema de custos na administrao pblica, pelo mtodo de pesquisa, a anlise dos resultados e as consideraes finais. 2 REFERENCIAL TERICO No Brasil, pode-se verificar a presena do Estado na economia da seguinte maneira: at a dcada de 1930 o Estado era tido como no intervencionista; a partir deste perodo o Estado assume uma postura hegemnica, sendo considerado responsvel pelo desenvolvimento da economia no sentido de garantir a redistribuio da riqueza e como fornecedor da infra-estrutura bsica para a instalao industrial, onde grande parte da produo passou a ser produzida ou comprada pelo governo. A partir da dcada de 1980, o mesmo passou a ser considerado o responsvel pela reduo do crescimento da economia e 319 TECS - Laboratrio de Tecnologia e Sistemas de nformao FEA USP - www.tecsi.fea.usp.br acelerao do processo inflacionrio. Com a intensificao da crise fiscal do Estado e a maior exposio da economia nacional competio internacional, o Estado foi forado a reorientar a poltica econmica e, em particular, conter suas despesas e melhorar a qualidade do gasto pblico (PEREIRA, 1996). Os gastos pblicos envolvem toda a ao do Estado para a satisfao das necessidades coletivas e que os benefcios gerados pela ao governamental so estabelecidos a partir de prioridades assumidas pelo governo no que se referem s prestaes de servios bsicos e aos investimentos (REZENDE, 1994). Neste contexto, importante conhecer a composio dos gastos pblicos, pois alm de demonstrar as prioridades do governo quanto alocao dos recursos, pode-se avaliar quanto cada atividade do governo consome de recursos, podendo-se apurar os custos desta atividade e verificar a qualidade do servio prestado. 2.1 COMPOSIO DOS GASTOS PBLICOS A composio dos gastos pblicos estabelece o montante de recursos que estar disponvel no oramento anual para cada rea de atuao do governo. Os gastos governamentais representam um somatrio da participao do governo em diferentes atividades. Riani (1997, p. 69) enfatiza como: (...) uma escolha poltica dos governos no que se refere aos diversos servios que ele presta sociedade. Representam o custo da quantidade e da qualidade dos servios e bens oferecidos pelo governo. A interpretao mais usual dos gastos pblicos considera o custo da proviso dos bens e servios executados pelo setor pblico que aparece nas contas oramentrias do governo. Segundo Machado (2005) os gastos so regulamentados pela Lei n. 4320/64 e pela Portaria interministerial n. 163/2001 da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e so classificados da seguinte forma: institucional, funcional, por programas, pela natureza e pela fonte de recursos. A classificao institucional procura identificar a unidade administrativa responsvel pela execuo da despesa (poderes Executivo, Legislativo e Judicirio e seus respectivos rgos/secretarias). A classificao funcional mostra as reas de atuao do governo e divide-se em funo e sub-funo. Atualmente, as funes so 28 (sade, educao, transportes, etc.) e as sub-funes 109 (planejamento e oramento, controle interno, etc.). J a classificao por programas especifica quatro categorias: programa, projeto, atividade e operaes especiais. A classificao segundo a natureza est associada ao objetivo de proporcionar ao governo informaes teis que possam conduzir a decises sobre polticas, afetando a composio do nvel de atividade econmica, so divididas em despesas correntes e despesas de capital. Por sua vez, a classificao por fonte de recursos permite conhecer a origem dos recursos que sero destinados execuo dos programas. O setor pblico tem a obrigao de fornecer a satisfao de um amplo leque de necessidades sociais em contnua expanso, mas que por sua vez, os recursos so limitados e escassos. Pode-se dizer que um dos maiores problemas enfrentados pela administrao pblica est relacionado falta de controle adequado sobre uma determinada gesto. Acrescenta-se ainda, que os controles existentes apresentam alcances especialmente para os aspectos de legalidade e regularidade contbil, em detrimento dos conceitos de eficincia, eficcia e economia (GRATERON, 1999). Miola (2005) enfatiza a importncia de conhecer a composio de cada item que compe os gastos pblicos como sendo um imprescindvel instrumento de gesto e planejamento capaz de permitir o necessrio controle por parte dos Parlamentos, dos Tribunais de Contas, do Ministrio Pblico, dos cidados e das organizaes. 320 TECS - Laboratrio de Tecnologia e Sistemas de nformao FEA USP - www.tecsi.fea.usp.br No Brasil, o controle dos gastos pblicos experimentou um avano a partir de 1986, com a criao da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), do Ministrio da Fazenda. O desenvolvimento e a implantao do Sistema Integrado de Administrao Financeira (SIAFI) significaram uma verdadeira revoluo na gesto das finanas pblicas no Brasil. Embora os avanos obtidos com o SIAFI no foram no sentido de apurar custos no servio pblico, uma vez que o mesmo tinha o objetivo de controlar a execuo da despesa (MACHADO, 2005). O autor ainda afirma que a partir do ano de 2000, o que era uma necessidade sentida pelos administradores pblicos passou a ser tambm uma imposio legal, com a edio da Lei Complementar n. 101, conhecida como a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A Lei estabelece que a administrao pblica mantenha um sistema de custos que permita a avaliao e o acompanhamento da gesto oramentria, financeira e patrimonial. Neste cenrio de grandes transformaes polticas e econmicas a filosofia de controle dos gastos pblicos passou a ser uma exigncia da sociedade, que exige responsabilidade dos dirigentes no exerccio da funo pblica e clama por servios pblicos de qualidade. Pensando na real disciplina do bom uso do dinheiro pblico, a LRF vem regulamentar e estabelecer normas orientadoras das finanas pblicas no Pas, por meio de aes planejadas e transparentes que possibilite prevenir riscos e corrigir desvios capazes de afetar o equilbrio das contas pblicas. 2.2 A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL Refletindo sobre a trajetria da administrao pblica no Brasil, verifica-se que, h sculos, convive-se com uma histria de desmandos, os quais indicam, entre outras distores das atribuies do Estado, clara tendncia apropriao privada do patrimnio pblico. Atualizando essa reflexo para os dias de hoje, no difcil constatar que, salvo raras e honrosas excees, as antigas prticas do coronelismo, do nepotismo e da centralizao da tomada de deciso para atender a interesses de poucos, em prejuzo da maioria, ainda so caractersticas marcantes em diferentes instncias da gesto pblica. luz dessas consideraes, tem-se o objetivo de analisar a Lei Complementar 101/2000, tambm conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que trata das finanas pblicas e regulamenta o artigo 165, 9 da Constituio Federal. Ao tomar esse instrumento legal como objeto de reflexo, parte-se do pressuposto de que, embora a legislao seja insuficiente para resolver histricos desvios de natureza cultural e poltica, ela constitui um passo importante e necessrio, que, associado a outras medidas, pode representar mudana significativa nas prticas pblicas, em suas diferentes instncias. Em outras palavras, fundamenta-se a reflexo no princpio de que indispensvel dispor de elementos objetivos para garantir a preservao do equilbrio e controle administrativo, bem como de transparncia na alocao de recursos oramentrios, paralelamente ao planejamento de curto, mdio e longo prazo (MARTINS e NASCIMENTO, 2001). Nessa linha de pensamento, percebe-se que o principal elemento da LRF o estabelecimento de novo padro fiscal no pas, procurando configurar o que, para muitos, significa um choque de moralidade na gesto pblica, pois ensejam a responsabilizao pelos gastos e demais providncias de natureza administrativa. Esse consenso atualmente existente em dotar o Governo de mecanismos mais eficientes no controle dos seus gastos e custos, surgiu com o advento da LC 101 (LRF). Segundo Slomski (2003) a partir desta Lei passou-se a dar maior nfase na administrao pblica brasileira, para a aferio de desempenho dos gestores pblicos. A LC 101 (LRF) 321 TECS - Laboratrio de Tecnologia e Sistemas de nformao FEA USP - www.tecsi.fea.usp.br em seu 3 do art.50 estabelece: A administrao Pblica manter sistema de custos que permita a avaliao e o acompanhamento da gesto oramentria, financeira e patrimonial. Diante do exposto, notrio que a LRF veio para estabelecer novo marco de relacionamento dos gestores pblicos com os recursos financeiros, configurando-se a necessidade de implantao de mecanismos de medio de custos no setor pblico como forma de avaliar os resultados e a qualidade de gastos que o setor pblico realiza. 2.3 IMPORTNCIA DA IMPLANTAO DE UM SISTEMA DE CUSTO NA ADMINISTRAO PBLICA A conscincia da necessidade de apurao dos custos e da conduo da administrao pblica com eficincia, profissionalismo e transparncia esto se consolidando entre os gestores pblicos, como resultado de grandes mudanas no cenrio das administraes pblicas. De acordo com Machado (2005) a primeira exigncia da legislao brasileira na implantao de custos no setor pblico foi com a Lei 4320/64, que em seu captulo IX, Art. 85 estabelecia que os servios de contabilidade fossem organizados de forma a permitir o acompanhamento da execuo oramentria, o conhecimento da composio patrimonial e a determinao dos custos dos servios. A segunda exigncia veio com o advento da LRF em que ficam expressamente previsto em seu artigo 50 e 3 , dentre outros, o controle de custos. De acordo Segundo Slomski (2003, p. 376), conceitua-se custos como todo o sacrifcio (consumo) de ativos para a obteno de produtos ou servio. Para completar, Hansen & Mowen (2001) conceituam custos como sendo o valor em dinheiro, ou o equivalente em dinheiro, sacrificado para produtos e servios que se espera que tragam um benefcio atual ou futuro para a organizao. Ao contrrio do setor privado, as experincias com sistemas de custos no servio pblico so bem recentes, embora na literatura existente (SLOMSKI, 2003 e 2005; MACHADO, 2005, dentre outros) j apresentam alguns mtodos de custeio que podem ser utilizados no setor pblico, entre eles: a) mtodo de custeio por absoro: o mtodo que absorve todos os custos de produtos, sejam eles diretos ou indiretos aos produtos/servios produzidos em determinado perodo de tempo; b) mtodo de custeio varivel ou direto: identificam-se os custos fixos e variveis aplicveis aos produtos/servios; c) mtodo de custeio baseado em atividades (ABC): o que mais se aplica nas administraes pblicas. Pelo mtodo ABC no so os produtos/servios que consomem recursos, mas, sim, as aes desenvolvidas. Ainda com relao ao mtodo de custeio ABC, Nakagawa (1991) menciona que este mtodo assume-se como pressuposto que os recursos de uma empresa so consumidos por suas atividades e no pelos produtos que ela fabrica. O autor ainda afirma que os produtos surgem como conseqncia das atividades consideradas estritamente necessrias para fabric-los e/ou comercializ-los, e como forma de se atender as necessidades, expectativas e anseios dos clientes; d) mtodo de custeio padro: o objetivo bsico do custo padro o de conhecer o custo do que se pretende produzir (produto/servio) para somente depois confrontar com o custo real e; Como se pode observar existe vrios mtodos de custeio que podero ser utilizados pelo setor pblico e que podem ser teis na tomada de deciso pelos seus gestores. 322 TECS - Laboratrio de Tecnologia e Sistemas de nformao FEA USP - www.tecsi.fea.usp.br 3 MTODO DE PESQUISA Para a elaborao deste artigo, fez-se uso de tcnicas de pesquisa que seguem: quanto ao seu objetivo, pesquisa descritiva; quanto aos procedimentos, na primeira etapa bibliogrfica seguindo num segundo momento para pesquisa do tipo levantamento ou survey, com abordagem quantitativa. Segundo Raupp e Beuren (2004, p. 81) a pesquisa descritiva configura-se como um estudo intermedirio entre a pesquisa exploratria e a explicativa, ou seja, no to preliminar como a primeira e no to aprofundada como a segunda. Nesse contexto, descrever significa identificar, relatar, comparar, entre outros. Ainda sobre pesquisa descritiva Gil (1999) afirma que a pesquisa descritiva possui como principal objetivo descrever as caractersticas de determinada populao ou fenmeno ou o estabelecimento de relaes entre as variveis. Os procedimentos utilizados para a realizao da pesquisa ser na primeira etapa a pesquisa bibliogrfica, pois tem como propsito desenvolver estudos referente as bases tericas que envolvem temas como mtodos de controle de custos na administrao pblica municipal. As pesquisas bibliogrficas segundo Gil (1995, p.42) so pesquisas desenvolvidas a partir das contribuies dos diversos autores a cerca de determinado assunto, mediante consulta a livros, peridicos, etc.. Na segunda etapa do procedimento utilizou-se o mtodo de pesquisa do tipo levantamento ou survey, que de acordo com Raupp e Beuren (2004, p. 85) os dados referentes a esse tipo de pesquisa podem ser coletados com base em uma amostra retirada de determinada populao ou universo que se deseja conhecer. Deve-se, ento, atentar para o fato de que nenhuma amostra perfeita, podendo variar o grau de erro ou vis. O mtodo de abordagem quantitativo de pesquisa, segundo Richardson (1989, p. 29) o mtodo quantitativo, como o prprio nome indica, caracteriza-se pelo emprego da quantificao tanto nas modalidades de coleta de informaes, quanto no tratamento dessas, atravs de tcnicas estatsticas, desde as mais simples, como percentual, mdia, desvio-padro, s mais complexas, como coeficiente de correlao, anlise de regresso, etc. A utilizao da abordagem quantitativa deve-se ao fato de relacionar caractersticas e mapear tendncias na controle de custos na administrao municipal Para atender o objetivo deste estudo, o instrumento utilizado foi o questionrio, que segundo Gil (1999) uma tcnica de coleta de dados em que as perguntas propostas pelo pesquisador so respondidas por escrito pelo pesquisado. O questionrio utilizado possuiu perguntas fechadas, com questes que apresentam alternativas de respostas fixas. O questionrio foi aplicado atravs de contato telefnico e tambm por meio eletrnico (e- mail) aos contadores, secretrios de finanas e/ou responsvel pelo sistema de controle interno dos municpios selecionados. A pesquisa foi realizada durante os dias 14 e 28 de novembro de 2007. Sendo que o questionrio foi enviado para 30 municpios pertencentes as seguintes associaes: AMUNOR e a AMUCSER do Estado do Rio Grande do Sul, das quais 27 responderam ao questionrio, correspondendo a 90% da amostra selecionada. A escolha dos municpios que compem a Associao dos Municpios do Nordeste Riograndense (AMUNOR) e dos municpios pertencentes a Associao dos Municpios dos Campos De Cima da Serra (AMUCSER) deu-se em funo de que essas duas regies do Rio Grande do Sul (escolhidas para a amostra) serem formadas, em sua grande maioria, por pequenos municpios. 323 TECS - Laboratrio de Tecnologia e Sistemas de nformao FEA USP - www.tecsi.fea.usp.br O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2005) caracteriza pequenos municpios como aqueles que, independentemente da rea fsica, tenham baixa renda per capita, baixa densidade demogrfica e graves problemas de ordem socioeconmica, cuja atividade se volta principalmente para a prestao de servios. A populao definida para a pesquisa composta por trinta municpios que compem a AMUNOR e a AMUCSER. Para Colauto e Beuren (2004, p.118) populao ou universo da pesquisa a totalidade de elementos distintos que possui certa paridade nas caractersticas definidas para determinado estudo. No Quadro 1 encontram-se listados os municpios pertencentes a AMUNOR e a AMUCSER. AMUNOR - Associao dos Municpios do Nordeste Riograndense gua Santa Barraco Cacique Doble Capo Bonito do Sul Caseiros Coxilha Ibia Ibiraiaras Lagoa Vermelha Machadinho Maximiliano de Almeida Paim Filho Sananduva Santa Ceclia do Sul Santo Expedito do Sul So Joo da Urtiga So Jos do Ouro Tapejara Tupanci Do Sul Vila Lngaro AMUCSER - Associao dos Municpios dos Campos De Cima da Serra Andr da Rocha Bom Jesus Campestre da Serra Esmeralda Ip Monte Alegre dos Campos Muitos Capes Pinhal da Serra So Jos dos Ausentes Vacaria Quadro 1: Municpios pertencentes a AMUNOR e AMUCSER Fonte: Dados da Pesquisa Nesta pesquisa, a amostra configura-se como no probabilstica do tipo amostragem por acessibilidade. Colauto e Beuren (2004, p.125) afirmam que a amostragem no probabilstica faz uso do raciocnio, dependendo exclusivamente dos critrios do pesquisador para construir amostras. A amostra final composta por vinte e se te municpios que responderam ao questionrio proposto sendo os seguintes municpios de acordo com o Quadro 2: AMUNOR - Associao dos Municpios do Nordeste Riograndense gua Santa Capo Bonito do Sul Cacique Doble Coxilha Caseiros Ibiraiaras Ibia Machadinho Maximiliano de Almeida Paim Filho Sananduva Santa Ceclia do Sul Santo Expedito do Sul So Joo da Urtiga So Jos do Ouro Tapejara Tupanci Do Sul Vila Lngaro Barraco AMUCSER - Associao dos Municpios dos Campos De Cima da Serra Andr da Rocha Bom Jesus Campestre da Serra Esmeralda Ip Monte Alegre dos Campos Muitos Capes Pinhal da Serra Quadro 2: Municpios que responderam o questionrio Fonte: Dados da pesquisa 324 TECS - Laboratrio de Tecnologia e Sistemas de nformao FEA USP - www.tecsi.fea.usp.br Os municpios de Lagoa Vermelha, So Jose dos Ausentes e Vacaria no responderam ao questionrio enviado. 3.1 COLETA E ANLISE DOS DADOS Assim, aps a identificao dos procedimentos utilizados para a coleta dos dados, define-se o instrumento de pesquisa empregado neste estudo. Para Colauto e Beuren (2004, p.128) instrumentos de pesquisa so entendidos como preceitos ou processos que o cientista deve utilizar para direcionar, de forma lgica e sistemtica, o processo de coleta, anlise e interpretao dos dados. Destarte, o instrumento de pesquisa utilizado para realizao deste estudo o questionrio. Ainda de acordo com Colauto e Beuren (2004, p.130) o questionrio um instrumento de coleta de dados constitudo por uma srie ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo informante, sem a presena do pesquisador. O questionrio foi elaborado com o propsito de verificar se o municpio j possui um sistema de custos implantado e quais as principais dificuldades encontradas para a implantao de um sistema de custos. As questes fechadas apresentam aos respondentes um conjunto de alternativas de respostas para que seja escolhida a que melhor evidencia a situao ou ponto de vista do respondente (COLAUTO e BEUREN, 2004). 1) O seu Municpio possui implantado um sistema de controle de Custos? ( ) Sim ( ) No 2) O Municpio j recebeu alguma notificao ou apontamento por parte dos rgos de controle Interno ou externo (TCE) sobre a atuao ou necessidade de implantao de um sistema de Custos? ( ) Sim ( ) No 3) Nas obras realizadas pelo Municpio, h a produo prpria de materiais ou artefatos, tipo tubos, pontilhes, bocas de lobo... etc ( ) Sim ( ) No 4) Se a resposta for SIM, existe controle de custos especficos ao menos destes produtos, para verificar o efetivo custo e ao menos para comparao com o custo de aquisio direta? ( ) Sim ( ) No 5) O seu Municpio possui servios Terceirizados (Transporte Escolar, Servios de Sade, Coleta de Lixo, etc) ( ) Sim ( ) No 6) Se a resposta for SIM, foi feito um levantamento sobre o custo de se fornecer o servio ou terceirizar? ( ) Sim ( ) No 7) No seu entendimento, qual o Mtodo de custeio mais apropriado para ser implantado no seu municpio ( ) Custeio por Absoro; ( ) Custeio Varivel ou Direto; ( ) ABC- Custeio Baseado em Atividades; ( ) Custeio Padro; ( ) Outros .......................................................................... 8) Que aes esto sendo tomadas para a implantao de um sistema de apurao de custos? ( ) Apenas discusses preliminares; ( ) Discusses quanto ao mtodo de custeio a ser utilizado (Custeio por Absoro,Custeio varivel ou direto, ABC e custeio padro); ( ) Em incio de implantao; ( ) Em fase final de implantao; ( ) No est sendo adotada nenhuma ao. 9) No seu entendimento, a implantao de um sistema de controle de custos no seu Municpio: ( ) produziria informaes ao gestor pblico que auxiliariam na tomada de decises entre comprar ou produzir e entre fornecer os servios ou terceirizar; ( ) mediria o desempenho dos gestores pblicos e seus colaboradores; ( ) no traria nenhum benefcio ao gestor pblico; ( ) serviria somente para atender exigncia legal. 325 TECS - Laboratrio de Tecnologia e Sistemas de nformao FEA USP - www.tecsi.fea.usp.br 10) Qual a maior dificuldade para implantao de um sistema de controle de custos no seu municpio. (enumere de 1 a 4, de acordo com grau de dificuldade) ( ) falta de servidores qualificados; ( ) os gestores no tm interesse na implantao de um controle de custos ( ) os gestores e servidores pblicos no possuem as informaes necessrias sobre a importncia de existir um controle de custos no seu municpio, ( ) O Tribunal de Contas do Estado, rgo responsvel pelo controle externo, no exige o controle de custos (embora a LRF prev); Quadro 3: Questionrio enviado aos municpios pertencentes a AMUNOR e AMUCSER Fonte: Dados da pesquisa Os dados utilizados para a anlise da pesquisa foram coletados e analisados a partir do que se estabeleceu na metodologia na seo 3, de acordo com o objetivo proposto para este artigo. As respostas no sero analisadas individualmente para no divulgar as respostas dos questionrios dos municpios participantes da pesquisa, dessa forma os pesquisadores atendem a solicitao dos mesmos. Para analisar os artigos publicados ser utilizada a anlise descritiva que, segundo Colauto e Beuren( 2004, p.139), ...se preocupa fundamentalmente em investigar o que , ou seja, em descobrir as caractersticas de um fenmeno. Como limitaes da pesquisa, atribuem-se aos baixos oramentos dos municpios pesquisados, como fator relevante para a falta de uma gesto eficaz no controle de custos na administrao municipal. A limitao encontrada para a realizao da pesquisa consubstancia na afirmao de Bremaeker (1994) os municpios com maior nmero de habitantes possuem melhores condies institucionais e financeiras. Para o autor, parte-se da idia de que maior populao implica maior base de arrecadao e disponibilidade de pessoas capacitadas para garantir um bom funcionamento do aparato governamental. Nesse sentido, a amostra limita-se a pequenos municpios, uma vez que os mesmos podem apresentar condies institucionais diferenciadas dos municpios de mdio e grande porte. 4 ANLISE DOS RESULTADOS A estrutura administrativa dos municpios entrevistados composta pela administrao direta, que congrega os rgos dos Poderes Executivo e Legislativo. So municpios situados nas regies norte e nordeste do Estado do Rio Grande do Sul pertencentes a AMUNOR e a AMUCSER. Esta pesquisa reporta-se amostra j definida anteriormente, sem estender os resultados para os demais municpios do Rio Grande do Sul. A partir das informaes pesquisadas junto aos contadores, secretrios de finanas e coordenadores de controle internos das 27 prefeituras entrevistadas constatou-se que nenhuma apresenta um sistema de controle de custos implantado. Com relao pergunta: se o Municpio j havia recebido alguma notificao ou apontamento dos rgos de controle interno ou externo (TCE) sobre a atuao ou necessidade de implantao de um sistema de custos, apenas duas, isto , somente 7,41 % municpios afirmaram ter recebido apontamentos. 326 TECS - Laboratrio de Tecnologia e Sistemas de nformao FEA USP - www.tecsi.fea.usp.br Tabela1 Produo Prpria de Materiais - Terceirizao de Servios e Respectivo Controle de Custos 27 Municpios Entrevistados O seu Municpio possui: Sim % No % Produo prpriapelo Municpio de Materiais (tubos de concreto, pontilhes, etc) 7 26 20 74 Terceirizao de Servios (transporte escolar, servios de sade, coletade lixo, etc) 27 100 0 0 Controle de Custos sobre aproduo de Materiais ou Terceirizao de Servios. 3 11 24 89 Fonte: Dados da Pesquisa Conforme dados da tabela 1, observa-se que: 26% dos municpios entrevistados possuem fabricao de materiais para a realizao de obras e que todos os municpios (100%) possuem algum tipo de servio terceirizado, mas que apenas 11% deles possuem algum tipo de controle de custos de produo e/ou de terceirizao do servio. Tabela 2 Mtodo de Custeio mais apropriado para ser implantado em seu Municpio. Mtodo de Custeio N de Respostas % Custeio por Absoro 0 0 Custeio Varivel ou Direto 0 0 ABC - Custeio Baseado em Atividades 6 22 Custeio Padro 18 67 Outros 3 11 TOTAL 27 100 Fonte: Dados da Pesquisa De acordo com os dados da Tabela 2, pode-se observar que os entrevistados apontaram como o Mtodo de Custeio mais apropriado para ser implantado em seus municpios o Custeio Padro, com 67%; seguido pelo Mtodo ABC com 22% e 11% indicaram como outros mtodos, mas sem, no entanto, informar qual mtodo usaria. Com relao pergunta sobre as aes que esto sendo tomadas para implantao de um sistema de apurao de custos, 89% responderam que existem apenas discusses preliminares e 11% informaram que no est sendo adotada nenhuma ao para implantao de controle de custos. Com relao importncia da implantao de um sistema de custos no Municpio, todos foram unnimes em responder que o sistema produziria informaes ao gestor pblico que auxiliariam na tomada de deciso entre comprar ou produzir e entre fornecer os servios ou terceirizar. importante observar que os entrevistados vem a implantao de um sistema de custos como um importante instrumento gerencial, pois possibilitaria visualizar a qualidade e a quantidade dos gastos, permitindo um controle efetivo dos mesmos e mostrando onde devem ser feitas correes. Tabela 3 Maior dificuldade para implantao de um Sistema de Controle de Custos em seu Municpio. Maior Dificuldade N de Respostas % Faltade Servidores Qualificados 15 55,5 Gestores no possuem interesse naimplantao de um Sistemade Controle de Custos 0 0 Gestores e Servidores no possuem informaes necessrias sobre a importnciade existir um controle de custos. 7 26 O Tribunal de Contas do Estado, rgo responsvel pelo Controle externo, no exige controle de custos (emboraaLRF prev) 5 18,5 TOTAL 27 100 Fonte: Dados da Pesquisa 327 TECS - Laboratrio de Tecnologia e Sistemas de nformao FEA USP - www.tecsi.fea.usp.br Por fim, com o objetivo de verificar qual a maior dificuldade que o Municpio possui para a implantao de um sistema de custos, os dados apresentados na tabela 3 demonstram que a maior dificuldade a falta de servidores qualificados com 55,5 %, seguido da falta de informao que gestores e servidores possuem com relao importncia de existir um controle de custos (26%). Outro fator considerado relevante pelos entrevistados (18%) a falta de exigncia pelo TCE (rgo responsvel pelo controle externo) como um dos fatores da falta de controle de custos, embora esteja previsto na LC 101 (LRF). Dentro dessa tica, observa-se que o TCE vem adaptando-se para acompanhar o processo de gesto, no apenas para julgar se as formalidades foram ou no cumpridas. Os dados da tabela 3 tambm podem ser explicados atravs das observaes feitas por Alonso (1999). O autor argumenta que as razes para a no apurao do sistema de custos no setor pblico so de ordem cultural e econmica. E acrescenta que ainda prevalecem algumas idias de que o fundamental no servio pblico o cumprimento da lei e que o conceito de eficincia seria um conceito privado, no adequado ao setor pblico, no se atentando para conceitos como bom desempenho, economia de recursos e satisfao dos usurios. 5 CONSIDERAES FINAIS O estudo objetivou verificar se as prefeituras dos municpios pertencentes a Associao dos Municpios do Nordeste Riograndense (AMUNOR) e dos municpios pertencentes a Associao dos Municpios dos Campos De Cima da Serra (AMUCSER) do estado do Rio Grande do Sul possuem sistema de controle de custos e quais as principais dificuldades encontradas para implantao do sistema. Utilizou-se dos seguintes mtodos de pesquisa para alcanar ao objetivo proposto: quanto ao seu objetivo, pesquisa descritiva; quanto aos procedimentos, na primeira etapa bibliogrfica seguindo num segundo momento para pesquisa do tipo levantamento ou survey, com abordagem quantitativa. Como limitao da pesquisa tem- se a amostra, pois esta se limita aos pequenos municpios que fazem parte da AMUNOR e da AMUCSER, uma vez que os mesmos podem apresentar condies institucionais diferenciadas dos municpios de mdio e grande porte. Conforme entrevista realizada, das 27 prefeituras entrevistadas, nenhuma apresenta um sistema de controle de custos implantado; que em 89% dos municpios entrevistados as discusses sobre a implantao de um sistema so apenas preliminares. Demonstrando que o tema custos no servio pblico ainda muito recente, mas vem apresentando alguns avanos, em especial com o advento da LC 101 (LRF) que aos poucos, introduz um novo conceito de administrao pblica a partir do estabelecimento de um rgido controle sobre o equilbrio entre o que arrecadado e o que gasto. Um dado importante foi apresentado pela pesquisa com relao terceirizao de servios pblicos. Nesta anlise, verificou-se que todos os municpios entrevistados possuem algum tipo de servio terceirizado, sejam no transporte escolar, servios de sade, coleta de lixo, etc, mas que apenas 11% possuem algum controle de custos sobre estes servios. A falta de um controle de custos impossibilita ao gestor uma avaliao quantitativa (se h economicidade com a terceirizao) e qualitativa (vantagens/ desvantagens, isto , se o servio ofertado atende s exigncias da populao). 328 TECS - Laboratrio de Tecnologia e Sistemas de nformao FEA USP - www.tecsi.fea.usp.br Com relao importncia da implantao de um sistema de custos no setor pblico, todos foram unnimes em responder que o sistema produziria informaes ao gestor pblico que auxiliariam na tomada de deciso entre comprar ou produzir e entre fornecer os servios ou terceirizar. Nesse sentido, percebe-se entre os entrevistados que existe a cultura de que a implantao de um sistema de controle de custos seria um importante instrumento de gesto, pois possibilitaria visualizar a quantidade de recursos utilizados e ao mesmo tempo comparar a qualidade do servio prestado para a sociedade. No que diz respeito ao mtodo de custeio mais apropriado para ser instalado na administrao pblica, destacou-se o custeio padro com 67%, considerado pelos entrevistados como o mais adequado para ser utilizado no setor pblico. Por fim, com o objetivo de verificar qual a maior dificuldade que o Municpio possui para a implantao de um sistema de custos, destacou-se a falta de servidores qualificados com 55,5%. Demonstrando que embora os gestores possuam o conhecimento das vantagens da implantao de um controle de custos, para avaliar a composio dos gastos e dar transparncia s finanas pblicas, a dificuldade maior para a implantao reporta-se a falta de servidores qualificados. Portanto, notrio que os gestores pblicos devero fazer um grande esforo na capacitao de seus servidores, pois a implantao de um sistema de controle de custos s ser vitoriosa com a participao dos servidores e respeitando as particularidades existentes em cada atividade. REFERNCIAS ALONSO, Marcos. Custos no Servio Pblico. Revista do Servio Pblico. Braslia. ENAP, v.50, n.1, p.36-62, jan/mar 1999. BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil, 1988. Disponvel em http://www.interlegis.gov.br. Acesso em 02/11/2006. BRASIL. Lei Complementar n 101, de 04 de maio de 2000. Estabelece normas de finanas pblicas voltadas para a responsabilidade na gesto fiscal e d outras providncias. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Quadro_Lcp.htm . Acesso em 02/11/2006. Acesso em 10 de jan. 2008. BRASIL. Lei n. 4.320, de 17 de maro de 1964. 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