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OS EXILADOS DE CAPELLA: MITO DERRUBADO PELA CIÊNCIA

Durante muitas décadas o mito de que Espíritos exilados do planeta


Capella tenham imigrado para reencarnar na Terra, persistiu alimentando
crenças que se justificavam apenas na palavra de um único Espírito, tido
como infalível entre a grande maioria dos Espíritas. Quando levantei a
possibilidade de que o Espírito estivesse enganado, muitos se levantaram
contra mim demonstrando uma prática muito diferente da que encontramos
nas obras Codificadas do Espiritismo por Allan Kardec: a aceitação pura e
simples de uma informação, sem submetê-la ao CRIVO DA RAZÃO,
sustentada na INFALIBILIDADE DE UM ESPÍRITO e DE UM
MÉDIUM, sem considerar o importante critério de UNIVERSALIDADE ;
tudo isso reunido, caracteriza a FÉ NÃO RACIOCINADA como
subproduto do FANATISMO RELIGIOSO, que combatem em seus
discursos. Vê-se que o discurso não coincide com a prática, quando se trata
de “tudo submeter ao crivo do mais rigoroso exame, da mais rigorosa
lógica.” Quando tentamos esclarecer o assunto em uma emissora de rádio
tida como espírita, recebemos com surpresa a comunicação de que não
deveríamos prosseguir – tornou-se proibido, negavam-se a ouvir o que
contrariava suas crenças arraigadas. A mentira é como lixo que o obreiro
preguiçoso pode varrer e ocultá-lo sob o tapete durante algum tempo: uma
hora ou outra, outro, mais atento e responsável, virá revelá-la e retirá-la
dando-lhe o destino apropriado. Não serve como apoio nenhuma obra cuja
base é a que se encontra questionada.

Em que nossa contestação pode afetar a credibilidade do Espírito


Emmanuel?

R. – Em ponto algum.

“Suponhamos que sejam homens que nos escrevem, e julguemo-lo


da mesma maneira. Julguemo-los severamente, pois os bons Espíritos de
modo algum se sentirão ofendidos com esta escrupulosa investigação,
porque são eles próprios que a recomendam como meio de controle.
Sabemos que podemos ser enganados. Portanto, nosso primeiro sentimento
deve ser o de desconfiança. Os maus Espíritos, que nos procuram induzir
em erro podem temer o exame porque, longe de provocá-lo, querem ser
acreditados sob palavra.” (Revista Espírita – setembro de 1859).
“No trabalho pela integração definitiva no Espiritismo é preciso não
descuidar a VIGILÂNCIA que preserva a paz e fornece o equilíbrio das
ATITUDES. Não faltam estratagemas SUTIS e PERNICIOSOS.”

“O conhecimento lúcido dos DEVERES representa


RESPONSABILIDADE MORAL para o homem equilibrado.”

“A responsabilidade mede a estatura moral do homem, fala dos seus


sentimentos espirituais, expressa a sua evolução, candidata-o a mais
elevados misteres.”

Exige-se do espírita a mais rigorosa disciplina e o mais preciso respeito às


orientações kardecianas, mesmo diante dos fatos que nos pertubem os
instintos, que nos contrariem as idéias: observar, analisar e concluir é o que
se pode esperar de uma doutrina que se contrói com bases científicas.

A REVELAÇÃO CIENTÍFICA resulta que esse ensinamento não é


privilégio de nenhum indivíduo, mas é dado a todo mundo pelo mesmo
meio; que aqueles que os transmitem e os que recebem não são seres
passivos, dispensados do trabalho de observação e de pesquisa; que não
renunciam ao seu juízo e ao seu livre arbítrio ; que o controle não lhes é
proibido; mas ao contrário, recomendado; que a doutrina não foi ditada
completa, nem imposta à crença cega; que é deduzida , pelo trabalho do
homem, da observação dos fatos que os Espíritos colocam sob seus olhos, e
das instruções que lhe dão, instruções que ele estuda, comenta, compara e
das quais ele mesmo tira as conseqüências e aplicações.
O que caracteriza uma REVELAÇÃO ESPÍRITA é que sua fonte é
divina, que a iniciativa pertence aos Espíritos, e que a elaboração resulta do
trabalho do homem.

“Como meio de elaboração, o Espiritismo procede do mesmo modo


que as Ciências positivas, quer dizer, aplica o MÉTODO
EXPERIMENTAL.

MÉTODO é um conjunto de ETAPAS, ordenadamente dispostas, a


serem vencidas na investigação da VERDADE, no estudo de uma
CIÊNCIA ou para alcançar um determinado fim.
O MÉTODO utilizado no Espiritismo é explicado por Kardec no
livro A GÊNESE, de onde extraimos algumas partes desta reflexão e à qual
acrescentamos: “Fatos de uma ordem nova se apresentam e não podem se
explicar pelas leis conhecidas; observa-os, analise-os, e dos efeitos
remontando às causas, chega à lei que os rege; depois deduz suas
conseqüências e procura as suas aplicações úteis.”

“Não estabelece nenhuma teoria preconcebida; assim não colocou


como hipótese, nem a existência e intervenção dos Espíritos, nem o
perispírito, nem a reencarnação, nem nenhum dos princípios da Doutrina;
concluiu da existência dos Espíritos, quando se deuduziu, com evidência da
observação dos fatos; e assim os outros princípios. Não foram os fatos que
vieram confirmar a teoria que veio, subsequentemente, explicar e resumir
os fatos.”

“... O Espiritismo é uma ciência de observação, e não o produto da


imaginação. As ciências não tiveram progresso sério depois que o seu
estudo se baseou no MÉTODO EXPERIMENTAL, mas até esse dia,
acreditou-se que este método não era aplicável senão à matéria, ao passo
que o é, igualmente, às coisas metafísicas.”

Uma das bases do Espiritismo é o CONHECIMENTO CIENTÍFICO,


de forma simplificada, diz-se que CIÊNCIA. O CONHECIMENTO
CIENTÍFICO resulta da INVESTIGAÇÃO METÓDICA, SISTEMÁTICA
da REALIDADE. Ele transcede os fatos e os fenômenos em si mesmos
analisam-os, para descobrir suas causas e concluir as leis gerais que os
regem.

Em geral, o objeto da ciência é o UNIVERSO MATERIAL, físico


normalmente perceptível pelos órgãos dos sentidos ou mediante a ajuda de
instrumentos de investigação. O conhecimento científico é verificável na
prática, por demonstração ou experimentação.
Pessoalmente, considero que alguns conhecimentos científicos, hoje
consagrados, tiveram suas raízes no CONHECIMENTO TEOLÓGICO. De
um modo geral o CONHECIMENTO TEOLÓGICO, apresenta respostas
para questões que o homem não pode responder com o conhecimento
VULGAR, CIENTÍFICO e FILOSÓFICO. Tal aceitação, racional ou não,
resulta de início da FÉ que o aceitante deposita num ENTE que se encontra
além dos seres comuns do mundo material.

A aceitação é o ponto de partida para o estudo sistemático do fato e


para o início da base experimental. NINGUÉM ESTUDA O QUE NÃO
ACEITA. NINGUÉM APRENDE O QUE REJEITA.

Ainda no livro A GÊNESE, Allan Kardec, no item 15 do cap. I,


apresenta um exemplo que serve de orientação para a aplicação do
MÉTODO EXPERIMENTAL às questões METAFÍSICAS: “Citemos um
exemplo. Passa-se, no mundo dos Espíritos, um fato muito singular, e que,
seguramente, ninguém teria suspeitado, que é, os dos Espíritos que não se
crêem mortos. Pois bem! Os Espíritos superiores afirmam: há Espíritos que
crêem ainda viverem a VIDA TERRESTRE; que conservaram seus gostos,
seus hábitos e seus instintos.”

Temos conhecimento objetivo dos Espíritos quando estes se


manifestam OSTENSIVAMENTE através dos fenômenos espiritistas. A
PNEUMATOGRAFIA, por exemplo, é um desses fenômenos. Em um
médium escrevente, a mão é um instrumento, mas a sua alma, o Espírito
nele encarnado, é o Intermediário, ou seja, o agente ou o intérprete do
Espírito estranho que se comunica. Como interprete depende de sua
habilidade, de sua cultura, de suas tradições, a fidelidade do que comunica
por seu intermédio como produto do que vem do Espírito desencarnado. Na
PNEUMATOGRAFIA, é o próprio Espírito estranho que escreve
diretamente, sem intermediário, sem interferência do organismo. Trata-se
de um fenômeno muito raro, mas que se tem produzido em todos os tempos
registrados pela história da Humanidade. A Bíblia, inclusive, relata um
desses acontecimentos tidos como insólitos: o famoso caso do
aparecimento de três palavras escritas na parede durante o movimentado
banquete do festim de BALTAZAR, fato presenciado por muitas dezenas
de convivas.

AS SENSAÇÕES DÃO-NOS A IMAGEM DO UNIVERSO REAL.


Qualquer objeto material atua de alguma forma sobre os órgãos dos nossos
sentidos, causando-nos uma sensação. Essa informação é transmitida para o
cérebro que, por seu turno, forma a imagem exata, a cópia do objeto
material. Nossa percepção retorna a imagem exata do objeto. Utilizamos
instrumentos ou equipamentos para ampliar os sinais, de tal modo que
passam ser percebidos por quelquer dos nossos sentidos; são
microscópicos, rádio-telescópios, amplificados de rádio freqüência, etc..
Apenas obtendo o conhecimento real do fenômeno, obtemos dele o
CONHECIMENTO OBJETIVO. Ao vermos ou ao constatarmos com
sucessivas experimentações onde colhemos dados estatísticos, tomamos
conhecimento objetivo de sua existência real, portanto, temos dele um
conhecimento objetivo. O conhecimento racional objetivo não dispensa o
conhecimento sensível.

Tomando a ciência como ponto de apoio, a FILOSOFIA produz


conhecimento racional objetivo; quando não considera o dado científico,
produz conhecimento abstrato ou subjetivo. Mas o conhecimento teológico
É PRODUTO EXCLUSIVO DA FÉ, portanto, é exclusivamente
CONHECIMENTO IDEAL, METAFÍSICO, ABSTRATO.

QUE TIPO DE CONHECIMENTO É O ESPIRITISMO?


FILOSÓFICO? CIENTÍFICO? TEOLÓGICO? Toda vez que há
divergência entre o objeto real e a percepção que temos dele ocorre uma
DEFORMAÇÃO DA REALIDADE, portanto, UMA DETURPAÇÃO DA
VERDADE. Por outro lado, toda vez que há coincidência entre o objeto
real e a percepção, com suas propriedades reais, ocorre a representação da
própria realidade, portanto o conhecimento da VERDADE. É essa
VERDADE que se denomina OBJETIVA, porque reflete com EXATIDÃO
o que realmente existe.

Muitas vezes manifestamos como verdade conceitos que são


subjetivos, ou seja, não corresponde a realidade independente de nossa
consciência. Nesse caso não obtemos conhecimento verdadeiro, porque o
conteúdo desse conhecimento não corresponde à realidade, mas a um
conceito subjetivo de que se julga ser a realidade, como o que apreciaremos
neste estudo: quase totalidade dos adeptos espíritas julga ter realmente se
originado de Capella os Espíritos que determinaram a ascendência da raça
branca ou ariana, em nosso planeta.

A NEGAÇÃO DA VERDADE OBJETIVA É INCOMPATÍVEL


COM A CIÊNCIA. A apropriação do objeto pela mente, o conhecimento da
verdade real, não subjetiva, é uma das razões de ser da CIÊNCIA e,
consequentemente do Espiritismo como Ciência que é. Somente
conhecendo a verdade real, o homem pode desvendar o Universo material e
espiritual, compreendê-los em sua extensão, e agir sobre eles para utilizá-
los de acordo com suas necessidades evolutivas. Sem a possibilidade de
“posse” da verdade objetiva, ou seja, do conhecimento da realidade
concreta, a Ciência seria inútil.

Desde que tive contato pela primeira vez com obras que tratam da
hipótese de Espíritos Exilados de Capella tenham reencarnado na Terra,
venho estudando com rigor científico a questão. Diversas perguntas foram
surgindo ao longo do tempo e as respostas uma a uma iam apontando numa
direção bem diversa da que sustentavam seus autores. Mais importante do
que os fatos científicos observados que contrariam a possibilidade do
Sistema Alpha Aurigae possuir algum planeta que “guarda alguma
semelhança” com a Terra, é a constatação do abismo existente entre o
Espiritismo codificado por Allan Kardec e o “Espiritismo Brasileiro”. O
Espírito Erasto é praticamente desconhecido por uma considerável parcela
das pessoas que frequentam regularmente centros espíritas, enquanto que
Emmanuel é conhecido por sua totalidade – fato apurado em recentes
palestras que realizei em alguns grupos espíritas.

Não há unidade doutrinária e o “Pacto Áureo” foi mais um pacto


político do que um movimento efetivo de unificação. Por outro lado, se
houve a necessidade de um pacto de unificação é porque o movimento
espírita encontrava-se (e se encontra ainda) em total desalinho com o
Espiritismo tal como foi Codificado na França. Kardec propôs uma
organização para a formação dos grupos espíritas de tal sorte relacionados
que deveria resultar em primeira linha a unidade da doutrina, como
conseqüência natural. Kardec garantiu essa unidade que já estava feita em
grande parte, com as bases fundamentais do Espiritismo, admitida pela
imensa maioria dos adeptos nos anos de ouro da Codificação Espírita
(Revista Espírita – 1862), mesmo havendo ainda questões duvidosas. O
Espiritismo não foi codificado completo e não é uma doutrina fechada –
afirmou Kardec -, por ser uma doutrina científica não se pode admitir outra
coisa. “Se os sistemas, algumas vezes, são produtos de cérebros humanos,
sabe-se que certos Espíritos não estão atrás nesse assunto; com efeito, vê-se
que excitam com um maravilhoso jeito, encadeiam com muita arte, idéias
frequentemente absurdas, e delas poderia falsear a opinião de pessoas que
não se dão ao trabalho de aprofundar, ou que são incapazes de fazê-lo pela
insuficiência dos seus conhecimentos. Sem dúvida, as idéias falsas acabam
por cair diante da experiência e da inflexível lógica; mas, à espera disso,
podem lançar a incerteza. Sabe-se também que, segundo sua elevação, os
Espíritos podem ter, sobre certos pontos, uma maneira de ver mais ou
menos justa; que as assinaturas que as comunicações levam nem sempre
são uma garantia de autoridade, e que os Espíritos orgulhosos procuram às
vezes, fazer passar utopias ao abrigo dos nomes respeitáveis com os quais
se enfeitam. Sem contradita, é uma das principais dificuldades da ciência
prática, e contra a qual muitos se chocaram.” (Revista Espírita 1862).

Quando afirmamos não haver unidade doutrinária não descartamos


que ela tenha ocorrido em torno de outro referencial não kardeciano.
Quando se detecta que o Espírito Emmanuel é reconhecido publicamente
em detrimento da importância maior de Erasto, que foi discípulo de Paulo
de Tarso, percebemos outro referencial: o chiquista, isto sem depreciar a
extraordinária obra do grande médium Francisco Cândido Xavier –
situando-o em seu justo lugar, seus serviços prestados à humanidade
através do Espiritismo, ganham uma dimensão muito maior da que se lhe
atribui como objeto de pura e simples adoração, coisa que, com certeza, ele
reprovaria. - Como se não bastasse, outros referenciais menores vão sendo
postos em uso aumentando ainda mais o abismo doutrinário, inviabilizando
o uso da palavra Espiritismo para denotar o movimento que se atribui
originário em Kardec. Ensina-se Kardec? Pratica-se Kardec? Por certo que
não, pois do contrário haveria UNIDADE DOUTRINÁRIA e os “pactos
áureos” não teriam o menor sentido.

“O melhor critério, em caso de divergência, é a conformidade do


ensino pelos diferentes Espíritos, e transmitidos por médiuns
completamente estranhos uns aos outros. Quando o mesmo princípio for
proclamado ou condenado pela maioria, será necessário render-se à
evidência.” (Revista Espírita – 1862) Uma leitura apressada, subjetiva, do
que aqui se encontra registrado por Kardec, tem levado muitos a
considerar, erradamente, que basta a “aceitação da maioria” para que uma
informação seja tida como verdadeira, pensando assim estar apoiado em
Kardec. A proclamação a que se refere o Codificador não tem validade sem
que se observe o rigor da universalidade. Outro dia, um conceituado
médium após ter sido acusado de ter plagiado um outro médium, ao ser
entrevistado pela televisão, alegou que as coincidências entre suas
psicografias eram decorrentes da universalidade do ensino. Não houve
universalidade porque os médiuns não eram completamente estranhos um
ao outro e as obras de um eram conhecidas pelo o outro. Também se
costuma indicar como referências obras posteriores a outra que defende
opiniões contestadas. “Se é um meio de se chegar à verdade, seguramente,
é pela concordância tanto quanto pela racionalidade das comunicações,
ajudadas pelos meios que temos para constatar a superioridade ou a
inferioridade dos Espíritos; cessando a opinião de ser individual, por
tornar-se coletiva, adquire um grau de mais autenticidade, uma vez que não
pode ser considerada como o resultado de uma influência pessoal ou local.
Aqueles que ainda estão incertos, terão uma base para fixar suas idéias,
porque seria irracional pensar que, aquele que está só, ou quase, em sua
opinião, tem razão contra todos.” (Revista Espírita 1862)

“OS EXILADOS NÃO SÃO DE CAPELLA” não somente derruba


um mito, mas demonstra de modo claro e inequívoco que, o que se
denomina Espiritismo no Brasil não passa de um arremedo mal feito da
Doutrina, que é de fato a Terceira Revelação. Aceitamos contestações
validadas nos referenciais kardeciano e científicos, como resultado do
raciocínio, destituídas do temperamento, do caráter, da educação, das
crenças, pessoais. Não basta ter uma opinião que parece ser a mais correta,
ou porque é dominante no meio social ou porque satisfaz os mais íntimos
anseios, para formar um juízo aceitável sobre qualquer questão de mérito
científico-espírita. Opinião firmada não tem valor. Aliás, que valor
científico tem a opinião? Nenhum valor é a resposta filosoficamente
correta, pois que, a opinião fundamenta-se na dúvida e pode ser falsa ou
verdadeira, não há como definir seu valor lógico sem um estudo
aprofundado do mérito. Segundo Kardec, encontram-se Espíritos que
procuram fazer prevalecer suas idéias pessoais. Portanto, ainda de acordo
com o Codificador, “É, pois, útil submeter as idéias divergentes ao controle
que propusemos, se a doutrina, ou algumas das doutrinas, que professamos,
forem reconhecidas errôneas por uma voz unânime, submeter-nos-emos
sem murmurar, felicitando-nos haja sido encontrada por outros; mas se, ao
contrário, elas são confirmadas, permitir-nos-á crer que estamos com a
verdade.” Se antes não havia nenhuma divergência quanto à possibilidade
de terem os exilados vindo de Capella, de acordo com a opinião de
Emmanuel, é porque a Ciência não dispunha de tecnologia observacional
para coletar e processar informações da realidade do sistema estelar
conhecido como α Aurigae – até 1995 pensava-se como um sistema duplo,
e não como um sistema de estrelas múltiplas como se tem revelado.

Segundo Antonio Genovesi, nascido em Salerno, Itália (1713 – 1769)


e sacerdote católico ordenado em 1737, “A razão humana é a mesma
faculdade de perceber, entender, cogitar e raciocinar. No uso, porém, está
mais admitido que a razão se chame uma faculdade de raciocinar. Duas
coisas são necessárias para raciocinar: os princípios, donde raciocinamos, e
a arte, com que daqueles princípios concluímos os conseqüentes. Os
princípios chamam-se juízos, ou claros, ou de qualquer modo certos, em
que se funda toda nossa raciocinação. A arte, porém de raciocinar é uma
reta e pronta faculdade de tirar dos princípios postos aqueles consequentes,
que neles estão ocultos.” As questões metodológicas expostas aqui são
questionáveis no sentido de que possam ser em parte modificadas ou
ampliadas, com a exposição de pesquisas ou trabalhos mais recentes,
devidamente verificados; o mesmo se aplica às informações obtidas dos
centros de pesquisas de todo o mundo, visto que a ciência se amplia
continuamente. O uso da moderna tecnologia observacional e de
processamento por meios eletrônicos de dados científicos, reduz
consideravelmente a possibilidade de equívocos, mesmo assim alguma
probabilidade existe, em função do poder maior dos equipamentos
eletrônicos colocados a serviço dos pesquisadores. Mas, em Ciência,
existem dois domínios: o AXIOMÁTICO – já evidenciado pelas
descobertas e conclusões que se tornam evidentes por si mesmas-, e o
HIPOTÉTICO com suas formulações ideativas, suposições aparentemente
centradas em fatos, especulações, concepções, sem que as provas sejam
conclusivas o suficiente para a garantia da verdade.

Nosso ofício lógico, parafraseando Genovesi, é formar o


entendimento para retamente filosofar. É construir um conhecimento
Espírita metodizado, sistemático, organizado de forma a atender
estritamente os critérios do Espírito Erasto, sem calar ninguém e sem se
deixar calar, pois a final, nossa fé é inabalável, ao contrário de nossos
opositores, pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da
Humanidade (Ver o Evangelho segundo o Espíritismo no frontispício). Este
artigo é um convite ao debate, à boa polêmica, pois não consideramos as
idéias subjetivas senão como ponto de partida de nossas pesquisas, e
agimos com a dignidade necessária, e profundo senso de responsabilidade,
a ponto de abrirmos espaços para colher o resultado da pesquisa individual
de nossos leitores – seguindo os passos do professor Rivail (Kardec)
quando concebeu a Revista Espírita para este fim.

A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ESPÍRITA

Vivemos num mundo muito diferente daquele em que viveu Allan


Kardec. É preciso entender o espírito desta mudança com vistas à
adaptação a uma nova ordem, a uma nova etapa na ascensão no saber e na
construção do conhecimento Espírita. A falta de conhecimento filosófico,
científico e moral, comprometem gravemente a aquisição de recursos para
enfrentar os problemas que nos apresenta a vida cultural espírita nos
tempos modernos.

O conhecimento científico é uma conquista recente da humanidade:


tem apenas 300 anos e surgiu no século XVII com a revolução galileana.
Isso não quer dizer que antes daquela data não houvesse saber rigoroso,
pois, desde o século VI a.C., na Grécia Antiga, os homens aspiravam a um
conhecimento que se distinguisse do mito e do saber comum. Tais sábios
ocupavam-se com a filosofia e a ciência.

No século V a.C., Sócrates buscava a definição dos conceitos,


por meio da qual pretendia atingir a essência das coisas.

Platão mostrava o caminho que a educação do sábio devia


percorrer para ir da opinião à ciência

A ciência e a filosofia somente se separam na Idade Moderna,


buscando cada uma delas seu próprio caminho, ou seja, seu método. A
ciência moderna nasce ao determinar um objeto específico de investigação
e ao criar um método pelo qual se fará o controle desse conhecimento.

ESPIRITISMO: UM CONHECIMENTO ABERTO

O ser humano já percorreu um bom caminho para se tornar um ser


racional. Não age como os animais inferiores. Estes apenas se esforçam
pela vida, O homem, além disso, esforça-se por entender a natureza e,
embora sua inteligência seja dotada ainda de limitações, tenta sempre
dominar a realidade, agir sobre ela para torná-la mais adequada às suas
necessidades. E à medida que domina e transforma, também amplia e
desenvolve suas próprias necessidades.

Esse processo de acúmulo de conhecimentos sobre a natureza e de


ações racionais capazes de transformá-las compõe o universo de idéias
que hoje denominamos “Ciência”.

Para compreender a Ciência: a concepção


científica da humanidade tem evoluído com o
passar dos tempos. Merece ser considerada a
proposta de Karl R. Popper. Ele vê a Ciência
como uma interpretação parcial e temporária de
uma realidade existente; uma interpretação
atualizável porém nunca exata.
Ciência é, pois, o conhecimento
racional, sistemático, exato e verificável da
realidade. Por meio da investigação
científica o homem reconstitui
artificialmente o universo real em sua
própria mente. Mas essa reconstituição
ainda não é definitiva. A descoberta e a
compreensão de fatos quase sempre levam
à necessidade de descobrir e compreender
novos fatos. E como o resultado das investigações depende dos
conhecimentos já adquiridos e de instrumentos capazes de aprofundar a
observação, a Ciência está sempre limitada às condições de sua época.

É de se esperar algo diferente para a Ciência Espírita? Creio que o


caminho é o mesmo, a Ciência é um conhecimento aberto e o Espiritismo a
partir do momento que se afirma como científico é também um
conhecimento aberto, em constante movimento.

O Espiritismo e a Ciência se completam reciprocamente; a Ciência,


sem o Espiritismo, se acha na impossibilidade de explicar certos fenômenos
só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, faltaria o apoio e a
comprovação. Allan Kardec – A Gênese : p.21 – 24ª edição

“Pela sua substância, (O Espiritismo) alia-se à Ciência que, sendo a


exposição das leis da Natureza, com relação a certa ordem de fatos, não
pode ser contrária às leis de Deus, autor daquelas leis. (...)”

Vemos então que a reserva colocada por Kardec ao estudo dos fatos
“espíritas” por parte da Ciência trata-se de uma coerência com os objetos e
métodos desta própria ciência, que se auto restringiu à pesquisa dos objetos
materiais e das leis que os regem, os quais são passíveis de explicação por
algarismos e forças mecânicas. Os fatos que se apresentavam não se
enquadravam nesta ordem de fenômenos, daí a afirmação de Kardec de que
o Espiritismo não era da alçada da ciência, de então, enquanto enfoque
metodológico. ANDRÉ HENRIQUE – 29 de novembro de 2000
Espiritismo e Ciência

Entretanto, a restrição não se


faz de maneira absoluta.
Kardec pôde perceber que o
Espiritismo estudava uma
potência da Natureza, o
Espírito, e que, portanto, não
poderia seguir um caminho
isolado. Sabia que o elemento
espiritual não atuava sozinho e
reconhecia que alguns tópicos
estudados pelo Espiritismo,
necessariamente seriam abordados pelas demais ciências. Daí as suas
criteriosas observações a respeito dos pontos de contatos entre o
Espiritismo e as outras ciências:

“Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será


ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrasse estar em erro
acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma
verdade nova se revelar, ele a aceitará.” ALLAN KARDEC – A Gênese. 24ª
edição – FEB – páginas: 44 e 45

Essas percepções acerca do Espiritismo deixam bem caracterizadas a


posição de Kardec com relação à estrutura do conhecimento espírita que
NÃO É DE MODO ALGUM FECHADO EM SI MESMO. Ele entendia o
Espiritismo como uma representação de nossas atuais percepções acerca de
uma determinada ordem de fatos – os espirituais; e propunha que esta
representação NÃO FOSSE ESTÁTICA, MAS CONTINUAMENTE
ATUALIZÁVEL como o resto do conhecimento científico. Cabe ressaltar
que a representação dos fenômenos espirituais colocada pelo Espiritismo
possui como fundamento a observação de fatos e a experimentação
segundo as técnicas permitidas pela tecnologia vigente. Desse modo, foi na
observação dos fatos que o Espiritismo fundamentou sua METODOLOGIA
DE CONHECIMENTO.

“As ciências só fizeram progressos importantes depois que seus


estudos se basearam sobre o método experimental, até então acreditou-se
que esse método também só era aplicável à matéria, ao passo que o é
também às coisas metafísicas.” – ALLAN KARDEC: A Gênese – 24ª
edição: página – 20
E com relação ao Espiritismo, Kardec destaca: “Como meio de
elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma forma que as
ciências positivas, aplicando o método experimental. Fatos novos se
apresentam que não puderam ser explicados pelas leis conhecidas; ele ( o
Espiritismo) os observa, compara, analisa e, remontando dos efeitos às
causas, chega às leis que os rege,
depois deduz-lhe as conseqüências e
busca as aplicações úteis.” ALLAN
KARDEC – A Gênese – 24 ª edição –
FEB – p.20

A explicação dos fatos que o


Espiritismo admite suas conseqüências
morais, forma toda uma ciência e toda
uma filosofia, que reclama estudo
sério, perseverante e aprofundado.

O
Espiritismo não pode considerar crítico
sério, senão aquele que tudo tenha visto,
estudado e aprofundado com paciência e a
perseverança de um observador
consciencioso; que do assunto saiba tanto
quanto qualquer adepto instruído; que haja, por
conseguinte, haurido seus
conhecimentos algures, que não nos romances
da ciência; aquele a quem não se possa opor
fato algum que lhe seja desconhecido, nenhum
argumento de que não já não haja cogitado e
cuja refutação faça, não por meio de mera negação, mas por meio de outros
argumentos mais peremptórios; aquele, que possa indicar, para os fatos
averiguados, causa mais lógica do que a que lhes aponta o Espiritismo. Tal
crítico ainda está por aparecer (Allan Kardec – O Livro dos Médiuns. FEB.
55ª edição. 1987. páginas 30 e 31). De fato, tal crítico vai se construindo ao
longo do tempo com o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e dos
métodos investigativos. No século XIX a ciência engatinhava ainda
tropegamente com o seu método de pesquisa e de construção de
conhecimento. No limiar do século XXI, muitos dos problemas
considerados solucionados satisfatoriamente nos anos 1860, tiveram de ser
reestudados e novamente resolvidos. Outros problemas, com o
desenvolvimento científico, vão se apresentando e cada um sempre mais
desafiador do que o outro, levando o homem a novas construções de
conhecimento.
É de todo compreensível o posicionamento de Kardec.
Primeiramente ele pretendeu aplicar aos fenômenos sob análise dos crivos
da ciência corrente, com seus métodos, pressupostos, e conceitos. É notável
sua preocupação com a eletricidade, quando ele tenta encontrar uma
possível conexão dos fenômenos espiritistas com os fenômenos científicos,
mostra seu rigor metodológico de buscar primeiramente nos elementos
conhecidos, ou paradgmáticos, as causas desses mesmos fenômenos. Não
encontrando porém, lança mão de novas alternativas ao lançar o problema
sobre os ombros da Ciência.

A Ciência não é isenta de juízos de valor e o assunto não recebeu a


abordagem merecida. Os sábios da época, representantes da Ciência,
tratavam fenomenologia
espiritista com visível
desdém, como se ela não
existisse. A Ciência de então
procurava abordar o
problema segundo o ponto de
vista mecânico e a influência
do Positivismo foi marcante,
tanto no sentido da
abordagem kardequiana
como na negação dos sábios
de então. É Kardec quem
destaca:

“Até aí, como se vê, tudo pode caber no domínio dos fatos puramente
físicos e fisiológicos. Sem sair desse âmbito de idéias, já havia ali, no
entanto, matéria para estudos sérios e dignos de prender a atenção dos
sábios. Porque assim não aconteceu?

Nos anos 1968, Gaston Bachelerd apresenta uma idéia


completamente diferente da qual se fazia aplicar predominantemente: “O
verdadeiro pensamento científico é metafisicamente indutivo”. Referindo-
se às geometrias “não-euclidianas”, que não veio para contradizer a
geometria em seus aspectos tradicionais é, antes de tudo, uma espécie de
fator adjunto que permite à totalização, o acabamento do pensamento
geométrico, a absorção numa pangeometria não-euclidiana. O que de fato
nos interessa não é a discussão filosófica que envolve a geometria com seus
dimensionamentos, mas os resultados que nos levam a ampliação dos
limites da antiga forma de pensar Ciência, que segundo Bachelard, o
raciocínio “Será o mesmo para todas as formas novas do pensamento
científico, que vêm depois projetar uma luz recente sobre as obscuridades
dos conhecimentos incompletos (...)”. “O Novo Espírito Científico – G.
Bachelard / Briblioteca Tempo Universitário I2”. Temos a cerca da Ciência
Espiritista um conhecimento apenas embrionário, que não avançará se
permanecer escudada por crenças que se opõem ao moderno modo de se
fazer ciência e, notadamente, ao avançado pensamento de Kardec que
permanece ainda obscuro para a grande maioria espirita.

Estamos na encruzilhada dos caminhos que se deve colocar o


epistemológico, entre o realismo e o racionalismo. Justamente neste ponto,
podemos colher o novo dinamismo destas filosofias contrárias: o duplo
movimento pelo qual a Ciência espiritista simplifica o real e complica o
racional. E quem não faz da ciência o objeto de sua especialização,
conforme se tem visto em grande número de livros atribuídos à psicografia,
ao simplificar o real introduz idéias fantasiosas misturando realidade e
ficção.

Da meditação da ação científica, verifica-se que o realismo e o


racionalismo trocam sem fim seus conselhos. Nem um nem outro
isoladamente basta para constituir prova científica de coisa alguma; nos
domínios das ciências físicas não há lugar para uma intuição do fenômeno
que designaria de uma só vez os fundamentos do real; nem tampouco para
uma convicção racional – absoluta e definitiva – que imporia categorias
fundamentais a nossos métodos de pesquisas experimentais. Allan Kardec
não desconhecia essa advertência, em todos os textos que produziu sobre
suas conclusões da fenomenologia espírita, considerou a prudência em
primeira linha, agindo sempre com correto espírito científico. Não há de se
admitir comunicações que banalizam a psicografia, e que demonstrem
alguma contradição com os critérios kardecianos. É muito fácil para os
leigos em Ciência a defesa de ‘opiniões” a respeito da existência de algum
mundo habitado, denominando-o e localizando-o: não têm nenhum
compromisso com a verdade, pois ignoram o que significa “vida” e muito
menos ainda “vida orgânica”. Não conhecendo os instrumentos científicos
e sua metodologia, consideram como “verdades espíritas” absurdos como:
“outra química”, “reencarnações em corpos etéreos”, “civilizações em
esferas estelares”, “corpos fluídicos tangíveis”, além da apropriação de
fatos ligados à física quântica em correlações duvidosas com alguns
fenômenos espiritistas. “A objetividade não pode se destacar dos caracteres
sociais da prova. Não se pode chegar à objetividade senão expondo de uma
maneira discursiva e detalhada um método de objetização.” (O Novo
Espírito Científico – G. Bachelard). Não podemos levar em conta, em se
tratando de Ciência, e mais ainda de Ciência Espírita, nenhuma hipótese
sem estabelecer o caráter polêmico do conhecimento – a polêmica é parte
integrante da Ciência – sem filtrar, depurar, vazando no molde dos
instrumentos, produzindo no plano dos instrumentos. Entendemos como
instrumentos as teorias materializadas, de onde saem fenômenos que
trazem por todos os lados a marca teórica, sem o estigma da banalização
imposta por conceitos de fé.

“O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma


doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se
podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia ele compreende todas
as circunstâncias morais que decorrem dessas relações.” Portanto, não pode
ter uma prática contraditória com o ESPÍRITO CIENTÍFICO, pois senão
estará negando a si própria.

“Podemos definí-lo assim: ´O Espiritismo é uma ciência que trata da


natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com
o mundo corporal” (Allan Kardec –O que é o Espiritismo. I.D.E. 15ª
edição. P.10 – 1983).

Vemos que Kardec procurou caracterizar o Espiritismo como uma


ciência e enfaticamente qualificou-o de ciência de observação. Segundo
ele, este caráter científico do Espiritismo é decorrente do método
empregado para a construção do conhecimento.

A construção do conhecimento espírita depende de uma correta


leitura do mundo

“O Espiritismo é ao mesmo
tempo uma ciência de
observação e uma doutrina
filosófica. Como ciência prática
ele consiste nas relações que se
podem estabelecer com os
Espíritos; como filosofia ele
compreende todas as
circunstâncias morais que
decorrem dessas relações.”

“Podemos definí-lo assim: ´O


Espiritismo é uma ciência que
trata da natureza, da origem e
da destinação dos Espíritos, e
das suas relações com o mundo corporal”
(Allan Kardec –O que é o Espiritismo. I.D.E. 15ª edição. P.10 – 1983)
Para conhecer a parte de responsabilidade que incumbe ao Espiritismo
numa dada circunstância, há um meio muito simples, que é o de inquirir de
boa fé, não entre os adversários, mas na própria fonte, o que ele aprova e o
que ele condena. A coisa é tanto mais fácil que nada tem de secreto; seus
ensinos são públicos, e cada um pode controlá-los.

O Espiritismo não é mais solidário com aqueles que se comprazem


em dizerem-se espíritas, do que a medicina não o é com os charlatães que a
exploram, nem a sã religião com os abusos, ou mesmo crimes, cometidos
em seu nome. Não reconhece por seus adeptos senão aqueles que colocam
em prática os seus ensinos, quer dizer, que trabalham para o seu próprio
adiantamento moral, esforçando-se por vencer as suas más inclinações,
serem menos egoístas e menos orgulhosos, mais dóceis, mais humildes,
mais pacientes, mais benevolentes, mais caridosos para com o próximo,
mais moderados em todas as coisas, porque são os sinais característicos do
verdadeiro espírita.

O Espiritismo caminha de acordo com a ciência no


terreno da matéria: admite todas as verdades que ela
constata; mas onde se detêm as investigações desta,
prossegue as suas no terreno da espiritualidade.

CONHECIMENTO FILOSÓFICO

O conhecimento filosófico tem por origem a capacidade de reflexão


do homem e por instrumento exclusivo o raciocínio. A Ciência exige o
concurso da Filosofia, pois não é suficiente para explicar o sentido geral do
universo.

APRENDENDO A LER O MUNDO

Um sem número de vezes somos obrigados a interpretar, ou seja, a


dar significado a uma série de acontecimentos de nossa vida. Pelo cheiro
podemos obter significados tais como: algo queimando; através da audição,
o telefone tocando ou podemos associar a campanhia da porta… assim
obtemos alguns significados. A essa atividade de atribuir significados
podemos dar o nome de leitura. A leitura nesse sentido passa a ser uma
atividade bastante ampla: é efetuada toda vez que lemos um significado em
algum acontecimento, alguma atitude, algum texto escrito, no
comportamento de alguém, um quadro, um mapa, e até nas gracinhas de
um animal doméstico. A tudo isso podemos chamar de leitura do mundo. E
para que possamos fazer uma leitura adequada do mundo à nossa volta, é
preciso saber observá-lo, recolhendo informações dos mais variados tipos.

O Mundo consta de séries muito bem ordenadas


de causas e efeitos. É ofício de o Filósofo indagar estas coisas.
Antonio Genovesi (*)

Ser Espírita significa também ser


racional, porque, conhecendo as relações
das coisas, avalia e raciocina. Ainda de
acordo com Genovesi, a verdade se
defende com a verdade e argumentos, não
com violência e palavras injuriosas, não
com proibições obstando ao filósofo acesso
à defesa de suas idéias. Calar um filósofo
ou impedí-lo de falar é ato de extrema
violência para com a cultura e frente a uma
doutrina codificada com caracteres de Ciência, aberta às construções do
conhecimento. Deixando-o falar, ao contrário, abre-se um leque de
oportunidades para que as idéias sejam discutidas amplamente, dando
espaço à construção efetiva da verdade.

A todos compete indagar a verdade e encontrar caminhos para o


entendimento com que podemos distintamente perceber os objetos, julgar,
raciocinar, abstrair, refletir, imaginar, recordar-nos, etc. Segundo Allan
Kardec “Toda idéia nova vem, necessariamente, suplantar uma idéia velha.
Se ela é falsa, ridícula e impraticável, ninguém lhe dá importância, pois,
instintivamente, compreende-se que não tem vitalidade. Deixam-na morrer
de morte natural. Se é justa e fecunda, ela atemoriza aqueles que , a
qualquer título, por orgulho ou interesse material, estiverem interessados
em manter a idéia antiga. Estes a combaterão, e, com tanto ardor quanto
melhor perceberem o perigo, que representa aos seus interesses.”

Qualquer neófito da Doutrina Espírita tem contato com a “lenda” dos


exilados de Capella. Crescem com ela, tem contato com um sem número de
livros que repetem a mesma história sem ao menos pensar em sua lógica,
sem verificar o que a Ciência tem a dizer a respeito. Quando aparece
alguém com uma idéia nova que contesta a antiga, causa comoção e levanta
contra ele a indignação de todos os crentes, que não se importam em negar
os mais inteligentes critérios para verificação da verdade. Têm receio de
colocar suas idéias em confronto, esquecendo-se de que “Não há fé
inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as
épocas da Humanidade.” A realidade o tem demonstrado: centros espíritas
evitam tocar no assunto, proibem e calam os que ousam contestar
Emmanuel; o tema foi proibido até mesmo em uma emissora de rádio sob a
alegação de que “a maioria aceita que os exilados vieram de Capella”.
Calar um filósofo é a maior violência que se pode cometer contra ele e suas
idéias. “Pode-se, de modo geral, julgar a importância de uma idéia pela
oposição que ela suscita.” (Allan Kardec). De fato, temos recebido forte
oposição de todos os lados, mas grande parte delas decorrente da
ignorância demonstrada pelas pessoas tanto no que afeta a Ciência material
como também a metodologia kardeciana. Faltam noções de epistemologia.
Em ciência trabalha-se com fatos. Observado um FATO, elabora-se uma
hipótese. A experimentação é importante para testar a hipótese. Os fatos
previstos devem ser confirmados pela observação e experimentação que
deve ter como objetivo a solução do problema que está sendo estudado. No
Movimento Espírita atual improvisa-se quase sempre e para formular uma
hipótese basta a palavra de um Espírito, seja qual for o médium; nada é
verificado: a autenticidade da assinatura, a universalidade, a validade da
informação. A maioria vive ainda imersa na fantasia, ou seja, a formatação
que damos às coisas que não temos como provar diretamente ou por
ignorância ou por falta de vontade; são imagens que livremente
aumentamos ou ajuntamos outras imagens produto da imaginação de um
Espírito ainda imperfeito. Capella assim está configurada, desde os tempos
antigos quando a estrela já exercia certo fascínio.

Capella já foi chamada de “cabra-estrela-


chuvosa”, pois a palavra “cabra” era associada a
“vento de tempestade”, pois nos meses em que se
apresentava mais visivel e esplendorosa no
firmamento, coincidia o período de chuvas e ventos
fortes, inundações e tormentas. Entre os árabes teve
vários nomes: Ayyuk, Alathod, Alkatod, Alatudo,
Atud, e Al’Ans. É simbolizada por uma figura que
apresenta o cocheiro trazendo sobre seu ombro
esquerdo uma cabra. Durante algum tempo foi
também conhecida como Amalthea, que consultou a cabra que amamentou
o bebe Zeus (Jove/Jupiter). Amalthea era a mãe do Haed (as duas estrelas
descritas como cabras do pequeno Zeta (Hoedus 1) e Eta Aurigae (Hoedus
11) que foi posta de lado para acomodar seu filho, e com sua irmã Melissa,
alimentou o deus-infanto com leite da cabra e mel . No Egito, Capella teve
lugar no Zodíaco de Denderah, onde aparece representada pelo gato
mumificado na mão estendida de uma igura masculina coroada com penas.
É uma estrela importante e alvo de adoração do templo egípcio do grande
Ptah. Entre os gregos também se apresenta como objeto de adoração, onde
pode ter sido o ponto de orientação de um templo em Eleusis consagrada à
deusa Diana. Na India, Capella era tida como sagrada – conhecida como
Brahma Ridaya ou seja “Coração de Brahma. Na Babilônia na língua
Akkadian (uma das notáveis linguas da história do mundo antigo) aparece
grafada como I-ku dik-gan, que significa “mensageiro da luz”, e também
como Babill dil-gan ou seja “Estrela padroeira da Babilônia”. Uma
inscrição cuneiforme Akkadian, utilizada , segundo se supõe para consultas
espirituais dirigidas à Capella, foi traduzida por Jensen Askar, como “deus
da tempestade” e a “a tabuleta dos trinta ursos das estrelas” ou o seu
sinônimo Miliampère-um-tu. Segundo José de Costa, jesuita espanhol que
viveu no século XVI, os antigos peruanos identificavam essa estrela como
Colca ou seja pastor. Como vimos, Capella, era utilizada por muitos povos
como centro de adoração ou como oráculo e adivinhatórios, conservando
assim forte mistiscismo em seu entorno. E não é de estranhar que essa
tradição tenha chegado aos brasileiros, visto que sua adoração vem de
tempos remotos. Algumas pessoas, certamente, vão querer ver nisso uma
“prova” de que os exilados vieram de Capella, sem atinar que não passa de
fascínio natural que o Espírito humano sempre nutriu pelos astros,
principalmente por aqueles que mais enfeitam os céus. Os costumes antigos
são transmitidos pelos espíritos mais ingênuos em ciência e/ou em
moralidade, de encarnação a encarnação, e somente se libertam deles
quando passam a compreender os astros como esferas que completam o
cenário do Universo material, destinados a atender os propósitos da vida
em sua extensão cósmica. Adorá-los, seja qual for a forma, é sinal de
sentimentos primitivos dominantes. Afinal, mais difícil do que convencer
alguém a aceitar novos conceitos é convencer alguém a “se livrar” dos
velhos.

OS ESPÍRITOS NÃO REVELAM FATOS CIENTÍFICOS QUE


COMPETEM AO HOMEM, PELO SEU ESFORÇO, DESVENDAR:

Os Espíritos não podem guiar descobertas nem investigações


científicas. A Ciência é obra do gênio e só deve ser adquirida pelo trabalho,
pois é por este que o homem progride. Que mérito teríamos nós se, para
tudo saber, apenas bastasse interrogar os Espíritos? Por esse preço, todo
imbecil poderia tornar-se sábio. (CI – cap. X)
Os Espíritos não se manifestam para libertar do estudo e das
pesquisas o homem, nem para lhe transmitirem, inteiramente pronta,
nenhuma ciência. Com relação ao que o homem pode achar por si mesmo,
eles o deixam entregue às suas próprias forças. Isso sabem-no hoje
perfeitamente os espíritas. De há muito, a experiência há demonstrado ser
errôneo atribuir-se aos Espíritos todo o saber e toda a sabedoria e supor-se
que baste a quem quer que seja dirigir-se ao primeiro Espírito que se
apresente para conhecer todas as coisas. Saídos da Humanidade, eles
constituem uma de suas faces. Assim como na Terra, no plano invisível
também os há superiores e vulgares; muitos, pois, que, científica e
filosoficamente, sabem menos do que certos homens; eles dizem o que
sabem, nem mais, nem menos. Do mesmo modo que os homens, os
Espíritos mais adiantados podem instruir-nos sobre maior porção de coisas,
dar-nos opiniões mais judiciosas, do que os atrasados. (GE – cap. I: 60)

Não obstante os apontamentos kardecianos, a todo momento vemos


publicadas obras atribuídas aos Espíritos, num visível processo de
banalização da psicografia e/ou da inspiração, portadoras de informações
pseudo-científicas, como se tivessem, autoridade e permissão para
antecipar descobertas aos homens. No tempo de Kardec, muitas mensagens
contendo relatos de vidas em outros planetas, como Jupiter e Saturno, eram
bem comuns, mas a prática era submetê-las à apreciação de estudiosos e
especialistas em ciências, à comunidade espirita, a outros Espíritos e aos
demais homens, na Europa e na América, através da publicação da Revue
Spirite. Hoje, os meios eletrônicos de comunicação, possibilitam um
“campo de ensaio” incomensuravelmente maior do que o que Kardec
utilizava:

“Aliás, os leitores assíduos da Revue hão tido ensejo de notar, sem


dúvida, em forma de esboços, a maioria das idéias desenvolvidas aqui nesta
obra, conforme o fizemos, com relação às anteriores. A Revue, muita vez,
representa para nós um terreno de ensaio, destinado a sondar a opinião dos
homens e dos Espíritos sobre alguns princípios, antes de admiti-los como
partes constitutivas da doutrina.” (Introdução da 1ª edição publicada em
1868)

Esse é o motivo pelo qual não se admite a Revista Espírita como


sendo uma obra da Codificação Kardeciana, nem como sendo sua
complementação..

“ ... lembrai-vos de que, se á absurdo repelir sistematicamente todos


os fenômenos de Além Tumulo, também, não é prudente aceitá-los de olhos
fechados (...) nunca será demasiado repetir: não aceiteis nada cegamente.
Que cada fato seja submetido a um exame rigoroso, minucioso,
aprofundado e severo” (O Livro dos Médiuns). Então, porque aceitar a
opinião de um único Espírito, através de um único médium a respeito de
assuntos que não são assim tão óbvios e que estão a exigir o esforço da
comprovação científica? Mesmo que diversos Espíritos, através de diversos
médiuns, se manifestassem a respeito, ainda assim competiria à Ciência o
labor da comprovação.

O livro “A Caminho da Luz, História da Civilização à Luz do


Espiritismo” apresenta algumas contradições científicas importantes que
convém mencionarmos.

O verbete que se lê logo no frontispício da obra de F. C. Xavier, que


se atribui ao Espírito Emmanuel, apresenta uma contradição com o que
vemos mais adiante, no Antilóquio: “Não deverá ser este um trabalho
histórico. A história do mundo está compilada e feita. Nossa contribuição
será à tese religiosa, elucidando a influência sagrada da fé e o ascendente
espiritual, no curso de todas as civilizações terrestres.”

Afinal, trata-se ou não da História da Civilização? Se não houve um


exame criterioso da obra, em todos os seus aspectos, pode então se afirmar
como sendo “à Luz do Espiritismo”? Foram utilizados, na produção do
texto da obra, os mesmos critérios que se fazem observar nas obras mestras
ou seja, na Codificação Espírita? Certamente que não! Nenhuma obra
construída sem observar um alinhamento metodologico e pedagógico, além
da coerência científica, filosófica e moral, demonstradas com as obras de
Kardec podem ser tidas como “à luz do Espiritismo”. Pode até conter
alguns bons “grãos de trigo puro”, mas o processo de “catação” para
separar o joio e descartá-lo é uma necessidade para todos que desejarem a
melhor qualidade em termos de conhecimento espírita.

Veremos a seguir um erro científico que não escapa, por certo, ao


apontamento de um químico ou de um astroquímico, como preferirem,
mais atento.

“A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da


nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as
balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria
em ignição, do planeta (...)”

“Laboratório de matérias ignescentes, o conflito das forças telúricas e


das energias físico-químicas opera as grandiosas construções do teatro da
vida, no imenso cadinho onde a temperatura se eleva, por vezes, a 2.000
graus de calor, como se a matéria colocada num forno, incandescente (...)”

Quando trata da solidificação da matéria, Emmanuel comete um erro


científico grave que revela seu desconhecimento da Química Elementar:
“Na grande oficina surge, então, a diferenciação da matéria ponderável,
dando origem ao hidrogênio”.

Anteriormente ele admitiu ter a Terra se desprendido da nebulosa


solar e depois que ela se formara de matérias ignescentes. Como entender
uma nebulosa sem hidrogênio? E a matéria ignescente que solidificou? Por
acaso não se encontra hidrogênio na matéria que aflora à superfície do
planeta originárias das camadas igneas ainda existentes no interior da
Terra?

A energia que permite a existência de vida na terra vem do sol e é


produzida, principalmente, pela seguinte reação nuclear:

onde 1n é um nêutron. No sol, quantidades apreciáveis de ambos isótopos


do hidrogênio são continuamente formadas por outras reações nucleares
que envolvem o . O deutério e o trítio ocorrem também na Terra,
mas em quantidades mínimas

O átomo de hidrogênio é o elemento que apresenta maior abundância


em todo o Universo, mas sua quantidade na Terra é muito pequena
atualmente, mas não foi sempre assim. Esta discrepância é explicada pelo
fato de que uma grande quantidade de gases escapou da gravitação da
Terra, varridos pelos ventos solares. O hidrogênio por ser o gás de menor
peso molecular, foi o mais perdido pela atmosfera da Terra na evolução
geológica, num período em que a quantidade de hidrogênio superava
muitas vezes a de oxigênio. Gases de carbono nitrogênios, apareciam como
hidretos e não como óxidos: CH4 (metano) e NH3 (amônia) eram
encontrados no lugar de CO2 e NO2. Quando a Terra se solidificou havia
uma quantidade de hidrogênio maior da que temos agora. Erra Emmanuel
tanto quanto a frequência do hidrogênio na Terra em eras primitivas como
também quanto a sua origem, atribuída à difereciação da matéria poderável,
como se ela já não existisse antes.

“Nos mapas zodiacais, que os astrônomos terrestres compulsam em


seus estudos, observa-se desenhada uma grande estrela na Constelação do
Cocheiro, que recebeu, na Terra, o nome de Cabra ou Capela. Magnífico
sol entre os astros que nos são mais vizinhos, ela, na sua trajetória pelo
Infinito, faz-se acompanhar, igualmente, da sua família de mundos,
cantando as glórias divinas do Ilimitado.”

Em nenhum momento Emmanuel percebeu que não se tratava de


uma estrela, mas de um sistema de estrelas, onde duas componentes
impressionam por suas turbulências.
Capella – observada de um pequeno telescópio óptico

Capella (Alfa Aurigae) apresenta-se bem visível no hemisfério norte


principalmente no inverno. Capella brilha quase diretamente em cima, sua
aparência, por certo não denuncia seu caráter múltiplo e se apresenta como
uma das três estrelas brilhantes espalhadas em torno do céu do norte.
Apresenta o mesmo brilho, de Arcturus suave e alaranjado, de Vega, de
quente e branco. Assim podemos ver Capella como uma estrela de
tonalidade amarelo-branco e no meio da escala de temperatura. Quando
apontamos para o sistema Capella as lentes do Hubble ou das modernas
estações eletrônicas de observação, temos outra realidade.

As nove componentes conhecidas até o momento são:

ALPHA-Aa AURIGAE
ALPHA-Ab AURIGAE
NSV01897
13 AUR
HR34029
SAO 40186
BD+451077
FK5:193
WDS 05167+4600A

A estrela principal do sistema é uma estrela variável do tipo RS-CVn,


tendendo para uma supernova do tipo NSV1897.

“Os Espíritos esclarecidos e verdadeiramente superiores não podem


ensinar coisas absurdas. Portanto, toda comunicação manchada por erros
manifestos, ou contrários aos dados mais vulgares da ciência e da
observação, atesta por isso a inferioridade de sua origem. A ignorância não
pode contrafazer o verdadeiro saber, nem o mal confranger o bem de
maneira absoluta. Todo Espírito que, sob o nome venerando, diz coisas
incompatíveis com o título que se dá, está convicto de fraude” (Erasto).

De fato não houve universalidade. Tudo que refere aos exilados


capelinos se reportam a uma única obra que prescedeu todas as demais.
Qualquer livro que se apóie nessa única fonte se coloca em dúvida, pois
parte exatamente da que está sendo questionada e que apresenta evidentes
erros científicos e que não foi submetida, antes de ser publicada a uma
rigorosa observação. Ingenuamente, alguns tentam obter apoio na Revista
Espírita, desconhecendo a finalidade da própria revista: servir de “campo
de ensaio” segundo palavras do próprio Kardec. De algum tempo sabemos
que Jupiter é um planeta gasoso, tendo sua superfície coberta por um
“oceano” de hidrogênio líquido de 40000 km de profundidade. Sua
atmosfera resulta uma pressão 3 milhões de vezes maior que a da Terra.
Que vida orgânica seria possivel nessas condições?

O que é Vida? Por tudo que foi exposto até este ponto, percebemos
que não existe uma definição definitiva sobre o que seja vida. Para a
Ciência definir vida implica outras definições, um conjunto delas que pode
a qualquer momento ser acrescido. Precisamos de definições que atendam
aos seguintes aspectos:

Fisiológica - um ser capaz de realizar algumas funções básicas,


como comer, metabolizar, excretar, respirar, crescer, reproduzir e reagir a
estímulos externos. Como a definição não é completa e apresenta falhas
precisamos recorrer a outras definições que complementem esta.

Metabólica – onde um ser vivo é apresentado como um objeto finito,


trocando matéria continuamente com ambiente, com o entorno, sem alterar
suas propriedades gerais. Observamos que alguns objetos que realizam
trocas com a vizinhança não são seres biológicos, por exemplo, a chama de
uma vela troca matéria continuamente e não é um ser vivo.
Créditos da gravura: Universidade Federal de
Santa Catarina (artigos sobre vida) - QMCWEB

Bioquímica – também conhecida


como definição bio-molecular. Os
seres vivos são vistos como seres
que contêm informações que se
encontram codificadas em
moléculas de ácidos nucleicos e
que controlam a velocidade de
reações metabólicas ou
fisiológicas (hereditárias). Mesmo
neste caso ainda encontramos
restrições que vai exigir outra
definição: existe um tipo de virus
que não contém ácido nucleico e
que é capaz de se repoduzir sem a
utilização do ácido nucleico do
hospedeiro.

Genética – trata-se de um sistema


capaz de evoluir por seleção
natural, onde a informação hereditária é transportada por grandes
moléculas conhecidas como genes. Genes diferentes determinam
características diferentes do organismo. Mesmo com tanta precisação na
transmissão dos caracteres, ocorrem “falhas” que são tidas como mutações.
Algumas mutações são responsáveis por características especiais que quase
sempre objetivam tornar o organismo a se tornar mais apto às novas
condições ambientais, garantido assim sua sobrevivência – fazem surgir as
espécies dominantes. Mais uma definição é necessária.

Termodinâmica – levamos em conta a definição de termodinâmica


conquistada pela física: “um sistema fechado garante que nenhum processo
que leve a um aumento da ordem interna do sistema pode ocorrer.” Em um
organismo vivo a ordem parece aumentar: uma planta pega moléculas
ordinárias de água e gás carbônico e as transforma em clorofila, açúcares e
carboidratos, moléculas bem mais elaboradas e ordenadas. O ser vivo é um
sistema aberto. Ainda de acodo com o QWCWEB, cujo artigo nos serve de
fundamentos, “alguns cientistas concordam que, na maioria dos sistemas
abertos, a ordem aumenta quando se fornece energia para o sistems, e que
isto acaba formando ciclos. O mais comum dos ciclos biológicos na Terra é
o ciclo biológico do carbono”, se bem que salvo o “ciclo do silício”, não se
conhece outro. É bem improvável que exista algum outro. Vários ciclos
termodinâmicos existem mesmo na ausência de vida orgânica. Como é
observado em vários processos químicos. Assim vários ciclos biológicos
são explorações de ciclos termodinâmicos por organismos vivos.

Mas não param aí os debates sobre os conceitos de vida. Outros de


cunho filosófico vêm sendo trabalhado tanto por biólogos como
exobiólogos, com objetivo de explorar o Universo em busca de alguma
forma inteligente de vida. Não podemos ficar satisfeitos com conceitos que
se têm apresentado em livros mediúnicos, com os quais se pretendem
fechar a questão. Em relação a Capella, podemos afirmar que a existência
de vida orgânica está condicionada à existência de um planeta rochoso no
sistema e mais ainda: o planeta deve possuir um meio reacional líquido,
superfícies inorgânicas catalíticas, uma atmosfera adequada (inclusive que
seja capaz de impedir a penetração de raio X, cerca de 10.000 vezes maior
do que a Solar), além de uma proteção contra os raios ultravioletas, tal
como a que temos na Terra com a camada de ozônio.

A instabilidade, a emissão de raio X 10 mil vezes mais intensa que a


solar e a idade do sistema não permitiria a eclosão de vida orgânica em
qualquer esfera planetária em seus domínios, caso existisse alguma. É
muito provável que o autor espiritual, o médium e os editores do livro “A
Caminho da Luz” tenham exagerado o que se encontra no livro “A Genese”
de Allan Kardec, deixando de lado a prudência do Codificador do
Espiritismo, que em momento algum cita Capella ou qualquer esfera
planetária (A Gênese Espiritual – cap. XI – GE). Também não se pode levar
em conta o que traz a Revista Espírita (Jupiter e alguns outros mundos –
março de 1858) uma vez que se trata de um relato que Kardec submeteu à
apreciação de seus leitores espíritas e não-espiritas para que pudesse
avaliar, comprovando, modificando ou rejeitando seu conteúdo (veja o
último parágrafo da Indrodução do livro “A Gênese”, onde se encontra de
forma muito clara o objetivo da Revista Espírita). O conhecimento que os
Astrônomos têm de Jupiter e dos demais planetas gasosos, não deixa
qualquer dúvida sobre a inexistência de camadas rochosas e água na forma
líquida indispensáveis à vida nos estágios superiores, além da colossal
pressão atmosférica desses astros. Vimos também que a alegação de “outra
química” para justificar a crença da existência de seres inteligentes em
exoplanetas, é quimérica e apenas demonstra a ignorância científica e
ingenuidade de seus defensores. Algumas questões de O Livro dos
Espíritos também costumam ser levantadas em defesa da crença de que
todos os globos são habitado por seres inteligentes, o que tem levado
muitos a pensar em “alguma química” para que corpos biológicos possam
existir até mesmo em esferas estelares, o que convenhamos é um absurdo
dos grandes.
Q.180 – Os seres que habitam os diferentes mundos têm corpo
semelhante ao nosso?

R- Sem dúvida, eles têm corpos porque é preciso que o Espírito


esteja revestido de matéria para poder agir sobre a matéria; mas esse
envoltório é mais ou menos material de acordo com o grau de pureza a que
chegaram os Espíritos, e é isso que diferencia os mundos que devemos
percorrer. Há várias moradas na casa de nosso Pai e muitos graus, portanto.
Alguns sabem disso e estão conscientes aqui na Terra; outros nada sabem.
(LE – cap. IV)

Não resta dúvida que a resposta dada pelos Espíritos fala da


existência de vida orgânica que será tão diferenciada quanto o grau de cada
mundo. Entendemos como revestimento de matéria os elementos orgânicos
que disseminam a vida. Se não fosse assim ficaria sem sentido o
comentário de Kardec introduzido nas Q. 182 e 183:

“A duração da vida nos diferentes mundos parece ser proporcional ao


grau de superioridade física e moral desses mundos (...)”

Q.183- Passando de um mundo a outro o Espírito passa por uma


nova infância?

R- A infância é, em toda parte, uma transição necessária, porém não


é em toda parte assim precária como entre vós.

Os biólogos, de um modo geral pensam a vida orgânica assim:

⇨ Os seres orgânicos são aqueles que têm, em si mesmos, uma fonte de


atividades íntima que lhes dá a vida. Eles nascem, crescem, reproduzem-se
por si mesmos e morrem. São dotados de órgãos especiais para realizarem
os diferentes atos da vida e que são apropriados às suas necessidades de
conservação. Nessa classe estão compreendidos os homens, os animais e as
plantas.

⇨Os seres inorgânicos são todos aqueles que não têm vitalidade, nem
movimento próprio e não se formam senão pela agregação da matéria. Tais
são os minerais, a água e as plantas.

Vamos retorna ao Livro dos Espíritos.

Q.34 – Pelo corpo físico o Homem é SER ORGÂNICO análogo aos


animais, sujeitos às mesmas precisões e dotado dos mesmos instintos para
as prover. Seu corpo fica submisso à mesma lei de decomposição, e a sua
constituição, mesmo, o tornaria inferior a muitos dentre eles se não fora
suprida pela superioridade da sua inteligência.

Q.80 – A passagem pela vida material é necessária à purificação dos


Espíritos. Para se instruir e melhorar devem suportar todas as tribulações da
existência corporal. A encarnação lhes é imposta, seja como expiação para
uns, seja como missão para outros.

Tudo se encadeia em a Natureza; o mesmo tempo que a alma se


depura pela reencarnação, concorre também, sob tal forma, ao
cumprimento dos desígnios da Providência.

Na primeira edição de O Livro dos Espíritos, encontramos alguns


esclarecimentos importantes:

Q.132 – Os Espíritos que habitam outros Mundos possuem


envoltórios semelhantes aos nossos?

R- Sem dúvida têm envoltórios, porque é preciso que a alma fique


revestida de corpo; todavia esse envoltório é mais ou menos carnal segundo
o grau de pureza alcançado pelos Espíritos, e isto é que demarca a
diferença dos Mundos que haveremos de percorrer; porque:

“Existem muitas moradas em casa de Nosso Pai e portanto muitos


degraus. Uns o sabem, e disto têm consciência na Terra, e outros estão em
condição absolutamente inversa.”

Poderíamos acaso conhecer exatamente o estado físico e moral de


outros Mundos?

R- Nós, Espíritos, não poderíamos responder senão conforme o grau


em que estiverdes; isto significa que não devemos revelar tais coisas a
todos, e que nem todos estão em estado de as compreender e ficariam
perturbados.

Temos a considerar algumas informações importantes:

1- Não se pode pensar “reencarnação” sem a existência de corpo


carnal ou seja, de um corpo biológico.
2- Não existem corpos biológicos se as condições ambientais forem
desfavoráveis e sem a química ter completado o seu ciclo
evolutivo.
3- É indispensável a existência de planetas rochosos.
4- Os Espíritos não antecipam informações tais como “Espíritos
exilados de Capella reencarnaram na Terra” – pois, considera
informações cintíficas que cabe ao esforço humano obter –
depende de provas científicas, que o Espírito não pode dar, para
comprovar a existência tanto de exoplanetas, como a de que
possam ser habitados.

“Aqueles seres angustiados e aflitos, que deixavam atrás de si todo


um mundo de afetos, não obstante os seus corações empedernidos na
prática do mal, seriam degredados na face obscura do planeta terrestre;
andariam desprezados na noite dos milênios da saudade e da amargura;
reencarnariam no seio das raças ignorantes e primitivas, a lembrarem o
paraíso perdido nos firmamentos distantes”.

“Por muitos séculos não veriam a suave luz da Capela, mas


trabalhariam na Terra acariciados por Jesus e confortados na sua imensa
misericórdia. Com o auxílio desses Espíritos degredados, naquelas eras
remotíssimas, as falanges do Cristo operavam ainda as últimas experiências
sobre os fluidos renovadores da vida, aperfeiçoando os caracteres
biológicos das raças humanas”.

Em relação ao texto que reproduzimos acima, extraído do livro “A


Caminho da Luz”, observamos a expressão “Suave luz de Capella”,
lembrando que o par de estrelas numa posição destacada dentro do sistema
Alpha Aurigae, possui uma luminosidade cerca de 15 dezenas de vezes
maior do que o Sol. Para admitir uma luz suave, o planeta precisaria estar a
uma distância muitas vezes maior que 1 UA o que o colocaria fora da
região de habitabilidade conhecida para o sistema. Não encontramos
planetas no sistema, convém lembrar.

“A Natureza ainda era, para os trabalhadores da espiritualidade, um


campo vasto de experiências infinitas; tanto assim que, se as observações
do mendelismo fossem transferidas àqueles milênios distantes, não se
encontraria nenhuma equação definitiva nos seus estudos de biologia”.

“A moderna genética não poderia fixar, como hoje, as expressões dos


"genes", porquanto, no laboratório das forças invisíveis, as células ainda
sofriam longos processos de acrisolamento, imprimindo-se-lhes elementos
de astralidade, consolidando-se-lhes as expressões definitivas, com vistas
às organizações do porvir. Se a gênese do planeta se processara com a
cooperação dos milênios, a gênese das raças humanas requeria a
contribuição do tempo, até que se abandonasse a penosa e longa tarefa da
sua fixação.”

Deixo aos biólogos o comentário para os dois últimos parágrafos


acima.

“Aquelas almas aflitas e atormentadas reencarnaram,


proporcionalmente, nas regiões mais importantes, onde se haviam
localizado as tribos e famílias primitivas, descendentes dos "primatas", a
que nos referimos ainda há pouco. Com a sua reencarnação no mundo
terreno, estabeleciam-se fatores definitivos na história etnológica dos seres.
Um grande acontecimento se verificara no planeta É que, com essas
entidades, nasceram no orbe os ascendentes das raças brancas. Em sua
maioria, estabeleceram-se na Ásia, de onde atravessaram o istmo de Suez
para a África, na região do Egito, encaminhando-se igualmente para a
longínqua Atlântida, de que várias regiões da América guardam assinalados
vestígios. Não obstante as lições recebidas da palavra sábia e mansa do
Cristo, os homens brancos olvidaram os seus sagrados compromissos.
Grande percentagem daqueles Espíritos rebeldes, com muitas exceções, só
puderam voltar ao país da luz e da verdade depois de muitos séculos de
sofrimentos expiatórios; outros, porém, infelizes e retrógrados,
permanecem ainda na Terra, nos dias que correm, contrariando a regra
Geral, em virtude do seu elevado passivo de débitos clamorosos.

“Há muitos milênios, um dos orbes da Capela, que guarda muitas


afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus
extraordinários ciclos evolutivos. As lutas finais de um longo
aperfeiçoamento estavam delineadas, como ora acontece convosco,
relativamente às transições esperadas no século XX, neste crepúsculo de
civilização. Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho
da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas
daqueles povos cheios de piedade e virtudes, mas uma ação de saneamento
geral os alijaria daquela humanidade, que fizera jus à concórdia perpétua,
para a edificação dos seus elevados trabalhos As grandes comunidades
espirituais, diretoras do Cosmos, deliberam, então, localizar aquelas
entidades, que se tornaram pertinazes no crime, aqui na Terra longínqua,
onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu
ambiente, as grandes conquistas do coração e impulsionando,
simultaneamente, o progresso dos seus irmãos inferiores.

Não se sustenta a hipótese de Emmanuel quando recorremos às


descobertas científicas.
 O “Universo Mítico” é o resultado da visão empírica do homem. Ao
lado da visão mítica, existe uma visão científica do Universo, visão
essa baseada na observação e na experimentação – e ocasionalmente
em percepções intuitivas que devem, contudo, ser confirmadas pela
observação e pela experiência

 A Hipótese levantada pelo Espírito Emmanuel é originária de um


esforço intuitivo realizado de forma conjugada com o médium
Francisco C. Xavier, mas que a Ciência desmente amplamente.
Trata-se de uma visão mítica que tenta explicar as diversidades
étnicas, culturais e espirituais dos povos do planeta. Sabemos que
por trás de uma visão mítica se esconde uma realidade científica,
mas essa não tem como determinar, no momento, quais os mundos
são habitados; pode sim determinar quais os que não têm nenhuma
possibilidade de abrigar formas de vida orgânica, e isto com relativa
precisão. Mesmo que essas formas tenham um número incontável de
variações, existe um elemento primitivo que lhes dão origem e tudo
indica que esse elemento é único no Universo inteiro.

Q.55 – LE/2ª: Todos os globos que circulam no espaço são


habitados?

R- Sim, e o homem da Terra está longe de ser, como ele crê, o


primeiro em inteligência, em bondade e em perfeição. Todavia, há
homens que se crêem muito fortes, que imaginam que somente seu
pequeno globo tem o privilégio de abrigar seres racionais. Orgulho e
vaidade! Julgam que Deus criou o Universo só para eles.

O Espírito respondeu à indagação de Kardec, como de costume,


genericamente. De fato não há um único globo no Universo que não seja
assistido por um Espírito, que não tenha uma finalidade dentro do plano
da criação e que, de acordo com o conceito moderno de vida, não possa
ser considerado um “organismo vivo”. Ele não fala particularmente em
VIDA em termos biológico, que como vimos é algo extremamente
complexo de ser definido. Por outro lado, levando-se em conta o
conhecimento científico ainda muito restrito daquele tempo não é de se
surpreender a limitação imposta à resposta por falta de elementos que
possibilitasse um esclarecimento mais amplo. Já imaginaram como seria
falar de Física Quântica a uma criança que mal a concluiu a classe de
alfabetização? Que palavras utilizaria? Diria a ela que “Assim como a
relatividade estende o campo de aplicação das leis físicas para a região
de grandes velocidades, a física quântica estende esse campo à região de
pequenas dimensões; e, assim como uma constante universal de
significação fundamental, a velocidade da luz c, caracteriza a
relatividade, também uma constante universal de significação
fundamental, a chamada constante de Planck h, caracteriza a física
quântica? Como ela compreenderia isso? SIMPLESMENTE NÃO
COMPREENDERIA e a resposta seria totalmente inútil.

No caso do Universo Mítico, há um reino celeste imorredouro e


eterno, contrapondo-se ao mundo orgânico mutável e perecível
pertencente ao Universo Científico, onde há propriedades conservadas –
eternas e imorredouras.

Nossa exposição pretende mostrar a inviabilidade de alguma


forma de vida no Sistema Capela ou Alfa Aurigae que se assemelhe ao
que a Ciência entende como vida orgânica. O Espírito Emmanuel fala
em vida orgânica e não em vida espiritual tão somente.

Não é possível a existência de vida orgânica em um sistema que


não possua planetas rochosos como vimos no início. Mesmo as formas
vivas mais antigas que se conhece até o presente como os restos micro
fósseis de “algas verdes-azuis do Precâmbrico encontradas no sul da
África, que têm cerca de 3 bilhões de anos de antiguidade e são muito
semelhantes às que existem ainda em nosso tempo. Sabemos que essas
algas produzem oxigênio e que, portanto, se relacionam com outros
organismos ainda mais simples e antigos, que foram seus precursores.

Se um mundo não se presta à encarnação de Espíritos é porque ele


tem uma outra finalidade que somente é conhecida por Deus. Os seres
humanos são ainda muito acanhados em seu saber e ainda falta um
longuíssimo caminho a percorrer até que possa ter conhecimento de tais
coisas.

Mesmo assim, com base na revelação dos Espíritos, sabemos que


um dos “objetivos da encarnação é colocar o Espírito em condições de
cumprir sua parte na obra da criação. Para realizá-lo é que, em cada
mundo, ele toma um aparelho em harmonia com a matéria essencial
desse mundo, cumprindo aí, daquele ponto de vista, as ordens de Deus,
de tal sorte que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.”
(Q132 – LE).

Definitivamente a Q. 181 de O Livro dos Espíritos reforça ainda


mais nosso raciocínio:
Q. 181- Os seres que habitam os diferentes mundos têm corpo
semelhante ao nosso?

R- Sem dúvida, eles têm corpos porque é preciso que o Espírito


esteja revestido de matéria para poder agir sobre a matéria; mas esse
envoltório é mais ou menos material de acordo com o grau de pureza a
que chegaram os Espíritos, e é isso que diferencia os mundos que
devemos percorrer. Há muitas moradas na casa de nosso Pai e muitos
graus, portanto. Alguns sabem disso e estão conscientes aqui na Terra;
outros nada sabem.

Somente encontrando corpos biológicos em Capella poderíamos


então concluir algo a favor da crença sustentada no livro atribuído a
Emmanuel.

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