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14/04/2008
Central Destino de Produção Cap. 19
Inspirada no original de
Janete Clair
Colaboração de
Eduardo Secco
Direção
Claudio Boeckel e Marco Rodrigo
Direção Geral
Luiz Fernando Carvalho
Núcleo
Luiz Fernando Carvalho
Personagens deste capítulo
Atenção
“ Este texto é de propriedade intelectual exclusiva da TV DESTINO LTDA e por conter informações confidenciais, não
poderá ser copiado, cedido, vendido ou divulgado de qualquer forma e por qualquer meio, sem o prévio e expresso
consentimento da mesma.No caso de violação do sigilo, a parte infratora estará sujeita às penalidades previstas em
lei e/ou contrato.”
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 19 Pag.: 2
ZÉ MARTINS — Chica Martins, ocê num pode de tá falano sério. Ocê tá brincano com
o seu pai.
ZÉ MARTINS — Mas por que isso agora? O que foi que lhe deu?
CHICA — Deu que eu tô é cheia! Tô cheia de Divinéia, tô cheia dessa vida! (p)
Num agüento vê Pedro acomodado desse jeito que ele tá.
CHICA — Num tô dizeno que num é. Pedro é... É o hóme que toda mulher quer
tê do seu lado, pai. (p) Acontece que a vida que ele qué, a vida que ele
sonha, não é a mesma que eu quero pra mim. Pedro fica feliz com o
pedacinho de terra dele, em criá uns boi, em levá essa vida sem ambição.
Eu quero muito mais que isso, pai.
ZÉ MARTINS — E o que é que as vida delas têm de errado? São duas mulher forte,
corajosa. Duas mulher que sempre enfrentaram a vida de frente. Ocê
devia se orgulhá de querê sê que nem elas.
CHICA — Pai, o senhor sabe o tanto que eu gosto e respeito Nara e Donana. (p)
Acontece que eu num quero a vida que elas levam. Será que é tão difícil
assim de ocês entendê?
CHICA SE LEVANTA E ANDA ATÉ A JANELA. PEDRO SE ESCONDE PARA QUE ELA
NÃO O VEJA. A TOMARA DEVE SER FEITA DA VARANDA, MOSTRANDO CHICA NA
JANELA E PEDRO ESCONDIDO, AO LADO. OS DOIS SÃO FOCALIZADOS E PEDRO
DEVE DEMONSTRAR SUA TRISTEZA ENQUANTO CHICA FALA.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 19 Pag.: 3
CHICA — Inté parece que o que eu tô quereno é errado. Que eu sô uma peste de
pensa assim. (p) O mundo é tão grande pai. Têm tanta coisa pra gente vê,
pra gente aprendê. E parece que... Parece que têm uma coisa dentro de
mim, que eu num sei direito o que é, mas que precisa saí! Parece que é
um bicho que tá preso e que precisa de liberdade. Que nem aqueles
passarinho que a gente pega na arapuca e depois coloca na gaiola. Eles
ficá lá, batendo as asa, louco pra ganhá o mundo de novo. E quando... E
quando eles num consegue, os pobrezinho vão ficando amuado, vão
perdendo a alegria. (p) É assim que eu tô me sentindo pai. Que nem um
passarinho desse.
CHICA — Pedro é o melhor hóme do mundo, mas a vida que ele qué pra nóis vai
sê que nem essa gaiola. E eu vô me senti que nem esse passarinho. Doido
pra abri as asas e voá, mas sem podê, e eu num vô agüentá isso. Eu me
acabo se me prenderem, pai. Eu me acabo.
CORTA PARA:
CORTA PARA:
NILO — Tá certo.
ANDRÉ — Não tá nada bem, Diogo. A gente precisa levar ele pro hospital.
CORTA PARA:
MINERVINA — Que tá boa eu sei porque caprichei. Seu irmão adora picadinho.
SAUL — Mas o que é que você têm? Por que anda assim, tão desanimado?
SALIN SE LEVANTA.
SALIN SAI.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 19 Pag.: 5
SAUL — Mas o que foi que deu nele? Será que o Salin tá começando a
caducar?
MINERVINA — Que caducar, o quê! Sei muito bem porque o seu irmão anda assim.
SAUL — Sabe?
SAUL — A dona Frida? Mas o que foi que ela fez pro Salin?
MINERVINA — Nada. Aí é que tá o problema. Seu irmão tá doidinho pela alemã, mas
ela não quer nada com ele.
SAUL — Mas isso não é novidade. Nem me lembro mais há quanto tempo ele
arrasta asa pra dona Frida. Só não entendo porque, de uma hora pra
outra, ele ficou assim, tão desanimado.
SAUL — Não? Quer dizer então que têm mais alguém querendo conquistar a
alemã?
MINERVINA — Zé Martins.
MINERVINA — Tô não. Ele anda rondando o hotel. (p) Aqui entre nós, o Lino me
disse que ele inclusive já convidou a Frida pra ir com ele na quermesse.
E ela aceitou.
MINERVINA — Pois é. Aquele lá, quando quer alguma coisa, insiste até conseguir. Se
o seu irmão não abrir o olho, vai perder a alemã pra ele.
CORTA PARA:
SALIN VÊM ANDANDO PELA PRAÇA MUITO TRISTE. ELE PARA A ALGUNS METROS
DO HOTEL E VÊ FRIDA FECHANDO AS PORTAS E ENTRANDO NO
ESTABELECIMENTO.
SALIN — Salin, você é mesmo um bocó! Não têm coragem de chegar pra uma
mulher e dizer que está interessado nela. Não consegue nem convidar pra
comer uma pipoca.
CORTA PARA:
TONHO — Eu podia ir, mas seu Diogo qué que eu fique aqui lhe fazeno
companhia. Pode de sê perigoso a senhora ficá sozinha.
NARA — Já passei por muita coisa nessa vida pra tê medo de ficá sozinha no
escuro. É melhor ocê i mesmo atrás deles. Eles pode de tá precisano de
ajuda.
CORTA PARA:
CORTA PARA:
CELESTE — Eu não acredito que a Jane foi até o seu escritório pra pedir uma coisa
dessas.
CELESTE — Acho que ela deve estar enlouquecendo. Finalmente nós descobrimos
a quem a Christiane puxou.
CELESTE — Não estou sendo cruel, meu querido. Você quer que eu pense o que de
uma criatura que toma uma atitude dessas?
HEITOR — Eu não disse que ela está certa. Só falei que é compreensível.
CELESTE — E afinal de contas, o que foi que você respondeu pra ela?
HEITOR — Enrolei.
HEITOR — Disse que ainda não havia nada certo, que só queria que ele fizesse
um levantamento preliminar da região, essas coisas.
CELESTE — Só quero ver o show que a Christiane vai armar se o Diogo aceitar o
seu convite.
HEITOR — Pois esse é um show que eu não quero ver. Falando nisso, na segunda
feira eu talvez precise ir até Brasília.
HEITOR — Isso. Agora que saiu o relatório de impacto ambiental, eu preciso ficar
em cima. Logo deve ser publicado o edital da concorrência.
HEITOR — Celeste, quando existe política envolvida, nós nunca podemos ter
certeza de nada. Têm sempre alguém que pode pagar mais.
CELESTE — Têm razão. (p) Têm um outro assunto que eu quero falar com você.
HEITOR — Qual?
CELESTE — Bárbara.
CELESTE — Não. Não que eu saiba. Heitor, eu acho que você deve fazer alguma
coisa pra... Pra colocar a vida da Bárbara nos trilhos. Ela não pode
continuar levando essa vida desregrada.
HEITOR — Do jeito que você fala até parece que é a coisa mais simples do
mundo. Você é testemunha do tanto que eu já fiz pra tentar... Controlar a
Bárbara. A emenda sempre ficou pior do que o soneto.
CELESTE — Mas eu tava pensando, talvez você não tenha agido da forma certa.
CELESTE — É. Você sempre bateu de frente com a Bárbara. Ela não suporta isso.
Sempre que você for tentar impor alguma coisa, ela não vai aceitar.
Talvez você possa fazer de outro jeito.
HEITOR — E?
CELESTE — E eu pensei que talvez, com o Gustavo, ela pudesse sossegar. Quem
sabe até namorar sério, casar.
HEITOR — E você ainda vêm me falar que a Jane é louca? Tá indo pelo mesmo
caminho. Bárbara foge do Gustavo que nem o diabo da cruz.
CELESTE — Eu sei, mas talvez isso possa mudar. Talvez o Gustavo possa mudar.
HEITOR — Celeste, você tá aí falando, falando e até agora não me disse nada. De
concreto, o que você tá querendo fazer?
CELESTE — Tá. Eu vou falar. Só que ainda não tá tudo certo na minha cabeça.
Talvez você possa me ajudar.
CORTA PARA:
FLÁVIA — Eu também.
RODRIGO — De tarde vocês andam à cavalo. De manhã eu tenho uma coisa muito
melhor.
VINÍCIUS — O que é?
RODRIGO — Cachoeira!
FLÁVIA — Delícia.
VINÍCIUS — Tô dentro.
ADRIANO — Demorou.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 19 Pag.: 10
RODRIGO — Então todo mundo acordando cedo que amanhã a gente vai causar
naquela cachoeira.
CORTA PARA:
DIOGO — Rápido!
ENQUANTO A MOÇA SAI, ELES COLOCAM JULIANO EM UMA MACA. DIOGO OLHA
EM VOLTA E PERCEBE O NÚMERO DE PESSOAS QUE PRECISAM SER ATENDIDAS.
MÉDICO — Vou levar ele lá pra dentro e examinar melhor. Vocês esperem aqui.
ANDRÉ — Quem será que fez uma maldade dessas com ele? Meu pai não faz mal
a ninguém!
NARA — Acontece que têm muita gente nessa cidade que faz mal pros outros!
NILO JOGA A CHAVE PARA TONHO, QUE A APANHA NO AR. NARA OLHA PARA ELE
COM DESCONFIANÇA.
NILO — De nada.
NARA — Peste!
TONHO SAI.
DIOGO — Agora a gente só pode esperar pra ver o que o médico diz.
NARA VAI ATÉ UMA IMAGEM DE NOSSA SENHORA E COMEÇA A REZAR. DIOGO SE
SENTA AO LADO DE ANDRÉ.
CORTA PARA:
CAMILA — Eu sei. Depois, se me der fome, eu como alguma coisa. Vou dormir
um pouco. Tô começando a ficar com dor de cabeça.
CAMILA SORRI, FECHA O LIVRO QUE ESTÁ LENDO E COLOCA EM CIMA DO CRIADO
MUDO.
BRENO — E também não é pra ficar no computador. Aquilo ali deve fazer mal
pra vista.
CORTA PARA:
A SALA ESTÁ VAZIA. BATEM NA PORTA COM ALGUMA INSISTÊNCIA. DONANA VÊM
DO QUARTO, COLOCANDO UM XALE SOBRE OS OMBROS.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 19 Pag.: 13
DONANA — Já vai! Já tô ino! Uai. Num têm nenhuma mulhé que deve pari por
esses dia.
TONHO — Donana?
DONANA — Nara? Mas por quê? Aconteceu arguma coisa com ela?
DONANA — O que é que têm o meu filho? O que foi que aconteceu com Juliano?
TONHO — A senhora se acarme. A gente ainda num sabe direito, mas parece que
deram uma surra no beato.
DONANA FICA TONTA. TONHO A AMPARA E FAZ COM QUE ELA SE SENTE EM UMA
CADEIRA.
TONHO — Tá melhor?
DONANA — Meu filho. Como é que ele tá? Num precisa me escondê a verdade.
Ele... Ele tá muito ruim?
DONANA SE LEVANTA.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 19 Pag.: 14
CORTA PARA:
ANDRÉ — Oi vó.
DONANA — Quanto tempo que eu não lhe vejo. Mas o que é que ocê tá fazendo
aqui?
ANDRÉ — Estamos.
DONANA — Então... Então ele deve de tá muito ruim. Procês vire de São Paulo...
ANDRÉ — Não, vó. Nós não viemos por isso. Foi coincidência. Eu estava indo
na casa dele e encontrei Nara vindo de lá.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 19 Pag.: 15
NARA — A gente num sabe ainda. O médico levô ele lá pra dentro, mas ainda
num disse nada.
O MÉDICO ENTRA.
ANDRÉ — E então, doutor? Como ele está? Como está o meu pai?
CORTA PARA:
BALBINA — Eu num acredito! Num acredito que esse peste teve o descaramento de
ainda aparecê aqui dispois de tudo o que aconteceu!
ZORAIDE — Eu acho que sim. Madrinha num vai gostá nem um pouco disso.
BALBINA — Falo do jeito que eu quero! Ocê vai fazê o quê? Vai me bate,
também?
NILO — Pára de ficá me olhando e me traz logo arguma coisa pra bebe.
BALBINA OLHA PARA ELE COM RAIVA E SAI, INDO PARA OS QUARTOS. ZORAIDE
PARA DE DANÇAR E SE SENTA COM NILO.
ZORAIDE — Ocê num se faça de besta! Num devia de tê aparecido aqui depois de
tudo que fez.
NILO — Ocês tão dando importância demais pra uma carraspana. Bebi,
aprontei, mas já passou.
NILO — Tá bom. Bati. E qual é o pobrema? Vai me dizê que uma velha
daquela, com a vida que sempre déve de tê levado, vivendo nos castelo
de mulher dama, nunca tomou uns cachação?
CORTA PARA:
ZULMIRA — Você está me dizendo... Que o canalha do Nilo Gato está aí?
ZULMIRA SE LEVANTA.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 19 Pag.: 17
ZULMIRA — De jeito nenhum. Vocês podem falar o que quiserem que não vão me
fazer mudar de idéia. Me ajuda a escolher uma roupa.
CORTA PARA:
DONANA — O senhor pode falá. Nóis qué a verdade. Qué sabe como ele tá.
MÉDICO — Bem machucado. Bateram muito nele e parece que seu Juliano ficou
muito tempo lá sem receber ajuda. Ele perdeu muito sangue.
NARA — Misericórdia.
MÉDICO — Dentro do possível, está bem. Parece que não há nenhuma hemorragia
interna. Nós cuidamos dos ferimentos e ele está em observação, tomando
soro.
ANDRÉ — Bom, agora não têm muito o que fazer. O jeito é esperar mesmo.
ANDRÉ — Vocês duas vão pra casa. Eu fico aqui. Quero que vocês duas
descansem. Principalmente você, Nara. Correu aquilo tudo tentando
encontrar ajuda.
DIOGO — André tá certo. Eu vou levar vocês duas pra casa. Tenho que ligar pra
fazenda também. Eduarda e Bárbara devem estar preocupadas.
NARA — Bárbara?
DONANA — Nara.
NARA — A senhora diga quarqué coisa. Diga que eu fui pra casa de arguém.
Eu... Eu preciso ir.
CORTA PARA:
Sonoplastia: “AI QUEM ME DERA” – CLARA NUNES. NARA SAI DO HOSPITAL E VAI
ANDANDO EM DIREÇÃO Á PRAÇA. É UM ANDAR PERDIDO, DESNORTEADO. ELA
CAMINHA ATÉ UM BANCO NA FRENTE DA IGREJA E SE SENTA. CONTINUA COM O
OLHAR VAZIO. AS LÁGRIMAS COMEÇAM A ESCORRER.
CORTA PARA:
BÁRBARA — Mas como o André tá? (p) Tá bom então. A gente espera você. Um
beijo.
EDUARDA — E aí?
BÁRBARA — Menina, o maior bafão. Tô falando que essa cidade não é mais
tranqüila como era. Acredita que deram uma surra no velho?
BÁRBARA — O próprio.
BÁRBARA SE SENTA.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 19 Pag.: 20
BÁRBARA — Sei lá. Aqui só têm gente maluca. Você não tá acostumada, mas por
essas bandas aqui, é assim que o povo resolve as coisas. Na peixeira, na
bala. Tudo gente civilizada. O melhor, rosna.
EDUARDA RI.
BÁRBARA — Sabe que às vezes nem eu acredito que sou daqui? Imagina se meus
amigos descobrem que eu nasci praticamente numa óca. Sim, porque em
Divinéia as casas se dividem assim. Casas de fazendas, ócas e taperas.
BÁRBARA — Pelo menos isso, né? Ser filha de Divinéia já é castigo o suficiente.
BÁRBARA — Tá. Vai levar duas coitadas pra casa e depois vêm pra cá.
EDUARDA — Pode.
BÁRBARA — É que, desde o aeroporto eu reparei nos olhares que você deu pro
Diogo. No jeito que você fala com ele. Você tá interessada no meu
irmão?
EDUARDA SORRI.
BÁRBARA — Por mim, nenhum. Acho até que uma mulher como você faria bem
pra ele.
EDUARDA — Mas...
BÁRBARA SORRI.
EDUARDA — Eu sei.
EDUARDA — Complicada?
BÁRBARA — A mulher dele é uma doida. E não é modo de dizer. É doida mesmo.
Barraqueira, ciumenta. Capaz de qualquer coisa por ele. Eu não sei o que
o Diogo ainda tá fazendo com ela, mas isso não é problema meu. Tô
falando isso pra você saber o terreno onde tá pisando. Você parece ser
uma garota legal. Procura não se machucar nesse jogo... E nem machucar
o meu irmão.
EDUARDA — Pode ficar tranqüila, Bárbara. Eu sei jogar muito bem. E acho que o
seu irmão só têm a ganhar.
BÁRBARA — Tomara. (p) Eu vou beber alguma coisa. Tô com um frio danado.
Quer?
CORTA PARA:
ZULMIRA — Você não vai a lugar nenhum! Vai ficar aqui e esperar.
MADALENA FICA QUIETA. ZULMIRA VAI ATÉ A MESA DE NILO. ZORAIDE E TIANA
FICAM OLHANDO, APREENSIVAS.
ZULMIRA — Fora!
NILO SORRI.
NILO — Boa noite pra você também, Zulmira. Pelo jeito ocê já tá melhor.
ZULMIRA — Você gaste as suas ironias com quem quer ouvir. Não é o meu caso.
Fora! Eu quero que você saia daqui agora!
NILO — Vai ficar querendo, porque eu não vou sair. Vou ficar e aproveitar a
noite,
ZULMIRA — Nilo Gato, eu não estou brincando. Se você não sair daqui eu vou...
NILO — Se eu não sair você vai fazer o quê? Vai me bater? Se enxerga, velha!
Eu vou ficar até a hora que eu quiser! E vou vir sempre!
ZULMIRA — Ah, mas não vai mesmo! Eu lhe dou cinco minutos pra você sair
daqui por bem.
NILO RI.
ZULMIRA — Se não sair por bem, eu meto um tiro nessa sua cara safada e você sai
por mal!
NILO OLHA ASSUSTADO PARA ZULMIRA. TIANA IMPEDE ZORAIDE DE IR ATÉ LÁ.
ZULMIRA — Eu sei muito bem que isso não é brinquedo. A “velha” aqui já usou
uma dessas muitas vezes. Lhe garanto que sei usar muito bem.
NILO — Tô vendo que ocê tá nervosa. Vô relevá. (p) Outro dia eu vorto pra
gente conversá melhor. Pra acertá as nossas diferença.
ZULMIRA — Não volte. Se você aparecer aqui de novo, eu não vou mais conversar,
vou atirar.
NILO OLHA PARA ZULMIRA COM RAIVA, DEPOIS SORRI COM IRONIA E SAI. TODOS
ESTÃO CHOCADOS. ZULMIRA GUARDA A ARMA NA CINTURA DA CALÇA.
ZULMIRA — E você acha mesmo que eu vou ter medo de um borra botas que nem
Nilo Gato? Madalena, nessa vida que eu levo já encontrei com muito
homem pior do que ele. Nilo é fichinha.
MADALENA — Mesmo assim. Eu tenho muito medo do que ele possa fazer.
ZORAIDE — Madrinha.
ZORAIDE — Eu sei... Eu sei que a senhora tá com raiva de Nilo, mas... Apontá
uma arma pra ele?
ZORAIDE — Eu... Eu acho que num tá certo. Nilo num merece isso.
ZULMIRA — Ah não? No mínimo você acha o Nilo um santo. (p) Escuta aqui
menina. Na minha casa, mando eu. As coisas aqui são do jeito que eu
quero. Se você não tá satisfeita, vai lá no seu quarto, arruma as malas e
rua! Vai atrás da maravilha que é o Nilo Gato! Quem sabe ele não lhe
arranja um lugar pra ficar? Quer ir?
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 19 Pag.: 24
ZULMIRA — Então volta pro trabalho e pára de me encher por causa de Nilo. Não
quero mais ouvir o nome dessa praga aqui.
ZULMIRA — Não tenha pena dela, Madalena. Zoraide é uma cobra. Na primeira
oportunidade, ela lhe dá o bote.
CORTA PARA:
CORTA PARA:
DIOGO SE SENTA.
DIOGO — Sabe que parece que eu voltei a ser criança. Esse cheio de pão feito na
hora, de bolo. Isso é cheiro de infância pra mim.
RITA SORRI.
DIOGO — Eu vou tomar café e depois vou dar uma volta por aí. Têm um monte
de coisa que eu quero rever.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 19 Pag.: 25
CORTA PARA:
CORTA PARA:
CORTA PARA:
CORTA PARA:
DIOGO FAZ COM QUE O CAVALO VIRE E TOME O MESMO CAMINHO QUE CHICA
TOMOU.
CORTA PARA:
FIM DO CAPÍTULO