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Análise da Linguagem Cinematográfica I – Pedro Plaza

Nome: Fernando Figueiredo Alves – 2º Período

Análise do filme “Plano 9 Do Espaço Sideral”, de Ed Wood (1959)

“Plano 9 Do Espaço Sideral” (1959) é um filme escrito, produzido e dirigido


por Ed Wood e feito com o orçamento de apenas 60 mil dólares. É considerado o
pior filme de todos os tempos, mas merece um lugar de destaque na história do
cinema. Com uma narrativa clássica, o filme não é cansativo, nem confuso. Pelo
contrário, é simples, de fácil compreensão e comunicativo.
O filme trata de uma invasão alienígena na Terra. Os extraterrestres temem
que os humanos venham a destruir o universo, depois de descobrirem uma
substância chamada solobonite, que poderia provocar a explosão do Sol. Os
alienígenas, então, põem em ação o Plano 9, que consiste em ressuscitar os
mortos e, com eles, conquistar e destruir o planeta Terra.
A história começa com o narrador Criswell falando diretamente para o
espectador que eles vão presenciar um terrível acontecimento. O primeiro diálogo
do filme é o seguinte: “Saudações, meus amigos. Todos nós temos interesse no
futuro, pois lá é onde eu e você iremos passar o resto de nossas vidas. E
lembrem-se, meus amigos, que eventos futuros como estes irão afetá-los no
futuro”. Na cena seguinte o narrador começa a contar o tal acontecimento. Um
homem chora a morte de sua suposta esposa e dois coveiros aguardam a retirada
de todos do cemitério para enterrar o caixão. De repente uma mulher morta
(Vampira) anda em direção aos coveiros com os braços erguidos para frente. A
cena é cortada neste momento e no plano seguinte é mostrado os coveiros caídos
no chão. Enquanto isso, o piloto de aviões Jeff Trent conversa com seu co-piloto,
quando os dois avistam um disco voador. A partir daí cria-se o elemento de
exposição do filme e uma direção ao espectador é dada para o desenvolvimento
da história. Elementos de suspense foram deixados para serem revelados
posteriormente. Um exemplo é à maneira de como os coveiros foram mortos.
A polícia chega ao local e começa as investigações do crime. No meio a
essas investigações o inspetor Daniel Clay também é morto misteriosamente. A
notícia se espalha nos noticiários, outdoors e jornais, chegando até o Pentágono,
que, posteriormente, desenvolve um aparelho tradutor da língua alienígena.
Depois de tentativas, em vão, de ataque aos discos voadores por mísseis, a
polícia e Jeff conseguem entrar dentro da nave-chefe extraterrestre e por fim
explodi - lá.
Na trama há um equilíbrio, um desequilíbrio, uma luta para restabelecer
esse equilíbrio e, por fim, o surgimento de um novo equilíbrio. Os personagens
são psicologicamente e fisicamente bem definidos. As cenas com linha de causa e
efeito passam a idéia de que uma coisa leva a outra, terminando com um final
satisfatório para o público.
A narrativa apresenta duas linhas de enredo: o principal e o secundário. O
principal, é a luta dos policiais contra a invasão extraterrestre e a secunda é o
caso de amor entre Paula e seu marido Jeff, que tenta protegê-la. Em um
momento do filme o “dublê” de Bela Lugosi entra na casa do casal para matá-la.
Ela foge e o homem começa a persegui-la. Ela tropeça e cai. Em outro momento,
o morto Clay rapta Paula que estava desmaiada no chão. Esses são os momentos
máximos de tensão que Ed Wood tentou criar.
No filme é usado muito pouco zoom e movimento de câmera. Há poucos
planos também. A maioria planos-gerais e médios (quando o diretor queria
enfatizar a expressão do ator), com exceções de alguns closes em alguns objetos
(no jornal, por exemplo, noticiando a chegada dos discos voadores) ou nos
raccords de olhar (quando o coronel mostra o tradutor a seu submisso). São raros
planos/contraplanos nos diálogos.
O espaço (o “onde”) e tempo (o “quando”) - duração continua - das ações
narrativas são de fácil compreensão, bem definidos e consistentes, o espectador
não fica “perdido” (apesar de o diretor relevar alguns erros, um no qual, num
mesmo instante e numa mesma ação, as cenas de dia ficam de noite de repente),
devido à linearidade de causa e efeito e a própria decupagem clássica.
A direção de Wood é realmente péssima, justificando sua fama. Não que
ele não saiba como fazer um enquadramento razoável ou conduzir a história. Seu
maior problema é sua completa desatenção para com o que está sendo filmado.
Relapso ao extremo, ele não se importava que as cruzes e as lápides falsas do
cenário caiam durante a cena, ou que os fios que seguravam os discos voadores
(que pareciam de papel) aparecessem na tela. Várias cenas do filme são repetidas
e/ou ficam variando entre o dia e a noite, sem falar nas imagens recuperadas do
exército americano e de Bela Lugosi, que já havia morrido antes de iniciarem as
filmagens. A solução de Ed Wood foi pegar um não-ator parecido com o Drácula
mais famoso do cinema e tampar metade de seu rosto com uma capa preta.
Ed Wood pode até ser o pior diretor de todos os tempos, mas seus filmes
são capazes de divertir.

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