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Em Setembro, espraia-se a ideia que presidiu à programação da Esplanada em Julho com mais filmes ao ar livre e
mais “Filmes da Praia” (às Quintas--feiras). A ela se reúnem dois outros “capítulos”, acolhidos de propostas que
nos chegaram respectivamente do Blog Noite Americana e do Clube Elvis 100%, no ano que marca o 30º
Aniversário da morte de Elvis Presley: “Filmes sobre Filmes” (todas as Sextas-feiras) e “Elvis Presley” (todos os
Sábados).
Sob o mote da praia e do Verão apresentamos BONJOUR TRISTESSE, À FLOR DO MAR, A MIDSUMMER NIGHT’S
SEX COMEDY e PAULINE À LA PLAGE. É com eles que fazemos rimar os “filmes sobre filmes” de Fellini em OTTO E
MEZZO, de Lynch em MULHOLLAND DRIVE, de Woody Allen em THE PURPLE ROSE OF CAIRO e de Nick Ray em IN
A LONELY PLACE. E com uns e com outros, Elvis, filmado por Richard Thorpe (JAILHOUSE ROCK, FUN IN
ACAPULCO, este último também um filme de espírito veraneante), Donald Siegel (FLAMING STAR) e Gene Nelson
(HARUM SCARUM).
Filmes da Praia
BONJOUR TRISTESSE
Bom Dia Tristeza de Otto Preminger
com Deborah Kerr, David Niven, Jean Seberg, Mylene Demongeot
Estados Unidos, 1958 - 94 min / sem legendas
Depois de ter contribuído para a desmontagem do modelo clássico de Hollywood, Preminger não deixou de procurar novos e
alternativos caminhos. BONJOUR TRISTESSE, adaptação do livro homónimo de Françoise Sagan, é um bom exemplo disso,
com uma estrutura e estilo que parecem resultar (ou resultam mesmo) de um encontro feliz entre uma sensibilidade
americana e uma sensibilidade europeia. Um filme ímpar, centrado num complexo trio de personagens (Kerr, Niven, Seberg).
Esplanada
Qui. [06] 22:30
Filmes sobre filmes
OTTO E MEZZO
Fellini Oito e Meio de Federico Fellini
com Marcello Mastroianni, Claudia Cardinale, Anouk Aimée, Sandra Milo, Mark Herron
Itália, 1962 - 139 min / legendado em espanhol
O ponto de partida deste filme foi o cancelamento de um projecto de Fellini. Vendo a alegria dos técnicos perante a hipótese
de fazer um novo filme (só ele sabia do cancelamento do projecto), Fellini decidiu fazer um filme sobre um filme que não se
faz. O resultado foi OTTO E MEZZO, no qual Fellini abandona por completo o realismo, a causalidade e a narrativa linear,
numa obra quase abstracta, marcada por uma poderosa imaginação visual.
Esplanada
Sex. [07] 22:30
Elvis Presley
JAILHOUSE ROCK
O Prisioneiro do Rock and Roll de Richard Thorpe
com Elvis Presley, Judy Tyler, Mickey Shaughnessy, Vaughn Taylor
Estados Unidos, 1957 - 96 min / sem legendas
“Elvis Presley at his greatest”, como diz a frase publicitária do cartaz de JAILHOUSE ROCK, terceiro filme de Elvis (LOVE ME
TENDER e LOVING YOU datam de pouco antes). Elvis veste aqui a pele de Vince Everett, personagem que segue de perto a
imagem pública de Presley, compondo, por outro lado, um ícone entre os dos jovens rebeldes dos anos 1950. Entre as
canções de JAILHOUSE ROCK (o disco homónimo saiu também em 1957) e, para além do tema que dá o título ao filme, estão
Young and Beautiful, I Want to Be Free, Don’t Leave Me Now e (You’re So Square) Baby I Don’t Care.
Esplanada
Sáb. [08] 22:30
SETEMBRO 2007
Filmes da Praia
À FLOR DO MAR de João César Monteiro
com Laura Morante, Philip Spinelli, Manuela de Freitas, Teresa Villaverde
Portugal, 1986 - 143 min
À FLOR DO MAR, imediatamente anterior a RECORDAÇÕES DA CASA AMARELA, marca o fim da primeira fase da obra de João
César Monteiro. Uma estranha intriga, que traz a uma praia algarvia um homem ferido chamado Robert Jordan (nome que é
de imediato uma citação literária e cinéfila), a seguir a um atentado de que é alvo um dirigente palestiniano num hotel do
Algarve, recolhido por uma viúva italiana chamada Laura Rossellini. Um filme de luz mediterrânica e música clássica.
Belíssimo.
Esplanada
Qui. [13] 22:30
Filmes sobre Filmes
MULHOLLAND DRIVE
Mulholland Drive de David Lynch
com Naomi Watts, Laura Harring, Justin Theroux
Estados Unidos, 2001 - 145 min / legendado em português
“Uma história de amor na cidade dos sonhos”, dizia a publicidade do filme. Trata-se de um dos filmes mais hipnóticos e
envolventes de Lynch, em que a trama narrativa (uma jovem actriz vai para Hollywood e acaba envolvida numa sombria
conspiração, em que se misturam uma mulher com amnésia e um realizador de cinema) abole deliberadamente as fronteiras
entre realidade e imaginação, deixando o espectador tão desorientado e fascinado como as personagens. Nada parece ser o
que é, num filme cujo tema central talvez seja a ilusão cinematográfica.
Esplanada
Sex. [14] 22:30
Elvis Presley
FUN IN ACAPULCO
Amor em Acapulco de Richard Thorpe
com Elvis Presley, Ursula Andress, Elsa Cárdenas, Paul Lukas
Estados Unidos, 1963 - 97 min / sem legendas
Depois de um acidente ter deixado a personagem do trapezista de Elvis neste filme com medo das alturas, ei-lo a animar um
resort em Acapulco, onde é simultaneamente segurança e cantor. A rivalidade com outro veraneante musculado pela
atenção de Ursula Andress é outro dos ingredientes e, claro, as canções. Entre os hits, Viva el Amor, No Room to Rhumba in a
Sports Car, You Can’t Say No in Acapulco e Bossanova Baby. Primeira exibição na Cinemateca
Esplanada
Sáb. [15] 22:30
Filmes da Praia
A MIDSUMMER NIGHT’S SEX COMEDY
Comédia Sexual de uma Noite de Verão de Woody Allen
com Woody Allen, Mia Farrow, Jose Ferrer, Julie Hagerty, Mary Steenburgen, Tony Roberts
Estados Unidos, 1982 - 88 min / sem legendas
Woody Allen chega a Shakespeare passando por Ingmar Bergman, cujo filme SORRISOS DE UMA NOITE DE VERÃO (1955)
encontra ecos em COMÉDIA SEXUAL NUMA NOITE DE VERÃO. É a atmosfera das feéricas noites de Verão a trazê-lo à
Esplanada. Para o realizador foi o filme o encontro com Mia Farrow, o primeiro que fizeram juntos.
Esplanada
Qui. [20] 22:30
Filmes sobre Filmes
THE PURPLE ROSE OF CAIRO
A Rosa Púrpura do Cairo de Woody Allen
com Mia Farrow, Jeff Daniels, Danny Aiello, Irving Metzman, Stephanie Farrow
Estados Unidos, 1985 - 81 min / legendado em português
Uma das mais bonitas incursões no cinema como “fábrica de sonhos”. Na década de 1930, no auge da crise económica, uma
mulher evade-se de uma vida cansativa e rotineira, vendo um filme de aventuras vezes sem conta, até ao momento em que
realidade e ficção se encontram na “porta mágica” do écran.
Esplanada
Sex. [21] 22:30
SETEMBRO 2007
Elvis Presley
FLAMING STAR
A Lança em Chamas de Donald Siegel
com Elvis Presley, Steve Forrest, Barbara Eden, Dolores del Rio, John McIntire
Estados Unidos, 1960 - 92 min / sem legendas
Elvis encarna um papel originalmente pensado para Marlon Brando, o de Pacer Burton, filho de um rancheiro branco e de
mãe índia Kiowa, num western baseado no livro Flaming Lance (1958) de Clair Huffaker. FLAMING STAR tem apenas duas
canções (Flaming Star e Cane and a High Starched Collar), das quais apenas a canção títular do filme foi gravada em disco,
coincidindo com a estreia do filme. Britches e Summer Kisses, Winter Tears foram originalmente pensadas para integrar a sua
banda sonora, assim como Black Star – título de trabalho deste filme de Siegel. Primeira exibição na Cinemateca.
Esplanada
Sáb. [22] 22:30
Filmes da Praia
PAULINE À LA PLAGE
Pauline na Praia de Eric Rohmer
com Arielle Dombasle, Amanda Langlet, Féodor Atkine, Pascal Grégory
França, 1982 - 92 min / legendado em português
A série de COMÉDIAS E PROVÉRBIOS consta de seis filmes, como os CONTOS MORAIS. O título genérico da série é tirado de
um grupo de peças de Musset, destinadas a ser lidas e não encenadas. A acção é levada pelo verbo, pois muitas personagens
de Rohmer agem como se fossem personagens da literatura. Talvez, por isso, o “provérbio” que serve de epígrafe a este
filme seja uma citação do autor medieval Chrétien de Troyes, “Qui trop parole, il se mesfait”. Em linguagem mais simples:
“Quem fala demais, acaba por se perder”, ou na versão portuguesa semelhante: “Quem diz o que quer ouve o que não
quer”. PAULINE À LA PLAGE, terceiro filme da série, confronta os jogos de sedução e desejo de adolescentes e de adultos, no
período estival, em Deauville.
Esplanada
Qui. [27] 22:30
Filmes sobre Filmes
IN A LONELY PLACE
Matar Ou Não Matar de Nicholas Ray
com Humphrey Bogart, Gloria Grahame, Frank Lovejoy, Martha Stewart
Estados Unidos, 1950 - 90 min / legendado em português
IN A LONELY PLACE foi produzido pela sua estrela, Humphrey Bogart, e tem Hollywood dos anos 50 por pano de fundo.
Bogart interpreta o papel de um argumentista suspeito de ter assassinado brutalmente uma jovem empregada... Tal é a linha
inicial da acção que decorre numa atmosfera e com cambiantes ímpares e infinitamente mais secretos do que as descrições
que deles se possam fazer. É neste filme que Bogart diz “I was born when she kissed me, I died when she left me. I lived for a
few weeks while she loved me”. Ela é aqui Gloria Grahame.
Esplanada
Sex. [28] 22:30
Elvis Presley
HARUM SCARUM
Férias No Harém de Gene Nelson
com Elvis Presley, Mary Ann Mobley, Fran Jeffries, Michael Ansara, Jay Novello
Estados Unidos, 1965 - 95 min / sem legendas
Comédia musical das arábias, assim se pode resumir a ideia de HARUM SCARUM, um filme construído em torno da figura
musical de ELVIS, a quem oferece as areias do deserto como improvável cenário e a figura de Valentino de turbante como
referência. O repertório musical conta, entre outras, com as canções Kismet, Golden Coins, Harem Holiday My Desert
Serenade, Go East Young Man, Mirage, Shake That Tambourine.
Esplanada
Sáb. [29] 22:30
SETEMBRO 2007
A nossa “viagem” por vários países e géneros cinematográficos que melhor os caracterizam, leva-nos, este mês,
ao Japão, cuja cinematografia está muito marcada por um olhar sobre a (sua) história. Aliás, a imagem que se
destaca do cinema japonês clássico aos olhos do cinéfilo, é a do guerreiro do passado, com a sua figura exótica, os
gestos estilizados e ritualizados, que só tem paralelo, no cinema ocidental, na figura do “cowboy” dos westerns
americanos. É a personagem central de um género bem definido que se chama de “chambara”, filme de samurais,
“ramificação” do “jidai geki” (todos os filmes que se referem ao período histórico que vai até 1868, que
representa o fim do Japão tradicional), género que quase todos os grandes cineastas japoneses abordaram, e de
que o presente Ciclo dá alguns exemplos. Akira Kurosawa (de RASHOMON a KAGEMUSHA, passando por OS SETE
SAMURAIS) Mizoguchi (de A VIDA DE O’HARU a INTENDENTE SANSHO, entre outros), e inclusive através do olhar
mais realista e moderno de Yôji Yamada em A SOMBRA DO SAMURAI, e a brutal reflexão histórica que é JOI
UCHI/REBELIÃO (uma estreia nesta sala), de Masaki Kobayashi.
Mas a história não é apenas um olhar sobre o passado. Outro género que reflecte a história do Japão é o “gendai
jeki”, que aborda a fase contemporânea, a que deu forma ao Japão moderno e teve início em 1912. Três filmes de
Shohei Imamura dão-nos um olhar sem contemplações sobre os dramas e acontecimentos que formaram o Japão
moderno: EIJANAKA, DR. FÍGADO e NIPPONSENGOSHI. Destaquemos ainda algumas curiosidades onde lenda e os
heróis populares se confundem com a história. Desde o insólito e “explosivo” SHURAYUKHIME/LADY
SNOWBLOOD, de Toshiya Fujita (o filme que inspirou o KILL BILL de Quentin Tarantino) à obra-prima do cinema
de animação que é MONOKE-HIME, de Hayao Miyazaki.
TASOGARE SEIBEI
A Sombra do Samurai de Yôji Yamada
com Hiroyuki Sanada, Rie Miyazawa, Nenji Kobayashi, Ren Osugi
Japão, 2002 - 129 min/ legendado em português
A história de Seibei Iguchi, um pobre samurai do Japão de meados do século XIX, que leva uma apagada vida de burocrata, e
é forçado a aceitar qualquer trabalho para sustentar a família. Um dia aparece na vida dele uma mulher, sua antiga
apaixonada, que o vai forçar a tomar decisões que levarão a um fim dramático.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Seg. [03] 15:30
UGETSU MONOGATARI
Contos da Lua Vaga de Kenji Mizoguchi
com Kinuyo Tanaka, Masayuki Mori, Machiko Kyo
Japão, 1953 - 96 min / legendado em português
Este é não só o mais célebre título da obra de Mizoguchi, mas provavelmente também o mais complexo, e o preferido de
inúmeros cinéfilos. Uma extraordinária experiência narrativa, que mistura um clássico da literatura japonesa, lendas chinesas
e ainda umas pitadas de Maupassant (sem falar no teatro tradicional japonês) para criar um universo fantástico (inclusivé em
termos visuais) onde tempo e espaço se dissolvem e se transformam numa “coisa mental”.
Sala Dr. Félix Ribeiro
SETEMBRO 2007
Qua. [05] 15:30
SHICHININ NO SAMURAI
Os Sete Samurais de Akira Kurosawa
com Takashi Shimura, Toshiro Mifune, Yioshio Inaba
Japão, 1957 - 194 min / legendado em português
O filme mais famoso de Kurosawa e um dos seus trabalhos mais influentes no cinema ocidental, que se serviu do seu
argumento como modelo para outros filmes de aventuras, nomeadamente o western THE MAGNIFICENT SEVEN. Toshiro
Mifune tem uma composição de antologia no samurai de origem camponesa, que, com outros seis, procura ajudar uma
aldeia a defender-se de um bando de salteadores durante o período das guerras no século XVI no Japão. Apresentado muitas
vezes em versões reduzidas, o filme será apresentado na Cinemateca em versão integral.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Qui. [06] 15:30
CHIKAMATSU MONOGATARI
“Os Amantes Crucificados”de Kenji Mizoguchi
com Kazuo Hasegawa, Kyoko Kagawa, Eitaro Shindo
Japão, 1954 - 102 min / legendado em português
Uma incursão de Mizoguchi pelo Japão ancestral, com uma história de amor adúltero que termina com os amantes
crucificados. Como habitualmente em Mizoguchi, a temática social (a repressão imposta pela tradição e pelos costumes)
volve-se em metafísica (a morte como derradeira comunhão entre os amantes), noutra das obras-primas absolutas do
cineasta japonês. Um dos vértices supremos da grande herança trágica de que este filme se postula como um dos mais
universais e mais absolutos herdeiros.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Sex. [07] 15:30
YOKIHI
“A Imperatriz Yang Kwei Fei” de Kenji Mizoguchi
com Machiko Kyo, Masayuki Mori, So Yamamura
Japão, 1955 - 98 min / legendado em português
YOKIHI, adaptação de uma história chinesa, situada no século IX, é um dos mais célebres títulos de Mizoguchi e o seu
primeiro filme a cores. E essas cores são fabulosas, num filme em que Machiko Kyo dá corpo a um fabuloso retrato feminino,
sobre um shakespeariano fundo de lutas de poder e intrigas políticas. Um assombro.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Ter. [11] 15:30
SANSHO DAYU
“O Intendente Sansho” de Kenji Mizoguchi
com Kinuyo Tanaka, Yoshiaki Hanayagi, Kyoko Kagawa
Japão, 1954 - 88 min / legendado em espanhol
A história de SANSHO DAYU é uma velha lenda japonesa, contada de diversas maneiras (da literatura às canções populares) a
partir do século XVI. O filme de Mizoguchi baseia--se na versão dessa lenda, escrita pelo romancista Ogai Mori em 1915.
Zushio e a irmã Anju, filhos de um governador exilado pelas suas ideias humanitárias, crescem separados da mãe, suportando
e vivendo condições duríssimas, por causa da escravatura imposta pelo Intendente Sansho. Enérgico e cruel, mas também
SETEMBRO 2007
infinitamente poético, SANSHO DAYU é um hino à bondade humana e à compaixão contra a escravidão e a exploração. “Um
homem sem misericórdia não é um ser humano” ensina o pai a Zushio.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Qua. [12] 15:30
AKAHIGE
O Barba Ruiva de Akira Kurosawa
com Toshiro Mifune, Yazo Kayama, Kyoko Kagawa
Japão, 1965 - 185 min / legendado em francês
Um dos filmes que melhor revelam o humanista Kurosawa. AKAHIGE é a história de um jovem médico no começo do século
XIX, arrivista e ambicioso, que, ao contrário do que esperava quando terminou o curso, é colocado junto de um estranho e
pitoresco médico de pobres, conhecido como o “Barba Ruiva”. Esse contacto vai humanizá-lo e transformá-lo de tal forma
que se tornará discípulo do “Barba Ruiva”.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Qui. [13] 15:30
SHURAYUKHIME
“Lady Snowblood” de Toshiya Fujita
com Meiko Kaji, Toshio Kurosawa, Masaaki Daimon, Miyoko Akaza
Japão, 1973 - 97 min / legendado electronicamente em português
No fim do século XIX, um bando de criminosos assassina uma família, só deixando viva a mulher que violam. Esta, morre
pouco depois, ao dar à luz uma filha, que será educada como uma assassina e irá vingar o massacre da família. O filme que
inspirou Quentin Tarantino para KILL BILL.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Qua. [19] 15:30
SETEMBRO 2007
KAGEMUSHA
A Sombra do Guerreiro de Akira Kurosawa
com Tatsuya Nakadai, Tsutomo Yamazaki, Kenichi Hagiwara
Japão, 1980 - 169 min/ legendado em português
Kurosawa volta aos temas guerreiros do género “gidai jeki” que tinham feito a sua glória nos anos 50. Um grande espectáculo
cinematográfico sobre um “duplo” (Kagemusha) de um senhor feudal, que o substitui quando este é morto em combate, e
acaba por perder a própria personalidade.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Qui. [20] 15:30
EIJANAKA
“Porque Não?” de Shohei Imamura
com Kaori Momoi, Shigeru Izumiya, Ken Ogata, Shingeru Tsuyuguchi
Japão, 1981 - 151 min / legendado em francês
EIJANAKA representa a primeira incursão de Imamura no passado histórico do Japão. Mas se o pano de fundo é outro, o
período da restauração Meiji, os temas são os mesmos que Imamura desenvolve nos filmes “actuais”: o sexo como
mercadoria, o submundo do banditismo e dos tráficos de influência e a subversão dos costumes por acção de agentes do
exterior, neste caso os americanos.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Sex. [21] 15:30
MONONOKE-HIME
A Princesa Mononoke de Hayao Miyazaki
Animação; vozes: Yoji Matsuda, Yuriko Ishida, Yuko Tanaka
Japão, 1997- 134 min / legendado em português
O mais famoso filme de um dos mestres da moderna animação japonesa, e uma das suas obras-primas. Conta a lenda de um
príncipe infectado por uma misteriosa e mortal doença transmitida por um deus javali. Em busca de cura, errará pela
floresta, acabando por ser envolvido numa batalha entre os exploradores de uma mina que está a destruir o ambiente, e os
animais da floresta conduzidos pela princesa Mononoke. Violento e brutal, mas com uma carga poética incomparável.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Seg. [24] 15:30
KANZO SENSEI
Dr. Fígado de Shohei Imamura
com Akira Emoto, Kumiko Aso, Jyuro Kara, Masanori Será, Jacques Gamblin
Japão, 1998 - 128 min / legendado em português
Nova incursão de Imamura pelo passado recente do Japão, levando-nos, como em KUROI AME / “CHUVA NEGRA”, ao ano de
1945, para contar a história do doutor Akagi, médico numa pequena ilha do arquipélago, totalmente dedicado ao seu
trabalho, mas obcecado pela doença do fígado, o que lhe valeu a alcunha que dá o título ao filme em português.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Ter. [25] 15:30
GOHATTO
Tabu de Nagisa Oshima
com Takeshi Kitano, Ryuhei Matsuda, Shinji Takeda, Tadanobu Asano
Japão/França/Grã-Bretanha, 1999 - 100 min / legendado em português
O mais recente filme de Nagisa Oshima, que tem por pano de fundo a era Meiji no Japão e por tema a história de um jovem
samurai, figura andrógina que vai despertar o desejo de outros guerreiros o que provoca uma série de conflitos.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Qua. [26] 15:30
ZATOICHI
Zatoichi de Takeshi Kitano
com Takeshi Kitano, Tadanobu Asamo, Michiyo Ookuzu, Gadarukanaru Taka
Japão, 2003 - 116 min / legendado em português
SETEMBRO 2007
Takeshi Kitano é hoje já um “clássico”, amplamente conhecido e estudado, com grande parte da obra estreada entre nós.
ZATOICHI é uma experiência singular de Kitano, uma incursão nos “chambara” (filmes de samurais) indo buscar um herói
popular do género de há várias décadas: o guerreiro cego Zatoichi.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Qui. [27] 15:30
RASHOMON
Às Portas do Inferno de Akira Kurosawa
com Toshiro Mifune, Machiko Kyo, Masayuki Mori
Japão, 1950 - 88 min / legendado em francês
Foi com este filme, premiado com o Leão de Ouro no Festival de Veneza e com o oscar para o melhor filme estrangeiro em
Hollywood, 1951, que o Ocidente “descobriu” o cinema japonês, que, durante muito tempo, associou sobretudo ao nome de
Kurosawa e aos filmes de samurais. Baseado no conto O Bosque, de Akutagawa e magistralmente realizado, RASHOMON é
uma variação oriental sobre o tema pirandelliano “a cada um a sua verdade”, contando a história de um crime violento numa
floresta, narrada por cada um dos intervenientes.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Sex. [28] 15:30
Chega ao fim a nossa homenagem a Roger Corman, “O Anjo Selvagem de Hollywood”, rei da série B e do
“exploitation movie”, iniciada em Junho. Esta última parte inclui os melhores filmes da fase final da sua carreira
como realizador (THE ST. VALENTINE’S DAY MASSACRE, THE TRIP, BLOODY MAMA, VON RICHTOFEN AND BROWN
e o inédito entre nós FRANKENSTEIN UNBOUND), bem como um pouco conhecido TOWER OF LONDON, a que se
junta a “falha” de Julho: THE HAUNTED PALACE. A estes acrescentam-se alguns filmes dos seus mais distintos
“alunos”, Jonathan Demme, Joe Dante, Alan Arkush e Peter Bogdanovich.
FIGHTING MAD
O Vingador da Estrada de Jonathan Demme
com Peter Fonda, Gino Franco, Harry Northup, Philip Carey, Scott Glenn
Estados Unidos, 1976 - 90 min / legendado em português
O terceiro e o melhor dos “exploitation movies” que o futuro autor de THE SILENCE OF THE LAMBS fez para ROGER CORMAN.
É uma história de acção com a vingança sobre um homem (Peter Fonda) que entra em confronto com uma empresa de
construção civil que o quer expulsar, e aos vizinhos, da terra que ocupam.
Sala Dr. Félix Ribeiro Sala Luís de Pina
Qui. [06] 19:00 Seg. [10] 22:00
THE TRIP
Os Hippies de Roger Corman
com Peter Fonda, Susan Strasberg, Bruce Dern, Dennis Hopper, Barboura Morris, Dick Miller, Luana Anders
Estados Unidos, 1967- 85 min / legendado electronicamente em português
Um clássico da “contracultura cinematográfica” que praticamente inaugurou um subgénero, o “acid movie”. Com argumento
de Jack Nicholson, THE TRIP (ou OS HIPPIES, segundo o delicioso rigor sociológico do título português) é uma descrição
delirante das “viagens” de LSD do protagonista Peter Fonda. Foi um relativo sucesso de bilheteira e, para o trio Fonda-
Hopper-Nicholson, uma etapa na contagem decrescente para EASY RIDER.
Sala Dr. Félix Ribeiro Sala Luís de Pina
Sex. [07] 19:00 Qua. [12] 22:00
BLOODY MAMA
O Dia da Violência de Roger Corman
com Shelley Winters, Don Stroud, Pat Hingle, Robert De Niro, Clint Kimbrough, Diane Varsi, Bruce Dern
Estados Unidos, 1970 - 90 min / legendado electronicamente em português
Shelley Winters tem um dos seus grandes papéis neste “biopic” da notória “Ma” Barker, que dirigia um gang de salteadores
formado pelos seus filhos, na década de 30, do século passado, e que foi apontada como um dos “inimigos públicos” pelo
FBI. Uma obra brutal por onde passam também as referências ao incesto. (ver entrada em Megeras no Cinema)
Sala Dr. Félix Ribeiro Sala Luís de Pina
Ter. [11] 21:30 Sex. [14] 22:00
SAINT JACK
Noites de Singapura de Peter Bogdanovich
SETEMBRO 2007
com Ben Gazzara, Denholm Elliott, James Villiers, Joss Ackland
Estados Unidos, 1979 - 112 min / legendado electronicamente em português
Já um conhecido realizador em 1979 (THE LAST PICTURE SHOW, PAPER MOON), mas marcado pelo desastre de AT LONG
LAST LOVE, Bogdanovich recorreu ao seu antigo “mestre”, ROGER CORMAN, para produzir SAINT JACK, que resultou um dos
seus melhores filmes. História de um americano na Singapura dos anos 70, tentando fazer fortuna na exploração de um
bordel, a convite da CIA, para os soldados americanos em combate no Vietname.
Sala Dr. Félix Ribeiro Sala Luís de Pina
Qua. [19] 21:30 Qui. [20] 22:00
WARLOCK
Sortilégio de Steve Miner
com Julian Sands, Lori Singer, Richard E. Grant, Mary Woronov
Estados Unidos, 1989 - 103 min / legendado em português
Uma fantasia de horror dirigida por outro dos “alunos” de ROGER CORMAN, Steve Miner. É a história de um feiticeiro que
escapa à fogueira em 1691, “fugindo” para o futuro (a nossa época), mas perseguido pela sua Nemésis, um caçador de
feiticeiros. Ambos em busca da “Bíblia do Diabo” que contem o verdadeiro nome de Deus capaz de provocar a destruição do
mundo.
Sala Luís de Pina
Ter. [25] 22:00
O senegalês Ousmane Sembène (1923-2007) foi o primeiro cineasta de envergadura a aparecer em África. O seu
itinerário foi invulgar. Nascido numa família com poucos recursos, exerceu diversas profissões (pescador,
pedreiro, mecânico) antes de partir para Marselha, onde durante dez anos foi estivador e exerceu uma intensa
actividade sindical. Autodidacta, começou a publicar livros em 1957, num total de sete. No que se refere à sua
passagem ao cinema, passamos a palavra ao próprio Sembène: “Percebi que o livro só alcançava uma pequena
minoria de pessoas nos países maioritariamente analfabetos da África Negra dita francófona, e decidi fazer
cinema. Passei um ano no estúdio Gorki, em Moscovo, onde recebi um ensino essencialmente prático, sob a
orientação de Mark Donskoi”. Nas suas oito longas-metragens, Sembène jamais sucumbiu à tentação de um
cinema decorativo, para exportação, nem às certezas demasiado simples do cinema militante.
MOOLADÉ
de Ousmane Sembène
com Fatoumata Coullibaly, Maimouna Hélène Diarra, Salimata Traoré
Senegal/França, 2004 - 120 min / legendado em francês
No seu último filme, Ousmane Sembène aborda o polémico tema da excisão feminina. A história passa-se numa aldeia, no
dia em que várias crianças vão sofrer a horrível mutilação. Duas delas suicidam-se e as quatro sobreviventes pedem
protecção, através da magia, a uma mulher que recusara que a sua própria filha sofresse a excisão. A mulher é a única a
poder suspender a protecção mágica (a “mooladé” do título) e sofre violentas pressões. Como se vê, no seu testamento
cinematográfico, o patriarca do cinema africano demonstra que nem todas as tradições são positivas.
Sala Luís de Pina
SETEMBRO 2007
Seg. [03] 19:30
MEGERAS NO CINEMA
Vejo-as logo assim: magras, sequinhas e pálidas, fechadas até ao pescoço. Mas não se apeguem a esta imagem.
Podem aparecer brandas, resignadas e até dóceis. Indiscretamente discretas. Nem sempre os filmes lhes dão o
protagonismo. Tal como na vida, são personagens que se insinuam secretamente, tudo contaminam em redor,
tecendo laços malévolos, sussurrando feitiços no seu silêncio. Mulheres cheias de veneno. E, se o cinema nos
espelha a alma e muitas vezes nos serve de modelo, com megeras dessas ninguém se quer parecer. Neste Ciclo,
não estamos a evocar as “tão mázinhas”, dessas capazes de tudo deitar a perder ou dessas que têm sede da
vingança. A essas, muitas vezes – ou sempre? – nos rendemos, nos prendemos, tudo perdoamos e finalmente…
muito amamos. – Quem não se prende a Pearl-Jennifer-Jones em duelos ao sol? Quem não ‘leva aos céus’ a Ellen
de LEAVE HER TO HEAVEN, ou a filha de Mother Gin Sling e do homem do SHANGHAI GESTURE, Gene Tierney
chamada em ambos os casos? Ou a Bette Davis do ALL ABOUT EVE e de JEZEBEL? Ou a Barbara Stanwyck de
FORTY GUNS? Viennas at Vienna’s. A questão aqui é outra. Falamos das outras, das más que não nos chegam aos
sonhos. As que envenenam e nos matam o desejo. E é uma questão posta no feminino pois no masculino a
conversa seria outra, se é que havia conversa. Falamos da maldade a seco, sem entranhas. Aquelas de quem se
diz: “Má como as cobras!”. Estafermos de saias.
Fica aqui a ideia de olhar para uma série de filmes onde vagueiam algumas dessas sinistras criaturas que,
queiramos ou não, se colam a nós. Mais amargas do que a morte no alto da sua solidão.
Às Mrs. Danvers, deixem-nas nos filmes, fujam delas na vida!
REBECCA
Rebeca de Alfred Hitchcock
com Laurence Olivier, Joan Fontaine, Judith Anderson, George Sanders, Nigel Bruce, Gladys Cooper, Florence
Bates, Reginald Denny, C. Aubrey Smith, Leo G. Carroll
Estados Unidos, 1940 - 130 min / legendado em português
REBECCA foi a passadeira vermelha lançada por Hollywood para receber o “mestre do suspense”. De certo modo, a própria
novela de Daphne du Maurier fora escrita a pensar na sua adaptação por Hitch, e para Olivier como intérprete. Mas o filme é
também a frágil personagem de Joan Fontaine, a “sombra” sinistra de Mrs. Danvers, a governanta (Judith Anderson) e o
fantasma presente de Rebecca, que domina o filme de uma ponta a outra.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Ter. [11] 19:00
BLOODY MAMA
O Dia da Violência de Roger Corman
com Shelley Winters, Don Stroud, Pat Hingle, Robert De Niro, Clint Kimbrough, Diane Varsi, Bruce Dern
Estados Unidos, 1970 - 90 min / legendado electronicamente em português
Ver entrada em Roger Corman o “Anjo Selvagem de Hollywood”
Sala Dr. Félix Ribeiro Sala Luís de Pina
Ter. [11] 21:30 Sex. [14] 22:00
LA POISON
de Sacha Guitry
com Michel Simon, Germaine Reuver, Jean Debucourt, Jacques Varennes, Jeanne Fusier-Gir.
França, 1951 - 82 min / legendado electronicamente em português
SETEMBRO 2007
Uma deliciosa comédia negra. Desta vez Guitry decide não aparecer e dá a vez a Michel Simon que faz o papel de um homem
com um casamento insuportável. O ódio é mútuo e enquanto a megera da mulher, Germaine Reuver, compra veneno para se
livrar do marido, este anda com ideias semelhantes que põe em prática quando descobre que podemos cometer um crime e
safarmo-nos.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Qua. [12] 21:30
FEDORA
O Segredo de Fedora de Billy Wilder
com William Holden, Marthe Keller, Hildegard Kneff, Henry Fonda, Michael York
Alemanha/Estados Unidos, 1978 - 114 min / legendado electronicamente em português
A fascinante história de uma actriz que, quando envelhece, se retira para uma ilha grega e se faz substituir pela filha num
“comeback”, transmitindo desta forma terrível a ilusão de uma juventude “eterna”. A realidade contaminada pelo poder do
cinema. Billy Wilder visita as ilhas gregas, no penúltimo filme da sua carreira, que é também uma revisitação ao mundo de
SUNSET BOULEVARD. “Who shows hope in the flesh reaps bones”, como alguém escreveu sobre a inútil veneração da
juventude e da beleza. Um filme relevante para tempos narcisistas.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Sex. [14] 19:00
ANGEL FACE
Vidas Inquietas de Otto Preminger
com Robert Mitchum, Jean Simmons, Herbert Marshall
Estados Unidos, 1953 - 90 min / legendado em português
“O único pesadelo lírico do cinema”, segundo as palavras de Ian Cameron, mostra Jean Simmons como uma jovem da alta burguesia
que é um “anjo da morte”, e que acaba por se destruir a si própria. Sombrio melodrama com conotações psicanalíticas, ANGEL FACE é
também uma variação sobre o tema da mulher maléfica, tão presente no cinema americano deste período. Mitchum é o seu amante,
um homem que a mulher arrasta para o crime e que é incapaz de dominar a situação.
Sala Luís de Pina
Ter. [18] 19:30
ENCHANTMENT
Encantamento de Irving Reis
com David Niven, Teresa Wright, Jayne Meadows,Evelyn Keyes, Farley Granger, Leo G. Carroll
Estados Unidos, 1948 - 100 min / legendado em português
É uma das mais belas histórias de amor jamais filmadas. Segue a vida e os amores de Lark (Teresa Wright), uma rapariga que
cedo perde os pais e vai viver com uma nova família, os Dane. Depressa faz amizade com os dois irmãos, Pehlum e Rollo e
acaba por se apaixonar por este. Mas cada atenção que Lark recebe redobra o ódio de Selina (Jayne Meadows), a irmã mais
velha, má e ciumenta que a detesta mas que adora os irmãos e o pai. E é Selina quem destrói a tão bela história de amor
entre Teresa Wright e David Niven (Rollo).
Sala Luís de Pina
Qua. [19] 22:00
JOHNNY GUITAR
Johnny Guitar de Nicholas Ray
SETEMBRO 2007
com Joan Crawford, Sterling Hayden, Mercedes McCambridge, Scott Brady, Ward Bond, John Carradine, Ben
Cooper, Ernest Borgnine
Estados Unidos, 1954 - 110 min / legendado em português
Um dos westerns maiores da história do cinema, de cores agressivas e imagens barrocas (as fabulosas cenas de Joan
Crawford no interior do saloon, o cenário deste com os fantomáticos “croupiers” e a roleta a rodar). Um filme “onde os
cowboys desmaiam e morrem com a graça das bailarinas” (François Truffaut). E um “duelo” sem tréguas entre as
fabulosas Vienna (Crawford) e Emma (Mercedes McCambridge).
Sala Luís de Pina
Qui. [20] 19:30
CAGED
Encarcerada de John Cromwell
com Eleanor Parker, Agnes Moorehead, Jan Sterling
Estados Unidos, 1950 - 96 min / legendado electronicamente em português
O primeiro sinal do fugaz interesse da Academia por Eleanor Parker (e a sua primeira nomeação para o oscar). Subtilmente
evoluindo da inocência para a perversidade, Parker traz à sua personagem a dimensão humana que transcende os clichés do
women’s prison film, onde o mundo habitualmente se dividia entre o preto-muito-preto da culpa e o branco-mais-que-
branco da inocência.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Ter. [25] 19:00
Na rubrica que, ao longo deste ano, temos dedicado à presença de escritores portugueses no nosso cinema,
voltamo-nos este mês para David Mourão-Ferreira e para Vergílio Ferreira, vistos por Jorge Brum do Canto,
Manuel (e Dórdio) Guimarães, Lauro António e José Fonseca e Costa.
SETEMBRO 2007
Continuamos o nosso habitual percurso dos Sábados através de filmes, realizadores, obras de género ou de
escolas específicas, grandes clássicos ou raridades, que pertencem à História do Cinema, no período que vai de
1915 a 1965. Este mês, entre os grandes clássicos, obras de Visconti, Eisenstein, Chaplin e Sternberg, além de dois
emblemáticos filmes negros americanos. Entre as obras mais raramente vistas, uma ficção sobre Auschwitz,
realizada por uma sobrevivente do Holocausto, um programa dedicado a Len Lye, mestre do cinema de animação,
um admirável e pouco visto filme de Boris Barnet. Veremos ainda um dos filmes mais livres e belos de Jean Renoir
e, no domínio do cinema mudo, além do já mencionado Chaplin, um de Fritz Lang (de que apresentamos também
LilioM, único filme que realizou em Francês), uma jóia do burlesco americano e dois grandes e ambiciosos filmes,
um francês e o outro alemão.
Tal como aconteceu em Julho, devido às Sessões na Esplanada, não se realizam as Sessões das 21.30m
IL GATTOPARDO
SETEMBRO 2007
O Leopardo de Luchino Visconti
com Burt Lancaster, Alain Delon, Claudia Cardinale, Paolo Stoppa, Serge Reggiani, Rina Morelli
Itália, 1963 - 185 min / legendado em português
Adaptado do romance de Tomasi De Lampedusa, IL GATTOPARDO é, talvez, o exemplo maior do cinema histórico, pelo rigor
da análise social, pelo retrato das personagens e pela descrição dos conflitos. O pano de fundo é a libertação da Itália por
Garibaldi e o tema o fim de uma era e o nascimento de outra, com as soluções de compromisso e as cumplicidades do poder
com as “ex” classes dirigentes. Burt Lancaster compõe um fabuloso príncipe de Salina, que sabe que “é preciso que alguma
coisa mude para que fique tudo na mesma”.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Sáb. [08] 15:30
THIEVES HIGHWAY
O Mercado dos Ladrões de Jules Dassin
com Richard Conte, Valentina Cortese, Lee J. Cobb, Jack Oakie
Estados Unidos, 1948 - 90 min / legendado electronicamente em português
Em muitos filmes americanos dos anos 30, soldados que lutaram na Primeira Guerra Mundial são arrastados para o mundo
do crime ao voltar para os Estados Unidos. Em THIEVES HIGHWAY, a situação é inversa: ao voltar da Segunda Guerra
Mundial, um jovem enfrenta um nada escrupuloso distribuidor de frutas e legumes, que arruinara o seu pai. Os temas sociais
unem-se à típica tensão narrativa das histórias criminais do cinema americano e o resultado é um dos melhores filmes de
Dassin.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Sáb. [08] 19:00
SPIONE
Espiões de Fritz Lang
com Rudolph Klein-Rogge, Gerda Maurus, Willy Fritsch, Lupu Pick, Fritz Rasp
Alemanha, 1928 - 178 min / mudo, intertítulos em alemão traduzidos electronicamente em português
SPIONE é uma das muitas incursões de Fritz Lang nos anos 20 no universo folhetinesco, de que também é exemplo DR.
MABUSE DER SPIELER. Um dos momentos mais impressionantes do filme inspira-se num caso real, que tivera lugar poucos
anos antes: o ataque da Scotland Yard à sede de uma organização anarquista em Londres, cheio de peripécias
rocambolescas, com que Lang e Thea Von Harbou culminam esta nova digressão por uma Alemanha em crise, onde um
super-criminoso dirige uma organização que quer controlar o mundo.
Sala Luís de Pina
Sáb. [08] 19:30
BLONDE VENUS
A Vénus Loira de Josef Von Sternberg
com Marlene Dietrich, Cary Grant, Herbert Marshall, Dickie Moore
Estados Unidos, 1932 - 97 min / legendado em espanhol
Neste filme, o quinto que fez com Sternberg (num total de sete), Marlene Dietrich interpreta a figura de uma mulher que tem
uma vida dupla: depois de deixar o marido, é cantora num cabaret, onde trabalha para sustentar o filho. Dos filmes que fez
com Sternberg, este é o único em que tem ou teve uma vida familiar “normal”. BLONDE VENUS contém uma das cenas mais
famosas e surreais da carreira de Marlene: o mítico número musical, em que surge na pele de um gorila para cantar o
fabuloso Hot Voodoo.
Sala Luís de Pina
Sáb. [08] 22:30
IVAN GROZNY
Ivan, o Terrível
1ª parte de Sergei M. Eisenstein
com Nikolai Tcherkassov, Serafina Birman, Ludmilla Tselikovskaya
URSS, 1943-45 - 98 min / legendado em português
O último filme de Eisenstein é uma das obras-primas absolutas de toda a história do cinema. Dividido em duas partes, o filme
descreve o itinerário do czar, que vai da pureza adolescente até à mais absoluta tirania. A profundidade de foco, o uso das
sombras e das luzes, a fusão entre a música de Prokofiev e os diálogos, criam um filme de indescritível beleza, que também é
uma reflexão política. IVAN, O TERRÍVEL também contém uma breve sequência a cores, a única realizada por Eisenstein.
SETEMBRO 2007
Proibida por ordem pessoal de Estaline, que bem percebeu a analogia entre o czar e a sua pessoa, a segunda parte do filme
só foi mostrada em público em 1958, dez anos depois da morte do realizador.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Sáb. [15] 15:30
IVAN GROZNY
Ivan, o Terrível
2ª parte de Sergei M. Eisenstein
com Nikolai Tcherkassov, Serafina Birman, Ludmilla Tselikovskaya
URSS, 1943-45 - 85 min / legendado em espanhol
Sala Dr. Félix Ribeiro
Sáb. [15] 19:00
LILIOM
Liliom de Fritz Lang
com Charles Boyer, Madeleine Ozeray, Florelle, Antonin Artaud
França, 1934 - 117 min / legendado em português
Realizado em Paris, entre a saída de Lang da Alemanha, em 1933, e o seu primeiro filme americano em 1936, LILIOM é a
segunda adaptação ao cinema de uma célebre peça de Ferenc Molnar, previamente filmada por Frank Borzage. Trata-se de
um filme peculiar na filmografia de Lang, história de um homem que, ao morrer, chega ao céu e vê que o “outro mundo” é
quase igual a este, com burocratas e regulamentos. Ao filmar o “outro mundo” como se deste se tratasse, Lang também fez
uma bela reflexão sobre o cinema e sobre o seu trabalho.
Sala Luís de Pina
Sáb. [15] 19:30
TUSALAVA
COLOUR BOX
KALEIDOSCOPE
THE BIRTH OF THE ROBOT
RAINBOW DANCE
N. OR NW.
COLOUR FLIGHT
SWINGING THE LAMBETH WALK
MUSICAL POSTER
COLOUR CRY
RHYTHM
PARTICLES IN SPACE de Len Lye
Grã-Bretanha e Canadá, 1929, 1935, 1936, 1937, 1938, 1939, 1940, 1952, 1957, 1957-79 - duração total: 58 min / sem
diálogos
O neo-zelandês Len Lye (1901-80) é um dos grandes nomes do cinema de animação não narrativo. A sua obra costuma ser
estudada no âmbito do cinema experimental, mais do que no da animação, tal como a de Norman McLaren, a quem pode ser
comparado. Lye foi, por sinal, o primeiro a desenhar directamente na película, antes de McLaren, a quem é atribuída esta
ideia. Foi um grande experimentador de formas e de cores, em filmes que, como assinalou Claudine Eizykman “têm a
característica espantosa de serem de uma alegria absoluta”.
Sala Luís de Pina
Sáb. [15] 22:00
THE CIRCUS
O Circo de Charles Chaplin
com Charles Chaplin, Allan Garcia, Merna Kennedy
Estados Unidos, 1927 - 70 min / mudo, intertítulos em inglês, traduzidos em português
Charlot, o vagabundo, vai trabalhar num circo por acaso e torna-se uma vedeta. Como o título e o argumento o indicam, THE
CIRCUS é uma homenagem ao circo pelo mais sublime palhaço de todos os tempos. Estranha e injustamente, esta obra de
maturidade nunca foi considerada uma das maiores obras-primas de Chaplin. E no entanto, na opinião de Jean Mitry, autor
de um clássico estudo sobre Chaplin, “de todos os grandes filmes de Charlot, THE CIRCUS talvez seja o mais equilibrado. A
sua construção é rigorosa, tem um movimento ascendente e cai bruscamente no final”.
Sala Dr. Félix Ribeiro
SETEMBRO 2007
Sáb. [22] 15:30
OSTATNI ETAP
“A Última Etapa” de Wanda Jakubowska
com Barbara Drapinska, Alexandra Slaska, Tatjana Gorecka
Polónia, 1947 - 80 min / legendado electronicamente em português
Outrora programado com frequência por cinematecas e cineclubes, “A ÚLTIMA ETAPA” reconstitui a experiência da
realizadora no campo de extermínio de Auschwitz, a cujos horrores sobreviveu e onde parte do filme foi feita. Mais do que
um filme sobre o extermínio dos judeus pelos nazis, este é um filme sobre a capacidade de resistência física e moral, numa
situação-limite da condição humana.
Sala Luís de Pina
Sáb. [22] 22:30
Com uma carreira que se estendeu por mais de meio século, Jean-Claude Brialy (1933-2007) foi um dos mais
importantes actores franceses da sua geração. Tornou-se conhecido com LE BEAU SERGE (1958), de Claude
Chabrol, a quem dizia dever a sua carreira: “Chabrol convenceu-me de que eu era bom actor”. Brialy foi o único
actor a ter trabalhado com os cinco grandes nomes da Nouvelle Vague: Godard, Truffaut, Rohmer, Chabrol e
Rivette. Talvez por não ter sido galã em jovem, não teve dificuldades em adaptar-se a novos tipos de papéis à
medida que o tempo passava. Na verdade, Brialy talvez tenha dado o melhor de si na maturidade, com uma
serenidade e uma elegância bastante diferentes da agitação que o caracteriza, às vezes, na juventude. Mas
sempre foi extremamente versátil. Além dos cinco da Nouvelle Vague, trabalhou com dezenas de outros
realizadores, de várias gerações: Téchiné, Kast, Buñuel, Tavernier, Chéreau, Rozier, Duvivier, Bolognini, Marc
Allégret, Scola, Claire Denis. Também realizou cinco filmes e alguns telefilmes. Curioso e generoso, Jean- -Claude
Brialy encarna diversas facetas do cinema francês.
LE GENOU DE CLAIRE
O Joelho de Claire de Eric Rohmer
com Jean-Claude Brialy, Laurence de Monagahan, Aurora Cornu, Béatrice Romand, Gérard Falconetti
França, 1970 - 100 min / legendado em espanhol
O penúltimo e talvez o mais perfeito dos Seis Contos Morais de Rohmer. Numa mansão à beira de um lago, durante as férias
de Verão, coabitam adolescentes e pessoas de meia-idade. Como acontece tantas vezes com os personagens de Rohmer, a
vida é vivida mais como uma ideia do que como uma série de actos, pois estes personagens são uma subtil mistura da
realidade e fantasias literárias. Num dos seus melhores papéis, BRIALY é um diplomata em férias, que seduz uma jovem, num
“acto de vontade pura”, mas tem uma reacção inesperada, no último momento.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Ter. [04] 21:30
LA RONDE
A Ronda do Amor de Roger Vadim
com JEAN-CLAUDE BRIALY, Jane Fonda, Francine Bergé, Anna Karina
França, 1964 - 110 min / legendado em português
Uma adaptação por Jean Anouilh da clássica peça de Schnitzler, que Max Ophuls levara ao écran em 1950, numa das suas
obras-primas. Trata-se da história de uma sucessão de encontros sexuais, em que um dos membros de cada um dos pares
aparece na história seguinte, até que o círculo se fecha. Vadim situa a acção em Sarajevo, no dia do atentado ao Príncipe
Herdeiro da Áustria, que despoletou a Primeira Guerra Mundial. Brialy tem o papel do jovem estudante, que, na versão de
Ophuls, fora interpretado por Daniel Gélin.
Sala Luís de Pina
Ter. [11] 22:00
Henrique Viana morreu em Julho passado, aos 71 anos. Estava, muito possivelmente, no auge da popularidade,
graças à sua participação em séries televisivas de grande audiência. A polivalência, de resto, era uma das suas
grandes forças; ou mais do que a polivalência, a capacidade de transitar entre objectos de natureza muito
diferente, fossem teatro, cinema ou televisão, transportando sempre uma personalidade definida e uma presença
inconfundível. Um olhar duro, uma certa brusquidão nos gestos, enorme subtileza nas modulações vocais. No
cinema português, onde trabalhou abundantemente nos mais variados filmes dos mais diversos realizadores,
deixou uma marca só comparável com a dos maiores “character actors” do cinema clássico americano. Vamos
evocá-lo mostrando três das suas mais inesquecíveis presenças cinematográficas, em filmes de João César
Monteiro, João Botelho e Pedro Costa.
Filipe Ferrer morreu em Junho passado, dois meses antes de completar 71 anos de idade. Dedicou-se desde muito
novo ao teatro, mas só a partir da década de 80, quando regressou a Portugal depois de temporadas no Brasil, em
França e em Inglaterra, é que começou a trabalhar em cinema e televisão. Como Henrique Viana, trabalhou em
obras de natureza muito diferente, e essa versatilidade fez dele um dos mais reconhecíveis rostos do cinema
português, normalmente em papéis secundários. Vamos vê-lo como protagonista de MENSAGEM, num dos
maiores desafios da sua carreira: encarnar Fernando Pessoa.
UNDER HITCHCOCK
em colaboração com o Festival Internacional de Curtas-Metragens de Vila do Conde
Esta sessão retoma parte do material apresentado na exposição UNDER HITCHCOCK, no Solar - Galeria de Arte
Cinemática, em Vila do Conde, por ocasião do último Festival Internacional de Curtas-Metragens, realizado
naquela cidade, no passado mês de Julho. Há muito tempo que o prestígio da obra de Hitchcock, mestre das
formas cinematográficas, ultrapassou o domínio do puro cinema. Entre os cineastas do período clássico, ele é sem
dúvida aquele que mais interessa os artistas plásticos e os videastas, que interrogam a sua obra e trabalham a
partir dos seus elementos. Esta sessão apresenta oito destes trabalhos. 4 VERTIGO, SPHERICAL COORDINATES,
NINE PIECE ROPE, 2 SPELLBOUND, 879 COLOUR e BODEGA BAY SCHOOL condensam e alteram cenas inteiras de
filmes do mestre (em BODEGA BAY SCHOOL, por exemplo, temos o grande ataque dos pássaros em THE BIRDS
reduzido aos cenários, sem pessoas, nem sons). WHEN ALFRED HITCHCOCK MET ELSE EIERMANN IN AUERSTED…
especula sobre uma fotografia de 1956, que teria sido o ponto de partida de PSYCHO. Finalmente, o magnífico
PHOENIX TAPES, encomendado pelo Museu de Arte Moderna de Oxford para a exposição “Notorious - Alfred
Hitchcock and Contemporary Art”, percorre a obra de Hitchock através de seis capítulos e trechos de quarenta
filmes, assinalando temas recorrentes, visuais e narrativos. É ao mesmo tempo um catálogo e um comentário,
feito por dois profundos conhecedores da obra de Hitchcock.
CHAMA-ME UM TÁXI
Meio de transporte urbano por excelência, o táxi ocupa um lugar de destaque no cinema de qualquer país. Local
de passagem, ou de transição de um espaço dramático para outro, está, muitas vezes, fortemente associado à
própria intriga dramática. Com mais frequência como meio de perseguição, gerando, inclusive, um cliché bastante
parodiado (o táxi que segue outro táxi, perante o entusiasmo do motorista, que se vê transformado em
personagem da intriga, sem esquecer o táxi que surge “milagrosamente” da esquina a um assobio do herói!). Mas
pode ser, inclusive, o próprio campo do drama, de crimes misteriosos (O TÁXI 9297, de Reinaldo Ferreira) ou de
absurdos e sangrentos actos de violência (DINA E DJANGO, de Solveig Nordlund, e o trágico episódio do DEKALOG
de Krzystof Kieslowski à volta do mandamento “Não Matarás”, que reflectem uma dramática realidade que
encontramos com frequência nas páginas dos jornais).
Em colaboração com o Festival Internacional do Táxi, organizado pelo Institut pour la Ville en Mouvement, e
que decorre em Lisboa neste mês de Setembro, a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema organiza um Ciclo
que tem este meio de transporte como “actor principal”, reflexo da “cidade em movimento”, com uma série de
filmes onde o táxi, ou quem nele trabalha, têm uma forte função na narrativa, surgindo ora como um autêntico
microcosmo social, com o permanente desfile de passageiros, de que o exemplo mais sugestivo é o filme de
abertura, o clássico de Martin Scorsese, TAXI DRIVER (que encontra um reflexo documental no trabalho da
holandesa Heddy Holigman, METAAL EN MELANCHOLIE), ou como “palco” de comédia em duas divertidas
comédias sentimentais, THEY MET IN A TAXI e PECCATO CHE SIA UNA CANAGLIA.
O Ciclo continuará no mês de Outubro. Mais táxis. O título da retrospectiva é extraído de uma réplica célebre de
Stan Laurel (“O Estica”) a Oliver Hardy (“O Bucha”). Este, pressionadíssimo e em apuros, pede ao Estica, que nada
percebe do que se está a passar: “Chama-me um Táxi”. Imperturbável, o Estica vira-se para ele e responde: “Tu és
um Táxi”.
TAXI DRIVER
Taxi Driver de Martin Scorsese
com Robert de Niro, Cybill Shepherd, Jodie Foster, Harvey Keitel, Peter Boyle
Estados Unidos, 1976 - 110 min / legendado em espanhol
Um dos filmes fundamentais da década de 70, dirigido por Scorsese segundo um argumento de Paul Schrader. TAXI DRIVER é
uma obra profundamente pessimista, sobre um ex-veterano do Vietname, marcado e traumatizado pelo drama que viveu e
que percorre, de noite, em deambulações pela cidade, outro “inferno”: o submundo de Nova Iorque. O percurso de Travis
(De Niro) culmina num massacre que se pretende redentor. Num dos momentos mais emblemáticos do filme, a personagem
insiste em perguntar à sua imagem reflectida num espelho: “Are you talking to me?”.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Seg. [17] 21:30
METAAL EN MELANCHOLIE
“Metal & Melancolia” de Heddy Honigmann
Holanda, 1994 - 80 min / legendado electronicamente em português
Um documentário que tem por centro os motoristas de táxi da cidade de Lima (Peru). Uma pitoresca viagem e encontros
com taxistas, novos e velhos, homens e mulheres, contando as histórias das suas vidas e discorrendo sobre os prazeres e
perigos da sua profissão.
Sala Luís de Pina
Ter. [25] 19:30
SETEMBRO 2007
AFTER HOURS
Nova Iorque Fora de Horas de Martin Scorsese
com Griffin Dune, Rosanna Arquette, Verna Bloom, Thomas Chong, Teri Garr
Estados Unidos, 1985 - 95 min / legendado em espanhol
Para Olivier Eyquem este filme de Scorsese é um “perturbante catálogo de nevroses urbanas”. Trata-se de uma viagem pela
noite dentro, que transfigura toda a realidade em que vivia um técnico de informática. A “lógica” que servia de base ao seu
mundo esfuma-se diante dos acontecimentos mais estranhos. Outro “détour” não tão radical, mas alucinante.
Sala Dr. Félix Ribeiro
Qua. [26] 21:30
Félix Ribeiro, no seu livro Os Mais Velhos Cinemas de Lisboa, dá-nos conta do acontecimento. Na tarde de 19 de
Setembro de 1927, inaugurava-se na Rua dos Condes, mesmo em frente ao Olympia, uma nova sala de cinema
em Lisboa, que tinha o nome de Odeon. Segundo o primeiro director da Cinemateca, o cinema estivera para se
chamar Ibéria. À inauguração oficial sucedeu, dois dias depois, a 21, uma quarta-feira (que ficou,
tradicionalmente, como o dia das estreias neste cinema ao longo da sua existência). Como refere Félix Ribeiro: “O
filme de estreia, seleccionado para a circunstância, ajustava-se à importância do acontecimento – a VIÚVA
ALEGRE, de Eric von Stroheim, com Mae Murray e John Gilbert nos protagonistas e que René Bohet, o excelente
director da orquestra privativa, sublinhou musicalmente com a segurança e o brilho a que viria a habituar o
público, não só ali como, mais tarde, à frente da orquestra do São Luís”. Pouco depois, o Odeon estrearia um dos
maiores êxitos comerciais daquele tempo, A GRANDE PARADA de King Vidor. A partir de 1937, o Odeon
começaria a ser explorado por Vicente Alcântara, que a ele juntaria o Palácio e o Royal a partir de 1949, e o
cinema começaria a tornar-se uma sala de características populares, trazendo até nós os melodramas e musicais
de língua latina. Por ali passaram sucessos como VIOLETAS IMPERIAIS, com Carmen Sevilla, AMA ROSA com
Império Argentina e muitas das comédias portuguesas.
SETEMBRO 2007
No dia em que a sala (hoje abandonada e em estado de acentuada degradação, a exigir intervenção urgente de
poderes públicos ou privados) faz 80 anos de idade, a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, evoca a data
com a exibição do filme que a inaugurou: THE MERRY WIDOW, de Eric von Stroheim.
UN CARNET DE BAL, JANE EYRE, UNION PACIFIC e COLORADO TERRITORY são os filmes que exibimos em
Setembro na habitual rubrica “O Que Quero Ver”, em que damos eco de sugestões dos espectadores das nossas
salas.
UN CARNET DE BAL
Um Carnet de Baile de Julien Duvivier
com Harry Baur, Marie Bell, Pierre Blanchar, Fernandel, Louis Jouvet
França, 1937 - 144 min / legendado electronicamente em português
Reflectindo sobre a sua vida, Christine, recém viúva, dá-se conta de que podia ter sido mais feliz caso tivesse casado com
outra pessoa. Decide então visitar, um a um, os homens com quem, aos 16 anos, dançou num baile. UN CARNET DE BAL
(melhor filme estrangeiro em Veneza em 1937) é um dos primeiros exemplos de filmes estruturados como uma sucessão de
vinhetas. Foi retomado pelo próprio realizador que dele realizou um remake em Hollywood (LYDIA, 1941). Primeira exibição
na Cinemateca.
Sala Luís de Pina
Ter. [04] 19:30
JANE EYRE
Jane Eyre de Robert Stevenson
com Orson Welles, Joan Fontaine, Margaret O’Brien
Estados Unidos, 1944 - 97 min / legendado electronicamente em português
A mais famosa adaptação ao cinema do romance de Charlotte Brontë, conta a história de uma jovem órfã que se torna
governanta de um misterioso aristocrata do Yorkshire, interpretado por Orson Welles. A adaptação, bastante fiel, foi da
responsabilidade de John Houseman e do escritor Aldous Huxley. Destaque ainda para a música de Bernard Herrmann.
Sala Luís de Pina
Seg. [17] 19:30
UNION PACIFIC
União de Aço de Cecil B. DeMille
com Barbara Stanwyck, Joel McCrea, Akim Tamiroff, Robert Preston, Lynn Overman
Estados Unidos, 1939 - 135 min / legendado electronicamente em português
A construção da primeira grande linha de caminho-de-ferro americana fora o motivo do filme de John Ford em 1924, IRON
HORSE. DeMille retomou-o em UNION PACIFIC, no tom épico que aquele inspira, trabalhando elementos do género do
western e focando a acção dramática no trio de personagens interpretadas por McCrea, Stanwyck e Preston, e na disputa
entre os dois homens pela mesma mulher.
Sala Luís de Pina
Sex. [21] 19:30
SETEMBRO 2007
COLORADO TERRITORY
Golpe de Misericórdia de Raoul Walsh
com Joel McCrea, Virginia Mayo, Dorothy Malone, Henry Hull
Estados Unidos, 1949 - 93 min / legendado em português
Um dos grandes westerns de Walsh, uma história trágica na linha de PURSUED, mas mais marcada pelo romantismo, que
segue o percurso trágico da relação entre um fora da lei e uma rapariga mestiça. Nova versão de um outro clássico de Walsh,
HIGH SIERRA, transfere o pano de fundo do filme negro para o western, e inclui um final alucinante que só tem paralelo, na
obra de Walsh, noutra obra-prima do realizador feita nesse mesmo ano: WHITE HEAT.
Sala Luís de Pina
Qua. [26] 19:30
ABRIR OS COFRES
Em Setembro mostramos as duas versões de A ROSA DO ADRO do cinema português: a de Georges Pallu em 1919
e a de Chianca de Garcia em 1938, ambas com base no romance homónimo de Manuel Maria Rodrigues,
popularíssimo no século XIX.
ANTE-ESTREIAS
LONGE DE MIM..., primeira longa-metragem de Peter Anton Zoettl, é o filme em ante-estreia em Setembro na
Cinemateca. Produção independente da FullBlue Produções Audiovisuais, o filme de Zoettl apresenta-se como a
primeira parte (“De Lá Para Cá”) de um projecto mais abrangente que tem a imigração como tema comum e está
ligado à investigação em Antropologia Visual levada a cabo pelo realizador que neste momento se encontra a
concluir um doutoramento na área (Zoettl tem formação em Antropologia e estudou Cinema na Escola Superior
de Teatro e Cinema de Lisboa).
SETEMBRO 2007
LONGE DE MIM… de Peter Anton Zoettl
com Georgete Afonso, Edna Maria Afonso, Aydette Afonso
Portugal, 2007 - 77 min
Seguindo um caso de tentativa de emigração para Portugal, é entre São Tomé e Príncipe e Lisboa que a acção decorre,
centrando-se na personagem de uma jovem São-Tomense que espera um visto para se reunir à família em Lisboa. Com esta
se cruzam duas outras linhas de acção – uma acusação de desvio de 450.000 dólares pelo Ministério dos Negócios
Estrangeiros de S. Tomé e a prisão de uma cidadã brasileira por imigração legal que se encontra à espera de extradição. “Três
histórias de vida que se parecem interligar numa pequena casa de madeira no bairro da Boa Morte, perto do centro da
capital são-tomense. A sorte de um é o azar do outro, e nenhum dos protagonistas parece ser o dono do seu destino…”
Sala Dr. Félix Ribeiro
Ter. [25] 21:30
EM SETEMBRO OS DIAS COMEÇAM A FICAR MAIS CURTOS, AS FÉRIAS ACABARAM,
COMEÇAM AS AULAS E… APETECE MAIS IR AO CINEMA.