O documento discute o livro "The Entrepreneurial State" de Mariana Mazzucato, que argumenta que o estado desempenha um papel importante no incentivo à inovação e ao crescimento econômico, financiando pesquisas de alto risco. O autor também compara este livro com "Chutando a Escada" de Ha-Joon Chang, que defende que os países desenvolvidos usaram protecionismo industrial para se desenvolver, mas agora recomendam livre mercado aos países em desenvolvimento. Ambos os autores defendem que o estado deve intervir na econom
O documento discute o livro "The Entrepreneurial State" de Mariana Mazzucato, que argumenta que o estado desempenha um papel importante no incentivo à inovação e ao crescimento econômico, financiando pesquisas de alto risco. O autor também compara este livro com "Chutando a Escada" de Ha-Joon Chang, que defende que os países desenvolvidos usaram protecionismo industrial para se desenvolver, mas agora recomendam livre mercado aos países em desenvolvimento. Ambos os autores defendem que o estado deve intervir na econom
O documento discute o livro "The Entrepreneurial State" de Mariana Mazzucato, que argumenta que o estado desempenha um papel importante no incentivo à inovação e ao crescimento econômico, financiando pesquisas de alto risco. O autor também compara este livro com "Chutando a Escada" de Ha-Joon Chang, que defende que os países desenvolvidos usaram protecionismo industrial para se desenvolver, mas agora recomendam livre mercado aos países em desenvolvimento. Ambos os autores defendem que o estado deve intervir na econom
CEP: 31270-901 Tel.: +55 31 3409.5000 Leitura Dirigida em Teoria Econmica I Aluno: Gabriel Augusto de Carvalho Professor: Ricardo Machado Ruiz
Resenha livro: THE ENTREPRENEURIAL STATE
Mariana Mazzucato Em Seu livro The Entrepreneurial State (O Estado Empreendedor) Mariana Mazzucato, professora de economia na Universidade de Sussex (Reino Unido), trabalha com a importncia da inovao para a gerao de crescimento e desenvolvimento para um pas, ela argumenta que os investimentos em inovao do setor privado seriam insuficientes, e que grande responsvel pelo incentivo e produo de inovao seria o estado Estado Empreendedor. A viso trabalhada pela autora pode parecer de certa forma at surpreendente nos dias de hoje, em que aps a crise, estados so pressionados a adotarem polticas fiscais contracionistas e a atuar apenas como reguladores de mercados, como exemplo de autores que defendem o mercado, Mazzucato volta ao tempo para citar Adam Smith. Outros autores, como os citados no texto John M. Keynes e Karl Polanyi, fogem desse mito do estado regulador de mercados, e preferem enxergar no estado uma misso mais complexa que essa anteriormente lhe atribuda. Aps esse panorama inicial a autora passa a trabalhar mais diretamente as questes associadas ao crescimento da economia, tema de longo debate na histria do pensamento econmico o fato continua a ser tratado, mesmo aps o consenso de que evoluo tcnica um fator determinante para crescimento da produo, sendo assim, direta ou indiretamente o estado deveria adotar medidas que favorecessem tal evoluo, o problema passa a ser ento como o governo deve estimular para que isso ocorra. Quanto s pesquisas em P&D, responsveis por gerar a evoluo j mencionada, a autora destaca que alguns mitos devem ser abolidos, fatores que isoladamente no so suficientes para alcanar evoluo tcnica, so quatro os pontos trabalhados pela autora: o P&D no suficiente (R&D is not enough); o Pequeno no necessariamente bom (Small is not necessarily beautiful); o Capital de risco no to favorvel ao risco (Venture capital is not so riskloving); o Patente no sinnimo de progresso (A patent doesnt necessarily mean progress) A autora ento aps trabalhar os itens acima citados, parte para tratar sobre o fator por ela considerado mais importante: Tentamos desmitificar esses mitos e agora as atenes se voltam para o maior mito de todos: o limitado papel do governo na produo de empreendedorismo, inovao e crescimento. (We have attempted to demystify these assumptions and now turn to the largest myth of all: the limited role for government in producing entrepreneurship, innovation and growth). Faculdade de Cincias Econmicas UFMG Belo Horizonte, 12 de Maio de 2014
Universidade Federal de Minas Gerais
Avenida Antnio Carlos, 6627 Pampulha Belo Horizonte MG CEP: 31270-901 Tel.: +55 31 3409.5000 ento ressaltado o fato de um dos argumentos usados pelos defensores dos cortes oramentrios ps-crise 2008 de que tais medidas tornariam a economia mais competitiva, empreendedora e inovadora, pois as empresas privadas seriam mais produtivas que as estatais, Mazzucato tenta demonstrar o contrrio, evidenciando que o estado sim competitivo e importante gerador de inovaes na economia, o estado conduziria dessa forma o processo de crescimento da economia. As empresas privadas no arcariam com os elevados riscos e incertezas associados aos investimentos voltados para gerao de novas tecnologias. Posto isso, seria necessrio o incentivo do governo em P&D para que surjam inovaes. Essa no capacidade do setor privado de arcar com os custos, e a entrada do estado como agente fomentador das inovaes gera, no entanto um problema: quando isso acontece os riscos, e possveis fracassos, so socializados, porm em caso de sucesso a nova tecnologia transferida para o setor privado, que a explora de forma lucrativa, ou seja, h uma privatizao dos ganhos. Mariana Mazzucato cita diversos exemplos de inovaes que foram geradas por aes do estado, os setores que talvez sejam os mais beneficiados pelos incentivos do estado seriam o qumico-farmacutico e as indstrias de alta tecnologia, ambos os setores que demandam constante inovao e elevados gastos nos processos de desenvolvimento de novas tecnologias. Dois desses exemplos se destacam: o financiamento estatal, por meio do National Science Foundation, nas pesquisas que culminaram no algoritmo de pesquisa do Google; e a introduo do computador pessoal pela Apple, que recebeu incentivos estatais, e logo aps isso o governo por meio do DARPA promoveu aes para expanso dessa indstria no Vale do Silcio. Como exemplo desse apoio estatal ao setor privado no investimento em inovaes pode-se vislumbrar no Brasil o caso do BNDES que fornece crdito para setores promissores da nossa economia, incentivando assim crescimento. abordada por fim a questo de como alcanar formas mais justas de socializar os retornos obtidos por meio de novas tecnologias, que foram desenvolvidas com o financiamento estatal. A autora lembra que o governo recebe benefcios, mesmo que indiretos, por esse crescimento, por meio de aumento das receitas, mas ento posto em questo: seriam esses ganhos suficientes? Formas de distribuio mais justas desses ganhos devem ser analisadas, mas um primeiro passo para que isso ocorra, de acordo como Mazzucato, a populao, os economistas e gestores polticos terem cincia dos riscos assumidos pelo estado e de sua importncia para alcanar o crescimento impulsionado pela inovao. Por fim a autora conclui sobre a socializao dos ganhos, por uma questo de inovao, precisamos de instituies sociais que garantam que aqueles que correm riscos possam colher os retornos do processo de inovao, quando bem sucedido. (For the sake of innovation, we need social institutions that enable these risk-bearers to reap the returns from the innovation process, if and when it is successful). Mazzucato ento conclui dizendo que a principal lio do texto a necessidade de desenvolver uma nova poltica industrial, que aprende com experincias passadas em que o estado tem desempenhado um papel lder, empreendedor, para alcanar o crescimento induzido pela inovao. (A core lesson of this pamphlet is the need to develop a new Faculdade de Cincias Econmicas UFMG Belo Horizonte, 12 de Maio de 2014
Universidade Federal de Minas Gerais
Avenida Antnio Carlos, 6627 Pampulha Belo Horizonte MG CEP: 31270-901 Tel.: +55 31 3409.5000 industrial policy which learns from the past experiences in which the state has played a leading, entrepreneurial, role in achieving innovation-led growth). Podemos claramente estabelecer um paralelo desse texto de Mariana Mazzucato com o livro de Ha-Joon Chang, Chutando a Escada no qual o debate central gira em torno das polticas que os pases em desenvolvimento so estimulados a adotar, e sua contradio com as politicas adotadas pelos pases desenvolvidos durante seu desenvolvimento. Chang argumenta que um dos principais pilares do desenvolvimento dos pases atualmente desenvolvidos (PAD) seria a proteo indstria nascente, sendo que esses atualmente, porm so contrrios ao estado intervencionista, que defende a indstria local. Ambos os autores ento definem o estado com uma funo intervencionista, para gerar o desenvolvimento da economia, sendo que podemos enxergar certa complementariedade entre os textos, pois quando o estado define medidas de proteo indstria nascente, uma das formas de impulsionar e fortalecer essa atravs de evoluo tcnica, nesse caso entraria em ao o argumento de Mazzucato, do estado como promotor de inovaes. Podemos tambm nos questionar se quando os pases desenvolvidos recomendam a todos a adotarem o livre mercado, eles no estariam como Chang cita em sua obra a fala de Friedrich List em O sistema nacional de economia poltica, "chutando a escada" do desenvolvimento para os pases em condies subdesenvolvidas, j que para um pas se tornar desenvolvido o domnio de tecnologias e um fator essencial. Infere-se da anlise conjunta dos dois autores ento que, baseado em seus argumentos, o estado deve sim intervir na economia com vistas a gerar crescimento/desenvolvimento, sendo que de grande destaque a importncia de uma indstria nacional forte e estabelecida, capaz de enfrentar a concorrncia externa. O governo ento deve garantir que essa chegue a esse ponto atravs de proteo dos concorrentes externos, e de maturao atravs da capacidade de gerao e manuseio de tecnologias.
Referncias: Entrepreneurial State - Mariana Mazzucato. Chutando a escada- Ha-Joon Chang