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Na Bahia, frequente dizer que se come comida de azeite, que como so denominadas as
comidas feitas com azeite-de-dend ou azeite-de-cheiro. Trata-se de ingrediente ao mesmo
tempo difcil de usar e delicioso, quando empregado com a sabedoria ancestral, de origem
sagrada, nascida nas cozinhas de santo da frica negra.
Originria da costa ocidental da frica, mais precisamente do Golfo da Guin e das florestas
tropicais da costa da Libria at Angola, onde chamada dem-dem, a palmeira do dend foi
introduzida e naturalizada em todas as regies tropicais do globo. Consta que, bem antes
disso, o leo do dend j era apreciado nas cortes dos faras do Egito h 5 mil anos.
De acordo com Pio Corra, as primeiras sementes do dendezeiro foram trazidas para o Brasil
h quase quatro sculos, incontestavelmente pelos escravos africanos. Ou seja, o dend foi
mais uma entre tantas outras importantes iguarias que os africanos trouxeram para a Amrica,
tais como as bananas, os quiabos, os inhames, o coco, a erva-doce, o gergelim e algumas
pimentas.
Cmara Cascudo afirma que, como era costume na frica, rara seria a iguaria negra sem a
participao do azeite-de-dend, dando cor, aroma e sabor peculiares aos preparados da
cozinha nacional. Nascida da saudade dos escravos por sua terra natal, no calor dos foges
mulatos e mestios, em todo o Brasil e especialmente na Bahia, forjou-se uma culinria de
adaptao franca e engenhosa. Ao receiturio de ovos e de azeite doce de oliva portugus,
agregou-se o azeite-de-dend africano, o coco e o leite de coco trazido das ndias, a mandioca
indgena e os frutos e frutas da terra.