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DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
I – INTRODUÇÃO
Demonstrações Financeiras (terminologia usada pela Lei 6.404/76 – Lei das SA),
Demonstrações Contábeis (preferida pelos contadores) ou Informes Contábeis são relatórios
emitidos pela contabilidade que evidenciam, de forma resumida, as transações desenvolvidas
pelas empresas durante determinado período de tempo, como também a situação patrimonial
das mesmas até a data da publicação destes relatórios.
No Brasil, a Lei das S.A. estabelece que, ao fim de cada exercício social (12 meses), a
diretoria fará elaborar (e deverá publicar) com base na escrituração contábil, as
Demonstrações Contábeis. As Sociedades Anônimas de Capital Aberto e a Instituições
Financeiras, entretanto devem publicá-las semestralmente. Podemos observar que o exercício
social pode não coincidir com o ano civil, embora na maioria dos casos isso aconteça (até
mesmo para facilitar publicações, mesmo porque na legislação do Imposto de Renda, o
exercício social deve coincidir com o ano civil).
II – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Faremos a partir de agora um resumo das Demonstrações Contábeis, evidenciando
suas funções, forma, e principais informações contidas nestes informes. Será feita também
uma comparação entre o que à legislação anterior a dezembro de 2007 e a mais nova
legislação (Lei 11.941 de 27 de maio de 2009) que trata da internacionalização da
contabilidade com a adequação da legislação brasileira aos padrões internacionais de
contabilidade.
DISPONÍVEL
DIREITOS DE CURTO PRAZO
CIRCULANTE
ESTOQUES
DESPESAS ANTECIPADAS
ATIVO
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
NÃO CIRCULANTE IMOBILIZADO
INVESTIMENTO
INTANGÍVEL
CIRCULANTE
PASSIVO
NÃO CIRCULANTE
CAPITAL
RESERVAS DE CAPITAL
AJUSTES DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL
RESERVA LEGAL
PATRIMÔNIO
LÍQUIDO RESERVA PARA INCENTIVOS FISCAIS
RESERVAS
DE LUCROS RESERVA ESTATUTÁRIA
RESERVA PARA INVESTIMENTOS
ETC...
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Após este detalhamento, iremos abordar cada um dos itens acima evidenciando quais
contas devemos registrar em cada um dos grupos:
1.1. ATIVO CIRCULANTE – registramos todos os itens que possuem a característica de
grande rotatividade dentro da empresa. No circulante se destacam 4 (quatro) grupos:
disponível, direitos de curto prazo, estoques e despesas antecipadas.
DISPONÍVEL – devemos registrar neste grupo, as disponibilidades imediatas da
empresa. Dentre elas podemos citar: Caixa, Bancos Conta Movimento, Aplicações de
Liquidez Imediata...
DIREITOS DE CURTO PRAZO – registramos neste grupo os direitos de curto prazo da
empresa, ou seja, tudo que tem a receber no curto prazo. Cabe ressaltar como observação o
conceito de Curto Prazo em Contabilidade.
Curto Prazo corresponde ao período de 12 meses ou ao ciclo operacional (período em
que a empresa executa toda sua operação - da compra do produto à sua venda e
recebimento), valendo sempre aquele que for maior. Como exemplo, podemos citar: se o
ciclo operacional da empresa for maior que 12 meses (15 meses, por exemplo), o curto
prazo será 15 meses, se o ciclo operacional da empresa for menor que 12 meses (9 meses,
por exemplo), o curto prazo será 12 meses. Observe que vale sempre aquele que for maior.
15 meses na primeira situação e 12 meses na segunda.
1.1.3. ESTOQUES – registramos neste grupo todos os estoques que a empresa possui,
seja de mercadorias, de materiais de consumo, de matéria-prima, de produtos em
elaboração, de produtos elaborados ou quaisquer outros tipos de estoques (representados
pela existência de almoxarifado).
1.1.4. DESPESAS ANTECIPADAS – as despesas antecipadas representam consumos
não relacionados exclusivamente ao período de sua ocorrência, motivo pelo qual não
podemos considerá-los como despesa do período (Princípio da Competência e
Confrontação), devendo, portanto ativa-los para transferi-los para despesa somente no
período de sua Competência. Ressalte-se que nas despesas antecipadas pode-se identificar
de forma objetiva o momento de sua baixa para despesa e o quanto deve ser baixado a
cada período.
1.2. ATIVO NÃO CIRCULANTE – grupo criado pela Lei 11.941/09 e registra todas as
operações de longo prazo da empresa. Uma alteração da lei é a união do ativo Realizável de
Longo Prazo e Permanente num único grupo que é o não circulante.
1.2.2 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO – aqui são registradas todas as transações
com vencimento previsto para o longo prazo. Conceitua-se longo prazo o período
superior a 12 meses ou ao ciclo operacional, quando este for maior.
1.2.2 INVESTIMENTOS – devemos agrupar neste item todos os investimentos que a
empresa faz de forma permanente, sem, entretanto servirem a sua atividade
operacional. Portanto, um terreno que a empresa adquira e que não servirá a sua
atividade principal, deve ser registrado aqui neste grupo, entretanto se este
mesmo terreno servir para a atividade principal da empresa (construir sua
sede, por exemplo) NÃO podemos registrar no permanente - investimentos.
Registramos também neste grupo, ações de outras empresas adquiridas, sem a
intenção de revenda, dentre outras transações. O que vai identificar se devemos ou
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não registrar uma transação neste grupo e sua característica de longa permanência
dentro da empresa e sua não relação com a atividade principal que a empresa
desenvolve.
1.2.3 IMOBILIZADO – devemos registrar neste grupo todos os itens que servem à
atividade principal da empresa, ou seja, os móveis, imóveis, equipamentos,
utensílios, veículos, etc. Aqui devem ser registradas todas as transações que
envolvem a atividade principal da entidade contábil.
1.2.4 INTANGÍVEL - registram-se aqui todos os bens e direitos de natureza imaterial
para a entidade. Este grupo do não circulante foi criado pela Lei nº. 11.638 de 31
de dezembro de 2007 e ratificado pela Lei nº. 11.941 de 27 de maio de 2009. Com
a criação deste grupo todos os bens e direitos intangíveis que antes eram
classificados em outros grupos do antigo ativo permanente foram transferidos para
o ativo não circulante intangível, ressalte-se que as transações antes registradas no
ativo permanente diferido, agora são registradas no ativo não circulante intangível.
2. PASSIVO – O Passivo registra toda e qualquer obrigação da empresa e divide-se em dois
grupos, a saber:
2.1. PASSIVO CIRCULANTE – no Passivo Circulante registramos todas as obrigações
com vencimento no curto prazo. Torna-se adequado que o contador, ao elaborar o plano de
contas de uma empresa, procure dispor as obrigações em grupos semelhantes (chamamos este
procedimento de segregação contábil). Por exemplo, os impostos, os encargos sociais, os
fornecedores, etc.
2.2. PASSIVO NÃO CIRCULANTE – registram-se aqui, todas as obrigações com
vencimento no longo prazo.
Cabe ressaltar aqui que a lei anterior previa a existência de um grupo denominado
Resultado de Exercícios Futuros, que por sua natureza incompatível com a classificação a
nova Lei fez a correção e eliminou este grupo da evidenciação no Balanço Patrimonial.
3. PATRIMÔNIO LÍQUIDO – O Patrimônio Líquido, Recursos Próprios ou Capital Próprio
registra todos os recursos de propriedade da empresa, ou seja, os recursos aplicados na
atividade sob a forma de bens ou direitos (ATIVO). Estes recursos podem estar representados
de diversas formas, caracterizando-se assim os elementos que compõem o Patrimônio
Líquido. Sendo assim, temos:
3.1. CAPITAL SOCIAL – registramos neste item o valor investido inicialmente pelos sócios
da empresa como também todos os aumentos de capital que os mesmos fizerem durante a
existência da empresa. Podemos inserir junto ao Capital Social a conta Capital a Integralizar
ou a Realizar, que representa a parcela do Capital Social ainda não integralizada pelos sócios.
Vale ressaltar que a conta Capital a Integralizar ou a Realizar é uma conta redutora da conta
Capital Social.
3.2. RESERVAS DE CAPITAL – as Reservas de Capital servem para registrar acréscimos
de recursos próprios não relacionados com a atividade principal (lucros) ou com aumentos de
capital. Um exemplo clássico deste tipo de reserva são as doações que a empresa recebe. Elas
representam um aumento da quantidade de recursos para investir na empresa, sem que tenham
se originado de lucros da atividade ou de recursos extraordinários que os proprietários
resolveram investir na empresa.
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O Art. 200 da Lei 11.941/09 expressa que as reservas de capital somente poderão ser
utilizadas para:
I - absorção de prejuízos que ultrapassarem os lucros acumulados e as
reservas de lucros (artigo 189, parágrafo único);
II - resgate, reembolso ou compra de ações;
III - resgate de partes beneficiárias;
IV - incorporação ao capital social;
V - pagamento de dividendo a ações preferenciais, quando essa vantagem
lhes for assegurada (artigo 17, § 5º).
Parágrafo único. A reserva constituída com o produto da venda de partes
beneficiárias poderá ser destinada ao resgate desses títulos.
3.4. RESERVAS DE LUCROS – registramos neste grupo as parcelas de lucros que ficarão
retidas na empresa (não distribuídas aos sócios sob a forma de dividendos) indicando em que
devem ser aplicadas. Exemplos de reservas de lucros: Reserva Legal, Reserva Estatutária,
Reserva para Investimentos, dentre outras.
3.4.1 RESERVA LEGAL – esta reserva é tratada no art. 193 da Lei nº 6.404/76 e, como
o próprio nome indica, esta reserva é instituída por Lei e tem por objetivo a proteção do
patrimônio. A empresa deverá fazer esta reserva no valor de 5% do lucro líquido do
exercício. Entretanto o acumulado, ou seja, o saldo desta conta não deve ser superior a
20% do Capital Social ou quando somada as Reservas de Capital, atingir 30% do Capital
Social. Ocorrendo este fato, pode-se deixar de constituir esta reserva ou efetuar um
aumento de capital usando a mesma. Lei determina que a utilização desta reserva está
restrita a duas situações: a primeira é seu uso para aumento de capital, e a segunda é na
compensação de prejuízos acumulados, sendo que, no último caso não deve haver mais
nenhum saldo em quaisquer das reservas de lucros e ainda houver saldo de prejuízos
acumulados. (parágrafo único do art. 189 da Lei 6.404/76).
A Lei expressa da seguinte forma o enunciado acima:
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Art. 193. Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por cento) serão aplicados,
antes de qualquer outra destinação, na constituição da reserva legal, que não
excederá de 20% (vinte por cento) do capital social.
§ 1º A companhia poderá deixar de constituir a reserva legal no exercício em
que o saldo dessa reserva, acrescido do montante das reservas de capital de que
trata o § 1º do artigo 182, exceder de 30% (trinta por cento) do capital social.
§ 2º A reserva legal tem por fim assegurar a integridade do capital social e
somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou aumentar o capital.
Saldo em 31.12.x1
Aumento de Capital:
Reversões de Reservas:
de contingências
de lucros a realizar
Proposta da Administração de
Destinação do Lucro:
Reserva legal
Reserva estatutária
Saldo em 31.12.X2
A Lei 6.404/76 dispõe no art. 186 os componentes deste Relatório Contábil, a saber:
A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados discriminará:
I - o saldo do início do período, os ajustes de exercícios anteriores e a
correção monetária do saldo inicial;
II - as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício;
III - as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros
incorporada ao capital e o saldo ao fim do período.
§ 1º Como ajustes de exercícios anteriores serão considerados apenas os
decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro
imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos
subseqüentes.
§ 2º A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o
montante do dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na
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demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela
companhia.
ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS
ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO
Inicial Final
Disponibilidade 140.907,80 1 88.028,74
Aplicações Interfinanceira de Liquidez - -
Títulos e Valores Mobiliários 17.704.022,85 3 7.239.696,32
Relações Interfinanceiras - -
Total de Caixa e equivalente de Caixa 17.844.930,65 37.427.725,06
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6 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO – Esta demonstração evidencia,
de forma sintética, os valores correspondentes à formação da riqueza gerada pela empresa em
determinado período e sua respectiva distribuição
.
A riqueza gerada pela empresa, medida no conceito de valor adicionado, é calculada a
partir da diferença entre o valor de sua produção e o dos bens e serviços produzidos por
terceiros utilizados no processo de produção da empresa.
A utilização do DVA como ferramenta gerencial pode ser resumida da seguinte forma:
1) como índice de avaliação do desempenho na geração da riqueza, ao medir a eficiência da
empresa na utilização dos fatores de produção, comparando o valor das saídas com o valor das
entradas, e
2) como índice de avaliação do desempenho social à medida que demonstra, na distribuição da
riqueza gerada, a participação dos empregados, do Governo, dos Agentes Financiadores e dos
Acionistas.
O valor adicionado demonstra, ainda, a efetiva contribuição da empresa, dentro de uma
visão global de desempenho, para a geração de riqueza da economia na qual está inserida,
sendo resultado do esforço conjugado de todos os seus fatores de produção..
Modelo de DVA
em R$ mil 20X1 20X2
DESCRIÇÃO
1-RECEITAS
1.1) Vendas de mercadoria, produtos e serviços
1.2) Provisão p/devedores duvidosos – Reversão/(Constituição)
1.3) Não operacionais
2-INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (inclui ICMS e IPI)
2.1) Matérias-Primas consumidas
2.2) Custos das mercadorias e serviços vendidos
2.3) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros
2.4) Perda/Recuperação de valores ativos
3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)
4 – RETENÇÕES
4.1) Depreciação, amortização e exaustão
5 –VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4)
6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA
6.1) Resultado de equivalência patrimonial
6.2) Receitas financeiras
7 – VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)
8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO
8.1) Pessoal e encargos
8.2) Impostos, taxas e contribuições
8.3) Juros e aluguéis
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8.4) Juros s/ capital próprio e dividendos
8.5) Lucros retidos / prejuízo do exercício
* O total do item 8 deve ser exatamente igual ao item 7.