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Realidade Étnica do Estado de Goiás

REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL


HISTÓRICA, GEOGRÁFICA, CULTURAL
POLÍTICA E ECONÔMICA DO
ESTADO DE GOIÁS E DO BRASIL
SUMÁRIO
1. Formação econômica de Goiás: a mineração no século XVIII, a agrope-
cuária nos séculos XIX e XX, a estrada de ferro e a modernização da eco-
nomia goiana, as transformações econômicas com a construção de Goiâ-
nia e Brasília, industrialização, infraestrutura e planejamento..........4/5/7/9
2. Modernização da agricultura e urbanização do território goiano..............11
3. População goiana: povoamento, movimentos migratórios e densidade
demográfica...........................................................................................3/14
4. Economia goiana: industrialização e infraestrutura de transportes e comu-
nicação......................................................................................................14
5. As regiões goianas e as desigualdades regionais......................................16
6. Aspectos físicos do território goiano: vegetação, hidrografia, clima e rele-
vo.................................................................................................................3
7. Aspectos da história política de Goiás: a independência em Goiás, o coro-
nelismo na República Velha, as oligarquias, a Revolução de 1930, a ad-
ministração política de 1930 até os dias atuais.........................................16
8. Aspectos da História Social de Goiás: o povoamento branco, os grupos
indígenas, a escravidão e cultura negra, os movimentos sociais no campo
e a cultura popular.....................................................................................21
9. Atualidades econômicas, políticas e sociais do Brasil, especialmente do
Estado de Goiás.........................................................................................22

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Realidade Étnica do Estado de Goiás

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Realidade Étnica do Estado de Goiás
REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, HISTÓRICA, pontos, forma o divisor de águas entre as bacias do Para-
GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E ECO- naíba e do Tocantins. É a mais elevada unidade de relevo
NÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS. de toda a região Centro-Oeste. O planalto cristalino do
Araguaia-Tocantins ocupa o norte do estado. Tem altitu-
1. ASPECTOS GERAIS
des mais reduzidas, em geral de 300 a 600 m. O planalto
O Estado de Goiás, situado a Leste da Região Cen- sedimentar do São Francisco, representada pela serra Ge-
tro-Oeste, possui uma área de 340.103.467 km², corres- ral de Goiás (no passado dito “Espigão Mestre”), vasto
pondendo 3,99% da área do território nacional e 21,17% chapadão arenítico, caracteriza a região nordeste do es-
da área da Região Centro-Oeste, sendo assim o segundo tado, na região limítrofe com a Bahia. O planalto sedi-
maior estado da região. Tem como Capital a cidade de mentar do Paraná, extremo sudoeste do estado, é consti-
Goiânia. tuído por camadas sedimentares e basálticas ligeiramente
inclinadas, de que resulta um relevo de grandes planuras
De acordo com o censo 2010, realizado pelo IBGE, a escalonadas. A planície aluvial do médio Araguaia, na
população do Estado está assim distribuída: região limítrofe de Goiás e Mato Grosso, tem o caráter
 Total: 6.003.788 habitantes de ampla planície de inundação, sujeita a deposição pe-
 Homens: 2.981.542 riódica de aluviões.
 Mulheres: 3.022.503
Clima
 Urbana: 5.421.069
 Rural: 582.976 Dois tipos climáticos caracterizam o estado de Goiás:
 Densidade demográfica: 17,65 hab/km² o tropical, com verões chuvosos e invernos secos; e o
Fonte: IBGE 2012
tropical de altitude. O primeiro domina a maior parte do
estado. As temperaturas médias anuais variam entre
O Estado encontra-se subdividido em 246 municí- 23ºC, ao norte, e 20ºC, ao sul. Os totais pluviométricos
pios, 18 microrregiões e 5 mesorregiões. oscilam entre 1.800 mm, a oeste, e 1.500 mm, a leste,
Tem como limites geográficos: com forte contraste entre os meses de inverno, secos, e
os de verão, chuvosos.
 ao Norte: o Estado do Tocantins;
 a Leste: o Estado da Bahia; O clima tropical de altitude aparece apenas na região
 a Leste e Sudeste: o Estado de Minas Gerais; do alto planalto cristalino (área de Anápolis, Goiânia e
 ao Sul com os Estados de Minas Gerais e Mato Distrito Federal), onde, por efeito da maior altitude, se
Grosso do Sul; registram temperaturas em geral mais baixas, embora o
 a Sudoeste: o Estado de Mato Grosso do Sul; regime pluvial conserve a mesma oposição entre as esta-
 a Oeste: o Estado de Mato Grosso. ções chuvosa de verão e seca de inverno.

Dentro do polígono geográfico do seu território en- Hidrografia


contra-se o Distrito Federal. A rede hidrográfica divide-se em duas bacias: uma
Goiás delas é formada pelos rios que drenam para o rio Paraná;
a outra, pelos que escoam para o Tocantins ou para seu
Principal estado da região Centro-Oeste, com uma afluente, o Araguaia. O divisor de águas entre as duas
superfície de 340.103.467 km², o estado de Goiás limita- bacias passa pelo centro do estado e o atravessa de leste
se ao norte com o estado de Tocantins; a leste com a Ba- a oeste. O limite oriental de Goiás segue o divisor de
hia e Minas Gerais; ao sul com Mato Grosso do Sul e águas entre as bacias dos rios Tocantins e São Francisco
Minas Gerais; e a oeste com Mato Grosso. Sua capital é e o divisor de águas entre as bacias do Tocantins e do Pa-
Goiânia. Em seu território encontra-se encravado o Dis- ranaíba. Todos os rios apresentam regime tropical, com
trito Federal. cheias no semestre de verão, estação chuvosa.
2. ASPECTOS FÍSICOS Flora e fauna
Geologia e relevo. A maior parte do território de Goiás é recoberta por
vegetação característica do cerrado. As matas, embora
A maior parte do território goiano se caracteriza pelo
pouco desenvolvidas espacialmente, têm grande impor-
relevo suave das chapadas e chapadões, entre 200 e
tância econômica para o estado, de vez que constituem
1.200 m de altitude. Consistem de grandes superfícies
as áreas preferidas para a agricultura, em virtude da mai-
aplainadas, talhadas em rochas cristalinas e sedimenta-
or fertilidade do solo, em comparação com os solos do
res. Cinco unidades compõem o quadro morfológico
cerrado.
goiano:
A principal mancha florestal do estado se encontra no
 o alto planalto cristalino;
centro-norte, na região chamada do Mato Grosso de Goi-
 o planalto cristalino do rio Araguaia-Tocantins;
ás, situada a oeste de Anápolis e Goiânia. Essa área flo-
 o planalto sedimentar do São Francisco;
restal é de grande relevância econômica porque apresen-
 o planalto sedimentar do Paraná; e
ta solos férteis, derivados de rochas efusivas. Entre as
 a planície aluvial do médio Araguaia.
espécies vegetais predominantes estão o jatobá, a pal-
O alto planalto cristalino situa-se na porção leste de meira guariroba, que fornece um palmito amargo muito
Goiás. Com mais de mil metros de altitude em alguns

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apreciado no estado, o óleo vermelho, ou copaíba, o ja- 3. FORMAÇÃO ECONÔMICA DE GOIÁS: A
carandá e a canela. MINERAÇÃO NO SÉCULO XVIII, A AGROPE-
CUÁRIA NOS SÉCULOS XIX E XX, A ESTRADA
Outras manchas florestais ocorrem nos vales dos rios
DE FERRO E A MODERNIZAÇÃO DA ECONO-
Paranaíba, ao sul; Tocantins, a leste; e Araguaia, a oeste.
MIA GOIANA, AS TRANSFORMAÇÕES ECO-
Boa parte dessas matas, especialmente no vale do rio
NÔMICAS COM A CONSTRUÇÃO DE GOIÂNIA
Araguaia, assume uma forma de transição entre o cerra-
E BRASÍLIA, INDUSTRIALIZAÇÃO, INFRAES-
do e a floresta denominada cerradão. Ocorrem aí espé-
TRUTURA E PLANEJAMENTO.
cies arbóreas freqüentes na área do Mato Grosso de Goi-
ás e outras, como o angico, a aroeira e a sucupira- 3.1. FORMAÇÃO ECONÔMICA DE GOIÁS: A
vermelha. Nas áreas dominadas pelo cerrado ocorrem as MINERAÇÃO NO SÉCULO XVIII, A AGROPE-
espécies típicas: lixeira, lobeira, pau-terra, pequi, pau-de- CUÁRIA NOS SÉCULOS XIX E XX,
colher-de-vaqueiro, pau-de-santo, barbatimão, quineira-
O Brasil constitui-se, no período colonial, em colônia
branca e mangabeira.
de exploração, ou seja, sua organização econômica visa-
A fauna de Goiás tem diversas espécies ameaçadas va abastecer o mercado da metrópole e seus interesses.
de extinção, quer pela ação predatória dos caçadores, Desde cedo nossa economia se baseou no tripé: Lati-
quer pelas queimadas e pelo envenenamento do solo com fúndio, monocultura e escravidão negra.
agrotóxicos. Estão entre elas o lobo-guará, o cachorro-
A economia então se caracterizava por ciclos econô-
do-mato-vinagre, o tamanduá-bandeira, o veado-
micos: primeiro o do pau-brasil, seguindo-se o do açúcar
campeiro, o tatu-canastra, a ariranha e o cervo. Outras
e depois o do ouro. Imperava o pacto colonial – espécie
espécies são a paca, a anta, o tatu-peludo, o tatu-galinha,
de acordo implícito entre metrópole e colônia – que ti-
o tamanduá-mirim, a lontra, o cachorro-do-mato, a rapo-
nha, como regra, que a colônia produziria o que a metró-
sa-do-campo, a capivara, a onça, a suçuarana, a onça-
pole necessitava e nunca concorreria com a metrópole,
pintada, o bugio, a jaguatirica e diversos tipos de serpen-
isso facilitava o processo de acumulação de capital e tor-
tes, como a sucuri e a jibóia. Também entre as aves há
nava a economia brasileira complementar.
espécies em extinção, como o tucano-rei, o urubu-rei e
a arara-canindé. Há ainda várias espécies de tucanos e A base política fundamentou-se na centralização ad-
araras, além de perdizes, emas, codornas, patos- ministrativa, primeiro com as Capitanias Hereditárias e
selvagens, pombas-de-bando, pombas-trocazes, jaós, depois com a implantação do Governo Geral, que acabou
mutuns e seriemas. por consolidar o pacto colonial, já que não promovia a
autonomia da colônia.
População
Durante os séculos XVI e XVII, as regiões interiora-
A região Centro-Oeste caracteriza-se pela baixa con-
nas do país permaneceram quase no esquecimento. O li-
centração demográfica. No entanto, a partir da implanta-
toral produzia o açúcar devido ao seu clima e solo propí-
ção de Brasília e da descoberta dos cerrados como nova
cios e facilitava o transporte da mercadoria. O açúcar ti-
fronteira econômica, em etapas diferentes, dirigiram-se
nha mercado consumidor garantido e tornou-se nosso
para Goiás grandes fluxos de migrantes, sobretudo das
principal produto de exportação.
cidades muito populosas ou das regiões mais pobres do
país, em busca de ocupação ou de novas opções de vida. O declínio do açúcar se deu depois da invasão holan-
A ocupação de mão-de-obra na montagem da infra- desa, quando os holandeses começaram a produzir nas
estrutura do estado – rodovias e hidrelétricas – e na ins- Antilhas e nosso produto perder mercado, mas para Por-
talação de novas indústrias permitiu que essa ocupação tugal a descoberta do ouro veio substituir em bom tempo
se desse de maneira mais organizada, sem formar os bol- o produto perdido.
sões de miséria e de populações marginais típicos das
grandes capitais brasileiras. Com o desmembramento A conquista do interior se deu através das bandeiras –
expedições organizadas por particulares que desbrava-
que deu origem ao estado de Tocantins, em 1988, a po-
vam o interior a procura de ouro, negros fugitivos e ín-
pulação de Goiás reduziu-se, mas manteve suas taxas de
dios para escravizar.
crescimento e de densidade demográfica. Verifica-se
maior concentração populacional na região central do es- A fase de conquista do território de Goiás ocorreu no
tado, a oeste do Distrito Federal. contexto do ciclo do ouro onde se desenvolveram ban-
deiras para verificar as reais possibilidades econômicas
A palavra Goiás, originada do tupi, que designa a no-
da região.
ção de “pessoas iguais, da mesma raça, parentes”, bem
se aplica à solidariedade e ao espírito comunitário do po- A época do ouro em Goiás foi intensa e breve. Após
vo goiano, comprovados pelas obras sociais abundantes 50 anos do seu início, verificou-se a decadência rápida e
em praticamente todas as cidades do estado, destinadas a completa da mineração. Por outro lado, só se explorou o
socorrer a população carente. ouro de aluvião e a técnica empregada foi rudimentar.
Com o descobrimento do ouro no Brasil (século
XVII), os territórios das minas deveriam dedicar-se ex-
clusivamente à produção de ouro, sem desviar esforços
na produção de outros bens, que poderiam importar. Isto
explica o pouco desenvolvimento da lavoura e da pecuá-
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ria em Goiás nesta época. Goiás foi o segundo produtor  havia uma carência de mão-de-obra escrava;
de ouro no Brasil, mas bastante inferior a Minas Gerais.  a administração local era ineficiente;
A maior concentração aurífera deu-se em torno das ser-  os interesses escusos do governo central;
ras dos Pirineus e Dourada.  o esgotamento das minas de superfície.
Em Goiás o ouro era explorado superficialmente, Ao se evidenciar a decadência do ouro, várias medi-
sem nenhuma especialização. Viver aqui neste período das administrativas foram tomadas, mas sem alcançar
era muito arriscado em razão dos altos preços dos produ- nenhum objetivo, nem resultado satisfatório.
tos, todos importados, inclusive o escravo. Duas formas
A economia do ouro afetou a sociedade goiana, so-
principais de imposto eram cobradas: a capitação e o
bretudo na forma de ruralização e regressão a uma eco-
quinto (imposto equivalente a 20% da produção).
nomia de subsistência. Algumas consequências da deca-
Havia duas casas de fundição na Capitania de Goiás, dência da mineração:
uma em Vila Boa e outra em São Félix (as casas de fun-
 diminuição da importação e comércio exteri-
dição foram criadas para evitar o contrabando, já que
or;
fundiam o ouro em barra, tirando os impostos. Só ouro
 diminuição dos impostos e da mão-de-obra
em barra poderia circular na colônia).
empregada;
Goiás foi "descoberto" pelos paulistas que desceram  redução do comércio interno;
os rios procurando novos veios e era um terreno perten-  economia em regressão;
cente à capitania de São Paulo, até 1749, quando tornou-  ruralização progressiva;
se capitania independente, sendo dirigida pelo então go-  estagnação de cidades e vilas.
vernador e capitão geral, Conde dos Arcos.
O desenvolvimento da agricultura torna-se necessá-
A sociedade que se estrutura nas minas é caracteriza- rio, não só para abastecer o mercado interno, mas tam-
da pelo relaxamento dos costumes e pelos fugitivos por bém como veículo de intensificação do comércio exter-
dívidas ou por passado criminal que ali se refugiam. Os no.
casamentos são raros, predominam as ligações livres. O
Da instalação da corte portuguesa no Rio de Janeiro à
grande número de escravos e a falta de mulheres brancas
independência (1808-1822), a política geral delineia-se
conduzem à uma natural miscigenação com as negras.
rumo à integração e valorização dos domínios portugue-
Assim os brancos representam uma minoria no contexto
ses: objetiva-se desenvolver as capitanias do Centro-
populacional. É proibido o casamento entre brancos e in-
Oeste através da programação do aproveitamento técnico
dígenas, impedindo assim uma maior miscigenação.
das vias fluviais, das técnicas agropastoris e da pacifica-
A distinção fundamental era de homens livres e es- ção do indígena como mão-de-obra.
cravos. No início da colonização, os escravos predomi-
Novo surto territorial se processa, determinado por
navam em número, com a decadência da mineração, os
algumas novas descobertas agrícolas, progresso da pecu-
escravos diminuíram bastante, mas ainda assim a popu-
ária e pela necessidade de conter o indígena. Fracassam
lação continuava composta por negros e mulatos na sua
as sucessivas tentativas de incremento da atividade mer-
maioria.
cantil, seja pela carência de capital, seja pelas dificulda-
Ao tempo da descoberta, eram numerosas as tribos de des geográficas ou pela natureza dos produtos, que não
índios em Goiás, cobrindo todo o seu território. As mais atraem comerciantes mais interessados.
importantes eram: Caiapós, Xavante, Goiá, Crixá, Cara-
No Período monárquico busca-se uma solução para
já, Acroa, Xerente, etc.
os problemas financeiros e a pacificação social. A pecuá-
Durante o período da mineração, as relações entre ín- ria passa a representar o sustentáculo econômico da pro-
dios e mineiros foram exclusivamente guerreiras e de víncia, motivando novas migrações para o centro-oeste:
mútuo extermínio, onde os índios permaneciam à mar- baianos, maranhenses, piauienses, mineiros e paulistas.
gem da sociedade sob todos os aspectos. Desenvolve-se a indústria de couros. A província terá um
lento progresso, que não chega a representar dinamiza-
Atualmente a população indígena está reduzida ape-
ção em sentido global.
nas a alguns grupos remanescentes, que vivem na misé-
ria, sofrendo alterações profundas na sua cultura, modo Os fatores responsáveis pelo desenvolvimento da pe-
de produção, além de perderem quase totalmente as suas cuária em Goiás foram:
terras.
 a província contava com terras devolutas e pasta-
A inexistência de uma agricultura capaz de acompa- gens nativas;
nhar o rápido crescimento populacional da região e o di-
 a atividade absorvia pouca força de trabalho;
fícil transporte de suprimentos de outras regiões do país,
levaram a um extraordinário aumento dos preços dos gê-  o dispêndio do capital fixo era pequeno, pois a ex-
neros alimentícios e a surtos periódicos de fome. pansão do rebanho se fazia de através do processo natu-
ral de reprodução;
A decadência da mineração em Goiás se deu devido a
um conjunto de fatores:  o gado era uma mercadoria capaz de transportar-se
a si mesma.
 as técnicas utilizadas eram rudimentares;

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dor, com 234 km de extensão, formou a nova Estrada de
Ferro Goiás.
3.2. A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA DE FER-
RO DE GOIÁS E SUA IMPORTÂNCIA Até 1952, a “Goiás”, percorria com os seus trilhos,
aproximadamente, 480 km, chegando ao seu ponto mais
As primeiras manifestações contundentes em favor
distante em Goiânia. No total, 30 estações serviam à Es-
de dotar o Estado de Goiás de um meio de transporte fer-
trada, onde se destacavam as de Araguari, Amanhece,
roviário, à altura das necessidades locais, aconteceram,
Ararapira, Anhanguera, Goiandira (ponto de ligação com
na verdade, em 1890. O Decreto n. 862 de 16/10/1890
a Rede Mineira), Ipameri, Roncador, Pires do Rio, Enge-
concretizou o primeiro Plano Ferroviário com as rotas a
nheiro Balduíno, Vianópolis, Leopoldo de Bulhões, Aná-
serem construídas.
polis e Goiânia.
Em 1896, o Triângulo Mineiro recebeu os trilhos da
Ao discorrer a respeito das alterações no comércio
Estrada de Ferro Mogiana, ficando acertado que a cidade
regional, provocadas pela chegada dos trilhos da estrada
de Araguari seria a sede do que anos depois viria a ser a
em território goiano, fica evidenciado o seu importante
“Goiás”, facilitando-se a integração econômica entre os
papel econômico. As cidades de Goiás, servidas pelos
estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Assim, a
trilhos, substituíram Araguari no domínio da economia
Cia Mogiana de Estradas de Ferro e Navegação foi uma
local, tornando-se significativos centros comerciais do
das componentes da malha ferroviária estendida na regi-
estado e controlando, assim, o comércio regional. Ara-
ão do Triângulo Mineiro, ainda nos últimos anos do sé-
guari, que passara a dominar o comércio do estado a par-
culo passado (1896). Dentro de outro processo e após di-
tir de 1896, é alcançada pelos trilhos da Mogiana, mas
vergências políticas, foi determinado, pelo Decreto n.
depois de 1915 perdeu grande parte deste domínio para
5.394, de 18/10/1904, que o ponto inicial daquela que
as cidades do sudeste goiano.
viria a ser, então, a Estrada de Ferro Goiás, seria na cida-
de de Araguari e, o seu terminal, na capital de Goiás. Atualmente, o território goiano é servido por 685 km
de trilhos, pertencentes à Ferrovia Centro-Atlântica
Para Goiás, a presença da Estrada de Ferro em seu
(FCA), subsidiária da VALE e sucessora da antiga Estra-
solo é também o resultado de um grande esforço feito
da de Ferro Goiás e da Rede Ferroviária Federal. Essa
por alguns representantes da classe política e intelectual
concessionária ferroviária percorre com seus trilhos a re-
da região. Todavia, é preciso assinalar que a ferrovia cor-
gião sudeste do estado, passando por Catalão, Ipameri,
tava o cerrado goiano em função dos interesses do siste-
Leopoldo de Bulhões, chegando até Anápolis, Senador
ma capitalista de produção, ou seja, ela nasceu de fora
Canedo e indo até a Capital Federal. A Centro-Atlântica
para dentro do estado. Nesse sentido, os principais apoi-
promove o escoamento de boa parte da produção eco-
adores políticos locais foram os Srs.
nômica goiana, embora tenha sua capacidade de trans-
Henrique Silva, Leopoldo de Bulhões e o Marechal porte limitada. A Ferrovia Centro-Atlântica, em seus
Urbano Coelho de Gouvea. A formação da Companhia 7.080 km de linhas, abrange os estados de Sergipe, Ba-
Estrada de Ferro Goiás, em 3 de março de 1906, tinha hia, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais
caráter privado e era apoiada pelo Governo Federal, pelo e o Distrito Federal. A FCA interliga-se as principais fer-
Decreto n. 5.949, do então Presidente da República, Ro- rovias brasileiras e os importantes portos marítimos de
drigues Alves. A Estrada de Ferro surgiu como uma al- Salvador (BA), Aratu (BA) e Angra dos Reis (RJ), além
ternativa para romper o estrangulamento da economia de Pirapora (MG) e Juazeiro (BA), no Rio São Francis-
goiana quanto à sua demanda por um meio de transporte co. A frota atual compõe-se, aproximadamente, de
que viesse atender as necessidades de escoamento de sua 12.000 vagões e 500 locomotivas.
produção. Em 28 de março de 1906, a Estrada recebeu
Os principais produtos transportados pela FCA são
esse nome – Estrada de Ferro Goiás – através do Decreto
álcool, derivados de petróleo, calcário, produtos siderúr-
Federal n. 5.949, pois até então ela se denominava Estra-
gicos, soja, farelo de soja, concreto, bauxita, ferro gusa,
da de Ferro Alto Tocantins, autorizada para construir e
clinquer, fosfato, cal e produtos petroquímicos. A FCA
explorar o trecho de Catalão a Palmas, objetivando ligar,
tornou-se uma concessionária do transporte ferroviário
então, a capital de Goiás a Cubatão, e estas à Rede Fer-
de cargas em setembro de 1996, a partir do processo de
roviária do país.
desestatização da Rede Ferroviária Federal (RFFSA).
Os trabalhados de construção da Estrada de Ferro
Em Goiás o transporte rodoviário é o responsável pe-
Goiás, em solo goiano, tiveram início em 27 de maio de
lo volume mais expressivo de cargas, contando com uma
1911, dois anos após o começo da implantação do trecho
malha de 89.000 km onde, aproximadamente 11.400 km
localizado na cidade de Araguari, no marco zero da fer-
são pavimentados. Em face desse total de vias, os trilhos
rovia. Já em 1912, as obras avançaram 80 quilômetros,
representam menos de 1%, o que demonstra a pouca ex-
chegando, dessa cidade mineira, muito próximas à cida-
pressão que as ferrovias têm em Goiás, embora seja re-
de goiana de Goiandira. Em função de problemas de ca-
conhecida a sua importância para o crescimento e o es-
ráter financeiro e administrativo, a Companhia Estrada
coamento da produção da economia local. Por se tratar
de Ferro Goiás, por meio do Decreto n.13.936 de
de um meio de transporte com um custo de operação in-
05/01/1930, obteve concessão para explorar os serviços
ferior ao transporte rodoviário, a ferrovia proporciona
ferroviários no Triângulo Mineiro e em Goiás, passando
um significativo ganho comercial para os produtos de
sua administração à União, a qual levou adiante todas as
Goiás, tornando-os mais competitivos tanto no mercado
obras de construção. Assim, a Linha Araguari – Ronca-
interno como no externo.
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Realidade Étnica do Estado de Goiás
Quanto ao histórico da Ferrovia Norte-Sul, desde trecho seguinte entre Estreito (MA), Guaraí e Palmas, no
1985, no Governo do Presidente José Sarney, a ideia bá- Estado do Tocantins, com 570 km de extensão também
sica era construir uma ferrovia ligando os Estados do está concluído e concedido à VALE.
Maranhão, Tocantins e Goiás; o seu traçado inicial pre-
O subtrecho entre Palmas e Anápolis perfazendo 750
via a construção de 1.550 km. Entre inícios e paralisa-
km, passando por Gurupi (TO), Porangatu, Uruaçu, Jara-
ções da obra, já se passaram mais de 16 anos. Todo esse
guá e Ouro Verde de Goiás, no Estado de Goiás, deverá
quadro de incerteza provocou um prejuízo ao processo
ser concluído em abril de 2012. As obras já foram inicia-
de desenvolvimento das regiões envolvidas, pois a faci-
das na Extensão Sul da Ferrovia Norte-Sul, entre Ouro
lidade de escoamento de suas produções, especialmente
Verde de Goiás e Estrela D´Oeste, com 600 km de exten-
a do agronegócio, a um custo menor irá resultar em sig-
são, e na Ferrovia de Integração Oeste – Leste, entre
nificativos ganhos de competitividade, tornando esses
Ilhéus e Correntina, perfazendo 700 km de extensão.
produtos atrativos no mercado doméstico e no mercado
internacional. Com a Lei n. 11.297 de 09/05/2006, a Pre- Em Goiás a Ferrovia Norte-Sul terá 540 km de exten-
sidência da República incorporou o trecho Açailândia – são. Com os trilhos dessa estrada, será possível trazer pa-
Belém (norte do Maranhão e o Estado do Pará) e poste- ra o estado os mesmos benefícios socioeconômicos já
riormente os trechos Anápolis – Estrela D´Oeste (Estado gerados no Maranhão, como, por exemplo, a criação de
de São Paulo) e Figueirópolis – Ilhéus (leste do Tocan- emprego, diretos e indiretos, a promoção do desenvol-
tins e Estado da Bahia). vimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida
das populações locais, além de integrar as diversas regi-
A Ferrovia Norte-Sul foi projetada para promover a
ões goianas ao seu processo de desenvolvimento regio-
integração nacional, minimizando custos de transporte de
nal.
longa distância e interligando as regiões Norte e Nordes-
te às Sul e Sudeste, através das suas conexões com 5.000 Podemos concluir este breve histórico indicando que
km de ferrovias privadas. A integração ferroviária das o nascimento da Estrada de Ferro Goiás serviu aos inte-
regiões brasileiras é o grande agente uniformizador do resses e desejos dos goianos que tiveram, nessa ferrovia,
crescimento autossustentável do país na medida em que um dos alicerces para os seus processos de crescimento.
possibilitará a ocupação econômica e social do cerrado Os trilhos colaboram para o aumento significativo da
brasileiro com uma área de, aproximadamente, 1,8 mi- produção econômica das regiões, expandindo suas rela-
lhões de quilômetros, correspondendo a 21,84% da área ções comerciais, por meio de um forte incremento nas
territorial do país, onde vivem 16% da população brasi- importações e exportações. Contudo, esta Estrada nas-
leira, ao oferecer uma logística adequada à concretização ceu de fora para dentro, inteiramente identificada com o
do potencial de desenvolvimento dessa região, fortale- sistema capitalista de produção, fruto, então, da divisão
cendo a infraestrutura de transporte necessária ao escoa- internacional do trabalho.
mento da sua produção agropecuária e agroindustrial do
Agora, passados quase 100 anos da chegada dos tri-
cerrado setentrional brasileiro.
lhos em Goiás, a Ferrovia Centro-Atlântica, em operação
Inúmeros benefícios sociais estão surgindo com a no território goiano e a Ferrovia Norte-Sul, em fase de
Ferrovia Norte-Sul. A articulação de diferentes ramos de construção, continuam sendo alternativas viáveis de
negócios proporcionada por sua implantação contribuirá transportes eficientes e de baixos custos de operação,
para o aumento da renda interna e para o aproveitamento quando comparados com o rodoviário. Portanto, na me-
e melhor distribuição da riqueza nacional, a geração de dida em que colaboram para a maior competitividade do
divisas e abertura de novas frentes de trabalho, permitin- agronegócio local, as ferrovias tornam-se imprescindí-
do a diminuição de desequilíbrios econômicos entre re- veis, sendo de expressivo significado para as melhorias
giões e pessoas, resultando na melhoria significativa da nas relações comerciais, internas e externas, e para a so-
qualidade de vida da população da região. lidez da economia goiana como um todo. Compete aos
goianos, principalmente através das sociedades de clas-
A Ferrovia Norte-Sul é uma Concessão outorgada à
ses e de seus representantes políticos, lutarem para o for-
VALEC-Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., em-
talecimento desse modelo de transporte, pois, assim, es-
presa controlada pela União e supervisionada pelo Mi-
tarão dando passos firmes na direção do desenvolvimen-
nistério dos Transportes. O primeiro trecho da Norte-Sul
to econômico e social da região do planalto central.
já está concluído e em operação comercial. Esses 226 km
de linha ferroviária, ligando as cidades maranhenses de
Açailândia, Imperatriz e Estreito, se conectam com a Es-
trada de Ferro 3.3. MODERNIZAÇÃO DA ECONOMIA GOIA-
NA
A Ferrovia Norte-Sul é uma Concessão outorgada à
VALEC-Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., em- Ao longo do tempo, Goiás passou por transformações
presa controlada pela União e supervisionada pelo Mi- significativas no que se refere a sua estrutura social e
econômica. Contudo, em nenhum momento de sua histó-
nistério dos Transportes. O primeiro trecho da Norte-Sul
ria, desde o inicio da mineração no século XVIII, as mu-
já está concluído e em operação comercial. Esses 226 km
danças foram tão intensas quanto nas três últimas déca-
de linha ferroviária, ligando as cidades maranhenses de
das do século passado e neste começo de milênio. Neste
Açailândia, Imperatriz e Estreito, se conectam com a Es-
trada de Ferro Carajás, permitindo assim o acesso ao período o estado se tornou urbano e alcançou os primei-
Porto de Itaqui na Ponta da Madeira em São Luiz. O sub- ros lugares nos índices de urbanização do país. E em

7
Realidade Étnica do Estado de Goiás
consequência disso surgiram diversos problemas sociais dada, marcada pela diferenciação espacial entre o centro
e ambientais. e a periferia (GOMES, 2007).
Segundo Arrais (2006): Isso ocorre devido ao intenso processo de valorização
do solo na cidade, que segundo Carlos (1999) se dá por
Na genealogia do território goiano a década de
que: “O espaço urbano aparece como movimento histori-
1970 aparece em destaque nas abordagens econômi-
camente determinado num processo social. O modo de
cas e geográficas. Esse fato justifica-se, em certa
produção do espaço contém um modo de apropriação,
medida, pela observação dos resultados do censo
que hoje está associado à propriedade privada da terra”.
demográfico que apontou uma inversão no padrão
Esse processo tem forçado, dia após dia, a população de
de localização e, por consequência, distribuição das
baixa renda a se direcionar para as áreas mais afastadas
densidades demográficas e técnicas no território
das porções centrais de Goiânia ou mesmo para suas vi-
goiano.
zinhas, como Aparecida de Goiânia, Senador Canedo e
Tudo isso se deu no decorrer da modernização agrí- Trindade.
cola gerada pela chegada das inovações da Revolução
Ao se entrar no mérito do complexo processo de des-
Verde em nosso país por volta da década de 1960, atin-
territorialização e reterritorialização decorrentes do de-
gindo o nosso estado no início da de 1970, que mudou o
senvolvimento da Região do Entorno de Brasília, os pro-
modelo de apropriação do espaço e, consequentemente, a
blemas se tornam ainda mais latentes. Neste espaço já se
dinâmica econômica e territorial de Goiás.
encontram algumas das áreas mais violentas do país,
Desde então, o estado tem recebido ainda mais imi- com desafios sociais e urbanos alarmantes, como os ob-
grantes vindos de diversas unidades da federação brasi- servados no bairro-cidade de Samambaia. Para Arrais
leira, de outras regiões ou do próprio Centro-Oeste, as- (2006) a atração/repulsão de grandes contingentes popu-
sim como tem se intensificado as migrações internas no lacionais gerada por Brasília é o principal fator de expli-
sentido rural-urbano. Com isso tem se tornado claras as cação do inchaço urbano da região de seu entorno.
mudanças do padrão populacional estadual, de majorita-
Estas e outras consequências do processo de moder-
riamente rural – sertanejo, caipira, etc. – a majoritaria-
nização agrícola de Goiás e de sua urbanização, ampla-
mente urbano, “moderno”, interligado à dinâmica eco-
mente induzida pelo primeiro processo, ocorrem, segun-
nômica do capitalismo globalizado – verticalizado.
do Oliveira (2001), porque:
A chegada da soja, por volta de 1975, em Rio Verde,
o progresso nos moldes ocidentais remete à
seguida pela chegada da cana-de-açúcar, em Santa Hele-
ideia de crescimento econômico, sendo me-
na, cerca de dez anos mais tarde e o aumento da pecuária
dido pelo acúmulo de riquezas materiais
intensiva na região sudoeste do estado neste mesmo pe-
produzidas ou apropriadas. Assim, um povo
ríodo, marcaram a virada na economia goiana. Assim,
desenvolvido seria aquele que acumularia
Goiás se confirmou entre os estados potenciais de gran-
maior riqueza. Não há vinculação direta
des produtores agrícolas do país, alcançando, em 2005, o
com o bem-estar social e ambiental, muito
posto de 3º maior produtor nacional de soja, o de 1º de
embora se espere que esses objetivos sejam
sorgo, o de 1º de tomate, o 3º lugar de algodão herbáceo
também atingidos através da riqueza eco-
(em caroço), o 5º de milho e o 6º de cana-de-açúcar.
nômica.
Na pecuária os números não são diferentes, pois o es-
Diante de tudo isso, podemos dizer com base em
tado possui hoje o 2º maior rebanho de gado leiteiro, é o
Freitas (2007) que:
2º maior produtor de leite, tem o 4º maior rebanho bovi-
no, o 6º avícola e o 8º suíno. devemos compreender o processo de urba-
nização menos como causa do que conse-
Contudo, todo esse aparente progresso não traz só
quência da modernização econômica do
benefícios, pois de acordo com Matos (2006, p. 71),
território. Essa urbanização deriva portan-
“muito embora a modernização tenha atingido direta ou
to das novas necessidades de uso do territó-
indiretamente todo o país, esta se processou de forma es-
rio no sentido de favorecer a circulação de
pacialmente concentrada e socialmente seletiva”, o que a
mercadorias e, por conseguinte, a realiza-
torna conservadora e excludente (GRAZIANO DA SIL-
ção da mais-valia social nesse processo de
VA, 1982). E isto gerou problemas sociais graves tanto
circulação. Toda a estrutura desenvolvida a
de âmbito rural quanto urbano.
partir do processo de urbanização tem co-
Como exemplo disso, temos os processos de “metro- mo objetivo primordial à organização do
polização” e “periferização” desenvolvidos na capital território para absorver os processos en-
goiana, que hoje já conta com mais de 1,2 milhões de gendrados pela nova dinâmica econômica.
habitantes, chegando a mais de 1,6 milhões se incluirmos
Sendo assim, podemos relacionar o que Morais
na contagem a população total de sua região metropoli-
(2006) chamou de “captura do território goiano pelo ca-
tana4. E em consonância com o que tem ocorrido em ní-
pital”, com o processo de urbanização de nosso estado.
vel nacional, as cidades que compõem a Região Metro-
Isso porque, conforme Goiás foi se consolidando nas re-
politana de Goiânia têm crescido em ritmo mais acelera-
lações de mercado, o seu papel na atual divisão nacional
do que a própria capital nas últimas duas décadas. Neste
e internacional do trabalho – o de produtor e exportador
processo Goiânia se tornou uma cidade desigual e segre-

8
Realidade Étnica do Estado de Goiás
de gêneros agropecuários, industrializados, semiindustri-
alizados e mesmo não-industrializados – foi também
dando forma ao seu processo de urbanização. As cidades
cresciam devido ao, cada vez mais intenso, êxodo rural,
condicionado pela modernização do campo.
O abandono forçado ou “espontâneo” do espaço
agrário goiano, somado ao aumento da migração inter-
regional em direção a nosso estado, teve papel importan-
te na consolidação da RMG e da Região do Entorno de
Brasília. Todos esses fatores condicionaram o desenvol- Depois dele, a ideia foi sustentada por legisladores
vimento urbano de Goiás como um processo desigual e goianos. A constituição do Estado de 1891, inclusive sua
concentrador tanto de renda, quanto de pessoas. O que se reforma de 1898, e a de 1918 previam taxativamente a
expressa com clareza na produção do espaço da metró- transferência da sede do governo, havendo disposto esta
pole Goiânia, que possui num raio aproximado de 40 km última, em seu artigo 5º: "A cidade de Goiás continuará a
áreas com o absurdo valor de R$ 5 mil o metro quadrado ser a capital do Estado, enquanto outra coisa não liberar
– em bairros como o Bueno, o Marista e o Jardim Goiás o Congresso". Mas, a concretização da mudança da capi-
– e outras com o módico valor de aproximadamente R$ 3 tal de Goiás só veio acontecer mesmo com o então Inter-
mil para um lote de cerca de 350 m². ventor destinado a vir para Goiás, Pedro Ludovico Tei-
Foi tudo isso que gerou a necessidade da adoção de xeira. Pedro tinha o objetivo de tirar o poder dos coro-
políticas de desenvolvimento urbano regional em nosso néis e a mudança da capital era parte importante dessa
estado, o que deveria cumprir o papel de reduzir as desi- estratégia política.
gualdades históricas construídas sob a égide do binômio A Construção de Goiânia em 1933, é considerada o
neoliberalismo/globalização, na atual dinâmica capitalis- marco da modernidade da Era Vargas.
ta mundial.
Fatores para a construção de Goiânia
Referências:
CHAVEIRO, Egmar Felício. Goiânia, uma metrópole em traves-  Integração do interior com o litoral (Marcha para
sia. 2001. Tese. (Doutorado em Geografia Humana) – Departamento o Oeste)
de Geografia, USP, São Paulo, 2001. A práxis simbólica do Goiás
 Geografia plana, diferente de Vila Boa que tem
profundo. Goiânia: Mimeógrafo, 2007.
___.Símbolos das paisagens do cerrado goiano. In: ALMEIDA, relevo irregular
Maria Geralda (Org.). Tantos cerrados. Goiânia: Ed. Vieria, 2005. P.  Possibilidade de crescimento
47-62.  Estratégia política para enfraquecer o coronelis-
__ . A captura do território goiano e a sua múltipla dimensão so-
cioespacial. Goiânia: Gráfica e Editora Modelo, 2005. mo, na época representado pelo Caiadismo. A
ESTEVAM, Luís. Tempo da transformação: estrutura e dinâmica mudança do centro administrativo da área de in-
econômica de Goiás. Goiânia: Ed.da UCG, 2004 fluência dos Caiado.
Pedro Ludovico Teixeira
3.4. AS TRANSFORMAÇÕES ECONÔMICAS Nasceu na cidade de Goiás em 1891. Cursou medici-
COM A CONSTRUÇÃO DE GOIÂNIA E BRASÍ- na na Universidade do Brasil. Engajou-se na revolução
LIA, INDUSTRIALIZAÇÃO, INFRAESTRUTURA de 1930 em Rio Verde onde morava e exercia a profissão
E PLANEJAMENTO. de médico. Com o movimento vitorioso, ele, que havia
A construção de Goiânia sido preso e estava sendo conduzido para a cidade de
Goiás, formou a junta governativa com três membros.
Na realidade, a ideia de mudar a capital de Goiás não
era um desejo só de Pedro Ludovico Teixeira - fundador Logo em seguida, foi nomeado interventor federal
de Goiânia. Em 1830, o segundo governador de Goiaz pela primeira vez. Idealizou a construção de Goiânia e a
no Império, Marechal de campo Miguel Lino de Morais mudança da Capital, cuja pedra fundamental foi lançada
já manifestava, pela primeira vez, esse desejo. 33 anos dia 24 de Outubro de 1933. A Capital foi transferida em
depois, o 16º governador do Estado, José Vieira Couto Março de 1937. Pedro foi um dos fundadores do PSD em
Magalhães, volta a falar na necessidade dessa mudança Goiás. Foi eleito Senador em 1968. Morreu, em Goiânia
em seu livro Primeira Viagem ao Araguaia. "Decaímos no dia 17 de Agosto de 1979, de ataque cardíaco.
desde que a indústria do ouro desapareceu, a situação da Projeto de Goiânia
cidade de Goiás era excelente quando a Província era au-
rífera. Hoje, porém, que está demonstrado que a criação
de gado e a agricultura valem mais do que tantas minas
de ouro que existam pela Província, continuar a Capital
aqui é condenar-nos à morte por inanição, assim como
morreu a indústria que indicou a escolha deste lugar.
Uma população de cinco mil almas, colocada em lugar
desfavorável, não pode nada mais produzir para a sua
nutrição".

9
Realidade Étnica do Estado de Goiás
Obra do urbanista Atílio Correia Lima, o projeto de O estilo Art déco, vertente decorativa do Modernis-
Goiânia consistia de uma organização geral do traçado mo, busca inspiração na arte mesopotâmica e egípcia de
da cidade, partindo de um núcleo central e se desenvol- antes de Cristo, na arte cretense, etrusca e greco-romana,
vendo em torno dele, com um plano diretor, compreen- na arte dos índios americanos (maias, astecas e marajoa-
dendo sistema de logradouros públicos; zoneamento da ras), no gótico medieval.
cidade; esgoto, luz e força; sistema de parques, jardins
Posteriormente, expressões estéticas do século XX
ruas e avenidas; áreas para serviço de limpeza e regula-
foram incorporadas ao estilo, como Cubismo, Construti-
mento das construções. Atílio Correia Lima ainda rece-
vismo, Futurismo, Neo-plasticismo, Streamline.
beu a incumbência de projetar os edifícios do Centro Cí-
vico: Palácio do Governo, Secretaria Geral do Estado, A principal característica do estilo Art. déco é a ex-
Diretoria Geral da Segurança e Assistência Pública, Pa- plícita geometrização dos volumes e dos temas decorati-
lácio da Justiça, Palácio da Instrução e Quartel da Força vos, sejam figurativos ou abstratos.
Pública.
Etapas da Construção de Goiânia
A cidade que nasceu da prancheta de Atílio Correia
A mudança da capital não era apenas um problema na
Lima e transformou- se na metrópole de hoje, com mais
vida de Goiás. Era também a chave, o começo de solu-
de 1.200.000 habitantes, foi plantada nos campos do
ção de todos os demais problemas. Mudando a sede do
município de Campinas.
governo para um local que reunia todos os requisitos de
Pedra fundamental cuja ausência absoluta se ressente a cidade de Goiás, te-
remos andado meio caminho na direção da grandeza des-
ta maravilhosa unidade central.
“O governo não considerava a construção de uma
nova capital um gasto, mas um investimento necessário
para o desenvolvimento.”
Nenhum obstáculo foi capaz de impedir a construção:
nem a forte oposição política, nem a dificuldade de cons-
truir uma cidade num lugar tão afastado, com pouco di-
A pedra fundamental de Goiânia foi lançada a 24 de nheiro, e sem contar com uma infraestrutura industrial. A
outubro de 1933, com o comparecimento de diversas ca- 24 de outubro – como homenagem à revolução – teve
ravanas chegadas do interior do Estado. Houve a missa lugar o lançamento da primeira pedra. A partir deste
solene, realizada pelo padre Agostinho Foster e celebra- momento, a construção progrediu rapidamente. A 7 de
da com acompanhamento do coro de Santa Clara, em novembro de 1935, realizou-se a “mudança provisória”:
pleno altiplano, no local onde deveria ser construída a o governador Pedro Ludovico deixou Goiás para fixar
Praça Cívica. Após a missa, foi dado início à roçagem do sua residência em Goiânia. Em Goiás, ficaram ainda a
lugar. E foi naquele momento que num vibrante discurso, Câmara e o Judiciário. A mudança definitiva, ocorreu em
Pedro Ludovico enfatizou: "Prevejo que, dentro de cinco 1937, quando os principais edifícios públicos já estavam
anos, grande porção desta área destinada à futura cidade concluídos. Cinco anos depois, em julho de 1942, foi re-
estará coberta de luxuosas e alegres vivendas. alizado o “batismo cultural” de Goiânia, com grandes
A 20 de novembro de 1935, em meio a uma grande festas e a celebração de vários congressos de ordem na-
festa instalou-se o Município de Goiânia, onde Pedro cional. A cidade contava com mais de 15.000 habitantes,
Ludovico já residia e afirmava: " Para melhor e mais rá- o dobro que a cidade de Goiás com seus 200 anos.
pido adiantamento das obras de construção da nova me- Goiânia e Desenvolvimento de Goiás
trópole, transferi para cá a sede do Governo do Estado,
trazendo comigo logo, a Secretaria-Geral que ficará tam- O problema do desenvolvimento é muito mais com-
bém definitivamente". plexo e de muito mais lenta solução do que supunham os
homens da Revolução de 30. Em 1942, com efeito, Goi-
Nome e instalação ânia, “chave do desenvolvimento geral de todo o Esta-
"Petrônia". Este foi o nome escolhido através de con- do”, era uma cidade perfeitamente estabelecida, e o or-
curso em homenagem a Pedro Ludovico. Porém, pelo çamento estadual subia já a 26.000 contos (mais de cinco
decreto de número 237, de 2 de agosto de 1935, que cri- vezes o orçamento de 1930), mas o desenvolvimento do
ou o município e a comarca da nova Capital, ela recebeu Estado estava longe de ser satisfatório. Para tomar um
o nome de Goiânia. único índice: o censo de 1940 constatou que entre
563.262 pessoas de mais de 10 anos, só 148.937 sabiam
ler e escrever. As comunicações, a saúde, a instrução, a
História da Art. déco carência de indústria, a baixa produtividade na agricultu-
ra e na pecuária, a descapitalização da economia, a estru-
O Art. déco é o termo atual para definir o estilo for- tura da propriedade etc., etc., eram problemas ainda in-
malizado na Exposição Internacional de Artes Decorati- tactos, trabalho para várias gerações. A Revolução de 30,
vas e Industriais Modernas realizada em Paris em 1925, e sua obra principal em Goiás, a construção de Goiânia,
a partir de quando se expande por cidades de todos os podem considerar-se começo de uma nova etapa pelos
continentes urbanizados. rumos que marcaram mais que pelas realizações imedia-

10
Realidade Étnica do Estado de Goiás
tas. A construção de Goiânia, uma das grandes obras do Modernização da agricultura goiana
Brasil na época, devolveu aos goianos a confiança em si
O Cerrado vai conhecer a modernização agrícola a
mesmos. Em vez de pensar-se na grandeza do passado,
partir da década de 1970. A região passa a ser um atrati-
começou a pensar-se na grandeza do futuro. Ao mesmo
vo para a produção de soja, uma vez que se amplia a de-
tempo, a construção de Goiânia significava um primeiro
manda pelo produto nos mercados internacionais. Assim,
grande impulso para a transformação da economia e da
esse período representa um marco histórico para a agri-
política econômica. O governo, até então preocupado
cultura brasileira, através da aliança entre o Estado e a
quase unicamente em manter a ordem, promoveu, pela
classe dominante rural, em que o Estado passa a interfe-
primeira vez em Goiás, uma obra de grande envergadu-
rir diretamente nas suas formas de organizações e na po-
ra, que mobilizou as energias latentes.
lítica agrícola. Assim, o Estado fez investimentos em in-
A partir de 1940, Goiás passa a crescer em ritmo ace- fraestruturas, pesquisas agronômicas e programas de
lerado também em virtude do desbravamento do Mato crédito especiais. Todas as áreas do Cerrado foram con-
Grosso Goiano, da campanha nacional de “Marcha para sideradas aptas à produção agrícola, consequentemente,
o Oeste” e da construção de Brasília. A população do Es- 50,6 milhões de hectares de terras foram incorporadas no
tado se multiplicou, estimulada pela forte imigração, ori- processo produtivo, com as mais avançadas técnicas de
unda principalmente dos Estados do Maranhão, Bahia e cultivo (LABAIG, 1995).
Minas Gerais.
O projeto de colonização se tornou possível através
A Construção de Goiânia, promoveu a abertura de da infraestrutura viária que permitiu a penetração de uma
novas estradas, tornando-se centro de ligação dentro do população rural migrante para o Centro-Oeste e a efetiva
Estado e com outros Estados: favoreceu a imigração, e integração da região ao comércio nacional, promovendo
consequentemente o povoamento, acelerando a coloniza- a valorização das áreas ocupadas. As empresas coloniza-
ção do Mato Grosso goiano, zona de grande riqueza doras, representantes do setor privado, promoveram sig-
agrícola; criou o primeiro centro-urbano, que se não che- nificativas transformações socioeconômicas e espaciais,
gou a constituir-se em centro industrial – como esperava a partir de uma política desenvolvimentista definida pelo
os construtores. Por isso, a Revolução de 30 e a constru- poder público (ESTEVAM, 2004).
ção de Goiânia, podem ser tomados como marco de uma
A mudança da capital do país para o Planalto Central,
nova etapa histórica para Goiás.
com a construção de Brasília, a partir de 1956, no Go-
verno de Juscelino Kubsticheck, o projeto de integração
nacional promovido pela construção de rodovias, interli-
4. MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E
gando Brasília a todas as capitais estaduais, entre 1968 e
URBANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO GOIANO.
1980, integraram a região de Goiás ao tráfego rodoviá-
Introdução rio, criando condições para a expansão do sistema capita-
lista. Esses fatores foram responsáveis pela expansão
A partir da política de Estado de interiorização do de-
agrícola mais recente no Cerrado, resultando, a partir da
senvolvimento com a implantação de uma infraestrutura
década de 1970, na expansão da agricultura comercial.
de transporte nas primeiras décadas do século XX, das
mudanças político-institucionais após 1930 e da constru- O governo federal e os estaduais elaboraram progra-
ção de Goiânia e Brasília, ocorreu a expansão da frontei- mas e projetos de intervenção, de investimentos em in-
ra agrícola de Goiás. Sua integração ao circuito do mer- fraestrutura e/ou financiamento através de crédito oficial
cado brasileiro apoiou-se no sistema ferroviário. Esses à produção. A partir de 1975, com o II Plano Nacional de
eventos estimularam o crescimento e a especialização da Desenvolvimento (PND), os programas federais apresen-
agropecuária em Goiás e o incremento da urbanização. taram propostas mais objetivas e específicas de planeja-
Já a integração regional foi favorecida pela construção mento regional. Dessa maneira, a expansão da fronteira
das rodovias que permitiram a circulação interna da pro- agrícola em Goiás dá-se a partir da incorporação de ex-
dução. tensas áreas de Cerrado ao processo produtivo. As políti-
cas e os programas governamentais de ação direta sobre
Como resultado da política de modernização agrope-
a região foram o Programa de Desenvolvimento dos Cer-
cuária, viabilizada pela política de integração do territó- rados (POLOCENTRO) e o Programa de Cooperação
rio nacional, a agricultura goiana passou por transforma- Nipo-brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados
ções significativas, tendo como principal objetivo estrei-
(PRODECER).
tar as relações entre o setor agrícola e o setor urbano-
industrial. Entretanto, tal objetivo começou a ser alcan- Para a expansão da fronteira agrícola no Estado fo-
çado no final da década de 1970 e início da década de ram necessários investimentos em pesquisas e atividades
1980. Vários setores foram sendo absorvidos por esse agropecuárias, que oferecessem informações sobre a via-
processo, tais como as relações sociais de trabalho, o pa- bilidade técnica para a exploração dos solos do Cerrado,
drão tecnológico, a distribuição espacial da produção, as a partir da aplicação de várias técnicas de cultivo e crédi-
relações intersetoriais, com a formação do complexo tos rurais destinados à aquisição de tecnologias agrárias,
agroindustrial e a inserção estatal. tanto para investimentos em maquinários, desmatamen-
tos, correção da acidez dos solos de Cerrado (adequação
do pH voltada às práticas de cultivos), como para custeio
na compra de insumos modernos. Essas políticas agríco-
las genéricas induzidas pelo Estado, tanto em nível naci-
11
Realidade Étnica do Estado de Goiás
onal como no próprio Estado de Goiás, criaram as condi- que se dá a expansão do plantio de culturas de maior ren-
ções necessárias para a expansão da agricultura através tabilidade.
da abertura e ocupação da região do Cerrado, “[...] pois
O PRODECER foi sustentado de 1975 a 1979, depois
tudo estava por ser feito, ainda era uma fronteira agrícola
desse período houve constantes cortes orçamentários.
em implantação. [...].” (ARANTES ; BASTOS, 2004, p.
Em 1981, o crédito rural foi suspenso. Parte desses re-
672).
cursos foi destinada para investimentos de infraestrutura
A fronteira agrícola abriu-se, definitivamente, para o e como crédito em projetos agropecuários. O PRODE-
Centro-Oeste, a partir da década de 1980. Com a implan- CER expandiu-se para Goiás em 1985, oferecendo o cré-
tação do POLOCENTRO, houve a drenagem de recursos dito supervisionado. (PEREIRA, 2004). Foi através des-
para o aproveitamento intensivo de extensas faixas de se programa que os agricultores experientes do Sul e Su-
terras, destinadas, anteriormente, à criação extensiva. O deste do país migraram para a região do Brasil Central.
POLOCENTRO foi criado através do Decreto Federal nº Os empréstimos fundiários foram concedidos para cobrir
75.370, janeiro de 1975 com vigência até 1982. Conside- as despesas operacionais (aquisição de equipamentos,
ra-se o programa de maior impacto sobre o crescimento tecnologias e de subsistência da propriedade), sendo que
da fronteira agropecuária do Centro-Oeste, abrangendo o crédito era concedido a taxas de juros reais. Esse pro-
70% das áreas territoriais dos estados de Mato Grosso e grama teve sua maior concentração em Minas Gerais.
Mato Grosso do Sul e 30% das áreas de Goiás e Minas Em Goiás ficou mais restrito ao entorno de Brasília, ge-
Gerais. Baseado na concepção de polos de crescimento rando um grande impacto na implantação de irrigação
foram selecionadas doze áreas de Cerrado que apresen- por “Pivô Central”.
tavam certa infraestrutura e bom potencial agrícola.
O programa Cooperativo Nipo-brasileiro
As áreas selecionadas receberam recursos para inves- para o Desenvolvimento do Cerrado
timentos em melhoria da infraestrutura, totalizando (PRODECER) promove o assentamento de
3.373 projetos aprovados, contabilizando um investi- agricultores experientes do Sudeste e Sul do
mento de US$ 577 milhões. Foi oferecido um generoso país na região do Cerrado. Para tanto, o
sistema de crédito subsidiado para os proprietários que programa é financiado com empréstimos da
desejassem investir na agricultura. O programa oferecia Agência Japonesa de Cooperação e Desen-
linhas de crédito fundiário, de investimentos e de cus- volvimento Internacional (JICA), com con-
teio. As taxas de juros eram fixadas em níveis reduzidos, trapartida do governo brasileiro. (WWF,
sem correção monetária e oferecia, também, longos perí- 1995, p. 21).
odos de carência. Como nesse período a taxa inflacioná-
Tanto o PRODECER quanto o POLOCENTRO pro-
ria do mercado financeiro era alta, o crédito foi compa-
moveram a expansão da atividade agrícola para além de
rado a uma doação para seus usuários. (ARANTES;
suas áreas de abrangência, principalmente, nas áreas cir-
BASTOS, 2004).
cunvizinhas. A partir de 1980, houve uma certa conten-
Segundo Labaig (1995, p. 54, grifo do autor), “o PO- ção do crédito rural e eliminação gradativa do subsídio,
LOCENTRO foi a grande mãe do processo de desen- em função das pressões do Banco Mundial e do Fundo
volvimento capitalista da agricultura” na região dos Cer- Monetário Internacional (FMI). Diante disso, o governo
rados. Os potenciais beneficiários do programa foram os procurou adotar medidas internas que sustentassem as
produtores rurais tradicionais (proprietários de médios a áreas incorporadas na produção agropecuária, como pre-
grandes estabelecimentos), pessoas físicas ou jurídicas e, ços mínimos diferenciados para cada região (diferencial
ainda, as cooperativas, os órgãos públicos e os empresá- de preços criado pelos custos de transporte) e demanda
rios que se dedicaram à atividade agropecuária, assegu- dos produtos cultivados com ajuda do PRODECER.
rando a expansão da agricultura comercial no Cerrado.
Segundo o WWF (1995), com base nos programas
Entre os projetos aprovados, estão as fazendas com mais
governamentais, a agricultura comercial constitui uma
de 200ha (41,32alq) e, principalmente, as fazendas com
atividade econômica artificialmente rentável, uma vez
mais de 1000ha (206,61alq).
que é contemplada por incentivos creditícios.
O programa fixou como meta que 60% da área explo-
As formas de intervenção com resultado mais signifi-
rada pelas fazendas fossem cultivadas com lavouras,
cativo no Cerrado foram a formação de pastagens plan-
sendo o restante destinado a pastagens plantadas. No iní-
tadas e a lavoura comercial. As lavouras que se destacam
cio, o objetivo era incentivar a produção de alimentos.
na região são soja, milho, arroz, café, feijão e mandioca.
Mas, posteriormente, foram contempladas, também, as
A soja foi a cultura que mais se expandiu. A produção de
lavouras comerciais e o ‘brachiaria’ nas pastagens plan-
soja era desprezível até a década de 1960, hoje ela repre-
tadas.
senta cerca de um quarto da produção nacional de grãos
Esse programa tornou-se referência na pesquisa e na (WWF, 1995), com expressiva representação na produ-
geração de novas tecnologias através de alocação de re- ção do município de Catalão. O Brasil, na década de
cursos à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 1970, passa a ser o segundo produtor mundial de soja.
(EMBRAPA). As tecnologias e as pesquisas desenvolvi-
Até 1972, o país foi importador de óleo de soja, após
das pela EMBRAPA estavam voltadas às necessidades
esse período passa a ser exportador, alterando os hábitos
dos médios e grandes produtores, às pessoas de certo ní-
alimentares da população. A soja, a partir de 1960, ad-
vel educacional e que gozassem de um espírito empreen-
quire cada vez mais importância para a agricultura brasi-
dedor. É sob esse perfil, e através do crédito subsidiado,
12
Realidade Étnica do Estado de Goiás
leira em seu processo de internacionalização. A soja em forma, torna-se importante a compreensão dos conceitos
Goiás começa a ser produzida a partir de 1969. sobre a questão agrária e a questão agrícola para a análi-
se do processo de modernização da agricultura brasileira
Contudo, sua expressão comercial ocorreu a partir de
e seus reflexos sobre as relações sociais de trabalho.
1975, com a venda ‘in natura’ desse produto para o mer-
cado do Sul e Sudeste do país. Essa cultura se adaptou Dessa maneira, pondera-se que os novos conheci-
perfeitamente aos Cerrados do Sudoeste e Sul de Goiás. mentos técnico-científicos, destinados ao setor agrícola,
O eixo Sul/Sudoeste do refletiram na produtividade do trabalho e, também, nas
relações sociais de trabalho. Os proprietários das fazen-
Estado representou o início da produção e se sustenta
das foram substituindo, gradualmente, as relações de tra-
como o mais importante polo de cultivo.
balho como a parceria, o arrendamento (expulsando os
Atualmente, a ênfase da economia goiana é a produ- agregados) e incorporando a utilização do trabalhador
ção de grãos, principalmente, soja e milho e, a produção temporário (o boia-fria). A forma de pagamento se torna
de leite e carne. O Estado de Goiás ocupa lugar de desta- cada vez mais assalariada e a organização da produção
que nessas atividades no contexto nacional. O Brasil dis- segue os modelos empresariais. O meio urbano, o mer-
põe de 15 milhões de hectares de Cerrado agricultável, cado consumidor e de insumos agrícolas, as inovações
dos quais 5 milhões estão em Goiás. tecnológicas orientam as condições da produção agrope-
cuária.
Segundo dados da SEPLAN-GO (2003), a produção
goiana de grão tem crescido acima da média brasileira, Todavia, as políticas agrícolas e agrárias sustentaram
que nas duas últimas safras foi de 2.570kg/ha, enquanto as distorções relativas ao regime de propriedade, posse e
a produtividade do Estado foi de 3.072kg/ha, ou seja, uso da terra, através da manutenção da concentração
19,53% acima da média nacional. fundiária e a consequente exclusão de trabalhadores dos
meios de produção.
Goiás saltou do 6º lugar no ranking nacional em 1995
para o 4º em 2002, perdendo somente para Paraná, Rio Com a integração da agricultura ao setor urba-
Grande do Sul e Mato Grosso. Os produtos que mais se no/industrial ocorreu uma dinamização em todos os seto-
destacaram na agricultura foram soja, cana, milho e café. res da economia, o que refletiu sobre a dinâmica popula-
cional, através dos movimentos migratórios, contribuin-
O Estado vem apresentando avanços importantes na
do para o crescimento da população do Estado.
atividade pecuária, opondo-se à realidade das grandes
fazendas de criação extensiva de gado com baixa produ- Considerações finais
tividade, que dominou o Estado até a década de 1980. A
A ocupação de Goiás caracterizou uma disputa por
formação de pastagens plantadas e melhoradas permitiu
espaço e poder entre São Vicente e Rio de Janeiro, de-
o crescimento da bovinocultura na região. A pecuária
pois com Minas Gerais e, posteriormente, entre as de-
goiana conquistou avanços importantes, posicionando o
mais regiões. A incorporação de novas regiões ao eixo
Estado entre os maiores produtores brasileiros. O reba-
mercantil em curso revela um contexto ineficiente da au-
nho bovino representa 10,8% do rebanho nacional, le-
tonomia político-administrativa dos Capitães-Generais
vando o Estado a ocupar o 4º lugar no ranking nacional.
de São
O rebanho goiano permanece estável desde 1990. A
perspectiva, quanto a esse setor, é o aumento de produti- Vicente e dos bandeirantes nos territórios ocupados e
vidade mediante a profissionalização e modernização anexados ao sistema colonial em vigência nesse período.
tecnológica da atividade, sem o aumento da área de pas- Através dessa incorporação/anexação territorial, os colo-
tagens (SEPLAN-GO, 2003). nos da vertente paulista promoveram a ocupação de todo
o Centro-Oeste. Os novos espaços representaram pers-
A produção de leite no Estado, a criação de suínos e
pectivas sociais, culturais e econômicas.
aves também se encontram em plena expansão no Estado
desde 1998. O crescimento da suinocultura é atribuído à Verifica-se que a ocupação histórica de Goiás se deu
melhoria de investimentos realizados, à ampliação das pela expansão de grandes fazendas para a criação exten-
instalações e ao aumento da produtividade. Todo esse siva de gado bovino, com baixo aproveitamento econô-
aporte de crescimento decorre da instalação de empresas mico das terras, que foram sendo esfaceladas pela cadeia
voltadas ao setor em Goiás, como Perdigão (aves e suí- vintenária.
nos), Nutrisa (aves), Laticínios (leite e derivados), entre
Recentemente, com a implantação de inovações na
outras.
base técnica da agricultura, ocorreu novamente a concen-
Diante do caráter da modernização agropecuária em tração das terras, agora nas mãos de grupos empresariais
Goiás e no Brasil, ressaltam-se as mudanças estruturais que cultivam a terra para a produção de grãos, visando a
desse processo sobre a organização do trabalho. Geral- exportação, em um processo crescente de exploração dos
mente, quando se fala em modernização da agricultura, recursos naturais e humanos e, ainda, contribuindo para a
prevalece a tendência em reduzir esse processo apenas expulsão do homem da terra e, assim, eliminando as
aos aspectos relacionados às modificações ocorridas na condições de desenvolvimento socioeconômico e socio-
base técnica da produção, na substituição das técnicas cultural da agricultura familiar.
agrícolas, tradicionalmente usadas por técnicas ‘moder-
A partir da implantação de novos padrões tecnológi-
nas’ e/ou a partir do aumento dos índices de utilização
cos de produção no estado goiano, assegurou-se a inser-
das máquinas e dos vários insumos agropecuários. Dessa

13
Realidade Étnica do Estado de Goiás
ção dos solos ácidos e topografia plana dos Cerrados no b) Cronologia do povoamento
circuito da produção nacional e internacional de produtos
Pelo exposto, viu se que a economia mineradora deu
agropecuários. A ‘abundância’ de terra tornava-a um
início ao processo de colonização de Goiás. Coube à pe-
meio de produção relativamente barato, mas a ‘constru-
cuária desenvolver e aumentar sua população. A partir
ção’ do solo, como ‘limpeza’ das propriedades, correção
dos anos 30 do século XIX foi a população aumentando,
e fertilização para cultivos exigiam um investimento de
sob os auspícios da pecuária:
capital considerável. Os financiamentos eram concedidos
a investimentos agropecuários de maior porte, como as 1849 – 79.000 habitantes;
lavouras comerciais de arroz, milho e soja. Essa política 1856 – 122.000 habitantes;
não interferiu de modo homogêneo nas unidades de pro- 1861 – 133.000 habitantes;
dução no Estado de Goiás, assim, não houve as mudan- 1872 – 149.000 habitantes;
ças necessárias que viabilizassem a modernização das 1890 – 227.000 habitantes;
pequenas e médias propriedades. 1900 – 255.000 habitantes.
As mudanças na base técnica da agricultura assegu- c) População Indígena
ram o aumento da produtividade do trabalho e a substi-
Necessário se faz mencionar os aborígines, que con-
tuição gradual das relações de trabalho, como a parceria,
tribuíram sobremaneira para a formação do grupo goia-
o arrendamento pela utilização do trabalhador temporá-
no, principalmente no Norte do Estado.
rio, promovendo o agravamento dos problemas sociais
que essa região enfrenta através do aumento da concen- Saint-Hilaire afirma que por ocasião de sua viagem,
tração das propriedades rurais. Em razão dos aspectos Goiás era a Província que mais índios possuía “... a po-
apresentados, destaca-se o caráter conservador, exclu- pulação portuguesa derramada nesta capitania não fora
dente e concentrador da modernização agrícola goiana, nunca suficientemente intensa para aniquilá-los todos.
reproduzindo os aspectos gerais da política nacional. A Com muito custo conseguira-se reunir certo número em
tendência geral é a incorporação cada vez maior dos re- aldeias; os outros viviam inteiramente selvagens nas ma-
cursos técnico-científicos na agricultura. O meio urbano, tas e nos lugares mais desertos”. Infelizmente, nunca foi
o mercado consumidor e de insumos agrícolas, as inova- possível precisar o número exato dos silvícolas goianos,
ções tecnológicas orientam as condições da produção como de todo o Brasil. Com o passar dos anos a coloni-
agropecuária, sugerindo uma crescente transferência se- zação trouxe o desaparecimento parcial dos naturais e a
torial da renda agrícola para os setores urbanos. extinção total de várias tribos.
*********************************************** d) Imigração estrangeira
5. POPULAÇÃO GOIANA: POVOAMENTO,
MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS E DENSIDADE Não podemos deixar de mostrar a problemática da
DEMOGRÁFICA. imigração europeia. Após a liberação do negro, grupos
locais, identificados com interesse agrário, lutaram pela
Durante o século XIX a população de Goiás aumen- vida do imigrante europeu. O governo Montandom
tou continuamente, não só pelo crescimento vegetativo, (1886) adquiriu do Vice- Presidente da Província, José
como pelas migrações dos Estados vizinhos. Os índios Antônio Caiado, uma fazenda destinada a iniciar este ti-
diminuíram quantitativamente e a contribuição estrangei- po de colonização. Mas as terras eram muito ruins, e os
ra foi inexistente. A pecuária tornou-se o setor mais di- imigrantes italianos não chegaram nem a vir para o terri-
nâmico da economia. tório goiano. Em 1896, o governo republicano de Goiás
tentou mais uma vez impulsionar a imigração. Também
a) Correntes Migratórias
sem êxito. Somente nas primeiras décadas do século XX
A maioria dos mineiros que aqui permaneceu, após o se iniciou a imigração europeia em Goiás, em moldes
desaparecimento do ouro como empresa pré-capitalista, muito modestos.
vai dedicar-se a uma agricultura de subsistência e criação
Em 1920, três núcleos coloniais mais importantes de-
de gado. A pecuária trouxe como consequência o desen-
senvolveram-se em Goiás: um de italianos em Inhumas;
volvimento da população. Correntes migratórias chega-
outro também de italianos no município de Anápolis
vam a Goiás oriundas do Pará, do Maranhão, da Bahia,
de Minas, povoando os inóspitos sertões. No sudoeste (Nova Veneza); o terceiro, de portugueses, na fazenda
novos centros urbanos surgiram, sob o impulso da pecuá- Capim Puba no atual município de Goiânia. Em 1924,
organizou-se a colônia de Uvá. 300 famílias, num total
ria: Rio Verde, Jataí, Mineiros, Caiapônia, Quirinópolis.
de 299 pessoas, instalaram-se no referido núcleo, as de-
No norte a pecuária trouxe intensa mestiçagem com o
mais se dispersaram. Em Anápolis, no ano de 1929 for-
índio, que foi aproveitado como mão-de-obra na criação
mou-se um núcleo de 7 famílias japonesas. Nos anos se-
de gado. Em menor escala, também ocorreu a mestiça-
gem com o negro. Os habitantes desta região dedicaram- guintes juntaram-se outras famílias; estes pequenos gru-
se não só a criação de gado, mas também a exploração pos prosperaram pelo seu trabalho sistemático e pelas
semelhanças de clima e solo. Foram estas as primeiras
do babaçu, de pequenos roçados, do comércio do sal
levas de colonos europeus que vieram para Goiás.
(muito rendoso) e a faiscarão. Nasceram novas cidades e
outras já existentes tomaram novos impulsos sob o fluxo As condições socioeconômicas do Brasil não possibi-
da pecuária: Imperatriz, Palmas, São José do Duro, São litaram uma ação administrativa satisfatória em Goiás,
Domingos, Carolina, Arraias. durante o século XIX. A política goiana, por outra parte,

14
Realidade Étnica do Estado de Goiás
era dirigida por Presidentes impostos pelo poder central. Energia e mineração
Somente no fim do período em referência, começou a
A produção e distribuição de energia elétrica no esta-
adquirir feições próprias. Coexistiu no aspecto cultural
do está a cargo das Centrais Elétricas de Goiás (Celg).
um verdadeiro vazio.
As principais usinas hidrelétricas do estado são Cachoei-
6. ECONOMIA GOIANA: INDUSTRIALIZA- ra Dourada, São Domingos, ambas da Celg, Serra da
ÇÃO E INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES E Mesa e Corumbá I, ambas de Furnas. Parte da energia
COMUNICAÇÃO. produzida por Furnas supere o Distrito Federal e a região
Sudeste.
Atualmente, a composição da economia do estado de
Goiás está baseada na produção agrícola, na pecuária, no No subsolo de todo o estado existem importantes ja-
comércio e nas indústrias de mineração, alimentícia, de zidas de calcário, já medidas e em condições de abaste-
confecções, mobiliária, metalúrgia e madeireira. Agrope- cer todos os municípios goianos, seja qual for o ritmo de
cuária é a atividade mais explorada no estado. crescimento do mercado de corretivos do solo. Há ainda
jazidas consideráveis de ardósia, amianto, níquel, cobre,
Em 2008, a contribuição de Goiás para o Produto In-
pirocloro, rutilo e argila, além de quantidades menores
terno Bruto (PIB) brasileiro foi de 2,5% e, no âmbito re-
de manganês, dolomita, estanho, talco e cromita. Encon-
gional, sua participação foi de 27,6%.
tram-se ainda ouro, cristal-de-rocha, pedras preciosas
A composição do PIB goiano é a seguinte: (esmeraldas) e pedras semipreciosas. O estado possui
excelente infraestrutura para extração de minerais não
 Agropecuária: 11% ferrosos, principalmente ouro, gemas, fosfato e calcário,
 Indústria: 27% além de minérios estratégicos, como titânio e terras ra-
 Serviços: 62 ras.
Agricultura e pecuária Indústria
O setor agropecuário tem sido tradicionalmente a ba- Para tirar partido de sua vocação agrícola e de seus
se da economia goiana. Nas três últimas décadas do sé- recursos minerais, a indústria goiana concentrou suas
culo XX, Goiás foi uma das regiões de fronteira agrícola atividades inicialmente em bens de consumo não durá-
mais expressivas do país. Em muitas culturas, como soja, veis e, a partir da década de 1970, nos bens intermediá-
milho, arroz, feijão, tornou-se, naquele período, um dos rios e na indústria extrativa. Em meados da década de
maiores produtores do país. A principal área agrícola e 1990, o desenvolvimento industrial goiano era ainda in-
pastoril do estado é a região do Mato Grosso de Goiás, cipiente, vulnerável aos constantes impactos negativos
onde se pratica uma agricultura diversificada, com arroz, da conjuntura econômica nacional. Tal fragilidade redu-
milho, soja, feijão, algodão e mandioca. zia significativamente o dinamismo do setor secundário,
Apesar de possuir o segundo rebanho do país, Goiás incapaz de beneficiar-se devidamente das vantagens pro-
observa uma tradição de baixa produtividade, tanto em porcionadas pela agropecuária e pelas imensas reservas
nível de fertilidade quanto de idade de abate dos animais, minerais. Observava-se, porém, uma tendência à diversi-
idade de primeira parição e produção leiteira. A bovino- ficação, principalmente em setores da siderurgia.
cultura de corte representa um segmento de importância Aumentaram consideravelmente os setores da indús-
fundamental para a economia do estado, tanto como fon- tria extrativa e da produção de minerais não-metálicos,
te de divisas, pelos excedentes exportáveis, quanto pelo bens de capital e bens de consumo duráveis. Um dos
expressivo contingente de mão-de-obra ocupado nessa principais ramos industriais do estado, que, no entanto,
atividade. Nos pastos plantados em antigos terrenos flo- não acompanhou a tendência ascendente dos outros seto-
restais (invernadas) engordam-se bovinos, criados nas res nas três últimas décadas do século XX, foi o da pro-
áreas de cerrado, e mantém-se um rebanho de gado lei- dução de alimentos -- fabricação de laticínios, benefici-
teiro. O vale do Paranaíba é a segunda região econômica amento de produtos agrícolas e abate de animais -- con-
de Goiás e maior produtora de arroz e abacaxi. Culti- centrado nas cidades de Goiânia, Anápolis e Itumbiara.
vam-se também milho, soja, feijão e mandioca. É grande Setores novos dinamizaram-se nesse mesmo período,
o rebanho de leite e corte. como as indústrias metalúrgica, química, têxtil, de bebi-
A soja é o principal produto agrícola do estado das, de vestuário, de madeira, editorial e gráfica. Um
elemento coadjuvante de grande importância ao cresci-
Introduzida em 1980, a cultura foi aperfeiçoada pela mento econômico foi a implantação dos distritos indus-
obtenção de sementes adaptadas ao cerrado e aplicação triais, nos municípios de Anápolis, Itumbiara, Catalão,
de calcário e outros elementos para combater a acidez do São Simão, Aparecida de Goiânia, Mineiros, Luziânia,
solo. Com o lançamento de novas variedades de grãos Ipameri, Goianira, Posse, Porangatu, Iporá e Santo An-
mais resistentes à armazenagem e às pragas, registrou-se tônio do Descoberto.
forte aumento de produtividade. A cultura do milho é ge-
ralmente associada à criação de suínos e ao plantio de Transporte e comunicações
feijão. A cana-de-açúcar e a mandioca têm caráter de la- Na década de 1970, em consonância com as diretri-
vouras de subsistência e servem ao fabrico de farinha, zes federais, o estado de Goiás iniciou a implantação dos
aguardente e rapadura. O extrativismo vegetal inclui ba- primeiros corredores de exportação, conceito que definiu
baçu, casca de angico, pequi e exploração de madeira, rotas de transporte destinadas a ligar as áreas produtivas
principalmente mogno.
15
Realidade Étnica do Estado de Goiás
a algum porto, com prioridade para os excedentes agríco- mercado local/regional e absorvedor de trabalhadores
las. Posteriormente, essas diretrizes foram aplicadas ao (mão-de-obra intensiva).
abastecimento, visando a articular os sistemas de arma-
Assim as mutações do trabalho assumiram formas di-
zenagem e escoamento de uma determinada área geográ-
ferenciadas na agropecuária goiana. A primeira região do
fica, de forma a adequar os fluxos das fontes de produ-
Estado a sofrer esse processo foi o Sudoeste Goiano, que
ção até os centros de consumo ou terminais de embar-
apresentava condições locacionais favoráveis, tais como:
que, com destino ao mercado externo ou a outras regiões
do país. No estado de Goiás estabeleceu-se uma rede ro-  proximidade geográfica com o Centro-Sul;
doviária capaz de dar sustentação ao transporte das regi-  tradição na atividade agropecuária com a presença
ões produtoras de grãos e minerais para os pontos de de latifúndios e de uma elite agrária voltada para a ab-
captação de cargas ferroviárias de Goiânia, Anápolis, sorção das inovações;
Brasília, Pires do Rio e Catalão.  pouco adensamento populacional no campo, o que
facilitou o processo de incorporação de terras, quase sem
Tal como ocorreu no restante do país, o transporte
resistência por parte de pequenos e médios produtores
ferroviário e fluvial em Goiás foi relegado a segundo
rurais.
plano, devido à opção pelo transporte rodoviário. Na
área de influência do corredor de exportação goiano, os Esse fatores associados a vantagens de crédito e fis-
principais troncos utilizados para atingir os pontos de cais, faz dessa região o portal de entrada da moderniza-
transbordo ferroviário, sobretudo para a soja e o farelo, ção agropecuária em Goiás e faz dela também a região
são: a BR-153, principal eixo de escoamento do norte de onde até hoje se pratica a agricultura de exportação.
Goiás e de Tocantins, interligado ao ponto de transbordo
A distribuição espacial da população do Estado de
rodo-ferroviário de Anápolis; a GO-060, que liga Ara-
Goiás mostra contrastes entre grandes adensamentos e
garças a Goiânia, numa distância de 388km; a BR-020,
áreas pouco ocupadas. Essa desigualdade é reflexo da
que liga o nordeste de Goiás à região oeste da Bahia e a
dinâmica econômica, que produz economias na concen-
Brasília, onde está instalado outro ponto de transbordo; a
BR-060, que liga Santa Rita do Araguaia/Rio Verde a tração geográfica de atividades, privilegia tipos de ocu-
Goiânia; a BR-452, que liga Rio Verde a Itumbiara, im- pação e de uso de fatores naturais, e predispõe certas
porções do território a determinadas atividades produti-
portante centro produtor e beneficiador de grãos, e segue
vas. Então o Sudoeste goiano e menos densamente po-
até Uberlândia MG, onde está instalada uma rede de ar-
voado, assim como o norte do Estado; e as áreas mais
mazenagem de grande capacidade; e a BR-364-365, que
liga Jataí a Uberlândia e atravessa a cidade de São Si- densamente povoadas são o sul do Estado para onde fo-
mão, outra opção para o escoamento da produção do su- ram os fluxos migratórios atrás da fronteira agrícola e
mais recentemente a predominância de um fluxo migra-
doeste goiano.
tório com destino urbano, catalisado pelos municípios
Os jornais de maior circulação são O Popular, a Tri- próximos à capital do estado e o entorno de Brasília.
buna de Goiás, o Diário Oficial do Estado e o Diário do
A concentração populacional no eixo Goiânia-
Município, em Goiânia. Em Anápolis, circulam A Im-
prensa e Tribuna de Anápolis; na antiga capital, Goiás, Anápolis-Brasília tem crescimento continuado, alto po-
circula o Cidade de Goiás. Há várias emissoras de rádio der aquisitivo e educacional e vem atraindo grandes in-
vestimentos, porque se tornou um grande mercado con-
em AM e FM. A principal emissora de televisão é a TV
sumidor. Por exemplo, em Anápolis temos o maior polo
Anhanguera, pertencente à Organização Jaime Câmara.
farmacêutico de medicamentos genéricos do Centro-
Oeste.
7. AS REGIÕES GOIANAS E AS DESIGUAL- Os municípios onde predominam a população rural
DADES REGIONAIS. estão no Norte e Nordeste do estado, nas áreas de menor
dinamismo econômico, onde se pratica a agricultura tra-
O Brasil é um país de grandes diferenças regionais,
dicional, situando as mais baixas rendas do estado.
isso em todos os aspectos, não somente no econômico,
mas também no político, social e ambiental. Essas dife- Um crescimento acelerado também se verifica nas
renças a nível nacional por vezes se reproduzem dentro áreas dedicadas ao turismo, Goiás é um estado com ex-
de uma região ou estado, como no caso do Goiás. celentes dotações naturais para a exploração do turismo
da natureza (Pirenópolis, São Jorge e Alto Paraíso, Cal-
O estado do Goiás não tem uma configuração igual
das Novas, etc.) têm recursos hídricos (abriga 3 bacias
em todas a suas regiões e algumas diferenças podem ser
hidrográficas: Tocantins, Paraná e São Francisco), geo-
apontadas como: grau de desenvolvimento econômico,
lógicos, de fauna e flora. Os projetos do governo procu-
densidade demográfica e atividade e econômica.
ram integrar e elevar o morador das cidades em empresá-
Diversos estudos realizados sobre Goiás demonstram rios do setor.
a existência de dois modelos predominantes no uso da
E no Norte do Estado temos jazidas de ouro (Crixás)
terra; o patronal, identificado com as fazendas e empre-
e Níquel (Niquelândia – onde estão 70% das nossas re-
sas-comerciais com a produção de mercadorias voltadas
servas)
para a exportação, altamente competitivas e tecnificadas;
e o familiar, voltado para atender as necessidades do

16
Realidade Étnica do Estado de Goiás
8. ASPECTOS DA HISTÓRIA POLÍTICA DE Governativa, foi esse mesmo Governador obrigado pelas
GOIÁS: A INDEPENDÊNCIA EM GOIÁS, O CO- pressões de grupos políticos locais a ordenar à Câmara a
RONELISMO NA REPÚBLICA VELHA, AS OLI- eleição de uma junta Governativa, em cumprimento ao
GARQUIAS, A REVOLUÇÃO DE 1930, A ADMI- decreto de 18 de abril de 1820. Nesta primeira eleição,
NISTRAÇÃO POLÍTICA DE 1930 ATÉ OS DIAS Sampaio trabalhou para ser eleito presidente da junta, o
ATUAIS. que de fato conseguiu: grupos políticos locais, insatisfei-
tos com a sua administração, desejavam, afastá-lo, Surgi-
8.1. A INDEPENDÊNCIA EM GOIÁS
ram desentendimentos, brigas, que culminaram com sua
Assim como no Brasil, o processo de independência renúncia e retirada da Província. Elegeu-se nova junta
em Goiás se deu gradativamente. A formação das juntas Governativa. Foram seus integrantes: Álvaro José Xavier
administrativas, que representam um dos primeiros pas- – Presidente, José Rodrigues Jardim, – Secretário, e os
sos neste sentido, deram oportunidade às disputas pelo membros, Joaquim Alves de Oliveira, João José do Cou-
poder entre os grupos locais. Especialmente sensível em to Guimarães e Raimundo Nonato Hyacinto, pe Luiz
Goiás foi a reação do Norte que, se julgando injustiçado Gonzaga de Camargo Fleury e Inácio Soares de Bulhões.
pela falta de assistência governamental, proclamou sua Processada a Independência do Brasil – 1822, esta não
separação do sul. trouxe transformações, quer sociais, quer econômicas pa-
ra Goiás. Operou-se teoricamente a descolonização. No
a) O processo da independência do Brasil e seus dia 16 de dezembro, fez-se juramento solene à aclama-
reflexos em Goiás ção do Imperador Constitucional do Brasil – D. Pedro I.
Após a volta de D. João VI para Portugal, o Brasil O primeiro Presidente de Goiás, nomeado por D. Pedro,
viveu um período de profunda crise política, pois suas foi Dr. Caetano Maria Lopes Gama, que assumiu o cargo
conquistas econômicas e administrativas estavam sendo a 14 de setembro de 1824.
ameaçadas pelas Cortes Portuguesas. Em Goiás a popu-
d) Movimento Separatista do Norte de Goiás
lação rural permaneceu alheia a essas crises. Mas, ele-
mentos ligados à administração, ao exército, ao clero e a O movimento separatista do Norte representou uma
algumas famílias ricas e poderosas, insatisfeitos com a continuação do movimento revolucionário da capitania
administração, fizeram germinar no rincão goiano o re- de Goiás sob a liderança do mesmo Padre Luis Bartolo-
flexo das crises nacionais. A atuação dos capitães gene- meu Márquez, cognominado “O Apóstolo da Liberdade”.
rais, às vezes prepotentes e arbitrários, fez nascer na ca- Os grandes proprietários afirmavam que apesar de pagar
pitania ojeriza pelos administradores. os impostos, os benefícios do governo lá não chegavam.
O povo vivia em completa miséria.
A causa maior dos descontentamentos encontrava-se
na Estrutura da administração colonial. Os empregados e) Um movimento nacionalista
públicos eram os mais descontentes: a receita não salda-
Após a independência política do Brasil, processou-
va as despesas e os seus vencimentos estavam sempre
se uma luta surda entre brasileiros e portugueses pelo
em atraso. Encontravam-se também entre estes elemen-
poder político e econômico do Brasil; D. Pedro I, como
tos do clero, os mais intelectualizados da Capitania.
era português de nascimento, começou a ser favorável
b) Primeiras manifestações contra a administra- aos portugueses, inclusive colocando-os nos melhores
ção colonial cargos públicos e postos de confiança de seu governo.
Em Goiás como vimos, não houve mudanças marcantes
As insatisfações administrativas existiam, mas rara-
de Colônia para o Império. No aspecto econômico conti-
mente se manifestavam. Foram as Câmaras que se mani-
nuou o mesmo marasmo já registrado com a decadência
festavam em primeira linha contra os Capitães Generais,
da mineração, somente mais tarde vai a pecuária oferecer
representantes diretos da metrópole. Em 1770 por ocasi- ligeiras modificações. No aspecto político, as transfor-
ão da morte do Capitão General João Manoel de Melo, a mações foram pequenas. Os goianos os identificavam
Câmara elegeu uma junta governativa para substituí-lo.
com os detestáveis Capitães Generais de um passado
Em 1803 desentendeu-se com o Capitão General e pre-
próximo, que não se apagara. O segundo presidente de
tendeu destituí-lo do poder. Nos dois casos, o Governo
Goiás, foi o português Miguel Lino de Moraes (1827-
Metropolitano repreendeu severamente estas atitudes, 1831), homem inteligente e que provocou fazer uma boa
sob a justificativa de que, “para se fazer eleições seme- administração. Impulsionou o ensino, lutou pelo renas-
lhantes, são sempre necessárias ordens terminantes, e po-
cimento da mineração, criou uma empresa de exploração
sitivas de Sua Majestade”. Tempos depois (1820) por
de minérios (Companhia dos Seis Amigos) na cidade de
ocasião da escolha dos representantes goianos à Consti-
Goiás, fundou, também na mesma cidade uma fábrica de
tuinte Portuguesa, apareceram nas esquinas da cidade de
tecelagem (1828), incentivou a agricultura e a pecuária.
Goiás proclamações insubordinativas contra a ordem De seu governo datam “as primeiras grandes exportações
constituída, sob a liderança do Padre Luiz Bartolomeu de rebanhos, sobretudo de gado vacum e cavalar”. Com a
Márquez.
abdicação de D. Pedro I, rebentou em Goiás um movi-
c) Constituição das Juntas Governativas e a Pro- mento de caráter nitidamente nacionalista, que alcançou
clamação da Independência vitória pelas condições da política geral do Brasil. Os lí-
deres deste movimento foram o Bispo cego, D. Fernando
Apesar da ação repressora do governador Sampaio, Ferreira, pe Luís Bartolomeu Marquez e Coronel Felipe
que se colocou contra a idéia de criação de uma junta Antônio Cardoso. Recebendo adesão e apoio das tropas,

17
Realidade Étnica do Estado de Goiás
o movimento de 13 de agosto de 1831 alcançou seu obje- trolando os cargos políticos e moldando a situação esta-
tivo, que era depor todos os portugueses que ocupavam dual à federal.
cargos públicos em Goiás. A conseqüência deste movi- Em Goiás parece não ter existido o chamado “siste-
mento de rebeldia foi a nomeação de três goianos para a ma coronelístico não institucionalizado”. Goiás, na rea-
presidência de Goiás, embora a Regência de início ofici- lidade embora fosse um estado atrasado economicamente
almente o desaprovasse. Foram estes os seguintes presi- e com pouca expressão política a nível nacional, apresen-
dentes Goianos: José Rodrigues Jardim, (1831-1837), pe tava internamente partidos políticos relativamente nume-
Luiz Gonzaga de Camargo Fleury (1837-1839) e José de rosos e solidamente estruturados, através dos quais se
Assis Mascarenhas (1839-1845). canalizavam e realizavam as articulações e movimentos
8.2. O CORONELISMO NA REPÚBLICA VE- da sua vida pública. Nenhum político em Goiás, na épo-
LHA, AS OLIGARQUIAS. ca, tinha condições de projetar-se fora do sistema parti-
dário, tão importante e envolvente era este; o partido
Os clãs que se formaram ao longo do império, já en- dominante representava o único canal possível de defesa
tão depositários do poder econômico, dominam a política e manutenção dos interesses de classe.
e ascendem junto com a república. Os vícios eleitorais e
Consequentemente, nenhum coronel goiano estabele-
o coronelismo somados à "política dos governadores",
cia comunicação direta com o poder central, passando
implantada por Campos Salles, dão origem às oligarqui-
por cima dos partidos políticos estaduais. O caso do co-
as que se sucedem até 1930. Dentre eles podemos citar:
ronelismo em Goiás, portanto, não parece se enquadrar
José Leopoldo de Bulhões Jardim, José Xavier de Al-
em muitas classificações. Trata-se de um estado econô-
meida, Eugênio Rodrigues Jardim e Antônio Ramos Cai-
mico e politicamente frágil, mas solidamente estrutura-
ado. O personalismo desses chefes, que se sobrepunham
do, dentro de suas fronteiras, em termos políticos parti-
aos poderes legislativo e judiciário, e as relações de vas-
dários.
salagem pelo voto caracterizam a política da época.
A organização e manutenção de um sistema político
O poder da primeira república brasileira se apoiou
sólido, ao invés de representar necessariamente uma rea-
em grandes proprietários de terra, culpa da própria estru-
lidade socioeconômica heterogênea, rica e multifacetada,
tura fundiária do Brasil desde o período colonial (lati-
pode ser, ao contrário, expressão de uma sociedade sim-
fúndios). Esses proprietários apoiaram os militares no
ples em sua composição interna, com poder econômico,
advento da proclamação e depois foi no seu poder que se
social e político altamente concentrado. Este poder polí-
assentou o Estado Brasileiro.
tico concentrado em Goiás, entretanto, apesar de ainda
O presidente era escolhido de forma indireta pelos muito forte, começará, a partir de 1901, a ter dificulda-
deputados e senadores. Assim para perpetuar determina- des em juntar os diversos setores emergentes da socieda-
dos grupos no poder faziam-se acordos de apoio a de- de goiana, especialmente, os representantes das novas
terminados candidatos. As oligarquias estaduais em troca áreas economicamente importantes do estado.
de favorecimentos do poder central apoiavam esse can-
A partir de 1901 o sistema político em Goiás começa-
didato e manipulavam as eleições através do voto de ca-
rá a sofrer mudanças. O lento declínio da oligarquia do-
bresto (voto aberto).
minante aliado à política dos governadores, praticada a
Os coronéis eram os chefes políticos locais, normal- nível nacional, abrirão uma brecha à maior articulação
mente grandes proprietários, que através dos seus jagun- das forças políticas de Goiás.
ços, "convenciam" a população a votar nos candidatos
A oposição se estruturou em função das contradições
dessas alianças políticas e escusas. Esse jogo politiqueiro
interpartidárias, da reação no plano nacional, pelos mo-
era chamado “política dos governadores”.
vimentos de 1922 e 1924 e do contato com o tenentismo
A oligarquia dos Bulhões mantinha vínculos estreitos do sudoeste goiano. Sua liderança foi assumida por inte-
com os chefes políticos locais, feitos geralmente através lectuais e liberais aliados aos políticos dissidentes. Coli-
de seu líder principal, Leopoldo Bulhões, políticos então garam-se os movimentos aliancistas, e, com a vitória da
já de projeção nacional. A representação se fortalecia revolução de 1930, a máquina eleitoral e administrativa
com a presença de coronéis, como Antônio José Caiado, cheia de falhas, que dominava o estado havia mais de
antigo tropeiro e então poderoso fazendeiro, membro do trinta anos, começou a ser desarticulada. A intensificação
“Centro Republicano”. Também ligado aos Bulhões es- da interiorização e a dinamização econômica caracteriza-
tava o coronel Hermenegildo Lopes de Moraes, próspero ram o período posterior a 1930.
fazendeiro e comerciante no sudeste do Estado. Tão
grande era sua influência que nenhuma decisão política 8.3. A REVOLUÇÃO DE 30
importante se tomava em Goiás sem que ele se pronunci- A revolução de 30, não se operou, imediatamente, no
asse antes. campo social, mas no campo político. O governo passou
A existência desta articulação da oligarquia dos Bu- a propor como objetivo primordial o desenvolvimento do
lhões com o governo federal e com os chefes políticos do Estado. A construção de Goiânia, pelas energias que mo-
interior parece confirmar em Goiás a “teoria piramidal” bilizou, pela abertura de vias de comunicação que a
discutida por vários autores: no topo desta pirâmide, en- acompanhavam e pela divulgação do estado no país, foi
contrava-se o governo federal; na base, os coronéis, do- o ponto de partida desta nova etapa histórica.
minando os municípios e fornecendo sustentação eleito-
ral às oligarquias. Estas, funcionavam como um elo de
ligação entre os dois polos – federal e municipal – con-
18
Realidade Étnica do Estado de Goiás
a) Revolução de 30 em Goiás 8.4. A ADMINISTRAÇÃO POLÍTICA DE 1930
ATÉ OS DIAS ATUAIS.
A revolução de 30 foi uma revolução importada em
Goiás. Nem poderia ser outra maneira. Ela não foi uma a) A População
revolução popular, nem sequer uma revolução de mino-
A alta taxa de natalidade da população do Estado e o
rias com objetivos sociais. Foi, portanto, uma revolução
aumento da imigração determinaram, neste período, que
feita por grupos heterogêneos da classe dominante des-
o crescimento da população se processasse num ritmo
contente (Minas e Rio Grande do Sul), de militares
acelerado. A imigração, durante a década de 1940-1950,
(Grupos tenentista) e das classes médias, sem uma ideo-
também alcançou um elevado índice, que determinou,
logia determinada. Em Goiás, a revolução teve como
somado ao aumento vegetativo, um crescimento global
ponto de apoio parte da classe dominante descontente. A
da população de 3,9 % anual. Mais rápido ainda foi o
falta de comunicações acentuava a impossibilidade do
crescimento da população na década seguinte, alcançan-
surgimento de uma oposição organizada. Os pequenos
do a taxa de 4,9 %. Os fatores que influíram fortemente
núcleos de oposição, que se tinham formado durante a
foram: a construção de Brasília e a diminuição do índice
última década (em Rio Verde, em Inhumas e em Anápo-
de natalidade.
lis), eram mais expressão de personalidades descontente
que uma verdadeira oposição. As eleições eram total- Em 1970 a população de Goiás se aproximava já dos
mente controladas pelo Governo (o que tirava toda espe- três milhões. Estes dados indicam que a população de
rança de derrubar o governo por meios legais). E a ação Goiás se multiplicou por seis nos últimos cinquenta
da policia militar, tornando a vida difícil para os oposi- anos. Este crescimento rápido da população, estimulado
cionistas mais recalcitrantes, completam a explicação da pela forte migração, embora a longo prazo se traduza em
inexistência de uma oposição consistente em Goiás. A maior desenvolvimento; a curto prazo pode conduzir a
crise do 29, que foi o catalisador de todos os desconten- variados impasses. Segundo Otávio Lage: “As emigra-
tamentos para fazer eclodir a revolução, não fez sentir ções trazem consigo boas e más consequências. Para a
efeitos aqui por falta de uma economia organizada e de- economia da região, melhoram os índices de mão-de-
pendente de um ativo comércio. Por todas estas razões, a obra, ampliam as fontes de riquezas, etc., entretanto,
participação efetiva de Goiás na revolução limitou-se à contribuem para o aumento da demanda insatisfeita de
ação pessoal do Dr. Pedro Ludovico. Ao explodir a revo- serviços sociais, escolas, energia, estradas, saneamento e
lução, a 4 de outubro de 1930, reuniu um grupo de 120 habitação, sobrecarregando os governos”.
Voluntários no triângulo Mineiro, com que intentou in-
vadir a região do Sudoeste de Goiás. Pedro Ludovico foi b) Distribuição da População
preso. Logo depois a revolução triunfava no resto do Pa- Na realidade, a distribuição da população é muito de-
ís. Uma coluna procedente de Paracatu, comandada pelo sigual, quase a metade do Estado tem uma densidade en-
coronel Quintino Vargas chegou até a cidade de Goiás e tre 1 e 2 hab./Km². As regiões homogêneas formadas de
o médico mineiro Carlos Pinheiro Chagas tomou o po- Norte e Sul. Pois bem, as oito primeiras micro- regiões
der. com 61 % do território tem apenas 27 % da população,
enquanto o Mato Grosso Goiano, décima região, concen-
b) Governo revolucionário
tra mais de um terço da população do Estado com 28,69
A revolução colocou em Goiás um governo provisó- hab./Km². Também apresentam uma forte concentração
rio composto de três membros: entre eles estava, o Dr. populacional as três regiões do extremo sul: Meia Ponte
Pedro Ludovico. Três semanas depois, foi nomeado in- (7,8 hab/Km²), Sudoeste Goiano (6,4) e Paranaíba (8,79).
terventor. A revolução não provocou nenhuma mudança As vias de comunicação e a proximidade maior ou me-
social, no campo político um movimento moralizador: a nor dos grandes centros econômicos tem determinado
comissão. A comissão de sindicância devia apurar os uma distribuição da população totalmente diferente à
crimes contra o patrimônio do Estado, a coação contra os causada pela mineração no século XVIII e pela pecuária
“elementos Liberais”, a violência e abuso de autoridade e no século XIX.
fraude nas eleições. Com respeito a este objetivo, a revo-
lução trouxe para Goiás uma revolução política. Muitos c) Urbanização
jovens, politicamente novos, mais desinteressados e an- O processo de urbanização foi acelerado com a revo-
siosos em trabalhar pelo progresso do Estado, passaram lução industrial. A concentração de mão-de-obra para as
a ocupar os cargos de governo. Mas os longos anos de indústrias determina o crescimento rápido das cidades.
ditadura, haveria de seguir-se. Há um aspecto, contudo, Em Goiás, o censo de 1940, que foi o primeiro em fazer
em que as transformações foram profundas e decisivas: o a distinção entre população urbana e rural, dava para o
estilo de governo. O governo passou a propor-se como Estado 14,6% de população urbana 85,4% rural. Deve-
objetivo primeiro de sua gestão: a solução dos problemas mos notar, contudo, que o índice de ruralidade era ainda
do Estado em todas as ordens, dando especial ênfase ao bastante mais elevado, pois o critério adotado pelo IBGE
problema do desenvolvimento, exemplos: transporte, de considerar população urbana a residente na sede dos
educação, saúde pública, exportação. O grande empreen- municípios computa como urbana a população de peque-
dimento do Estado, foi a construção de Goiânia. nas cidades e vilas. Apesar disto, havia municípios, co-
mo Goiatuba, onde o índice de ruralidade subia até
97,12%. Só quatro cidades passavam dos 7 mil habitan-
tes (Goiânia, 15 mil, Anápolis, 9.500, Goiás, 8 mil e

19
Realidade Étnica do Estado de Goiás
Ipameri 7 mil) e outros quatro (Rio Verde, Silvânia, Ca- feriu na estrutura deixada pelos governos anteriores.
talão e Piracanjuba) excediam em poucos os três mil. Otávio Lage de Siqueira, construiu postos de saúde e es-
colas no interior. Na capital ele foi ofuscado pela bri-
d) Economia: Predomínio do Setor Rural
lhante Administração do então prefeito da capital o Sr.
Da população economicamente ativa, 83,69% esta- Íris Resende Machado, que remodelou Goiânia. Como o
vam ocupados em 1950 no “setor primário”, em sistema presidente gostava de estádios foi a época em que quase
de trabalho rudimentar: 4,17% no “setor secundário”, e todos os governadores construíram seus estádios. Aqui
ainda incipiente: e 12,14% no “setor terciário”. A indús- foi construído o ESTÁDIO SERRA DOURADA e o
tria continua sendo de pouca expressão em Goiás para a AUTÓDROMO, dinheiro desviado da Educação e obras
formação de riqueza e oferecimento de empregos: sua assistenciais. O professor passa a ganhar salários, os
participação na renda estadual é quatro vezes menor que mais capazes vão se evadindo da profissão. Era secretá-
a média nacional. A agricultura e a pecuária, represen- rio de Educação neste período o Sr. Hélio Mouro.
tam, 57% e 40% respectivamente do setor primário.
Duas medidas importantes do governo Otávio Lage:
A agropecuária concentra 69% da mão-de-obra total. o Goiás rural e a Lei de Incentivos Fiscal, para as indús-
A agricultura do Estado se baseia em três produtos prin- trias pioneiras em Goiás; a construção do CEASA, que
cipais: arroz, milho e feijão. com seu sistema de intermediários, contribuiu para ele-
var o custo de vida em Goiás. Irapuan Costa Júnior
e) Governo: Administração (1975 – 1979). Obras: Ginásio Rio Vermelho, Incentivo
A falta de capital e de uma tradição empresarial tor- à ginástica e competições esportivas; ponte sobre o Rio
nava a ação do governo insubstituível para por em mar- Tocantins, devendo também ser mencionada a restaura-
cha e ativar os mais variados aspectos do desenvolvi- ção do Teatro Goiânia.
mento. O envolvimento do governo do Estado foi dando-
Ary Ribeiro Valadão (1979 – 1983). Foi o último dos
se gradualmente, a partir da construção de Goiânia; mais
governos escolhidos indiretamente pelo planalto. Eco-
intensamente na década de 50, com a criação do Banco
nomicamente o governo procurou fazer obras de incenti-
do Estado e a CELG. O governo Mauro Borges foi o vo no setor primário através dos projetos Rio Formoso,
primeiro a propor-se como diretriz de ação um “Plano Rio do Sono, Rio dos Bois e Alto Paraíso. No projeto
de Desenvolvimento Econômico de Goiás” abrangen-
Rio Formoso o capital monopolista atuou em detrimento
do todas as áreas: agricultura e pecuária, transportes e
do pequeno proprietário. Era um projeto ousado, objeti-
comunicações, energia elétrica, educação e cultura, saú-
vando fazer de Goiás um celeiro do Brasil. No setor edu-
de e assistência social, levantamento de recursos natu- cacional, A única obra foi a construção do faraônico
rais, turismo, aperfeiçoamento e atualização das ativida- “Colégio de Líderes” ou Colégio Hugo de Carvalho Ra-
des do Estado. Em Goiás a tributação per capita multi-
mos. Dado o seu caráter elitista e irreal no contexto goi-
plicou-se por mais de seis, durante os quatro últimos
ano, o novo governo modificou a orientação do colégio e
anos. Governo Mauro Borges levou a cabo a Reforma
o inseriu na realidade educacional do Estado.
Administrativa. Essa reforma criava, paralelamente ao
corpo administrativo do Estado, propriamente dito, os Governo Íris Resende Machado (1982). Eleito majo-
serviços estatais autônomos e paraestatais. As autarquias ritariamente pelo voto direto, popular e universal, con-
permanecem unidas ao governo através, das secretarias e tando com o apoio de uma “frente” de aposição ao ofici-
participam do orçamento estatal. As mais importantes alismo. É um governo de conciliação entre o capital e o
são: CERNE, OSEGO, EFORMAGO, CAIXEGO, trabalho. Socialmente, tem se caracterizando pelo apoio
IPASGO, SUPLAN, ESEFEGO, CEPAIGO, IDAGO, às reivindicações populares, Destacam neste sentindo a
DERGO, DETELGO... Os serviços paraestatais são instituição do comodato, a integração do sudeste goiano
constituídos pelas empresas públicas e sociedades de através da Rodovia JK e de outras vias, desejo antigo dos
economia mista, nas quais o governo é acionista majori- produtores etc. Projeto de peso no governo Íris é a tenta-
tário. Entre elas encontram-se a METAGO, CASEGO, tiva de resolver o problema dos marginalizados sociais,
IQUEGO, etc. Outro empreendimento importante que frutos do êxodo rural. Contado com o apoio das prefeitu-
nasceu do governo de Mauro Borges foi a tentativa de ras e dos proprietários. Inicialmente, o governo baixa o
reforma agrária. chamado “Decretão” uma medida extrema. Com maior
critério, o Estado volta a absorver os funcionários, refor-
f) Governo da Revolução. çando a função do “Estado de Obras”. O Estado torna-se
Em primeiro lugar uma das razões da queda do go- responsável pelo emprego, ainda que com altos e baixos
vernador foi porque ele tocou o ponto crucial, ele criou a salários. No setor da Educação, está sendo providenciada
Metago. A Metago foi entregue ao Capitão Marcus a aprovação do Estatuto do Magistério, reconsiderou sua
Fleury, antigo chefe do SNI em Goiás e braço direito da situação salarial e criou cursos complementares para alu-
Repressão no Estado. nos carentes. De maneira geral é um governo de caráter
reformista que tenta recolocar o Estado nas vias de cres-
O que fizeram os Governos da Revolução em Goiás? cimento econômico. Melhorou a arrecadação fiscal e
Visando eleger o sucessor, Ribas Júnior fez um governo propiciou a regulamentação da folha de pagamento do
visando o empreguismo e aumento do funcionalismo. Estado. No campo social, Goiânia hoje é uma metrópole
Nomeou praticamente todo mundo em Goiás. Foi a últi- com mais de 1.000.000 de habitantes, observa-se o fe-
ma vez que o magistério recebeu verdadeiramente no Es- nômeno do êxodo Rural, que criado uma população mar-
tado. Talvez reconhecendo as suas limitações, não inter- ginalizada do contexto socioeconômico. O menor aban-
20
Realidade Étnica do Estado de Goiás
donado tem feito proliferar as casas de “Caridade”, gran- para absorver a mão-de-obra que emigra do campo para
des construtoras, na construção de apartamentos luxuo- as cidades. Este é rapidamente o quadro de Goiás hoje, o
sos com o dinheiro do FGTS, no entanto é o fundo de que não é diferente do restante do Brasil.
garantia deste trabalhador que está garantindo uma parte
da construção civil. A fórmula que o governo descobriu
Últimos 10 governadores do estado de Goiás.

Nome Período

Íris Rezende Machado 15 de março de 1983 a 13 de fevereiro de 1986


Onofre Quinan 13 de fevereiro de 1986 a 15 de março de 1987
Henrique Santillo 15 de março de 1987 a 15 de março de 1991
Iris Rezende Machado 15 de março de 1991 a 2 de abril de 1994
Agenor Rodrigues de Rezende 2 de abril de 1994 a 1 de janeiro de 1995
Maguito Vilela 1 de janeiro de 1995 a 4 de maio de 1998
Naphtali Alves de Sousa 4 de maio de 1998 a 3 de novembro de 1998
Helenês Cândido 3 de novembro de 1998 a 1 de janeiro de 1999
Marconi Perillo 1 de janeiro de 1999 a 31 de dezembro de 2002
Marconi Perillo 1 de janeiro de 2003 a 31 de março de 2006
Alcides Rodrigues 31 de março de 2006 a 31 de dezembro de 2006
Alcides Rodrigues 1 de janeiro de 2007 a 31 de dezembro de 2010
Marconi Perillo 1 de janeiro de 2011 a 31 de dezembro de 2014
Marconi Perillo 1 de janeiro de 2015 a 31 de dezembro de 2018
8.5. ASPECTOS DA HISTÓRIA SOCIAL DE Depois de algum tempo, havia mulatos em todos os
GOIÁS: O POVOAMENTO BRANCO, OS GRU- níveis da sociedade: no exército, no sacerdócio, entre os
POS INDÍGENAS, A ESCRAVIDÃO E CULTURA grandes proprietários. Mas nem o negro livre, nem o mu-
NEGRA, OS MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAM- lato eram socialmente bem aceitos. Escravos, negros e
PO E A CULTURA POPULAR. mulatos apareciam muitas vezes equipados nas expres-
A população de Goiás sões correntes e mesmo nos documentos oficiais, como
formando a ralé da sociedade.
A primeira informação sobre a população de Goiás
são os dados da capitação de 1736, havia mais de 10.000 Classes Dirigentes - O povoamento branco
escravos adultos. O total da população? Menos de Os brancos foram sempre uma minoria, mas com a
20.000, pois os escravos deviam constituir mais da me- decadência da mineração, esta minoria foi-se tornando
tade da população. cada vez mais exígua. Ao acentuar-se a decadência, mui-
Entre 1750 e 1804, parece que a decadência da mine- tas famílias brancas migraram para outras regiões. Em
ração se traduziu numa diminuição da população. Não se 1804, os brancos constituíam pouco menos de 14% da
importavam mais escravos para suprir as mortes, bastan- população.
tes brancos e livres emigravam para outros territórios. O Os dias de apogeu da mineração foram breves. Então,
censo de 1804 deu 50.000 habitantes para Goiás. Uma ser rico, “mineiro poderoso” era possuir 250 escravos ou
diminuição de quase 20%. mais. Não faltaram mineiros que em Goiás possuíam es-
No censo de 1940, só quatro cidades passavam dos 7 te número de escravos. Com a decadência, tornaram-se
mil habitantes: Goiânia, 15 mil, Anápolis, 9.500, Goiás, raros os que tinham 12 escravos.
8 mil e Ipameri, 7 mil. Mesmo entre os brancos a pobreza era geral, mas ser
A sociedade mestiça branco continuava sendo uma honra e um privilégio,
contam os historiadores.
Ao mesmo tempo que diminuía o número de escra-
vos, aumentava, como é lógico, o número de pretos li- Os índios
vres ou “forros”. Na capitação de 1745, os negros “for-
Ao tempo da descoberta, eram numerosas as tribos de
ros”, que pagaram capitação, foram 120, e o número de
índios em Goiás, cobrindo todo o seu território. Podemos
escravos chegava quase a 11.000. No recenseamento de
citar entre as mais importantes: Caiapó, Xavante, Goiá,
1804, os negros livres eram em número de 7.936, 28%
Crixá, Araés, Xerente, Carajá, Acroa...
do total de pretos.
Maior era, ainda, a progressão dos mulatos. A ausên- Durante a época da mineração as relações entre ín-
cia de mulheres brancas nas minas foi a determinante de dios e mineiros foram exclusivamente guerreiras e de
uma mestiçagem, em grande escala, entre branco e preto, mútuo extermínio.
até então desconhecida no Brasil.

21
Realidade Étnica do Estado de Goiás
Os movimentos sociais no campo e a cultura po- tores. Diferenças, no entanto, podem ser notadas quanto
pular à temática, uma vez que o sertanejo tem se apresentado
majoritariamente enquanto produto da indústria cultural
O desenrolar da história de Goiás propiciou o apare-
e a música de raiz ou caipira se inspirado nas belezas do
cimento de diversas atividades culturais no Estado, das
campo e do cotidiano do sertanejo.
quais originaram legítimas manifestações do folclore
goiano. Apesar de boa parte delas estar relacionada ao Pluralidade de ritmos
legado religioso introduzido pelos portugueses, o movi-
Nem só de sertanejo vive o Estado de Goiás. Na ver-
mento cultural que floresceu no Estado agregou tradições
dade, ritmos antes considerados característicos de eixos
indígenas, africanas e europeias de maneira a abrigar um
do Sudeste do país têm demarcado cada vez mais seu es-
sincretismo não apenas religioso, mas de tradições, rit-
paço dentro do território goiano. Bons exemplos são a
mos e manifestações que tornaram a cultura goiana um
cena alternativa e do rock, divulgados em peso por festi-
mix de sensações que vão da batida do tambor da Con-
vais de renome como o Bananada e o Vaca Amarela, en-
gada e dos mantras entoados nas orações ao Divino, até a
quanto que, por outro lado, rodas de samba e apresenta-
cadência da viola sertaneja ou o samba e o rock que por
ções de chorinho também têm angariado novos adeptos,
aqui também fizeram morada.
dentre outros tantos ritmos encontrados na cultura goia-
As Cavalhadas talvez sejam uma das manifestações na.
populares mais dinâmicas e expressivas do Estado de
Goiás. A encenação épica da luta entre mouros e cristãos 9. ATUALIDADES ECONÔMICAS, POLÍTI-
na Península Ibérica é apresentada tradicionalmente por CAS E SOCIAIS DO BRASIL, ESPECIALMENTE
diversas cidades goianas, tendo seu ápice no município DO ESTADO DE GOIÁS.
de Pirenópolis, quinze dias após a realização da Festa do
Divino. Toda a cidade se prepara para a apresentação,
travestida no esforço popular em carregar o estandarte Prezado(a) candidato(a)!
que representa sua milícia. O azul cristão trava a batalha
contra o rubro mouro, ornados ambos de luxuosos man-
tos, plumas, pedras incrustadas e elmos metálicos, dese- A maioria das instituições responsáveis pela elabo-
nhando, por conseguinte, símbolos da cristandade como ração e pela organização de concursos públicos, através
o peixe ou a pomba branca – símbolo do Divino – e do de suas bancas examinadoras, já adotou, como conteúdo
lado muçulmano o dragão e a lua crescente. Paralela- programático, o tópico “CONHECIMENTOS GERAIS
mente, os mascarados quebram a solenidade junto ao / ATUALIDADES” com abordagem sobre domínio de
público, introduzindo o sarcástico e profano, em meio a tópicos atuais e relevantes de diversas áreas, tais como:
um dos maiores espetáculos do Centro-Oeste. política, economia, sociedade, educação, tecnologia,
energia, ralações internacionais, desenvolvimento sus-
As Congadas dão outro show à parte. Realizadas tra-
tentável, ecologia, responsabilidade socioambiental, se-
dicionalmente no município de Catalão, reúnem milhares gurança, artes, literatura com suas vinculações históricas
de pessoas no desenrolar do desfile dos ternos de Congo e geográficas. Esses conhecimentos podem estar ligados
que homenageiam o escravo Chico Rei e sua luta pela li-
a qualquer área do saber humano, seja em nível nacional,
bertação de seus companheiros, com o bônus da devoção
como internacional.
à Nossa Senhora do Rosário. Ao toque de três apitos, os
generais dão início às batidas de percussão dos mais de É preciso atenção nesta área, por parte do candida-
20 ternos que se revezam entre Catupés-Cacunda, Vilão, to, uma vez que ele envolve um conteúdo muito amplo.
Moçambiques, Penacho e Congos, cada qual com suas Aqui, o examinador tentará tirar do candidato conheci-
cores em cerca de dez dias de muita festa. mentos em que abordará os temas atuais, relevantes e,
amplamente, divulgados nos últimos anos, conforme
A raiz e o sertanejo consta no edital do concurso, não se esquecendo da rela-
Nem só de manifestações religiosas vive a tradicional ção do assunto com o seu passado histórico e geográfico.
cultura goiana. Uma dança bastante antiga e muito repre-
Por se tratar de uma área ampla, o que torna impos-
sentativa do Estado também faz as vezes em apresentar sível a catalogação de tais acontecimentos numa apostila,
Goiás aos olhos dos visitantes. A Catira que tem seus
aconselhamos você a rever jornais e revistas que versem
primeiros registros desde o tempo colonial não tem ori-
sobre os assuntos-tema solicitados no programa. Acom-
gem certeira. Há relatos de caráter europeu, africano e
panhe todo o noticiário que houver até o dia da prova e
até mesmo indígena, com resquícios do processo cate-
faça uma sinopse de tudo o que chamar a sua atenção.
quizador como forma de introduzir cantos cristãos na
possível dança indígena. No entanto, seu modo de repro- Professores de cursinhos, ouvidos pelo portal
dução compassado entre batidas de mãos e pés, permea- <www.G1.globo.com>, são unânimes em dizer: “para
dos por cantigas de violeiros perfaz a beleza cadenciada ter bom desempenho nas provas de atualidades dos con-
pela dança. cursos públicos, o candidato precisa de estar sintonizado
com os assuntos mais importantes e recentes do Brasil e
A viola, aliás, está presente em boa parte do cancio-
do mundo. A solução é criar o hábito de acompanhar o
neiro popular goiano, especialmente nos gêneros caipira noticiário, seja por meio do rádio, da TV, da Internet,
e sertanejo, que em conjunto com sanfonas e gaitas têm dos jornais, das revistas ou dos livros”.
sido bastante divulgados, geralmente por duplas de can-

22
Realidade Étnica do Estado de Goiás
Durante a preparação para a prova, o candidato de- do assunto ATUALIDADES / CONHECIMENTOS
ve observar, atentamente, os fatos acontecidos até os úl- GERAIS.
timos dias. Recentemente, uma organizadora de concur-
*********************************************
so colocou uma questão que abordava um fato que tinha
acontecido na quarta-feira anterior à prova. Por isso, é PRINCIPAIS FATOS E ACONTECIMENTOS
importante acompanhar o noticiário. NACIONAIS
Outra observação é quanto ao alcance sobre o que  O Governo Dilma;
pode ser cobrado na prova ou não. Não basta ter a preo-  A “Chuva” de Escândalos no Governo Federal;
cupação sobre fatos ligados somente à política, econo-  As Crises no Senado Federal e na Câmara dos De-
mia, à relações internacionais, à saúde, à educação, etc. putados;
Atualidade é um termo abrangente, o que dá direito à  As Eleições para as Mesas Diretoras do Senado Fe-
banca organizadora do concurso de colocar uma questão, deral e da Câmara dos Deputados;
abordando um fato, amplamente, divulgado na mídia,  O Julgamento dos envolvidos no Escândalo do
bem como um fato que não tenha sido tão divulgado, “Mensalão”;
embora tenha sido noticiado. Temos, como exemplo,  Os Acordos Políticos pela Governabilidade;
uma prova aplicada que cobrava conhecimento do candi-  O Congresso Nacional e as Comissões Parlamenta-
dato sobre o “reality show Big Brother”. Outra prova, res de Inquéritos (CPIs);
aplicada em 2007, perguntava o nome do livro da ex-  A atuação do Ministério Público e da Polícia Fede-
garota de programa Bruna Surfistinha, “O Doce Veneno ral nos vários escândalos “estourados”;
do Escorpião”. Em outra prova, considerada fácil, uma  O Supremo Tribunal Federal e suas decisões;
questão perguntava o nome do atual técnico da seleção  A questão da Liberdade de Imprensa no Brasil;
brasileira de futebol, Dunga.  A questão dos Grampos Telefônicos nas Investiga-
ções Policiais;
Outro fato importante é observar o edital, para ver
 Os processos de Cassação dos Parlamentares envol-
se o concurso abordará fatos de âmbito, apenas, nacional
vidos em Esquemas de Corrupção;
ou, também, internacional. Há, também, concursos que
 As Renúncias de Parlamentares envolvidos em De-
cobram fatos regionais.
núncias de Corrupção;
Feito isso, procure memorizar os fatos, não descui-  Os problemas partidários no Sistema Político Brasi-
dando você dos detalhes da notícia, tais como: época, lo- leiro;
cal, personagens envolvidos e, principalmente, a palavra-  A prisão de membros da Alta Magistratura;
chave do evento. Ex.: CPI do “Apagão Aéreo” – relaci-  As reformas Previdenciária, Judiciária e Tributária;
onado com a crise e com os acontecimentos no setor aé-  Em debate, a Reforma Política;
reo dos últimos anos; “Infidelidade Partidária” – rela-  A resposta do “NÃO” no Referendo sobre o Desar-
cionado ao troca-troca de partidos entre os políticos; mamento;
“Biodiesel” – relacionado com a proposta brasileira so-  O Brasil na frente dos Biocombustíveis;
bre um novo combustível, totalmente, ecológico; “Efeito  As Novas Descobertas Petrolíferas no Brasil;
Estufa” – relacionado com a preocupação mundial com  A polêmica dos Arquivos Secretos do Regime Mili-
os problemas do meio-ambiente e do aquecimento solar; tar;
“Crise Econômica Mundial” e “Gripe Suína” – ou fa-  A Crise Econômica Mundial e seus efeitos no Bra-
tos recorrentes e que estão na mídia nos últimos dias, ou sil;
seja, procure uma palavra ou uma frase que o faça você  O Brasil no Grupo dos Credores do FMI;
lembrar de determinado conjunto de acontecimentos re-  As Projeções para a Retomada do Crescimento da
lacionados com um tema específico. Economia;
 O Dólar e seus Reflexos na Economia;
É importante, também, saber que toda atualidade
 O Programa de Aceleração do Crescimento – PAC;
tem suas raízes históricas e geográficas; razões geopolí-
 Risco-Brasil Frente à Crise Econômica;
ticas e econômicas. Por isso, recomendamos um pouco
 A Crescente Demanda das Exportações;
de leitura em livros de história e de geografia recentes,
 A Febre aftosa e seus Reflexos na Economia;
para saber situar um determinado fato a um contexto do
 A Criminalidade nos principais centros;
assunto, para que o candidato consiga responder, com
 A Violência Policial Brasileira;
mais segurança, a questão.
 Os Crimes que chocaram o país;
Lembre bem: “O hábito da leitura é fundamental.  Os Problemas Ambientais e Ecológicos;
Quanto mais a pessoa lê, mais ela assimila. Use todas as  O Desmatamento na Amazônia;
fontes de informações, porque o mundo é da informação.  O Problema da Água no Brasil;
Existem formas de se atualiza:, é preciso achar o pró-  A Transposição do rio São Francisco;
prio meio. O que não pode é prestar a prova alienado.”  O Efeito Estufa e suas consequências para o Brasil;
 A Guerra dos Transgênicos;
Para ajudar você, relacionaremos alguns fatos que
 A Globalização Econômica e seus efeitos no Brasil;
foram destaques no noticiário, para servir de base, na sua
 A Queda nos Lucros das Principais Empresas Brasi-
pesquisa. A seguir, arrolaremos algumas questões extraí- leiras;
das de provas de concursos em que são abordados temas  As Fusões no Mercado Econômico (a mais recente:
Perdigão e Sadia);
23
Realidade Étnica do Estado de Goiás
 As Fusões no Mercado Financeiro  As Mudanças Climáticas: aumento da temperatura,
 As Tragédias com Aviões (GOL: voo 1907 e da chuvas e destruição em diversos estados brasileiros;
TAM: Voo 3054) e outros acidentes de grandes pro-  O Julgamento do Casal Nordonni;
porções;  Os Casos de Pedofilia no Brasil;
 O Acidente nas Obras do Metrô de São Paulo;  A Morte do Pedófilo de Luziânia-GO;
 As Tragédias Naturais Ocorridas nos Últimos Anos  O Caso Bruno;
(como as decorrentes das enchentes provocadas pe-  O calor intenso e o problema das queimadas;
las chuvas);  Dilma é eleita a Primeira Mulher Presidente da Re-
 As Principais Doenças de Massa como Aids, Den- pública;
gue, Febre Amarela, Gripe Suína e Zica;  A lei Ficha Limpa;
 A Propagação da Gripe H1N1(Suína) e suas Varian-  A Onda de arrastões no Rio leva pânico a popula-
tes; ção;
 O Novo Código Civil e suas Implicações na Socie-  Onda de ataques a Caixas Eletrônicos em todo país;
dade Brasileira;  Tragédia na Escola Tasso da Silveira – Realengo;
 A Questão da Menoridade Penal;  Óxi – A nova droga mais legal que o Krack;
 A Questão do “Aborto”;  Operação Alquimia da Receita Federal e PF;
 A Questão do Uso da “Célula-Tronco”  O Rock In Rio;
 As Relações Diplomáticas entre o Brasil e Países da  O Plano Nacional de Banda Larga;
América Latina;  A nova Lei do aviso prévio;
 A Disputa Comercial entre Brasil e Argentina;  A descoberta de petróleo na Bacia de Campo;
 A Questão Migratória entre o Brasil e os Países da  As Olimpíadas de 2016;
Europa;  O câncer do ex-presidente Lula;
 O Comércio Informal;  O vazamento de óleo na Bacia de Campo (RJ);
 O Comércio Externo do Brasil.  A Queda de Ministros no Governo Dilma;
 O Esporte e suas Influências;  O Julgamento do Lindemberg;
 A Máfia Envolvendo o Futebol Brasileiro;  Corrupção em Hospitais Federais no Rio;
 A Música, a Arte, a Literatura e o Cinema Nacional;  O novo Código Florestal;
 O Roubo no Museu de Arte de São Paulo (MASP);  Os Apagões Afeta Norte e Nordeste do país;
 O Roubo na Petrobrás (caso de espionagem???);  A morte de Oscar Niemeyer;
 As Revoluções Tecnológicas;  A divisão dos royalties do petróleo;
 O Brasil na Era da TV digital;  O Assassinato do Executivo Yoki;
 O Brasil e seu Primeiro Astronauta;  Tragédia em Santa Maria/RS, 242 pessoas são mor-
 A Violência no Trânsito; tas na Boate Kiss;
 A Polêmica da Lei-Seca nas Estradas Federais  O programa Ciências sem Fronteiras
 O Trabalho Infantil e do Maior Escravo;  Onda de protestos em todo o país;
 A Situação Carcerária e seus Efeitos;  O Programa mais Médicos do Governo Federal;
 A Reforma Agrária e os Sem-Terra;  A PEC 37;
 Os Conflitos pelas Demarcações das Terras Indíge-  A falta de água em São Paulo;
nas (caso da reserva Raposa Serra do Sol, em Ro-  Eleições Municipais de 2016;
raima);  Preso suspeito de ser o assassino de mulheres em
 A Miséria nas Favelas; Goiânia;
 A Proposta de Unificação das Polícias Civil e Mili-  Homem anuncia ataque terrorista e faz refém dentro
tar; de hotel em Brasília;
 A União Civil entre Pessoas do mesmo Sexo;  Corrução na Petrobrás;
 O Turismo Sexual e a Prostituição Infantil;  A CPI da Petrobrás;
 A Luta Brasileira por uma Vaga no Conselho de Se-  A Crise Econômica Brasileira;
gurança da ONU;  O Ajuste Fiscal;
 A Visita do Papa ao Brasil;  A PEC das Domésticas;
 O Nordeste Brasileiro e seus problemas (antes seca;  TCU rejeita contas da Dilma;
hoje, chuva em excesso);  Processo de impeachment de Dilma Rousseff e o
 Os 200 anos da Vinda da Coroa Real Portuguesa pa- seu afastamento;
ra o Brasil;  Dengue, Chikungunya e Zica-vírus;
 A Crise Diplomática entre Brasil e Itália, envolven-  A preocupação com a Segurança nas Olimpíadas no
do o refugiado Cesare Battisti; Brasil.
 O Caso da Brasileira que forja Ataque Neonazista  As prisões dos supostos envolvidos em terrorismo
na Suíça; no Brasil
 Os Principais Fatos Ocorridos no Distrito Federal e
entorno;
 Escândalo no Senado Federal (os 500 atos secretos);
 Escândalo no DF;
 A Violência no Rio de Janeiro;

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Realidade Étnica do Estado de Goiás
EXERCÍCIOS D) Os lucros advindos da produção cafeeira foram res-
ponsáveis pela estabilidade social, econômica e po-
Nas questões de 01 a 78, marque uma única alterna-
lítica do país durante a chamada República Velha.
tiva correta conforme pede seu comando.
01. (Comarca de Goiânia/GO – Escrivão Judiciá- 05. (Comarca de Goiânia/GO – Escrivão Judici-
rio III/UEG/2008). As divergências térmicas que ocor- ário III/UEG/2008). Durante o início da implantação da
rem entre o norte e o sul do estado de Goiás são determi- colonização portuguesa em Goiás, foi proibida a navega-
nadas pelo seguinte fator: ção dos rios Araguaia e Tocantins. Pode-se afirmar
A) Cobertura vegetal CORRETAMENTE que esta medida
B) Pluviosidade
C) Latitude A) visava impedir o contrabando de ouro produzido em
D) Maritimidade Goiás.
B) visava proteger os aldeamentos indígenas localiza-
02. (Comarca de Goiânia/GO – Escrivão Judiciá- dos às margens desses rios das incursões dos ban-
rio III/UEG/2008). Segundo dados do Instituto Brasilei- deirantes paulistas.
ro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 1940 e 2000 a C) visava impedir o acesso dos emboabas às minas au-
população brasileira deixou de ser predominantemente ríferas de Goiás.
rural passando a ser predominantemente urbana. No caso D) foi responsável direto pela estagnação econômica
do estado de Goiás, a população urbana que era de 18%, de Goiás no século XIX.
na década de 1940, alcançou 88% no ano 2000. Esse rá-
pido processo de urbanização do estado de Goiás teve 06. (Comarca de Goiânia/GO – Escrivão Judici-
como uma de suas consequências: ário III/UEG/2008). Dentre as principais personalidades
religiosas de Goiás, destacam-se as figuras de Santa Dica
A) A concentração fundiária e a formação de latifún-
e Padre Pelágio.
dios.
B) A mudança na estrutura econômica do estado, que Sobre elas, é INCORRETO afirmar:
passou de agrícola a industrial.
A) O prestígio de Padre Pelágio contribuiu para a con-
C) A concentração da população em pequenas cidades.
solidação da Romaria de Trindade como a principal
D) O surgimento da região metropolitana de Goiânia.
festa católica de Goiás.
B) Apesar de seu prestígio entre a população, Santa
03. (Comarca de Goiânia/GO – Escrivão Judici-
Dica enfrentou a resistência das elites goianas, che-
ário III/UEG/2008). A partir da década de 1970, o perfil
gando a ser combatida pelas forças armadas.
da economia goiana sofreu fortes alterações. De uma
C) A veneração de ambas as personalidades demonstra
economia agrícola com significativa produção de arroz e
o quanto a religião é um fator de peso nos movi-
milho destinada ao mercado interno, passou-se para uma
mentos sociais camponeses de Goiás das primeiras
agricultura destinada à exportação, na qual a soja e os
décadas do século XX.
derivados da cana-de-açúcar despontam como os princi-
D) Santa Dica, em reconhecimento do seu esforço na
pais produtos. Dentre as consequências dessa transfor-
divulgação da fé católica, foi a primeira mulher ca-
mação destaca-se:
nonizada no Brasil.
A) O aumento da biodiversidade
B) O aumento da arrecadação tributária estadual 07. (Polícia Civil/GO/Agente de Polícia 3ª Classe
C) A ampliação da utilização de mão-de-obra em vir- – Prova A /UEG/2008). Leia o quadro a seguir.
tude da mecanização agrícola
D) A permanência da população no campo Produção de ouro anual em Goiás em 1753 e
2005
04. (Comarca de Goiânia/GO – Escrivão Judici-
ário III/UEG/2008). Tradicionalmente, a economia bra-
sileira é vislumbrada historicamente por meio do concei-
to de “ciclos econômicos”, que indica a preponderância PALACIN, L.; MORAES, M. A. História de Goiás. Goiânia:
de uma determinada atividade econômica em um dado Editora da UCG, 1994. <www.seplan.go.gov.br/s ep-
in/pub/serieEB/Port/Rev27/04-tab01.htm>. Acesso em: 13 out.
período. Sobre esse fenômeno, é CORRETO afirmar: 2008.
A) A extração do pau-brasil, iniciada com as capitanias
Os dados do quadro permitem comparar a produção
hereditárias, possibilitou o povoamento efetivo do
aurífera goiana do século XVIII e a produção contempo-
território brasileiro pelos portugueses.
rânea. Nesse sentido, é INCORRETO afirmar:
B) A produção de ouro no século XVIII possibilitou
que Portugal desenvolvesse suas manufaturas, tor- A) apesar da produção menor, o ouro goiano possuía
nando uma das principais potências econômicas da um peso maior na economia portuguesa, no século
época. XVIII, do que possui atualmente na economia brasi-
C) O processo de industrialização iniciado durante o leira, em virtude da política mercantilista de acumu-
Estado Novo foi decorrência de uma conjuntura in- lação de ouro e prata, naquela época.
ternacional favorável e de altos investimentos do B) a maior produção aurífera de 2005 pode ser expli-
Estado. cada pela utilização de recursos tecnológicos que
permitem a exploração de jazidas profundas, en-
25
Realidade Étnica do Estado de Goiás
quanto, em 1753, explorava basicamente o chamado B) a migração dos Tupi do litoral para o interior, en-
ouro de aluvião. trando em conflito com os Jê.
C) a disparidade entre a produção aurífera de 2005 e a C) as bandeiras paulistas que adentraram o interior pa-
de 1753 precisa ser relativizada, pois a evasão fiscal ra escravizar indígenas.
do minério era muito maior no século XVIII do que D) a vinda de nordestinos para trabalhar na construção
no século XXI. de Goiânia.
D) o peso proporcional da produção aurífera do ano de
2005 na arrecadação tributária total de Goiás é três 11. (Polícia Civil/GO/Delegado de Polícia de 3ª
vezes maior do que o da produção aurífera do ano Classe – Prova A / UEG/2008). Sobre a atual regionali-
de 1753. zação estabelecida pelo IBGE, para o estado de Goiás, é
CORRETO afirmar:
08. (Polícia Civil/GO/Agente de Polícia 3ª Classe A) baseia-se na área de abrangência dos elementos (na-
– Prova A /UEG/2008). Nas eleições municipais de turais, econômicos, demográficos) utilizados como
2008, o Superior Tribunal Eleitoral proibiu que os eleito- referência para seu estabelecimento, desconsideran-
res portassem celulares nas cabines de votação a fim de do, portanto, os limites das unidades administrati-
evitar que tais aparelhos, por meio da filmagem ou foto- vas.
grafia, servissem de instrumentos de coação sobre a li- B) corresponde a recortes espaciais definidos a partir
berdade de escolha do eleitor. Na história política de de critérios (naturais, econômicos, sociais, entre ou-
Goiás, a privacidade do voto não era garantida pelo Es- tros) que permitem agrupar, numa região, locais
tado em qual situação? com características semelhantes, separando-os dos
A) Durante a ditadura militar, quando os militares im- demais.
pediram a livre expressão dos eleitores. C) representa as particularidades do estado de Goiás
B) Durante o Estado Novo, quando a privacidade do em relação ao contexto nacional, uma vez que utili-
voto foi cerceada pelo interventor Pedro Ludovico. za critérios diferentes daqueles utilizados em outras
C) Durante a República Velha, quando o voto desco- regiões brasileiras.
berto servia para perpetuação do poder dos grupos D) apresenta especificidade quanto à organização do
oligárquicos. espaço, uniformidade de atributos, auto-suficiência
D) Durante o período escravista, quando os escravos e unicidade em relação umas às outras.
eram obrigados a votar sob orientação política de
seus senhores. 12. (Polícia Civil/GO/Delegado de Polícia de 3ª
Classe – Prova A / UEG/2008). O povoamento branco
09. (Polícia Civil/GO/Agente de Polícia 3ª Classe de Goiás, no século XVIII, foi caracterizado pela prodi-
– Prova A /UEG/2008). A historiografia goiana consi- galidade na construção de igrejas. Só em Vila Boa, capi-
dera que na década de 1970 houve uma modernização tal da capitania, foram construídas, no espaço de 50
das atividades agrícolas em Goiás. Como decorrência anos, oito igrejas. Esse grande número de igrejas, no iní-
dessa modernização, constata-se uma crescente mecani- cio do povoamento branco de Goiás, explica-se pelo fato
zação e utilização de insumos agrícolas, significando a de os templos servirem
expansão e consolidação do capitalismo no meio rural. É A) aos propósitos fiscais do Estado português, sendo
CORRETO identificar como consequência desse proces- que os clérigos, encarregados de recolher os dízi-
so: mos e o quinto real, reservavam partes substanciais
A) o aumento da repressão autoritária por parte do Es- desses rendimentos para a construção e o embele-
tado aos movimentos sociais que lutavam por terra. zamento das igrejas.
B) modificações na estrutura fundiária de Goiás, com a B) de principal instrumento da política indigenista
consolidação da pequena propriedade rural, no esta- pombalina, sendo que elas visavam impressionar os
do. silvícolas, estimulando-os a abandonarem suas prá-
C) a implantação de um programa de reforma agrária, ticas religiosas e suas aldeias e virem trabalhar e
como a Colônia Agrícola de Ceres, para atender aos congregar em Vila Boa.
trabalhadores imigrantes. C) de locais de culto e de sepultamento de membros da
D) o desenvolvimento do populismo nos anos 70 como população que estivessem integrados nas inúmeras
forma de conciliação de interesses contraditórios no irmandades existentes na época, sendo que os es-
quadro político e econômico de Goiás. cravos não-cristianizados eram sepultados num ce-
mitério rudimentar.
10. (Polícia Civil/GO/Agente de Polícia 3ª Classe D) no contexto histórico da Contrarreforma, de símbo-
– Prova A /UEG/2008). Entre os séculos IV e VI, os los da supremacia da fé católica sobre a fé dos pro-
povos germanos, pressionados militarmente pelos hunos, testantes, sobretudo dos ingleses anglicanos, que
invadiram gradativamente porções de terras do Império trabalhavam na exploração das minas de ouro em
Romano. Em relação aos deslocamentos populacionais Goiás.
para onde atualmente se localiza o estado de Goiás, apre-
senta causa similar à migração dos germanos: 13. (Polícia Civil/GO/Delegado de Polícia de 3ª
Classe – Prova A / UEG/2008). A característica funda-
A) a vinda de africanos para trabalhar como escravos
mental do Estado para o sociólogo alemão Max Weber é
nas minas do século XVIII.
a monopolização da violência, implicando que apenas o
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Realidade Étnica do Estado de Goiás
aparelho estatal tem legitimidade na utilização dos meios 16. (Polícia Civil/GO/Escrivão de Polícia 3ª Clas-
de violência e coerção. Na história de Goiás, um aconte- se – Prova A / UEG/2008). No dia 13 de maio de 1888,
cimento coerente com essa tese weberiana foi: o Governo Imperial assinou a Lei Áurea, acabando ofici-
A) a repressão da polícia goiana aos seguidores de San- almente com a escravidão no Brasil. Para Goiás, o fim da
ta Dica, culminando, em 1925, no chamado “Dia do escravidão negra gerou
Fogo”, quando o grupo foi dispersado e alguns reli- A) o descontentamento entre a elite política, uma vez
giosos morreram na ação policial. que, por ser um local bastante afastado do litoral,
B) a Revolução de 1909, quando um exército de mais inexistia um movimento abolicionista em Goiás.
de mil homens, organizado por fazendeiros, depôs o B) novos regimes de trabalho no campo, mas que man-
presidente do Estado, demonstrando a força e o tiveram a violência e a desproporcionalidade de di-
prestígio da aristocracia agrária goiana. reitos entre o empregado e o patrão.
C) as sucessivas entradas da Coluna Prestes em Goiás, C) a substituição da mão-de-obra negra pela indígena,
na década de 1920, e a consequente organização da utilizada tanto nas minas como na agricultura e na
Coluna Caiado, uma milícia destinada a proteger a pecuária.
capital do estado da invasão dos revolucionários. D) uma estagnação econômica, já que os escravos eram
D) a criação, no período regencial, da Guarda Nacio- a principal mão-de-obra utilizada na exploração au-
nal, um instrumento fundamental para o fortaleci- rífera.
mento dos meios coercitivos do Estado goiano, já
que ampliou o número de homens armados à dispo- 17. (Polícia Civil/GO/Escrivão de Polícia 3ª Clas-
sição do presidente da Província. se – Prova A / UEG/2008). Durante praticamente todo o
século XIX, a navegação dos rios Araguaia e Tocantins
14. (Polícia Civil/GO/Delegado de Polícia de 3ª foi vista pelos administradores públicos como uma das
Classe – Prova A / UEG/2008). A implementação do mais eficazes medidas para propiciar a integração socio-
regime militar em 1964 trouxe substanciais mudanças na econômica de Goiás com as demais regiões brasileiras.
política goiana. A elite econômica e política local que, Viabilizada por Couto de Magalhães na década de 1870,
desde o fim do Império controlava o poder político do a navegação desses rios representou para Goiás:
estado, teve que submeter as diretrizes centralizadoras do A) a integração efetiva entre as partes sul e norte da
governo federal. Um acontecimento da política goiana Província, equalizando as disparidades econômicas
durante o regime militar foi: e demográficas entre as duas regiões.
A) a nomeação, por meio de decreto presidencial, do B) uma via de transporte de baixo custo, já que a ele-
engenheiro Otávio Lage de Siqueira como governa- vada profundidade e a ausência de cachoeiras per-
dor de Goiás. mitem a navegabilidade constante o ano inteiro.
B) a nomeação de governadores desvinculados das fa- C) um modesto desenvolvimento comercial, já que as
mílias tradicionais que controlaram o poder político trocas comerciais de Goiás eram maiores com a re-
em Goiás, tais como os Caiado e os Bulhões. gião Sudeste do país.
C) a cassação do governador Mauro Borges Teixeira, D) trocas comerciais intensas com o Pará, tornando es-
em represália a sua atitude firme, em março de ta região o principal parceiro comercial de Goiás.
1964, na defesa da permanência de João Goulart no
poder. 18. (Polícia Civil/GO/Escrivão de Polícia 3ª Clas-
D) a eleição indireta de Ary Valadão para governador se – Prova A / UEG/2008). Uma das funções primordi-
de Goiás em 1978, o último governador do período ais do Estado moderno é dispor de uma força policial
da Ditadura militar. eficiente para garantir a paz interna entre os cidadãos.
No entanto, em grande parte da história de Goiás, pre-
15. (Polícia Civil/GO/Delegado de Polícia de 3ª dominou a privatização das funções de polícia, EXCETO
Classe – Prova A / UEG/2008). O relevo goiano é ca- no caso dos:
racterizado por: A) coronéis da Guarda Nacional, responsáveis, dentre
A) planícies aluviais localizadas nas regiões leste e outras coisas, pela preservação da ordem e pela
nordeste do estado em áreas próximas aos cursos guarda dos prédios públicos.
d´água mais importantes, como o Tocantins e o B) sertanistas, responsáveis por combater as tribos in-
Araguaia. dígenas que faziam guerra contínua aos colonizado-
B) chapadas formadas em períodos geológicos recentes res.
(pré-cambriano) e sob condições climáticas simila- C) capitães-do-mato, responsáveis pela apreensão de
res às atuais. escravos fugitivos e pela destruição de quilombos.
C) planaltos antigos intensamente erodidos em decor- D) Dragões, responsáveis principalmente por vigiar as
rência do processo de intemperismo físico-químico. minas de diamante e impedir o contrabando de ou-
D) bacias sedimentares localizadas especialmente nas ro.
regiões central e norte do estado.

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Realidade Étnica do Estado de Goiás
19. (Polícia Civil/GO/Escrivão de Polícia 3ª Clas- O poema é sobre os tropeiros, os principais respon-
se – Prova A / UEG/2008). A Revolução de 1930 pode sáveis pelo transporte de mercadorias no século XIX e
ser analisada pela visão modernizadora que apresentava, parte do século XX em Goiás. Sobre a relação dos meios
em termos da Administração Pública no Brasil, críticas de transportes com a economia goiana desse período, é
ao modelo oligárquico, até então vigente. Em Goiás, a INCORRETO afirmar:
revolução teve seus representantes, que assumiram o
A) O principal produto de exportação era o gado vivo,
comando do Estado em nome de tal modernização. Des-
que, por se autotransportar, supria as carências de
de então, vários acontecimentos promoveram mudanças
meios de transporte da época.
na administração política de Goiás, de 1930 até os dias
B) Os principais produtos importados por Goiás, no
atuais. Pode-se assim identificar, respectivamente, os se-
século XIX, eram o sal, o ferro e a pólvora, trans-
guintes grupos políticos, no comando do governo do Es-
portados basicamente pelos tropeiros.
tado nesse período:
C) O papel decisivo dos tropeiros na economia durou
A) ludoviquismo, irismo, governos militares e marco- até a construção da estrada de ferro, no século XX,
nismo. quando se dinamizou a economia agropecuária goi-
B) ludoviquismo, governos militares, irismo e marco- ana.
nismo. D) As principais trocas comerciais de Goiás eram feitas
C) governos militares, ludoviquismo, irismo e marco- com o Pará, através dos rios Araguaia e Tocantins,
nismo. rios amplamente navegáveis.
D) governos militares, ludoviquismo, marconismo e
irismo. 22. (IQUEGO/ Assistente Administrativo/UEG
/2005). Os enunciados abaixo tratam da modernização
20. (SANEAGO/GO – Advogado – UEG/2008). no campo em Goiás. Leia-os atentamente e marque a
Ao longo da história do estado de Goiás foram utilizados CORRETA:
vários critérios para dividi-lo em regiões. Inicialmente, a
A) A modernização da agricultura em Goiás é resulta-
organização das regiões obedecia a critérios principal-
do da expansão do capitalismo no campo. Essa mo-
mente naturais (vegetação, hidrografia e relevo, entre ou-
dernização aumentou o deslocamento migratório de
tros). A regionalização utilizada atualmente pelo IBGE
produtores rurais para o Estado, especialmente os
foi estabelecida em 1991 e tem como referência, princi-
grandes fazendeiros das regiões Nordeste e Norte
palmente, as características econômicas dos diferentes
do país.
municípios. Por sua vez, o governo do estado de Goiás,
B) A soja, tida como um dos principais produtos agrí-
por meio da Secretaria de Planejamento, também criou
colas goianos, foi introduzida junto com a moderni-
sua própria regionalização para o estado. A existência de
zação da agricultura e é cultivada em todo o estado,
diferentes regionalizações para o estado de Goiás NÃO
especialmente, nas regiões norte e nordeste de Goi-
pode ser explicada
ás.
A) pela escassez de informações científicas e estatísti- C) A modernização da agricultura goiana proporcio-
cas, produzidas por universidades e órgãos de pes- nou, no final do século XX, o reaparecimento das
quisa, disponíveis sobre o estado de Goiás. antigas fazendas de engenho que dinamizaram o
B) pelo fato de existirem diversas possibilidades de comércio da terra e melhoram as condições salariais
agrupar os locais do estado, segundo objetivos defi- do trabalhador no campo.
nidos por cada órgão. D) Nas atividades produtivas intensivas, a tecnologia
C) pela existência de uma grande diversidade cultural, avançada, a ocupação de toda área de propriedade e
econômica e natural, que não poderia ser abarcada a utilização de mão-de-obra especializada são fato-
utilizando-se um único critério de regionalização. res que caracterizam a modernização no campo.
D) pela dificuldade de haver concordância entre os di-
ferentes órgãos, dada a multiplicidade de interesses 23. (IQUEGO/ Assistente Administrativo/UEG
das diversas instituições que estabelecem regionali- /2005). Assinale a proposição que justifique o cresci-
zações para fins de planejamento. mento da industrialização no Estado de Goiás:
A) A descentralização econômica e industrial brasileira
21. (SANEAGO/GO – Advogado – UEG/2008).
e a implantação em Goiás de infraestrutura (por
Os tropeiros exemplo: ampliação e pavimentação de rede viária e
registram o nascimento expansão de rede de energia elétrica) são os princi-
da já desaparecida pais fatores que proporcionaram o desenvolvimento
Roncador de Goiás. da indústria em Goiás.
Ali se registrava B) Os projetos do governo federal que incentivaram a
o grosso comércio implantação industrial e a transformação das indús-
da feira de burros trias de extrativismo mineral e vegetal em indústria
e das muladas de produtos alimentícios, especialmente aquelas lo-
vindas das Minas Gerais. calizadas no norte do Estado, são os fatores que
VAZ, Coelho. Diário de tropeiro: poemas.
promoveram o aumento da industrialização em
Goiânia: Kelps, 2002. p. 45. Goiás.

28
Realidade Étnica do Estado de Goiás
C) O alto índice de desemprego e a criminalidade im- 26. (IQUEGO/ Assistente Administrativo/UEG
pulsionaram o governo do Estado de Goiás a criar, /2005). Entre 1920-1929, o gado vivo significou quase a
nos anos de 1990, programas de incentivos para ins- metade de todas as exportações e 27,69% da arrecada-
talação de indústrias nacionais e internacionais, com ção total do Estado.
a finalidade de geração de novos empregos. MORAES, Maria Augusta de Sant´Anna; PALACIN,
D) A mão-de-obra especializada, o desenvolvimento Luís. História de Goiás. Goiânia: Editora da UCG. p.
do setor econômico terciário e a criação de cidades 92.
tecnopólos proporcionaram a implantação de indús- Sobre a economia goiana, marque a alternativa
trias em Goiás, especialmente aquelas ligadas ao tu- CORRETA.
rismo e ao lazer.
A) A grande importância da pecuária em Goiás, na dé-
cada de 1920, deve-se principalmente à adoção da
24. (IQUEGO/Assistente Administrativo/UEG
pecuária intensiva por parte dos criadores, aumen-
/2005). Sobre o fluxo migratório no Estado de Goiás é
tando, com isso, a produtividade.
INCORRETO afirmar:
B) O predomínio da pecuária na economia goiana no
A) Nos últimos anos, destacou-se em Goiás um consi- século XIX e parte do XX foi acompanhado de re-
derável fluxo migratório de sulistas, especialmente lações de trabalho arcaicas no campo, com predo-
os gaúchos, em busca de terras para produção de mínio do clientelismo.
grãos nobres, provocando mudança tecnológica e de C) A pavimentação das rodovias na década de 1920
relação de trabalho no campo. contribuiu para incrementar as exportações goianas
B) O fluxo migratório para Goiás dá-se também por de carne bovina.
parte da população mais carente que se instala em D) Ainda hoje, o gado vivo, principalmente do sudoes-
Goiânia, nas cidades circunvizinhas e no Entorno de te, é o principal produto de exportação de Goiás.
Brasília. Esse fenômeno migratório é impulsionado,
em grande medida, pela condição socioeconômica 27. (IQUEGO/ Técnico de Nível Superi-
do migrante. or/UEG/2005). Sobre os aspectos físicos do Estado de
C) Os fluxos migratórios para Goiás têm duas direções: Goiás, assinale a alternativa CORRETA:
uma para as regiões pouco povoadas, como o vale
A) O Araguaia é um dos principais rios goianos que
do Araguaia; e outra para regiões metropolitanas,
deságua no rio Tocantins, na região do Bico do Pa-
como o Entorno de Brasília e o Aglomerado Urbano
pagaio.
de Goiânia.
B) A bacia hidrográfica Paranaíba, localizada na região
D) O processo migratório em Goiás foi anterior ao sé-
nordeste de Goiás, é responsável pelo abastecimen-
culo XX. Ainda nos séculos XV e XVI, havia mi-
to de água potável do estado.
gração de paulistas e, especialmente, paranaenses
C) O Sistema biogeográfico do Cerrado caracteriza-se
para as regiões sul e sudeste do Estado de Goiás,
como mosaico e ocupa uma grande extensão de
com a finalidade de produção de grãos.
Goiás.
D) Alguns dos relevos do Estado de Goiás têm forma-
25. (IQUEGO/Assistente Administrativo/UEG
ções exóticas que proporcionam o turismo ecológi-
/2005). co, como os da Serra dos Pirineus e os da muralha
Meu Goiás, meu Goiás de Paraúna.
Terra do Anhanguera
E dos Carajás 28. (IQUEGO/Técnico de Nível Superi-
És um tesouro encantado or/UEG/2005). Leia atentamente as questões abaixo e
No coração do Brasil marque a proposição INCORRETA:
És privilegiado
A) A regionalização do Estado deu-se pelas mesorregi-
Por riquezas mil
ões e microrregiões que englobam vários municí-
Toda Pátria te bendiz, Goiás.
pios goianos e foram criadas para facilitar a implan-
(Nini Araújo. Meu Goiás) tação e o desenvolvimento de políticas públicas em
Sobre o povoamento branco de Goiás no século Goiás.
XVIII, é CORRETO afirmar: B) Para regionalizar o Estado de Goiás, o Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE) criou cinco
A) Bartolomeu Bueno da Silva, sertanista protetor dos mesorregiões e 18 microrregiões geográficas.
índios, foi o primeiro branco a chegar a Goiás. C) A Secretaria de Planejamento do Estado de Goiás
B) Goiás ainda pode ser chamado de “Terra dos Cara- (Seplan) regionalizou o estado em 10 áreas. Como
jás”, tendo em vista a alta representatividade dos exemplo, podem-se citar: região metropolitana, sul,
indígenas na demografia goiana. noroeste e sudoeste goianos.
C) A busca de riquezas minerais estimulou os bandei- D) A regionalização de Goiás ocorrida nos anos de
rantes paulistas a ocuparem o Centro-Oeste brasilei- 1970 proporcionou o aparecimento de políticas pú-
ro. blicas que solucionaram problemas socioeconômi-
D) Pode-se afirmar que a Igreja Católica e a Coroa Por- cos, especialmente os das microrregiões do nordeste
tuguesa apoiaram as “guerras de extermínio” movi- do Estado.
das contra os indígenas em Goiás.

29
Realidade Étnica do Estado de Goiás
29. (IQUEGO/ Técnico de Nível Superi- C) Na última década do século XVIII, Goiás foi afeta-
or/UEG/2005). “[...] a mudança da capital não é ape- do pela epidemia de varíola, que provocou grande
nas um problema na vida de Goiás. É também a chave, o mortandade em Meia Ponte e Jaraguá, explicando
começo da solução de todos os demais problemas. Mu- assim a redução da população.
dando a sede de Governo para um local que reúna os D) A redução da população no início do século XIX
requisitos de cuja ausência absoluta se [ressente] a ci- explica-se pelo fato de Goiás ter perdido a populosa
dade de Goiás, teremos andado meio caminho na dire- região do Triângulo Mineiro para Minas Gerais.
ção da grandeza desta maravilhosa unidade Central.”
(Relatório apresentado por Pedro Ludovico Teixeira
31. (IQUEGO/ Técnico de Nível Superior/UEG/
ao presidente Getúlio Vargas em 1934. In: PALACÍN, 2005). Líder de um movimento messiânico que muitos
Luis. Fundação de Goiânia e desenvolvimento de Goi- pesquisadores comparam a Canudos de Antônio Conse-
ás. Goiânia: Oriente, 1976. p. 44) lheiro, Benedicta Cipriano, a Santa Dica, tem seu cente-
Com relação à mudança da capital de Goiás na dé- nário de nascimento comemorado nesta semana. Tida
cada de 1930, marque a alternativa INCORRETA: como santa pelos moradores de Lagolândia, Dica reuniu
em torno de si, nos primeiros anos da década de 1920,
A) De acordo com o texto citado, para Pedro Ludovico uma legião de seguidores e logo passou a ser vista como
o objetivo explícito da mudança da Capital era uma ameaça pelo governo e pela Igreja. Ela já inspirou
promover o desenvolvimento de Goiás. No entanto, filmes e livros e sua memória é lembrada no decorrer
implicitamente, visava criar um novo centro de po- desta semana em vários eventos.
der, afastando-se de seus adversários políticos. O POPULAR, Goiânia, 10 abr. 2005.
B) Em termos econômicos, a construção de Goiânia foi
uma estratégia utilizada por Pedro Ludovido Teixei- Sobre esse importante movimento social ocorrido
ra para promover o desenvolvimento socioeconômi- em Goiás é CORRETO afirmar:
co do Estado de Goiás. A) A Igreja Católica não apoiou o movimento político
C) Ao afirmar que a cidade de Goiás não reunia condi- em torno de Santa Dica, mas reconheceu seus mila-
ções para propiciar o desenvolvimento econômico gres, conseguindo sua canonização junto ao Vatica-
de Goiás, Pedro Ludovico Teixeira equivocou-se. no.
No século XIX, graças à exploração aurífera, Goiás B) O Movimento de Santa Dica foi consequência do
era um dos estados mais desenvolvidos do Brasil. intenso processo de urbanização ocorrido em Goiás
D) A construção de Goiânia expressou o desejo reno- na década de 1920.
vador advindo com a Revolução de 1930. Os revo- C) Movimentos messiânicos expressam a religiosidade
lucionários aspiravam romper com o passado, com do homem rural, entrando, assim, em contradição
as tradições e com o atraso representado pela cidade com as práticas ortodoxas pregadas pela Igreja Ca-
de Goiás. tólica.
D) Santa Dica e seus adeptos auxiliaram a Coluna
30. (IQUEGO/ Técnico de Nível Superior/UEG/ Prestes na sua passagem por Goiás. Por isso, o mo-
2005). vimento foi combatido pela Força Pública do Esta-
do.

32. (PM/GO/ Curso de Formação de Oficial


PM/UEG/ 2005). O coronelismo foi a expressão do po-
der local na Primeira República. Sobre a estrutura de po-
der nesse período analise as assertivas abaixo e escolha a
alternativa CORRETA:
I. O coronelismo apresentava-se como uma resposta à
ausência do Estado. O poder familiar e pessoal as-
segurava a dominação tradicional, uma vez que ine-
xistia uma ordem, propriamente, republicana.
II. A partir de 1912, o poder em Goiás esteve concen-
trado nas mãos do domínio familiar (Caiados), que
PALACIN, GARCIA, AMADO. História de Goiás em gerava, além de deputados e senadores, leis que
documentos. (I. Colônia). Goiânia: Editora da UFG,
1995. p. 62.
atendiam, sobretudo, aos interesses particulares.
III. A partir de 1937, iniciou-se uma renovação política
A assertiva que interpreta CORRETAMENTE o que afirmou a primazia do Estado diante dos inte-
gráfico é: resses particulares, mas sob um regime político di-
A) O declínio demográfico, a partir de 1790, foi conse- tatorial, incapaz, portanto, de afirmar o sentido de-
quência direta da redução da atividade aurífera em mocrático do ideário republicano.
Goiás, o que provocou a migração da população en-
volvida na atividade mineradora para outras regiões. A) São corretas apenas as assertivas I e II.
B) A diminuição da população em Goiás, a partir da B) São corretas apenas as assertivas II e III.
década de 1790, foi decorrente da participação de C) São corretas apenas as assertivas I e III.
Goiás na Guerra do Paraguai. D) Todas as assertivas são corretas.

30
Realidade Étnica do Estado de Goiás
que não contava com apoio algum da sociedade ci-
33. (PM/GO/ Curso de Formação de Oficial vil.
PM/UEG/ 2005). Hugo de Carvalho Ramos abriu cami- III. O governador Mauro Borges foi cassado por exi-
nho para uma geração de escritores que pensaram Goiás gência dos setores conservadores que identificavam
como região. no planejamento econômico e no projeto de reforma
Nessa direção, a literatura elabora os elementos da agrária (combinado agrourbano de Arraias) influên-
cultura e da identidade goiana. Analise as assertivas cias “esquerdistas”.
abaixo e responda:
A) São corretas as assertivas I e II.
I. Hugo de Carvalho Ramos, em seus contos, apresen-
B) São corretas as assertivas II e III.
ta como elemento fundamental de sua obra as trans-
C) São corretas as assertivas I e III.
formações sociais ocorridas em Goiás com o avanço
D) Todas as assertivas são corretas.
da urbanização decorrente da presença dos tropei-
ros.
36. (PM/GO/ Curso de Formação de Oficial
II. Bernardo Elis enfatiza a presença da violência e
PM/UEG/ 2005). Na década de 1980, a campanha das
da exploração sobre o trabalhador rural no romance
Diretas Já empolgou o país. Acerca desse período é IN-
O tronco.
CORRETO afirmar que:
III. Cora Coralina, em sua poesia, evoca o passado co-
mo libertação, focalizando a vida que se desenvol- A) A campanha foi planejada como uma etapa do pro-
via livre dos preconceitos e do moralismo próprios cesso de abertura, que propunha a progressiva reti-
da cidade grande. rada dos militares do poder, conservando, por outro
lado, a integridade e o papel das forças armadas no
A) São corretas apenas as assertivas I e II. novo regime.
B) São corretas apenas as assertivas II e III. B) A campanha foi o resultado de forças heterogêneas
C) São corretas apenas as assertivas I e III. que buscavam, pelo voto, impulsionar o lento ritmo
D) Apenas a assertiva II está correta. do processo de abertura política.
C) A empolgação popular foi incapaz de garantir a
34. (PM/GO/ Curso de Formação de Oficial aprovação da emenda Dante de Oliveira, mas abriu
PM/UEG/ 2005). A cidade de Pirenópolis tem na Festa espaço para a negociação política em torno da elei-
do Divino uma das suas principais atrações. Na relação ção do presidente Tancredo Neves.
entre festa e cultura pirenopolina, destaca-se D) Em Goiás, o retorno de antigas lideranças mobili-
zou o eleitorado, abrindo uma nova etapa de conso-
A) a preservação de uma tradição cultural recriada nos
lidação do Partido do Movimento Democrático Bra-
festejos que atraem turistas de todas as partes do
sileiro (PMDB) em torno da figura de Íris Rezende.
Brasil.
B) o culto de tradições culturais seculares imunes às
37. (TJGO/Auxiliar Judiciário/UEG/2006). Sobre
influências do comércio e do turismo.
o povoamento do território goiano no século XX, é IN-
C) a ruptura com a tradição cultural marcada pela con-
CORRETO afirmar:
tínua invenção de novos rituais voltados para o
mercado turístico. A) O processo de ocupação do Mato Grosso Goiano foi
D) a espontaneidade dos festejos que são recriados li- estimulado pela descoberta de veios auríferos na ci-
vremente pela população sem apelo ao seu suposto dade de Bela Vista de Goiás.
sentido original. B) A estrada de ferro exerceu significativa influência
nas primeiras décadas do século XX, especialmente
35. (PM/GO/ Curso de Formação de Oficial no sul de Goiás.
PM/UEG/ 2005). Na década de 1960, o intenso clima de C) A edificação de Brasília, durante a década de 1950,
disputa ideológica resultou no golpe que derrubou o go- provocou um intenso fluxo migratório para as regi-
verno de João ões que circundavam a Capital Federal.
D) A construção da Belém–Brasília favoreceu o surgi-
Goulart, impondo um novo modelo político ao país.
mento de inúmeras cidades no norte de Goiás.
Analise as assertivas abaixo e responda.
I. O compromisso do governo Goulart com as refor- 38. (TJGO/Auxiliar Judiciário/UEG/2006). De
mas de base, principalmente a agrária, motivou a acordo com os dados do quadro sobre as microrregiões
mobilização militar para a derrubada do governo. goianas selecionadas, assinale a alternativa INCORRE-
II. O movimento que derrubou o presidente Goulart TA:
pode ser caracterizado como golpe militar, uma vez

31
Realidade Étnica do Estado de Goiás
A) A microrregião de Goiânia, entre as citadas, é a C) A microrregião do Entorno de Brasília destaca-se,
mais povoada. entre outros motivos, pela concentração populacio-
B) A microrregião da Chapada dos Veadeiros, entre as nal.
citadas, é a menos povoada. D) A microrregião de Catalão destaca-se, entre outros
C) A microrregião de Porangatu, entre as citadas, é a motivos, pela produção agrícola e pelo setor mine-
menos povoada. ral.
D) A microrregião de Anápolis, entre as citadas, é a
segunda mais povoada. 40. (TJGO/Auxiliar Judiciário/UEG/2006). No
início dos anos 1930, a comissão organizada para anali-
39. (TJGO/Auxiliar Judiciário/UEG/2006). As sar um local adequado para ser construída a nova capital
microrregiões goianas têm importância econômica dife- de Goiás, escolheu o município de Campinas. Todos os
renciada no cenário regional do Estado de Goiás. fatores a seguir foram relevantes para a escolha, EXCE-
TO:
Sobre a importância das microrregiões, é INCOR-
RETO afirmar: A) Abundância de recursos hídricos
B) Topografia pouco acidentada
A) A microrregião do sudoeste Goiano destaca-se, en-
C) Proximidade do traçado previsto da estrada de ferro
tre outros motivos, pela produção de grãos.
D) Concentração demográfica elevada
B) A microrregião de Goiânia destaca-se, entre outros
motivos, pela elevada produção de grãos.

produção de tomate, pepino, quiabo, entre outras


41. (TJ/GO/Técnico Judiciário – Categoria - Psi- culturas.
cólogo/UEG/2006). De acordo com a interpretação do
mapa sobre a oferta de produtos na Central de Abasteci- 42. (TJ/GO/Técnico Judiciário – Categoria - Psi-
mento de Goiás S.A. (Ceasa) e o conhecimento sobre a cólogo/UEG/2006). A Região Metropolitana de Goiânia
agricultura goiana, assinale a alternativa INCORRETA: foi criada pela Lei Complementar n. 27, de 30 de de-
zembro de 1999. Entre seus objetivos estão aqueles de
A) A elevada participação da microrregião do sudoeste
pensar políticas governamentais para os municípios que
goiano na oferta da Ceasa confirma o seu forte peso
se encontram integrados social e economicamente a Goi-
na produção de hortifrutigranjeiros do Estado de
ânia. Sobre a Região Metropolitana de Goiânia, é IN-
Goiás.
CORRETO afirmar:
B) Entre os produtos ofertados pela microrregião de
Goiânia, podem ser destacados: folhas, quiabo, A) O município de Aparecida de Goiânia é aquele que
abobrinha, ovos de Bela Vista de Goiás, Guapó e se encontra mais integrado ao município de Goiâ-
Inhumas, além de outros produtos. nia, uma vez que as fronteiras dos dois municípios
C) O consumo de hortifrutigranjeiros é maior nos am- chegam a se confundir, especialmente no limite sul
bientes metropolitanos, fato que justifica a destaca- de Goiânia.
da participação da microrregião de Goiânia na ofer- B) Os municípios de Senador Canedo e Trindade en-
ta da Ceasa. contram-se integrados ao sistema de transporte co-
D) A significativa participação da microrregião de letivo da Região Metropolitana de Goiânia, o que
Anápolis na oferta da Ceasa está relacionada com a facilita o deslocamento de pessoas que moram nes-
32
Realidade Étnica do Estado de Goiás
ses municípios e trabalham e/ou estudam em Goiâ- D) em uma aliança política com os fazendeiros do inte-
nia. rior, os quais, em troca, indicavam os ocupantes dos
C) O terminal Padre Pelágio, no extremo oeste da ave- cargos de nível local (juiz-de-paz, juiz-de-direito,
nida Anhanguera, integra Goiânia ao município de promotor, delegado etc.).
Trindade, via transporte coletivo.
D) As políticas de uso e regulação do solo urbano na 46. (SANEAGO/ Técnico em Segurança do Tra-
Região Metropolitana de Goiânia são definidas e balho/UEG/2006). O acidente com o césio-137 (1987)
executas em comum acordo com todos os municí- traumatizou a cidade de Goiânia. O governador de Goiás
pios. na época era
A) Henrique Santillo.
43. (TJ/GO/Técnico Judiciário – Categoria - Psi-
B) Joaquim Roriz.
cólogo/UEG/2006). A partir dos anos 1980, incorpora-se
C) Íris Rezende Machado.
cada vez mais na sociedade goiana a consciência da im-
D) Maguito Vilela.
portância da proteção ambiental e do resgate das tradi-
ções históricas. Qual das alternativas abaixo NÃO está
47. (SANEAGO/ Técnico em Segurança do Tra-
relacionada a essa mudança de mentalidade?
balho/UEG/2006). O desenvolvimento econômico foi
A) A proliferação de hotéis-fazenda no entorno de um sonho sempre presente naqueles que administraram
Goiânia, uma mistura do moderno (hotel) com o Goiás nos últimos três séculos. No entanto, o desenvol-
tradicional (fazenda). vimento econômico feito à revelia dos cuidados com o
B) A proliferação dos shoping centers, uma forma de meio ambiente pode trazer riscos e custos sociais incal-
aliar comércio, lazer e conforto, desvinculada do culáveis. Sobre esse assunto, é CORRETO afirmar:
consumismo capitalista.
A) O fato de a economia pecuária do século XIX não
C) O surgimento do Festival de Cinema e Vídeo Am-
ter provocado danos ambientais em Goiás explica-
biental na Cidade de Goiás (Fica), aliando tradição
se pelo fato de o gado ser criado confinado, não
histórica com ecologia.
desgastando as pastagens naturais do Cerrado.
D) A expansão dos condomínios horizontais fechados
B) A cidade de Minaçu é destaque na produção inter-
em Goiânia, demonstrando a preocupação das clas-
nacional do amianto crisotila, mineral utilizado na
ses altas em aliar segurança com qualidade de vida.
produção de telhas e caixas d´água, cujo uso é de-
fendido por ambientalistas por possibilitar a eco-
44. (TJ/GO/Técnico Judiciário – Categoria - Psi-
nomia do minério de ferro.
cólogo/UEG/2006). No ano de 2001, a Cidade de Goiás
C) A atividade mineradora que se desenvolveu em
foi reconhecida pela Unesco como Patrimônio da Huma-
Goiás no século XVIII, além de utilizar o perigoso
nidade. Todas as alternativas a seguir foram importantes
mercúrio na purificação do ouro, ocasionou erosões
para escolha do título, EXCETO:
e assoreamento dos córregos auríferos.
A) O fato de o centro histórico ser um dos poucos D) A soja, produto largamente produzido em Goiás nos
exemplos conservados da arquitetura colonial brasi- últimos anos, é benéfica para o ambiente do cerra-
leira no centro do país. do, pois, além de oxigenar o solo, seu cultivo, dife-
B) A mobilização da população da cidade em prol do rentemente do arroz, quase não necessita de fertili-
reconhecimento de suas tradições, destacando-se o zantes e agrotóxicos.
Movimento Pró-Cidade de Goiás.
C) A imponência e o luxo de sua arquitetura colonial, 48. (SANEAGO/ Técnico em Segurança do Tra-
idêntica à das cidades históricas mineiras, como balho/UEG/2006). O povoamento do território goiano,
Ouro Preto e Vila Rica. ao longo dos quatro últimos séculos, ocorreu de forma
D) Os altos investimentos do poder público federal e esparsa e irregular, respondendo, de maneira geral, ao
estadual na recuperação e manutenção dos monu- impulso das atividades econômicas, com destaque para o
mentos do centro histórico. ouro, as atividades agropastoris e as políticas de inter-
venção territorial do Estado. Sobre o surgimento das ci-
45. (SANEAGO/ Técnico em Segurança do Tra- dades goianas, é INCORRETO afirmar:
balho/UEG/2006). Durante a República Velha, a políti-
A) A cidade de Pirenópolis e a cidade de Anápolis ori-
ca goiana foi marcada pelo controle do poder político por
ginaram-se da atividade mineradora, no período co-
algumas famílias, destacando-se a família Bulhões e a
lonial.
família Caiado. A sustentabilidade do poder dessas famí-
B) O surgimento da cidade de Goiás, antiga capital do
lias baseava-se
Estado, foi resultado direto da mineração do ouro
A) nas classes médias urbanas das principais cidades no período colonial.
goianas, como Catalão, Anápolis e a capital. C) A cidade de Piracanjuba, localizada na microrregião
B) no regime do voto censitário, o que restringia o voto do Meia Ponte, teve sua origem relacionada ao pou-
de 90% da população goiana. so de tropas, daí seu nome original “Pouso Alto”.
C) no equilíbrio entre os poderes Legislativo, Judiciá- D) A cidade de Ceres, localizada no vale do São Patrí-
rio e Executivo, garantido pela Constituição Fede- cio, teve sua origem relacionada à colonização agrí-
ral. cola.

33
Realidade Étnica do Estado de Goiás
49. (SANEAGO/ Técnico em Segurança do Tra- C) Em razão de sua fertilidade natural, os solos do Cer-
balho/UEG/2006). Sobre o bioma Cerrado, é INCOR- rado foram bastante utilizados para a agricultura in-
RETO afirmar: tensiva.
D) A gabiroba, o araticum, o gravatá, o pau-terra, a ca-
A) Os estratos inferiores do cerrado, constituídos por
gaiteira são espécies típicas do Cerrado.
gramíneas, são mais utilizados e adequados para a
pecuária.
50. (SANEAGO/ Administrador/ UEG/2006).
B) A cobertura vegetal do Cerrado é heterogênea do
PREÇO MÉDIO DOS PRODUTOS PRATICADOS NO
ponto de vista dos estratos arbóreos.
ATACADO NA PROVÍNCIA DE GOIÁS – 1860-1865

BRETAS, Genesco Ferreira. História da instrução pública em Goiás. Goiânia: UFG, 1991. p. 242.
Levando em consideração o conhecimento da eco- período, inúmeras praias que impulsionam a ativi-
nomia goiana nos dois últimos quartéis do século XIX e dade turística.
a tabela citada, assinale a alternativa CORRETA: C) Um grande número de atividades econômicas são
desenvolvidas ao longo do rio Araguaia, entre as
A) É possível afirmar que a produção pecuária goiana,
quais podem ser citadas a produção de energia elé-
por causa das dificuldades de escoamento, era des-
trica, com destaque para a hidroelétrica de Cana
tinada exclusivamente ao mercado interno.
Brava e Lajeado.
B) O alto custo do sal derivava das dificuldades de im-
D) O Araguaia é caracterizado como um rio de planal-
portação, visto que Goiás era uma província isolada
to, ao contrário do Tocantins, que é um rio de planí-
na época.
cie.
C) O baixo preço do arroz relacionava-se com a sua al-
ta produção, estimulada pela exportação desse pro-
52. (SANEAGO/ Administrador/ UEG/2006).
duto pela ferrovia em Goiás.
D) O baixo preço dos subprodutos da mandioca de-
monstrava a sua pouca influência na dieta das ca-
madas mais pobres da população.

51. (SANEAGO/ Administrador/ UEG/2006). O


Araguaia, o Berocan dos índios Carajá, ou Rio Grande
da época dos primeiros bandeirantes que o percorreram e
o exploraram, nasce no interior da grande depressão peri-
férica que constitui um dos contrafortes da Serra do Cai-
apó, na fronteira com Mato Grosso e Mato Grosso do
Sul a uma altitude de 800 metros, cerca de 200 metros
abaixo da linha de cumeada da superfície de Pratinha a
que se refere o geólogo Fernando de Almeida. Percorre
pouco mais de 1.800 quilômetros, em sentido Norte-Sul
até desaguar no Rio Tocantins, no Bico do Papagaio, em
frente às cidades de Esperantina, no Tocantins, e de São
João do Araguaia, no Pará. A Igreja da Boa Morte, construída no final do sécu-
lo XVIII, funciona, atualmente, como Museu da Arte-
Gomes, H.; Teixeira Neto, A. Geografia: Goiás – To-
cantins. 2.ed., Goiânia: Editora da UFG, 2004. p. 158.
Sacra, sendo um dos importantes monumentos integran-
tes do centro histórico da Cidade de Goiás.
O texto citado faz referências a dois dos principais
Disponível em : <www.eco.tur.br/.../ goi-
rios goianos. Com base no conhecimento da hidrografia as/historia/default.htm>. Acesso em: 22 nov. 2005.
goiana, assinale a alternativa CORRETA: [Adaptado].

A) O rio Araguaia sofre graves agressões ambientais Sobre essa construção é CORRETO afirmar que
no território goiano, destacando-se o processo de
A) a altura de sua fachada demonstra a influência exerci-
erosão e a poluição de suas nascentes, localizadas
da pelo estilo goticomedieval em Goiás.
no sudoeste goiano. B) a sua dimensão horizontal demonstra o papel secundá-
B) As feições do rio Araguaia mudam completamente rio que a população goiana relegava aos assuntos reli-
com as chuvas tropicais de verão, surgindo, nesse giosos.

34
Realidade Étnica do Estado de Goiás
C) o seu nome, “Boa Morte”, indica o propósito de sua D) a cassação de Iris Rezende do cargo de prefeito de
construção: servir exclusivamente para o sepultamento Goiânia, realizada pelos militares em 1968, em repre-
de membros da elite de Goiás. sália à resistência de Mauro Borges ao Golpe Militar
D) os detalhes de sua fachada demonstram a influência de 1964.
que o barroco exerceu em Goiás, embora sem o mes-
mo esplendor das igrejas barrocas mineiras. 55. (PM-GO/Soldado Policial Militar/ UEG/ 2012)
Tentaremos mostrar a seguir porque foi preciso buscar fora
53. (SANEAGO/ Administrador/ UEG/2006). “Um do estado a mão de obra para a construção civil, e a vida
escravo de Francisco Manoel Vieira, negociante desta praça dos operários na edificação de uma nova Capital que viria a
[Cidade de Goiás], recolhido à Cadeia por ordem de seu trazer o “progresso” para os proprietários de terra, para os
Senhor, em virtude de mau comportamento, na manhã de 7 grupos oligárquicos e para os capitalistas em geral.
de janeiro, vendo encaminhar-se para a mesma Cadeia um CHAUL, Nasr N. Fayad. A construção de Goiânia e a transfe-
neto daquele negociante, lança mão da faca de um preso sa- rência da capital. Goiânia: CEGRAF, 1988. p. 111.
pateiro que ali trabalhava, arroja-se a outro preso, que ainda O fato de que parte considerável dos operários e técni-
dormia, embebe-a no coração do infeliz, e o mata; dizem cos que trabalharam na construção de Goiânia foi trazida de
que com vistas de ficar criminoso, permanecer na prisão, e fora do estado se explica porque
subtrair-se assim ao castigo que temia.”
A) o projeto de construção de uma nova capital era im-
Relatório apresentado à Assembleia Legislativa de popular para os muitos entusiastas das tradições da an-
Goiás pelo presidente da província, dr. Antônio Joaquim da tiga Vila Boa de Goyaz.
Silva Gomes em 1851. In: TELES, José Mendonça. (Org.). B) o governo dos Caiado investia pouco na qualificação
Memórias goianas 5. Goiânia: Editora da UCG, 1997. de mão de obra, inexistindo instituições de Ensino Su-
Sobre a convivência entre negros e brancos em Goiás perior em Goiás nos anos 1920.
por volta da metade do século XIX, o trecho supracitado re- C) o conflito gerado pela passagem da Coluna Prestes em
vela que Goiás provocou a desarticulação das escolas de nível
A) a legislação proibia os senhores de castigarem fisica- técnico existentes no estado.
mente os escravos, por isso os escravos eram recolhi- D) o maior contingente da população de Goiás era de tra-
dos às cadeias como forma de proteção. balhadores rurais, sem a experiência e o conhecimento
B) a escravidão em Goiás incidiu exclusivamente na zona técnico necessários para obras de maior vulto.
rural: nas minas de ouro ou nas fazendas de gado.
C) a escravidão requeria um forte aparato coercitivo, pú- 56. (PM-GO/Soldado Policial Militar/ UEG/ 2012)
blico e privado, reduzindo as possibilidades de resis- As minas eram, assim, uma espécie de colônia dentro da co-
tência dos escravos. lônia [...] isso nos explica o pouco desenvolvimento da la-
D) devido à pobreza, a criminalidade dos negros escravos voura e da pecuária em Goiás, durante os cinquenta primei-
era infinitamente superior à dos brancos. ros anos; todos os esforços de capital e de mão de obra de-
veriam concentrar-se na mineração. Tal sistema não se de-
54. (PM-GO/Soldado Policial Militar/ UEG/ via exclusivamente aos desejos e à política dos dirigentes;
2012) Iris Rezende recebeu uma formação política e uma era também decorrente da mentalidade do povo.
educação familiar que o diferencia dos políticos em ativida- PALACÍN, Luís; MORAES, Maria Augusta de Sant’anna. His-
tória de Goiás (1722-1972). Goiânia: Ed. da UCG,1994. p. 16.
de no final da década de 1960. Com a disposição para co-
nhecer o novo, ele abriu-se à liderança inovadora de Mauro A sociedade goiana desenvolveu códigos sociais bas-
Borges no comando do Estado, no início dos anos 60. Mau- tante peculiares durante o Ciclo do Ouro. A profissão de um
ro foi seu grande inspirador. Paralelamente, buscou em Pe- indivíduo determinava seu prestígio, a partir das necessida-
dro Ludovico um mestre hábil, profundo conhecedor da arte des e prioridades específicas da época. De acordo com a
de fazer política, o que faltava em mentalidade popular do século XVIII
CUNHA, Cileide Alves. A inserção de Iris Rezende na política
– entre o estilo político de Pedro Ludovico e a gestão inovado- A) o vaqueiro era desprezado, pois tratava-se
ra de Mauro Borges. In: FERREIRA, D. P; BEZERRA, H. D. apenas de um transportador das riquezas produzidas.
(Orgs). Panorama da política em Goiás. Goiânia: Ed. Da
UCG, 2008. p. 11 – 12. B) o roceiro era considerado importante, pois era o
relação política do ex-governador Iris Rezende Machado único que produzia alimento na região das minas.
com a família Ludovico foi marcada por aproximações e C) a profissão de mineiro era considerada a mais hon-
distanciamentos. Dentre os episódios mais controversos, rosa, tendo o mais alto status social na capitania.
destaca-se D) a atividade de coletor de impostos gozava de gran-
de popularidade, uma vez que representava a Coroa.
A) o apoio de Iris Rezende, então Ministro da Agricultu-
ra, ao candidato Henrique Santillo, que disputou o go-
verno estadual contra Mauro Borges nas eleições de 57. (PM-GO/Soldado Policial Militar/ UEG/
1986. 2012) A partir da década de 1970, Goiás passou por um
B) o conflito interno no PMDB, motivado pela recusa de intenso processo de urbanização, em decorrência da mo-
Mauro Borges em aceitar a candidatura de Iris Rezen- dernização da agricultura. A consequência foi uma con-
de ao governo estadual nas eleições majoritárias de figuração territorial atualmente caracterizada por
1982. A) existirem menos de dez cidades no estado que pos-
C) a aceitação de Iris Rezende ao convite de Dante Un- suem uma população superior a 100 mil habitantes.
garelli, presidente da UDN, partido de oposição a Pe- B) concentrar nos 5 maiores núcleos urbanos de Goiás
dro Ludovico, para disputar um mandato de vereador mais de 70% da sua população total.
em 1953.
35
Realidade Étnica do Estado de Goiás
C) concentrar na região metropolitana de Goiânia mais O texto faz referência à expansão urbana da região
de 70% da população total do estado. metropolitana de Goiânia a partir da década de 1990.
D) existir ainda um alto índice de população rural, que Sobre esse tema, o fator que contribuiu para a expansão
atinge cerca de 50% da população do estado. dessa região foi
A) a criação de políticas públicas pelo governo de Goi-
58. (PM-GO/ Soldado Policial Militar/UEG/ ás com o intuito de atrair mão de obra para a indús-
2012) Goiás apresentou, a partir da década de 1970, um tria goianiense que se instalava na capital.
acelerado aumento na produção agrícola, o que contribu- B) o grande fluxo populacional derivado do êxodo ru-
iu para que o estado se tornasse um grande exportador de ral, com migração do homem do campo para a capi-
grãos para o mercado exterior. Um fator que contribuiu tal em busca de trabalho e moradia.
para isso foi C) a existência de movimentos organizados de ocupa-
A) a criação de colônias agrícolas e assentamentos po- ção de áreas urbanas que conseguiram garantir a
pulares no estado, que passou a cultivar grãos em posse das terras públicas devolutas.
larga escala. D) o maior rigor da legislação goianiense sobre o par-
B) a existência de grandes bacias hidrográficas que celamento do solo em Goiânia, promovendo o des-
permitiram a expansão das lavouras irrigadas no su- locamento do capital imobiliário para os municípios
doeste goiano. circunvizinhos.
C) a expansão do cultivo nas grandes extensões de so-
los sobre chapadões planos e o clima favorável aos 61. (PM-GO/Oficial e Cadete/UEG/2012). O PT
cultivos de verão. goiano começou sua estruturação em um contexto bas-
D) a implantação de políticas públicas de incentivo à tante adverso, pois havia uma polarização entre forças já
produção agrícola voltadas principalmente para o enraizadas na política estadual, de um lado o PMDB –
pequeno e médio produtor. cuja vitória era tida como certa – e de outro, o PDS em
declínio.
59. (PM-GO/Oficial e Cadete/UEG/2012). A in- MIRANDA, Paulo Roberto. As bases do PT em Goiás: estrutura e recru-
tamento político. In: FERREIRA, D. P; BEZERRA, H. D. (Org.). Pano-
tensificação [modernização] é um processo que consiste rama da política em Goiás. Goiânia: Ed. da UCG, 2008. p. 84
em se buscar ganhos via aumento de insumos, por uni-
dade de área cultivada, por meio do emprego maciço de Com a redemocratização brasileira e o retorno do
inovações técnicas. voto direto, o PT (Partido dos Trabalhadores) quase
FARIA, M. E. Agricultura Moderna, Cerrados e Meio Ambiente. In: DU-
sempre foi o 3º colocado nas eleições para governador
ARTE, L. M. G. e BRAGA, M. L. S. (Org). Tristes Cerrados: sociedade e em Goiás, durante as décadas de 1980 e 1990. Isso só
biodiversidade. Brasília: Paralelo 15, 1998. p.157.
não ocorreu nas eleições de
O texto faz referência à modernização da agricultu- A) 1982, quando Athos Magno assumiu a 2ª posição,
ra, em que o uso das inovações técnicas constitui a base suplantando Otávio Laje.
da produção. Sobre a modernização da agricultura goia- B) 1986, quando Darcy Acorsi assumiu a 2ª colocação,
na, implementada a partir da “Revolução verde”, até o suplantando Mauro Borges.
ano de 1990, percebe-se que C) 1994, quando Luiz Antônio perdeu a 3ª colocação
A) o pouco avanço nas pesquisas que comprovassem a para Ronaldo Caiado.
eficácia dos insumos impediu seu uso imediato pe- D) 1990, quando Valdi Camarcio perdeu a 3ª coloca-
los pequenos proprietários. ção para Iran Saraiva.
B) o financiamento para compra de insumos agrícolas
concentrou-se entre os grandes proprietários, pro- 62. (PM-GO/Oficial e Cadete/UEG/2012). A de-
movendo aumento na produção. fesa da construção de Goiânia feita por um de seus prin-
C) a mecanização agrícola promoveu o aumento do cipais responsáveis – Dr.Armando de Godói – evidencia
emprego e da renda dos trabalhadores, permitindo com clareza o que se pensava naquele período sobre o
sua fixação no campo. planejamento, especialmente no que tange à obediência
D) a política governamental incentivou a mecanização do espaço à razão.
da pequena propriedade rural de trabalhadores as- CHAVEIRO, E. F. A urbanização do sertão goiano e a criação de Goiâ-
sentados. nia. In. NETO, A. T.; et al. (Org.). O espaço goiano: abordagens geográ-
ficas. Goiânia, Associação dos Geógrafos Brasileiros, 2004. p.113.

60. (PM-GO/Oficial e Cadete/UEG/2012). Vários O modelo de planejamento urbano proposto por


são os motivos que determinaram o crescimento de Goi- Armando de Godói para a construção da cidade de Goiâ-
ânia e das cidades do entorno na década de 1990 [....], nia foi fortemente influenciado
dentre os quais se podem citar as políticas públicas que A) pela Carta de Atenas, manifesto proposto pelos ur-
serviram de atrativo para essa população migrante. O banistas modernos em 1933, que entendia a cidade
crescimento da Região Metropolitana como um todo está como um organismo funcional, dividida em setores
diretamente relacionado com a expansão de Goiânia, e privilegiando a presença de áreas verdes.
principalmente entre o início da década de 1970 e final B) pelo projeto varguista da Marcha para o Oeste,
da década de 1980. apoiado por Pedro Ludovico, que considerava Goi-
FREITAS, C. A. L. L. Goiânia: as perspectivas do pla- ânia a capital do cerrado, construindo-a livremente
nejamento urbano e contradição com os espaços se- inspirada no traçado do Rio de Janeiro, então capital
gregados. Revista Plurais. Anápolis-GO, v.1, n.2.
2005, p.85-86 (Adaptado).
federal.

36
Realidade Étnica do Estado de Goiás
C) pelo Darwinismo Social que dominava o cenário in- rantes e indígenas no século XVIII, a interpretação do re-
telectual no início do século XX, segundo o qual a lato indica que
ocupação urbana era entendida como racionalista,
A) o uso dos cães domesticados por parte dos indíge-
sendo o espaço mais importante que o indivíduo.
nas avistados pelos bandeirantes era uma prática
D) pela forte presença da Igreja Católica na adminis-
exótica à sua cultura nativa.
tração pública da época, o que justifica o fato de o
B) os indígenas foram derrotados pelos bandeirantes
traçado urbano de Goiânia ser inspirado nos traços
porque ficaram aterrorizados pelo cavalo e pelas
visualizados no manto de Nossa Senhora Aparecida.
armas de fogo.
C) os bandeirantes desconheciam os costumes indíge-
63. (PM-GO/Oficial e Cadete/UEG/2012). No pe-
nas e procuravam utilizar apenas a força militar pa-
ríodo republicano, a causa separatista do norte de Goiás
ra subjugá-los.
voltou a se manifestar. O crescimento econômico das re-
D) o termo “gentio” denominava os indígenas que per-
giões sul e sudoeste, intensificado a partir da chegada
tenciam a um aldeamento construído pelos jesuítas
dos trilhos no estado, refletiu-se no aumento das diferen-
em Goiás.
ças regionais.
ASSIS, Wilson Rocha. Estudos de História de Goiás. 65. (PC/GO/Agente de Polícia/UEG/2012). Em 15
Goiânia: Vieira, 2005. p. 139.
de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca
O texto refere-se aos esforços que culminaram na proclamou a república, colocando fim ao regime monár-
criação do estado de Tocantins, em 1988. O novo estado quico no Brasil. No que se refere a Goiás, o advento da
foi efetivado politicamente República significou
A) pela aprovação de um projeto de lei na Assembleia A) a instituição de eleições diretas para a escolha do
Legislativa Estadual, no momento em que a banca- administrador público, sendo que Guimarães Natal
da de deputados do norte era numericamente supe- foi eleito o primeiro presidente do estado.
rior à do sul. B) o acirramento do conflito entre liberais e conserva-
B) pela realização de um plebiscito, sob a iniciativa do dores, sendo que a família dos Bulhões manteve a
governador Henrique Santillo, no qual a população hegemonia política nos primeiros anos do novo re-
de Goiás votou favoravelmente à separação territo- gime.
rial. C) a manutenção do oficialismo político, sendo que o
C) por intermédio de uma campanha suprapartidária, Governo Federal continuaria a indicar políticos de
liderada por Siqueira Campos, que conseguiu a outras regiões para administrar o estado de Goiás.
aprovação da emancipação na constituinte de 1988. D) o predomínio de políticos conservadores, ligados à
D) por meio de um acordo político-partidário entre os Igreja Católica, sendo que grande parte dos presi-
principais partidos atuantes na época, pelo qual dentes de estado pertenceria ao clero.
Goiás ficou sob a hegemonia do PMDB e o Tocan-
tins sob a do PDS. 66. (PC/GO/Agente de Polícia/UEG/2012). O es-
tado de Goiás possui uma rede hidrográfica constituída
64. (PC/GO/Agente de Polícia/UEG/2012). “Na por um conjunto de rios que drenam o território goiano
noite do terceiro dia avistamos as rancharias do gentio e formando suas bacias hidrográficas. Esses rios, além de
seus fogos: emboscamo-nos no mato para lhe darmos na constituírem fontes de recursos hídricos para o abasteci-
madrugada; mas sendo sentidos dos cachorros, que ti- mento doméstico e industrial, muitas vezes servem ao
nham muitos e bons, quando avançamos, nos receberam papel político. Nesse aspecto, observa-se que
com seus arcos e flechas. Não demos um só tiro por or- A) o rio Araguaia, com suas nascentes no sudoeste goi-
dem do cabo, do que resultou fugir-nos quase todo o ano, constitui o principal divisor geográfico entre
gentio, o investir um deles ao sobrinho do cabo com tal Goiás e Mato Grosso.
ânimo, que lançando-lhe a mão à rédea do cavalo, to- B) o rio Meia Ponte, formado pela junção dos rios dos
mou-lhe a espingarda da mão e da cinta o traçado, e dan- Bois e Corumbá, foi o divisor entre a antiga provín-
do-lhe com ela um famoso golpe em um dos ombros e cia de Goiás e a província de Minas Gerais.
outro no braço esquerdo fugiu levando-lhe consigo as C) o rio Paranaíba, cujas nascentes localizam-se no en-
armas. [...] É para admirar que em todo este conflito não torno de Brasília, constitui-se divisor geográfico en-
fizesse mais ação o nosso cabo que o andar sempre ao tre Goiás, Minas Gerais e São Paulo.
longe e gritando e requerendo-nos que atirássemos só ao D) o rio Tocantins, formado pela junção dos rios das
vento para não atemorizar o gentio. Foi Deus servido le- Almas e Paranã, serve como principal divisor geo-
varmos os ranchos, chovendo sobre nós as flechas e os gráfico entre Goiás e Bahia.
porretes”.
A bandeira do Anhanguera a Goyaz em 1722, segundo 67. (PC/GO/Agente de Polícia/UEG/2012). Embo-
José Peixoto da Silva Braga. In. Memórias Goianas I. ra Goiás esteja situado no core do domínio dos cerrados,
Goiânia: Editora da UCG, 1982. p. 15.
este não é o seu único tipo de vegetação. Sobre seu terri-
O texto é um relato do alferes Silva e Braga, que tório projeta-se também outro tipo específico de vegeta-
acompanhou a Bandeira do Anhanguera, no ano de 1722. ção, que ocupa a segunda maior área em extensão. Esse
Como uma fonte histórica sobre o conflito entre bandei- tipo fitofisionômico é denominado

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Realidade Étnica do Estado de Goiás
A) Mato Grosso Goiano, situado na região central do 69. (PC-GO/Escrivão de Polícia/UEG/2012). O
estado. governo Mauro Borges se firmou em diretrizes planeja-
B) Floresta Amazônica, no norte e oeste goiano, na di- das – foi o primeiro, em Goiás, a adotar critérios científi-
visa com Mato Grosso. cos de planejamento, com base no diagnóstico do poten-
C) Mata de cocais, nas proximidades de Minaçu até o cial do Estado e de suas carências, e com respaldo de es-
estado de Tocantins. tudos encomendados à Fundação Getúlio Vargas.
D) Mata Atlântica, no sul goiano próximo à divisa com ROCHA, Hélio. Os inquilinos da Casa Verde. Goiânia:
Minas Gerais. Asa, 2004. p. 99.

68. (PC/GO/Agente de Polícia/UEG/2012). Ob- O projeto de modernização administrativa de Mauro


serve o gráfico a seguir. Borges fomentou a criação
A) do Plano Mauro Borges, que estabelecia a necessi-
dade de o estado fomentar a iniciativa privada, evi-
tando a criação de estatais que fossem onerosas para
os cofres públicos.
B) de vultosos investimentos em obras de infraestrutu-
ra, como a construção do Autódromo Internacional
de Goiânia e do Estádio Serra Dourada.
C) de parcerias entre os governos federal e estadual,
facilitadas pelo fato de Mauro Borges ter apoiado a
candidatura de Jânio Quadros à presidência nas
eleições de 1961.
D) do Plano de Desenvolvimento, conhecido como
Plano MB, que previa a interferência do Estado em
atividades econômicas onde se sentia a ausência da
O gráfico mostra a atividade industrial de transfor- iniciativa privada.
mação no Brasil e em Goiás. Enquanto no Brasil, entre
os anos de 1995 e 2011, ocorreu uma desaceleração sig- 70. (PC-GO/Escrivão de Polícia/UEG/2012). A
nificativa dessa atividade em relação ao PIB, em Goiás guerra ofensiva perpetrada contra os Avá-Canoeiro du-
houve uma ligeira elevação na participação desse setor rou até a década de 1860 (praticamente 100 anos de con-
no PIB. Esse crescimento se deve principalmente flitos contínuos entre colonos e indígenas), tendo como
A) ao fraco desenvolvimento do setor primário, sobre- consequência a redução da população.
tudo da pecuária e da agricultura, que, em virtude PEDROSO, Dulce Madalena. Avá-Canoeiro. In.
da legislação ambiental, forçou a criação de novos MOURA, Marlene de Castro Ossami de (Org.). Índios
empreendimentos industriais ligados ao setor da de Goiás: uma perspectiva histórico-cultural. Goiânia:
UCG/Kelps/Vieira, 2006. p. 96.
mineração.
B) ao declínio da atividade econômica internacional, O texto citado refere-se a um importante grupo in-
decorrente da queda da atividade industrial na Eu- dígena de Goiás, os Avá-Canoeiro, praticamente dizima-
ropa, Ásia e América do Norte, que, em virtude da dos em decorrência da guerra com os colonizadores. O
transferência do capital produtivo para o setor fi- motivo desse conflito é decorrente
nanceiro, descapitalizou o setor industrial.
A) da especificidade da língua macro-jê falada pelos
C) aos incentivos fiscais proporcionados pelo estado
Avá-Canoeiro, que inviabilizava a sua catequização,
via programas de apoio industrial, possibilitando
pois destoava da língua geral utilizada pelos jesuítas
importantes avanços em termos de estímulo a este
para evangelização indígena.
setor, promovendo a emergência de novas ativida-
B) do desejo dos colonizadores de apossar-se das terras
des além de atrair novas indústrias.
habitadas pelos Avá-Canoeiro, já que elas, situadas
D) aos acordos comerciais entre o governo de Goiás e
na bacia do Rio Vermelho, eram ricas em ouro.
as empresas montadoras multinacionais, responsá-
C) do deslocamento da exploração agropecuária para o
veis pela criação de uma rede de empreendimentos
norte da Capitania, quando fazendas de gado foram
de apoio e consequente aumento na criação de no-
estabelecidas em território habitado pelos Avá-
vos empregos.
Canoeiro.
D) da miscigenação étnica entre os Avá-Canoeiro e os
quilombolas, o que lhes possibilitou condições de
atacar engenhos, colocando em risco o sistema es-
cravista.

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Realidade Étnica do Estado de Goiás
71. (PC-GO/Escrivão de Polícia/UEG/2012). Os Ao tratar da relação entre clima e vegetação, o texto
120 alforriados e mulatos registrados na capitação de indica que
1741 tinham crescido em 1804 até 23.577, deles 7.992
A) as diferenciações existentes na estrutura e na com-
negros livres e 15.582 mulatos.
posição da vegetação são decorrentes de alterações
PALACIN, Luís. O século do ouro em Goiás. Goiânia: no tipo de solo, relevo, no volume de precipitação e
Editora da UCG, 2001, p. 89.
nas formas de uso da terra.
O texto citado aborda o crescimento do número de B) a vegetação do Cerrado é composta de paisagens
escravos libertos na Capitania de Goiás. O motivo para a uniformes, semelhantes àquelas encontradas na ve-
elevação do número de escravos alforriados decorreu da getação savânica.
C) as unidades fitogeográficas do Cerrado goiano são
A) incorporação dos escravos ao aparelho repressor do resultantes de fatores e elementos ecológicos, tais
sistema escravista, uma vez que os capitães do mato como: clima, solos e relevo.
e os feitores eram escravos libertos. D) a ideia de que a “vegetação é o espelho do clima”
B) participação dos escravos nas guerras contra os in- remete à impossibilidade de associação da mesma
dígenas, o que permitiu que alguns fossem alforria- com os demais elementos ecológicos.
dos por ato de bravura.
C) emancipação dos escravos batizados no catolicismo, 74. (PC-GO/Delegado de Polícia/UEG/2012). Ou-
uma vez que a tradição religiosa não permitia um tro empreendimento importante que nasceu do governo
cristão escravizar outro cristão. de Mauro Borges foi a tentativa de reforma agrária atra-
D) brecha do sistema escravista, que possibilitava o vés de uma experiência-piloto: o Combinado Agrourba-
trabalho extra de alguns escravos para acumular re- no de Arraias [...]. Nesse caso, talvez as intenções ultra-
cursos e comprar a sua liberdade. passassem, de muito, os meios disponíveis humanos e
materiais.
72. (PC-GO/Escrivão de Polícia/UEG/2012). O
regime fluvial do Rio Araguaia [...] está condicionado às PALACÍN, Luís; MORAES, Maria Augusta de
Sant‟anna. História de Goiás (1722-1972). Goiânia:
chuvas tropicais de verão, época em que sua feição se Ed. da UCG,1994. p. 121.
modifica completamente, porque ele transborda e inunda
muitas léguas de praias, reabastecendo lagos que secam O governador Mauro Borges, procurando amenizar
no inverno, alimenta canais, cria ilhas e muda constan- os problemas do homem do campo, encampou em Goiás
temente de leito, numa procura constante para firmar-se uma experiência não muito bem-sucedida de socialismo
em um canal definitivo. cooperativista com forte influência
BARBOSA, A. S.; TEIXEIRA NETTO, A.; GOMES, H. A) do modelo de autogestão encontrado no socialismo
Geografia: Goiás-Tocantins. Goiânia: Editora da iugoslavo.
UFG, 2004. p. 158.
B) do estilo urbanístico dos bairros semirrurais france-
O texto refere-se ao Rio Araguaia, que é caracteri- ses.
zado por C) da estrutura administrativa dos campos de trabalho
poloneses.
A) apresentar difícil navegabilidade em decorrência da D) da organização comunitária dos Kibutz israelenses.
redução no volume de água em períodos de estia-
gem, fato que compromete a viabilidade da hidrovia 75. (PC-GO/Delegado de Polícia/UEG/2012). As
Araguaia-Tocantins. intervenções [federais nos estados] estavam previstas no
B) apresentar nascentes localizadas na fronteira entre artigo 6º da Constituição Federal. O pacto político naci-
Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e per- onal conferia às situações (oligarquias) o direito de con-
correr cerca de 1.800 quilômetros no sentido Leste- trole estadual – não foi outra senão esta a diretriz política
Norte, tendo como exultório o Rio Tocantins. de Campos Sales com a sua “política dos Estados”. [...]
C) ser denominado de “Rio Grande” pelos indígenas Sendo uma forma de proceder a mudanças nos quadros
Caiapó e ter sido explorado no tempo das bandeiras políticos estaduais, elas iam de encontro à autonomia es-
para pesca e navegação. tadual, tida como um dos elementos caracterizadores do
D) ser um rio de planície que não apresenta nenhum ti- período.
po de barreira natural, como por exemplo cachoei-
ras, corredeiras ou bancos de areia. CAMPOS, F. Itami. O coronelismo em Goiás. Goiânia:
Ed. Vieira, 2003. p. 49-50.

73. (PC-GO/Escrivão de Polícia/UEG/2012). No tocante a Goiás, no período da República Velha,


Clima e vegetação são componentes da natureza associa- o recurso da intervenção federal
dos entre si. Por isso, devem ser analisados juntos para
A) foi utilizado pela família Bulhões para manter-se no
que se possa ter uma visão mais real da totalidade e, as-
poder, já que Leopoldo de Bulhões, usando o seu
sim, mais verdadeira do espaço geográfico estudado.
prestígio como Ministro da Fazenda, conseguiu des-
BARBOSA, A. S.; TEIXEIRA NETTO, A.; GOMES, H. tituir o grupo de Xavier de Almeida, em 1905.
Geografia: Goiás-Tocantins. Goiânia: Editora da
B) não foi utilizado, apesar de várias solicitações, uma
UFG, 2004, 2. ed. p. 137.
vez que Goiás era um estado periférico, com baixa
densidade demográfica e fraca economia, tornando-
o pouco significante para o Governo Federal.
39
Realidade Étnica do Estado de Goiás
C) não foi utilizado, já que, por conta da precariedade
dos meios de transportes, não havia tropas federais 78. (PC-GO/Delegado de Polícia/UEG/2012). A
estacionadas no estado para promover a destituição geomorfologia do território goiano resulta de três pro-
do governo local. cessos naturais, sendo eles: o aplainamento do relevo
D) foi utilizado apenas em 1927, quando o Governo primitivo por meio de sucessivos ciclos erosivos, a in-
Federal destituiu o presidente do estado Brasil Ra- tensa deposição de sedimentos que formou as nossas ba-
mos Caiado, por causa do conflito entre o poder cias sedimentares e o entalhamento dos diferentes níveis
executivo e o Superior Tribunal de Justiça de Goiás. de relevo mediante a rede de drenagem instalada no mo-
delado.
76. (PC-GO/Delegado de Polícia/UEG/2012). Se BARBOSA, A. S.; TEIXEIRA NETTO, A.; GOMES, H.
aqueles feitos extraordinários da santa foram o bastante Geografia: Goiás-Tocantins. Goiânia: Editora da
para renovar a fé dos sertanejos, criando para eles a espe- UFG, 2004. 2. ed. p. 151.
rança de um mundo novo, despertaram também a preo-
Nesse sentido observa-se que o relevo goiano é ca-
cupação e o ressentimento dos coronéis e fazendeiros,
racterizado por
classe dominante, com as possíveis consequências que
poderiam advir daquele ajuntamento. A) apresentar diferenciações altimétricas bruscas, com
VASCONCELOS, Lauro de. Santa Dica: encantamento
cotas que variam entre 400 e 2000 metros.
do povo. Goiânia: UFG, 1991. p. 91. B) constituir-se por cristas de estrutura inclinada rela-
tivas a escarpas suaves de um lado e encostas ab-
Apesar das desconfianças da elite política goiana, ruptas do outro.
em alguns momentos, Santa Dica e seus seguidores fo- C) apresentar como área mais extensa a Planície do
ram convocados para participar das disputas políticas Araguaia, onde se encontra a Ilha do Bananal.
que afetaram Goiás. Nesse sentido, Santa Dica D) constituir-se das seguintes unidades geomorfológi-
A) auxiliou o governo de Brasil Ramos Caiado ao im- cas: o Planalto Central Goiano, a Depressão do
pedir que a tropa dos revolucionários da Coluna Araguaia e o Chapadão de Rio Verde.
Prestes adentrasse o território goiano.
B) incorporou-se à Coluna Artur Bernardes, contribu-
indo para a destituição dos representantes da Repú- GABARITO OFICIAL
blica Velha em Goiás, na chamada Revolução de 01-C 17-C 33-D 49-C 65-B
1930. 66-A
C) recrutou voluntários para participar, junto com os 02-D 18-D 34-A 50-B
67-A
legalistas da Revolução Constitucionalista de 1932, 03-B 19-B 35-C 51-A
68-C
enfrentando inclusive vários combates armados. 04-C 20-A 36-A 52-D 69-D
D) usou o seu prestígio para se tornar uma protagonista 05-A 21-D 37-A 53-C 70-C
política na região de Pirenópolis, sendo eleita pre- 71-D
feita do município por duas vezes, na década de 06-D 22-D 38-C 54-A
72-A
1970. 07-D 23-A 39-B 55-D
73-C
08-C 24-D 40-D 56-C 74-D
77. (PC-GO/Delegado de Polícia/UEG/2012). O 75-B
09-A 25-C 41-A 57-A
bioma do cerrado distribuído pelo território nacional (1/3 76-C
da biota brasileira), no contexto da globalização da eco- 10-B 26-B 42-D 58-C
77-A
nomia, está sofrendo violento processo de impactos am- 11-B 27-B 43-B 59-B 78-C
bientais em termos de degradação e destruição de signi- 12-C 28-D 44-C 60-D
ficativos ecossistemas do território do país.
13-A 29-C 45-D 61-C
BARBOSA, A. S.; TEIXEIRA NETTO, A.; GOMES, H.
Geografia: Goiás-Tocantins. Goiânia: Editora da
14-D 30-A 46-A 62-A
UFG, 2004, 2. ed. p. 144. 15-C 31-C 47-C 63-C
Os impactos ambientais nas áreas de vegetação na- 16-B 32-D 48-A 64-A
tural dos cerrados goianos são causados pela
A) ampliação das áreas de produção agrícola, o que
promoveu o desmatamento e a degradação ambien-
tal, decorrente das práticas da agricultura intensiva.
B) redução nos índices de precipitação pluviométrica e
pelo aumento da temperatura do ar, decorrentes do
aquecimento global.
C) expansão urbana, responsável pelos maiores índices
de desmatamento e de extinção de espécies da fauna
e da flora do cerrado.
D) inexistência de legislação estadual e federal que re-
gulamente as políticas de preservação ambiental em
áreas de cerrado.

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