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Notas de aulas: Prof. Dr.

Antonio Moreira dos Santos - Dutos e ventiladores 1

DUTOS

Considerações preliminares quanto ao dimensionamento de dutos:

O dimensionamento de dutos é fundamentado na Equação da Continuidade e no


Princípio de Conservação da Energia para Fluidos em Escoamento, a conhecida equação de
Bernoulli.
Considerando a unidade de massa de um fluido em escoamento entre dois pontos de
um duto, a equação de Bernoulli nos leva a dizer que a energia no ponto de entrada é igual
à energia no ponto de saída mais à perda de energia “Perda de Carga” no escoamento. A
energia referida é constituída por três parcelas:
a) Energia de Posição (h): É a energia correspondente a cota de cada ponto em
relação a um nível de referência arbitrário, mmH2O.
b) Energia de Pressão ou Pressão Estática (PE): Esta energia é representada pelo
P
termo , mmH2O.
ρ
c) Energia cinética ou Pressão Dinâmica (PD): Esta energia é representada pelo
V2
termo , mmH2O.
2g

A energia total H da unidade de massa em escoamento, em uma posição em relação


a um plano de referência é calculada por:

P V2
H =h+ +
ρ 2g
O desnível energético por unidade de massa do fluido escoando entre duas posições
a e b de um duto é a “perda de carga”, que é calculada por:

 2
  2

 P
∆Pperda = ha + +
a V a  P
− hb + +
b V b
 ρ 2g   ρ 2g 
   
Em geral, quando se trata de ar, o desnível topográfico é desprezível, então:

  V a − V b 
2 2
 P −P
∆Pperda =  a b  +
 ρ   2 g 
Esta energia é proporcionada por um ventilador, o seu cálculo é útil no processo de
escolha desta máquina.
A energia dissipada “perda de carga” ocorre devido ao atrito do ar ao longo do
duto, nas curvas, nas mudanças de direção e de secção e nas derivações. Ocorre também,
por causa do atrito interno do fluido e de alterações nas trajetórias e nos turbilhonamentos
das partículas nas bocas de tomada e saída de ar, em grelhas, filtro e registro.
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Fig. 1 – Diagrama de energia em dutos.

Na figura 1 o diagrama (a) mostra como a energia de pressão estática (PE) varia. Na
boca de entrada do ventilador ocorre a menor pressão estática que é bem inferior a pressão
atmosférica. O ventilador fornece energia ao fluido elevando sua pressão estática para o
máximo na saída do ventilador. Essa energia vai baixando em função das resistências que
são oferecidas ao escoamento (Perda de Carga), até que na última boca de insuflamento a
pressão é igual à atmosférica. Em cada boca de insuflamento acontece um queda brusca de
pressão igualando-se com a atmosférica.
O diagrama (b) mostra o comportamento da pressão dinâmica (PD). O ventilador
promove ao fluido um velocidade de escoamento sob certa condição de pressão. A PD é
mantida constante ao longo do duto através da redução da área de escoamento à medida que
vazão é reduzida em cada boca de insuflamento.
O diagrama (c) mostra o comportamento da energia total ou Pressão Total (PT) que
é a soma de PE com PD. A diferença entre a linha PT e a linha de nível energético à saída
do ventilador é o que se denomina “Perda de Carga”.

Relações de unidades:
1 Pa = 0,1 mm H2O = 1 N/m2.
1 bar = 105 Pa = 100 kPa.
1 atm = 101.325 Pa ~ 101 kPa.
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Perda de carga em dutos circulares retos

A perda de carga de um fluido escoando em um trecho reto de tubo circular é


calculada por:
2
LV
∆p = f ρ
D 2
Para escoamento laminar, Re < 2000, o coeficiente de atrito pode ser calculado por
f = 64/Re ou tirado do diagrama de Moody. Para escoamento turbulento o coeficiente de
atrito, f, depende do número de Reynolds e da rugosidade relativa da superfície do tubo,
ε/D, onde ε é a rugosidade absoluta em metros e é tirado do diagrama de Moody.
O número de Reynolds é definido como:

VDρ
Re =
µ

Onde:
∆p = perda de carga, Pa.
f = coeficiente de atrito, adimensional.
L = comprimento, m.
D = diâmetro interno do duto, m.
V = velocidade do fluido. m/s.
ρ = densidade do fluido, kg/m3.
µ = viscosidade. Pa-s.

Tabela 1 – Rugosidade absoluta de algumas superfícies


Material Rugosidade absoluta ε, m
Aço 0,0009 – 0,009
Concreto 0,0003 – 0,003
Ferro fundido 0,00026
Chapa metálica 0,00015
Aço comercial 0,000046
Tubo estirado 0,0000015

Tabela 2 – Viscosidade e densidade do ar seco à pressão atmosférica


Temperatura, oC Viscosidade µ, microPa-s Densidade ρ, kg/m3
-10 16,768 1,3414
0 17,238 1,2922
10 17,708 1,2467
20 18,178 1,2041
30 18,648 1,1644
40 19,118 1,1272
50 19,588 1,0924
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Fig.2 – Gráfico de Moody para coeficiente de atrito.


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Exemplo 1

Determinar a perda de carga de 0,5 m3/s de ar a 20 oC em um duto reto, circular, de


chapa metálica de 300 mm de diâmetro e 15 m de comprimento.

Determinação da velocidade:

Q 0,5 m 3 / s
V= 2 = = 7,07 m / s
πD / 4 π 0,3 / 4
2
( )
Da tabela 2, tira-se:

µ = 18,178 microPa-s = 0,000018178 Pa-s.


ρ = 1,2041 kg/m3.

O número de Reynolds é:

VDρ (7,07 m / s )(0,3m )(1,2041kg / m 3 )


Re = = =140.500 ≅ 1,4 x10 5
µ 0,000018178 Pa ⋅ s
Da tabela 1, tira-se:

ε = 0,00015 m.

Calcula-se ε/D = 0,00015/0,3 = 0,0005.

Entra-se no diagrama de Moody com Re = 1,4x105 e com ε/D = 0,0005 e Obtém-se o


coeficiente de atrito f = 0,019.

A perda de carga é calculada por:

L V2 15 7,07 2
∆p = f ρ = 0,02 (1,2041) = 30 Pa
D 2 0,3 2
Obs.: A perda de carga é sempre calculada em função de um fator geométrico, aqui dado
pela relação [f(L/D)], e do grupo [ρV2/2]. O fator geométrico é calculado por fórmulas
específicas conforme o caso.
A NBR 6401 fornece valores de velocidade para dutos em diversos ambiente.
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Fig.3 – Carta para determinação da perda de carga em dutos circulares retos, Pa/m. Chapa
com ε = 0,00015 m e ar a 20 oC.
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O exemplo 1 pode ser resolvido diretamente pela carta da figura 3, entrando com a
vazão volumétrica de 0,5 m3/s e deslocando-se na horizontal até alcançar a linha de
diâmetro 300 mm, obtendo-se neste ponto a velocidade de 7 m/s e descendo na vertical
obtém-se a perda de carga de 2 Pa/m. Multiplicando-se este valor pelo comprimento do
duto, L = 15 m, obtém-se a perda total ∆p = 30 m.

Perda de carga em dutos retangulares retos

Fig.4 – Duto retangular.

No caso de dutos retangulares a perda de carga é calculada em função de um


diâmetro equivalente Deq, com o uso da equação seguinte:

L V2
∆p = f ρ
Deq 2
O diâmetro equivalente Deq é calculado por:

2WH
Deq =
W +H
A verdadeira velocidade é calculada pela relação entre a vazão e a área transversal
do duto retangular:

Q
V=
W *H
A figura 2 pode ser usada para determinar a perda de carga por metro de duto
retangular, entrando-se nele com a vazão deslocando-se na horizontal até o diâmetro do
duto com o valor do diâmetro equivalente e descendo na vertical para ler a perda de carga.
A velocidade obtida no gráfico não é a verdadeira velocidade. A verdadeira velocidade é
calculada pela fórmula anterior a este parágrafo.
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Nos dutos principais são típicas velocidades da ordem de 5 a 8 m/s, enquanto nas
ramificações as velocidades são da ordem de 4 a 6 m/s.

Exemplo 2:

Uma vazão de ar de 1,5 m3/s passa por um duto de seção retangular de 0,3 por 0,5
m. Determine a perda de carga em 40 m de duto reto.

Determinação do diâmetro equivalente:

2 HW 2 ⋅ 0,3 ⋅ 0,5
Deq = = = 0,375 m
H + W 0,3 + 0,5
Determinação da velocidade:
Q 1,5 m 3 / s
V= = = 10 m / s
H * W 0,3 ⋅ 0,5 m 2 ( )
Determinação da perda de carga:

Entrando na figura 3 com Q = 1,5 m3/s, indo na horizontal até Deq = 0,375 m e
descendo na vertical, obtém-se a perda de carga por metro de duto ∆Pm = 3,0 Pa/m. A perda
de carga total é:

∆P = ∆Pm ⋅ L = 3,0 Pa / m ⋅ 40m =120 Pa

A tabela a seguir fornece a relação entre dutos circulares e retangulares para a


mesma vazão e mesma perda de carga. A tabela é útil para determinar o diâmetro
equivalente conhecido os lados W e H de dutos retangulares ou para determinar um dos
lados conhecendo-se o diâmetro equivalente e arbitrando-se um dos lados. A tabela 3 foi
elaborada com base na fórmula de Huebscher:

Deq , H =1,38
(W * H )5
(W + H )2
A figura 5 é uma carta de equivalência entre dutos retangulares e circulares. Esta
carta é muito útil porque abre a possibilidade de se arbitrar diversas dimensões dos lados
dos dutos retangulares para um mesmo diâmetro equivalente.
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TABELA 3 – Equivalência entre dutos retangulares e circulares para a mesma vazão e


perda de carga.
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Fig. 5 – Carta de equivalência entre dutos retangulares e circulares.


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Perda de carga em expansão brusca:

Nos dutos de ventilação ocorrem casos de expansão brusca como mostrado na


figura seguinte:

escoamento
•1 •2

Fig. 6 – Caso de expansão brusca.

Nestes casos, ao mesmo tempo em que temos uma perda de carga devida ao atrito
do fluido com as paredes, temos também uma elevação de pressão devida à redução da
velocidade de escoamento causada pela expansão volumétrica.

Assim, a perda de carga é calculada por:

2
V12 ρ  A 
∆Pexp = 1 − 1  , Pa
2  A2 

Obs.: Aqui o fator geométrico [1 – (A1/A2)]2 é no máximo igual a 1, quando A1 = A2, dando
uma perda de carga máxima igual á [ρV2/2].

A variação da pressão estática é obtida pela equação de Bernoulli modificada:

P −P =
(V 1
2
− V22 ρ)− ∆Pexp , Pa
2 1
2
Neste cálculo normalmente P2 é maior do P1, porém o escoamento acontece porque
a pressão à montante de 1 é superior á P2.

Perda de carga em contração brusca:

Nos dutos de ventilação ocorrem casos de contração brusca como mostrado na


figura seguinte:
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escoamento
•1 • 1’ •2

Fig. 7 – Caso de contração brusca.

Neste caso a área do duto é reduzida bruscamente causando o descolamento do


escoamento logo após a contração da seção, onde se forma a “vena contracta” na seção 1’.

Assim, a perda de carga entre o estado 1 e o estado 2 é calculada por:

2
V22 ρ  1 
∆Pexp =  −1 , Pa
2  Cc 
onde Cc é o coeficiente de contração brusca, que é dado pela tabela a seguir.

TABELA 4 – Coeficientes de contração para contrações bruscas.


COEFICIENTES DE CONTRAÇÃO PARA CONTRAÇÕES BRUSCAS
2
 1 
A2  −1
A1 Cc  Cc 
0,1 0,624 0,366
0,2 0,632 0,340
0,3 0,643 0,310
0,4 0,659 0,270
0,5 0,681 0,221
0,6 0,712 0,160
0,7 0,755 0,103
0,8 0,813 0,050
0,9 0,892 0,010
1 1 0,000
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Obs.: Na contração brusca o máxima valor do fator geométrico é 0,366, enquanto para a
expansão brusca o máximo é de 1. Assim, dependendo do fator geométrico, é possível
obter-se perda de carga maior para a expansão do que para a contração.

Perda de carga nas curvas de secção retangular:


o
As curvas mais utilizadas são aquelas com mudança de direção de 90 ,
denominadas cotovelos.

1´ 2
H

Fig. 8 – Cotovelo (detalhe do descolamento em cotovelo).

A figura 9, a seguir, apresenta a perda de carga para cotovelos de secção


retangular. Nota-se que para cotovelos com maior relação W/H a perda de carga é menor do
que naqueles que apresentam baixa relação W/H. É importante observar que a dimensão H
é aquela que acompanha a curvatura do cotovelo.

Fig. 9 – Perda de carga em cotovelos de secção retangular.

Uma maneira de reduzir a perda de carga nos cotovelos é instalar pás diretoras,
simulando cotovelos de baixa relação W/H.
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Fig. 10 – Cotovelos com pás diretoras para reduzir a perda de carga.

Obs.:
Para curvas de 45o a perda de carga será a metade da perda de um cotovelo de 90o.
Para uma curva de 30o a perda será de 1/3 da perda do cotovelo de 90o. Para uma curva de
180o a perda será 70% maior do que a perda do cotovelo de 90o. Para uma curva de 135o a
perda ser 35% maior que a perda do cotovelo de 90o.

Perda de carga para cotovelos de 90o de secção circular:

Fig. 11 – Cotovelo de 90o de secção circular.

A perda de carga em cotovelo de 90o de secção retangular é calculado pela seguinte


fórmula:
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ρV 2
∆Pperda = (FG )
2
O Fator Geométrico (FG) é fornecido na tabela a seguir:

TABELA 5 - Fator Geométrico – FG para cotovelo de 90o circular .


(r + D / 2) Fator Geométrico
D FG
Canto vivo 1,30
O,5 0,90
0,73 0,45
1,0 0,33
1,5 0,24
2,0 0,19

Exemplo 3: Um cotovelo de 90o de secção circular tem r = 150 mm e D = 300 mm.


Calcular a perda de carga sendo V = 8 m/s.

Solução:

Da tabela acima FG = 0,33

ρV 2 1,2041* 8 2
∆Pperda = (FG )= * 0,33 =12,71 Pa
2 2

Perda de carga em termo de comprimento equivalente para cotovelo de secção circular

A figura 12, a seguir, fornece a perda de carga em termo de comprimento


equivalente adicional em termo de diâmetro para cotovelo de secção circular. A perda de
carga total é obtida calculando-se a perda de carga por metro de duto circular no trecho reto
e multiplicando-se este valor pela soma do comprimento efetivo com o comprimento
equivalente de cada cotovelo.
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Fig. 12 – Comprimento equivalente em função do diâmetro para cotovelos.

No quociente de curvatura R é igual ao raio de curvatura interna do cotovelo (r)


mais a metade do seu diâmetro (D/2). A termo L/D é a razão em milímetro entre o
comprimento que dá a mesma perda de carga de um metro de trecho reto pelo diâmetro do
cotovelo.

Perda de carga em termo de comprimento equivalente para cotovelo de secção retangular

Para cotovelos de 90o de secção retangular o comprimento equivalente em função


da altura H do cotovelo pode ser determinado pela fórmula a seguir:
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0 ,124
W 
L 
= 0,33
(r + H / 2) − 2 ,13 
H

H  H 

W
r

Fig. 13 – Nomenclatura para a fórmula do comprimento equivalente.

Exemplo 4: Achar o comprimento equivalente de um cotovelo com altura H = 300 mm e


largura W = 400 mm e raio interno r = 150 mm.

Solução:
0 ,124
 400 
L 
= 0,33
(150 + 300 / 2) − 2 ,13 
 300 

H  300 

L
= 11,56 (mm / mm de altura )
H
L =11,56 * 300 = 3.268 mm
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L = 3,27 m
Perda de carga em ramificação de extração:

•m •j

•b
β

Fig. 14 – Ramificação de extração.

Do ponto (m) para o ponto (j) acontece uma redução da velocidade devido ao desvio
de uma parte do escoamento para (j). Em conseqüência, ocorre ao mesmo tempo uma perda
por atrito e um ganho de pressão por desaceleração do escoamento.

A perda de carga no duto principal é calculada por:

2
V ρ  Vj 
2

(0,4)1 −  , Pa
j
∆Pperda =
2  Vm 

A pressão em (j) é calculada pela equação de Bernoulli modificada.

P 2
∆Pperda 
V
2

Pj = ρ  m
+ V m

j

 ρ 2 2 ρ 
 
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A perda de carga entre o duto principal (ponto m) e a ramificação de extração


(ponto b) é tirada do gráfico a seguir:

Fig. 15 – Perda de carga entre o duto principal e a ramificação.

Exemplo 5:

Uma ramificação de extração a 60o, de 30 cm por 30 cm, é ligada ao duto principal


cuja secção transversal mede 30 cm por 50 cm. A secção à jusante da ramificação no duto
principal também mede 30 cm por 50 cm. A vazão à montante é de 1,5 m3/s e a vazão da
ramificação é de 0,5 m3/s. A pressão do ar à montante é de 500 Pa e sua temperatura é de
15 oC.
a) Qual deve ser a pressão no duto principal logo após a ramificação?
b) Qual deve ser a pressão na ramificação?

Solução:

Q
As velocidades são calculadas por: V=
H *W

Q 1,5 m 3 / s
Vm = = = 10 m / s
H * W 0,3 ⋅ 0,5 m 2 ( )
Q 1,0m 3 / s
Vj = = = 6,67 m / s
H * W 0,3 ⋅ 0,5 m 2 ( )
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Q 0,5 m 3 / s
Vb = = = 5,56m / s
H * W 0,3 ⋅ 0,3 m 2 ( )
A densidade ρ a 15 oC é 1,225 kg/m3.

a) Para o duto principal temos:


2
V jρ
2
 Vj 
∆Pperda = (0,4)1 −  , Pa
A perda de carga é calculada por: 2  Vm 

2
6,67 2.1,225  6,67 
∆Pperda = (0,4)1 − 
2  10 
∆Pperda =1,2 Pa

P 2

V j − ∆Pperda
2

Pj = ρ  m + V m − 
A pressão em (j) é calculada por:  ρ 2 2 ρ 
 
 500 10 2 6,67 2 1,2 
Pj =1,225  + − − 
 1,225 2 2 1,225 

Pj = 533 Pa

c) Para a ramificação temos:

A perda é tirada com o auxílio da figura 15, entrando-se com a relação Vb/Vm = 0,556 e
∆Pperda
tirando-se 2 .
( ρV b) / 2
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∆Pperda
2
= 2,5
Para ramificação à 60o,
( ρ V b) / 2
2,5 *1,225 * 5,562
∆Pperda = = 47,3 Pa
Então,
2
P 2 2

V V
Pb = ρ  m + m − b −
∆Pperda 
A pressão no ponto (b) é calculado por:  ρ 2 2 ρ 
 

 500 10 2 5,56 2 47,3 


Pb =1,225 + − − 
 1,225 2 2 1,225 
Pj = 495 Pa

Perda de carga em ramificação de admissão

Este caso acontece principalmente em dutos de retorno. Como no caso anterior, uma
perda de carga tanto no duto principal quanto entre o ramal e o principal deve ser
considerada e incorporada à equação de Bernoulli modificada.

•m •j

β •b

Fig. 16 – Ramificação de admissão.


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A perda de carga no duto principal entre o ponto (m) e (j) é calculado por:

2 2 2
V j
A j ρ − V m A j ρ − V b Ab ρ cos β
( Pm − P )=
j
Aj

Se a ramificação for a 90 oC, a equação acima é combinada com a equação de Bernoulli


modificada resultando em:

ρ 
2 2

∆Pperda =
V j
 
1−  Vm  
2   V j  
 
A perda de carga entre a ramificação (b) e o ponto (j), sendo β = 90o e Am/Ab > 4 é
calculado por:

V
2
ρ   A 
2

∆Pperda =
j
1,5  − 1
j

2   Ab  
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VENTILADORES CENTRIFUGOS

Os ventiladores centrífugos usados em máquinas de condicionamento


de ar, geralmente tem o seguinte formato:

Fig. 17 – Ventilador centrífugo.

A potência ideal para vencer a diferença de pressão e elevar a energia


cinética do ar é calculada por:


mV 2
Pideal = Q( p2 − p1 ) + , W
2
Onde:
Q = vazão em volume, m3/s.
(p2 – p1) = elevação de pressão, Pa.
V = velocidade na saída do ventilador, m/s.

m = vazão em massa, kg/s.
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A potência real do ventilador é tirada dos gráficos característicos de


desempenho fornecidos pelos fabricantes. A seguir é fornecido um gráfico
típico:

Fig. 18 – Características de ventilador centrífugo.

De posse dessas duas potências, podemos calcular a eficiência do


ventilador usando a fórmula seguinte:

Pideal
ηvent . =
Preal
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Exemplo:

Calcular a eficiência do ventilador cuja curvas características de


desempenho são apresentadas na figura anterior, quando este opera a 20 r/s e
com uma vazão de 1,5 m3/s.

Solução:

- Entrando na figura das características de desempenho do ventilador tira-se


que para uma vazão volumétrica de 1,5 m3/s e para a rotação de 20 r/s o
Ventilador é capaz de:
- Elevar a pressão de: 500 kPa.
- A custa de uma potência real de: 1,2 kW = 1200 W.

- Entretanto, a potência ideal é calculada por:


mV 2
Pideal = Q( p2 − p1 ) + , W
2
Qρ (Q / Asv )
2

Pideal = Q( p 2 − p1 ) + , W
2
1,5m 3 / s.1,2kg / m 3 .(1,5m 3 / s / 0,517.0,289m 2 ) 2
Pideal = 1,5m / s (500 kPa ) +
3

Pideal = 750 + 90,7 , W


Pideal = 840,7 W
- Então a eficiência do ventilador é de:
Pideal
ηvent . =
Preal
840,7
ηvent . = = 70%
1200
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

- Manual de Ar Condicionado – THE TRANE COMPANY, Edição 57a 1977.


- Refrigeração e Ar Condicionado – Wilbert F. Stoecker & Jerold W. Jones, Ed. McGraw-
Hill, 1985.
- Refrigeração Industrial: “Stoecker&Jabardo” – Edgard Blücher.
- Ventilação Industrial – Archibald Joseph Macintyre, Ed. Guanabara, 1990.
- Ashrae Handbooks.

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