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A

A UU
L AL A

12
Calculando
12
engrenagens cilíndricas

E m uma empresa, o setor de manutenção


mecânica desenvolve um importante papel na continuidade do fluxo da pro-
O problema

dução. Após o diagnóstico do defeito, realizam-se a desmontagem, limpeza dos


componentes, substituição dos elementos danificados, montagem, lubrificação
e ajustes finais da máquina.
No entanto, muitas vezes não existem peças de reposição disponíveis para
consertar a máquina, principalmente quando ela é antiga.
Por causa disso, o setor de manutenção de muitas empresas possui algumas
máquinas operatrizes destinadas a produzir elementos mecânicos para a repo-
sição de peças de máquinas sob manutenção.
Esta é uma situação que pode estar ocorrendo agora na sua empresa: a má-
quina foi desmontada e percebeu-se que uma de suas engrenagens está quebrada.
Você acha que seria capaz de levantar os dados desse elemento da máquina
a partir dos fragmentos restantes e executar os cálculos para a confecção de uma
nova engrenagem?
Se a sua resposta é não, fique ligado nesta aula. Nela vamos ensinar a calcular
engrenagens cilíndricas de dentes retos.

Engrenagem cilíndrica de dentes retos Nossa aula

A engrenagem cilíndrica de dentes retos é a mais comum que existe.


A U L A Para a sua construção é necessário considerar uma série de dados, a saber:

12
l número de dentes (Z)
l diâmetro externo (de)
l módulo (m)
l diâmetro primitivo (dp)
l diâmetro interno (di)
l altura do dente (h)
l altura da cabeça (a)
l altura do pé do dente (b)
l passo (p)

Cálculo do módulo

O módulo (m) de uma engrenagem é a medida que representa a relação entre


o diâmetro primitivo (dp) dessa mesma engrenagem e seu número de dentes (Z).
Essa relação é representada matematicamente do seguinte modo:
dp
m=
z

Dica
Os elementos dessa fórmula podem ser usados também para calcular o
diâmetro primitivo da engrenagem dp = m · Z. dp
Servem igualmente para calcular o número de dentes: Z = .
m

Com o módulo e o número de dentes determina-se a ferramenta a ser usada


para fresar a engrenagem.
O módulo também auxilia nos cálculos para se encontrar todas as outras
dimensões da engrenagem já citadas.
Por causa disso, na realidade, é possível calcular o módulo partindo de
qualquer medida conhecida da engrenagem a ele relacionada. Por exemplo,
você pode calcular o módulo a partir da medida do diâmetro externo e do
número de dentes da engrenagem.
Então, vamos voltar ao problema inicial: você juntou os fragmentos da
engrenagem e contou o número de dentes: Z = 60.
Depois você mediu o diâmetro externo e obteve: de = 124 mm.
Guarde esses dados para usar daqui a pouco.
Cálculo do diâmetro externo A U L A

O diâmetro externo é igual ao diâmetro primitivo (dp) mais duas vezes a


altura da cabeça do dente (a) que, por sua vez, é igual a um módulo. Isso é fácil 12
de verificar, se você observar o desenho a seguir.

Matematicamente, isso corresponde a:


de = dp + 2m

Como, para o nosso problema, já temos o valor do diâmetro externo (que é


124 mm), não precisamos calculá-lo.
Para resolver o problema de construção da engrenagem que apresentamos
a você, é preciso calcular o módulo a partir das medidas que temos. Vamos
então trabalhar essa fórmula de modo que ela nos auxilie a fazer o cálculo de
que necessitamos.
Já vimos lá na “Dica” que dp = m · Z. Como não temos um valor numérico
para dp, fazemos a substituição dentro da fórmula de cálculo do diâmetro
externo (de). Então temos:

de = dp + 2 · m
de = m · Z + 2 · m

A partir dessa fórmula, temos finalmente:


de = m (Z + 2)
Substituindo os valores:
124 = m (60 + 2)
124 = m · 62
124
m=
62
m=2

Portanto, o módulo da engrenagem que você precisa construir é igual a 2.


Observe como usamos a fórmula do diâmetro externo para fazer esse cálculo.
Isso pode ser feito usando qualquer dado conhecido relacionado ao módulo.
Tente
A Uvocê
L A Até agora estudamos as fórmulas para calcular o diâmetro primitivo, o
também
12
módulo, o número de dentes e o diâmetro externo de uma engrenagem cilíndrica
de dentes retos.
Vamos aprender isso tudo, fazendo os exercícios a seguir.

Exercício 1
Calcular o diâmetro primitivo de uma engrenagem cilíndrica de dentes
retos, sabendo que m = 3 e Z = 90.
Solução:
Dados: m=3
Z = 90
dp = ?
dp = m · Z
dp = 3 · 90
dp =

Exercício 2
Calcule o número de dentes da engrenagem que tenha um diâmetro primi-
tivo (dp) de 240 mm e um módulo igual a 4.
Solução:
Dados: dp = 240 mm
m=4
dp
Z=
m
240
Z=
4
Z=

Exercício 3
Calcular o módulo de uma engrenagem cilíndrica de dentes retos cujo
diâmetro externo (de) é igual a 45 mm e o número de dentes (Z) é 28.
Solução:
Dados: de = 45
Z = 28
m=?
de = m (Z + 2)
45 = m (28 + 2)
45 =
m=

Exercício 4
Qual é o diâmetro externo de uma engrenagem cilíndrica de dentes retos
cujo módulo (m) é igual a 3,5 e o número de dentes (Z) é igual a 42.
Solução:
Dados disponíveis: m = 3,5
Z = 42
de = ?
de = m (Z + 2)
de =
Cálculo da altura total do dente A U L A

A altura total (h) do dente de uma engrenagem cilíndrica de dentes retos é


igual a 2 módulos mais 61 de um módulo. O desenho a seguir ilustra esta 12
definição. Observe.

Isso pode ser representado matematicamente:


1
h =1 m+1 m + m
6
6 6 1
h= m+ m+ m
6 6 6
13
h= m
6
h = 2, 166 · m

Voltemos à engrenagem que você tem de fabricar. Já calculamos o valor do


módulo: m = 2. A altura total do dente (h) será:

h = 2,166 · m
h = 2,166 · 2
h = 4,33 mm

Então, a altura do dente da engrenagem deve ser de 4,33 mm.

Dica
A altura total do dente da engrenagem é, também, a soma da altura
da cabeça do dente (a) mais a altura do pé do dente (b), ou seja,
h=a+b b.
Tente
A Uvocê
L A Para ver como esse cálculo é simples, faça os exercícios que preparamos
também
12
para você.

Exercício 5
Calcule a altura total (h) dos dentes de uma engrenagem cujo módulo é 1,75.
Solução:

h = 2,166 × m
h=

Exercício 6
Calcule o módulo de uma engrenagem cuja altura total (h) do dente é
4,33 mm.
Solução:
h
m=
2,166
m=

Cálculo da altura do pé do dente da engrenagem


1
b) é 1 m + m , ou seja:
A altura do pé do dente da engrenagem (b)
6
1
h=1 m+ m
6
6 1
h= m+ m
6 6
7
h= m
6
h = 1,166· m

Vamos então calcular a altura do pé do dente da engrenagem do nosso


problema. Já sabemos que o módulo dessa engrenagem é 2. Assim:

b = 1,166 · m
b = 1,166 · 2
b = 2,332 mm

Desse modo, a altura do pé do dente da engrenagem (b) é de 2,332 mm.


Agora vamos propor mais alguns cálculos parecidos para você exercitar esse Tente
A U L você
A
também
12
novo conhecimento.

Exercício 7
Calcule a altura do pé dente (b) de uma engrenagem cilíndrica, sabendo que
o módulo é igual a 1,5.
Solução:
b = 1,166 · m
b=
Exercício 8
Calcule o módulo de uma engrenagem cilíndrica, sabendo que a altura do pé
do dente (b) é de 3,498 mm.
b = 1,166 · m
b
m=
1,166
m=

Cálculo de diâmetro interno


O diâmetro interno (di) é igual ao diâmetro primitivo (dp) menos 2 vezes a
altura do pé do dente (b).

Matematicamente isso é o mesmo que:


di = dp - 2b
Como b é igual a 1,166 · m, podemos escrever:
di = dp - 2 · 1,166 · m

Portanto:
di = dp - 2,33 · m

Como dp = m · Z, também é possível fazer a substituição:


di = m · Z - 2,33 · m

Reescrevendo, temos:
di = m (Z - 2,33)

Substituindo os valores da engrenagem que você precisa construir, temos:


di = 2(60 - 2,33)
di = 2 · 57,67
di = 115,34 mm
Tente
A Uvocê
L A Este é mais um cálculo superfácil. Treine um pouco nos exercícios a seguir.
também
12 Exercício 9
Calcule o diâmetro interno de uma engrenagem cilíndrica que tem um
diâmetro primitivo de 75 mm e um módulo igual a 1,5.
Solução:
di = dp - 2,33 · m
di = 75 - 2,33 · 1,5
di =
Exercício 10
Calcule o diâmetro interno de uma engrenagem cilíndrica com 50 dentes e
módulo igual a 1,5.
Solução:
di = m (Z - 2,33)
di =
Exercício 11
Calcule o módulo de uma engrenagem da qual você conhece o diâmetro
interno (di = 37,67 mm) e o número de dentes (Z = 40).
Solução:
di = m (Z -2,33)
37,67 = m (40 - 2,33)
m=

Cálculo do passo

O passo é a medida do arco da circunferência do diâmetro primitivo que


corresponde a um dente e a um vão da engrenagem.

Ele é calculado a partir do perímetro da circunferência do diâmetro primi-


tivo (dp · p) dividido pelo número de dentes da engrenagem, porque o número
de dentes corresponde ao número de passos. Matematicamente isso dá:

dp · p
p=
Z
Como dp = m · Z, podemos escrever:

m· Z· p
p=
Z
Z
Como = 1 , teremos: A U L A
Z
p=m·p
12
Assim, para calcular o passo, empregamos a fórmula p = m · p. Com ela,
vamos calcular o passo da engrenagem que você tem de construir:

p = 2 · 3,14
p = 6,28 mm

Portanto, o passo dessa engrenagem é 6,28 mm.

O passo é um dado muito importante entre as medidas de uma engrenagem. Tente você
Exercite esse cálculo com atenção. também
Exercício 12
Calcule o passo de uma engrenagem cujo módulo é 3.

Exercício 13
Sabendo que o passo de uma engrenagem é 12,56 mm, calcule seu módulo.

Cálculo da distância entre eixos

Uma engrenagem jamais trabalha sozinha. Tendo isso em mente, dá para


perceber que, além das medidas que já calculamos, precisamos conhecer tam-
bém a distância entre os centros dos eixos que apóiam as engrenagens. Essa
medida se baseia no ponto de contato entre as engrenagens.
Esse ponto está localizado na tangente das circunferências que correspondem
aos diâmetros primitivos das engrenagens.

Assim, a distância entre os centros (d) é igual à metade do diâmetro


primitivo da primeira engrenagem Φ
Γ
dp Ι mais a metade do diâmetro primitivo da
ϑ
1

Η 2 Κ
segunda engrenagem Φ Γ
dp2Ι.
ϑ
Η2 Κ

dp1 dp2 dp1 + dp2


Portanto d = + ou d = ,
2 2 2
A U L A Na máquina sob manutenção de nosso problema inicial, a engrenagem 1 tem

12
o diâmetro primitivo de 120 mm (já dado) e o dp da engrenagem 2 tem
60 mm. Substituindo os valores, podemos calcular:
120 + 60
d=
2
180
d=
2
d = 90 mm

Tente você Releia essa parte da lição e faça o seguinte exercício.


também
Exercício 14
Sabendo que o número de dentes da engrenagem 1 é 60 e o da engrenagem
2 é 150 e que seus módulos são iguais a 2, calcule a distância entre seus
centros.

Dica
Duas engrenagens acopladas sempre têm o mesmo módulo.

Solução: dp1 = m· Z
dp1 =
dp2 =
dp1 + dp2
d=
2
d=

Teste o que Como você pôde perceber no decorrer da lição, os cálculos de todas as
você aprendeu medidas de uma engrenagem cilíndrica de dentes retos estão relacionados entre
si. Assim, quando você precisa calcular uma medida, geralmente é necessário
também calcular alguma outra a ela relacionada.
Leia novamente esta aula, estudando os exemplos com atenção, e refaça os
exercícios. Depois disso, encare os exercícios a seguir como um teste e verifique
o que você conseguiu reter.
Se errar alguma coisa, não desanime. Releia o trecho em que está a informa-
ção de que você precisa e retorne ao exercício. O aprendizado só acontece com
muita disciplina e persistência.

Exercício 15
Calcule dp, de, di, h, a, b e p de uma engrenagem cilíndrica de dentes retos
com 45 dentes e módulo 4.

Exercício 16
Sabendo que o diâmetro externo de uma engrenagem cilíndrica é de
88 mm e que ela tem 20 dentes, calcule m, dp, di, h, a, b e p.

Exercício 17
Calcule a distância entre centros das duas engrenagens dos exercícios
15 e 16.
A
A UU
L AL A

13
13
Realizando cálculos
para o aparelho
divisor (I)
V ocê já estudou como fazer os cálculos para
encontrar as principais medidas para a confecção de uma engrenagem cilíndrica
O problema

de dentes retos.
Vamos supor, então, que sua próxima missão seja justamente fresar uma
engrenagem igualzinha àquela quebrada, cujas medidas acabamos de calcu-
lar juntos.
Para isso, você sabe que precisa usar um aparelho divisor e que é necessário
fazer também alguns cálculos para descobrir o número de voltas da manivela
para obter cada divisão da engrenagem.
Você saberia realizar esses cálculos? Se você acha que não, chegou a hora
de aprender.

O aparelho divisor Nossa aula

O aparelho divisor é um acessório da fresadora que permite fazer as divisões


dos dentes das engrenagens. Permite também fazer furos ou rasgos em outros
tipos de peças, além de possibilitar a fresagem de ranhuras e dentes helicoidais.
Normalmente, o aparelho divisor tem uma coroa com 40 ou 60 dentes; três
discos divisores que contêm várias séries de furos e uma manivela para fixar a
posição desejada para a realização do trabalho.

Conforme o número de voltas dadas na manivela e o número de furos


calculado, obtém-se o número de divisões desejadas.
Assim, se a coroa tem 40 dentes, por exemplo, e se dermos 40 voltas na
manivela, a coroa e a peça darão uma volta completa em torno de seu eixo.
A U L A Porém, o número de dentes da engrenagem a ser fabricada nem sempre

13
corresponde a uma volta completa na manivela. Dependendo da situação,
você pode ter de dar mais de uma volta e também frações de volta para obter
o número desejado de dentes.
Por exemplo, se queremos fresar uma engrenagem com 20 dentes , o material
1
deverá ser girado 20 de volta, para a fresagem de cada dente. Então, se o aparelho
divisor tem uma coroa de 40 dentes, em vez de dar 40 voltas na manivela, será
necessário dar 40 de voltas. Isso significa 2 voltas na manivela para cada dente
20
a ser fresado.

Cálculo do aparelho divisor

Tendo estabelecido a relação entre o número de dentes da coroa e o


número de divisões desejadas, fica fácil montar a fórmula para o cálculo do
aparelho divisor:
C
Vm =
N

Em que Vm é o número de voltas na manivela, C é o número de dentes da


co-roa e N é o número de divisões desejadas.
Suponhamos, então, que você tenha de fresar 10 ranhuras igualmente
espaçadas em uma peça cilíndrica usando um divisor com coroa de 40 dentes.
Os dados que você tem são: C = 40 e N = 10. Montando a fórmula, temos:

40
Vm =
10

Vm = 4
Esse resultado, Vm = 4, significa que você precisa dar 4 voltas completas na
manivela para fresar cada ranhura.

Tente você Para ajudar você a treinar esse cálculo, preparamos este exercício.
também
Exercício 1
Quantas voltas na manivela você precisará dar para fresar uma engrenagem
com 40 dentes, se a coroa do divisor também tem 40 dentes?
Solução:
C = 40
N = 40
Vm = ?
Vm =
Disco divisor A U L A

Nem sempre o número de voltas é exato. Nesse caso, você tem de dar uma
fração de volta na manivela e o que ajuda nessa operação é o disco divisor
divisor. 13

O disco divisor é um disco com uma série de furos que permitem a obtenção
de fração de voltas.
Em geral, um aparelho divisor tem três discos com quantidades diferentes
de furos igualmente espaçados entre si. Basicamente, as quantidades de furos
existentes em cada disco são as mostradas na tabela a seguir.

DISCOS FUROS

1 15 16 17 18 19 20
2 21 23 27 29 31 33
3 37 39 41 43 47 49

Esses números significam, por exemplo, que o disco 1 tem 6 circunferências


contendo respectivamente, 15, 16, 17, 18, 19 e 20 furos igualmente espaçados. O
mesmo raciocínio serve para os outros discos.

Cálculo para o disco divisor

A fórmula do cálculo para o disco divisor é a mesma do aparelho divisor:

C
Vm =
N

Vamos tentar fazer um exemplo de cálculo e ver o que acontece.


Imagine que você deseje fresar uma engrenagem com 27 dentes, utilizando
um aparelho divisor com coroa de 40 dentes. Quantas voltas de manivela você
terá de dar?
Vamos aplicar a fórmula:

C 40 40 27
Vm = = ou
N 27 13 1
A U L A A divisão, como você viu, não foi exata. Você tem como resultado 1,

13
que é a quantidade de voltas necessárias à realização do trabalho. O que
fazer com o resto?
O resto da divisão (13) representa o número de furos a serem avançados no
disco divisor.
Mas que disco é esse? Ele é indicado pelo número 27, correspondente, neste
caso, ao número de dentes da engrenagem.
Então, você deve “ler” o resultado desse cálculo da seguinte forma: para
fresar uma engrenagem de 27 dentes, você dá uma volta completa na manivela
e avança 13 furos no disco de 27 furos .
Vamos propor agora mais um problema: suponha que você tenha de fresar
uma engrenagem com 43 dentes e o aparelho divisor de sua máquina tenha
uma coroa com 40 dentes. Quantas voltas da manivela serão necessárias para
realizar a tarefa? 40αfuros φ
43αdisco φ
Aplicando a fórmula, temos: Vm =

Como o resultado dessa divisão não dá um número inteiro, isso significa que
você tem que avançar 40 furos no disco divisor de 43 furos.
E se você tiver uma quantidade de dentes que não corresponde ao número
de nenhum dos discos divisores da sua fresadora?
Por exemplo, você precisa fresar uma engrenagem com 13 dentes e a coroa
do divisor tem 40 dentes. O problema é que não existe um disco com 13 furos.
Como você faz?
C
A fórmula continua sendo a mesma, isto é, Vm =
Substituindo os valores: N

40 40 13
Vm = ou
13 41 3
Esse resultado significa 3 voltas completas na manivela e o avanço de um
furo no disco de 13 furos. Mas, existe um disco com 13 furos? Pela tabela já
mostrada, podemos perceber que não. Como fazer?
Com o resto da divisão (1) e o número de dentes da engrenagem que você tem
1
de fresar (13), você constrói a fração 13 .
Para descobrir qual o disco correspondente, você multiplica o numerador e
o denominador dessa fração por um certo número, de tal modo que no denomi-
nador dessa fração apareça um número de furos que seja de um disco que
realmente esteja na tabela.
Assim, se você multiplicar o numerador e o denominador dessa fração por
3, terá a fração equivalente 3βfurosγ . Ela significa que você deve avançar 3 furos
39βdiscos γ
no disco de 39 furos.

Recordar é aprender
Frações equivalentes são aquelas que representam a mesma parte de um
inteiro. Por exemplo:
1 2 4
= =
2 4 8

Dica
A fração equivalente pode ser encontrada por meio da divisão ou da
multiplicação do numerador e do denominador por um mesmo
número inteiro.
É, parece que a coisa está ficando um pouquinho mais complicada. Vamos, Tente
A U L você
A
também
13
então, fazer alguns exercícios para ter mais segurança nesse tipo de cálculo. Em
caso de dúvida, volte aos exemplos e às dicas. Eles mostrarão o caminho da
solução do exercício.

Exercício 2
Para fresar uma engrenagem de 18 dentes, qual o disco, o número de voltas
e o número de furos a avançar, se o aparelho divisor da máquina tem uma
coroa com 40 dentes?
Solução: C = 40
N= 18
disco = ?
Vm = ?
furos a avançar = ?

Exercício 3
Se o aparelho divisor de sua máquina tem uma coroa de 40 dentes, qual é o
número de voltas na manivela que você terá de dar para fresar uma
engrenagem de 47 dentes?
Solução: C = 40
N = 47
Vm =

Exercício 4
Calcule o número de voltas na manivela para fresar uma engrenagem com
32 dentes, sabendo que a coroa do divisor tem 40 dentes.
Solução: C = 40
N = 32

Vm = 40
32
40 32

Cálculo de divisão angular

Esse cálculo é realizado quando se deseja deslocar a peça um determinado


ângulo, para fazer divisões ou usinar rasgos.
A U L A Para fazer esse cálculo, aplica-se a seguinte fórmula:

13
C· a
Vm =
360
Em que C é o número de dentes da coroa, a é o ângulo a ser deslocado e 360
é o ângulo de uma volta completa.

Vamos supor que você tenha de fazer dois rasgos equidistantes 20° em uma
peça. Quantas voltas você precisará dar na manivela para obter o ângulo
indicado, uma vez que a coroa tem 40 dentes?
Substituindo os valores na fórmula:
40· 20
Vm =
360
800
Vm =
360
800 360
880 2

Por esse resultado, já sabemos que você terá de dar duas voltas completas
na manivela.
Mas, o que você faz com o resto?
80
Com o resto (80) e o divisor (360) construimos a fração 360 que significa que
devemos girar 80 furos em um disco de 360 furos. O problema é que não existe
um disco de 360 furos. Por isso, precisamos simplificar essa fração até obter um
número no seu denominador que exista naquela tabela de discos que já vimos
nesta aula:
80 ¸ 10 8¸2 4 α
furos φ
360 ¸ 10 36 ¸ 2 18 α discos φ
= =

Portanto, para obter um deslocamento de 20°, você terá de dar 2 voltas


completas na manivela e avançar 4 furos em um disco de 18 furos.

Tente você O deslocamento angular é bastante comum na atividade de um fresador.


também Treine esse cálculo um pouco mais, para se tornar um bom profissional da área
de mecânica.

Exercício 5
Em uma peça circular, desejamos fazer 5 furos distantes 15° um do outro. Se
o divisor tem uma coroa com 40 dentes, quantas voltas é preciso dar na
manivela para fazer esse trabalho?
Solução:
C· a
Vm =
360
C = 40
a = 15
Vm = ?
40· 15
Vm =
360
Vm =
Depois de estudar a lição e fazer exercícios, chegou a hora de testar sua Teste
A U LoAque
você aprendeu
13
dedicação ao estudo. Veja os desafios que preparamos para você.

Exercício 6
Qual o número de voltas necessárias para usinar uma peça com 60 divisões
em uma fresadora cujo aparelho divisor tem uma coroa com 40 dentes?

Exercício 7
Quantas voltas deveriam ser dadas na manivela do aparelho divisor para
usinar um sextavado, sabendo que a coroa tem 60 dentes.

Exercício 8
Calcule quantas voltas são necessárias para executar uma peça com 42
divisões, se a coroa do divisor tem 60 dentes?

Exercício 9
Quantas voltas um operador deve dar na manivela para fresar uma
engrenagem de 45 dentes em um divisor cuja coroa tenha 40 dentes?

Exercício 10
Para fazer três rasgos equidistantes 37° em uma peça circular, calcule
quantas voltas devem ser dadas na manivela, sabendo que a coroa tem 40
dentes.
A UA UL L AA

14
14
Realizando cálculos
para o aparelho
divisor (II)
O problema N a aula anterior você aprendeu a fazer vá-
rios cálculos para o aparelho divisor. Mas, o assunto ainda não está esgotado.
Há casos em que não existe um disco divisor que possua o número de furos
que você precisa. Além disso, talvez você tenha uma fração que não pode ser
simplificada. Como fazer nesses casos?
Esse é o problema que tentaremos resolver nesta aula. Estude-a com
atenção, porque, se você quiser ser um bom fresador ou um ferramenteiro, terá
de saber resolver esse problema muito bem.

Nossa aula Divisão diferencial

Imagine que você tem de calcular o número de voltas na manivela de um


aparelho divisor para fresar uma engrenagem com 97 dentes e sabendo que a
coroa do divisor tem 40 dentes.
Aparentemente, esse parece ser um problema igual aos outros que você já
estudou e resolveu. A fórmula é a mesma, ou seja:
C 40
Vm = =
N 97
No entanto, o que parece ser a solução não é. E você sabe por quê?
Bem, primeiramente, não existe um disco divisor com 97 furos. Além disso,
aquela fração não pode ser simplificada.
A divisão diferencial é usada para resolver esse problema. Ela é um processo
de correção do número de dentes feito por meio do uso de um conjunto de
engrenagens.
A divisão diferencial é usada sempre que for necessário fresar uma A U L A
engrenagem com um número primo de dentes maior do que 49. Isso porque 49
é o maior número de furos do disco da nossa fresadora.

Recordar é aprender
14
Número primo é o número inteiro que só pode ser dividido por si
mesmo e pela unidade.

Cálculo com divisão diferencial

Vamos retomar, então, os dados do problema:


C = 40 (dentes da coroa)
N = 97 (número de divisões desejadas)

O cálculo com divisão diferencial será feito passo a passo. Acompanhe.

1. Encontrar um número arbitrário, que não seja primo, próximo ao número


de dentes da engrenagem a ser fresada. Para o nosso problema, vamos
escolher 100, ou seja, N' = 100 (lê-se “ene linha”).

Dica
A escolha do número é realmente arbitrária, ou seja, não depende de
nenhuma regra. Por isso, pode ser que o número escolhido “não dê
certo” e seja necessário escolher outro e refazer os cálculos.

2. Calcular o número de voltas na manivela para N’ = 100:

C 40
Vm = =
N' 100
Simplificando:
40 ¸: 10 4·. 2 8 f
Vm = = =
100 ¸: 10 10·. 2 20 D
Com esse passo, temos o seguinte resultado: para fresar cada dente, é
necessário avançar 8 furos no disco divisor de 20 furos.
O problema é que se o cálculo parar por aqui, a engrenagem terá 100
dentes e não 97. Por isso, temos de realizar mais algumas etapas.

3. Achar a diferença entre o número de dentes desejado e o número arbitrário,


ou entre o número arbitrário e o número de dentes desejados. Isso vai
depender de qual número é o maior.

Essa operação nos dará o N (lê-se “delta ene”), que será usado no
cálculo das engrenagens
100 - 97 = 3 ( N)

Com esse resultado, podemos calcular o número de dentes das engrenagens


auxiliares que serão usadas para corrigir a diferença de 3 dentes do nosso
exemplo. A correção será feita pela movimentação do disco divisor.
A U L A 4. Calcular as engrenagens. Para isso, usa-se a fórmula:

14 Zmot C. D N
Zmov
=
N'

Em que: Zmot é a engrenagem motora,


Zmov é a engrenagem movida,
C é o número de dentes da coroa,
N ’ é o número arbitrário de dentes,
N é a diferença entre N e N’.

Voltando ao problema e substituindo os valores na fórmula, temos:

Zmot 40.3
=
Zmov 100

Zmot 120
=
Zmov 100

A fração resultante significa que a engrenagem motora (Zmot) deverá ter


120 dentes e a engrenagem movida (Zmov), 100.

5. Verificar se no jogo de engrenagens auxiliares da fresadora existem as


engrenagens calculadas.

Dica
Geralmente, as fresadoras são acompanhadas de um jogo de
engrenagens auxiliares com os seguintes números de dentes:
24 (2 engrenagens), 28, 32, 36, 40, 44, 48, 56, 64, 72, 80, 84, 86, 96 e 100.

Mais uma vez, você verifica que não existe engrenagem com 120 dentes no
jogo. Então você passa para o próximo passo.
120
6. Trabalhar a fração 100 , dividindo-a ou multiplicando-a por números intei-
ros, até encontrar um resultado que corresponda a duas das engrenagens
existentes no jogo.

120 ¸: 10 12
=
100 ¸: 10 10

12 . 8
= 96 (motora ou Z1 )
10 . 8 80 (movida ou Z2 )

Ou seja, a engrenagem motora deverá ter 96 dentes e a engrenagem movida


deverá ter 80 dentes.
Para a montagem, a engrenagem motora (Z1) deverá ser fixada no eixo da A U L A

14
árvore do divisor e a engrenagem movida (Z2) deverá ser montada no eixo do
disco.
coroa

eixo árvore

Z1

eixo do disco rosca sem-fim


divisor

Z2

disco

manivela

Porém, nem sempre são usadas apenas duas engrenagens para a correção.
Conforme o caso, a fração é desmembrada em duas e você terá de calcular
4 engrenagens.
Como exemplo, vamos imaginar que você já aplicou a fórmula Zmot ,
Zmov
simplificou a fração até obter o resultado 12 .
7
Como você faz o desmembramento dessa fração? Na realidade, o método
é o da tentativa e erro até encontrar os números que correspondem aos das
engrenagens que você tem no jogo auxiliar. Para a fração 12 , você pode fazer:
12 4· 3 7
7
=
7· 1
. Então, você desmembra e tem:
Zmot 4·. 8 32 Z1
= = =
Zmov 7 ·. 8 56 Z2

Zmot 3·. 24 72 Z3
= = =
Zmov 1·. 24 24 Z4
Observe que as frações tiveram seus numeradores e denominadores mul-
tiplicados por um mesmo número e, como resultado, você obteve Z1 = 32, Z2 =
56, Z3 = 72, Z4 = 24, que são números de dentes das engrenagens existentes no
jogo da fresadora.
coroa

eixo árvore

Z1

Z3 Z2
rosca sem-fim
eixo do disco
divisor

Z4

disco

manivela
Tente
A Uvocê
L A Para que você não se perca no meio de tantas informações, vamos dar uma
também
14
paradinha para alguns exercícios.

Exercício 1
Calcule o número de voltas da manivela e as engrenagens para fresar uma
engrenagem com 51 dentes em um divisor com coroa de 40 dentes.
Solução:
Dados disponíveis: N = 51
C = 40
N’ = arbitrário (vamos escolher 50)
D N = N - N'
C
Fórmula para o cálculo do número de voltas da manivela: Vm =
40 N'
Vm = =

Zmot C· D N
Fórmula para o cálculo das engrenagens: =
Zmov N'
Zmot 40 ·1
= =
Zmov

Exercício 2
Calcule o número de voltas da manivela e as engrenagens auxiliares para
fresar uma engrenagem com 131 dentes em um divisor com coroa de 40
dentes. Faça o cálculo para 4 engrenagens.
Solução:
Dados:

N = 131
N’ = 128 (arbitrário)
C = 40
D N = N - N'

C 40
Vm = = =
N 128
Zmot C· D N 40· 3
= = =
Zmov N' 128
Determinação das engrenagens intermediárias A U L A

Você pensa que já está tudo pronto? Não está, não! Você deve selembrar
que no começo da lição, calculamos o valor de duas engrenagens e obtivemos 14
Z1= 96 e Z2= 80.
Como essas duas novas engrenagens que foram montadas estão distantes
uma da outra, é preciso colocar uma ou duas engrenagens intermediárias, que
serão responsáveis pela transmissão do movimento.

O que você precisa notar, entretanto, é que quando uma ou duas engrena-
gens intermediárias são montadas no aparelho divisor, isso pode alterar o
sentido de giro do disco.
Assim, se o disco girar no mesmo sentido da manivela, será maior cada
divisão do material com o qual se fresará a engrenagem .
Isso significa que você terá menos dentes que o número arbitrário (N’)
escolhido para o cálculo. No nosso exemplo, N’ = 100.
Essa redução corresponde justamente ao valor DN = 3. Então, teremos, na
verdade, 100 - 3 = 97 que é o valor desejado para a solução do problema.
Neste caso, é preciso usar apenas uma engrenagem intermediária.
Mas você deve estar se perguntando: “E se eu colocasse duas engrenagens
intermediárias? O que aconteceria?”.
A colocação de duas engrenagens intermediárias resultaria em um sentido
de giro do disco contrário ao sentido da manivela.
A U L A Com isso, cada divisão no material a ser fresado seria menor e, por causa

14
disso, você teria mais dentes do que o número arbitrário (N’ = 100).
O acréscimo seria DN = 3, ou seja, N = 100 + 3. Nesse caso, a engrenagem
ficaria com 103 dentes, o que estaria errado.
Isso mostra como é importante a colocação das engrenagens intermediá-
rias. Elas determinam o sentido de giro do disco divisor.
O sentido de giro do disco, por sua vez, determina se a correção será para
menos ou para mais.
As possibilidades de combinações entre engrenagens e números arbitrári-
os e as respectivas quantidades de engrenagens intermediárias podem ser
resumidas no quadro a seguir.

NÚMERO DE ENGRENAGENS NÚMERO ARBITRÁRIO (N’ ) QUANTIDADE DE ENGRENAGENS


DO CÁLCULO ESCOLHIDO INTERMEDIÁRIAS

2 maior que N 1
2 menor que N 2
4 maior que N —-
4 menor que N 1

Tente você Agora queremos que você treine esse cálculo que acabamos de ensinar.
também
Exercício 3
Determine a quantidade de engrenagens intermediárias, sabendo que o
cálculo foi feito para duas engrenagens e que N’ é 120 e N é 123.

Exercício 4
Quantas engrenagens intermediárias serão necessárias para transmitir
movimento para o disco do divisor, sabendo que o cálculo foi feito para 4
engrenagens e que N’ é igual a 130 e que N é igual a 127.

Vamos agora testar o quanto você realmente se esforçou para aprender este
Teste o que cálculo. Leia novamente a lição. Se precisar, refaça os exercícios. Gaste quanto
você aprendeu tempo for necessário para aprender tudo com segurança.
Só depois faça os exercícios a seguir. Mas... sem olhar, viu?

Exercício 5
Calcule o número de voltas na manivela e as engrenagens auxiliares e
intermediárias necessárias para fresar uma engrenagem com 71 dentes em
um divisor com coroa de 40 dentes.

Exercício 6
Quantas voltas na manivela será necessário dar e quais serão as engrena-
gens auxiliares e intermediárias necessárias para fresar uma engrenagem
com 137 dentes, sabendo que você terá de usar um divisor com coroa de 40
dentes?

Exercício 7
Para fresar uma engrenagem com 93 dentes, quantas voltas de manivela
serão necessárias e quais serão as engrenagens auxiliares e intermediárias,
sabendo que o divisor tem uma coroa com 60 dentes?
A
A UU
L AL A

15
15
Realizando cálculos
para o aparelho
divisor(III)
A fresagem helicoidal é empregada na
fresagem de ranhuras de peças como brocas, alargadores, machos e engrena-
O problema

gens helicoidais.
Vamos supor, então, que você vai concorrer a uma vaga de fresador. No teste,
pede-se que você calcule as engrenagens auxiliares para montar o aparelho
divisor a fim de fresar uma ranhura helicoidal.
Você estaria preparado para concorrer a essa vaga? Se não estiver, estude
com atenção esta aula. Nós vamos lhe mostrar o “pulo do gato”.

Elementos da linha helicoidal Nossa aula

Para quem “é do ramo”, a palavra helicoidal não apresenta nenhuma


dificuldade.
Porém, se você está “chegando agora”, vamos iniciar nossa aula explican-
do o significado da palavra helicoidal. Para isso, fomos ao dicionário e encon- Helicoidal é
tramos o seguinte verbete: o que tem a forma
de hélice ou é
Se você enrolar um barbante em torno de um pedaço de cabo de vassoura, semelhante a uma
a linha − formada pelo barbante, enrolado em torno do cilindro, formado pelo hélice.
cabo de vassoura − tem uma forma helicoidal
helicoidal.
A U L A Essa linha helicoidal tem elementos importantes para o nosso cálculo. Eles

15
são: o ângulo de inclinação da hélice (b) e o passo da hélice (Ph), mostrados no
desenho a seguir.
d

Ph

Nessa figura você também vê a indicação do diâmetro do cilindro imagi-


nário, em torno do qual a linha helicoidal está desenhada. Essa medida
também é importante para o nosso cálculo.

Cálculo do passo da hélice

Para saber que engrenagens auxiliares você vai usar, a primeira coisa a fazer
é calcular o passo da hélice (Ph).
Voltando ao problema do nosso teste, vamos apresentar os dados. Como
você deve se lembrar, no seu teste você vai ter de calcular as engrenagens
auxiliares a serem montadas no aparelho divisor. Você precisará fazer isso para
fresar uma peça cilíndrica com 35,84 mm de diâmetro e com uma ranhura
helicoidal cujo ângulo de inclinação da hélice é de 15° .
Nós já estudamos que, para encontrar medidas desconhecidas, você usa as A U L A

15
relações entre as medidas disponíveis de um triângulo retângulo. Assim, sua
primeira tarefa é construir um triângulo retângulo no desenho.

Ph
ß

B
A
dxπ

A análise das medidas disponíveis nos dará o tipo de relação que servirá
para descobrir a medida desconhecida. Nesta figura, você tem o ângulo de
inclinação da hélice (b = 15° ) e o cateto adjacente, que pode ser calculado.
Essa pista nos leva à relação trigonométrica tangente, ou seja:
co
tgb =
ca

Nela, ca = Ph , ou seja, a medida que procuramos, e co = d · p , ou seja, a


medida do cateto oposto, e que corresponde ao perímetro do cilindro em torno
do qual está a linha helicoidal. Substituindo:

tgb = d . p
Ph

Assim, Ph = d . p
tgb
Substituindo os valores:

Ph = 35,84 . 3,14
tg 15°

Ph = 112,53
0,2679(tabela)

Ph @ 420 mm
Portanto, o passo da hélice desta peça é @ 420 mm

Dica
Para a construção de uma engrenagem de dentes helicoidais, o diâmetro
usado para o cálculo do passo da hélice é o diâmetro primitivo
dessa engrenagem.
Tente
A Uvocê
L A O cálculo do passo da hélice é imprescindível para a execução do cálculo
também
15
que vamos aprender nesta aula. Portanto, antes de começar, vamos treinar um
pouco esta etapa do cálculo.

Exercício 1
Calcule o passo da hélice para fresar uma engrenagem cilíndrica de dentes
helicoidais cujo diâmetro primitivo é 60 mm e o ângulo de inclinação da
hélice é de 20° .
Solução:
Dados: dp = 60
b = 20°
Ph = ?
dp . p
Ph =
tgb

Ph = 60 . 3,14
tg20°

Ph =
Exercício 2
Calcule o passo da hélice para fresar uma ranhura helicoidal cujo diâmetro
do cilindro é 65 mm e o ângulo de inclinação da hélice é de 45° .
Solução:
Dados: d = 65
b = 45°
Ph = ?
dp . p
Ph =
tgb
Ph =

Cálculo das engrenagens auxiliares para o aparelho divisor

Para calcular as engrenagens auxiliares para o aparelho divisor, você tem de


aplicar a seguinte fórmula:
Zmot Pf ·. C
=
Zmov Ph
Em que Zmot é uma das engrenagens motoras que deve ser montada no
fuso da mesa da fresadora; Zmov é uma das engrenagens movidas que deve
ser montada no eixo do disco divisor; Pf é o passo do fuso da mesa; C é o nú-
mero de dentes da coroa e Ph é o passo da hélice.
Agora, além dos dados que você já tem, é necessário conhecer o passo do A U L A

15
fuso da mesa da fresadora (Pf = 6 mm) e o número de dentes da coroa (C = 40).
Retomando:
Zmot = ?
Zmov = ?
Pf = 6 mm
C = 40
Ph @ 420 mm

Substituindo os valores na fórmula:

Zmot 6· 40
=
Zmov 420
Zmot 240
=
Zmov 420

Esse resultado, como já se sabe, significa que você precisa de uma


engrenagem motora de 240 dentes e uma engrenagem movida de 420. O pro-
blema é que não existem engrenagens com esses números de dentes no jogo de
engrenagens auxiliares do aparelho divisor.

Recordar é aprender
Veja novamente os números de dentes do jogo de engrenagens auxilia-
res da nossa fresadora: 24 (2 engrenagens), 28, 32, 36, 40, 44, 48, 56, 64, 72,
80, 84, 86, 96 e 100.

Mais uma vez, por tentativa e erro, você terá de trabalhar a fração até con-
seguir números de dentes que existam no conjunto de engrenagens auxiliares.

: 10 24 ¸
Zmot 240 ¸ : 2 12
= = =
Zmov 420 ¸: 10 42 ¸
: 2 21

Desmembrando:

12 = 2 . 6
21 3.7

Zmot = 2 . 12 = 24(Z 1 mot)


Zmov 3 . 12 36(Z2 mov)

Zmot = 6 . 8 = 48 (Z3 mot)


Zmov 7 . 8 56 (Z 4 mov)

Esse resultado significa que você terá de usar quatro engrenagens: Z1 = 24


dentes, Z2 = 36 dentes, Z3 = 48 dentes e Z4 = 56 dentes.
A U L A Dica

15
Quando temos 4 engrenagens auxiliares (Z1, Z2, Z3 e Z4), a engrenagem
Z1 é montada no fuso da mesa da fresadora e a engrenagem Z4 é
montada no eixo do disco do aparelho divisor. As engrenagens Z2 e Z3
são montadas em um mesmo eixo, conforme mostra a ilustração a seguir.

Fuso da mesa da fresado

Z1

Z3 Z2

eixo do disco
divisor

Z4

Dica
Dependendo do sentido da hélice, é necessário colocar uma engrena-
gem intermediária com um número qualquer de dentes.

Tente você Enfim, agora você vai realmente treinar o cálculo para o seu teste. Releia a
também aula, detendo-se nos exemplos e faça os exercícios a seguir.

Exercício 3
Determine as engrenagens auxiliares para fresar uma ranhura helicoidal em
uma peça cilíndrica com 40 mm de diâmetro e ângulo de inclinação da
hélice de 20° , sabendo que o aparelho divisor tem uma coroa com 40 dentes
e que o fuso da mesa da fresadora tem 6 mm de passo.

Solução:

a) Cálculo do passo da hélice (Ph)


Dados:
d = 40
b = 20°
Ph = ?
d·. pp
Ph =
tgbb
40·. 3,14
Ph =
tg20º
Ph =
b) Cálculo das engrenagens
Dados:
Zmot = ?
Zmov = ?
Pf = 6 mm
C = 40
Ph = resultado do cálculo anterior
Zmot Pf ·. C A U L A
=

15
Zmov Ph
Zmot 6·. 40
=
Zmov
Zmot
=
Zmov

Exercício 4
Calcule as engrenagens auxiliares para fresar uma ranhura helicoidal de
uma peça cilíndrica com 30 mm de diâmetro e ângulo de inclinação da
hélice de 40° , sabendo que o aparelho divisor tem uma coroa de 60 dentes
e que o fuso da mesa da fresadora tem um passo de 5 mm.

Solução:

a) Cálculo do passo da hélice


Dados: d = 30 mm
b = 40°
Ph = ?
Ph =

b) Cálculo das engrenagens


Dados: Zmot = ?
Zmov = ?
Pf = 5
C = 60
Ph = calculado
Zmot
=
Zmov

Agora chegou a hora da verdade. Você vai fazer de conta que está mesmo Teste o que
fazendo o teste para fresador e vai fazer com bastate cuidado os exercícios a você aprendeu
seguir.

Exercício 5
Calcule as engrenagens auxiliares para fresar uma engrenagem helicoidal
cujo diâmetro primitivo é de 80 mm, o ângulo de inclinação da hélice é de
45° , sabendo que a coroa do divisor tem 40 dentes e o passo do fuso da mesa
da fresadora é de 6 mm.

Exercício 6
Determine as engrenagens auxiliares para fresar uma ranhura helicoidal
em um cilindro com 70 mm de diâmetro, com um ângulo de inclinação da
hélice de 30°, usando um divisor cuja coroa tem 60 dentes e que o passo
do fuso é de 6 mm.
A
AUU
L AL A

46
46
Fresando com
aparelho divisor

N a aula passada você viu como fresar ranhu-


ras retas do tipo T, trapezoidal e de chaveta. Nesta aula você vai aprender como
fresar utilizando o aparelho divisor universal.

Cálculo Técnico
Como você deve estar lembrado (Cálculo Técnico), o aparelho divisor é um
acessório utilizado na máquina fresadora para fazer divisões no movimento de
giro da peça. As divisões são muito úteis, quando se quer fresar com precisão
superfícies, que devem guardar uma distância angular igual à distância angular
de uma outra superfície, tomada como referência.

Assim, o aparelho divisor permite fresar quadrados, hexágonos, rodas


dentadas ou outros perfis, que dificilmente poderiam ser obtidos de outra
maneira.

Estude bem e faça os exercícios. Não hesite em pedir ajuda ao seu orientador
de aprendizagem ou a recorrer a aulas e módulos passados, caso necessário.

Fresar um quadrado com aparelho divisor universal Nossa aula


O aparelho divisor universal permite fazer divisões direta, indireta e dife-
renciais. Nesta aula você vai ver como fresar, utilizando a divisão direta.
Os procedimentos para fresar com o aparelho divisor universal são
os mesmos que para qualquer operação de fresagem. Assim, você escolhe o tipo
e dimensões da fresa, dependendo do perfil que vai ser trabalhado, bem como
do material da peça e da fresadora de que você dispõe.

O que muda é que agora você vai precisar


fazer alguns cálculos de divisão e também apren-
der como fixar a peça ao aparelho divisor.
Vamos ver como fazer isso ?

Vamos supor que você recebe uma peça


cilíndrica, conforme desenho ao lado. Pede-se
para você fresar em uma de suas extremidades
um quadrado de 25 mm. Por onde começar?
A U L A · Escolha o disco divisor. Este deverá ter um número de furos múltiplo do
número de superfícies a serem fresadas. Como você deve fresar um quadra-

46 do, o disco deve ter um número de furos múltiplo de 4, não é mesmo? Então
vamos supor que você tenha escolhido um disco de 24 furos.

· Calcule o número de furos ou encaixes do disco divisor. Com este cálculo,


você vai saber exatamente quantos furos devem ser deslocados para usinar
cada superfície do perfil desejado, em relação à primeira. Veja a fórmula
abaixo:

D
E=
N

D = número de furos do disco divisor


N = divisões a efetuar
E = número de furos a deslocar

Substituindo vem:
24
E =
4
E = 6

Então, você deve deslocar 6 furos no disco de 24, para usinar as superfícies
do quadrado. Como o diâmetro da peça tem 36 mm, será que é possível fresar o
quadrado de 25 ´ 25 de lado como pedido? Qual a solução? Calcular o diâmetro
mínimo que a peça deve ter.

· Calcule o diâmetro mínimo da peça. Veja a fórmula abaixo:

a 2 = b 2 + c2

Substituindo vem :

a2 = 252 + 252
a2 = 625 + 625
a2 = 1250
a = 1250

a = 35,35

Com este cálculo, você encontrou que o diâmetro mínimo da peça é de,
aproximadamente, 35,35 mm. Portanto, é possível fazer o quadrado, visto que
a peça tem 36 mm de diâmetro. Com isso, você pode passar à fresagem.
· Fixe a peça. Para isso, fixe primeiramente uma das extremidades na placa do A U L A
cabeçote divisor. Em seguida, a outra extremidade em um contraponta, caso
o comprimento da peça (L) seja maior que 1,5 vez o diâmetro da peça (D).
Se se tratar de uma peça de comprimento (L) menor que 1,5 vez o diâ- 46
metro (D), não é preciso utilizar o contraponta. Nesse caso, utilize somente
a placa universal. Veja figuras abaixo:

Dica tecnológica
A extremidade da peça onde será colocado o contraponta deve ser
furada no torno com uma broca de centro.

· Escolha a fresa e em seguida fixe-a.


· Determine os parâmetros de corte.
· Determine a profundidade de corte. Veja como fazer.

D-d
a=
2

a = profundidade de corte
D = diâmetro do material
d = medida do quadrado

Resolvendo, vem:
36 - 25
a=
2

11
a=
2
a = 5,5

Você tem então que, para fresar um quadrado de 25 mm em um eixo de


36 mm de diâmetro, a profundidade de corte necessária é igual a 5,5. Veja
figura acima.

· Tangencie a superfície da peça com a fresa. Zere o anel graduado do fuso


de subida da mesa.
· Retire a fresa de cima da peça.
· Suba a mesa até a profundidade de corte desejada. Usine a primeira face
plana.
· Meça a face usinada. A medida encontrada deve corresponder à metade do
diâmetro da peça mais a metade da medida de um lado do quadrado, como
na figura acima, ou seja: 18 + 12,5 = 30,5. A figura a seguir mostra a peça fixa
à placa do divisor e com uma face já usinada.
A U L A

46
· Gire no divisor 6 furos para fresar a segunda superfície perpendicular à
primeira. Usine as demais superfícies, seguindo o mesmo procedimento
utilizado para a fresagem da segunda superfície. Não esqueça de conferir
a medida a cada superfície usinada.

Você acabou de aprender como fresar um quadrado, utilizando o aparelho


divisor universal e divisão direta. Que tal responder a algumas questões?

Pare! Estude! Exercício 1


Responda! Qual o mínimo diâmetro (xx ) que um material deve ter, para que se possa
fresar um quadrado de lados igual a 20 mm?

Exercício 2
Com que ferramenta deve ser feito o furo de centro para fixar o contraponta
à peça?

Exercício 3
Quantos furos devem ser deslocados para fazer cada uma das faces de um
sextavado em uma peça, utilizando-se um disco de 18 furos no aparelho
divisor?

Exercício 4
DISCOS
Que discos devemos utilizar para fresar
oito lados equiangulares em uma peça? 1 2 3
(Utilize a tabela de discos ao lado.) 15 21 37
16 23 39
17 27 41
FUROS

18 29 43
19 31 47
20 33 49
A
AUU
L AL A

48
Fresando engrenagens 48
cilíndricas com
dentes retos

N a aula passada você viu como furar na


fresadora, utilizando a mesa divisora. Nesta aula você vai aprender a fresar
engrenagens, utilizando o aparelho divisor universal e fazendo a divisão
indireta.

A operação de fresar engrenagens é uma das mais importantes que


o fresador executa. Ela pode ser realizada em máquinas fresadoras, no caso
de uma só engrenagem. Ou em máquinas especiais, quando se trata de
produção em série, como veremos mais tarde na aula reservada para isso.

Você provavelmente sabe o que é engrenagem. É um conjunto de pelo menos


duas rodas dentadas em que uma transmite movimento à outra. Mas no dia-a-
dia da oficina, costuma-se chamar engrenagem à própria roda dentada.

A engrenagem tem várias aplicações. Assim você vai encontrar engrenagens


em uma máquina de moer cana ou no câmbio de um automóvel. Além de,
naturalmente, encontrar engrenagens no sistema de transmissão de movimento
das máquinas, de um modo em geral.

Estude bem, faça os exercícios e, quando necessário, não hesite em rever


conceitos dados em aulas anteriores.

Como fresar engrenagens cilíndricas com dentes retos Nossa aula


Já dissemos que as engrenagens podem ser produzidas em máquinas
especiais além das fresadoras. Nas fresadoras, os dentes das engrenagens são
usinados com fresas de perfil constante também chamadas de fresas módulo.

O conceito de módulo já foi introduzido em Cálculo Técnico. Nesta aula


você vai aprender como fazer os cálculos para selecionar corretamente a fresa
módulo e poder assim usinar as engrenagens. Mas primeiro vamos retomar
o conceito de módulo.
A U L A Recordar é aprender

48
Módulo de uma engrenagem é o quociente resultante da divisão do
diâmetro primitivo pelo número de dentes. O módulo é sempre expres-
so em milímetros. Com o módulo, você pode calcular quase todas as
dimensões de uma engrenagem. O módulo é normalizado e expresso
com números inteiros ou decimais muito simples. Veja abaixo a figura
de um módulo.

Percebeu o que é o módulo? Cada parte do diâmetro primitivo, não é


mesmo? Isso nos leva a deduzir que se o módulo é expresso em uma medida
inteira ou decimal muito simples, também serão expressas por números inteiros
e decimais muito simples a medida do diâmetro primitivo e outras dimensões
múltiplas do módulo.

Você relembrou o conceito de módulo, podemos então calcular os elementos


necessários à construção de um par de engrenagens.

Vamos supor que você recebe a tarefa de fazer um par de engrenagens. Você
sabe que o número de dentes da engrenagem 1 (Z1) é igual a 25, o da engrenagem
2 (Z2) igual a 80 e o módulo igual a 3. Por onde começar?

Primeiro, você deve conferir se as dimensões da peça (o blanque) que


recebeu estão corretas. Para isso, você calcula os diâmetros primitivo e externo
das engrenagens bem como o comprimento dos dentes.

Cálculo do diâmetro primitivo das engrenagens

dp
m= \ dp = m ´ Z
z

Calculando vem:
para a engrenagem 1 para a engrenagem 2
dp1 = m ´ Z1 dp2 = m ´ Z2
dp1 = 3 ´ 25 dp2 = 3 ´ 80
dp1 = 75 mm dp2 = 240 mm
Assim, tem-se que o diâmetro primitivo da engrenagem 1 é igual a 75 mm
e o da engrenagem 2 igual a 240 mm.
Feito isso, você pode calcular o diâmetro externo (de) das engrenagens.
Cálculo do diâmetro externo das engrenagens A U L A

de = dp + 2 m
48
para a engrenagem 1
de1 = 75 + 2 ´ 3 \ de1 = 75 + 6 \ de1 = 81 mm

para a engrenagem 2
de2 = 240 + 2 ´ 3 \ de2 = 240 + 6 \ de2 = 246 mm

Assim, o diâmetro externo da engrenagem 1 é igual a 81 mm e o da engre-


nagem 2 igual a 246 mm. Essas devem ser também as medidas do diâmetro
externo dos blanques.

Após isso, é preciso calcular o comprimento dos dentes (b) das engrenagens.

Dica tecnológica
Segundo a ABNT, a medida do comprimento dos dentes oscila
de 6 a 10 ´ m. É usual trabalhar com a média: 8 m.

Cálculo do comprimento dos dentes

Tanto para a engrenagem 1 quanto para a engrenagem 2, tem-se que:


b=8´m
b=8´3
b = 24 mm
Com os valores encontrados, você pode conferir o diâmetro externo e a
largura dos blanques. Esta deve ser igual à medida do comprimento dos dentes.
E em seguida calcular a altura dos dentes, a fim de determinar quanto você
deverá aprofundar com a fresa no blanque para construir a engrenagem.

Para isso, você precisa conhecer o ângulo de pressão (Elementos de Máqui-


na e Cálculo Técnico)
Técnico). Veja figura abaixo.

Recordar é aprender
O ângulo de pressão (a) pode ter 15 ou 20°, conforme o perfil da fresa
que for utilizada. O mais utilizado é o de 20°.
A U L A Cálculo da altura do dente

48 Antes de calcular a altura do dente, é preciso saber que ela é normalizada


como segue:

DIN/ABNT ASA (USA) ISO (UNE 10.016)


2,166 ´ m 2,157 ´ m 2,25 ´ m

Vamos supor que para executar sua tarefa, você vai usar a norma
DIN/ABNT e a = 20°. Qual deve ser então o valor de h?

Você tem que:

h = 2,166 ´ m

Substituindo vem:

h = 2,166 ´ 3

h = 6,498 mm

Assim, a altura do dente é de 6,498 mm. Isso significa que a fresa deve
penetrar no blanque nesta profundidade. Veja a figura abaixo.

Feitos todos os cálculos, só resta escolher a fresa.

Escolha da fresa

As fresas para usinar engrenagens


são as fresas módulo. Elas são fornecidas
em um jogo de oito para cada módulo
até o módulo 10. A partir deste módulo,
as fresas módulo são fornecidas em
um jogo de 15, porque os perfis dos
dentes têm maior dimensão.

Dica tecnológica
Acima do módulo 4, reco-
menda-se que a engrenagem seja
desbastada com uma fresa apro-
priada. E em seguida, para o
acabamento, pode-se retomar a
fresa de trabalho original.
A escolha da fresa está condicionada ao número de dentes das engrenagens. A U L A

Nº DA FRESA MÓDULO

1
Nº DE DENTES DA ENGRENAGEM

12 e 13
(Z)
48
2 14 a 16
3 17 a 20
4 21 a 25
5 26 a 34
6 35 a 54
7 55 a 134
8 135 para cima e cremalheira

Já para usinar engrenagens acima do módulo 10, o jogo de 15 fresas


é fornecido como segue:

Nº DA FRESA 1 11/2 2 21/2 3 31/2 4 41/2 5 51/2 6 61/2 7 71/2 8

Nº DE DENTES (Z) 12 13 14 15 17 19 21 23 26 30 35 42 55 80 135


e e e e e e e e e e e para
16 18 20 22 25 29 34 41 54 79 134 cima

Com esses dados, você já pode escolher a fresa para executar sua tarefa.
Assim, para a engrenagem 1, em que Z1 = 25, a fresa deve ser a número 4. Já para
a engrenagem 2, em que Z2 = 80, a fresa deve ser a número 7.

Usinando dentes retos para engrenagens cílíndricas

Você vai aprender a usinar dentes retos, utilizando a mesma tarefa do início
da aula. Nela pede-se que você faça um par de engrenagens, sendo que a
engrenagem 1 deve ter 25 dentes e a engrenagem 2 ter 80 dentes. Você tem ainda
as seguintes medidas:
engrenagem 1 engrenagem 2
Z = 25 Z = 80
dp = 75 mm dp = 240 mm
de = 81 mm de = 246 mm
b = 24 mm b = 24 mm
a = 20° a = 20°
h = 6,498 mm h = 6,498 mm

Fresando a engrenagem 1

Monte e prepare o cabeçote divisor. Para isso você precisa calcular o número
de furos que o disco deve ter. Este cálculo, como dissemos no início da aula, deve
ser o da divisão indireta. Vamos ver como fazer?

Cálculo da divisão indireta

A divisão indireta é mais utilizada que a divisão direta, pois permite maior
número de divisões. O nome divisão indireta provém do sistema de transmissão
de movimento do manípulo para a árvore. Veja a figura a seguir.
A U L A

48

Para fazer uma divisão indireta simples, utiliza-se a seguinte fórmula:

RD
n=
Z

em que:
RD = relação do divisor
Z = número de divisões a efetuar

Dica tecnológica
A relação do divisor é de 40/1, 60/1, 80/1 e 120/1, sendo a mais utilizada
a de 40/1.

Vamos supor que o cabeçote da máquina com a qual você está trabalhando
tenha uma relação de divisão de 40/1. Agora é só efetuar o cálculo.

Então para uma engrenagem de 25 dentes e uma relação de divisor de


40/1, tem-se que:
RD
n=
Z
Substituindo vem: discos
40 25
n = 40 ou 15 1
25 furos volta
Com o resultado obtido, tem-se que é preciso dar uma volta e mais 15 furos
em um disco de 25 furos. Como não existe um disco de 25 furos, é necessário
montar uma fração equivalente a 15/25. Veja abaixo:
15 ¸ 5 = 3
25 5 5

A fração obtida leva a outra fração equivalente. Isto vai permitir escolher um
disco com número de furos normalizados. Veja:

3 ´ 3 = 9
5 3 15
O resultado encontrado foi 9/15. Isto significa que você deve utilizar A U L A
um disco com 15 furos e nele deslocar 9 furos.
Dica tecnológica
Você pode também utilizar um disco de 20 furos e deslocar 12.
48
Resumindo, para cada dente fresado, você deve girar uma volta completa
e mais 9 furos no manípulo do aparelho divisor.
Vamos à usinagem:
· Fixe a peça em um mandril e este no aparelho
divisor.
· Fixe o disco no aparelho divisor e regule o
setor para 9 furos. Veja a figura ao lado.
· Fixe a fresa. Esta deve ser para módulo 3,
nº 4, uma vez que a engrenagem deve ter
25 dentes.
Observação: Sabemos que a fresa a utilizar
deve ser a módulo 3, nº 4, pela tabela norma-
lizada de fresas.
· Faça a primeira ranhura. Para isso, posicione
a fresa no centro do eixo e tangencie a peça.
· Retire a fresa de cima da peça e suba a mesa até a profundidade de corte
desejada.
· Inicie o corte manualmente e em seguida complete o passe com o movimento
automático.
Observação: Dê quantos passes forem necessários para obter a altura do
dente que é h = 6,498 mm.

· Gire a peça para fresar a ranhura seguinte. Para isso, desloque novamente
o manípulo do aparelho divisor em uma volta mais 9 furos. Faça a ranhura.
Após isso, estará pronto o primeiro dente.
· Meça o dente usinado. Veja a figura.

· Proceda da mesma maneira para fazer as demais ranhuras e dentes.


A U L A Fresando a engrenagem 2

48 Para fresar a engrenagem 2, você deve seguir os mesmos passos que para
fresar a engrenagem 1. Mas com algumas diferenças. Como agora a engrenagem
a usinar deve ter 80 dentes, vai ser necessário escolher um outro disco para
o aparelho divisor assim como uma outra fresa.

Escolher a fresa é simples. Basta consultar a tabela. Sabendo que m = 3


e Z = 80, a fresa deve ser a módulo 3, nº 4.

Quanto ao disco é necessário fazer o cálculo de divisão indireta.Vamos fazê-lo?

Vamos tomar a fórmula:

n = RD
Z

Substituindo vem:
40
n=
80

Simplificando vem:
1
n=
2
Com o resultado obtido, isto é, 1/2, sabe-se que é preciso dar meia-volta
em qualquer disco de número par de divisões.

Pare! Estude! Exercício 1


Responda! Que fresa deve ser utilizada para fresar uma engrenagem com 120 dentes
e módulo 4? (Utilize a tabela.)

Exercício 2
Sabendo que a engrenagem a fresar tem 120 dentes e a relação do aparelho
divisor é de 40/1, responda:
a) Quantos furos deve ter o disco divisor?
b) Quantas voltas e quantos furos devem ser avançados?
A
AUU
L AL A

49
Fresando engrenagens 49
cilíndricas com
dentes helicoidais

N a aula passada você viu como fresar engre-


nagens cilíndricas de dentes retos, utilizando o aparelho divisor universal e
divisão indireta. Nesta aula você vai aprender a fresar engrenagens cilíndricas
com dentes helicoidais, utilizando uma grade de engrenagens.

Para fresar engrenagens de dentes helicoidais, você vai utilizar outros


conceitos como passo normal (pn), passo frontal (pf), passo da hélice (ph), passo
constante da fresadora e número de dentes imaginários (Zi).
Estude bem! E não esqueça de recorrer a aulas passadas, caso necessário.

Como fresar engrenagens cilíndricas com dentes helicoidais Nossa aula


Para fresar engrenagens cilíndricas com dentes helicoidais, é preciso conhe-
cer o ângulo de inclinação (b). Este apresenta os seguintes passos: passo normal,
frontal e o passo da hélice (ph). Veja figura.

O passo da hélice é calculado por meio da seguinte fórmula:

dp · p
ph =
tgb

Também é preciso conhecer o passo constante da fresadora bem como


a grade de engrenagens.

O passo constante da fresadora (pc) é dado pelo valor da relação de transmissão


do aparelho divisor vezes o valor do passo do fuso da mesa (pF), ou seja,
pc = RD · pF .
A U L A Com o passo constante da fresadora calcula-se a grade de engrenagens.

49 Grade de engrenagens é um conjunto de engrenagens que transmite movi-


mento sincronizado entre o fuso da mesa e o aparelho divisor universal.
Veja figura a seguir.

O número de dentes das engrenagens que compõem a grade é determinado


por meio da seguinte relação:

passo constante da fresadora engrenagens motrizes


=
passo da hélice da engrenagem engrenagens conduzidas

Também é importante a escolha da fresa módulo. Esta pode ser feita


utilizando-se o número de dentes normal e o ângulo b ou calculando-se
o número de dentes imaginário da fresa. O cálculo do número de dentes
imaginário (Zi) é feito por meio da seguinte fórmula:

Z
Zi =
cos b
3

Com o resultado desta equação, consulta-se a tabela normalizada de fresas


módulo e obtém-se o número da fresa.

Com essas informações, podemos passar à usinagem.

Vamos supor que você recebe a tarefa de fazer uma engrenagem cilíndrica
de dentes helicoidais, em que:

Z = 50
b = 22°
mn = 3
passo do fuso = 5 mm

40
RD =
1

coleção de engrenagens: 25, 30, 40, 50, 55, 60, 70, 80, 90, 100 e 127.

Como fazer? Primeiramente, você deve calcular o módulo frontal


da engrenagem.
Cálculo do módulo frontal da engrenagem A U L A

mf =
m
cosb 49
3
mf =
0,92718
mf = 3,236

Então, o módulo frontal da engrenagem é igual a 3,236 mm. Em seguida,


você calcula o diâmetro primitivo.

Cálculo do diâmetro primitivo da engrenagem

dp
mf = \ dp = mf ´ Z
Z

Calculando vem:
dp1 = mf ´ Z1
dp1 = 3,236 ´ 50
dp1 = 161,8 mm

Assim, tem-se que o diâmetro primitivo da engrenagem é igual a 161,8 mm.


Feito isso, você pode calcular o diâmetro externo (de) da engrenagem.

Cálculo do diâmetro externo da engrenagem

de = dp + 2m

de = 161,8 + 2 ´ 3
de = 161,8 + 6
de = 167,8 mm

O diâmetro externo da engrenagem é igual a 167,8 mm. Essa deve ser


também a medida do diâmetro externo do blanque.

Após isso, pode-se calcular a espessura (b) da engrenagem e a altura do


dente. Para a espessura, aplica-se a mesma fórmula utilizada para o cálculo
do comprimento de dentes retos, isto é: b = 8 ´ 3. Também é uma velha conhe-
cida sua a fórmula para o cálculo da altura do dente, ou seja:

h = 2,166 ´ 3 \ h = 6,498 mm

Agora, já é possível escolher a fresa. Para isso, vamos utilizar o cálculo


do número de dentes imaginário (Zi).
A U L A Cálculo do número imaginário de dentes

49 Zi =
Z
cos b
3

50
Zi =
0,797
Zi = 62
Conhecendo o valor de Zi, você pode escolher a fresa módulo, de acordo com
a tabela.

Recordar é aprender
Nº DA FRESA MÓDULO Nº DE DENTES DA ENGRENAGEM(Z)
1 12 e 13
2 14 a 16
3 17 a 20
4 21 a 25
5 26 a 34
6 35 a 54
7 55 a 134
8 135 para cima e cremalheira

Assim de acordo com a tabela, a fresa módulo deve ser a de número 7.

Você acabou de escolher a fresa módulo,


calculando o número de dentes imaginário. Mas,
como dissemos, você também pode escolher a
fresa, utilizando o número normal de dentes (Z)
e o ângulo b.

Neste caso, o número da fresa é dado por


um diagrama. Veja ao lado.

Como mostra o diagrama, para b = 22º e


Z = 50 a fresa módulo é a de número 7, ou seja,
a mesma encontrada por meio do cálculo de
número imaginário de dentes.

Dica tecnológica
Caso a engrenagem fosse de dentes re-
tos, a fresa seria a de nº 6. Para uma
engrenagem de dentes helicoidais, o
número da fresa deve ser maior, porque
o diâmetro primitivo frontal deste tipo
de engrenagem é maior que o seu diâme-
tro primitivo normal.
Você já tem os valores para usinar a engrenagem e já escolheu a fresa; é hora A U L A
de determinar as engrenagens que vão compor a grade.

Você sabe que o passo do fuso da mesa da fresadora é igual a 5 mm e que a 49


relação do divisor é de 40/1. Com isso, você pode determinar o passo constante
da fresadora, multiplicando o passo do fuso pela relação do divisor. Veja:

pc = 40 ´ 5
pc = 200 mm

Feito isso, você calcula o passo da hélice da engrenagem. Veja:

dp · p
ph =
tgb

161,8 ´ 3,1416
ph =
0,404
ph = 1258,3

O resultado é que o passo da hélice é igual a 1258,3 mm. Tendo os valores


de pc e de ph, você pode determinar as engrenagens da grade.

Cálculo da grade das engrenagens


200
Substituindo na fórmula, vem:
1260
Observação: O denominador acima foi arredondado para tornar possível a
simplificação da fração. Trata-se de um erro aceitável, visto que o passo da hélice
é igual a quase 1300 mm.
10
Simplificando a fração, vem:
63
Ou seja, devíamos ter uma engrenagem com 10 dentes e outra com 63 dentes.
Como a coleção disponível de engenagens não contempla esses números de
dentes (página 76), é necessário encontrar frações equivalentes aos números
de dentes disponíveis na coleção.
10 1 ´ 10 10 ´ 10 100 4 ´ 25 40 ´ 25 motrizes
Assim: = = = = = =
63 7´9 7 ´ 90 630 7 ´ 90 70 ´ 90 conduzidas

40 ´ 25
Com a fração ,
70 ´ 90
monta-se a grade com engrenagens de 40,
25, 70 e 90 dentes, para usinar a engrenagem
cilíndrica helicoidal, em que ph = 1260 mm
e pc = 200 mm. Veja ao lado.
O último passo antes de montar a fresadora
para usinar a engrenagem é determinar
o número de voltas que devem ser dadas
no manípulo em relação ao disco divisor.
A U L A Assim:

49 n=
RD 40
Z
=
50
=
4
5
=
4´4
5´4
=
16
20

16
O resultado é .
20
Isso significa que para cada dente a usinar, você deve regular o setor do disco
do divisor em 16 furos em um disco de 20 furos.

Usinando dentes helicoidais para engrenagens cílíndricas

Vamos retomar o problema dado e acrescentar os valores calculados. Assim:


dp = 161,8
de = 167,8
h = 6,498
b = 24
ph = 1 258,3
pc = 200
grade de engrenagens: motrizes = 40 e 25
conduzidas = 70 e 90
disco de 20 furos

· Monte e prepare o aparelho divisor.


· Fixe a peça em um mandril e este no aparelho divisor.
· Fixe o disco no aparelho divisor e regule o setor para 16 furos.
· Calcule o número de dentes das engrenagens que vão compor a grade
de engrenagens. Como já vimos, estes valores são: 40, 25, 70 e 90.
· Monte a grade, conforme a figura da página 79.
· Fixe a fresa. Esta será módulo 3, nº 7, uma vez que a engrenagem é de
50 dentes.
· Incline a peça em relação à fresa em 22º, conforme figura abaixo. A inclinação
da peça pode ser tanto à direita quanto à esquerda, a depender do sentido
dos dentes que se quer obter.
· Faça a primeira ranhura. Antes, posicione a fresa no centro do eixo e A U L A
tangencie a peça.
· Retire a fresa de cima da peça e suba a mesa até a profundidade de corte
desejada. 49
· Inicie o corte manualmente. Em seguida, complete o passe com o movimento
automático. Dê tantas passadas quanto necessário para atingir h= 6,498 mm.
· Gire o material para fresar a ranhura seguinte. Para isso, desloque novamen-
te o manípulo do aparelho divisor em 16 furos. Faça a ranhura. Depois,
estará pronto o primeiro dente.
· Meça o dente usinado.
· Proceda da mesma maneira para fazer as demais ranhuras e dentes.

Exercício 1 Pare! Estude!


Para uma engrenagem helicoidal de 60 dentes, módulo 4 e b = 45º, determine: Responda!
mf
dp
de
h
b
Zi
nº da fresa
ph

Exercício 2
60
Supondo uma relação de transmissão do divisor , e passo do fuso da
1
mesa igual a 6 mm, determine o passo constante da fresadora.

Exercício 3
Determine o passo da hélice (ph) de uma engrenagem helicoidal com 120
mm de diâmetro primitivo (dp ) e b = 24°.

Exercício 4
Calcule a grade de engrenagens necessária para usinar uma engrenagem
em que:
ph = 400 mm
40
RD =
1
passo de fuso da fresadora = 5 mm
(Utilize coleção de engrenagens da página 76.)

Exercício 5
Qual a fresa indicada para usinar uma engrenagem de 85 dentes e b = 50º.
(Consulte o diagrama à página 78.)
A UA UL L AA

50
50 Fresando engrenagens
cônicas com
dentes retos

N a aula passada, você aprendeu a fresar


engrenagens cilíndricas com dentes helicoidais, utilizando a grade de engrena-
gens. Nesta aula você vai aprender a fresar engrenagens cônicas com dentes
retos. Trata-se de engrenagens usadas para transmitir movimento de rotação
entre dois eixos concorrentes, isto é, que se cruzam. Um exemplo disso
é a furadeira manual, que você deve conhecer.
Elementos de Máquina
Como você deve estar lembrado (Elementos Máquina), há engrenagens
cilíndricas com dentes cônicos retos e helicoidais. Mas nesta aula vamos
abordar especificamente as engrenagens com dentes cônicos retos com eixos
inclinados a 90º.
Estude com bastante atenção os conceitos novos. E se for preciso, reveja aulas
passadas para relembrar conceitos já aprendidos.

Nossa aula Como fresar engrenagens cônicas com dentes retos

Para fresar engrenagens cônicas com dentes retos, você vai precisar calcular
alguns elementos novos, como módulo mínimo (m), comprimento da geratriz
do dente (G), ângulo de inclinação (s) do cabeçote do aparelho divisor.

Vamos tomar um exemplo. Suponha que você recebe a tarefa de fazer


uma engrenagem cônica com dentes retos, a qual deve ser montada em um eixo
em um ângulo de 90° em relação a outro eixo.
Os dados de que você dispõe são os seguintes:
Z1 = 30
Z2 = 64
m=3
Por onde começar? Primeiro, você deve calcular o diâmetro primitivo da
engrenagem 1. Ou seja: dp1 = M · Z
Resolvendo a fórmula, o resultado é: dp1 = 90 mm.
Feito isso, é preciso determinar o diâmetro primitivo da engrenagem 2. Isto é:
dp2 = M · Z. O resultado encontrado deve ser: dp2 = 192 mm.
Com estes valores, você pode calcular o ângulo primitivo (d) da engrenagem 1.
Cálculo do ângulo primitivo A U L A

Este cálculo é feito por meio da fórmula:


dp1 Z
50
tgd1 = = 1
dp2 Z2

em que:

tgd1 = tangente do ângulo primitivo da engrenagem 1


dp1 = diâmetro primitivo da engrenagem 1
dp2 = diâmetro primitivo da engrenagem 2

Resolvendo para a engrenagem 1, vem:


90
tgd1 =
192
tgd1 = 0,46875

Este é o valor da tangente para a engrenagem 11. Com esse valor,


você consulta uma tabela normalizada de tangentes. O resultado deve ser:
d1 = 25º6’53’’.

Para a engrenagem 22, a fórmula para calcular o ângulo primitivo é:

dp2 Z
tgd2 = = 2
dp1 Z1

Guarde a informação. Você vai precisar dela no final da aula para resolver
os exercícios.
Agora, é preciso calcular a geratriz. Veja a figura abaixo.
A U L A Cálculo da geratriz

50 O cálculo da geratriz é feito por meio da fórmula:

dp1
send =
2
G

em que:

send = seno do ângulo primitivo


dp1 = diâmetro primitivo da engrenagem 1
G = geratriz

Resolvendo vem:
dp1
G=
2 · sen d

90
G=
2 · 0,4244

G = 106,03204 mm

Após isso, você deve determinar o ângulo do fundo do dente (s), cujo valor
você vai precisar para dar a inclinação desejada do cabeçote do aparelho divisor
em relação à mesa da fresadora. Veja figura.

Cálculo do ângulo do fundo do dente

Para fazer este cálculo, você precisa antes determinar o ângulo do pé do


dente (y). Isto é feito por meio da fórmula:

1,166 · M
tgy =
G
em que: A U L A
tgy = tangente do ângulo
do pé do dente
M = módulo normal 50
G = geratriz

Resolvendo a fórmula vem:


3,498
tgy =
106,03204

tgy = 0,03299

Com o valor desta tangente, e consultando a mesma tabela normalizada


de tangentes, você vai encontrar que: y = 1º 53’ 22’’ .

Com este valor de y, você pode determinar o ângulo do fundo de dente (s).
Para isso, basta aplicar a fórmula:

s=d-y

em que:

s = ângulo do fundo do dente


d = ângulo primitivo
y = ângulo do pé do dente

Resolvendo vem:

s= 25º6’53’’ - 1º53’22’’
s = 23º13’31’’

Feito isso, determine o ângulo externo da engrenagem (y). Para isso você
necessita calcular o ângulo da cabeça do dente.

Cálculo do ângulo da cabeça do dente

Para calcular o ângulo da cabeça do dente, você utiliza a seguinte fórmula:

M
tgg =
G

em que:

tgg = tangente do ângulo


da cabeça do dente
M = módulo
G = geratriz
A U L A Resolvendo vem:

50 tg g =
3
106,02358
tgg = 0,0282955
g = 1°37’14’’

Agora, você já pode calcular o ângulo externo da engrenagem.

Cálculo do ângulo externo da engrenagem

Este cálculo é feito por meio da fórmula:

w=d+g

em que:

w = ângulo externo
d = ângulo primitivo
g = ângulo da cabeça do dente

Resolvendo vem:
w = 25º6’53’’ + 1º37’14’’
w = 26º44’7’’

Tendo este valor, você calcula a altura da cabeça do dente e, em seguida,


o diâmetro externo da engrenagem.

Cálculo da altura da cabeça do dente

Este cálculo é feito com a seguinte fórmula:

C
cosd =
M

em que:
cosd = co-seno do ângulo primitivo
C = cateto adjacente ao ângulo d
M = módulo

Resolvendo vem:
C
cosd =
M
C = M · cosd
C = 3 · 0,9054597
C = 2,7163793
Agora, para achar o diâmetro externo do blanque é só aplicar a fórmula: A U L A

de =dp1 + 2 · C
50
em que:
de = diâmetro externo da engrenagem
dp = diâmetro primitivo

Resolvendo vem:
de = 90 + 2 · 2,7163793
de = 95,432759

Agora, você pode calcular o módulo mínimo que vai lhe permitir escolher
a fresa para fazer o dente.

Cálculo do módulo mínimo

Para fazer este cálculo, você utiliza a fórmula:

2
m= M
3

em que:
m = módulo mínimo
M = módulo normal

Resolvendo vem:
2
m = M
3
m=2

Dica tecnológica
O comprimento do dente deve corresponder no máximo a um terço
da geratriz.

Resta agora escolher a fresa. Esta escolha deve ser feita por meio do cálculo
do número de dentes equivalente.

Cálculo do número de dentes equivalente (Z equiv)

Para calcular o número de dentes equivalente, você utiliza a seguinte


fórmula:
Z
Zequiv =
cosd
A U L A em que:

50 Zequiv = número de dentes equivalente


Z = número de dentes da engrenagem
cosd = co-seno do ângulo primitivo

Substituindo vem:
30
Zequiv =
0,9054589
Zequiv = 33

Observação: Se as engrenagens fossem de dentes retos, os números da fresa


seriam 5 para Z1 e 7 para Z2. Como as engrenagens são cônicas com dentes retos,
e devido ao uso do módulo mínimo, o número da fresa passa a ser 8 para Z2.
Para Z1, entretanto, a alteração dá-se apenas no módulo.

Feitos todos os cálculos, você já pode começar a fresar.

Fresando engrenagem cônica com dentes retos

Vamos retomar a tarefa dada no início da aula. Como os cálculos já foram


feitos, você pode preparar a fresadora para usinar os dentes da engrenagem.
Assim:

· Fixe a peça a um mandril e ambos ao aparelho divisor universal.


· Escolha o disco para o aparelho divisor. Para isto faça o cálculo da divisão
indireta, ou seja:

RD
N=
Z

Resolvendo vem:
40
N=
30
Simplificando vem:

10 1 6
1+ = 1+ =1+
30 3 18

Com este resultado, você sabe que deve usar um disco de 18 furos e ajustar
o setor do aparelho divisor em 6 furos.

· Incline o cabeçote do aparelho divisor em um ângulo s. No nosso caso


em 23º 13’ 31’’.
· Fixe a fresa. No nosso caso, a fresa é a de número 5, módulo 2.
· Posicione a fresa no centro da peça e faça o tangenciamento na parte mais
alta do blanque.
· Zere o anel graduado do fuso de subida da mesa.
· Suba a mesa até a profundidade de corte. Ou seja: h = 2,166 ´ M. A U L A
· Faça a primeira ranhura.
· Corrija os dentes. A correção é necessária porque você está usando fresa com
valor do módulo mínimo. Para a correção, proceda da seguinte maneira: 50
e
a) desloque a fresa no sentido transversal, no valor de e é a espessura
(e
da fresa medida no seu diâmetro primitivo); 2
b) através do aparelho divisor, gire a peça em 3 furos no mesmo sentido em
que foi deslocada a fresa para a correção de um dos lados do dente. Veja
figura abaixo.

1
Observação: O valor 3 furos equivale a do passo da engrenagem. Observe
como este valor foi obtido. 8

Para dar o passo da engrenagem, você deveria girar uma volta mais 6 furos
em um disco de 18 furos. Ou seja: 6 + 18 = 24 furos. Portanto, o passo da
engrenagem equivale a 24 furos.

Mas, para corrigir o dente você precisa girar o disco em 1/8 deste valor.
24
Isto é: =3
8
Logo, você vai girar o disco de 18 em 3 furos.

c) feito o deslocamento da fresa e da peça, usine novamente o dente


da engrenagem. Com isto, você terá corrigido um lado do dente.

· Usine as outras ranhuras. Para isso, gire o


manípulo do cabeçote divisor em uma volta
mais seis furos. Assim você obtém um lado de
cada dente já corrigido.
· Desloque a fresa novamente no sentido inver-
so ao do primeiro deslocamento, só que agora
em uma distância e.
· Gire a peça em 6 furos, também no sentido
inverso ao primeiro.
· Usine a segunda face de cada dente.
Pare! AEstude!
U L A Exercício 1
Responda! Dado um par de engrenagens cônicas com dentes retos montado em eixos

50 dispostos a 90º, onde Z1 = 35, Z2= 80 e M = 2, determine:

dp1 dp2 d1 d2

Exercício 2
Calcule o comprimento dos dentes das engrenagens 1 e 2 acima em 1/3
da geratriz.

Exercício 3
Em que valor de s deve ser inclinado o cabeçote do aparelho divisor, para
que seja possível usinar os dentes das engrenagens 1 e 2, sendo que: Z1 = 35,
Z2 = 80 e M =2?

s1 s2

Exercício 4
Sendo M = 2, determine o módulo mínimo (m) necessário para a escolha
da fresa módulo a fim de usinar o mesmo par de engrenagens dado acima.

Exercício 5
Calcule o Zequiv. para as mesmas engrenagens:

Zequiv 1 Zequiv 2

Exercício 6
Com os valores de Zequiv1 e Zequiv2 encontrados, determine o nº das fresas
para fresar o mesmo par de engrenagens.
AUU
A L AL A

51
51
Fresando pelo
processo Renânia

A té então você viu como fresar segundo pro-


cessos convencionais. Agora você vai ver alguns processos especiais de fresagem
e as máquinas e fresas que executam esses processos.
Nesta aula, você vai aprender sobre o processo Renânia. A característica
principal do processo Renânia é o movimento sincronizado de giro entre a peça
e a ferramenta, a fresa caracol. A vantagem do movimento sincronizado é que ele
possibilita maior produção de peças bem como exatidão em suas medidas.
Como sempre, estude bem e faça os exercícios propostos. E, se precisar,
recorra a aulas anteriores para rever conceitos já aprendidos.

O processo Renânia Nossa aula


Você certamente já viu um par de engrenagens cilíndricas em funcionamen-
to. Ou uma rosca sem-fim e uma coroa. Vamos supor que você substitua a coroa
por um blanque de aço e a rosca sem-fim por uma ferramenta. Neste caso, a
ferramenta teria geometria semelhante a rosca sem-fim. Porém, a hélice da rosca
seria interrompida e apresentaria arestas de corte. Veja a figura.

Essa é a base de funcionamento de um sistema de geração de engrenagens


conhecido como processo Renânia. Nesse processo, a fresa e o disco de aço onde
são usinados os dentes da engrenagem apresentam movimento de rotação. Isso
significa que é possível submeter, ao mesmo tempo, vários dentes ao processo
de corte e assim reduzir o tempo, em relação aos processos convencionais,
de fabricação da engrenagem .
A U L A A máquina empregada nesse processo é também chamada Renânia. Trata-
se de uma máquina utilizada para a produção, em larga escala, de engrenagens

51 cilíndricas com dentes retos ou helicoidais e coroas para parafusos sem-fim.

Basicamente, a máquina Renânia é formada por um cabeçote porta-fresa


e uma mesa porta-peça. Veja figura abaixo.

Nesse tipo de máquina a mesa porta-peça está ligada a uma grade de


engrenagens que funciona como um aparelho divisor.

Graças a isso, dá-se o sincronismo de movimento entre a mesa e o desloca-


mento da fresa, isto é, enquanto a mesa porta-peça realiza um movimento
de giro, a fresa faz o movimento de corte.

Ainda, ao mesmo tempo em que ocorre o movimento entre a peça e a fresa,


o cabeçote porta-ferramenta descreve um movimento vertical, de forma que
quando a ferramenta deixa a peça, todos os dentes da engrenagem já terão sido
usinados.

É a sincronização de movimento entre a fresa e a mesa que torna possível


fresar maior número de dentes da engrenagem por vez, sem que para isso seja
necessária a intervenção constante do operador, como ocorre nos sistemas de
fresagem convencionais em que a fresadora fresa um só dente por vez.
O resultado é que se consegue maior produção de peças, com maior rapidez
e exatidão nas medidas das peças.

No processo Renânia, a ferramenta utilizada


é a fresa caracol. A fresa caracol é cilíndrica e
dispõe de uma hélice com ângulo de inclinação
definido (b). A hélice pode ter sentido à esquerda
ou à direita. Na hélice encontram-se ranhuras.
São as ranhuras que geram os dentes de corte que
se sucedem em toda a espiral. Veja a figura.
Quanto à escolha da fresa caracol, esta não é feita de acordo com o número A U L A
de dentes da engrenagem, como ocorre com a fresa módulo.

Ao contrário, a escolha da fresa caracol é determinada basicamente pelo 51


número do módulo da engrenagem e o ângulo de pressão (a). Estes são dados
que aparecem no corpo da fresa, como aparecem também o ângulo de inclinação
da hélice (b) e a altura do dente da engrenagem.

Assim, para utilizar a fresa caracol basta conhecer o módulo da fresa


e o ângulo de pressão. O módulo, como você aprendeu em aulas passadas,
é padronizado em tabelas normalizadas DIN.

Ainda, para usinar engrenagens cilíndricas com dentes retos, é preciso


conhecer a inclinação da hélice da fresa caracol, para que se possa inclinar
o cabeçote do eixo porta-fresa.

Já na usinagem de engrenagens cilíndricas com dentes helicoidais, a inclina-


ção do eixo porta-fresa deve ser acrescida ou decrescida do ângulo de inclinação
da hélice da engrenagem. Para isso basta saber se a hélice da engrenagem
e a hélice da fresa têm sentido à direita ou à esquerda.

Vamos ver como fresar com uma máquina Renânia?

Vamos supor que você recebe a tarefa de fazer uma engrenagem com dentes
retos, utilizando o processo Renânia, em que:

Z = 51
M= 2
a = 20°

Por onde começar?

· Selecione a fresa. Esta deve ser uma fresa caracol, módulo 2, com ângulo
de pressão igual a 20°.
· Fixe a fresa.
· Incline o eixo porta-fresas em um ângulo igual ao de inclinação da hélice da
fresa (o qual está registrado no corpo da fresa).
· Fixe a peça à mesa. Utilize um mandril apropriado ou uma placa universal.
Observação
Observação: Se se tratar de uma peça de grandes proporções, fixe-a direta-
mente à mesa.
· Monte a grade divisora. Para isto consulte a tabela do fabricante que se
encontra no catálogo da máquina. Veja abaixo esquema de montagem da
grade divisora e detalhe da tabela.
Z a b c d
51 24 72 60 85

Z = número de dentes
b e c = engrenagens intermediárias
a = engrenagem motriz
d = engrenagem conduzida
A U L A Fique por dentro
A grade divisora exerce a função de um aparelho divisor. Assim,

51 você pode montá-la também utilizando o recurso do cálculo. Este é feito


com a seguinte fórmula:
12 · G a a
= ´
Z b b
em que:

12 = constante
a = engrenagem motriz
G = número de entradas da fresa caracol
b e c = engrenagens intermediárias
Z = número de dentes da engrenagem
d = engrenagem conduzida

Observação: As engrenagens b e c devem ser montadas em um mesmo eixo.

· Regule a rotação da fresa, de acordo com o material da ferramenta e da peça.


· Regule também o avanço de corte da ferramenta.
· Tangencie a peça e zere o anel graduado.
· Leve a fresa em direção à peça no mesmo valor da profundidade de corte, a
qual, como você deve estar lembrado, se encontra gravado no corpo da fresa.
· Usine os dentes da engrenagem.

Pare! Estude! Exercício 1


Responda! Qual o valor do ângulo em que devemos inclinar o eixo do cabeçote porta-
fresa, a fim de fresar engrenagens com dentes retos?

Exercício 2
Cite as vantagens do processo de fresagem Renânia em relação ao processo
convencional?

Exercício 3
Que dados se encontram registrados na fresa caracol?

Exercício 4
Componha uma grade divisora para fresar uma engrenagem com dentes
retos em que Z = 124. Consulte o detalhe de tabela abaixo.

Z a b c d
120 24 28 40 120
121 24 88 40 110
122 24 61 30 120
123 24 82 40 120
124 24 62 30 120
125 24 90 36 100
126 24 84 30 090
128 24 80 30 096
129 24 86 40 120
130 24 78 36 120
AUU
A L AL A

52
52
Fresando pelo
processo Fellows

N a aula passada, você aprendeu como


fresar segundo um processo especial, o Renânia. Nesta aula, você vai
ver outro processo especial de fresagem, o processo Fellows, que é utilizado
na indústria mecânica, principalmente em empresas fabricantes de máquinas,
por permitir a construção de engrenagens externas e internas helicoidais com
rapidez e exatidão.

Estude bem e, se necessário, recorra a aulas passadas para rever conceitos


já aprendidos.

O processo Fellows Nossa aula


Veja abaixo a figura de uma fresa Fellows usinando uma peça. Como você
pode perceber, trata-se de uma fresa muito parecida com uma engrenagem
cilíndrica com dentes retos. A diferença é que a fresa Fellows apresenta em seus
dentes uma cunha de corte que faz a usinagem do material.

O aspecto construtivo da fresa mais os movimentos que ela executa consti-


tuem uma das vantagens do processo Fellows de fresagem. São eles que
permitem fresar engrenagens com dentes escalonados em um mesmo eixo
e em grande escala de produção. Veja, a seguir, alguns tipos de engrenagens
produzidas pelo processo Fellows.
A U L A

52

engrenagens diversas

Um dos movimentos da fresa é o de rotação, que é dado pelo cabeçote onde


ela se encontra fixada. Além desse movimento, a fresa Fellows executa também
um movimento alternado de sobe e desce, o qual é dado por um sistema de
alavancas que trabalham em sincronia com o movimento da mesa. Trata-se
de um movimento semelhante ao movimento do torpedo da plaina vertical,
que você já conhece. É o movimento de sobe e desce da fresa que executa
a fresagem propriamente dita do material.

Ainda há um terceiro movimento efetuado


pela fresa, o qual é dado pelo movimento
horizontal do cabeçote porta-fresa. Trata-se de
um movimento responsável pela penetração
gradativa da fresa no blanque.

A penetração aumenta gradativamente gra-


ças a um came que se liga ao cabeçote. Este
excêntrico funciona como o comando de válvulas
de um automóvel. Quando sua parte mais dis-
tante do centro do eixo está em contato com a
válvula, esta se abre. Caso contrário, isto é, quan-
do a parte mais proxima do eixo está em contato
com a válvula, esta se fecha.

O mesmo ocorre com o cabeçote porta-fresa. Quando a parte mais distante


do centro do eixo está em contato com a mesa, maior é a profundidade de corte,
isto é, mais a fresa penetra no blanque. Inversamente, quando a parte mais
próxima do centro do eixo estiver em contato com a mesa, menor será
a profundidade de corte da fresa.

detalhe do came
Assim, como já dissemos, são os movimentos da fresa Fellows mais A U L A
seu aspecto construtivo que fazem do processo Fellows um processo especial
de fresagem.
52
Mas não é só a fresa que executa movimentos diferenciados com relação a
outros processos de fresagem. Também a mesa executa movimentos específicos
como o movimento de rotação, graças a uma grade de engrenagens que faz a
função do cabeçote divisor, tal como ocorre no processo Renânia. Veja a figura.

grade de
engrenagens

A mesa executa também um movimento horizontal. O movimento horizon-


tal da mesa faz com que durante o processo de usinagem ela seja aproximada da
fresa no momento de descida desta e afastada dela no momento de subida.
Em outras palavras, não há contato entre peça e ferramenta no momento de
subida desta. Não havendo este contato, não há o risco de a aresta da cunha
de corte se quebrar e, com isso, provocar danos à superfície da peça.

Assim, o contato entre peça e ferramenta não ocorre porque mesa e fresa
trabalham sincronizadas. A sincronia de movimentos entre mesa e ferramenta
é o que caracteriza processos especiais de fresagem como o processo Fellows e
lhe confere vantagens não encontradas nos processos convencionais de fresagem.

Agora que você entendeu como funciona o processo Fellows de fresagem,


podemos ver como usinar por este processo.

Usinando pelo processo Fellows

Vamos supor que você recebe a tarefa de fresar uma engrenagem de dentes
retos, em que:

Z = 45
M = 2,5
ângulo de pressão (a) = 20º
largura do blanque (b) = 20 mm
Por onde começar?

· Escolha a fresa.
Observação: Pode-se escolher entre dois tipos de fresa. Veja a tabela
a seguir.
A UMÓDULO
L A 1 1.25 1.5 1.75 2 2.25 2.5 2.75 3 3.25 3.5 3.75 4

52
Cortador Æ 3 ” Número 76 61 51 43 38 34 30 28 25 23 22 20 19
de dentes

Número
Cortador Æ 4” 100 80 66 58 50 44 40 36 33 31 29 27 25
de dentes

Assim, tem-se a possibilidade de escolher entre a fresa A e B:


fresa A fresa B
Æ = 3’’ Æ = 4’’
M = 2,5 M = 2,5
Z = 30 Z = 40

No nosso caso vamos utilizar a fresa B.

· Fixe o blanque à mesa. Utilize um mandril apropriado.


· Fixe o cortador no eixo-árvore, por meio de um mandril apropriado.
· Monte a grade divisória. Para isso, utilize a tabela do fabricante ou calcule
as engrenagens que irão compor a grade.

Dica tecnológica
O cálculo da grade de engrenagens é feito por meio da fórmula:
Z A C
= ´
Zn B D

em que:
Z = número de dentes da engrenagem
Zn = número de dentes da fresa
A = engrenagem motriz
B, C = engrenagens intermediárias
D = engrenagem conduzida

No nosso caso, escolhemos trabalhar com a tabela do fabricante.


Veja detalhe.
Z A B C D
44 44 Zn 60 60
45 45 Zn 60 60
46 46 Zn 60 60

Assim, temos que:


A = 45 C = 60
B = 40 D = 60

· Determine a altura do dente. Para isso, utilize a fórmula:


h = 2,25 ´ M em que:

h = profundidade do dente
M = módulo
2,25 = constante, considerando-se a folga de engrenamento
Dica tecnológica A U L A
Você aprendeu que a altura do dente é dada pela fórmula:
h = 2,166 ´ M. Mas na fresagem pelo sistema Fellows, é necessário
aumentar essa altura de 2,22 a 2,25 ´ M. O valor 2,25 é o mais usado.
52
Substituindo vem:
h = 2,25 ´ 2,5
h = 5,625
Com este resultado, tem-se que a altura do dente é igual a 5,625.

· Regule o curso de subida e descida da ferramenta. Este deve ser de 2 a 3 mm


maior que a largura do dente.
· Determine o número de golpes da ferramenta. Para isto, utilize tabela do
fabricante. No nosso caso, este número é de 436 golpes/min, conforme
detalhe de tabela.

curso de velocidade de corte em m/ min.


largura da subida e
10 12,5 16 20 25 31,5 40 50 63
engrenagem descida da
ferramenta número teórico de golpes p/ min.

16 19 210 268 335 413 530 670


18 21 242 303 374 478 605
20 23 222 275 341 436 655 690
22 26 196 245 302 386 490 612
24 28 227 280 358 455 570

· Monte o came. Para isso, considere o grau de usinagem exigido no desenho.


No nosso caso, a usinagem será feita em um só passe.
· Tangencie o blanque com a fresa. Para isso:
a) posicione o came em seu ponto mais alto;
b) zere o anel graduado do cabeçote porta-fresa;
c) gire manualmente o came até que a fresa se afaste da peça em todo
o curso dele;
d) posicione o came em seu ponto mais baixo.
· Usine a engrenagem.

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