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MODELO DE COLMEIA Materiais e ferramentas úteis

O Projeto Taramandahy optou por um modelo de colmeia vertical com módu- A meliponicultura é uma atividade de baixo custo, mas é importante que o NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TRAMANDAÍ
los que podem ser dispensados ou acrescidos, dependendo da idade do ninho meliponicultor tenha seu equipamento disponível para o manejo das abelhas.
ou espécie a ser criada. O idealizador deste modelo foi Portugal-Araújo, que Formão de apicultor, seringas descartáveis de no mínimo 20ml, com bicos lon-
buscou imitar a disposição natural dos ninhos em ocos de árvores. O orifício gos para sugar o mel e baldes de aço inox, devem fazer parte dos equipamen-
de entrada das abelhas na caixa deve ser sempre maior do que o exigido pela tos mínimos do meliponicultor. Para as abelhas com hábitos defensivos como Sob influência do Bioma Mata Atlântica e do Pampa, a bacia hidro-
espécie, ou seja, orifícios entre 15 e 20mm para tubuna e 10mm para jataí, as tubunas, manduris ou tubibas, o manejo deve ser realizado utilizando-se gráfica do rio Tramandaí localiza-se na região do Litoral Norte do
mirins e guaraipo. Para o conforto térmico das abelhas, é importante cons- máscaras com telado fino. Luvas descartáveis de látex são importantes como
truir as caixas com paredes de madeira com no mínimo 35mm de espessura. proteção e higiene. Para vedar as caixas após os manejos, recomenda-se o
estado do Rio Grande do Sul. As florestas, restingas, campos e cul-
Devido à umidade interna e externa, à qual a caixa é submetida, deve-se optar uso de fita crepe com larguras entre 1 e 2 polegadas. Também é fundamental tivos agrícolas mantém sua biodiversidade graças aos agentes po-
por madeiras resistentes ao tempo, como cedro, angelim, timbaúva, ou cerne ter sempre disponível recipientes armadilhas para forídeos. linizadores. Cerca de 75% das culturas agrícolas e 80% das plantas
de eucalipto. É importante lembrar que o apelo conservacionista da meliponi-
cultura sempre valoriza madeiras procedentes de manejo sustentável de flo- dotadas de flores dependem dos animais para serem polinizadas,
restas nativas ou cultivadas. O acabamento externo visa a proteger a madeira entre estes destacam-se as abelhas. As abelhas brasileiras sem
e torná-la menos absorvente de raios solares. Tintas que quando curadas não ferrão são responsáveis por 40 a 90% da polinização das árvores
liberem odores fortes e que possuam cores claras como o azul e o amarelo são O PRINCIPAL nativas. No entanto, o desmatamento desordenado e a perda de
as ideais. Internamente, a madeira é deixada em estado natural.
MECANISMO DE DEFESA habitat reduziram significativamente suas populações. Algumas
DAS ABELHAS SEM FERRÃO espécies, como a manduri, guaraipo e mandaçaia se encontram na
É A CAMUFLAGEM DA lista das ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul.
melgueira 2 ENTRADA DO

8 cm
O Projeto Taramandahy - Fase II dissemina conhecimentos de meli-
NINHO. ponicultura em uma perspectiva socioambiental, onde a conserva-
melgueira 1

8 cm
ção da biodiversidade é mantida em conjunto com sistemas ecoló-

Fotos e textos: Dilton de Castro e Rafael Gehrke | Revisão técnica: Dra. Sidia Witter | Arte: STA Studio
gicos de produção agrícola. O Projeto é patrocinado pela Petrobras,
sobreninho Cuidados com as abelhas - o forídeo é considerado o principal parasita
8 cm

dos meliponíneos. É uma pequena mosca que voa pouco, dando saltos rápidos através do Programa Petrobras Socioambiental, cujas diretrizes
e corridinhas dentro das colônias. Ela deposita seus ovos no interior das col- são sistêmicas e buscam a valorização da sociobiodiversidade.
ninho
8 cm

meias e suas larvas devoram alimentos e favos de crias. O manejo das colônias
deve ser feito com muito cuidado evitando danificar discos de cria e potes de
alimento. As frestas nas caixas devem ser lacradas para evitar a entrada da
moscas adultas, o que pode ser feito com fita adesiva, ou barro. Seu controle
18 cm
emprega armadilhas que consistem em pequenos recipientes contendo vina-
3,5 cm gre. Abelhas saqueadoras como a limão ou iratim (Lestrimelitta sp.) e formigas A CRIAÇÃO
também são inimigos importantes das abelhas sem ferrão. Além destes, a RACIONAL DESTAS
fome, o calor e o frio excessivos, aranhas, lagartixas e sapos, mamíferos como
a irara e algumas aves insetívoras, podem causar prejuízos para as abelhas e ABELHAS CHAMA-SE
meliponicultores. MELIPONICULTURA
sobreninho melgueira
18 cm

Meliponíneos cons-
tituem um grupo
15 cm
de abelhas nativas que
apresentam o ferrão atrofiado
(vestigial) de onde vem o nome
“abelhas sem ferrão”. Elas ocorrem
vinagre em áreas tropicais da Terra, sendo
encontradas em quase toda a
As abelhas nativas
América Latina e África, ao
larvas de forídeo oferecem um serviço
norte da Austrália e no
ecossistêmico que pode ser
Sudeste Asiático.
Os forídeos adultos são atraídos pelo vinagre e morrem afogados antes de de-
valorado economicamente, pois
positar seus ovos. A tampa das armadilhas deve conter pequenos orifícios para contribuem para a perpetuação
a passagem apenas das mosquinhas e não das abelhas (cerca de 3 mm). dos ecossistemas, aumento da
Transferência de ninho de uma caixa comum para uma padronizada produtividade e sustentabili-
dade agrícola através da
polinização

A MELIPONICULTURA AJUDA A
REPOR ABELHAS NA NATUREZA
ÉPOCA DO ANO
Meliponíneos com
ATIVIDADE
A MELIPONICULTURA VALORIZA A BIODIVERSIDADE: VERÃO OUTONO INVERNO PRIMAVERA
As abelhas nativas possuem importante função ecológica Divisão e transferência preferencial de enxames X X
Potencial para Criação como agentes polinizadores. Quanto maior a diversidade
de espécies de abelhas criadas, maior será a qualidade dos
Alimentação artificial em colônias enfraquecidas
Controle de inimigos naturais
X
X
X
X
X
X
X
X
serviços de polinização e a diversidade de plantas nativas
na Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí e cultivadas beneficiadas. Revisões internas X X
Coleta de mel, pólen, própolis ou cera X X

Tubuna Mel-de-chão Guaraipo Mirim nigriceps Jataí Mirim–droriana


(Scaptotrigona bipunctata) ou guiruçú (Melipona bicolor schencki) (Plebeia nigriceps) (Tetragonisca fiebrigi e
Tetragonisca angustula)
(Plebeia droryana)
Forma colônias com grande número (Schwarziana quadripunctata Entre as espécies criadas no RS, é a Um meliponíneo pequeno (3 mm) No RS também é conhecida como
de indivíduos, podendo chegar a 50 quadripunctata) que possui o corpo com as maiores encontrado em abundância em al- Ocorrem duas espécies no Estado. boca-de-sapo ou mel-azedo. As ope-
mil abelhas. Costumam apresentar dimensões de operárias (cerca de gumas regiões do Rio Grande do Sua identificação é facilitada pela rárias medem 3,5 mm de compri-
um comportamento defensivo enro- 9 mm). Na natureza seus ninhos são Sul. Seus ninhos diminutos são ge- coloração clara do tubo de cerume mento. Formam colônias de 2 a 3 mil
lando-se nos cabelos e mordiscando encontrados em florestas muito con- ralmente encontrados em frestas de rendilhado que forma sua entrada e indivíduos. Na natureza seus ninhos
a pele de quem as perturba. A entrada servadas que apresentam árvores muros, paredes de habitações huma- pela coloração amarelo-dourado do são facilmente reconhecido por apre-
de seus ninhos é formada por um tubo com grandes diâmetros, tais como nas novas e antigas e até tubulações corpo, motivo pelo qual também é sentarem na maioria das vezes duas
de cerume em forma de corneta, que canelas (Lauraceae). A espécie é rara abandonadas. Colônias consideradas conhecida como alemãzinha. É uma entradas: uma maior construída com
pode chegar a vários centímetros de e sob ameaça de extinção. A colo- grandes não acumulam reservas de abelha mansa, rústica e muito pro- própolis onde várias abelhas podem
comprimento permitindo a passagem ração das abelhas adultas é preta, mel maiores que o volume de uma dutiva, se comparada com às demais entrar e sair ao mesmo tempo e uma
de várias abelhas ao mesmo tempo. todavia, as jovens possuem um tom ou duas colheres de sopa de um mel espécies. menor com espaço para uma abe-
Seu mel é bastante apreciado e cada amarelado. de sabor delicado. Mas são eficien- Seu mel, pólen e própolis são os que lha apenas e que normalmente está
colmeia em boas condições pode pro- tes polinizadores de morangueiro reúnem mais apreciadores. A pro- posicionada acima da principal São
duzir entre 1 e 2 kg de mel/ano. em ambiente protegido. Recomen- dução média de mel é 1 kg/colmeia abelhas dóceis, com mel e pólen de
da-se para essa espécie, colmeias /ano. É encontrada com frequência sabor ácidos e pouco produtivas.
com dimensões não superiores a em ambientes urbanos sendo uma
9x9x7 cm. das espécies mais indicadas para a
meliponicultura.

Manduri
(Melipona obscurior)
Espécie ameaçada de extinção. As
operárias medem cerca de 7,1 mm.
As operárias possuem entre 6 e No Rio Grande do Sul a rainha pára
7,5 mm de comprimento. Faz seus de por ovos nos meses frios. Suas
ninhos sob o solo, reutilizando ninhos colônias são formadas por aproxi-
abandonados de formigas e cupin- madamente 300 indivíduos. Protege
Mirim-emerina zeiros. Suas colônias tem entre 2 e seus ninhos com resistentes cama-
das de batume (mistura de própolis
3 mil indivíduos. As tecnologias para
(Plebeia emerina) sua criação ainda não estão domi- com barro). Seu mel é saboroso, mas
no RS não é considerada tão produ-
As operárias medem 4,5 mm de com- nadas, mas se sabe que são insetos
dependentes das condições térmicas tiva, quando comparada à jataí e tu- Mirim-saiqui
primento. Destacam-se das outras buna. Na região, pode-se obter uma
mirins por apresentarem faixas ama- naturais oferecidas pelo subsolo das (Plebeia saiqui)
zonas onde habitam. Criadores es- produção de mel por colmeia, entre
reladas bem destacadas na margem 0,5 a 1 kg mel/ano. A espécie ocorre naturalmente em
interna dos olhos compostos. Podem tão testando, com bons resultados,
caixas externas fortemente isoladas zonas altas com áreas de florestas
fazer um pequeno canudo de cerume bem conservadas. As operárias pos-
na entrada da colônia, mas às vezes e com entradas que simulam a su-
Na meliponicultura é bastante valori- suem entre 4 e 5 mm. São abelhas
pode estar ausente. Produzem pou- perfície do solo. Tradicionalmente no
zada e deve ser criada preferencial- defensivas que aderem própolis vis-
Estado, sua cera era utilizada, devido
co mel a exemplo de outras mirins,
entretanto, estudos enfatizam sua a sua plasticidade, para untar e im-
mente nas áreas de ocorrência natu-
ral da espécie. É uma espécie mansa
Mirim-guaçu coso no inimigo além de mordiscar
permeabilizar arreios e outras peças com as mandíbulas, o que pode ser
importância como polinizadora de e prioritária em projetos conservacio- (Plebeia remota) contornado durante o manejo com o
palmeiras como a juçara (Euterpe de montaria. Seu mel também é bas-
nistas. uso de máscara de telado fino. Seu
edulis). É uma espécie mansa e de tante apreciado. São abelhas man- No estado também é conhecida como
sas e de fácil manejo, porém, muito mirim-preguiça. É uma abelha dócil. mel é muito saboroso.
fácil manejo.
sensíveis ao ataque de forídeos. Ou- Dependendo da época do ano seu
tra espécie de ninhos subterrâneos ninho pode não apresentar invólu-
de ocorrência natural na região é a cro. Constrói estruturas complexas
Jataí-da-terra ou mirim-sem-brilho como redes de cerume, que formam
(Paratrigona subnuda), mas trata-se andaimes e ligam os componentes
de uma espécie muito rara. Assim do ninho e potes de alimento. A en-
como o guiruçú, a meliponicultura trada do ninho permite a passagem
ainda não domina técnicas eficientes de apenas uma abelha. As operárias
para sua criação. No momento acon- possuem entre 2,75 e 4 mm. Produz
selha-se conservar estas espécies muito pouco mel (50 ml/ano), mas
em seu habitat natural. muito saboroso.

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