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1 - O Significado Socio - Historico Da Profissao PDF
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O significado sócio-histórico da profissão
Introdução
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1 Uma análise teórico-metodológica do Serviço Social no processo de
reprodução das relações sociais
1A Questão Social é expressão das desigualdades sociais constitutivas do capitalismo. Suas diversas
manifestações são indissociáveis das relações entre as classes sociais que estruturam esse sistema e
nesse sentido a Questão Social se expressa também na resistência e na disputa política.
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O processo de reprodução da totalidade das relações sociais na sociedade é
um processo complexo, que contém a possibilidade do novo, do diverso, do
contraditório, da mudança. Trata-se, pois, de uma totalidade em permanente re-
elaboração, na qual o mesmo movimento que cria as condições para a reprodução
da sociedade de classes cria e recria os conflitos resultantes dessa relação e as
possibilidades de sua superação.
Cabe assinalar que estes dois ângulos constituem uma unidade contraditória,
podendo ocorrer um desencontro entre as intenções do profissional, o trabalho
que realiza e os resultados que produz. É importante também ter presente que o
“Serviço Social, como instituição componente da organização da sociedade, não
pode fugir a essa realidade” (IAMAMOTO; CARVALHO, 1995, p. 75).
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Objetivas: no sentido de considerar os determinantes sócio-históricos do exercício
profissional em diferentes conjunturas. Subjetivas: no sentido de identificar a
forma como o assistente social incorpora em sua consciência o significado de seu
trabalho e a direção social que imprime ao seu fazer profissional. Supõe, portanto,
também descartar visões unilaterais da vida social e da profissão, deixando de
considerar, por um lado, as determinações históricas, econômicas, sociais, políticas
e culturais sobre o exercício profissional do assistente social e, por outro, o modo
como o profissional constroi sua intervenção, atribui-lhe significado, confere-lhe
finalidades e uma direção social.
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2 O processo de institucionalização e legitimação da profissão no Brasil
Nos anos 30, o Estado assume a regulação das tensões entre as classes sociais
mediante um conjunto de iniciativas: a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o
Salário Mínimo e outras medidas de cunho controlador, assistencial e paternalista.
Ao reconhecer a legitimidade da questão social no âmbito das relações entre
capital e trabalho, o governo Vargas buscou enquadrá-la juridicamente, visando à
desmobilização da classe operária e a regulação das tensões entre as classes
sociais. Como mostra Ianni (1990), o Estado brasileiro transformou a questão
social em problema de administração, desenvolvendo políticas e agências de poder
estatal nos mais diversos setores da vida nacional.
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Terá particular importância, na estruturação do perfil da emergente
profissão no país, a Igreja Católica, responsável pelo ideário, pelos conteúdos e
pelo processo de formação dos primeiros assistentes sociais brasileiros.
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O Centro criou também quatro Centros Operários ainda em 1932. Mais tarde,
esses Centros se constituiriam em sedes da Juventude Operária Católica e
serviriam como campos de estágio para as alunas do curso de Serviço Social.
Cabe ainda assinalar que, nesse momento, a "questão social" é vista a partir
do pensamento social da Igreja, como questão moral, como um conjunto de
problemas sob a responsabilidade individual dos sujeitos que os vivenciam
embora situados dentro de relações capitalistas. Trata-se de um enfoque
conservador, individualista, psicologizante e moralizador da questão, que necessita
para seu enfrentamento de uma pedagogia psicossocial, que encontrará, no Serviço
Social, efetivas possibilidades de desenvolvimento.
É, pois, na relação com a Igreja Católica, que o Serviço Social brasileiro vai
fundamentar a formulação de seus primeiros objetivos político-sociais,
orientando-se por posicionamentos de cunho humanista conservador contrário
aos ideários liberal e marxista na busca de recuperação da hegemonia do
pensamento social da Igreja em face da “questão social”.
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É necessário assinalar que esta matriz encontra-se na gênese da profissão em
toda a América Latina, embora com particularidades diversas como, por exemplo,
na Argentina e no Chile, onde vai somar-se ao racionalismo higienista (ideário do
movimento de médicos higienistas que exigiam a intervenção ativa do Estado
sobre a questão social pela criação da assistência pública, que deveria assumir um
amplo programa preventivo na área sanitária, social e moral).
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patrocínio do bloco católico. A profissão amplia sua área de ação, alarga as bases
sociais de seu processo de formação, assume um lugar na execução das políticas
sociais emanadas do Estado e, a partir desse momento, tem seu desenvolvimento
relacionado com a complexidade dos aparelhos estatais na operacionalização de
Políticas Sociais.
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acabam por reiterar o perfil da desigualdade social da sociedade brasileira,
mantendo essa área de ação incapaz de modificar esse perfil. Porém, e apesar
dessas características, vemos crescer a dependência de parcelas cada vez maiores
da população dos serviços sociais públicos para o atendimento de suas
necessidades, particularmente no que se refere às condições de vida no espaço
urbano.
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(Lei n. 8.662 de 7 de junho de 1993 – que dispõe sobre o exercício profissional,
suas competências, atribuições privativas e fóruns que objetivam disciplinar e
defender o exercício da profissão – o Conselho Federal de Serviço Social - CFESS e
os Conselhos Regionais de Serviço Social -CRESS). É necessário também lembrar
que o serviço social ainda mantém traços de profissão em cuja origem estão
presentes elementos vocacionais como: a valorização de qualidades pessoais e
morais, o apelo ético, religioso ou político e o discurso altruísta e desinteressado.
Nestas profissões, o primado do ser sobre o próprio saber é essencial 2.
2A propósito desses elementos, ver Jane Verdes Leroux. Trabalhador Social. Prática, Hábitos, Ethos,
Formas de Intervenção. Tradução René de Carvalho. São Paulo: Cortez, 1986.
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social, seja das formas de organização socioprofissional da categoria, ou das
formulações teórico-metodológicas construídas sobre e a partir do Serviço Social.
Ou seja, no decurso de sua trajetória, o Serviço Social profissional vai construindo
referências que expressam sua identidade profissional, derivada do modo de
inserção objetiva da profissão nas relações sociais e de seu modo de pensar e
efetivar o exercício profissional.
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sociais, programas, projetos, serviços, recursos e bens de natureza diversa. Nesse
âmbito, desenvolve tanto atividades que envolvem abordagens diretas com os seus
usuários, como ações de planejamento e gestão de serviços e políticas sociais; 2o -
por uma ação socioeducativa para com as classes subalternas, interferindo em seus
comportamentos e valores, em seu modo de viver e de pensar, em suas formas de
luta e organização e em suas práticas de resistência.
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Não podemos esquecer que, no cotidiano de sua prática, os assistentes
sociais mantêm uma dupla vinculação: com as instâncias mandatárias
institucionais, que o contratam para realizar um trabalho, mediante
assalariamento; e com a população usuária a quem o profissional presta serviços.
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Questão para reflexão
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dos novos contornos da "questão social" e dos novos padrões de regulação com
que se defrontam as políticas sociais na contemporaneidade.
O “modelo” é um Estado:
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neoliberal. Uma rápida análise de nossas políticas sociais revela-as distantes da
universalidade e com uma direção compensatória e seletiva centrada em situações
limites em termos de sobrevivência e seu direcionamento aos mais pobres dos
pobres, incapazes de competir no mercado.
Outro aspecto a ser ressaltado, tanto na esfera pública estatal como no setor
privado, é a partilha de demandas que a profissão enfrenta, com as perspectivas
desregulamentadoras dos mercados de trabalho e as crescentes tendências ao
trabalho interdisciplinar, que permeiam as relações de trabalho na
contemporaneidade.
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quer no plano concreto da intervenção e negociação política no âmbito das
Políticas Sociais.
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O papel regulador do Estado: interferência do Estado nas relações sociais, seja
para favorecer a acumulação capitalista, seja para prestar serviços sociais
necessários ao atendimento de necessidades sociais dos trabalhadores.
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Bibliografia Recomendada
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