Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Curso Avançado de Hipnose PDF
Curso Avançado de Hipnose PDF
Hipnose
Improvisada
Esta apostila é apenas um material de apoio para o curso presencial avançado de hipnose
improvisada, portanto não tem a intenção de explanar a fundo os assuntos abordados, tampouco
cobrir todo conteúdo explicado em curso, para a excelência na hipnose. Porém, esse material é,
certamente, suficiente para o aprendizado ou aprimoramento, de estudantes que tentarão aplicar o
que é explorado aqui.
Antes de tudo, é importante ressaltar que a hipnose é uma área com uma abrangência de
interesse científico enorme, e ao mesmo tempo, com relativamente poucas teorias comprovadas em
ambientes controlados. O resultado disso é a falta de consenso para as definições e teorias que
envolvem a hipnose. Diferentes escolas e autores muitas vezes utilizam termos distintos para
representar a mesma coisa, além de possuírem teorias diferentes, às vezes até contraditórias entre si.
Portanto, todos termos e teorias apresentados aqui, não têm a intenção de ser considerados
“verdades absolutas”, e sim facilitar o entendimento dos processos, da forma que eu julgo mais útil
e clara para o aprendizado efetivo da hipnose. Ainda assim, todas as informações deste material (e
do curso) são embasadas pela linha teórica principalmente do Dave Elman e linha teórica/prática do
Gerald Kein, Igor Ledochowski, Jonathan Chase, Jørgen Rasmussen e Anthony Jacquin -
provavelmente os mais renomados e experientes do mundo em suas áreas da hipnose.
O curso é denominado avançado pois foca, especialmente, em aspectos e detalhes raramente
explorados, mesmo pelos mais renomados hipnotistas. Detalhes, porém, que facilitam e agilizam as
induções e os fenômenos. Além disso, paralelamente é abordado recentes estudos científicos sobre a
hipnose que acrescentam muito ao esclarecimento e à prática do processo. Tais estudos,
principalmente neurológicos, trazem novas descobertas e respostas que nunca foram expostas em
nenhum livro (até o momento da criação desta apostila). Dessa forma, o curso não poderia ser
denominado básico.
A apostila é dividida em três partes. A parte teórica introduz a base necessária para
compreender exatamente os processos da hipnose. A parte prática cita os passos do processo. E por
fim, a parte final faz algumas considerações sobre situações incomuns e questões de segurança.
TERMOS USADOS
Teoria
Fator Crítico: Pensamento analítico ou racional, que busca entender, comparar, medir ideias e
decidir conscientemente.
Fenômeno: Qualquer experiência intencionalmente criada no hipnotiz por meio da hipnose
(amnésia, alucinação etc.)
Hipnose: Ato de atravessar o fator crítico e estabelecer um pensamento exclusivo/ Estado em que o
fator crítico está sendo ignorado.
Hipnotista: Você, aquele que vai hipnotizar.
Hipnotiz: Sujeito que está sendo hipnotizado.
Transe: Estado alterado onde a atividade cerebral é menor e a concentração é maior.
Transe hipnótico: Estado de transe e hipnose ao mesmo tempo.
AS 3 ÁREAS DA HIPNOSE
Hipnose direta, ou clássica, é quando o hipnotiz sabe e aceita que será hipnotizado, é usado
uma indução sugerindo diretamente qual experiência ele terá e normalmente ele fica com olhos
fechados.
Hipnose indireta, ou conversacional, é qualquer forma de hipnose sem mencionar termos
relacionados com a hipnose tradicional, como “durma”,” transe”, “relaxe”. Esse é um campo bem
amplo, pois qualquer tipo de convencimento ou alteração de estado em outra pessoa (com ou sem
usos de técnicas) pode ser considerado uma hipnose indireta.
A Hipnose Erickisoniana normalmente é usada como sinônimo de hipnose indireta.
Realmente é uma hipnose indireta, porém essa em específico é caracterizada por um conjunto de
padrões linguísticos específicos (muito funcionais), mas não representa toda a possibilidade da
hipnose indireta.
Já outras pessoas entendem a hipnose indireta como uma forma de induzir um estado de
transe no hipnotiz, sem que esse perceba ou mesmo contra sua vontade. Porém, hipnose e transe são
duas coisas distintas, como será visto a seguir. (Porém, há autores e cientistas que se referem à
hipnose como sinônimo de transe e vice-versa).
A HIPNOSE
A maioria dos estudos científicos analisam a hipnose como sendo um estado de transe, porém
não há ainda uma definição exata do que a hipnose é ou como funciona. Através de escaneamento
cerebral, é demonstrado que a hipnose (transe) aumenta a atividade da região do cérebro responsável
pela concentração e diminui à da região responsável por julgamentos.
Aqui vamos usar a palavra hipnose para representar duas coisas: um estado e um processo.
O primeiro, estado, é quando o fator crítico do hipnotiz está sendo ignorado. E processo é o ato da
hipnose em si, de hipnotizar pessoas e coloca-las para ver elefantes voando por exemplo.
A “melhor” definição de hipnose é a proposta por Dave Elman: Atravessar o fator crítico e
estabelecer um pensamento exclusivo.
O fator crítico é a parte da mente que decide se algo faz sentido ou não, se é certo ou errado,
que busca a lógica das coisas. A segunda parte da definição cita “um pensamento exclusivo”, que é
o foco em apenas uma ideia, atenção completamente focada em uma única coisa.
O fator crítico é usualmente ignorado em muitas situações, ou seja, pode-se dizer que as
pessoas entram em hipnose em muitos momentos. Um filme com uma história envolvente pode
mudar o estado emocional de alguém, ou até mesmo fazer chorar. Outro exemplo ainda mais claro é
a paixão. Quando alguém se apaixona, sente emoções positivas com a outra pessoa, sem precisar
pensar no que está acontecendo e porque essa pessoa a faz tão bem.
O pensamento exclusivo deve ser as sugestões do hipnotista, a ideia desse conceito é o
hipnotiz ficar cada vez mais focado no hipnotista, a ponto que todo resto do mundo perca a
importância e só exista a sugestão do hipnotista.
Note que em nenhum momento é necessário relaxamento ou transe. Então, a ideia aqui é
aprender o processo de fazer o fator crítico de alguém ser ignorado, ao mesmo tempo que você se
estabelece como foco único na mente dessa pessoa. Em outras palavras, aprender hipnose.
É importante frisar que todo processo da hipnose acontece na mente do hipnotiz, assim, pode-
se dizer que o hipnotista apenas guia o processo para que o hipnotiz se hipnotizar. Dessa forma, não
é possível hipnotizar (hipnose direta) de forma efetiva alguém que não quer se hipnotizado.
O TRANSE
É um estado alterado principalmente da mente, mas que também altera o corpo. Durante o
transe, a frequência cerebral diminui (de beta para alpha) fazendo a concentração e imaginação
aumentarem, o corpo também fica um pouco mais relaxado nesse estado. O transe ocorre
naturalmente quando descansamos, deitamos para dormir, ou mesmo meditamos.
Como já foi dito, a hipnose não leva necessariamente ao transe, mas, em contrapartida,
induzir o transe pode levar à hipnose. Porém, é comum (e útil) induzir o transe no processo hipnótico,
pois normalmente facilita a criação de fenômenos. Além disso, esse estado é muito agradável para a
maioria das pessoas, então por que não aproveitá-lo?
Há um natural relaxamento físico durante esse estado, porém não há uma comprovação que
um maior relaxamento leva ao transe mais fácil ou rápido. Os principais sinais externos de um transe
induzido são movimento das pálpebras, alteração na respiração (normalmente se torna mais lenta) e
mudança na coloração da pele, devido aumento da temperatura corporal.
O HIPNOTISTA
Córtex pré-frontal
Tálamo
Hipotálamo
Amígdala
Hipocampo
Não é necessário conhecer o funcionamento do cérebro para hipnotizar pessoas, mas você,
O HIPNOTISTA, deve ter noção de como funciona todas as partes do processo que você domina.
Isso apenas o tornará mais competente e confiante.
Na verdade, muitos entusiastas ficam inseguros em praticar hipnose porque não entendem
como algo “tão simples” pode fazer as pessoas “dormirem”. “E se não funcionar?”. Hipnose não é
mágica, truque, ou só efeito psicológico. É um fenômeno natural e real, que acontece no cérebro de
qualquer ser humano.
O importante aqui é você aprender, mesmo que de forma bem superficial, a função de
algumas áreas do cérebro e como a hipnose se relaciona a isso. Para então, ter consciência que você
criará um processo REAL no cérebro do hipnotiz. Cada fenômeno que você criar com a hipnose, há
um motivo neurológico que o torna possível de acontecer na experiência do hipnotiz.
Por outro lado, apesar de haver inúmeras comprovações, principalmente de psiquiatras e
neurocientistas, de que a hipnose é real, ainda não é possível explicar muitas coisas: por que temos a
capacidade de sermos hipnotizados? Como a hipnose acontece no cérebro? Por que as pessoas
respondem de formas diferentes aos fenômenos? Está claro que ainda há muita coisa para ser
descoberta nessa área.
Córtex pré-frontal:
Essa região é basicamente onde “está” o consciente. Essa parte do cérebro está relacionado
a pensamentos complexos, tomadas de decisões, criação de correlações de causa e efeito,
“manipulação” social.
Em hipnose, essa região do cérebro é “desligada”, assim as informações recebidas não são
analisadas ou julgadas, permitindo induzir diretamente outras áreas do cérebro.
Tálamo:
É uma região que funciona basicamente como uma secretária. Ele direciona os estímulos do
cérebro para as demais partes do corpo, ou o processo inverso, estímulos sensoriais do corpo para as
suas determinadas regiões no cérebro. (O olfato é o único sentido que não passa pelo tálamo)
Por exemplo, quando seus olhos veem uma imagem, a informação é convertida em sinal
elétrico e vai para tálamo, então é direcionada para a parte de trás do cérebro (região occipital), só
então, o consciente pode analisar o que está vendo.
Na hipnose, essa região é afetada principalmente em sugestões de anestesia, diminuindo a
atividade do tálamo, fazendo com que o estimulo da dor não chegue ao destino final. Também, em
sugestões de sinestesia, acredita-se que a atividade do tálamo é alterada.
Hipotálamo:
É responsável por alguns processos metabólicos e atividades do sistema nervoso autônomo.
O hipotálamo liga o sistema nervoso ao sistema endócrino, sintetizando a secreção de neuro
hormônios, que estão relacionados também com as emoções. Além disso, ele controla a temperatura
corporal, fome e sede, impulso sexual.
O próprio pensamento pode alterar a atividade do hipotálamo. Por exemplo visualizar
mentalmente sua comida preferida por algum tempo, pode fazer você salivar e sentir fome.
Amígdala:
Também ligada ao tálamo e hipotálamo, é uma parte do cérebro ligada ao instinto de fugir,
lutar ou parar (flight, fight or freeze). A principal função da amigdala é de criar memória emocional,
para proteger a sobrevivência.
Por exemplo, em uma situação que o cérebro entendeu como muito perigosa, a amigdala
pode criar uma forte emoção com a situação e guardá-la para que a pessoa nunca mais passe por isso,
podendo assim, desenvolver uma fobia.
Durante hipnose, a amigdala se “desliga” sozinha, impedindo que qualquer gatilho emocional
venha à tona. Quando a amigdala está “desligada”, o corpo e sistema imunológico funcionam de
forma mais efetiva.
Hipocampo:
Possui relação com a amigdala, já que também faz parte do sistema límbico. O Hipocampo
tem atividades relacionadas com inibição, formação de novas memórias e orientação espacial.
Não há experimentos ou teorias que relacionam diretamente o efeito da hipnose ao
hipocampo.
A MENTE
Antes de se pensar em um conceito para o a mente, é necessário entender que não há uma
definição perfeita e funcional para todos contextos. Não existe uma parte no corpo chamada “mente”,
tampouco é possível colocá-la num microscópio e analisá-la. Assim, cada teórico possui definições
diferentes.
O cérebro, juntamente com a mente, é um dos maiores mistérios do universo. Ainda não foi,
nem mesmo, mapeado as regiões do cérebro responsáveis por atividades unicamente humanas
(entender uma linguagem, pensamento moral etc.). As perguntas mais fundamentais ainda se
encontram sem resposta.
O que pode-se afirmar é que a mente existe como um modelo, que recebe a informação do
mundo exterior, a entende de acordo com os próprios parâmetros, criando experiências únicas. Dessa
forma, cada experiência só existe efetivamente na mente e é única para cada pessoa.
Porém, é fácil observar que inúmeras variáveis podem alterar a experiência de alguém. Por
exemplo, uma pessoa em um estado alegre e outra em um estado deprimido vão ter percepções
diferentes de uma mesma festa. Toda experiência é subjetiva, pois tudo acontece na mente, antes de
acontecer como realidade (a realidade é plástica).
AS REGRAS DA MENTE
A mente, como o resto do mundo, funciona sobre regras específicas. Hipnoterapeutas, após
muitas observações, chegaram a alguns princípios sobre isso. E você, como O HIPNOTISTA, deve
conhecê-las e dominá-las, para que nunca aja em desacordo com nenhuma regra.
Há outra informação muito importante a qual pode ser relacionada aqui: Todo estímulo provoca
uma reação na mente, por conseguinte no corpo. Por exemplo, quando uma pessoa escuta uma
palavra, a mente precisa relacioná-la com tudo o que conhece sobre essa palavra e criar uma
experiência interna imediata que liga a palavra ao momento atual. Essa característica torna a hipnose
possível.
O MODELO DA MENTE
Subconsciente
Memória permanente
Sistema imunológico
Preguiça
Fobias
Autopreservação
OS PRÉ-REQUISITOS PARA HIPNOSE
Para a hipnose ser possível é necessário existir apenas duas coisas: contexto e intenção.
O contexto surge quando as pessoas descobrem que você é O HIPNOTISTA. A função do
contexto é criar expectativa nas pessoas as quais serão hipnotizadas. Qualquer pessoa tem uma
expectativa do que um hipnotista faz, ou sobre o que é hipnose, isso já é o suficiente para suas mentes
se alinharem para o processo. Note que expectativa é diferente de acreditar em hipnose ou que podem
ser hipnotizados.
A intenção já é algo que está em você. Você deve ter em mente tudo o que pretende fazer,
desde o momento que seleciona o hipnotiz até o momento que vai emergi-lo da hipnose e ter a
expectativa de que tudo vai ser como você intenta. Apesar de parecer algo subjetivo, quando você
sabe o que fazer e acredita nisso, ocorrem mudanças sutis no seu comportamento e modo de falar, o
que faz expressar confiança e tranquilidade (e como consequência, aumenta a expectativa do
hipnotiz).
Existe, porém, uma única barreira que pode impedir a hipnose: o medo. Como já foi
explicado, o próprio hipnoiz é quem se hipnotiza e todo processo acontece em sua própria mente.
Dessa forma, a mente nunca se submeteria si própria a algo que teme. Não existir medo pode ser
considerado um pré-requisito então.
A ABERTURA
Prática
O objetivo é iniciar o processo e criar o contexto, pois até então, o grupo não sabe da sua
existência.
A PREPARAÇÃO
1. Quem já teve curiosidade sobre o poder do seu subconsciente? Vamos fazer uma
coisa para vocês verem do que a mente é capaz.
2. *Dedos magnéticos* O que sentiram?
3. *Mãos magnéticas* O que sentiram?
A ESCOLHA DO HIPNOTIZ
Independente do hipnotiz ser sonâmbulo ou não, deve ser procurar pelas pessoas mais
atentas, curiosas e comprometidas com o processo, que muitas vezes não são às que respondem
melhor na preparação.
O TESTE DO HIPNOTIZ
1. *Conduzir*
2. *Esclarecer objeções*
3. *Olhar hipnótico* *Verificar respiração inconsciente*
A INDUÇÃO
Esse é um ponto que muitos hipnotistas fazem sem saber exatamente o que estão fazendo
ou se está funcionando. Se a indução já funcionou, não há motivos para continuar ou prolongar
essa parte. Por outro lado, se não funcionou não adianta seguir adiante só porque o hipnotiz está
com os olhos fechados, pois os fenômenos não ocorrerão. Também, escolher a indução adequada
de acordo com o hipnotiz, facilita esse processo.
Existe um mito bem comum que diz: “quanto mais “hipnotizável” é uma pessoa, mais
rápida pode ser a indução, e há pessoas altamente “hipnotizáveis” que é possível usar induções
instantâneas que duram segundos”. Isso não poderia estar mais errado, a verdade é o oposto disso.
Quanto mais lenta é a indução, mais difícil se torna conseguir a hipnose e quanto menos
“hipnotizável” for o hipnotiz, mais rápida deve ser a indução.
Isso torna o famoso “relaxamento progressivo” uma das piores induções. Na verdade, o
“relaxamento progressivo” não é uma indução, mas sim um relaxamento progressivo, que pode
levar à hipnose, a certo ponto (se o hipnotiz não dormir antes). Essa pseudotécnica pode ser muito
útil em outros contextos, mas não para hipnose, principalmente de sujeitos analíticos ou agitados.
O importante desta parte é entender porque e como uma indução funciona. Não há uma
indução mágica ou perfeita. Entendendo o mecanismo, qualquer coisa pode se tornar uma
indução. Se, por algum motivo, uma não funcionar, use outra.
Não existe um lugar “mais fundo” na hipnose ou no transe, o que acontece é um foco cada
vez maior e mais concentrado nas sugestões.
O CONTROLE DA SITUAÇÃO
Essa parte importante e muitas vezes esquecida, que funciona também como um
aprofundamento.
A SUPER SUGESTÃO
OS FENÔMENOS
Nesse ponto, se todos o processo foi seguido forma apresentada aqui, qualquer
fenômeno irá funcionar 90% das vezes.
Num estado de transe hipnótico, a repetição exata de uma mesma sugestão não altera o
resultado, o subconsciente pode ouvir perfeitamente o que você está dizendo na primeira vez.
Porém, é necessário que o subconsciente entenda exatamente o que você quer dizer e qual
resultado deverá produzir, por isso é interessante falar a mesma coisa de formas diferentes, para
garantir o entendimento.
Algumas pessoas terão mais facilidade para fenômenos de uma categoria do que outra. É
fato que a maioria das pessoas conseguem realizar fenômenos físicos, mas é possível alguém ter
dificuldades para experimentar uma levitação de mão, porém responder a sugestões de alucinação.
Dito isso, é muito proveitoso explorar todos os sistemas representacionais nas sugestões,
independente do fenômeno que está sendo produzido.
(Não é necessário transe para produzir fenômenos, como será visto na parte final).
A EXDUÇÃO
O objetivo é retirar todas as sugestões e voltar o hipnotiz para o estado normal, também
chamado de “acordar” o hipnotiz.
Um ponto importante nessa parte, é fazê-lo voltar com uma contagem (de 1 a 5,
normalmente) e sugestões progressivas (sobre a atividade física e mental), pois ir de um transe
hipnótico para um estado de vigília muito rapidamente pode gerar dores de cabeça e
desorientação. Exemplo de um bom processo:
2, uma energia ativa todo seu corpo, fazendo você se sentir ótimo;
4, seu corpo se sente ótimo, a respiração está ótima, olhos ótimos, a cabeça está leve e ótima,
mente em perfeito estado;
Alguns fatores que dificultam a hipnose em familiares são: medo de expor algo que não
gostaria que você saiba, sensação de estar submissos (ou qualquer outro desconforto), não levar
a sério o processo, achar engraçado, tentar ajudar no processo, analisar como você faz isso, e não
conseguir ver você como O HIPNOTISTA. Vamos analisar como proceder em um caso raro, onde
existam todas essas barreiras ao mesmo tempo.
Primeiro, esqueça o fato de querer se comportar como o hipnotista nesse momento, seja
O HIPNOTISTA por saber se adaptar, se tornando apenas uma pessoa que aprendeu uma coisa
legal. Então, uma explicação sobre o que é a hipnose, eliminando os medos e deixando claro que
ele continuará consciente, resolve a maioria dessas barreiras. Aumente a expectativa falando que
ele irá reviver emoções de quando assistiu algum filme que gostou muito. Estabeleça uma espécie
de contrato verbal, onde você vai fazer ele ter emoções boas se, e somente se, ele seguir
exatamente suas instruções, e que ele é livre para recusar qualquer instrução a qualquer momento,
mas para isso precisa abrir os olhos e interromper te interromper. Uma das instruções deve ser
“não tente me ajudar, não pense, não analise ou não adicione nada mentalmente ao que eu falar,
apenas escute e deixe sua mente te levar”. Ao final pergunte se ele concorda. Não se importe de
falar tudo isso de forma informal, ou mesmo achando graça. Ainda antes da indução, observe o
ambiente, se algo pode deixa-lo desconfortável. Por exemplo, numa situação com amigos, ele
pode concordar com tudo só por diversão, sem estar disposto a seguir realmente as instruções.
Após ser observado tudo isso, faça uma indução ensaiada ou a indução do Dave Elman. Se ele
demonstrar achar graça, diga no mesmo tom de voz inicial “você pode rir, não tem problema,
porque cada vez que você ri, você fica mais relaxado, isso...”, os risos irão parar, então você
começa uma visualização, com sugestões para o que combinaram. Não demore mais de 5 minutos
entre o início da indução e a exdução, então pergunte como foi a experiência, peça para detalhar
o que sentiu. Converse sobre qual será a próxima sugestão e repita o processo de forma mais
rápida. Nesse ponto, ele provavelmente estará aberto para qualquer outro tipo de indução e
fenômenos, e poderá ser um ótimo hipnotiz para suas práticas.
Esse procedimento pode ser usado mesmo para desconhecidos que temem a hipnose e
pode (e deve) ser bem reduzido de acordo com as barreiras do hipnotiz. A ideia principal aqui é
se tornar apenas um guia de uma experiência legal de visualização, onde eles sempre estarão no
controle.
PERMANOSE
Mesmo após emergir do transe hipnótico, por um período entre 3 a 10 minutos, o hipnotiz
continua suscetível a suas sugestões e talvez de outros. Você pode aproveitar esses momentos
para induzir fenômenos sem transe, e principalmente para melhorar o estado e bem-estar dele,
através de sugestões.
MORAL E ÉTICA
Normalmente, é dito por hipnotistas que uma pessoa nunca faria nada hipnotizado que
também faria “acordado”, ou que nunca agiria contra sua moral. Isso está longe de ser verdade.
Quando a mente consciente está “desligada”, o hipnotiz não pode julgar o que é certo ou errado,
bom ou mal socialmente.
Quando você hipnotiza alguém, você não está sugerindo que ele faça algo a favor ou
contra a vontade dele, você está sendo a própria realidade dele e ele fará exatamente o que você
falar. Portanto, nesse momento você é totalmente responsável pelas atitudes dele. Tenha bom
senso, só sugestione aquilo que você tem certeza que ele não se importaria de fazer.
SEGURANÇA
Ab-reações não são apenas uma lembrança de um evento traumático. O hipnotiz entra em
uma regressão, ou seja, está realmente revivendo um momento traumático do passado. Ele vê,
cheira e sente isso. A situação está acontecendo agora, novamente, na realidade dele. Isso pode
ser algo muito dramático e ocorrer de forma totalmente inesperada, ele poderá chorar e gritar
violentamente. Mas, você como O HIPNOTISTA está preparado para lidar com qualquer
situação.
Por fim, existe a regressão recreacional, a qual o hipnotiz pede parar ser regredido para
momentos da infância ou até de vidas passadas (dependendo da crença dele). Nesse modelo de
regressão, normalmente é instruído para que o hipnotiz volte a um momento agradável e feliz,
para evitar sofrimentos desnecessários. Porém, mesmo sendo raro, em qualquer regressão, é
possível que surja uma ab-reação.
De acordo com as regras da mente já estudadas, é possível perceber que quando uma
regra é acionada, se forma um “loop hipnótico” (nome proposto por James Tripp) o qual ajuda
bastante a entender o processo de formação de um fenômeno.
Imaginação
Crença
Fisiológica
Experiência
O caminho mais fácil para entrar no loop é a imaginação, pois é simples para o
hipnotiz imaginar algo simplesmente porque você o pediu que fizesse. Em seguida, é
necessário observar as reações para adaptar suas sugestões, a ponto de se misturar, no
subconsciente do hipnotiz, o que você fala e o que acontece na realidade dele.
Por outro lado, se você quiser fazer todo o processo sem transe, é importante
observar que o processo é o mesmo, a única diferença é a fase da indução que é substituída por
uma “quase” indução, que segue as mesmas pressuposições da mente. Não induzir transe
pode ser útil, caso você queria demonstrar experiências para alguém que tem medo de hipnose.
Você aprendeu que a hipnose não é um poder. Porém, cedo ou tarde você irá
compreender que essa habilidade o dá um grande poder. Você tem o poder de mudar o estado
de uma pessoa, o poder de melhorar o dia de alguém, até mesmo o poder de transformar uma
vida. Use isso para ajudar as pessoas, assim fornecendo valor ao mundo. Sempre tenha em
mente deixar o hipnotiz melhor do que estava quando o encontrou. Então, por mais simples
que seja o que você fizer, ele te agradecerá e lembrará disso para sempre.