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CURSO AVANÇADO DE

Hipnose
Improvisada

Por Michael Arruda


INTRODUÇÃO

Esta apostila é apenas um material de apoio para o curso presencial avançado de hipnose
improvisada, portanto não tem a intenção de explanar a fundo os assuntos abordados, tampouco
cobrir todo conteúdo explicado em curso, para a excelência na hipnose. Porém, esse material é,
certamente, suficiente para o aprendizado ou aprimoramento, de estudantes que tentarão aplicar o
que é explorado aqui.
Antes de tudo, é importante ressaltar que a hipnose é uma área com uma abrangência de
interesse científico enorme, e ao mesmo tempo, com relativamente poucas teorias comprovadas em
ambientes controlados. O resultado disso é a falta de consenso para as definições e teorias que
envolvem a hipnose. Diferentes escolas e autores muitas vezes utilizam termos distintos para
representar a mesma coisa, além de possuírem teorias diferentes, às vezes até contraditórias entre si.
Portanto, todos termos e teorias apresentados aqui, não têm a intenção de ser considerados
“verdades absolutas”, e sim facilitar o entendimento dos processos, da forma que eu julgo mais útil
e clara para o aprendizado efetivo da hipnose. Ainda assim, todas as informações deste material (e
do curso) são embasadas pela linha teórica principalmente do Dave Elman e linha teórica/prática do
Gerald Kein, Igor Ledochowski, Jonathan Chase, Jørgen Rasmussen e Anthony Jacquin -
provavelmente os mais renomados e experientes do mundo em suas áreas da hipnose.
O curso é denominado avançado pois foca, especialmente, em aspectos e detalhes raramente
explorados, mesmo pelos mais renomados hipnotistas. Detalhes, porém, que facilitam e agilizam as
induções e os fenômenos. Além disso, paralelamente é abordado recentes estudos científicos sobre a
hipnose que acrescentam muito ao esclarecimento e à prática do processo. Tais estudos,
principalmente neurológicos, trazem novas descobertas e respostas que nunca foram expostas em
nenhum livro (até o momento da criação desta apostila). Dessa forma, o curso não poderia ser
denominado básico.
A apostila é dividida em três partes. A parte teórica introduz a base necessária para
compreender exatamente os processos da hipnose. A parte prática cita os passos do processo. E por
fim, a parte final faz algumas considerações sobre situações incomuns e questões de segurança.
TERMOS USADOS
Teoria 
Fator Crítico: Pensamento analítico ou racional, que busca entender, comparar, medir ideias e
decidir conscientemente.
Fenômeno: Qualquer experiência intencionalmente criada no hipnotiz por meio da hipnose
(amnésia, alucinação etc.)
Hipnose: Ato de atravessar o fator crítico e estabelecer um pensamento exclusivo/ Estado em que o
fator crítico está sendo ignorado.
Hipnotista: Você, aquele que vai hipnotizar.
Hipnotiz: Sujeito que está sendo hipnotizado.
Transe: Estado alterado onde a atividade cerebral é menor e a concentração é maior.
Transe hipnótico: Estado de transe e hipnose ao mesmo tempo.

AS 3 ÁREAS DA HIPNOSE

Basicamente existem a hipnose de palco, hipnoterapia (terapia com hipnose) e hipnose


improvisada.
A hipnose de palco é a mais fácil e confortável dentro do ponto de vista da prática. As pessoas
já vão na intenção de serem hipnotizadas, com a expectativa de acontecer as coisas mais incomuns.
O hipnotista só precisa escolher os melhores hipnotizes (dentre muitas opções) e fazer seu show.
Na hipnoterapia, o hipnotista espera por seu paciente e faz seu trabalho. É menos fácil que a
hipnose de palco, pois e a hipnose não funcionar, ele pode tentar novamente de uma forma diferente,
marcar outra seção ou até acreditar que o cliente que não seguiu as instruções. Isso, considerando
apenas o processo para estabelecer a hipnose, desconsiderando a parte terapêutica.
Por último, a hipnose improvisada, também chamada de hipnose de rua, acontece em
qualquer lugar ou situação. Certamente pode ser considerada a área mais difícil. Normalmente, o
hipnotista que introduz o assunto, tendo que lidar com pessoas incrédulas, pessoas fazendo
brincadeiras ou até pessoas que tentam atrapalhar a demonstração do hipnotista. Por esse motivo, não
é raro ver um hipnoterapeuta, por exemplo, recusar ou criar dificuldades para fazer uma
demonstração de hipnose em um lugar público, ou entre amigos.
A HIPNOSE DIRETA E INDIRETA

Hipnose direta, ou clássica, é quando o hipnotiz sabe e aceita que será hipnotizado, é usado
uma indução sugerindo diretamente qual experiência ele terá e normalmente ele fica com olhos
fechados.
Hipnose indireta, ou conversacional, é qualquer forma de hipnose sem mencionar termos
relacionados com a hipnose tradicional, como “durma”,” transe”, “relaxe”. Esse é um campo bem
amplo, pois qualquer tipo de convencimento ou alteração de estado em outra pessoa (com ou sem
usos de técnicas) pode ser considerado uma hipnose indireta.
A Hipnose Erickisoniana normalmente é usada como sinônimo de hipnose indireta.
Realmente é uma hipnose indireta, porém essa em específico é caracterizada por um conjunto de
padrões linguísticos específicos (muito funcionais), mas não representa toda a possibilidade da
hipnose indireta.
Já outras pessoas entendem a hipnose indireta como uma forma de induzir um estado de
transe no hipnotiz, sem que esse perceba ou mesmo contra sua vontade. Porém, hipnose e transe são
duas coisas distintas, como será visto a seguir. (Porém, há autores e cientistas que se referem à
hipnose como sinônimo de transe e vice-versa).

A HIPNOSE

A maioria dos estudos científicos analisam a hipnose como sendo um estado de transe, porém
não há ainda uma definição exata do que a hipnose é ou como funciona. Através de escaneamento
cerebral, é demonstrado que a hipnose (transe) aumenta a atividade da região do cérebro responsável
pela concentração e diminui à da região responsável por julgamentos.
Aqui vamos usar a palavra hipnose para representar duas coisas: um estado e um processo.
O primeiro, estado, é quando o fator crítico do hipnotiz está sendo ignorado. E processo é o ato da
hipnose em si, de hipnotizar pessoas e coloca-las para ver elefantes voando por exemplo.
A “melhor” definição de hipnose é a proposta por Dave Elman: Atravessar o fator crítico e
estabelecer um pensamento exclusivo.
O fator crítico é a parte da mente que decide se algo faz sentido ou não, se é certo ou errado,
que busca a lógica das coisas. A segunda parte da definição cita “um pensamento exclusivo”, que é
o foco em apenas uma ideia, atenção completamente focada em uma única coisa.
O fator crítico é usualmente ignorado em muitas situações, ou seja, pode-se dizer que as
pessoas entram em hipnose em muitos momentos. Um filme com uma história envolvente pode
mudar o estado emocional de alguém, ou até mesmo fazer chorar. Outro exemplo ainda mais claro é
a paixão. Quando alguém se apaixona, sente emoções positivas com a outra pessoa, sem precisar
pensar no que está acontecendo e porque essa pessoa a faz tão bem.
O pensamento exclusivo deve ser as sugestões do hipnotista, a ideia desse conceito é o
hipnotiz ficar cada vez mais focado no hipnotista, a ponto que todo resto do mundo perca a
importância e só exista a sugestão do hipnotista.
Note que em nenhum momento é necessário relaxamento ou transe. Então, a ideia aqui é
aprender o processo de fazer o fator crítico de alguém ser ignorado, ao mesmo tempo que você se
estabelece como foco único na mente dessa pessoa. Em outras palavras, aprender hipnose.
É importante frisar que todo processo da hipnose acontece na mente do hipnotiz, assim, pode-
se dizer que o hipnotista apenas guia o processo para que o hipnotiz se hipnotizar. Dessa forma, não
é possível hipnotizar (hipnose direta) de forma efetiva alguém que não quer se hipnotizado.

O TRANSE

É um estado alterado principalmente da mente, mas que também altera o corpo. Durante o
transe, a frequência cerebral diminui (de beta para alpha) fazendo a concentração e imaginação
aumentarem, o corpo também fica um pouco mais relaxado nesse estado. O transe ocorre
naturalmente quando descansamos, deitamos para dormir, ou mesmo meditamos.
Como já foi dito, a hipnose não leva necessariamente ao transe, mas, em contrapartida,
induzir o transe pode levar à hipnose. Porém, é comum (e útil) induzir o transe no processo hipnótico,
pois normalmente facilita a criação de fenômenos. Além disso, esse estado é muito agradável para a
maioria das pessoas, então por que não aproveitá-lo?
Há um natural relaxamento físico durante esse estado, porém não há uma comprovação que
um maior relaxamento leva ao transe mais fácil ou rápido. Os principais sinais externos de um transe
induzido são movimento das pálpebras, alteração na respiração (normalmente se torna mais lenta) e
mudança na coloração da pele, devido aumento da temperatura corporal.

O HIPNOTISTA

Esse é um conceito importante e interessante. Você deve se tornar O HIPNOTISTA, não um


hipnotista, alguém que sabe hipnotizar ou alguém que fez um curso de hipnose. Você deve transmitir
absoluta confiança, competência e segurança, para que o hipnotiz “entregue” a mente dele a seus
cuidados.
Isso é importante porque a expectativa criada no hipnotiz, que você vai hipnotiza-lo
rapidamente e fazê-lo passar por uma experiência incrível, facilita todo o processo. O que a mente
espera tende a acontecer. Isso é um dos motivos que é mais difícil hipnotizar amigos próximos ou
familiares, eles não conseguem enxergá-lo como O HIPNOTISTA. Porém os motivos principais são
medos de expor segredos e o desconforto por sentirem submissos.
Além disso, o conceito de “O HIPNOTISTA” é interessante porque está escrito na maioria
dos livros como algo muito importante, e por isso faz muitas pessoas pensarem que a hipnose é só
um efeito placebo, que funciona porque o hipnotiz acredita que está funcionando, o que não é o caso.
A hipnose (mesmo a direta) pode acontecer sem o hipnotiz acreditar ou até mesmo saber que
será hipnotizado, sendo familiar ou não. Basta que seja usado a abordagem correta. De qualquer
forma, é fato que a expectativa e o psicológico ajuda, então entenda completamente como o processo
funciona e se torne cada vez mais O HIPNOTISTA confiante e competente.
O CÉREBRO

Córtex pré-frontal

Tálamo

Hipotálamo

Amígdala

Hipocampo

Não é necessário conhecer o funcionamento do cérebro para hipnotizar pessoas, mas você,
O HIPNOTISTA, deve ter noção de como funciona todas as partes do processo que você domina.
Isso apenas o tornará mais competente e confiante.
Na verdade, muitos entusiastas ficam inseguros em praticar hipnose porque não entendem
como algo “tão simples” pode fazer as pessoas “dormirem”. “E se não funcionar?”. Hipnose não é
mágica, truque, ou só efeito psicológico. É um fenômeno natural e real, que acontece no cérebro de
qualquer ser humano.
O importante aqui é você aprender, mesmo que de forma bem superficial, a função de
algumas áreas do cérebro e como a hipnose se relaciona a isso. Para então, ter consciência que você
criará um processo REAL no cérebro do hipnotiz. Cada fenômeno que você criar com a hipnose, há
um motivo neurológico que o torna possível de acontecer na experiência do hipnotiz.
Por outro lado, apesar de haver inúmeras comprovações, principalmente de psiquiatras e
neurocientistas, de que a hipnose é real, ainda não é possível explicar muitas coisas: por que temos a
capacidade de sermos hipnotizados? Como a hipnose acontece no cérebro? Por que as pessoas
respondem de formas diferentes aos fenômenos? Está claro que ainda há muita coisa para ser
descoberta nessa área.
Córtex pré-frontal:
Essa região é basicamente onde “está” o consciente. Essa parte do cérebro está relacionado
a pensamentos complexos, tomadas de decisões, criação de correlações de causa e efeito,
“manipulação” social.
Em hipnose, essa região do cérebro é “desligada”, assim as informações recebidas não são
analisadas ou julgadas, permitindo induzir diretamente outras áreas do cérebro.
Tálamo:
É uma região que funciona basicamente como uma secretária. Ele direciona os estímulos do
cérebro para as demais partes do corpo, ou o processo inverso, estímulos sensoriais do corpo para as
suas determinadas regiões no cérebro. (O olfato é o único sentido que não passa pelo tálamo)
Por exemplo, quando seus olhos veem uma imagem, a informação é convertida em sinal
elétrico e vai para tálamo, então é direcionada para a parte de trás do cérebro (região occipital), só
então, o consciente pode analisar o que está vendo.
Na hipnose, essa região é afetada principalmente em sugestões de anestesia, diminuindo a
atividade do tálamo, fazendo com que o estimulo da dor não chegue ao destino final. Também, em
sugestões de sinestesia, acredita-se que a atividade do tálamo é alterada.
Hipotálamo:
É responsável por alguns processos metabólicos e atividades do sistema nervoso autônomo.
O hipotálamo liga o sistema nervoso ao sistema endócrino, sintetizando a secreção de neuro
hormônios, que estão relacionados também com as emoções. Além disso, ele controla a temperatura
corporal, fome e sede, impulso sexual.
O próprio pensamento pode alterar a atividade do hipotálamo. Por exemplo visualizar
mentalmente sua comida preferida por algum tempo, pode fazer você salivar e sentir fome.
Amígdala:
Também ligada ao tálamo e hipotálamo, é uma parte do cérebro ligada ao instinto de fugir,
lutar ou parar (flight, fight or freeze). A principal função da amigdala é de criar memória emocional,
para proteger a sobrevivência.
Por exemplo, em uma situação que o cérebro entendeu como muito perigosa, a amigdala
pode criar uma forte emoção com a situação e guardá-la para que a pessoa nunca mais passe por isso,
podendo assim, desenvolver uma fobia.
Durante hipnose, a amigdala se “desliga” sozinha, impedindo que qualquer gatilho emocional
venha à tona. Quando a amigdala está “desligada”, o corpo e sistema imunológico funcionam de
forma mais efetiva.
Hipocampo:
Possui relação com a amigdala, já que também faz parte do sistema límbico. O Hipocampo
tem atividades relacionadas com inibição, formação de novas memórias e orientação espacial.
Não há experimentos ou teorias que relacionam diretamente o efeito da hipnose ao
hipocampo.
A MENTE

Antes de se pensar em um conceito para o a mente, é necessário entender que não há uma
definição perfeita e funcional para todos contextos. Não existe uma parte no corpo chamada “mente”,
tampouco é possível colocá-la num microscópio e analisá-la. Assim, cada teórico possui definições
diferentes.
O cérebro, juntamente com a mente, é um dos maiores mistérios do universo. Ainda não foi,
nem mesmo, mapeado as regiões do cérebro responsáveis por atividades unicamente humanas
(entender uma linguagem, pensamento moral etc.). As perguntas mais fundamentais ainda se
encontram sem resposta.
O que pode-se afirmar é que a mente existe como um modelo, que recebe a informação do
mundo exterior, a entende de acordo com os próprios parâmetros, criando experiências únicas. Dessa
forma, cada experiência só existe efetivamente na mente e é única para cada pessoa.
Porém, é fácil observar que inúmeras variáveis podem alterar a experiência de alguém. Por
exemplo, uma pessoa em um estado alegre e outra em um estado deprimido vão ter percepções
diferentes de uma mesma festa. Toda experiência é subjetiva, pois tudo acontece na mente, antes de
acontecer como realidade (a realidade é plástica).

AS REGRAS DA MENTE

A mente, como o resto do mundo, funciona sobre regras específicas. Hipnoterapeutas, após
muitas observações, chegaram a alguns princípios sobre isso. E você, como O HIPNOTISTA, deve
conhecê-las e dominá-las, para que nunca aja em desacordo com nenhuma regra.

 Todo pensamento ou ideia causa uma reação física.


 O que a mente espera acontecer, tende a acontecer.
 A imaginação é mais poderosa do que conhecimento, quando se lida com a mente
 Cada sugestão aceita diminui a resistência para a sugestão seguinte
 Quanto maior o esforço consciente, menor a resposta subconsciente.
 Assim que uma ideia é aceita pelo subconsciente, ela se mantem até que outra ideia a
substitua.

Há outra informação muito importante a qual pode ser relacionada aqui: Todo estímulo provoca
uma reação na mente, por conseguinte no corpo. Por exemplo, quando uma pessoa escuta uma
palavra, a mente precisa relacioná-la com tudo o que conhece sobre essa palavra e criar uma
experiência interna imediata que liga a palavra ao momento atual. Essa característica torna a hipnose
possível.
O MODELO DA MENTE

Subconsciente

Memória permanente

Emoções Inconsciente Hábitos


Sistema nervoso
autônomo

Sistema imunológico

Preguiça
Fobias

Autopreservação
OS PRÉ-REQUISITOS PARA HIPNOSE

Para a hipnose ser possível é necessário existir apenas duas coisas: contexto e intenção.
O contexto surge quando as pessoas descobrem que você é O HIPNOTISTA. A função do
contexto é criar expectativa nas pessoas as quais serão hipnotizadas. Qualquer pessoa tem uma
expectativa do que um hipnotista faz, ou sobre o que é hipnose, isso já é o suficiente para suas mentes
se alinharem para o processo. Note que expectativa é diferente de acreditar em hipnose ou que podem
ser hipnotizados.
A intenção já é algo que está em você. Você deve ter em mente tudo o que pretende fazer,
desde o momento que seleciona o hipnotiz até o momento que vai emergi-lo da hipnose e ter a
expectativa de que tudo vai ser como você intenta. Apesar de parecer algo subjetivo, quando você
sabe o que fazer e acredita nisso, ocorrem mudanças sutis no seu comportamento e modo de falar, o
que faz expressar confiança e tranquilidade (e como consequência, aumenta a expectativa do
hipnotiz).
Existe, porém, uma única barreira que pode impedir a hipnose: o medo. Como já foi
explicado, o próprio hipnoiz é quem se hipnotiza e todo processo acontece em sua própria mente.
Dessa forma, a mente nunca se submeteria si própria a algo que teme. Não existir medo pode ser
considerado um pré-requisito então.
A ABERTURA
Prática 
O objetivo é iniciar o processo e criar o contexto, pois até então, o grupo não sabe da sua
existência.

1. Vocês parecem um grupo divertido/interessante.


2. Eu sou um hipnotista profissional e estava fazendo umas performances.
3. Algum de vocês tem alguma ideia sobre o que é hipnose? Ou já teve curiosidade de
experimentar um incrível estado hipnótico?

A PREPARAÇÃO

O objetivo é aumentar a expectativa e estimular a imaginação.

1. Quem já teve curiosidade sobre o poder do seu subconsciente? Vamos fazer uma
coisa para vocês verem do que a mente é capaz.
2. *Dedos magnéticos* O que sentiram?
3. *Mãos magnéticas* O que sentiram?

A ESCOLHA DO HIPNOTIZ

Cerca de 20% da população é sonâmbula, isso é, pessoas que possuem um controle


consciente maior da atenção. No cérebro delas, há uma maior conexão entre o córtex pré-frontal
e a região responsável pela atenção. Quando elas querem ser hipnotizadas, conseguem com muito
mais facilidade.

Ainda não há estudos definitivos sobre a possibilidade de reconhecer um sonâmbulo, sem


de fato hipnotizá-lo. Além disso, uma pessoa não sonâmbula que realmente deseje ser
hipnotizada, pode responder como um sonâmbulo. De qualquer forma, há alguns testes práticos
que parecem funcionar bem para identificar um em segundos.

Independente do hipnotiz ser sonâmbulo ou não, deve ser procurar pelas pessoas mais
atentas, curiosas e comprometidas com o processo, que muitas vezes não são às que respondem
melhor na preparação.
O TESTE DO HIPNOTIZ

O objetivo é verificar se o hipnotiz quer e está pronto (consciente e inconscientemente)


para ser hipnotizado. Também, nessa fase é necessário identificar se há medo.

1. *Conduzir*
2. *Esclarecer objeções*
3. *Olhar hipnótico* *Verificar respiração inconsciente*

A INDUÇÃO

O objetivo é atravessar o consciente e dar o comando “durma” para o subconsciente,


colocando o hipnotiz em um estado de hipnose constante.

Esse é um ponto que muitos hipnotistas fazem sem saber exatamente o que estão fazendo
ou se está funcionando. Se a indução já funcionou, não há motivos para continuar ou prolongar
essa parte. Por outro lado, se não funcionou não adianta seguir adiante só porque o hipnotiz está
com os olhos fechados, pois os fenômenos não ocorrerão. Também, escolher a indução adequada
de acordo com o hipnotiz, facilita esse processo.

Há diversas formas de “driblar” a mente consciente. Basicamente, o consciente se


“desativa” por um curto período quando acontece qualquer coisa a qual ele não pode lidar ou não
está preparado. Emoções fortes, imaginação, sobrecarga de informação, interromper um padrão
inconsciente, e ativar um instinto biológico são os principais caminhos.

Existe um mito bem comum que diz: “quanto mais “hipnotizável” é uma pessoa, mais
rápida pode ser a indução, e há pessoas altamente “hipnotizáveis” que é possível usar induções
instantâneas que duram segundos”. Isso não poderia estar mais errado, a verdade é o oposto disso.
Quanto mais lenta é a indução, mais difícil se torna conseguir a hipnose e quanto menos
“hipnotizável” for o hipnotiz, mais rápida deve ser a indução.

Isso torna o famoso “relaxamento progressivo” uma das piores induções. Na verdade, o
“relaxamento progressivo” não é uma indução, mas sim um relaxamento progressivo, que pode
levar à hipnose, a certo ponto (se o hipnotiz não dormir antes). Essa pseudotécnica pode ser muito
útil em outros contextos, mas não para hipnose, principalmente de sujeitos analíticos ou agitados.

O importante desta parte é entender porque e como uma indução funciona. Não há uma
indução mágica ou perfeita. Entendendo o mecanismo, qualquer coisa pode se tornar uma
indução. Se, por algum motivo, uma não funcionar, use outra.

Induções a serem analisadas e praticadas: 10 palavras; puxada de mão; aperto de mão


(rápido); aperto de mão (tradicional); indução ensaiada; Dave elman (rápido); Dave elman
(tradicional).
O APROFUNDAMENTO

O objetivo é diminuir a possibilidade do hipnotiz sair da hipnose e aumentar o


pensamento seletivo nas suas sugestões, o colocando em um estado de transe hipnótico.

Não existe um lugar “mais fundo” na hipnose ou no transe, o que acontece é um foco cada
vez maior e mais concentrado nas sugestões.

O CONTROLE DA SITUAÇÃO

Essa parte importante e muitas vezes esquecida, que funciona também como um
aprofundamento.

1. Qualquer coisa que você ouvir/sentir, externamente ou internamente, o leva ainda


mais fundo e faz você seguir minhas sugestões ainda mais facil...

A SUPER SUGESTÃO

1. A partir de agora, qualquer coisa que eu disser se torna a sua realidade...


2. *Mostrar ao hipnotiz que funcionou, usando algum fenômeno rápido*

OS FENÔMENOS

● Físico (catalepsia, levitação da mão...)


● Sensorial (anestesia, calor)
● Emocional (sentir bem, sentir feliz)
● Mental (amnésia, alucinação)

Nesse ponto, se todos o processo foi seguido forma apresentada aqui, qualquer
fenômeno irá funcionar 90% das vezes.

Num estado de transe hipnótico, a repetição exata de uma mesma sugestão não altera o
resultado, o subconsciente pode ouvir perfeitamente o que você está dizendo na primeira vez.
Porém, é necessário que o subconsciente entenda exatamente o que você quer dizer e qual
resultado deverá produzir, por isso é interessante falar a mesma coisa de formas diferentes, para
garantir o entendimento.

Algumas pessoas terão mais facilidade para fenômenos de uma categoria do que outra. É
fato que a maioria das pessoas conseguem realizar fenômenos físicos, mas é possível alguém ter
dificuldades para experimentar uma levitação de mão, porém responder a sugestões de alucinação.
Dito isso, é muito proveitoso explorar todos os sistemas representacionais nas sugestões,
independente do fenômeno que está sendo produzido.

(Não é necessário transe para produzir fenômenos, como será visto na parte final).
A EXDUÇÃO

O objetivo é retirar todas as sugestões e voltar o hipnotiz para o estado normal, também
chamado de “acordar” o hipnotiz.

Um ponto importante nessa parte, é fazê-lo voltar com uma contagem (de 1 a 5,
normalmente) e sugestões progressivas (sobre a atividade física e mental), pois ir de um transe
hipnótico para um estado de vigília muito rapidamente pode gerar dores de cabeça e
desorientação. Exemplo de um bom processo:

1, o relaxamento começa deixar o seu corpo;

2, uma energia ativa todo seu corpo, fazendo você se sentir ótimo;

3, (levanta a cabeça) respira fundo, enchendo os pulmões de ar, se sentindo incrível;

4, seu corpo se sente ótimo, a respiração está ótima, olhos ótimos, a cabeça está leve e ótima,
mente em perfeito estado;

5, abra os olhos, se sentindo fantástico, animado e energizado. Como você se sente?


Final 
HIPNOSE COM FAMILIARES

Alguns fatores que dificultam a hipnose em familiares são: medo de expor algo que não
gostaria que você saiba, sensação de estar submissos (ou qualquer outro desconforto), não levar
a sério o processo, achar engraçado, tentar ajudar no processo, analisar como você faz isso, e não
conseguir ver você como O HIPNOTISTA. Vamos analisar como proceder em um caso raro, onde
existam todas essas barreiras ao mesmo tempo.

Primeiro, esqueça o fato de querer se comportar como o hipnotista nesse momento, seja
O HIPNOTISTA por saber se adaptar, se tornando apenas uma pessoa que aprendeu uma coisa
legal. Então, uma explicação sobre o que é a hipnose, eliminando os medos e deixando claro que
ele continuará consciente, resolve a maioria dessas barreiras. Aumente a expectativa falando que
ele irá reviver emoções de quando assistiu algum filme que gostou muito. Estabeleça uma espécie
de contrato verbal, onde você vai fazer ele ter emoções boas se, e somente se, ele seguir
exatamente suas instruções, e que ele é livre para recusar qualquer instrução a qualquer momento,
mas para isso precisa abrir os olhos e interromper te interromper. Uma das instruções deve ser
“não tente me ajudar, não pense, não analise ou não adicione nada mentalmente ao que eu falar,
apenas escute e deixe sua mente te levar”. Ao final pergunte se ele concorda. Não se importe de
falar tudo isso de forma informal, ou mesmo achando graça. Ainda antes da indução, observe o
ambiente, se algo pode deixa-lo desconfortável. Por exemplo, numa situação com amigos, ele
pode concordar com tudo só por diversão, sem estar disposto a seguir realmente as instruções.
Após ser observado tudo isso, faça uma indução ensaiada ou a indução do Dave Elman. Se ele
demonstrar achar graça, diga no mesmo tom de voz inicial “você pode rir, não tem problema,
porque cada vez que você ri, você fica mais relaxado, isso...”, os risos irão parar, então você
começa uma visualização, com sugestões para o que combinaram. Não demore mais de 5 minutos
entre o início da indução e a exdução, então pergunte como foi a experiência, peça para detalhar
o que sentiu. Converse sobre qual será a próxima sugestão e repita o processo de forma mais
rápida. Nesse ponto, ele provavelmente estará aberto para qualquer outro tipo de indução e
fenômenos, e poderá ser um ótimo hipnotiz para suas práticas.

Esse procedimento pode ser usado mesmo para desconhecidos que temem a hipnose e
pode (e deve) ser bem reduzido de acordo com as barreiras do hipnotiz. A ideia principal aqui é
se tornar apenas um guia de uma experiência legal de visualização, onde eles sempre estarão no
controle.
PERMANOSE

Mesmo após emergir do transe hipnótico, por um período entre 3 a 10 minutos, o hipnotiz
continua suscetível a suas sugestões e talvez de outros. Você pode aproveitar esses momentos
para induzir fenômenos sem transe, e principalmente para melhorar o estado e bem-estar dele,
através de sugestões.

MORAL E ÉTICA

Normalmente, é dito por hipnotistas que uma pessoa nunca faria nada hipnotizado que
também faria “acordado”, ou que nunca agiria contra sua moral. Isso está longe de ser verdade.
Quando a mente consciente está “desligada”, o hipnotiz não pode julgar o que é certo ou errado,
bom ou mal socialmente.

Quando você hipnotiza alguém, você não está sugerindo que ele faça algo a favor ou
contra a vontade dele, você está sendo a própria realidade dele e ele fará exatamente o que você
falar. Portanto, nesse momento você é totalmente responsável pelas atitudes dele. Tenha bom
senso, só sugestione aquilo que você tem certeza que ele não se importaria de fazer.

SEGURANÇA

Ser O HIPNOTISTA traz responsabilidades. Durante a hipnose, a segurança está


basicamente toda em suas mãos (ou palavras). Seja o melhor que pode ser e trate o hipnotiz com
cuidado, mostre você se preocupa com ele (isso também facilita o processo). Não crie nenhum
fenômeno que poderia perturbar a saúde dele, como choques ou alucinações assustadoras, e
sempre diga como ele deverá reagir após alguma sugestão. Não dê sugestões de movimentos sem
que o hipnotiz abra os olhos. Esteja preparado na induções rápidas, pois o corpo do hipnotiz pode
relaxar e perder a sustentação das pernas, o segure e diga que ele consegue ficar em pé
normalmente. Não hipnotize pessoas bêbadas ou sob o efeito de drogas (não são muito
hipnotizáveis). Não hipnotize pessoas com condições cardíacas ou condições mentais,
especialmente. Apesar de não haver evidencias que o transe hipnótico pode afetar negativamente
qualquer pessoa, saudável ou não, caso essa pessoa tenha qualquer problema, mesmo dias depois,
você poderá ser apontado como culpado. Sempre retire todas sugestões e certifique-se que o
hipnotiz está bem após a exdução. Observe o ambiente, objetos ou situações perigosas que possam
vir a atrapalhar. Acima de tudo, sempre tenha bom senso. Dito isso, um imprevisto que pode
ocorrer independente de seus cuidados é uma ab-reações espontânea.
AB-REAÇÕES

Ab-reações não são apenas uma lembrança de um evento traumático. O hipnotiz entra em
uma regressão, ou seja, está realmente revivendo um momento traumático do passado. Ele vê,
cheira e sente isso. A situação está acontecendo agora, novamente, na realidade dele. Isso pode
ser algo muito dramático e ocorrer de forma totalmente inesperada, ele poderá chorar e gritar
violentamente. Mas, você como O HIPNOTISTA está preparado para lidar com qualquer
situação.

Há quatro tipos de ab-reação: direta, não-direta, espontânea, recreacional.

Na ab-reação direta, o próprio hipnotista induz a ab-reação, instruindo o hipnotiz a


regredir para um momento traumático da vida dele, normalmente na infância. Esse tipo é apenas
usado para terapias específicas, o hipnotista saberá como vai lidar com a situação em benefício
do paciente.

Na ab-reação não direta, o hipnotista instrui o hipnotiz a regredir em um momento da vida


dele, onde algum problema foi causado. Esse tipo também é usado apenas para terapias, a
diferença para o primeiro é que não se sabe exatamente qual evento irá surgir na realidade do
paciente.

A ab-reação espontânea é uma regressão espontânea para um evento traumático. Quando


uma pessoa sofre muito emocionalmente ou passou por algum evento traumático, o
subconsciente, como proteção, pode impedir que essa carga emocional chegue ao nível
consciente. Assim, no momento que o hipnotiz entra em hipnose, o subconsciente pode entender
isso como uma oportunidade para liberar toda a carga acumulada e regredir espontaneamente ao
evento. É impossível saber quem é propenso a isso, pois nem a própria pessoa tem consciência,
ou lembrança do evento traumático. Esse tipo de ab-reação é muito raro, pois o subconsciente
sempre tenta proteger a pessoa, evitando sempre qualquer sofrimento.

Por fim, existe a regressão recreacional, a qual o hipnotiz pede parar ser regredido para
momentos da infância ou até de vidas passadas (dependendo da crença dele). Nesse modelo de
regressão, normalmente é instruído para que o hipnotiz volte a um momento agradável e feliz,
para evitar sofrimentos desnecessários. Porém, mesmo sendo raro, em qualquer regressão, é
possível que surja uma ab-reação.

Como hipnotista de rua, a única possibilidade é a ab-reação espontânea. Apesar de ser


provável que você nunca verá nenhuma, é necessário estar preparado para agir em todas as
situações. Há três ideias simples que sempre deverão estar na sua cabeça:

1. Sempre mantenha a calma. Você é a única pessoa em controle, qualquer


demonstração de nervosismo, poderá assustar o hipnotiz e quem estiver observando.
Isso não significa não elevar a voz. É necessário que o hipnotiz escute suas instruções.
2. Nunca toque o hipnotiz. Quando você toca, é possível que você ancore aquele estado
com o seu toque. Isso significa que após muitos meses depois, em uma situação
qualquer, alguém toque ele do mesmo jeito e a ab-reação reapareça.
3. As 10 palavras mágicas: “As cenas somem, e você se foca na sua respiração”. Essas
palavras vão interromper o evento (pode ser necessário repeti-las). Qualquer
instrução nesse sentido, será efetivo. É necessário entender que, independente da
reação que o hipnotiz estiver passando, ele ainda está “sob seu controle”. Então, basta
dar-lhe instruções, que ele irá segui-las.
FENÔMENOS SEM TRANSE

A principal diferença aqui é quem cria a realidade do hipnotiz. Enquanto no


processo tradicional a sua sugestão cria a realidade dele, nesse processo ele mesmo deve
criar uma realidade interna para que o fenômeno seja possível. Então seu trabalho é guia-
lo para que se autossugestione, pelo menos inicialmente.

De acordo com as regras da mente já estudadas, é possível perceber que quando uma
regra é acionada, se forma um “loop hipnótico” (nome proposto por James Tripp) o qual ajuda
bastante a entender o processo de formação de um fenômeno.

Imaginação

Crença
Fisiológica

Experiência

O caminho mais fácil para entrar no loop é a imaginação, pois é simples para o
hipnotiz imaginar algo simplesmente porque você o pediu que fizesse. Em seguida, é
necessário observar as reações para adaptar suas sugestões, a ponto de se misturar, no
subconsciente do hipnotiz, o que você fala e o que acontece na realidade dele.

Se você já fez algumas demonstrações com a hipnose (com transe), realizou


fenômenos e todos o enxergam como O HIPNOTISTA, então é muito fácil realizar
fenômenos sem transe, pois as pessoas irão acreditar que você tem alguma espécie de “poder”
e desligarão o fator crítico quando você demonstrar alguma intenção.

Por outro lado, se você quiser fazer todo o processo sem transe, é importante
observar que o processo é o mesmo, a única diferença é a fase da indução que é substituída por
uma “quase” indução, que segue as mesmas pressuposições da mente. Não induzir transe
pode ser útil, caso você queria demonstrar experiências para alguém que tem medo de hipnose.

Na prática, a rotina de James Tripp é ideal (pode ser encontrada facilmente na


internet), pois ele escala de fenômenos simples à complexos. O que é importante ser observado
na rotina é fazer que o hipnotiz fixe o olhar em algum ponto e usar sugestões que misturem
os sistemas representacionais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após centenas de anos, as técnicas de hipnose evoluíram, ficaram mais rápidas e


passaram a ganhar um foco científico. Porém, ainda assim, a hipnose continua muito
desconhecida e misteriosa. Há muito o que ser aprendido sobre este tema. Dessa forma, o
importante é entender que as palavras não são tão importantes quanto as ideias, e as técnicas
não são tão importantes quanto as intenções. Sempre busque observar e tentar entender o
processo, por trás das palavras e técnicas, para então tentar melhorá-lo.

Você aprendeu que a hipnose não é um poder. Porém, cedo ou tarde você irá
compreender que essa habilidade o dá um grande poder. Você tem o poder de mudar o estado
de uma pessoa, o poder de melhorar o dia de alguém, até mesmo o poder de transformar uma
vida. Use isso para ajudar as pessoas, assim fornecendo valor ao mundo. Sempre tenha em
mente deixar o hipnotiz melhor do que estava quando o encontrou. Então, por mais simples
que seja o que você fizer, ele te agradecerá e lembrará disso para sempre.

(APOSTILA AINDA EM CONSTRUÇÃO)

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