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SÃO SEBASTIÃO
1º SEMESTRE DE 2012
MIGUEL BORGES DE CAMPOS FILHO – 22
3.G.3
SÃO SEBASTIÃO
1º SEMESTRE DE 2012
MIGUEL BORGES DE CAMPOS FILHO
Banca de Validação:
___________________________________
Professor Mateus Hashimoto de Almeida
Presidente da Banca
ETEC DE SÃO SEBASTIÃO
Orientador
___________________________________
Professor Durval Fernandes Junior
ETEC DE SÃO SEBASTIÃO
____________________________________
Professor Ivan Carlos Ferreira da Costa
ETEC DE FERRAZ DE VASCONCELOS
SÃO SEBASTIÃO
1º SEMESTRE DE 2012
A todos os trabalhadores, que enfrentam dificuldades
constantes para realizar sua sagrada missão.
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
NR Norma Regulamentadora
OS Ordem de Serviço
OSHA Occupational Safety and Health Administration
PT Permissão de Trabalho
FIGURA 10: DUTO DE INSULFLAMENTO VISTO PELA PARTE EXTERIOR DO ESPAÇO CONFINADO. ........ 76
TABELA 2: NUMERO DE ACIDENTES EM ESPAÇOS CONFINADOS POR ATIVIDADE NOS ESTADOS UNIDOS.
....................................................................................................................................................... 48
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 15
1.1. OBJETIVOS........................................................................................................................ 17
1.2. JUSTIFICATIVA .................................................................................................................. 18
1.3. METODOLOGIA ................................................................................................................. 18
1.4. CRONOGRAMA.................................................................................................................. 19
2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 20
2.1. SEGURANÇA DO TRABALHO ............................................................................................. 20
2.2. SESMT: SERVIÇO ESPECIALIZADO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E MEDICINA DO
TRABALHO ............................................................................................................................. 22
2.3. CIPA: COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES ............................................. 23
2.4. EPI: EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL ............................................................... 24
2.5. RISCOS OCUPACIONAIS .................................................................................................... 27
2.6. ACIDENTE DO TRABALHO ................................................................................................. 31
3. SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO .................. 35
4. ESPAÇOS CONFINADOS ................................................................................................ 42
4.1. CONCEITO DE ESPAÇO CONFINADO .................................................................................. 42
4.2. ACIDENTES EM ESPAÇOS CONFINADOS ............................................................................ 46
4.3. LEGISLAÇÃO PARA OS ESPAÇOS CONFINADOS ................................................................. 49
4.4. RISCOS EM ESPAÇOS CONFINADOS ................................................................................... 51
4.4.1. RISCOS GERAIS EM ESPAÇOS CONFINADOS ................................................... 52
4.4.2. RISCOS ESPECÍFICOS EM ESPAÇOS CONFINADOS ....................................... 53
4.4.2.1. Deficiência e Enriquecimento de Oxigênio ..................................................... 54
4.4.2.2. Presença de Substâncias Tóxicas ..................................................................... 55
4.4.2.3. Atmosferas Inflamáveis ................................................................................... 58
5. GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM ESPAÇOS
CONFINADOS ....................................................................................................................... 61
5.1. ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS (APR) - PRELIMINARY HAZARD ANALYSIS (PHA) ..... 65
5.2. DOCUMENTAÇÃO ............................................................................................................. 67
5.2.1. Ordem de Serviço ............................................................................................... 67
5.2.2. Ficha de Controle de Espaço Confinado ............................................................ 67
5.2.3. Certificação de Treinamentos ............................................................................. 68
5.2.4. Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) .............................................................. 68
5.2.5. Permissão de Entrada e Trabalho (PET) ............................................................. 68
5.2.6. Permissão de Trabalho (PT) ............................................................................... 69
5.2.7. Checklist (lista de verificação) ........................................................................... 69
5.3. RECONHECIMENTO E AVALIAÇÃO DOS ESPAÇOS CONFINADOS ........................................ 70
5.4. AVALIAÇÃO DA ATMOSFERA ............................................................................................ 70
5.5. VENTILAÇÃO .................................................................................................................... 73
5.6. CLIMATIZAÇÃO ................................................................................................................ 75
5.7. DESLIGAMENTOS, BLOQUEIOS OU DESCONEXÕES ............................................................ 76
5.8. SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA DA ÁREA E CONTROLE DE ACESSO ................................... 77
5.9. ILUMINAÇÃO .................................................................................................................... 79
5.10. EQUIPAMENTOS COLETIVOS E INDIVIDUAIS ................................................................... 80
5.11. EXAMES MÉDICOS .......................................................................................................... 81
5.12. EMERGÊNCIA E SALVAMENTO ........................................................................................ 81
5.13. PROCEDIMENTOS DE COMUNICAÇÃO .............................................................................. 82
5.14. TREINAMENTOS .............................................................................................................. 83
5.15. ATRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE SEGURANÇA ENVOLVIDA COM ESPAÇOS CONFINADOS ..... 83
5.15.1. Responsável Técnico ........................................................................................ 83
5.15.2. Supervisor de Entrada ....................................................................................... 84
5.15.3. Vigia ................................................................................................................. 85
5.15.4. Trabalhadores Autorizados ............................................................................... 85
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 87
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 89
SÍTIOS PESQUISADOS ............................................................................................................... 95
ANEXOS ................................................................................................................................. 97
15
1. INTRODUÇÃO
Como assevera Campos (2007 p. 293) “O trabalho em Espaços Confinados deve ser
planejado com objetivo de realizar as atividades de forma segura, para isso cada procedimento
deve ser delineado para que não ocorram falhas”.
Em síntese, um planejamento eficaz produz resultados satisfatórios. O importante é
que nos trabalhos em espaços confinados isso se torne habitual, e que a gestão dos riscos
esteja presente em cada intervenção
O estudo sobre os Espaços Confinados é bastante amplo e, infelizmente, ainda pouco
explorado pela literatura técnica, carecendo de fontes de pesquisa para o público interessado.
Temos plena consciência que não supriremos completamente esse hiato, contudo sabemos que
aqui está prestada uma importante contribuição para a segurança do trabalho. Sendo ainda
fundamental o desenvolvimento de outras pesquisas sobre o tema, enfocando medidas
específicas do trabalho em local confinado objetivando contribuir substancialmente com este
tipo de atividade cujos riscos são iminentes.
1.1. Objetivos
1.2. Justificativa
1.3. Metodologia
A presente pesquisa pode ser definida como exploratória que segundo Gil (1991)
apud Silva e Menezes (2001 p. 21) “visa proporcionar maior familiaridade com o problema
com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses.” Conforme esses autores esta
tipologia de pesquisa envolve levantamento bibliográfico, bem como entrevistas e análises de
exemplos que possibilitem compreensão. Uma pesquisa exploratória geralmente “assume a
forma de Pesquisas Bibliográficas e Estudos de Caso” (Ibid. 2001 p.21).
Os procedimentos técnicos utilizados para elaboração deste trabalho foram a
Pesquisa Bibliográfica que segundo assevera Gil (1991) apud Silva e Menezes (2001 p. 22)
ocorre “Quando elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de
livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet”.
E a Pesquisa Documental que segundo define Gil (1991) apud Silva e Menezes (2001
p. 22) “quando elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento analítico”.
Utilizou-se de obras da literatura especializada, bem como documentos sobre o tema,
como é o caso das Normas Regulamentadoras (NR) do Ministério do Trabalho, Normas
Brasileiras de Recomendação (NBR) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e
Manuais Técnicos.
19
1.4. Cronograma
PRAZO DE EXECUÇÃO
ATIVIDADES Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun
Pesquisa do
tema
Definição do
tema
Pesquisa
bibliográfica
Coleta de
dados
Elaboração do
TCC
Entrega do
TCC
Defesa da
banca
20
2. REFERENCIAL TEÓRICO
1
CARDELLA, Benedito. Segurança no Trabalho e Prevenção de Acidentes – Uma Abordagem Holística:
Segurança Integrada à Missão Organizacional com Produtividade, Qualidade, Preservação Ambiental e
Desenvolvimento de Pessoas. São Paulo: Atlas, 1999.
2
ZOCCHIO, Álvaro. Prática da Prevenção de Acidentes. 4, ed. São Paulo: ABC da Segurança do Trabalho,
1980.
21
3
CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos. Edição Compacta. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
22
empregadores e empregados, pois somente assim será possível gerar condições realmente
seguras no ambiente de trabalho, o que possibilitará que ambos sejam beneficiados.
4
Artigo – 162 da Consolidação das Leis do Trabalho: As empresas, de acordo com normas a serem expedidas
pelo Ministério do Trabalho, estarão obrigadas a manter serviços especializados em segurança e em medicina do
trabalho (Redação dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977).
23
Os integrantes do SESMT têm entre suas funções aplicar as técnicas apropriadas para
eliminar ou controlar os riscos do ambiente de trabalho e, na sua impossibilidade, determinar
o uso de medidas preventivas, como o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs),
além de manter atualizados todos os registros sobre acidentes do trabalho, doenças
ocupacionais, condições de insalubridade. Como assevera Tavares (2010 p. 59) o SESMT:
“Entre outras atividades elabora estudos de acidentes e condições de trabalho, levantando as
necessidades de treinamento ou promoção e recomendando as medidas a ser tomadas”.
O SESMT deve manter estreito relacionamento com todas as áreas técnicas e
administrativas da empresa, “além de servir como mediador, quando necessário, entre as áreas
que têm responsabilidade de participar ativamente da segurança do trabalho” (TAVARES
2010 p. 67). Contudo o SESMT deve dentro do organograma da empresa, situar-se “na
dependência direta do órgão executivo de mais elevado grau de decisão” (ibid p. 13). As
observações de Tavares (2010) se justificam pelo fato do SESMT não possuir poder decisório
dentro da empresa, exercendo apenas função de assessoria (staff), ou seja, de sugerir medidas
ao órgão diretivo. Diante deste quadro é fundamental sua inserção próxima ao mais elevado
grau hierárquico da organização.
O SESMT é o responsável pela segurança dentro da empresa, devendo zelar pelo
cumprimento das NRs do Ministério do Trabalho, bem como das demais normas de segurança
existentes. Cabe ao SESMT também realizar treinamentos e campanhas de conscientização
junto aos funcionários sobre acidentes e doenças do trabalho. É importante destacar a
importância do entrosamento entre o SESMT e a CIPA, considerando suas observações e
solicitações, e buscando soluções preventivas e corretivas.
Correa5 (2001 apud Ramos 2009) os EPIs desempenham importante papel na redução das
lesões provocadas pelos acidentes do trabalho e das doenças profissionais.
A NR 6 (BRASIL 2001) define Equipamento de Proteção Individual (EPI) como:
“todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à
proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”.
Ainda conforme esta norma, Equipamento Conjugado de Proteção Individual é
definido como “todo aquele composto por vários dispositivos, que o fabricante tenha
associado contra um ou mais riscos que possam ocorrer simultaneamente e que sejam
suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”(BRASIL 2011).
Ou seja, equipamento fabricado para prevenção de mais de um risco concomitante,
como os capacetes com óculos acoplados, ou os capacetes com protetores auriculares.
A legislação determina que o empregador deve fornecer ao empregado os EPIs
necessários ao exercício das suas atividades profissionais em segurança. Conforme assevera o
Artigo 166 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (BRASIL 1943) e o item 6.3 da NR
6 (BRASIL 2001):
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os
riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;
5
AYRES, Denis de Oliveira e CORRÊA, José Aldo Peixoto. Manual de Prevenção de Acidentes do
Trabalho: Aspectos Técnicos e Legais. Atlas. São Paulo. 2001.
26
corporais), o uso das mãos (destros e canhotos), dificuldades de visão e os riscos reais durante
a execução da atividade (GONZAGA 2002). Os Equipamentos de Proteção Individual têm
utilização contínua durante todo o período de trabalho, por isso a Organização Internacional
do Trabalho - OIT6 (2001 apud Gonzaga 2002 p. 28) considera que:
6
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO / INTERNATIONAL ERGONOMICS ASSOCIATION.
Pontos de verificação ergonômica. Soluções práticas e de fácil aplicação para melhorar a segurança, a
saúde e as condições de trabalho. FUNDACENTRO. São Paulo. 2001.
27
validade, que pode ser de 5 (cinco) anos ou 2 (dois) conforme avaliação de qualidade do
Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (SISNMETRO) 7.
7
Instituído pela lei 5966 de 11 de dezembro de 1973, o SINMETRO é um sistema brasileiro, constituído por
entidades públicas e privadas, que exercem atividades relacionadas com metrologia, normalização, qualidade
industrial e certificação da conformidade. Disponível em < http://www.inmetro.gov.br/inmetro/sinmetro.asp >
acesso em: 20/11/2011.
28
nos ambientes de trabalho que devem ser considerados. Como é o caso dos riscos
ergonômicos contemplados pela NR 17 – Ergonomia (BRASIL 1978) que tem como objetivo
estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características
do trabalhador, de forma a lhe propiciar conforto, segurança e eficiência. De acordo com as
palavras de (FANTAZZINI e OSHIRO 2007 p. 19).
Anjos et. al. (2004) asseveram que o texto presente nas Normas Regulamentadoras é
de caráter basicamente legal, e nem sempre compreendem toda a complexidade técnica
necessária a uma avaliação detalhada e ampla dos riscos ocupacionais presentes no ambiente
de trabalho.
Os agentes físicos são as diversas formas de energia, perceptíveis pelos sentidos
humanos ou através de equipamento, e que podem causar agravos a saúde dos trabalhadores
que sofrem exposição (ANJOS et. al. 2004). Os agentes físicos presentes no ambiente de
trabalho estão diretamente atrelados ao processo produtivo (BREVIGLIERO et. al. 2004).
“Os agentes físicos são, em última análise, alguma forma de energia liberada pelas condições
dos processos e equipamentos a que será exposto o trabalhador” (FANTAZZINI e OSHIRO
2007 p. 19-20). Os agentes físicos encontrados no ambiente de trabalho são: ruído (contínuo,
intermitente, de impacto), vibrações, pressões atmosféricas anormais (hiperbáricas,
hipobáricas), temperaturas extremas (calor, frio), radiações ionizantes (particulada,
eletromagnética), radiações não ionizantes (radiofrequência, microondas, infravermelho,
laser, ultravioleta, visível), bem como o infra-som e o ultra-som (ANJOS et. al. 2004;
FANTAZZINI e OSHIRO 2007; BREVIGLIERO et. al. 2010).
Os agentes químicos são todas as substâncias puras, compostos ou produtos
(misturas) que podem entrar em contato com o organismo através de uma multiplicidade de
vias. Cada caso possui toxicologia específica, sendo também possível reuni-los em famílias
químicas, quando de importância toxicológica (hidrocarbonetos, etc.) (FANTAZZINI e
OSHIRO 2007). Estes agentes são gases, vapores e aerodispersoides na forma de poeiras,
fumos, névoas, neblinas, e de fibras (ANJOS et. al. 2004; BRASIL 2005; BREVIGLIERO et.
29
al. 2010). Essa classificação se dá mais em virtude de dimensão físico-química que por sua
característica individual (FANTAZZINI e OSHIRO 2007). É importante ressaltar que há
inúmeras substancias químicas no mundo e que continuamente são introduzidos novos
compostos químicos (ANJOS et. al. 2004).
Essas substâncias contaminantes podem manter-se em suspensão no ar provocando
alterações na saúde e até morte dos trabalhadores (BREVIGLIERO et. al. 2010). Os agentes
químicos podem ser absorvidos pelo organismo através da pele, das mucosas ou por via
respiratórias. Tradicionalmente a ‘via de ingresso’ respiratória é a de maior incidência
industrial, seguida pela via dérmica, No entanto, há uma multiplicidade de vias que podem
expor o trabalhador a agentes químicos (FANTAZZINI e OSHIRO 2007).
De acordo com Brevigliero et. al. (2010 p.51) a etapa de reconhecimento dos
agentes químicos é de grande importância, haja vista a dificuldade de avaliação de todos os
produtos presentes no ambiente de trabalho, “e quando isso ocorre deve-se utilizar medidas de
controle que dêem a garantia de que os trabalhadores não estejam expostos.”
Os agentes biológicos são os organismos vivos presentes no ambiente ocupacional
com exceção do próprio receptor (ANJOS et. al. 2004). Os agentes biológicos contaminantes
nos ambientes laborais são microorganismos como vírus, bactérias, protozoários, fungos,
artrópodes e derivados de animais e vegetais que provocam alergia (BREVIGLIERO et. al.
2010). Anjos et. al. (2004) incluem a esta categoria os animais peçonhentos de diversas
espécies (cobras, aranhas, escorpiões, rãs, peixes venenosos). Para estes autores os agentes
biológicos podem ser também o veículo portador de um agente nocivo, ou seja, o vetor de
contaminação. Brevigliero et. al. (2010) afirmam que o contato com objetos de pessoas
doentes, e pela permanência em ambientes fechados, bem como com acidentes com objetos
pontiagudos.
Como riscos ergonômicos, compreendemos qualquer condição ou a prática que traga
detrimento à produtividade e a boa qualidade ou que cause prejuízos ao conforto, segurança e
bem estar do trabalhador. (VIDAL 2001 p. 12). Os agentes ergonômicos estão relacionados à
execução das tarefas, sua organização e as relações de trabalho (BRASIL 2005). Entre essas
condições ou situações, estão compreendidos o esforço físico intenso, a postura inadequada, o
mobiliário inadequado, as atividades monótonas, as exaustivas jornadas de trabalho, e os
regimes de controle de produtividade, os ritmos excessivos, o trabalho em turnos e em
período noturno. Em qualquer ambiente de trabalho há a presença de riscos ergonômicos que
30
podem prejudicar a saúde dos trabalhadores. Por esse motivo, equipamentos, ferramentas,
mobiliário, e locais de trabalho devem ser adaptados tornando-os compatíveis com as
necessidades, habilidades e limitações humanas, a fim de proporcionar conforto e bem estar
aos trabalhadores.
Há também os riscos de acidentes que embora não sejam citados nas Normas
Regulamentadoras são mencionados na Portaria n.º 25, de 29 de dezembro de 1994 que torna
obrigatória a execução do Mapa de Riscos. Os riscos de acidentes são fatores que podem
prejudicar a integridade física dos trabalhadores. São considerados riscos de acidentes o
arranjo físico deficiente, as máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas
ou defeituosas, materiais sem especificação, iluminação inadequada, eletricidade,
probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento inadequado de materiais ou
equipamentos, animais peçonhentos. Enfim, qualquer situação que possa causar acidente.
Para que os riscos ocupacionais devem ser identificados e avaliados e controlados
devem ser aplicados recursos provenientes de diversas ciências e tecnologias (FANTAZZINI
e OSHIRO 2007). A junção desses recursos recebe o nome de Higiene Ocupacional. Para
Brevigliero et. al. (2010 p. 10) a Higiene Ocupacional é uma ciência:
Anjos et. al. (2004) acrescentam que a Higiene Ocupacional pretende melhorar as
condições do ambiente de trabalho. A Figura 1 elucida as etapas existentes no processo de
Higiene Ocupacional:
Segundo Sestrem Junior (2009) por não fazer parte do processo todos os acidentes
são evitáveis. Este pesquisador lembra que os Acidentes do Trabalho são um fator de aumento
33
de custo para a empresa, uma vez que provocam perdas de produtividade e qualidade, além
atingir negativamente sua imagem.
Ramos (2009) aponta que os Acidentes do Trabalho também trazem prejuízos no
aspecto humano, tornando suas vítimas incapazes parcial ou permanentemente, o que
prejudica a auto-estima do trabalhador acidentado que também tem sua renda reduzida
substancialmente. Outro aspecto relevante é a questão previdenciária, uma vez que ao Estado
cabe arcar com uma série de encargos referentes aos Acidentes do Trabalho, como auxílio
doença e aposentadoria por invalidez.
Em caso de ocorrência de acidente do trabalho é fundamental a realização de um
relatório minucioso em que conste a descrição do acidente, as circunstâncias e o local de sua
ocorrência, a lesão causada e, sobretudo, se o acidente foi ocorreu devido a alguma alteração
nas condições normais da atividade, ou se provocou qualquer alteração no ambiente de
trabalho. Sestrem Junior (2009) afirma que mesmo não havendo vítimas deve ser realizada a
investigação do acidente. Este pesquisador considera um grave erro o fato de só serem
investigados acidentes com vítimas, haja vista que qualquer acidente gera perdas para a
organização.
Anualmente, as elevadas taxas de acidentes e doenças registradas pelas estatísticas
oficiais expõem elevados custos e prejuízos humanos, sociais e econômicos que oneram o
país, considerando apenas o trabalho formal (BRASIL 2005). E infelizmente muitas
ocorrências de Acidente do Trabalho não são notificadas, no entanto este problema é mundial
e não apenas do brasileiro (ALMEIDA & BRANCO 2011). A tabela 1 apresenta a quantidade
de Acidentes do Trabalho ocorridos no Brasil nos últimos anos.
34
• Monitorar continuamente;
• Melhorar sempre.
realizado a partir da identificação dos riscos, requisitos legais e estabelecimento de metas para
a segurança e saúde no trabalho.
Implementação e operação tratam da viabilização dos recursos e condições
necessários para a adequada operação do SGSST. Para colocá-los em prática são exigidas a
definição das responsabilidades e autoridades e a identificação e provimento dos recursos
essenciais ao SGSST (HOFFMANN et. al. op. cit.).
Entre os recursos estão incluídos as competências necessárias do pessoal com
potencial de causar impactos na SST, a provisão de treinamentos necessários e
conscientização em relação às questões de SST. Aquino (2003) ressalta a importância da
empresa manter todos seus funcionários conscientes da importância dos procedimentos de
segurança, bem como sua consequência e importância para a política de SGSST.
A comunicação interna e externa é outro fator exigido, devendo ser estabelecido um
procedimento da sua promoção. A documentação deve conter a política, objetivos e escopo do
SGSST, bem como a descrição de seus elementos, ações, e documentos exigidos pela OHSAS
ou tidos como necessários pela organização (HOFFMANN et. al. 2010). Nas palavras de
Aquino (2003 p. 68):
O SGSST tem sua base fundamentada na metodologia PDCA (Plan. Do, Check, Act),
que atua em um ciclo de quatro fases, sendo a primeira de planejamento (plan), na segunda
fase é o desenvolvimento do plano (do), na fase seguinte é o ciclo de verificação (check), para
41
na quarta e ultima fase do ciclo ser aplicada a ação corretiva (act) (BARREIROS 2002;
HOFFMANN et. al. 2010; TAVARES 2010).
O implemento de um SGSST exige um criteriosos processo de planejamento e
estabelecimento de uma política de segurança e saúde no trabalho com respaldo da alta
administração da organização. é fundamental o comprometimento de todos os membros da
empresa, de todos os níveis hierárquicos e funções para que o sistema de gestão de SST possa
prosperar, para isso treinamento e conscientização dos trabalhadores é uma necessidade
prioritária. Todos os elementos que compõem o SGSST exigem um processo contínuo e
periódico de monitoramento e avaliação, com o objetivo de aperfeiçoamento, minimizando e
eliminado as não conformidades presentes no sistema, em uma ótica de melhoria contínua.
Dessa maneira a organização poderá tornar seu SGSST um programa consistente. Sempre
tendo em vista que estes elementos fazem parte de um processo flexível e contínuo do qual
não se deve descuidar.
42
4. ESPAÇOS CONFINADOS
Espaço confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana
continua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é
insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou
enriquecimento de oxigênio.
Qualquer área não projetada para ocupação contínua, a qual tem meios limitados de
entrada e saída e na qual a ventilação existente é insuficiente para remover
contaminantes perigosos e/ou deficiência/enriquecimento de oxigênio que possam
existir ou se desenvolver.
De acordo com a American National Standards Institute (ANSI 1989) citado por
Araújo (2006) Espaços Confinados são áreas fechadas com as seguintes características:
Classe A: São aqueles que apresentam situações que são imediatamente perigosos para
a vida ou a saúde. Incluem os espaços que tem deficiência em oxigênio ou contêm
explosivos, inflamáveis ou atmosferas tóxicas;
Classe B: Não apresentam ameaça/perigo para a vida ou a saúde, mas têm o potencial
para causar lesões ou doenças se medidas de proteção não forem usadas;
Classe C: São aqueles onde quaisquer riscos apresentados são insignificantes, não
requerendo procedimentos ou práticas especiais de trabalho.
definição. Como é o caso da empresa Petrobrás, que segundo sua Norma N 2637 (2002),
Espaço Confinado é todo espaço:
(...) espaço com dimensões e aberturas limitadas para entrada e saída, ventilação
natural desfavorável que pode conter ou produzir contaminantes de ar, pode conter
produto que possa envolver ou sufocar quem nele se introduzir, e que não é
recomendado para ocupação contínua de pessoas.
• Contém ou possui potencial para conter atmosfera perigosa (contaminada por vapores,
gases e/ou poeiras, inflamáveis, tóxicas e/ou explosivas, ou com deficiência ou
excesso de oxigênio);
• Contém material capaz de encobrir totalmente seus ocupantes, causando asfixia;
• Possui configuração interna capaz de aprisionar ou asfixiar seus ocupantes;
8
INTERNATIONAL Paper do Brasil. Ordem de Serviço de Higiene, Segurança e Medicina do Trabalho –
OSHSMT 200703. Trabalho em Espaços Confinados. Norma de Segurança Interna. 2007.
45
• Possui potencial para sérios danos à saúde e à integridade física de seus ocupantes, tais
como: choque elétrico, radiação, movimentação de equipamentos mecânicos internos
ou stress calórico.
Estes autores destacam ainda a presença de Espaços Confinados fora dos ambientes
industriais como trabalhos de perfuração de poços e outros ambientes fechados como porões,
valas de inspeção, dutos subterrâneos, espaços abertos com mais de 1,5 m de altura entre
outros (op. cit. 2010 p. 196). Os Espaços Confinados também podem ser caracterizados em
galerias subterrâneas de sistemas de esgoto, túneis, cisternas e caixas d’água.
Segundo McManus9 (1998) apud AMBRÓSIO e FERREIRA (2007) o termo Espaço
Confinado é tradicionalmente utilizado como referência a equipamentos específicos como
tanques, vasos, poços, silos entre outros, o que torna esta definição restritiva por não
contemplar uma série de instalações e equipamentos. Para este autor qualquer instalação ou
equipamento onde haja pessoas trabalhando podem ser ou tornar-se um Espaço Confinado.
Esta ideia é reforçada por Brevigliero et. al. (2010), estes autores asseveram que alguns locais
domésticos, como banheiros podem se transformar em ambientes confinados, em casos de
utilização de aquecimento a gás onde a tiragem de gases de combustão não é feita de
9
MCMANUS, Neil. Enciclopédia de Segurança e Saúde Ocupacional: Espaços Confinados. 4ª Edição.
International Labour Office, 1998. Vol. 2 – p. 58.1-58.82
46
corretamente, o mesmo pode acontecer com cozinhas, domésticas ou industriais. Estes autores
incluem também as garagens de subterrâneas de edifícios, por possuir poucos acessos, pouca
ventilação natural, e em muitos casos inexiste ventilação exaustora, o que possibilita a
contaminação por monóxido de carbono da descarga dos veículos.
A identificação e o reconhecimento dos Espaços Confinados são primordial
importância para resguardar a saúde e segurança dos trabalhadores (ARAUJO 2006;
SANTOS e BRITO 2008). Os Espaços Confinados são consideravelmente mais perigosos que
os postos de trabalho convencionais, alterações aparentemente pequenas nas condições
ambientais podem modificar rapidamente a situação nestes espaços de trabalho “de inócuos
para imediatamente perigosos colocando a vida em risco” (MCMANUS 1998 op. cit. apud
AMBROSIO e FERREIRA op. cit. p.9). Estas condições na visão de Ambrósio e Ferreira (op.
cit.) são transitórias e sutis, e consequentemente, difíceis de reconhecer e retificar. E, embora
não seja uma tarefa fácil a identificação e avaliação das condições ambientais dos Espaços
Confinados é requisito fundamental para a elaboração de um Plano de Gerenciamento de
Espaços Confinados dentro da organização.
MPAS, “as estatísticas no país são dispersas, pouco abrangentes, e carentes de informação
mais detalhada” (op. cit. 2007 p. 11). Para estes pesquisadores este cenário se reflete em
diversos temas da Segurança do Trabalho, entre eles os Espaços Confinados. Infelizmente
este panorama impossibilita apontar os números de acidentes do trabalho ocorridos em
Espaços Confinados, uma vez que a classificação de acidentes ocorre por atividade
econômica, e os trabalhos em ambientes confinados não se inserem em uma atividade
econômica especifica. Ao contrário, as atividades laborais exercidas em Espaços Confinados
ocorrem em diversos setores da indústria e serviços.
Escassos são os estudos sobre acidentes envolvendo Espaços Confinados no Brasil,
alguns pesquisadores realizam umas poucas ações voltadas para este tema. No entanto
frequentemente são noticiados acidentes graves ou fatais em ambientes classificados como
Espaços Confinados (STADIKOWSKI 2010).
Em sua Dissertação de Mestrado Araújo (2006) cita dois relatórios publicados por
OSHAS (Ocuppational Safety and Health Administration), no primeiro foram investigados
122 acidentes envolvendo Espaços Confinados entre 1974 e 1982 e a asfixia e a atmosfera
tóxica foram responsáveis por 173 óbitos, o segundo documento analisou acidentes entre
1974 e 1979, verificando que 50 ocorrências envolveram fogo e explosões e causaram 78
mortes. Esta pesquisadora também menciona um estudo realizado por NIOSH (National
Institute Occupational Safety and Health) contendo a análise de mais de 20.000 acidentes
num período de três anos, onde 276 acidentes ocorreram em Espaços Confinados resultando
em 234 óbitos e 193 feridos. Scardino10 (1996 apud ARAÚJO 2006) assevera que as
substâncias com potencial de alterar a atmosfera são responsáveis por aproximadamente 70%
dos acidentes em Espaços Confinados.
Em 2000 foi realizada pela FUNDACENTRO (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de
Segurança e Medicina do Trabalho) e pela ABS (Agência Brasil de Segurança) uma pesquisa
que inventariou 103 acidentes envolvendo Espaços Confinados. Este trabalho apresentou uma
descrição sucinta dos acidentes, e elencou 95 vítimas fatais e 1009 feridos (ARAUJO 2006;
KULCSAR 2000).
Brevigliero; Possebon e Spinelli (2010) apresentam estatísticas referentes a estudos
de NIOSH onde se pode constatar que atividades da indústria de mineração e petrolífera
10
SCARDINO, Paula. Riscos em Espaços Confinados. Revista proteger – Proteção Patrimonial e do
Trabalhador. Nº 10, p. 17-24. São Paulo. Dez 1996.
48
foram responsáveis pelo maior número de acidentes em Espaços Confinados nos estados
Unidos (Tabela 2), na mesma análise permite verificar as condições atmosféricas mais
recorrentes em óbitos ocorridos em ambientes confinados (Tabela 3), ainda na compilação de
Brevigliero et. al. (op. cit.) é possível perceber que nos acidentes em locais confinados com
vítimas em um percentual de 12% houve multiplicidade de vítimas (Tabela 4).
Tabela 2: Numero de acidentes em Espaços Confinados por atividade nos Estados Unidos.
Fonte: NIOSH (1994 apud BREVIGLIERO et. al. 2010).
As vítimas fatais dos acidentes em espaço confinado não se limitam apenas aos
trabalhadores que realizam atividades no seu interior, mas também aos técnicos,
supervisores e gerentes que apóiam e coordenam a execução das atividades.
11
ARAÚJO, Giovanni M. de. Normas Regulamentadoras Comentadas. GVC Editora, São Paulo, 2007. 1196
p., 6ª Ed., 2 Vols.
50
Confined space hazards may be broadly divided into two categories: atmospherics
hazards and physical hazards. Atmospheric hazards include oxygen-deficiency,
oxygen-enrichment, explosive gases and vapors, and “toxic” air contaminants.
Physical hazards, on the other hand, include such things as moving mechanical
equipment, energized electrical equipment, energized electrical conductors, ionizing
52
and non ionizing radiation, heat, cold, in-flowing fluids, and finely divided solids
like grain or saw dust that can engulf and trap a victim. Even gravity can be a hazard
if tools and equipment fall though an elevated opening onto the heads of workers
below (Rekus 1994 apud KRZYZANIAK 2010 p. 20)12.
12
"Riscos em Espaços Confinados podem ser divididos em duas categorias: riscos atmosféricos
e riscos físicos. Riscos atmosféricos incluem deficiência e enriquecimento de oxigênio, gases explosivos e
vapores tóxicos, contaminantes do ar. Riscos físicos, por outro lado, incluem coisas como equipamentos
mecânicos em movimento, equipamentos eléctricos sob tensão, condutores elétricos energizados, radiações
ionizantes e não ionizantes, calor, frio, fluxo de fluidos, e os sólidos finamente divididos como poeiras ou grãos
que podem engolfar e prender uma vítima. Mesmo a gravidade pode ser um perigo se ferramentas e
equipamentos cairem de uma altura elevada sobre as cabeças dos trabalhadores abaixo" (tradução nossa).
53
Brevigliero et. al. (2010) asseveram que em condições normais o teor de oxigênio no
ar é de 21%, contudo a recomendação em ambientes de trabalho é compreendida entre 19, 5%
e 23,5%. Segundo estes autores a adoção do limite de 19,5% se dá devido ao elevado
consumo de oxigênio durante a realização de tarefas mais difíceis. A Tabela 6 apresenta os
efeitos causados à saúde pela deficiência de oxigênio.
55
também produzem atmosferas tóxicas em locais confinados. Campos (2011) aponta dois
parâmetros importantes em relação às substâncias químicas: Limite de Tolerância (LT)13 e
Imediatamente Perigosa a Vida ou a Saúde (IPVS). A Tabela 7 apresenta algumas das
substâncias mais comuns de serem encontradas em Espaços Confinados.
Tabela 7: Parâmetros importantes para substâncias químicas mais comuns em Espaços Confinados.
Adaptado de: Brevigliero et. al. (2010); Campos (2011); 3M do Brasil.
13
Limite de Tolerância (LT) ou Thresold Limit Values (TLV) é concentração ou intensidade máxima ou mínima,
relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador,
durante a sua vida laboral. (NR 15 – Atividade e Operações Insalubres, BRASIL 1978).
14
A Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) é um documento contendo informações
de diversos aspectos dos produtos químicos. Cabe aos fornecedores de produtos químicos repassarem aos
clientes a FISPQ de cara produto comercializado. Este documento possui normalização prevista na NBR-ABNT
14.725 (2009).
57
asseio, estado de saúde, doenças anteriores, etc.); ambientais (meio ambiente, substâncias
químicas adicionais presentes, temperatura, pressão atmosférica, umidade). As Tabelas 8 e 9
apresentam os sintomas e efeitos da exposição ocupacional a algumas substâncias químicas
comuns em Espaços Confinados.
Atmosferas inflamáveis podem surgir devido aos níveis de oxigênio, ou dos gases,
vapores ou poeiras inflamáveis presentes na composição atmosférica do Espaço Confinado.
Muitas substâncias encontradas em Espaços Confinados são inflamáveis ou explosivas, gases,
vapores e poeiras são inflamáveis e podem explodir em caso de ignição (MAHLE 2008).
Cada substância química possui limites de explosividade, o que somado a uma atmosfera rica
em oxigênio pode causar combustão (ARAUJO 2006). De acordo com Campos (2011), para
que ocorra fogo deve haver três elementos: combustível, oxigênio e calor.
O combustível são as substâncias químicas presentes no ambientes confinados. Em
relação a essas substâncias devemos observar alguns parâmetros importantes. São eles o ponto
de fulgor, o limite inferior de explosividade, o limite superior de explosividade, a densidade
do vapor e a temperatura de auto-ignição.
O Ponto de Fulgor (Flash Point), que é a “temperatura mínima na qual o líquido
produz vapores em quantidade suficiente para formar uma mistura inflamável”
(BREVIGLIERO et. al. 2010 p. 190).
O Limite Inferior de Explosividade – LIE (Lower Explosive Limit – LEL) é a mínima
concentração em volume na qual a mistura se torna inflamável (ABNT 2001; AZEVEDO e
OLIVEIRA 2009; BREVIGLIERO et. al. 2010; CAMPOS 2011). Gases, vapores e névoas
explosivas que excedam em 10% o Limite Inferior de Explosividade (LIE) e poeiras
explosivas em concentração que exceda seu LIE acarretam risco de explosão (ABNT 2001;
ARAUJO 2006; BONFIM e BRITO 2006).
O Limite Superior de Explosividade – LSE (Upper Explosive Limit – UEL) é “a
máxima concentração em volume na mistura, abaixo da qual ela pode se inflamar” (CAMPOS
2011 p. 291). O LSE ocorre quando alta concentração de gases e vapores e a baixa quantidade
de oxigênio presentes na mistura impossibilitam uma eventual ignição (ARAUJO 2006). A
densidade do vapor é em relação ao ar, apenas vapores de hidrogênio, metano, acetileno, e
etileno têm a densidade de vapor menor que o ar, ao passo que todos os outros vapores são
mais pesados que o ar (BREVIGLIERO et. al. 2010). A Figura 4 representa graficamente os
limites Inferior e Superior de Explosividade.
59
PROCESSOS SUB-PROCESSOS
Detecção de gases
Ventilação
Movimentação Vertical e Horizontal
Área Classificada
Prevenção
Proteção Respiratória
Equipamentos de Comunicação
Combate a Incêndio
Emergência e Salvamento
Elaborar e Implantar Procedimento de Espaço Confinado
Elaborar e Implantar Procedimento de Proteção Respiratória
Administrativo Cadastro de Espaços Confinados
Capacitação (Competência)
Autorização de Trabalhos
Riscos Psicossociais
Pessoal Exames Médicos
Atestado de Saúde Ocupacional
Promoção de Saúde
Tabela 11: Procedimentos para Gestão de Segurança em Espaços Confinados conforme a NR 33.
Fonte: Campos (2007).
Estes controles apresentados por Campos (2011) de maneira bastante direta são de
fundamental importância para que o Programa de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho
em Espaços Confinados seja eficiente. Para Campos (2007) o planejamento da Gestão de
Segurança e Saúde requer uma identificação dos perigos, avaliação e controle dos riscos.
Segundo Araújo (2006) os elementos que devem ser abordados em um programa
para Espaços Confinados são identificação de riscos, sistema de permissão de entrada,
equipamentos especializados, autorização de empregados, teste e monitoramento, controle de
contratados, procedimentos de emergência, informação e treinamento e revisão do programa.
A ABNT (2001) considera como requisitos para a implantação de um Programa de
Gestão de Segurança e Saúde em Espaços Confinados: o implemento de procedimento de
Permissão de Entrada documentado e arquivado, adoção de medidas necessárias para impedir
entrada de pessoal não autorizado; identificação e avaliação riscos do Espaço Confinado antes
da entrada; realizar de treinamentos e exames médicos periódicos junto aos trabalhadores
envolvidos; manter documentada as responsabilidades e atribuições dos funcionários
envolvidos; implantar serviço de emergência e resgate com equipe treinada e equipamentos
em perfeitas condições de uso; e desenvolver e implementar práticas e procedimentos
necessários para a operação de entrada segura em Espaços Confinados. Os controles
operacionais podem ser identificados a partir da elaboração de estudo de riscos previamente
realizados, e possuem a capacidade de evitar ou minimizar a ocorrência de acidentes em
Espaços Confinados (KRZYZANIAK 2010).
65
• Perigos: todo evento acidental com potencial para causar danos às pessoas, instalações
ou meio ambiente;
• Causas: fatores responsáveis pelo perigo podendo envolver tanto falhas de
equipamentos quanto falhas humanas;
• Consequências: são os efeitos dos acidentes;
• Frequência: período de possível repetição da ocorrência. Dividida em cinco
categorias (extremamente remota; remota; improvável; provável; frequente;)
• Severidade: está relacionada às consequências dos riscos, dividida em quatro
categorias (desprezível; marginal; crítica; catastrófica;);
• Risco: possui três categorias de classificação a partir das quais será determinada a
elaboração de estudos mais aprofundados (NC – não critico; M – moderado; C –
critico;)
• Recomendações: são as propostas de caráter preventivo e/ou mitigador dos riscos
verificados.
Para cada perigo identificado, deve ser realizado o comparativo das categorias de
frequência de ocorrência (F) e de severidade das consequências (S), e a categoria de risco (R)
correspondente. Ao término desta etapa é possível montar a matriz de riscos (MARTINS e
NATACCI 2011). Depois de elaborada a matriz de riscos será possível identificar quais os
riscos que devem passar por investigações mais aprofundadas a fim de introduzir melhorias ao
processo. É importante a realização do Brainstorming15 entre os membros da equipe durante
cada etapa do processo visando discutir e propor as medidas mais adequadas para eliminar
e/ou controlar cada risco (ALBERTON 1996; MARTINS e NATASSI 2011; SESTREM
2009). Entre as vantagens da utilização da APR está sua abrangência, conforme Sestrem
(2009) esta técnica é capaz de informar as “causas que ocasionaram a ocorrência de cada um
dos eventos e as suas respectivas consequências, obtenção de uma avaliação qualitativa da
severidade das consequências e frequência de ocorrência’. Contudo deve-se salientar que a
15
Brainstorming é um termo que literalmente significa tempestade de ideias. São reuniões de grupo com
objetivo de atingir certo nível de compreensão sobre determinado assunto e chegar a um denominador comum.
67
APR é uma técnica que muitas vezes deve ser complementada por outras técnicas mais
detalhadas e apuradas (ALBERTON 1996).
5.2. Documentação
entrada que documenta a conformidade das condições locais e autoriza a entrada em cada
espaço confinado” (ABNT 2001 p. 6). Nenhuma entrada deverá ser autorizada sem liberação
mediante Permissão de Entrada e Trabalho. Nela devem ser registrados, os procedimentos
adotados, os riscos existentes e as medidas de controle, a formas de comunicação, os planos
de emergência e resgate em caso de acidentes. A Permissão de Entrada e Trabalho tem
validade apenas para uma entrada no ambiente confinado, se por algum motivo for
determinada a paralisação do trabalho deverá ser emitida outra permissão com todas as
medidas tomadas para garantir a segurança no ambiente. É de importante a realização da
descriminação das diversas atividades realizadas no interior dos Espaços Confinados, como
solda, inspeção, manutenção, limpeza, etc. A NR 33 (BRASIL 2006) determina a PET seja
emitida em três vias e permaneça arquivado por prazo de cinco anos. Cabe a empresa
acondicioná-la em perfeitas condição para eventuais consultas ou fiscalizações.
5.5. Ventilação
p. 29). Todo o ambiente deve ser mantido ventilado durante a realização do trabalho, e um
sistema de ventilação adequado deve ser instalado (NUNES 2011). A NR 33 (BRASIL 2006)
determina que a ventilação em Espaço Confinado não deve ser realizada com oxigênio puro.
A utilização do oxigênio puro eleva o risco de incêndio ou explosão (KULCSAR et. al. 2009;
NUNES 2011). A escolha do método de ventilação deverá ser realizada a partir da análise do
ambiente, podendo ser realizada a ventilação e em certos casos a exaustão que captura e
elimina os contaminantes presentes no ambiente confinados (SANTOS e BRITO 2008).
Brevigliero et. al. (2010) considera a ventilação geral ou diluidora eficiente para sobrecarga
térmica, contudo ineficiente para remoção de contaminantes por diluí-los no ambiente antes
de removê-los do ambiente. Estes autores consideram a ventilação local exaustora eficiente
na remoção dos contaminantes atmosféricos, pois retira os agentes nocivos do ambiente sem
espalhá-los no ambiente. O sistema de ventilação deve incluir o tratamento dos
contaminantes, que pode ser uma simples retenção em malha de filtros manga, precipitador
eletrostático, lavador de gases, ou retenção por absorvente sólido (carvão ativado, sílica-gel,
etc.) (BREVIGLIERO et.al. op. cit.). A Figura 8 apresenta a utilização de sistema de
ventilação em um Espaço Confinado.
5.6. Climatização
Figura 10: Duto de insulflamento visto pela parte exterior do Espaço Confinado.
Fonte: Ambrosio e Ferreira (2007).
O que diz respeito ao controle de acesso aos Espaços Confinados deve-se observar
que além do impedir a entrada de pessoas não autorizadas é necessário controlar a entrada e
saída dos trabalhadores autorizados. Essa medida preconiza assegurar que todos os
trabalhadores deixem o local confinado ao término do trabalho, uma vez que ao final da
atividade realizada o Espaço Confinado será novamente fechado e colocado em
funcionamento. Para controlar o acesso dos trabalhadores autorizados de forma eficiente e de
custo insignificante é interessante a aplicação do porta crachá junto à abertura do local
confinado onde está sendo realizada a entrada. Este instrumento é citado por Ambrosio e
Ferreira (2007) em sua monografia sobre a aplicação da NR 33 na indústria petrolífera. O
porta crachá é um quadro onde os trabalhadores autorizados prendem os seus crachás, antes
da entrada, o que facilita o controle dos trabalhadores que estão no interior do equipamento.
Este método permite a verificação rápida de quantos e quais trabalhadores estão realizando
atividades simultâneas e se todos receberam o treinamento adequado. A Figura 13 apresenta o
porta crachá sendo utilizado.
79
5.9. Iluminação
5.14. Treinamentos
5.15.3. Vigia
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
segurança, sob pena de provocar sérios acidentes. Ressaltando que em locais confinados, os
acidentes podem ser fatais. A partir da identificação dos riscos presentes no ambiente
confinados identificados através de técnica de Análise Preliminar de Riscos cabe aos
responsáveis técnicos planejar e implementar medidas necessárias para garantir a segurança e
saúde dos trabalhadores. Desenvolvendo e definindo a metodologia mais adequada para a
identificação e avaliação de Espaços Confinados. A realização de entrada e permanência
seguras no Espaço Confinado depende dessas medidas. Os controles de riscos são
fundamentais para o Programa de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços
Confinados, estas medidas serão responsáveis pela preservação da vida dos trabalhadores que
adentram os ambientes enclausurados. Em nossa pesquisa procuramos discorrer de forma
sucinta, porém atenciosa, sobre cada controle de riscos e medida de segurança necessária para
a realização segura de qualquer atividade que envolva trabalho confinado.
É fundamental que após a implementação do programa de Espaços Confinados, este
seja revisado periodicamente e aperfeiçoado com intuito de mantê-lo sempre atualizado para
que atenda as necessidades da organização em matéria de segurança em ambientes
confinados. E possibilite preservar de maneira eficiente a segurança e a saúde dos
trabalhadores.
A segurança dos trabalhadores, sobretudo quando se realiza atividades em condições
de elevado grau de risco, nunca deve se postergada.
89
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97
ANEXOS
98
AUTOR
NOME RG ASSINATURA
CIÊNCIA DO ORIENTADOR
NOME ASSINATURA DATA
Professor Especialista
Mateus Hashimoto de Almeida