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Ficha informativa

A FLOR

Introdução:
A ideia de que a flor não tem por objectivo a beleza em si e o deleite
do nosso espírito, mas sim o desempenho de uma função muito concreta
dentro da vida vegetal pode, talvez, decepcionar, algumas das pessoas mais
sonhadoras.
A coroa floral atrai os insectos polinizadores que permitem que o
polén se desloque dos estames de uma flor, até ao gineceu doutra,
estabelecendo assim o contacto dos gâmetas das plantas e assegurando
desse modo a propagação das espécies.

O que são afinal as flores, o que representam na planta?


Podemos dizer que as flores são os orgãos sexuais das plantas.

Comecemos agora por iniciar o estudo da flor das Angiospérmicas.

Evolução

É evidente que a flor actual das Angiospérmicas é o resultado duma


evolução no tempo geológico, onde o conhecimento das etapas principais
dessa evolução permitir-nos-ia uma interpretação aceitável da organização
floral. Infelizmente, os arquivos paleontológicos não nos trouxeram até hoje,
nenhum documento que nos permita fazer tal interpretação. A flor primitiva, o
estado “pré-Angiospérmico” é praticamente desconhecido e as teorias
relativas à natureza da flor não são mais do que hipóteses às quais falta a
prova essencial a toda a explicação evolutiva; a “prova” paleontológica.
Porém a grande maioria dos botânicos, considera a flor como um ramo
modificado e as suas partes constituintes homólogas das folhas.
Apresentação

A análise de uma flor completa, de organização simples, servirá para


apresentar a constituição fundamental da flor de uma Angiospérmica.

Constituição da flor completa:

Peças de suporte - Pé ou pedúnculo;


- Receptáculo (sobre o qual se dispõem as peças
florais)

Peças de protecção - Sépalas (cálice)


- Pétalas (corola)
Peças de reprodução - Estames (androceu)
- Carpelos (gineceu)

Principais variações da organização floral.

Acontece que nem todas as flores são completas como a que se


acabou de descrever. Umas não têm corola, chamam-se apétalas ( ulmeiro),
outras não possuem cálice, são as assépalas. Quando não têm cálice nem
corola chamam-ser nuas.
Contrariamente às flores hermafroditas que contém ao mesmo tempo
estames e carpelo, as flores unissexuais possuem só um sexo. Estéril é a flor
a que faltam as peças de reprodução, são muito raras e a maioria está
sempre associada, numa planta, a flores sexuadas.

Classificação da flor quanto à inserção das peças florais.

A inserção das peças florais pode ser feita de três maneiras


diferentes:
1 - os elementos florais podem dispor-se em círculo e a flor será
cíclica.
2 - os elementos podem dispor-se de uma maneira helicoidal em torno
de um eixo da flor, será uma flor acíclica.
3 - se os elementos florais se disposerem simultaneamente de uma
forma ciclica e helicoidal teremos a flor hemicíclica.

Classificação da flor quanto à simetria.

Dizemos que uma flor é regular ou actinomorfa quando as diversas


peças florais, em particular as peças do perianto, estão regularmente
dispostas em torno dum eixo. Uma flor diz-se irregular ou zigomorfa quando
as peças do perianto, em particular as pétalas, não são todas iguais e estão
dispostas dum e doutro lado dum plano de simetria.

Os agrupamentos de flores ou inflorescências.

Nalgumas Angiospérmicas, numa tulipa por exemplo, a flor é unica,


mas a maior parte do tempo, uma planta possui várias flores, por vezes
numerosas.
As flores múltiplas podem estar dispersas no aparelho vegetativo -
são as flores solitárias; muitas vezes elas estão agrupadas em locais bem
defenidos, bem individualizados que são as inflorescências.
As inflorescências parecem muito variadas mas podem resumir-se a
dois tipos fundamentais, tendo-se em conta o comportamento do meristema
terminal do eixo principal da inflorescência, no decorrer do seu crescimento:
1 - inflorescências indefenidas ou racimosas - são constituidas por
um eixo principal, com crescimento terminal, estando as flores dispostas
lateralmente.
2 - inflorescências defenidas ou cimeiras - são constituidas por um
eixo principal que termina numa flor, verificando-se o desenvolvimento dos
ramos laterais, também com flores terminais.
Inflorescências simples:

A - racimosas
Cacho - quando as flores têm pedúnculo;
Espiga - “ “ não têm pedúnculo;
Corimbo - os pedúnculos florais têm comprimentos variáveis, o que faz com
que todas as flores estejam situadas aproximadamente ao mesmo nível;
Umbela - os pedúnculos florais estão todos inseridos ao mesmo nível (dum
verticilo ou involucro de brácteas);
Capítulo - as flores estão fixas sobre um receptáculo (inflorescencial
alargado, geralmente rodeado de bracteas).

B - cimeiras
cimeira bipar - dicénio - debaixo de uma flor terminal, aparecem,na base de
duas bracteas opostas, duas flores de 2ª ordem;
cimeira unipar - sobre uma flor terminal, aparece, na base de uma bráctea,
uma só flor de 2ª ordem:
- ripídeo
- helicóide
- escorpóide

Inflorescências compostas:
O eixo principal da inflorescência suporta não flores, mas sim
inflorescências secundárias. Estas últimas podem ser do mesmo tipo da
inflorescência principal (inflorescências compostas homogéneas) ou de tipo
diferente ( inflorescências compostas mistas).

Estudo morfológico e estrutural da flor


1 - Pé ou pedúnculo
2 - Receptáculo - é o orgão da flor sobre o qual se dispõem as peças florais.
3A - Cálice - é constitudo pelas sépalas , normalmente de côr
verde.Frequentemente é pentâmero ou tetramero. Se as sépalas se
apresentam livres o cálice diz-se dialissépalo se pelo contrário estão
ligadas chama-se sinsépalo.
3B - Corola - é formada por pétalas. Estas distinguem-se das sépalas pelas
suas cores vistosas e vivas, que vão constituir um atractivo para os insectos
polinizadores. Geralmente as corolas são pentâmeras ou tetrâmeras, sendo
o primeiro caso mais frequente.
Uma pétala é formada por uma parte estreita - a unha e outra mais
larga - o limbo. Tal como as sépalas, as pétalas podem ser livres - corola
dialipétala - ou ligadas - corola simpétala.
Se as flores são incompletas o perianto é constituido apenas por um
invólucro simples. Quando a flor tem cálice e corola, o perianto diz-se duplo.
Se as duas peças do perianto são bem distintas - perianto diferenciado, se
são indistintas não sendo possível pela cor as pétalas das sépalas, o
perianto diz-se indiferenciado. Neste caso as peças do perianto
denominam-se tépalas. Se estas se assemelham às pétalas o perianto é
petalóide, se se assemelham às sépalas será sepalóide.

Estrutura:
Na estrutura interna tanto as sépalas como as pétalas lembram folhas.
Apresentam parênquima fundamental, sistema vascular e epiderme.
As sépalas são constituidas por um parênquima homogéneo,
vascularizado, revestido por uma epiderme estomática que pode apresentar
tricomas. As pétalas apresentam uma organização id~entica, mas as células
do seu par~enquima são desprovidas de cloroplastos. A sua cor provém de
pigmentos inclusos em cromoplastos (carotenóides) e no suco celular
( autocianinas). O cheiro característico das flores provém da presença nas
células da epiderme das pétalas de óleos voláteis.

4 - Androceu é o conjunto dos estames. Cada estame é formado por um


filête e por uma antera , a antera é onde se formam os grãos de polen. O
conectivo é a região de ligação do filete à antera. A antera é constituida por
dois lobos ( tecas ) situados dum e doutro lado do conectivo.

Existe uma grande variedade de estames, quanto ao número,


aspecto, tamanho relativo e disposição.
Se o nº de estames é maior de 10 dizem-se indefenidos.
Se o nº de estames é inferior a 10 dizem-se defenidos.
Exemplos:
Estames monadelfos - estames soldados.
Estames diadelfos - 2 feixes. Dos 10 estames, 9 estão soldados entre
si, ficando 1 livre.
Estames ramificados em que a antera possui as duas metades
simétricas em relação ao conectivo.
Etc…

Estrutura:
A estrutura do filête é relativamente simples. Apresenta de fora para
dentro, a epiderme, parênquima e o feixe condutor que se prolonga para a
antera. A epiderme pode ter tricomas e geralmente é cutinizada. Tanto a
antera como o filête podem apresentar estomas.
A antera possui uma parte central estéril - o conectivo - e duas partes
marginais, as tecas, cada uma das quais possuiu dois sacos polínicos.
Uma secção transversal de uma antera jovem apresenta a parede e o
saco polínico.
A parede compõe-se de fora para dentro:
- epiderme, cuja função é de protecção;
- camada fibrosa ou endotélio, cujas células mecânicas, em forma de
barril apresentam espessamentos em U. Esta camada é muito importante,
porque a desidratação das células do endotélio faz com que a parede da
antera rebente segundo as linhas de menor resistência, as quais, podem ter
localização diversa, dando assim origem a vários tipos de deiscência:
longitudinal, poricida e valvar;
- estrato intermédio, não tem grande significado e geralmente são
esmegadas e destruidas durante o desenvolvimento dos sacos polínicos;
- tapete, que é constituido por células ricas em plasma e fornece
substãncias nutritivas aos grãos de polén. As células do tapete são
frequentemente multifacetadas;
No interior dos sacos polínicos encontram-se as células - mães dos
grãos de polén, cada uma das quais sofre meiose e dá lugar a quatro grãos
de polén.
Os grãos de polén têm em geral, a forma esférica ou elipsoidal e
estão protegidos por uma parede muito complexa, constituida por duas
partes:
- uma interna , a intina, constituida essencialmente por celulose e
compostos pécticos e elástica;
- uma externa, a exina, igualmente constituida por compostos
pécticos e por celulose, mas muito cutinizada; que confere ao grão de polén
grande resistência à putrefação.

5 - Gineceu - é o orgão feminino da flor e é constitudo por um ou vários


carpelos, podendo, neste caso os diferentes carpelos serem livres ou
estarem mais ou menos ligados. Cada carpelo (ou conjunto de carpelos)
forma uma cavidade fechada, o ovário, encimado por um estilete, o qual
termina por uma superfície alargada, o estigma, morfologica e
fisiologicamente apto a receber e provocar a germinação dos grãos de polén.
No interior do ovário encontram-se os óvulos que, ao contrário do que
acontece nas Gimnospérmicas, estão encerrados.
A forma do gineceu pode ser muito variada:
- gineceu simples;
- o estilete bipartido e cada um termina por um estigma;
- o estilete é curto, grosso, tripartido, terminado por 3 estigmas;
- gineceu típico das Euforbiaceae, o ovário termina na parte apical por
diversos estigmas que encimam os numerosos ramos em que o estilete curto
se divide.
- gineceu com estigmas sésseis;
Se o gineceu é constituido por um único carpelo chama-se
unicarpelar. Se pelo contrário é constituido por vários carpelos chama-se,
pluricarpelar. Neste último caso, se os carpelos se encontrarem unidos, é
sincárpico, se estiverem separados denomina-se apocárpico.
Se no gineceu sincárpico os carpelos estão fechados diz-se
plurilocular se estão abertos diz-se unilocular.
Se o ovário ocupa uma posição superior em relação aos outros
elementos florais, diz-se ovário e a flor será hipogínea. Se o ovário fica
abaixo das restantes peças florais, diz-se ínfero e a flor será epigínea. Se
ocupa uma posição intermédia, será ovário médio e a flor perigínea.
Dá-se o nome de placenta à região do ovário onde se inserem os
óvulos e placentação ao modo como estes se inserem e consequente
disposição. Tendo em conta a origem da placenta podem considerar-se dois
tipos fundamentais de placentação:
- placentação basilar, corresponde aos casos em que os óvulos
aparecem inseridos no receptáculo floral;
- placentação foliar, quando os óvulos estão inseridos na lâmina
carpelar e podem distinguir-se 3 modalidades conforme o local onde se
inserem os óvulos:
a) - placentação marginal, quando os óvulos estão inseridos
na margem da folha carpelar;
b) - placentação laminar, quando os óvulos aparecem
inseridos por toda a superfície interna da cavidade ovárica;
c) - placentação axial, quando os óvulos estão inseridos na
nervura média de cada folha carpelar.

Estrutura:
Sob o ponto de vista anatómico, um carpelo é idêntico a uma folha,
apresentando um feixe condutor dorsal e dois feixes ventrais ou laterais.
O estigma é constituido por um tecido glandular secretor de
substâncias que criam um meio adequado à germinação dos grãos de pólen.

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