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As Exportação Brasileiras de Frutas PDF
As Exportação Brasileiras de Frutas PDF
jmcarvalho59@hotmail.com
Resumo
O Brasil atualmente é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, que consegue suprir quase
integralmente o mercado interno. Isto permite que seja importando apenas uma pequena
quantidade de outros países, principalmente frutas de clima temperado. No entanto, o país tem
exportado muito pouco, sendo o 15º no ranking das exportações mundiais de frutas. As
exportações têm a vantagem de abrir um mercado novo aos produtores, um mercado com um
nível mais elevado de remuneração, que pode demandar grandes quantidades de produtos. A
internacionalização de empresas pode trazer inovações organizacionais e tecnológicas a fim de
atender aos requisitos do mercado internacional. As exportações podem também levar a um
desenvolvimento regional, através do aumento da demanda por mão-de-obra e do
desenvolvimento tecnológico. O principal objetivo deste trabalho é caracterizar o setor
exportador de frutas nacional, observando seu potencial para o aumento da exportação. Foram
levantadas estatísticas do setor com a caracterização das frutas mais exportadas, ou seja, uva,
melão e manga, além das certificações e barreiras internacionais encontradas pelos exportadores
de frutas. As frutas, diferentemente de outros produtos agrícolas muito exportados, são altamente
perecíveis, e por este motivo, os produtores e exportadores precisam utilizar técnicas sofisticadas
para garantir a qualidade do fruto no consumidor final, isto com o mínimo de perdas possível. A
gestão da qualidade é empregada por ser um instrumento efetivo na redução do desperdício na
exportação de frutas e a certificação é uma das ferramentas disponíveis para isso, auxiliando
também no acesso aos mercados estrangeiros.
Abstract
Brazil is currently the third main fruit producer in the world, its internal market is supplied
mainly Brazilian production. The country imports, mainly temperate fruits, a small volume when
compared with internal consumption. Regarding fruit exports, Brazil occupies only the 15o
position in the ranking of the main exporters. The exports have the potential of opening new
markets that are capable of paying higher prices and absorbing elevated volumes of fruit. By
internationalizing its operations, a organization will access new technologies and new
organizational capabilities. The main objective of this paper is to characterize the Brazilian fruit
export sector and to point out the possibilities that are open to ship abroad more fruits. It was
possible to use secondary data in order to identify the most exported fruit, which are: grapes,
melon and mango. Secondary data also revealed the necessary certification and the commercial
barriers encountered by fruit exporters. Interviews conducted in Brazil disclosed that fruit
1
exporters are capable of actively using concepts of quality management in order to sustain their
export activities.
1. Introdução
2. Problematização e Justificativa
2
Os mercados internacionais têm um padrão de consumo muitas vezes bem diferentes dos
padrões brasileiros Cada mercado destino tem suas especificidades, por isto atender estes
mercados não é uma tarefa simples.
O Brasil deve se atentar mais para as oportunidades internacionais e aproveitar seu grande
potencial produtivo para incentivar o aumento das suas exportações, trazendo mais divisas para o
país, desenvolvendo regiões e criando oportunidades de negócios para os fruticultores.
É importante ter uma idéia mais precisa sobre o cenário atual de produção e exportação de
frutas pelo Brasil, como também identificar algumas das barreiras às atividades de exportação de
frutas. O enfoque será feito na gestão de qualidade e na aderência aos requisitos para à
certificação à fim de atingir um mercado altamente exigente como o mercado do Reino Unido.
3. Objetivos
4. Métodos
5. Revisão de literatura
3
produtor de pêssegos, tanto para consumo in natura quanto para processamento (MARODIN &
SARTORI, 2000).
O Sudeste permite a coexistência de muitas frutas sobressaindo-se às laranjas para a
industrialização. A região sudeste se destaca como a maior produtora de frutas, graças a grande
produção de laranja no estado de São Paulo.
Ainda no Sudeste, cabe destacar o crescimento da produção e exportações de frutas no
Espírito Santo. O aumento da demanda externa foi um dos fatores que levaram o Espírito Santo a
ampliar em 30% sua fruticultura nos últimos anos, sua principal produção é de mamão papaya,
entre várias outras (ANDA, 2008).
O investimento em sistemas de irrigação trouxe o aumento da produção de frutas no
nordeste, em regiões do semi-árido, tornando possível a produção diversas frutas durante o ano
todo, com destaque para a produção de melão, manga e uva. Acredita-se que a região Nordeste,
mais especificamente o Rio Grande do Norte e o Ceará, tem grande potencial para aumentar a
produção frutícola, em função da logística, que se transformou em vantagem competitiva nesses
estados (ANUÁRIO, 2008). A região produz frutas tropicais, subtropicais e mesmo frutas
temperadas, onde se substitui a dormência pelo frio pela dormência pela seca.
No centro oeste, os produtores vêm investindo na fruticultura com a produção de abacaxi
e maracujá. Os frutos das espécies nativas do cerrado oferecem um elevado valor nutricional,
além de atrativos sensoriais como, cor, sabor e aroma peculiares e intensos, ainda pouco
explorados comercialmente (AGOSTINI-COSTA E VIEIRA, 2005). Algumas frutas típicas do
cerrado, hoje só são obtidas por meio de extração da natureza.
No Norte o clima tropical úmido permite o desenvolvimento de uma fruticultura exótica e
peculiar, com tipos de frutas muitas delas ainda não bem conhecidas e pouco consumidas. A
região norte tem como destaque o açaí, além de diversas outras frutas exóticas.
A fruticultura demanda mão-de-obra intensiva e qualificada, fixando o homem no campo
de forma única, pois permite uma vida digna de uma família dentro de pequenas propriedades e
também nos grandes projetos. É possível alcançar um faturamento bruto de R$ 1.000 a R$ 20.000
por hectare. Além disso, para cada 10.000 dólares investidos em fruticultura, geram-se 3
empregos diretos permanentes e dois empregos indiretos. O valor bruto da produção de frutas
atingiu em 2006 cerca de 16,3 bilhões de reais, 16,5% do valor da produção agrícola brasileira
(BRAZILIAN FRUIT, 2008).
Na tabela 01 , que mostra a produção nacional das principais frutas, podemos ver que a
principal fruta produzida ainda é laranja, que em grande parte é utilizada para produção de suco
para a exportação. Em segundo lugar está a banana, fruta de grande consumo natural e na maior
parte in natura. Em terceiro lugar, aparece a uva, englobando tanto as uvas para consumi direto
como as uvas utilizadas na produção de vinhos.
4
Abacate 154.096 66.143
Fonte: IBGE, 2008.
5
Tabela 3 - Exportações do Agronegócio por Setores: 2001-2007 (em US$ milhões)
Exportações (US$ milhões) Variação %
Produtos 2001 2003 2005 2007 2007-2001 anual
Complexo soja 5291 8122 9474 11381 115,1 13,6
Carnes 2926 4189 8194 11295 286 25,2
Produtos florestais 4070 5455 7202 8820 116,7 13,8
Complexo Sucroalcooleiro 2370 2298 4684 6578 177,6 18,6
Couros, Produtos de couro e peleleteria 2329 2544 3059 3555 52,7 7,3
Café 1417 1546 2929 3892 174,6 18,3
Fumo e seus produtos 944 1090 1707 2262 139,6 15,7
Fibras e produtos têxteis 994 1165 1532 1558 56,6 7,8
Suco de fruta 880 1250 1185 2374 169,8 18
Frutas (inclui nozes e castanhas) 366 525 711 968 164,3 17,6
Fonte: AgroStat a partir de dados do Secex/MDIC, 2008.
O setor que mais contribuiu para o aumento das exportações foi o de carnes, cujas
exportações cresceram a uma taxa média anual de 25,2%, passando de US$ 2,9 bilhões, em 2001,
para US$ 11,3 bilhões em 2007, representando 19,3% das vendas totais neste ano (Tabela 3).
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, com uma produção que supera os
41 milhões de toneladas, perdendo apenas para China e Índia. O grande consumo interno,
absorvendo a maior parte da safra, faz com que o País ocupe apenas a 15ª posição no ranking dos
maiores exportadores. Do total produzido, 47% é consumido in natura e 53% vai para o
processamento. Deste volume, a maior parte é suco concentrado e congelado de laranja, produto
no qual o Brasil lidera a produção e a exportação. Dos 47% destinados ao consumo in natura,
apenas 2% são direcionados para exportação. Já dos 53% que seguem para as agroindústrias,
29% são vendidos ao mercado externo (ANUÀRIO, 2008).
Desde 1999, o Brasil é superavitário na balança comercial da fruticultura. Em 2007, o
País registrou saldo positivo de US$ 430 milhões, com aumento de 45% sobre o ano anterior. Os
dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior, revelam que em 2007 foram exportadas 918,7 mil toneladas de
frutas frescas. Elas geraram receita de US$ 642,7 milhões. A variação é de 14,12% em volume e
de 34,67% em valor, respectivamente. As frutas que mais colaboraram para esse aumento foram a
uva, primeira da lista em faturamento; o melão, que ocupa o segundo lugar; a maçã, que, depois
de duas safras com problemas climáticos, recuperou as vendas; e o limão. O abacaxi também
merece destaque. A fruta conquistou mais espaço na Europa a partir do momento em que
empresas multinacionais passaram a investir no Brasil. Elas estão produzindo as variedades mais
apreciadas no mercado externo.
Os países da União Européia são o principal destino das frutas brasileiras, representando
mais de 70% do volume exportado. A Holanda recebe a maior parcela desses produtos (32%),
porque funciona como um pólo de distribuição para os demais países, principalmente a Alemanha
(ver Gráfico 1 – Brazilian Fruit, 2008).
6
Outros mercados estão na mira dos exportadores brasileiros, entre eles, os chamados
mercados emergentes, que englobam a Rússia e os países do Leste Europeu.
Há ainda os países que, tendo produção limitada, sempre precisam importar frutas. Nesse
caso se enquadra o mercado das nações do Oriente Médio. A China igualmente é cortejada como
um mercado em potencial. Apesar de ela ter boa produção, vai precisar importar frutas, por
limitação de área e de água (ANUÁRIO, 2008).
A gráfico a seguir mostra os países de destino das exportações de frutas frescas do Brasil
e suas respectivas participações em volume (porcentagem).
Espanha
9% Estados Unidos
Portugal
5%
3%
Reino Unido
Alemanha 22%
4%
Itália
5%
Canadá
1%
Argentina Países Baixos
8% (Holanda)
França Outros 32%
1% 10%
Quando comparado com outros paises produtores de frutas, o Brasil tem duas vantagens.
A primeira é a diversidade de climas que podem ser achados no Brasil. Favaret Filho, Ormond e
Paula (1999) observam que “vantagens do clima se referem à existência de diferentes climas no
país que possibilitam a produção para todos os tipos de frutas, tropicais e temperadas, tornando
possível a produção ao longo do ano. O semi-árido é particularmente interessante e é único no
Brasil, o seu nível de luz solar é favorável a produção de frutas, permitindo um alto nível de
produtividade e reduzindo o tempo de colheita, e graças a baixa incidência de infestações devido
a baixa umidade, há a diminuição do uso de inseticida”.
A Segunda vantagem principal deriva do fato do Brasil estar no hemisfério sul. Quando é
inverno na parte norte do globo a maior parte dos países não consegue produzir frutas. Esses
países precisam importar, do hemisfério sul, fora de sua estação de frutas. Essa situação ajuda os
exportadores brasileiros a vender seus produtos e obter melhores preços.
7
sofisticadas para garantir a qualidade do fruto no consumidor final, com o mínimo de perdas
possível.
Os cuidados com as frutas já devem começar logo no campo, utilizando técnicas de
produção que garantam frutas vigorosas e sadias, que agüentem todos os procedimentos
necessários para sua comercialização. Na colheita, deve se estar atento para se evitar injúrias
físicas nos frutos, que mais à frente virão a se tornar manchas indesejadas.
O tempo para se comercializar frutas é muito reduzido, justamente por causa de sua
perecibilidade. Devido a esta característica, toda a logística deve ser muito bem programada,
garantindo que a fruta chegue em tempo. Além disso, devem ser observados no transporte, o
controle de temperatura, umidade, empacotamento, evitando danos físicos ou ataque de
microorganismos.
Na cadeia de frutos para exportação, a qualidade alcançada para o consumidor final é
resultado da qualidade do gerenciamento de cada elo da cadeia, produtor, exportadores,
importadores e atacadistas e varejistas. Conseqüentemente, para ser bem sucedida neste mercado,
uma companhia precisa ser criteriosa na escolha de seus parceiros (CARVALHO, 2003).
Segundo Bravo (2007), a Gestão de Qualidade impõe-se com a utilização racional dos
recursos humanos, materiais, financeiros, trabalho em equipe e, enfim, a procura de utilização e
otimização dos recursos disponíveis.
A partir da década de 50, surgiu a preocupação com a gestão da qualidade, que trouxe
uma nova filosofia gerencial com base no desenvolvimento e na aplicação de conceitos, métodos
e técnicas adequados a uma nova realidade. A gestão da qualidade total, como ficou conhecida
essa nova filosofia gerencial, marcou o deslocamento da análise do produto ou serviço para a
concepção de um sistema da qualidade. A qualidade deixou de ser um aspecto do produto e
responsabilidade apenas de departamento específico, e passou a ser um problema da empresa,
abrangendo, como tal, todos os aspectos de sua operação (LONGO,1994).
A gestão da qualidade pode ser um instrumento efetivo na redução do desperdício na
exportação de frutas. Garcia, Marques, Silva e Ferreira (1999) observaram que o desperdício é
geralmente alto durante as operações de comercialização de produtos frescos no Brasil. Esta
desordem do mercado contribui para o aumento dos custos de transação de todo o sistema de
comercialização de frutas e conseqüentemente tem um efeito negativo nas operações de
exportação de frutas. Garcia, Marques, Silva e Ferreira (1999) argumentam que um uso mais
intensivo dos conceitos da gestão de qualidade para guiar as operações de comercialização
ajudaria a diminuir drasticamente as perdas de frutas. Adicionalmente, eles mencionam que um
ambiente de negócio mais favorável à qualidade poderia contribuir também para criar uma atitude
mais propicia para o aumento das exportações de frutas entre os produtores de frutas e
exportadores.
6. Resultados
8
Tabela 4 - Exportações Brasileiras de frutas frescas - 2007
2007 2006 Variação
Fruta Valor (US$ FOB) Volume (Kg) Valor Volume Valor (%) Volume (%)
Uva 169.696.455 79.081.307 118.535.022 62.296.720 43,16 26,94
Melão 128.213.642 204.501.757 88.241.589 172.819.651 45,30 18,33
Manga 89.617.642 116.047.528 87.163.253 115.512.379 2,84 0,46
Maçã 68.617.642 112.075.637 31.918.839 57.153.330 114,98 96,10
Banana 44.300.738 185.720.644 38.555.322 194.349.236 14,90 -4,44
Limão 41.714.672 58.250.084 32.952.830 51.480.751 26,59 13,15
Demais* 100.583.156 163.119.546 79.922.594 151.486.291 25,85 7,68
Total 642.743.947 918.796.503 477.289.449 805.098.358 34,67 14,12
* demais frutas exportadas
Fonte: Secex/Datafruta-Ibraf, 2008.
180.000
160.000
140.000
Valor (US$ FOB)
120.000
100.000
80.000
60.000
40.000
20.000
-
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Uvas frescas Mangas Melões frescos
Bananas Maçãs frescas Limões e limas
Fonte: Mapa, Secex/Datafruta-Ibraf, 2008.
9
em segundo (6,5 milhões de toneladas). A China aparece em terceira colocada (6,3 milhões de
toneladas) com uma produção que cresce ano a ano, de 2000 para 2007 a produção cresceu 85%,
desbancado países com mais tradição como a Espanha e os Estados Unidos. Esses volumes são
referentes a 2007 e estão na Tabela 5 (FAOSTAT, 2008).
Atualmente, o Brasil se encontra como 13º no ranking dos produtores mundiais. Em 2007
foram produzidas 1,3 milhões de toneladas de uvas. A produção nacional vem crescendo a uma
taxa media anual de 4,2%.
10
De acordo com a tabela 6, pode se observar seis estados principais na produção de uva
brasileira. Rio Grande do Sul é o maior responsável pela produção nacional de uva, com
aproximadamente 50% do total produzido, suas uvas são utilizadas principalmente para a
produção de vinhos. O segundo maior estado produtor é São Paulo com 15% da produção. Em
seguida vêm os estados da região nordeste, Pernambuco e Bahia, com uvas principalmente de
mesa.
A maior parte das uvas brasileiras é destinada ao mercado interno. Em 2005, o país
exportou 51. 213 toneladas, 4% da produção nacional. Mais da metade das exportações
brasileiras vão para os Países Baixos (Holanda), de onde é distribuída a outros mercados da
Europa. O segundo destino principal são os Estados Unidos, com 13,8 toneladas importadas do
Brasil (Tabela 7).
Os principais exportadores no mundo são: Chile, Itália, EUA, Países Baixos, África do
Sul, México, Turquia, Espanha, Usbequistão e Grécia (Tabela 8). Neste grupo de países é
importante destacar a posição do Chile e África do Sul, estes países exportam na contra safra do
hemisfério norte, o que significa que a uva é consumida fresca durante o inverno no norte.
11
6.2. Produção e comercialização internacional de melões
A produção de melões é amplamente dispersa no globo. A fruta tem um ciclo anual, sendo
relativamente fácil desenvolver novas variedades de melões adaptadas a diferentes regiões. Em
2007, foram produzidos aproximadamente 64 milhões de toneladas de melão no mundo. A China
vem liderando essa produção, com 13,7 milhões de toneladas produzidas em 2007, representando
53% da produção mundial. A Turquia segue em segundo com uma produção já bem menor de 1,8
milhões de toneladas no mesmo ano. O Irã produziu aproximadamente 1,2 milhões de toneladas
de melão, ficando em terceiro colocado (FAOSTAT, 2008).
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Tabela 10. Principais exportadores mundiais de melão (toneladas).
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Total 1.514.071 1.563.025 1.490.553 1.644.234 1.623.586 1.980.365 1.809.218
Espanha 300.076 364.042 291.395 404.847 367.584 368.865 367.354
Costa Rica 176.946 190.935 188.949 222.716 226.858 241.900 247.941
Brasil 60.912 99.435 98.690 149.759 142.587 179.831 172.809
Honduras 7.299 93.013 133.619 164.271 175.932 163.150 172.000
Panamá 22.956 25.630 35.316 38.079 67.601 100.835 148.304
México 240.903 189.646 158.098 104.804 124.469 142.147 132.582
EUA 156.711 162.017 166.575 162.242 167.033 183.822 114.059
Países Baixos 39.776 42.141 52.272 66.063 70.184 78.008 77.170
Fonte: FAOSTAT, 2008.
Como pode ser observado na Tabela 10, há uma tendência de crescimento nas exportações
brasileiras de melão. Entre os anos de 1999 e 2005 a exportação quase triplicou (aumento de
174%). Este aumento se deve ao resultado de investimentos realizados na melhoria da produção e
da logística no Brasil.
Os Países Baixos (Holanda) são o principal destino das exportações de melão brasileiras.
Em 2006, importaram 57 mil toneladas de melões. Em segundo lugar vem o Reino Unido que
importou um total de 56 mil toneladas de melões. Isso demonstra como a Europa é um
importante destino das exportações brasileiras de frutas.
A mangueira, uma planta originaria da Índia, encontrou um ambiente favorável para seu
desenvolvimento no Brasil. Como conseqüência, o Brasil pode produzir manga em quase todo
seu território. É possível ver na Tabela 12 que praticamente todos os estados brasileiros tem uma
produção significante de manga.
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Tabela 12 – Produção brasileira de mangas, 2000-2006 (toneladas).
Região 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Brasil 192.029 211.513 313.610 392.221 394.527 428.811 616.568
Norte 4.338 1.453 2.473 2.348 2.508 2.105 2.131
Acre 158 85 87 82 65 50 45
Amazonas 1.737 171 138 156 269 117 114
Rondônia 267 181 496 1.409 1.403 1.147 1.172
Pará 1.324 823 299 - - - -
Tocantins 852 193 1.453 701 770 791 800
Nordeste 116.795 136.011 219.400 289.853 260.379 321.105 508.601
Maranhão 1.357 589 1.049 1.203 1.366 1.727 2.331
Piauí 4.922 5.185 4.316 4.890 4.579 4.211 3.828
Ceará 6.021 7.262 8.853 9.342 9.993 10.634 12.858
Rio Grande do Norte 4.762 1.926 9.585 22.413 22.681 20.921 18.588
Paraíba 5.035 10.118 4.981 5.698 5.378 5.762 5.696
Pernambuco 20.440 35.242 72.405 98.952 61.655 63.768 91.969
Alagoas 782 2.074 897 1.292 1.680 1.413 1.400
Sergipe 5.341 4.100 8.042 19.274 20.898 11.667 11.396
Bahia 68.136 69.514 109.274 126.788 132.148 201.003 360.535
Sudeste 62.850 67.337 80.528 91.229 123.567 98.358 96.441
Minas Gerais 15.222 9.206 8.992 17.029 38.438 31.475 35.806
Espírito Santo 2.842 3.008 4.308 4.417 3.905 3.003 3.286
Rio de Janeiro 555 272 1.180 2.037 2.090 2.203 2.436
São Paulo 44.231 54.850 66.048 67.746 79.133 61.677 54.912
Sul 1.871 1.972 2.916 3.223 4.346 4.375 5.641
Paraná 1.577 1.702 2.415 2.533 3.515 3.686 4.982
Rio Grande do Sul 294 271 501 691 831 688 659
Centro-Oeste 6.175 4.739 8.293 5.569 3.728 2.868 3.755
Mato Grosso do Sul 242 212 249 240 216 202 82
Mato Grosso 728 1.806 3.372 836 1.209 934 1.745
Goiás 1.179 1.047 1.172 1.208 412 1.016 348
Distrito Federal 4.026 1.674 3.501 3.284 1.891 716 1.580
Fonte: IBGE, 2008.
14
O Brasil subiu da nona posição que ocupava no ranking mundial em 1999, para a sétima
graças a um aumento na produção de mais de 200%, como mostra o gráfico 3.
1600000
1400000
1200000
1000000
800000
600000
400000
200000
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
15
Os Países Baixos (Holanda) são o principal destino das exportações de mangas brasileiras.
Em 2006, importaram 52 mil toneladas de mangas. Em segundo lugar vem os Estados Unidos
que importaram um total de 23 mil toneladas de mangas (tabela 15).
16
instrumento para fornecer procedimentos e padrões que visam permitir às empresas gerenciar
seus atributos e garantir seu acesso ao mercado. Pela ótica do cliente, a certificação tem o
objetivo de informar e garantir os atributos preconizados pelo produto (NASSAR, 2003).
Segundo Cintra, Vitti e Boteon (2003), existem inúmeros selos de certificação exigidos
para a entrada de produtos, principalmente in natura pelo mercado internacional, Os que mais se
destacam no comércio internacional de frutas são o EurepGap, pela União Européia e, o APHIS,
pelos Estados Unidos. No Brasil, há o Programa Integrado Frutas (PIF), que normaliza a
certificação dos sistemas de produção frutícola visando o diferencial da fruticultura brasileira e
ampliação no mercado externo.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) criou o sistema de
produção denominado Produção Integrada de Frutas (PIF), visando a alta qualidade das frutas
brasileiras, com o objetivo de ampliar sua participação no mercado externo. Esse sistema
possibilita o rastreamento da produção conferindo, ao agricultor, um selo de certificação, e ao
exportador, a qualidade da fruta, reduzindo ao máximo o impacto ambiental do sistema
produtivo, a partir do uso racional de produtos químicos, reduzindo ao máximo sua utilização no
processo produtivo.
Um conjunto de medidas são adotadas, como por exemplo, o monitoramento de pragas e
doenças, monitoramento climático e conhecimento da biologia da praga ou doença, que formam
um conjunto de informações que irão auxiliar na técnica utilizada pelo produtor para controle da
praga sem danos econômicos e livrando o ambiente de possíveis contaminações indesejadas.
Além de áreas como capacitação dos recursos humanos, organização de produtores, recursos
naturais, material propagativo, nutrição de plantas, manejo e conservação de solos, recursos
hídricos, colheita e pós-colheita, análise de resíduos, processos de empacotadoras, sistemas de
rastreabilidade, que compõem as Normas Técnicas Específicas para cada produto (NTE) e as
Normas Técnicas Gerais para a Produção Integrada de Frutas (NTGPIF) publicadas pelo MAPA.
O principal requisito exigidos pelos Estados Unidos para a licença de importação do
USDA no pré-embarque é o selo do APHIS (Serviço De Inspeção Sanitária de Animais e
Vegetais) que nada mais é do que um certificado que engloba regulamentos sanitários,
fitossanitários e de saúde animal, apresentando para cada fruta e vegetal algumas normas
específicas.
O Eurepgap é um Documento Normativo de Certificação internacional, que por sua vez
está realizado segundo a normativa ISO 65 (EN 45011). Este documento foi desenvolvido a nível
mundial por representantes de todos os setores da industria de frutas e legumes. Organizações de
agricultores ou agricultores individuais recebem a aprovação da Eurepgap através de um
Certificado da Eurepgap. Esse Certificado é emitido por um Organismo de Certificação (OC)
aprovado pela Eurepgap. Os OCs aprovados recebem formação e são avaliados regularmente, e a
Eurepgap publica uma lista atualizada dos OCs aprovados na sua página na internet
(EUREPGAP, 2008).
Os termos de referências do Eurepgap são responder à preocupação dos consumidores no
que respeita à segurança dos alimentos, ao bem estar dos animais, à proteção do meio-ambiente e
ao bem estar dos trabalhadores: estimulando a adoção de Planos de Segurança Agro-pecuária que
promovam a redução do uso de agroquímicos na Europa e no mundo, que por sua vez sejam
comercialmente viáveis, desenvolvendo uma estrutura das Boas Práticas na Agricultura para
fazer uma análise comparativa de homologação (benchmarking) entre os Esquemas de Segurança
e Standards existentes, permitindo por sua vez um fácil seguimento, fornecendo orientação para o
melhoramento contínuo e o desenvolvimento e entendimento das melhores práticas,
estabelecendo um sistema de verificação independente que seja único e reconhecido por todos e
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estabelecendo uma comunicação e uma consulta aberta com os consumidores e os sócios chave,
incluindo os produtores, os exportadores e importadores (EUREPGAP, 2008).
Além destes selos existem outros que certificam as Boas Práticas Agrícolas de gestão
ambiental e social visando a segurança e qualidade dos alimentos in natura ou processados, entre
eles pode se destacar ISO 14001, SA 8000 e o HACCP (Hazard Analylisis and Critical Control
Points - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle).
A preferência dos importadores de frutas frescas pela empresa certificada, devido à
habilidade na comprovação dos requisitos pré-definidos, é um aspecto seletivo aos exportadores
brasileiros no mercado internacional. Os diversos sistemas de certificação possibilitam agregação
de valor ao produto, diferenciando-o com investimentos muitas vezes inferior em relação à
criação de marcas e promoção da fruta brasileira no mercado externo. A certificação adiciona
valor sem a necessidade de transformação do produto, garantindo os requisitos exigidos pelo
mercado consumidor, cada vez mais atento à qualidade e segurança do alimento nos últimos anos
(CINTRA, 2003).
Uma pesquisa realizada junto a produtores e exportadores de manga, uva e melão no vale
do São Francisco (Juazeiro e Petrolina) e na Região de Mossoró (no Rio Grande do Norte)
mostrou os principais problemas encontrados pelos produtores e intermediários comerciais que
atuam com a exportação de frutas. A pesquisa realizada mostrou que a maioria dos exportadores
não vem o controle de qualidade como uma barreira as suas operações comerciais. Somente uma
minoria apontou algumas atividades relacionadas com o controle de qualidade como causa de
dificuldade.
Os exportadores de manga não vêm a produção e o pós-colheita da manga como
problemática, mas reclamam dos altos custos da inspeção necessária para exportar aos Estados
Unidos. Outro ponto que eles se queixam são os baixos preços no mercado internacional, que
ocorrem pela grande competição por mercado por várias regiões do mundo.
Já os exportadores de uva têm complicações com a produção e a pós-colheita. Toda o
negócio da uva demanda grande quantidade de mão-de-obra treinada, que aumenta os custos e
deixa mais complexa a administração. Um problema na pós-colheita é que as uvas precisam ficar
em alta umidade para não se soltarem do cacho, mas a alta umidade também pode causar
doenças. A incerteza causada por este problema técnico é relatada como uma fonte de tensão na
relação com os importadores.
Os exportadores de melão revelam não ter maiores problemas com a produção. Os
produtores brasileiros têm a vantagem de poder produzir em períodos quando os preços estão
altos no mercado internacional e regular o volume produzido de acordo com o nível de demanda
por ser uma cultura de ciclo curto. Os produtores de melão têm tentado introduzir variedades de
melhor qualidade e que tenham mais sabor aumentando, assim a demanda pela fruta produzida no
país. Os exportadores de melão mencionam as deficiências nas rodovias e portos brasileiros como
uma séria barreira ao crescimento das exportações.
7. Conclusões e Sugestões
O Brasil mesmo estando entre os maiores produtores mundiais de frutas ainda exporta
uma quantidade muito pequena de frutas. Nos últimos anos o Brasil aumentou significativamente
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suas exportações, mais ainda está muito atrás de países muito menores e com uma produção
nacional reduzida, mas que investem na exportação.
Ainda é necessário que as campanhas de promoção de frutas continuem no exterior
mostrando as frutas nacionais para possíveis compradores, mas também é essencial que o
governo auxilie os produtores de frutas através de linhas de crédito para o desenvolvimento dos
fruticultores na qualidade, atingindo os padrões exigidos internacionalmente.
Os produtores nacionais têm a capacidade para se adaptar e obter as certificações
necessárias para vencer as barreiras internacionais, uma mostra disso é o crescimento das
exportações já obtido nos últimos anos, mas ainda é necessário mais investimentos.
A internacionalização da fruticultura traz benefícios não só ao produtor que pode
aumentar sua renda, mas também promove o desenvolvimento regional e nacional.
8. Referências Bibliográficas
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