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EDSON MENDES NUNES JUNIOR

THE FOG OF WAR


2 LIÇÕES DE ROBERT McNAMARA

RIO DE JANEIRO
2014
Lição 1 - Empatize pelo inimigo

Empatizar pelo inimigo, no conceito de McNamara, não é somente se colocar “na


pele do inimigo”, mas entender seus objetivos e interesses em um conflito. Tomando
como exemplo a Crise dos Mísseis, Robert McNamara mostra que só foi possível evitar o
conflito direto, que poderia levar a uma destruição em escala global, através de
concessões que parecessem uma vitória para Cuba e os soviéticos.

Caso algum dos lados, EUA ou Cuba, atacassem, sendo Cuba aliada aos
soviéticos, seria eminente uma grande destruição, que poderia ter efeitos no mundo todo.
Nenhum dos países se interessava na destruição total, mas sim em manter seus interesses
e mostrar superioridade ideológica e política sobre o outro. Ao empatizar com o inimigo,
os EUA levaram em consideração o que poderia levar os cubanos a se sentirem
superiores para, assim, retirarem os mísseis, porém cedendo o mínimo possível.

Ao receber duas mensagens sobre a crise dos mísseis em Cuba de Kruschev, o,


naquela época, presidente dos Estados Unidos, Kennedy, teve um problema a sua frente.
A primeira mensagem era em um tom mais “amigável”, falando que eles tirariam os
mísseis de Cuba se os EUA prometessem não invadir a ilha. Já a segunda mensagem, em
um tom mais pesado, era uma ameaça de que, se os EUA invadissem Cuba, a URSS
responderia com ataques e que estaria pronta para um confronto.

Tommy Thompson, ex-embaixador americano em Moscou, talvez por estar


próximo da realidade russa enquanto exercia sua profissão lá, reconheceu e entendeu os
interesses do líder soviético. Acreditando que era, e sendo reconhecido em sua nação
como, o homem que impediu os EUA de invadirem Cuba, Kruschev, assim, sairia
satisfeito e se sentindo vitorioso. A experiência na Rússia, a empatia e a coragem de
Thompson de afirmar sua opinião que era contrária a linha de raciocínio que estava sendo
seguida pelo presidente americano evitou, assim, o que poderia ser o conflito mais
devastador da história, por ter caráter nuclear.

Um exemplo atual do uso desta empatia seria o conflito entre Obama e Kin Jong-
Un. Não é interessante para os EUA que outros países desenvolvam armamento nuclear,
principalmente em um governo ditatorial. Porém, o líder norte-coreano quer mostrar
poder bélico e capacidade como governante de seu povo, em um momento em que vários
líderes ditadores pelo mundo estavam perdendo poder. O interesse de Kin Jong-Un por
armas nucleares passa a fazer sentido quando se utiliza empatia.
Lição 8 - Esteja preparado para rever seu raciocínio

McNamara destaca o poder econômico, militar e político dos EUA, porém


afirmando que mesmo sendo a nação mais poderosa do mundo, o governo americano não
é onisciente, que errou ao tentar usar seu poder unilateralmente, como no Vietnã. Apesar
de aliados como Japão, Reino Unido e França não apoiarem o governo americano a ir ao
Vietnã, mesmo sabendo de seus motivos na Guerra Fria. Robert McNamara, com isso, diz
que era necessário os EUA reverem seu raciocínio.

Ele mostra que, ao não conseguir mostrar a seus aliados seus motivos, não
conseguir obter o apoio deles por sua causa, e agir sozinho, existe uma boa possibilidade
de se estar errado. O resultado disso, foi uma ação dos militares americanos no Vietnã
reprovada até pelos próprios aliados americanos.

Em tal conflito o uso do “Agente Laranja”, um herbicida usado para retirar as


folhas das árvores, em que soldados nativos do Vietnã se escondiam com vantagem,
causou graves problemas de saúde para civis vietnamitas e tem consequências até hoje.
Muitos acusam os EUA de ter cometido crime de guerra ao usar o produto tóxico.

A ação americana, vista nos anos que se seguiram após o 11 de setembro, no


Iraque, também reprovada por diversos aliados americanos e, inclusive, pela ONU,
também retrata a importância dessa lição. Novamente, os EUA são acusados de cometer
crimes de guerra, como o homicídio de civis iraquianos, e entra numa guerra sem
conseguir mostrar a seus aliados motivos o suficiente para eles o apoiarem.

Com isso, o Presidente Bush e o Secretário de Defesa em seu governo, Donald


Rumsfeld, sofreram e ainda sofrem críticas tanto de outros Estados e Organizações
Internacionais e até mesmo críticas internas. Mostra-se assim, como, ao não conseguir
convencer outros de que teve uma atitude correta de acordo com seus interesses, a lição
de Robert McNamara ainda se mostra importante e atual.

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