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RES UMO: Elabora considerações gera is sobre elevação dos custos assistenciais à
saúde e as repercussões sobre a qualidade e disponibilidade dos serviços para atender
à popu lação. Discute a problemática da administração dos recursos materia is e seu
s ignificado em termos de custos para as instituições. Demonstra o papel dos profis
sionais de saúde na administração de materiais e os fatores que devem ser conside
rados na decisão da compra .
ABSTRACT: This paper shows general considerations made in the raise o f health care
cost a nd the influence on quality and ava ilability of services necessaries to aid the
community.. Discusses the issues on administration of material resources a nd its
meanings in terms of cost for the i nstitutions. Shows the role of health professionals in
administrating material and the factors to be considered in the acquisition decision .
Trabalho a presentado como Tema Livre no 45° Congresso Brasileiro de Enfermagem. Olinda-Recife, 28 de novembro
a 3 de dezembro de 1 993.
Professora Assistente do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da Escola de Enfermagem da USP e
Diretora do Depa rtamento de Enfermagem do Hospital Universitário da USP.
Doutora em Enfermagem. Coordenadora do Comitê de Pesquisa-Operacional de Enfe rmagem do Hospital
Universitário da USP.
• •* .
Mestranda em Enfermagem. Diretora do Serviço de Apoio Educacional do Hospital Universitário da USP .
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a cada ano, milhões de dólares em equipamentos.
recursos da comunidade, enquanto
CASTILHO( 1 ), considera que dos insumos
trilha um caminho difícil entre custos
necessários à prestação de assistência à saúde,
em elevação e receitas inadequadas,
os recu rsos materiais representam u m custo da
não podendo sobreviver sem a melhor
ordem de 30 a 45% das despesas das instituiçõ
posslvel informação de custos e a
es de saúde.
melhor posslvel análise ou apuração
de custos.
Teoricamente as instituições hospitalares
podem até compactuar com as linhas gerenciais
Para que ta l premissa possa ser consolida
estabelecidas e as estratégias propostas pa ra a
da, mudanças profundas precisam ser realiza
administração de recursos materiais , mas, so
das, tanto no que tange a estratég ias adminis
bretudo no que se refere a custo qua lidade e
trativas quanto a visão e competência técnica
custo benefício , poucos são os hospitais que
dos profissionais da saúde para a abordagem
têm empreendido u ma aná lise crítica do rea l
das q uestões relativas a custos.
sign ificado destes binômios, e o que eles repre
MATOS(8) coloca que sentam no gerenciamento de recu rsos mate
o grau de humanismo dos profissio riais.
nais de saúde tende a rejeitar qual Para MACHLlNE(7 ), a administração de re
quer aproximação quantitativa neces cu rsos materiais tem por objetivo assegurar a
sária à análise de problemas adminis presença no momento e local adequado do su
trativos, o que tem colocado o Hospi primento, componentes e equipamentos neces
tal numa condição altamente delica sários para o eficiente funcionamento da institui
da, com dificuldade de sobrevivência, ção. Visa ainda , adq uirir esses materiais dentro
por não serem adotados cuidados vi da qualidade especificada , no prazo exigido e n a
tais na organização. quantidade correta , n u m contexto de men or cus
O não envolvimento e descon hecimento dos to possível.
profissionais da saúde sobre estas questões , DIAS(2) coloca que a administração de ma
não se circu nscreve apenas àqueles responsá teriais compreende o agrupamento de materiais
veis pela prestação direta da assistência , mas a de várias origens e a coordenação dessa ativi
todo o corpo administrativo e gerencial dos hos dade com a demanda de serviço da institu ição.
pitais. Acrescenta ainda, que a administração de ma
Para ESTEVES(3 ) , as mudanças ocorridas teriais i nclu i a totalidade das atividades realiza
no saber técn ico na á rea da saúde, nem sempre das incluindo: planejamento, compras, recebi
têm sido acompa nhadas de modificações subs mento, expedição e estoques.
tanciais no modo de admin istrar e gerenciar as
u n idades d ispensadoras de saúde. Enfatiza que AS PECTOS RELEVANTES NA ADMINIS
apesar do crescente arsenal de técnicas e ins TRAÇÃO DE RECU RSOS MATERIAIS
trumentos administrativos utilizados pelo setor
empresarial, estes não tém sido adotados com A administração de recursos materiais nas
o mesmo rigor pela área hospitalar. instituições hospita lares, ta nto no que se refere
MEDICI(9) a nalisa as tendências e perspec a equipamentos como a materiais de consumo
tivas na contenção de custos nas políticas de em geral, tem gerado na prática uma série de
saúde, ressalta ndo que mesmo pa íses como problemas no contexto da operacionalização
Estados U n idos sentem a necessidade de ado dos conceitos teóricos envolvidos nessa admi
ção de estratég ias que objetivem a minimização n istração.
dos custos com a saúde, reforça ndo que os A dificu ldade de implementação dos concei
ú ltimos anos têm propiciado um ambiente fértil tos teóricos, pode esta r ligada à rá pida evolução
para estudos de economia da saúde. que esses materiais ati ngiram nos ú ltimos cinco
Para GERSDOFF(4) o fator que mais eleva anos, tanto em termos de diversidade como de
os custos hospitalares após os custos de pes utilização.
soal é o custo de medicamentos, materiais e Há alguns anos, o perfil dos equ ipamentos e
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ciamento guarda em seu bojo, empreendendo n h u m outro profissíonal, na área hospitalar está
ações adequadas com vistas à garantia da qua tão diretamente ligado a eles. Portanto, consoli
lidade assistencial. da-se a importância do profissional enfermeiro
A equ ipe de saúde desempenha papel im tecnicamente competente e comprometido na
portante na administração dos recursos mate busca de novas soluções .
ria is dentro de u ma instituição. Papel esse que As experiências de atuação do' enfermeiro
ocorre e m duas d ireções; uma de envolvi mento como gerenciador de recursos materiais têm se
direto no processo aquisitivo e outra indireta ' mostrado alta mente positivas. Nessa posição,
como usuário desses materiais. ele centraliza todas as atividades relacionadas a
Os profissionais que atuam diretamente no estes insumos, atuando como elo integrador en
gerenciamento dos recursos materiais, devem tre as equipes de enfermagem e méd ica , i nter
co nhecer sua problemática e criar mecanismos mediando ainda , todos os contatos necessários
de a n álise crítica do processo de aq uisição, no com os serviços de compra e almoxarifado.
.
sentido de mini mizar os óbices identificados e
dinamizar o processo, seja na fase de desenvol FATORES A SEREM CONS IDERADOS NA
vi mento burocrático ou técnico. DECISÃO D E COM PRA
O envolvimento indireto da equipe de saúde
A tomada de decisão em relação ao prod uto
n a administração desses recursos é u ma faceta
a ser adquirido é de vital i mportância . Além dos
pouco explorada e sobretudo, pouco conhecida
�spectos já levantados sobre diversidade e q u'a
da própria equipe e d iz respeito, principalmente '
IIdade dos produtos existentes no mercado , ou
à utilização dos materiais no dia a dia.
tros fatores merecem análise acu rada n a deci
De maneira geral, a equ ipe esq uiva-se da são final de compra .
responsabilidade em relação ao material , reco
U ma decisão de compra baseada somente
n hece ndo-se apenas como usuário passivo. Em
na aquisição de produtos de menor preço poderá
nosso meio, não é comum a preocu pação do
gerar a entrada na instituição de prm!Jutos qu e,
usuário com os custos do material e observa-se
pelo desempenho técnico inadeq uado, a u men
q u e profissionais não conscientizados e mal
tem o consumo por demandarem repetidas ten
orientados, utilizam o material de forma inade
tativas para sucesso no procedimento, além de
q �� d a , sem o devido cuidado, gerando desper
outra possibilidade qual seja, a de fica rem a ban
d lclos e m relação ao material de consumo e
donados no estoq ue pela impossibilidade técn i
diminuição da vida útil dos equipamentos e,
ca de utilização, provocando também a elevação
conseqüentemente , elevação do custo hospita
dos custos para a institu ição, além de danos
lar.
ocasionados aos pacientes.
Embora os profissionais de saúde apresen
A prática de a bandonar a aquisição de pro
tem ainda mu itas dúvidas e uma série de rejei
d utos de preço elevado, pode constituir um erro
ções a respeito da q uestão custo , assumem u m
pois, insumos de maior preço, cujas ca racterí;
papel preponderante nesta análise, s e a o con he
ticas técnicas de qualidade são determinantes
ci m� nto técnico forem aliadas as informações
no processo terapêutiCO , podem diminuir o tem
pertinentes e n ecessárias às análises de custo
po de tratamento ou de hospitalização e conse
e fundamentalmente considerada a questã �
qüentemente, os custos hospita lares.
custo-benefício .
A opção de compra por materiais de consu
Considerando que, a qualidade assistencial
mo não esterilizados, em detrimento de produtos
contempla n ecessariamente o qualitativo e
esteril izados pelo fabricante por apresentarem
quantitativo dos recursos materiais envolvidos
preço unitário maior, tem sido freq üentemente
na assistência e que a enfermagem em sua
observada . Para esta decisão, via de reg ra , não
atuação, vivencia diariamente os problemas re
se procede u ma análise, considerando os gastos
lacionados a equipamentos e materiais , o enfer
envolvidos no processo de esterilização hospi
meiro integra a linha de frente (quando estraté
talar, como, equ ipamentos , gazes, vapor, e mba
g ias g � [enciais são i maginadas) , na tentativa de
lagem e mão-de-obra . Assim, o preço de aq u is i
equaCionar e resolver essas questões , pois ne-
ção desses produtos, em geral, aca ba u ltrapas-
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sando o va lor de aquisição do produto já esteri tuição de saúde a assumir um vínculo de asses
l izado. soria técnica com o fabrica nte ou seu repre
A par dos aspectos já mencionados o fator sentante legal que, normalmente , propõe contra
diversidade pode , ainda, representar a possibili tos de alto custo. Por outro lado, se o hospital
dade de aq u isição de diferentes produtos com optar por realizar a man utenção na própria insti
finalidade técnica semelhante . Esta possibilida tu ição, poderá incorrer no risco de u ma manu
de impõe um novo risco de elevação dos custos tenção inadequada, por não possuir mão-de
hospitalares , visto que a compra de itens com obra qualificada para tal , impossibilitando a ga
especificação técnica , previsão de consumo e rantia de segurança ao usuário e cliente , oneran
código de almoxarifado d istintos , poderão ser do desta forma a instituição.
utilizados com critérios técnicos não homogê
neos , provocando uso indiscriminado, podendo CONSIDERAÇÕES FINAIS
gerar escassez ou sobra de u m dos produtos.
Cabe portanto , aos profissionais de saúde, a o envolvimento e comprometimento dos
padronização técnica dos materiais em confor profissionais da saúde na admin istração de ma
midade com o proced i mento. teriais, com ênfase na análise de custos, é i m
prescind ível para que as metas de excelência da
Finalmente , é i mpresci nd ível colocar a im qualidade assistencial sejam atingidas. Para
portância da anáUse financeira na aquisição de tanto, é mister que con hecimentos sejam apro
equ ipamentos, pois sua aqu isição sem prévia fundados e habilidades desenvolvidas.
avaliação do custo de man utenção é um outro
fator que contribui para elevação final dos cus Os profissionais da saúde além de tecnica
tos . Considerando que a tecnologia modema se mente prepa rados, devem estar conscientes da
dá n u m contexto de especialização, a realização responsabil idade de que, de sua atuação ade
de serviços de man utenção preventiva e reparos quada , dependerão não só a qualidade assisten
do equ i pa mento pelo próprio hospita l fica d ificul cial , como a adotação qualitativa e quantitativa
tada . Esta situação praticamente obriga a insti- necessárias à consecução das atividades.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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