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A ENFERMAGEM E O GERENCIAMENTO DE CUSTOS

THE NURSING AND THE MANAGEMENT COSTS

LA ENFERMERIA Y EL GERENCIAMIENTO DE COSTOS

Ivone Maria Fonseca Francisco *


Valéria Castilho* *
Francisco IMF, Castilho V. A enfermagem e o gerenciamento de custos. Rev Esc Enferm USP 2002; 36(3): 240-4.

RESUMO

O presente texto tem por objetivo abordar elementos estruturais que estão motivando instituições e profissionais da área da
saúde a conhecerem e desenvolverem estudos no campo dos custos hospitalares, ressaltando a importância deste tema para
o profissional de enfermagem.

PALAVRAS-CHAVE: Custos hospitalares. Gerenciamento de custos. Enfermagem.


ABSTRACT
This work intend to broach structural elements that motivate institutions and health professionals to know and develop
studies about hospital costs, emphasize the subject importance for the nursing professional.

KEYWORDS: Hospitalize costs. Management costs. Nursing.


RESUMEN
El presente texto tiene por objetivo abordar elementos estructurales que están motivando a Instituciones y pro fesionales del
área de Salud a conocer y desarrollar estudios en el campo de los costos hospitalarios, resaltando la importancia de este
tema para el profesional de enfermeria.

PALABRAS-CLAVE: Costos hospitalarios. Gerenciamiento de costos. Enfermería.

INTRODUÇÃO em que as organizações de saúde tiveram de operar


com mais eficiência e ter mais cuidado com as
A crescente elevação dos custos na saúde trouxe restrições de custos como na atualidade.
aos profissionais que militam nessa área, a necessidade
O crescimento exponencial dos custos em saúde
de aquisição de conhecimentos sobre custos e,
está diretamente relacionado a uma série de fatores,
consequentemente, a sua aplicação na realização de tais como: o emprego de novas tecnologias; o aumento
estudos, onde se busca a racionalização no processo da expectativa de vida da população; o crescimento
de alocação de recursos, o equilíbrio entre custos e da demanda, com a universalização do acesso à saúde;
recursos financeiros e a otimização de resultados. a escassez de mão de obra qualificada, acarretando
Marquis(1) afirma que custos crescentes e baixa produtividade; a má gestão das organizações
recursos escassos têm afetado todos os prestadores de devido à incapacidade administrativa dos profissionais
serviços de saúde, e que não houve outro momento de saúde; a não implantação de sistemas de controle

* Mestranda da Área de Concentração "Administração de Serviços de Enfermagem" da Escola de Enfermagem da Universidade


de São Paulo.
** Profesgora Doutora do Departamento de Orientação Profissional da Escola de Enfermagem da Universidade de Sao Paulo

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de custos; e os desperdícios na cadeia produtiva, entre lado, em outros países, onde há falta de salários
outros (2) . condizentes, esses são em grande parte responsáveis
Em relação ao incremento de novas tecnologias, pela escassez de mão-de-obra qualificada, ocasionando
Silva et al (3) acrescentam que este fenômeno, não é custos sociais elevados pela baixa produtividade e uma
apenas brasileiro, mas universal, uma vez que, apesar atenção inadequada à saúde (8). Há, no entanto,
de altamente eficiente, tais recursos tecnológicos escassez de profissionais de saúde devido à falta de
contribuem de maneira notável para aumentar os política salarial, bem como pelas condições de trabalho.
custos de atendimento. Além desses fatos, existe a ineficiência do
O Conselho Internacional de Enfermagem processo gerencial em saúde, sendo que a
(ICN) (4) em 1993, ponderou sobre como algumas irresponsabilidade administrativa nessa área, referente a
tecnologias são capazes de reduzir custos, mediante o despesas, começa pela falta de informações sobre
aumento da eficiência e eficácia nos cuidados, citando custos de procedimentos terapêuticos em relação à
que alguns aparelhos como os termômetros digitais, produtividade dos diferentes serviços das organizações
aparelhos portáteis de ECG e computadores entre de saúde, tendo sido criada nessa área uma
outros, podem facilitar determinadas tarefas, liberando mentalidade de defesa da quantidade de recursos, sem
as enfermeiras para outras atividades. Entretanto, o contudo considerar a busca pela eficiência(8).
ICN (4) reconhece que o progresso tecnológico, com o Em conseqüência desses fatos, a criação e
desenvolvimento de novos equipamentos, produtos implantação de sistemas de controle e de custos, com
farmacêuticos e técnicas médico cirúrgicas inovadoras, vistas à otimização dos recursos, não pareciam
são extremamente dispendiosas. importantes, para o gerenciamento dos serviços de
Mendes (5) afirma que a incorporação tecnológica saúde porém, os recursos financeiros para cobrir os
descontrolada constitui um dos fatores principais do custos com a saúde não têm se mantido no mesmo
fenômeno chamado de "inflação médica". De fato nível. Os custos crescem e os recursos escasseiam,
Medici (6) observa que as taxas de inflação medidas pelo tanto no setor Público como no Privado.
INPC e o INPC/Saúde, entre 1980 e 1994 tiveram uma Complementando os aspectos abordados
grande variação, sendo que a inflação do setor saúde anteriormente, pode-se apontar ainda, significativas
aumentou 87,9% acima da inflação média da economia mudanças estruturais brasileiras, na tentativa de
brasileira. justificar o fato das organizações passarem a buscar
Além disso, a incorporação de novas tecnologias ativamente o conhecimento de seus custos.
em saúde, diferentemente do que ocorre em outros Contextualizando economicamente o Brasil na
setores, não substitui trabalho por capital. Ao década de 70, este vivia num suposto período de euforia
contrário, aumenta a necessidade de mão-de-obra cada e crescimento econômico, que começaram a dar sinais
vez mais complexa e sofisticada. de enfraquecimento no início dos anos 80, período este
Outro aspecto a ser abordado em relação ao marcado por uma crise mundial devido à elevação dos
aumento de custos em saúde refere-se ao envelhecimento preços do petróleo, que resultaram na crise da dívida
da estrutura etária da população, provocado pela queda externa, e em um prolongado período de recessão, que
da fecundidade e da mortalidade. Savonitti(7) esclarece marcaram os últimos anos do regime militar, findo
que essa transformação demográfica é acompanhada por em 1984.
uma transição epidemiológica, com aumentos
significativos de incidência de doenças crônico Médici(2,8) aponta os efeitos dessa crise mundial,
degenerativas, as quais exigem tratamentos mais quando as economias dos países em desenvolvimento,
prolongados, sofisticados e complexos, afetando sofreram sérios impactos, decorrentes do crescimento
diretamente os gastos públicos com saúde. da dívida externa pela elevação da taxa internacional
de juros, da queda de suas exportações no mercado
Citando o aumento da demanda, Médici(8)
mundial, da instabilidade do sistema de preços e
aponta que o acesso à saúde no Brasil, tornou-se elevação desmesurada da dívida pública, tais fatos
direito constitucional a partir de 1988, com a acarretaram fortes desajustes internos, com sérias
promulgação da Constituição Federal, passando a conseqüências na elevação da inflação, desordenamento
saúde a ser assegurada como um direito social do das finanças públicas, queda de investimentos e
cidadão e um dever do Estado, tornando obrigatória estagnação econômica, alcançando, em muitos
a universalização da assistência da saúde. Esta nova cenários nacionais a hiperinflação, como no caso
realidade tem como reflexo direto, em tese, uma brasileiro . O fracasso das economi as l atino-
elevação na demanda por recursos para o setor. americano, não se explica apenas pelos impactos da
Em relação à remuneração dos prestadores de crise, mas sem dúvida, devido a políticas econômicas
serviços de saúde, há em certos países a escassez de desastradas, marcadas pela ineficiência e ineficácia,
médicos e enfermeiras o que pode provocar aumento na alocação dos gastos públicos.
de salários e do custo da atenção à saúde, por outro

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Neste contexto econômico, percebe-se que o Médici (2) , afirma que a administração hospitalar
processo hiper in fl acion ário supri mia a real manuseia, a cada ano, milhões de dólares em recursos
importância de acompanhamento e controle de custos. da comunidade, enquanto trilha um caminho difícil
O setor de medicina privada simplesmente desconhecia entre custos em elevação e receitas inadequadas, não
boa parte de seus custos reais, repassando em suas podendo sobreviver sem um sistema eficiente de
contas, diretamente aos clientes e Planos de Saúde, informação de custos e uma fidedigna análise ou
os índices inflacionários. Segundo Beulke; Bertó(9) apuração de custos.
,como as Instituições Hospitalares desconheciam seus
De acordo com o ICN4) , todos os países
custos, elas "estabeleciam na absoluta maioria das
compartilham de um problema comum, de custos
vezes preços arbitrários, obtidos em tabelas genéricas,
galopantes na área de saúde, frente a recursos ou
de terceiros, de associações de classe ou outra fonte
orçamentos limitados. Os autores complementam,
qualquer. A conseqüência disso é o estabelecimento,
afirmando que a atenção à saúde não é gratuita, e
por vezes, de valores de serviços absolutamente fora
sejam quais forem as fontes de financiamento, públicas
da realidade, o que implica redução de competitividade
e, por conseqüência de receita". Percebia-se que a ou privadas, elas absorvem recursos na forma de
elevação de preços de medicamentos, materiais, impostos, seguradoras ou gastos particulares, e que
procedimentos diagnósticos de alta tecnologia, esses recursos não são ilimitados.
honorários, etc., aleatoriamente, serviam para cobrir Neste contexto, Martins(10) enfatiza que em
déficits e descontroles de outras áreas. decorrência do significativo aumento de competitividade,
atingindo a maioria dos mercados, sejam eles industriais,
Num segundo momento, em meados da década comerciais ou de serviços, os custos tornam-se
de 90, o país passa por um outro marco em termos extremamente importantes quando da tomada de decisão
econômicos, a estabilização do processo inflacionário, de uma empresa. Esse autor ainda afirma que, devido à
com o advento do Plano Real; a princípio marcado alta competição existente nesses mercados, as empresas já
pela criação da URV (Unidade Real de Valor, instituída não podem mais definir seus preços de acordo com os
pela Lei 8.880 de 24 de maio de 1994), convertida em custos efetivos, e sim com base nos preços praticados
uma nova moeda, o REAL, que atrelado ao Dólar, como no seu segmento de atuação. Em outras palavras, é o
uma âncora cambial, muito embora em bases
mercado quem dita os preços que estão dispostos a
artificiais, culminaram na efetiva estabilização dos
pagar, restando às organizações como alternativas,
preços, porém ao custo de inúmeras quebras de
maximizar as receitas, pela quantidade e diversificação
empresas e de elevado índice de desemprego.
dos serviços prestados, ou minimizar as despesas,
Neste momento, devido a graves dificuldades reduzindo continuamente seus custos através da
financeiras, decorrentes de u ma conjun tura padronização de procedimentos Médico-hospitalares e
econômica nacional complexa, o setor da Saúde, no ganhos de qualidade e produtividade.
âmbito privado, sem poder repassar seus aumentos No Brasil, como ocorre nos outros países, há
de custos automaticamente, entre outros fatores um crescimento de gastos com a atenção à saúde, e
devido à competitividade do mercado, à pressão da há restrições orçamentárias cada vez maiores. Com
sociedade e dos Planos de Saúde, e a um certo controle isso, torna-se absolutamente necessária a adoção de
de preços do governo, viu-se obrigado a olhar e um sistema de custos para que, tanto os serviços e as
controlar com mais atenção seus custos, sob o sério ações garantidas pelo SUS, como pelas Instituições
risco de ficarem deficitários e inviáveis. No setor Privadas, sejam realizadas com qualidade e eficiência.
público, a escassez de investimentos e recursos, e as Para isso, a criação de metodologias de aferição de
restrições orçamentárias cada vez maiores, tornam
custos para os serviços de saúde é fundamental.
absolutamente necessária a adoção de um sistema de É necessária a adoção de sistemas de
custos para que os serviços e as ações garantidas pelo
gerenciamento de custos para que os serviços de saúde
SUS sejam realizados com qualidade e eficiência.
possam conter os gastos, mas mantendo, ao mesmo
Neste contexto, podemos dizer que o grande tempo, uma atenção de qualidade. Para isso, é
desafio da Saúde hoje, é buscar um equilíbrio entre a necessário o envolvimento dos profissionais de saúde
qualidade de atendimento e custos viáveis. na formulação e desenvolvimento desses sistemas.
Este tema, mostra-se extremamente atual e A Organização Mundial de Saúde, já em 1982,
oportuno, uma vez que as organizações de saúde vivem apontava a enfermeira como o profissional da área de
momentos de grande competitividade, de busca pela saúde com o maior potencial para assegurar uma
qualidade do atendimento aos clientes e de necessidade assistência rentável, ou seja, eficaz em função dos
de incorporação de tecnológica de ponta. Além disso, as custos. Isso se dava pelo fato das enfermeiras estarem
instituições públicas vivenciam dificuldades no repasse representadas em todos os serviços e trabalharem
de verbas governamentais e as privadas enfrentam a muito próximo da clientela, podendo avaliar a
adaptação à realidade dos convênios médicos além, da assistência prestada, e que por isso, devem ser ouvidas
diminuição do nível de renda dos pacientes particulares. nos debates sobre políticas financeiras.
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Isso vem ao encontro do que Aburdene, Diante disso, pode-se afirmar que, quando se
Naisbitt(11) estudiosos das tendências mundiais, i de n ti fi ca o u se de te rmi n a o cu sto de cada
afirmaram em 1992, que as enfermeiras podem ser procedimento ou serviço prestado ao cliente, é possível
responsáveis por 40 a 50% do faturamento dos garantir um preço mais justo para o mesmo, e também
hospitais Para justificarem essa afirmação comentam mais competitivo para a Instituição, preço este,
estu do s que co mprovam que o trabalho das alcançado muitas vezes, através da reflexão e revisão
enfermeiras melhora a qualidade e os custos da de fluxos dos processos técnicos e administrativos.
assistência. Esses autores, destacam ainda, que Atualmente, as enfermeiras administradoras
nenhum administrador suplanta o conhecimento sobre estão cada vez mais sendo envolvidas em decisões
a administração hospitalar que as enfermeiras chefes financeiras, no planejamento orçamentário de suas
possuem, mas que elas necessitam suplementar sua instituições, tendo que gerir recursos (humanos,
experiência administrativa com novas habilidades, materiais e financeiros) muitas vezes escassos. Por
entre elas, finanças e marketing. i sso , cada vez mai s as enfermei ras vêem se
O ICN(4) em 1993 apontou, em um documento perguntando: Quais os conhecimentos e habilidades
denominado " A qualidade, os custos e a enfermagem", necessárias para poder gerir os recursos de melhor
a importância das enfermeiras levarem em conta os forma possível?
custos quando avaliassem os resultados de suas ações, O Gerenciamento de Custos na Enfermagem é
diante das crescentes pressões econômicas sobre os um processo administrativo que visa a tomada de
sistemas de atenção à saúde em todo mundo. Alertava decisão dos enfermeiros em relação a uma eficiente
ainda, que a assistência de enfermagem, como parte racionalização na alocação de recursos disponíveis e
importante da atenção à saúde, estaria também cada limitados, com o objetivo de alcançar resultados
vez mais sujeita a um exame similar. coerentes às necessidades de saúde da clientela e às
Porém, em relação à preocupação com o custo necessidades/finalidades institucionais. Para tanto, se
do atendimento à saúde, Anselmi(12) afirma que os faz necessário a compreensão de um conjunto de
aspectos econômico-financeiros relativos à assistência princípios e conhecimentos de análise econômica que
de enfermagem, foram historicamente ignorados, viabilizem a escolha de decisões mais convenientes.
apesar dos enfermeiros efetivamente gerenciarem as O profissional enfermeiro, engajado no processo
unidades assistenciais, através do planejamento, gerencial das Instituições de saúde, seja como Gerentes
coordenação, supervisão e controle do trabalho, ou Diretores de Divisão de Serviço, ou Chefes de
viabilizando, favorecendo e criando condições técnicas Unidades, necessitam mais do que nunca, buscar
e po lí t ic as p ara a re al i zaç ão do me s mo . conhecimentos a respeito de Custos Hospitalares,
Complementando, Almeida (13) aponta para a pequena reconhecendo seu papel como agente de mudanças, no
quantidade de trabalhos publicados sobre custos da alcance de resultados positivos, bem como buscando o
assistência de enfermagem na literatura brasileira, equilíbrio entre qualidade, quantidade e custos.
acrescentando a autora, que esta matéria nem sequer
tem sido objeto de debate ou estudo nos currículos Em relação à capacitação nessa área o ICN(4) em
dos cursos de administração, mostrando não haver 1993 manifestou que as finanças se tornaram outro
nos enfermeiros, ainda, uma consciência de custo domínio de conhecimento das enfermeiras no setor
hospitalar e da contribuição da sua equipe para saúde. Elas devem se preparar para demonstrarem
redução ou adequação do mesmo à eficácia do serviço. claramente o valor e a rentabilidade de sua assistência e
devem ser capazes de apresentar argumentos para
Contudo, as enfermeiras constituem um nível obtenção de recursos (humanos e financeiros),
decisório importante na alocação de recursos, quando necessários para um cuidado seguro. Para atingir esse
decidem em suas unidades de trabalho as prioridades objetivo há necessidade de uma estratégia relacionada
de seus serviços, decidem quem e quanto tempo será às atividades de enfermagem, incluindo a prática, a
despendido nos cuidados, e quais recursos serão educação, a investigação e o desenvolvimento de
empregados. Essas decisões afetam diretamente no políticas.
número e na qualidade dos atendimentos(4).
Assim, para auxiliar o desenvolvimento das
Ribeiro(14) , comenta a responsabilidade dos enfermeiras quanto à rentabilidade dos cuidados de
enfermeiros em relação à administração de custos, enfermagem, o ICN recomendou às associações filiadas:
evitando o desperdício e aplicando a ética nos débitos
praticados. • Promover a enfermagem como um recurso
Padilha(15) expõe em seu trabalho que " as fundamental de cuidados rentáveis e como um fator
atividades da enfermagem na redução dos custos são importante de contribuição para as tomadas de decisão
desenvolvidas através da supervisão e do controle do sobre os gastos em cuidados à saúde;
uso de materiais de consumo e permanente".

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A enfermagem e o gerenciamento de custos Francisco IMF, Castilho V.

• Oferecer às enfermeiras oportunidades REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


educativas para obtenção de conhecimentos sobre
princípios financeiros, fixação de orçamento e
(1) Marquis BL, Huston CJ. Administração e liderança em
utilização de recursos, eficácia dos serviços e como enfermagem: teoria e aplicação. 2 ed, Porto alegre: Artes
aumentar sua capacidade de participar e influir nos Médicas Sul Ltda; 1999.
processos de tomada de decisões; (2) Medici AC. Financiamento e contenção de custos nas políticas
• Estimular a formação administrativa e de de saúde: tendências atuais e perspectivas futuras. Rev
Planejamento Políticas Públicas 1990; (4): 83-93.
liderança centrada em ajudar as enfermeiras a
controlar a utilização de recursos e promover métodos (3) Silva SH. et al. A administração de recursos materiais:
importância do enfoque de custos e a responsabilidade dos
para o cálculo de custos, destinando o recurso profissionais de saúde. Rev Med HU-USP 1993; 3(1/2): 23-7.
financeiro apropriado à qualidade do cuidado;
(4) Consejo Internacional de Enfermeras. La calidad, los costos y
• Promover a investigação para validar la enfermeria. Trabalho apresentado no Dia Internacional de
metodologias de cálculo de custos e identificar e medir La Enfermera, Geneva, 1993.
a contribuição das enfermeiras nos resultados, junto (5) Mendes EV. Uma agenda para a Saúde. São Paulo: Hucitec;
com os de outras áreas; 1996.

• Apoiar as avaliações de eficácia das (6) Medici AC. Necessidades de financiamento do Setor Saúde no
Brasil em 1995. Saúde em Debate 1995; (48): 69-76.
intervenções atualmente aceitas, o efeito de políticas
e práticas de desenvolvimento de recursos humanos e (7) Sav onitti BHRA. Qualidade de v ida de idosos
a eficiência dos serviços de enfermagem; institucionalizados. [dissertação] São Paulo (SP): Escola
de Enfermagem. Universidade de São Paulo; 2000.
• Estimular o desenvolvimento de sistemas de dados (8) Medici AC. Economia e Financiamento do Setor Saúde no
que permitam uma comparação de resultados em Brasil: Balanços e Perspectivas. São Paulo: Faculdade Saúde
diversos contextos, a fim de determinar os melhores Pública/USP, Ad. Saúde, 1994.
enfoques dos cuidados e o planejamento mais eficaz dos (9) Beulke R, Bertó DJ. Gestão de Custos e Resultados na Saúde:
sistemas de enfermagem; Hospitais, Clínicas, Laboratório e Congêneres. 2 ed. , São
Paulo: Saraiva; 2000.
• Facilitar a divulgação de informações e a
formação interativa de redes sobre a investigação sobre (10) Martins E. Contabilidade de Custos. 5 ed rev. São Paulo:
Atlas; 1996.
custos.
(11) Aburdene P, Naisbitt J. Megatendências para as mulheres.
RJ: Rosa dos Tempos, 1993.

CONSIDERAÇÕES FINAIS (12) Anselmi ML, Nakao JRS. A Enfermagem no Processo de


Gestão Econômica dos Serviços de Saúde: Limites e
Possibilidades. Rev Bras Enferm 1999; Brasília 52(2): 223-
Diante da gama de fatores apontados como 232.
responsáveis pelo aumento de custos em saúde e pela (13) Almeida MH. Custos Hospitalares na Enfermagem. RJ:
importância da participação do enfermeiro como Cultura Médica; 1984.
agente atuante nesse processo, há necessidade de se (14) Ribeiro FG. Análise dos Custos Diretos no ato operatório
estudar a inserção desses conteúdos nos cursos de da Revascularização do Miocárdio: Insumos e Categorias
g radu ação e pós -g raduaç ão de e nfermagem, Profissionais. [dissertação] São Paulo (SP): Escola de
preparando os futuros profissionais para participarem Enfermagem da USP; 1998.
e influenciarem nas tomadas de decisões institucionais (15) Padilha MICS. A Qualidade da Assistência de Enfermagem e
sobre gastos e serem capazes de gerenciar os custos os Custos Hospitalares. Rev Hosp Adm Saúde 1990; São
Paulo, 14(3): 128-33.
da assistência de enfermagem.
( 1 6 ) Mar x LC, M or it a LC. Compet ênci as Ger enci ais na
A preocupação de inserir no ensino essas enfermagem: A prática do sistema Primary Nursing como
questões encontra apoio em Silva" que aponta a parâmetro da assistência. SP: BH comunicação; 2000.
necessidade de relacionar a prática de enfermagem com
(17) Silva VEF da. O desgaste do trabalhador de enfermagem -
as mu dan ças e me rgen tes, le mbran do que a estudo da relação trabalho de enfermagem e saúde do
enfermagem brasileira, atenta às mudanças sociais, trabalhador. [tese] São Paulo (SP): Escola de Enfermagem da
vem ao longo dos anos, discutindo a necessidade de USP; 1995.
capacitar recursos humanos, adequando-os ao
momento sócio-político-econômico e cultural,
estimulando modificações para tentar acompanhar Artigo recebido em 01/04/02
mudanças emergentes.
Artigo aprovado em 23/09/02

244 Rev Esc Enferm USP 2002; 36(3): 240-4.

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