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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DO MARANHÃO -

UNIFACEMA

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA GESTÃO E INDICADORES DE SERVIÇOS DE


ENFERMAGEM

A gestão de serviços é uma maneira efetiva de avaliação do desempenho dos


serviços de enfermagem e de sua gestão através da utilização de indicadores que
demonstrem sua evolução ao longo do tempo, permitindo a comparação com referenciais
internos e externos.

Este trabalho teve como objetivo analisar por meio de uma revisão bibliográfica
sobre Gestão e indicadores dos serviços de enfermagem que são instrumentos que
permitem avaliar a qualidade da assistência de enfermagem nos serviços hospitalares de
saúde. Esses indicadores são uma importante e complexa prática administrativa
necessária para atender interesses individuais, corporativos e coletivos que nem sempre
são harmônicos. Com base nisso, a avaliação necessita de requisitos particulares para
desempenhar seu papel.

O desenvolvimento do planejamento do cuidado pela enfermagem teve seu início


com Florence Nigthingale, que implementava medidas de promoção da saúde e
prevenção de riscos por meio das práticas de higiene, além de outras medidas como
ventilação e iluminação, com isso, Florence conseguia reduzir mais de 70% da
mortalidade dos soldados ingleses durante a guerra da Criméia.

Para Dias et.al (2021):

Gerenciar o cuidado representa um processo que tem como significado


efetivar por meio de um conjunto de práticas ou de atividades que são
interdependentes e complementares entre si. O enfermeiro necessita ser
um profissional com competência na dimensão física, emocional e
espiritual, preparado a atender as mais diversas situações e entender que
uma boa recuperação depende também do gerenciamento do cuidado de
enfermagem.

Sendo assim , de acordo com as palavras de Vituri (2009,p. 232) no contexto de


um mundo globalizado , ciência e tecnologia estão disponíveis com muita facilidade e a
enfermagem se depara com a necessidade de aprimorar seus processos de trabalho
para melhorar seus cuidados com segurança e qualidade e ,para que se chegue a esse
fim , se faz necessário a sistematização de suas práticas e processos no serviço de
enfermagem .

De acordo Com Gabriel(2011,p.770) apud Brasil(2011):

Indicadores são medidas utilizadas para descrever uma situação existente,


avaliar mudanças ou tendências durante um período de tempo e avaliar,
em termos de qualidade e quantidade, as ações de saúde executadas. Os
indicadores de qualidade, desempenho e produtividade são importantes no
planejamento e na tomada de decisão dos gestores dos serviços de saúde
para o aprimoramento de processos e melhoria dos resultados da
assistência. Obviamente, um valioso instrumento de gestão para a
superação dos desafios impostos pela atualidade e para a busca da
eficácia gerencia.

É importante que a avaliação gere decisões proporcione além de eficiência e


eficácia, a sua implementação, para isso é necessário que essas decisões levem em
consideração as demandas de saúde da população englobando as metas definidas pelos
serviços e que todas as partes interessadas seja envolvida nesse processo a fim de
viabilizar a implementação da decisão tomada.

De acordo com Franco(2010, p. 807):

A enfermagem, como ciência em desenvolvimento, necessita identificar e


caracterizar seus conhecimentos e técnicas científicas próprias. O
conhecimento científico respalda a ação prática. Suas bases de
sustentação são indicadores de desenvolvimento de uma profissão, além
de constituírem um marco importante na evolução da prática profissional.

Nessa perspectiva, equipe de enfermagem necessita acompanhar as ações de


cuidado para conhecer seus resultados e estabelecer boas práticas de saúde, para isso
os indicadores de qualidade são uma eficiente para avaliação das ações de saúde. Os
instrumentos de gestão se resumem na maneira pela qual os profissionais de saúde
verificam e monitoram aspectos que dizem respeito a sua real situação e a partir deles
avaliam o estado dos pacientes.

Franco (2010,p.807) em suas palavras sustenta que fazer a validação dos


indicadores de qualidade e de assistência auxilia o profissional da enfermagem a
responder questionamentos gerenciais, assistenciais, econômicos e legais, exibindo bons
resultados em relação à assistência prestada e à implementação de ações de melhoria
respaldada em elevados padrões de qualidade.
Os indicadores de saúde da enfermagem são importantes ferramentas para avaliar
e monitorar a qualidade do cuidado prestado pelos profissionais dessa área. Esses
indicadores podem ser utilizados para medir a eficácia dos tratamentos, identificar áreas
de melhoria e promover a segurança do paciente.

Entre os principais indicadores de saúde da enfermagem, podemos destacar a


taxa de infecção hospitalar, que mede o número de infecções adquiridas durante a
internação do paciente. Outro indicador importante é a taxa de reinternação, que mede o
número de pacientes que precisam ser readmitidos no hospital após a alta.

Além desses, há também outros indicadores como a taxa de lesão por pressão,
que mede a incidência de feridas que ocorrem como resultado da pressão contínua em
uma área do corpo, e a taxa de quedas, que mede o número de pacientes que caem
durante a permanência no hospital.

A prática assistencial no cuidado do cliente pode ter sua eficácia comprometida por
diversos fatores entre eles a sobrecarga de funções e trabalho e mudanças nas ações da
equipe de enfermagem como forma de garantir segurança, qualidade e atender os
objetivos da instituição.

Da mesma forma que o aumento de taxa de ocupação de leitos e a redução de


recursos humanos podem comprometer a prática assistencial no cuidado do cliente,
fazendo com que aumente índices como os de morbidade e de mortalidade, pois o
prolongando do tempo de internação e, das despesas hospitalares, impactam diretamente
na qualidade dos serviços assistências prestados ,tornando maior a exposição aos riscos
como queda do leito, medicação errada e demora na administração de cuidados.

Gabriel et al (2011) em seus estudos discursa que :

Quando focalizada a utilização de indicadores no âmbito da enfermagem


hospitalar verifica-se que, definir indicadores que avaliam a qualidade da
assistência, sempre foi um desafio que está ligado à necessidade de
disponibilizar para os enfermeiros indicadores que sejam por eles
validados. O propósito é uniformizar e tornar o processo de avaliação do
cuidado uma parte integrante da assistência de enfermagem e não apenas
mais uma tarefa a ser cumprida. Trata-se de disponibilizar os resultados
como ferramenta para que ocorra a avaliação sistemática do processo de
assistência de enfermagem de maneira efetiva.

Franco, em seus estudos apontou que o indicador de maior relevância uma prática
assistencial aprimorada é o indicador de índice de falhas técnicas de enfermagem em
seguida estão os índice de eventos adversos graves e o sistema de classificação do
paciente , precedidos por índice de lesão de pele, e logo após o índice de satisfação dos
pacientes, ficando em 6° lugar o índice de falhas de anotação de enfermagem. (2010,p.
809).

De acordo com Franco (2010 p.24) apud D’INNOCENZO (2006 p.86):

O componente para os indicadores se deferem em: estrutura é descrito


como correspondente às características que são necessárias a todo o
processo assistencial estando ligados a área física, recursos humanos,
recursos materiais e recursos financeiros com sistemas de informação
relacionados a instrumentos normativos e técnicos administrativos. O
processo é descrito como correspondente à prestação da assistência
segundo padrões técnico-científicos exigidos, estabelecidos e aceitos na
comunidade científica, na utilização de todos os recursos nos seus
aspectos quantitativos e qualitativos. Inclui o reconhecimento relacionado a
este componente os problemas em métodos diagnósticos, diagnóstico e os
cuidados prestados. O componente resultado é descrito no que
corresponde às consequências de todas as atividades realizadas na
assistência nos estabelecimentos de saúde, ou pelo profissional em
conceitos de termos de mudanças verificadas no estado de saúde dos
pacientes, considerando também as mudanças necessárias relacionadas a
conhecimentos e comportamentos, bem como a satisfação do usuário e do
trabalhador ligada ao recebimento e prestação dos cuidados
respectivamente.

Recentemente, no inicio de dezembro de 2019 ,surgiu o Corona vírus com um


ritmo de propagação do vírus intenso e altamente mutável, a emergência de saúde
pública foi classificada em pandemia ,pois foram muitas pessoas e países assolados pela
doença , o que provocou mudanças urgentes nos modos gerenciais do cuidado e
serviços de enfermagem.

A pandemia do Covid-19 fez com que a enfermagem se adaptasse a uma nova


realidade e assim implementasse novos serviços de saúde para conseguir driblar os
índices de infecção e mortalidade do Corona vírus devido à dinâmica de transmissão da
COVID-19, foi necessária a implantação de diversas medidas como o uso de máscaras de
proteção, aumento da frequência de higiene de mãos e o isolamento social.

Muitas foram as tentativas de diminuir o impacto da pandemia nos serviços de


saúde, desde criação de novas medidas de segurança a novos conceitos de cuidado e
assistência , tudo a fim de não colapsar os serviços de atendimento e garantir a promoção
da saúde com eficiência. Juntamente com essas mudanças também foram pensados
meios para solucionar o distanciamento social como é o caso do uso de Tecnologias
como videochamadas, além serviços de delivery e vendas online para fomentar a
economia e facilitar a vida em sociedade.
De acordo Araújo et al., (2020 p.193):

A pandemia fez com que os fluxos e rotinas de atendimentos tivessem que


ser revistos, com mudança na carga horária e na rotina de trabalho do
profissional de saúde, medidas administrativas para o cancelamento de
todas as cirurgias eletivas, orientação e capacitações direcionadas aos
profissionais para o uso correto de Equipamentos de Proteção Individual
(EPI), assim como, maneiras para evitar a contaminação dos
pacientes/profissionais. Tais responsabilidades exigiram do enfermeiro o
posicionamento de líder e de condutor das ações de cuidado, destacando-
se nos serviços de saúde no enfrentamento à pandemia.

Foram muitas as mudanças na gestão de serviço e indicadores de enfermagem


ocasionadas pela urgência da pandemia do Covid – 19, algumas permaneceram de
maneira efetiva e outras foram utilizadas apenas no caso excepcional. De acordo com
Milch et al.(2021 p.) em países a exemplo da Austrália, a pandemia deu visibilidade para a
importância de se ter um modelo de organização em saúde hospitalar e à estrutura física
do ambiente.

Ainda segundo Milch et al.(2021 p.481) Foram implantadas novas práticas na


tentativa de minimizar o contágio pelo vírus e não superlotar os hospitais, entre essas
medidas estão: a segregação de forças de trabalho, a conexão entre instituições privadas
e públicas, alterações estruturais nos hospitais para receber pacientes suspeitos e não
suspeitos ,identificando e separando-os de acordo com o caso ,além de implementação
de protocolos para facilitar o diagnóstico por meio da telemedicina e modelos liderados
por enfermeiros.

Nas palavras de Araújo et al., (2020):

A pandemia fez com que os fluxos e rotinas de atendimentos tivessem que


ser revistos, com mudança na carga horária e na rotina de trabalho do
profissional de saúde, medidas administrativas para o cancelamento de
todas as cirurgias eletivas, orientação e capacitações direcionadas aos
profissionais para o uso correto de Equipamentos de Proteção Individual
(EPI), assim como, maneiras para evitar a contaminação dos
pacientes/profissionais. Tais responsabilidades exigiram do enfermeiro o
posicionamento de líder e de condutor das ações de cuidado, destacando-
se nos serviços de saúde no enfrentamento à pandemia.

Sendo assim, a pandemia do Coronavírus de certa forma obrigou que a


enfermagem se adaptasse e desenvolvesse novas medidas de gestão e índices de
saúde para enfrentar a nova realidade. Medidas essas que, implementadas, foram de
grande relevância para a saúde em nível mundial, pois foram compartilhadas entre os
profissionais de saúde de diversos países e muitas delas ainda estão em uso pelos
serviços hospitalares.
REFERÊNCIAS

Araújo, P. M. C. G., Bohomol, E., & Teixeira, T. A. B. (2020). Gestão da Enfermagem


em Hospital Geral Público Acreditado no Enfrentamento da Pandemia por COVID-19.
Enfermagem em Foco, 11 (1), 192-195. Acesso em : 19 set. de 2023.

Brasil. Ministério da Saúde. Portal da Saúde [online]. 2011. Disponível em:


http://portal.saude.gov.br/portal/saude/Gestor/visualizar_texto.cfmidtxt=36281&janela=
1. Acesso em: 17 set. de 2023.

FRANCO, Juliana Nogueira et al. Percepção dos enfermeiros sobre os resultados dos
indicadores de qualidade na melhoria da prática assistencial. Revista Brasileira de
Enfermagem: REBEn, Brasília, v. 63, n. 5, p.806-810, out. 2010.
Http://www.scielo.br/scielo.php.script=sci_arttextπd=s003471672010000500018&lng=
en&nrm=iso. Acesso em: 17 set. de 2023.

GABRIEL, Carmen Silvia et al. Utilização de indicadores de desempenho em serviço


de enfermagem de hospital público.Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 19,
p. 1247-1254, 2011. Disponível em : https://www.researchgate.net/profile/Carmen-
Gabriel-2/publication271846476_Quality_indicators_used_in_the_nursing_services_of
_teaching_hospitals/links/54d4a1b90cf2970e4e63596f/Quality-indicators-used-in-the-
nursing-services-of-teaching-hospitals.pdf. Acesso em: 17 set. de 2023.

Meneses, A. S. (2020) Gerenciamento Emergencial de Recursos da Atenção Primária


a Saúde no Enfrentamento à Pandemia da COVID-19. SciELO Preprints. Acesso em:
18 set. de 2023.

Milch, V., Wang, R., Der Vartanian, C., Austen, M., Hector, D., Anderiesz, C., & Keefe,
D. (2021). Cancer Australia consensus statement on COVID-19 and cancer care:
embedding high value changes in practice. The Medical Journal of Australia, 215(10),
479–484. Acesso em: 18 set. de 2023.

VITURI, Dagmar Willamowius; MATSUDA, Laura Misue. Validação de conteúdo de


indicadores de qualidade para avaliação do cuidado de enfermagem. Rev Esc Enferm
USP, Maringá PR, v. 2, n. 43, p.429-437, 2009. Bimestral. Disponível em: . Acesso
em: 17 set. 2023.

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