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RESUMO
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Graduando (a) em Administração do 6º Período do IFPB.
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Doutorando em Administração (PPGA/UFPB) e Professor da Unidade Acadêmica de Gestão do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFPB (Orientador).
1. INTRODUÇÃO
A administração de materiais procura conciliar os interesses entre as necessidades de
suprimentos e a otimização dos recursos financeiros e operacionais das organizações e um dos
principais intuitos dessa área constitui a preocupação em atender às necessidades dos clientes
(GONÇALVES, 2010).
Nesse contexto, a logística se torna fundamental nos processos gerenciais tendo em
vista a existência da necessidade de gestão de materiais dentro da diversidade atual de setores
e organizações, inclusive nas instituições responsáveis pela assistência à saúde, como é o caso
dos hospitais. Um hospital é uma organização que possui vida própria e se diferencia das
demais porque o seu objetivo é a manutenção ou restabelecimento da saúde do paciente
(GUIMARÃES, 2005).
O sistema adotado por hospitais para dispensação de medicamentos elabora um trajeto
destes até ao paciente e estabelece como os mesmos são separados, organizados e dispostos
para a administração aos pacientes. A forma como os medicamentos são dispensados pela
farmácia hospitalar é uma das mais importantes atividades realizadas pela mesma e seu
funcionamento adequado pode assegurar sua qualidade e segurança, bem como a segurança e
garantia da saúde do paciente (XAVIER, 2012).
A distribuição racional de medicamentos consiste em assegurar aos usuários o produto
correto, na quantidade e especificações solicitadas, obtendo melhor custo e maior eficácia
(MOREIRA, 2008). Causas de erros nos sistemas de medicação não só estão relacionadas
com falhas individuais dos profissionais de saúde envolvidos no processo, mas também falhas
sistêmicas tais como dificuldades com o ambiente, ausência ou deficiências no treinamento,
escassez de profissionais, falhas de comunicação, problemas nas políticas e metodologias ou
mesmo produtos impróprios para serem administrados nos pacientes (OLIVEIRA E MELO,
2011).
Tendo em vista a relevância do processo de controle dos medicamentos e do
funcionamento adequado do sistema de dispensação adotado nas instituições, este trabalho
procura identificar qual o tipo de dispensação de medicamentos utilizado em um hospital da
rede pública de saúde na cidade de João Pessoa-PB e verificar se o mesmo proporciona a
racionalização, distribuição e administração adequadas a fim de evitar desperdícios e
consequentemente diminuir os custos com medicamentos.
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A seção seguinte apresenta os principais conceitos pertinentes ao estudo da área de
Administração de materiais e distribuição de medicamentos hospitalares, na terceira seção
serão apresentados os processamentos metodológicos, por fim os resultados serão expostos.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Administração de Materiais
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Dentre os objetivos de uma farmácia hospitalar destaca-se: o planejamento a longo
prazo; o cuidado com a qualidade de seus produtos; a análise de problemas que de alguma
forma se confinam a partes específicas do processo de produção ou se derivam do processo
total; o treinamento dos empregados para o trabalho a ser realizado; o encorajamento dos
demais departamentos para que estes trabalharem juntos, em vez de se concentrarem na
diferenciação entre departamentos ou divisões; a exigência para com seus funcionários no que
diz respeito a um trabalho de qualidade; e, treinar seus empregados para desenvolver novas
habilidades à medida que surja a necessidade (NETO, 2005).
2.2.2. Medicamentos e Processos de Dispensação.
Os medicamentos ocupam um lugar de destaque no sistema de saúde e no tratamento
de doenças. A alternativa para a busca da cura é, para muitos, o uso de medicamentos
(XAVIER, 2012).
Na história recente do Brasil, o tema dos medicamentos nunca esteve tão presente nas
agendas do setor saúde das três esferas de governo que compõem o SUS. Todos os caminhos
da assistência farmacêutica e da política nacional de medicamentos apontam para a
necessidade de sua inserção radical nas ações de saúde, para a melhor utilização de recursos e,
em especial, para a necessidade de colocar em prática medidas que promova nos serviços de
saúde, o uso racional de medicamentos (CASTRO, 2000).
Diante disto o processo de dispensação de medicamentos em ambiente hospitalar tem
como objetivo garantir aos pacientes em tratamento os medicamentos solicitados na
quantidade correta e de acordo com as devidas especificações expostas na prescrição de forma
que se tenha alguma margem de segurança do funcionamento adequado ou não da farmácia e
se o paciente está recebendo os seus medicamentos dentro de critérios que possam assegurar a
sua qualidade e segurança (XAVIER, 2012).
O processo de medicação no contexto hospitalar é formado por etapas que vão desde a
prescrição e distribuição até a ação de administrar o medicamento. Todas as etapas possuem
interligação e são executadas por diversos profissionais da área de saúde. Dessa forma a etapa
de prescrição fica a cargo do médico, a de dispensação e de distribuição do medicamento
ficam sob a incumbência do farmacêutico, e a etapa de manipulação referente ao preparo e a
de administração dos medicamentos, bem como o monitoramento das reações do paciente são
responsabilidades do profissional de enfermagem (OLIVEIRA, 2011).
Os processos de dispensação de medicamentos são classificados como: coletivo,
individualizado, dose unitária ou misto (XAVIER, 2012).
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SISTEMA COLETIVO
MÉDICO PRESCREVE
FARMÁCIA OU
DISPENSA
ALMOXARIFADO
ESTOCA ENFERMAGEM
No Coletivo (Figura 1), os pedidos não são feitos em nome dos pacientes, mas em
nome das unidades responsáveis pela preparação e administração dos medicamentos. Neste
tipo de dispensação, a farmácia envia uma quantidade de medicamentos para serem estocados
naquelas unidades e utilizados conforme as prescrições (VECINA NETO E MALIK, 2011).
Transcreve Encaminha
Enfermagem cópia
Tria e Farmacêutico Tria para 24h
quantifica ou 48h
Mensageiro Entrega
Entrega
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No processo Individualizado (Figura 2), os pedidos são feitos especificamente para
cada paciente, considerando a prescrição médica para o período de 24 (vinte e quatro) horas.
Esta tipologia de dispensação possui dois tipos de operacionalização, o direto e o indireto.
Ambos possuem semelhanças, mas conforme explícito na Figura 2, a principal diferença está
no fato de que, no tipo indireto, a prescrição médica é transcrita pela enfermagem enquanto
que, no direto, uma cópia da prescrição médica é encaminhada pela enfermagem à farmácia
(SOUZA, 2012).
Médico Prescreve
Mensageiro Entrega
Já no tipo Dose Unitária (Figura 3), os requisitos a serem atendidos são o de colocar à
disposição do paciente o medicamento que foi prescrito na dosagem e na formulação corretas,
bem como na hora certa para sua administração. A diferença deste processo com o
Individualizado é que neste também são unitarizadas as doses dos líquidos (VECINA NETO
E MALIK, 2011).
O de tipo Misto é assim classificado quando, no mesmo hospital, adota-se mais de um
tipo de processo e é indicado que, nesse procedimento, as solicitações encaminhadas pelas
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unidades assistenciais sejam baseadas em relação de estoque, previamente estabelecida entre
farmácia e enfermagem (XAVIER, 2012).
Os profissionais envolvidos no processo de dispensação de medicamentos devem
conhecer o seu papel na corrente de ações necessárias à medicação de um paciente, para que
desempenhe seu papel com segurança, consciência e responsabilidade, visto que seu
envolvimento e ações em cada uma das etapas podem interferir no comportamento de todo o
sistema e consequentemente no cuidado com o paciente (OLIVEIRA E MELO, 2011).
- Controle de estoque
- Acesso ao medicamento
- Erro de medicação
COLETIVO - Tempo de dispensação
- Recursos Humanos - Custo de medicamentos
-Recursos Materiais - Desvio de perdas
- Erro de medicação
- Tempo de dispensação
- Desvio de perdas - Custo de implantação
DOSE UNITÁRIA - Custo -Recursos humanos
- Dificuldade inicial
- Controle de Estoque
-Adaptabilidade a
Informatização
Acréscimo/Aumento Decréscimo/Redução
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3. METODOLOGIA
Para a consecução dos objetivos desta pesquisa, considerando a temática que a norteia,
ou seja, a administração de materiais, adotou-se um estudo de caso único. A realização da
pesquisa de campo se iniciou com a coleta de dados inicialmente por meio de uma entrevista
semiestruturada no dia 23 de dezembro de 2014, entre 10:30h e 13:00h, com o diretor
administrativo do Hospital, bem como com quatro profissionais de saúde envolvidos no
referido processo: um médico, uma enfermeira chefe, uma farmacêutica e uma auxiliar de
enfermagem. O tempo médio gasto em cada uma das entrevistas foi de cerca de 30 minutos,
as quais foram transcritas manualmente e resultaram em oito laudas de relatos ao final.
Tais entrevistas tiveram como objetivo fazer uma análise exploratória do processo de
dispensação de medicamentos no hospital, assim como dar base a um roteiro estruturado de
observação não participante (Figura 4), que foi aplicado logo após, contendo a descrição
detalhada do processo completo de dispensação dos medicamentos no referido hospital. Para a
criação do roteiro, também foram coletados dados mediante análise documental, que foram
concebidos metodologicamente para realizar um diagnóstico da sistemática de dispensação
dos medicamentos.
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Baseado pelo relato das entrevistas e pela averiguação da etapa de observação não
participante foi elaborado o processo de dispensação de medicamentos explícito na Figura 5.
Etapa Encaminha p/
2 Mensageiro
Enfermagem
Etapa
4 Enfermeira Tria p/ 24h
Etapa
7 Aux. Enfermagem Administra
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enfermagem e utilizados conforme as prescrições, sendo controlados através da devolução dos
vasilhames vazios quando da necessidade de reposição de estoque no posto de enfermagem.
A estrutura física, os recursos humanos disponíveis e o investimento financeiro dentre
outros fatores são aspectos que influenciam na escolha e na eficácia do sistema de
dispensação (XAVIER, 2012). Esta afirmação foi evidenciada na entrevista realizada com o
diretor administrativo, ao relatar que
o hospital já possui cerca de 44 anos de existência e nunca sofreu reformas
estruturais significativas que possibilitem a implantação de um sistema de
dispensação mais eficiente, além do que os recursos humanos disponíveis no
momento são insuficientes para suprir a necessidade da operacionalização que estes
tipos de sistemas informatizados demandam e não podemos, no momento, realizar
investimentos financeiros dessa magnitude.
A seguir serão exploradas detalhadamente cada uma das etapas explícitas na Figura 5,
analisando os gargalos encontrados e sugerindo os ajustes que se faz necessário para a
eficiência do processo de dispensação.
4.1.1. Etapa 1 – Prescrição
Inicialmente se faz necessário expor que nesta etapa não foi observada a atuação do
médico com relação ao diagnóstico dos pacientes, mas apenas como a prescrição é feita e
quais os equipamentos disponíveis para a realização desta tarefa. Verificou-se na coleta dos
dados que a prescrição é feita manualmente em duas vias carbonadas contendo a quantidade
de medicamentos suficientes para suprir as necessidades dos pacientes dentro do período de
24 horas.
O fato de esse processo ser realizado manualmente demanda tempo e maior atenção
por parte dos médicos. Portanto, se este processo fosse realizado com o uso de equipamentos
computacionais, haveria otimização do mesmo, o que também viabilizaria a melhor
compreensão do que foi prescrito, tanto pela enfermagem quanto pela Farmácia (reduzindo
erros por má interpretação da prescrição, assim como ganho de agilidade no processo).
Nas prescrições diárias de cada paciente os médicos costumam prescrever
medicamentos para uso em urgências caso seja necessário. Essa prática se dá pelo fato de que
a clínica médica não possui médicos plantonistas à sua disposição 24 horas e por que a
farmácia só permite a retirada de medicamentos – inclusive em casos de urgência - com
prescrição médica.
4.1.2. Etapa 2 – Encaminhamento da Prescrição
A duas vias das prescrições são repassadas para a enfermagem por um mensageiro
contratado exclusivamente para realizar essa tarefa de transporte. Pelo ponto de vista dos
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pesquisadores este processo poderia ser otimizado com a utilização de um sistema
informatizado que interligasse a sala de prescrição dos médicos ao posto de enfermagem.
4.1.3. Etapa 3 – Triagem
Nesta etapa a enfermagem tria os medicamentos que foram prescritos para 24 horas na
prescrição médica a fim de facilitar quando do momento da administração dos mesmos. Todo
o processo é feito manualmente nas duas vias da prescrição. Mais uma vez, caso fosse feito
com base em equipamento computacionais, tal processo se daria de forma mais ágil e
transparente.
4.1.4. Etapa 4 – Protocolização e envio para a Farmácia
A protocolização das prescrições é feita no setor de enfermagem, pela enfermeira
chefe, sendo em seguida encaminhada à Farmácia pessoalmente pela mesma. Tal
deslocamento poderia ser evitado com a interligação dos setores envolvidos nesta etapa
através do uso de um sistema em rede de computadores.
Outro detalhe verificado nesta etapa foi a protocolização de todas as prescrições de
uma única vez, sem que todas tenham sido oficialmente encaminhadas na prática. Tal situação
pode dar vasão a extravios desta documentação, sendo assim recomendável que o protocolo
seja preenchido somente com as prescrições que forem realmente entregues em cada
atendimento.
4.1.5. Etapa 5 – Atendimento e dispensa
Ao receber da enfermagem a via das prescrições de medicamentos destinadas ao seu
setor, o auxiliar da Farmácia assina o protocolo, o qual fica em poder da enfermagem. Nesse
momento, a enfermagem segue para o posto de enfermagem, a fim de aguardar a separação,
repasse e dispensa dos medicamentos solicitados.
O auxiliar da Farmácia verifica se há disponibilidade do medicamento em estoque. Em
caso positivo de disponibilidade de todos os medicamentos solicitados pela clínica médica,
tais medicamentos são separados, dado baixa no sistema de estoque da farmácia, organizado
em sacos plásticos transparentes e deixado à disposição para retirada pelo setor solicitante,
juntamente com a via da prescrição de medicamentos pertencente à farmácia para posterior
conferência.
Nesta etapa do processo foi verificada a incerteza do tempo necessário para sua
execução, o que dificulta a retirada por parte da enfermagem que precisa em muitos dos casos
se deslocar mais de uma vez para realizá-la. Tal desperdício de tempo com o deslocamento a
fim de verificar se os medicamentos estão liberados para serem retirados poderia ser evitado
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com a melhor interação entre a Farmácia e a enfermagem (uma ligação telefônica poderia
resolver tal problema, visto que ambos possuem linhas telefônicas em seus setores).
4.1.6. Etapa 6 – Retirada e conferência
A enfermeira retorna à Farmácia, aproximadamente após uns 30 minutos em média,
para a retirada dos medicamentos solicitados, deslocando-se em seguida até o posto de
enfermagem para executar a conferência dos mesmos.
A enfermeira faz a conferência com a via da prescrição médica da Farmácia e, no caso
de não haver erro dos medicamentos separados com o que foi solicitado, carimba e assina a
via da prescrição da Farmácia, confirmando o recebimento e conferência do que foi entregue,
acondicionando os medicamentos de cada paciente separadamente em recipientes plásticos
transparentes identificados com o leito de cada um deles. Caso os medicamentos solicitados
pela clínica estejam com divergências no momento da conferência, a enfermagem retorna à
Farmácia, que de imediato realiza a correção (trocando os que foram confundidos ou
acrescentando medicações que não foram repassadas).
Nessa etapa do processo foi possível verificar a existência de retrabalho por falhas
humanas e é importante corrigir essas ocorrências, pois elas proporcionam desperdício de
tempo tanto no setor da farmácia para reparar o erro, como em relação à enfermagem que
precisa se deslocar desnecessariamente para a Farmácia a fim de solucionar as divergências.
Isto pode ser corrigido com a prática de dupla conferência, tanto da parte do auxiliar de
farmácia quanto do farmacêutico antes da retirada dos medicamentos.
Comparando esta etapa com o exposto na Figura 2, que descreve a dispensação
individualizada, nota-se que o deslocamento de entrega deve ser feito por um mensageiro e
não pela enfermagem, pois a atribuição da enfermagem neste tipo de dispensação é apenas de
conferência e administração da medicação ao paciente e não de transporte de medicamentos
Portanto, assim como acontece no setor de prescrição, necessário se faz também ter um
mensageiro no setor de farmácia que realize a entrega dos medicamentos para o setor de
enfermagem. A introdução deste sujeito no processo permitirá que os profissionais de
enfermagem não se ausentem da sua principal função que é a de prestar assistência direta ao
paciente.
4.1.7. Etapa 7 – Administração
Esta etapa não foi observada por se tratar de tarefa técnica por parte da enfermagem.
Porém se buscou informações sobre como os mesmo controlam a efetiva administração dos
medicamentos aos pacientes. Os auxiliares de enfermagem criaram um sistema de código
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específico para informar que o paciente foi medicado: circulam a dose na triagem feita pela
enfermeira chefe quando a medicação não foi administrada e colocam um traço em cima da
dose quando a mesma foi administrada. Dessa forma a equipe de enfermagem do próximo
plantão fica informada do que foi feito e do que não pôde ser feito através dos códigos.
4.1.8. Etapa 8 – Listagem e devolução de sobras
Ao término do plantão de cada equipe de enfermagem na clínica médica, é realizada a
devolução de medicamentos que não foram utilizados por meio de formulário assinado e
transcrito pela enfermeira chefe com duas vias carbonadas, uma que segue para a farmácia
junto com os medicamentos e outra que fica de posse da enfermagem. Em sua maioria os
medicamentos que sobram são aqueles prescritos pelos médicos para uso em urgências caso
seja necessário.
Nota-se que essa prática busca garantir a administração imediata em casos de
urgências e emergências com os pacientes internados na clínica médica, porém ela deixa
brechas para que ocorram desperdícios e extravios de medicamentos, ficando esta ação de
devolvê-los à Farmácia em poder da honestidade dos profissionais de enfermagem.
O ideal seria que o setor de Farmácia mantivesse formulários disponíveis na farmácia
para solicitação de medicação de urgência com duas vias em que a enfermagem se
responsabilizasse com sua assinatura no momento de retirada e, posteriormente, com a
assinatura do médico responsável pelo atendimento do paciente.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de dispensação de medicamentos em ambiente hospitalar busca garantir os
produtos solicitados na quantidade correta e de acordo com as devidas especificações
(XAVIER, 2012). Nesse contexto, pode-se afirmar que o processo de dispensação de
medicamentos da farmácia na instituição hospitalar estudada consegue alcançar o objetivo de
abastecer a clínica médica com os medicamentos necessários para cada paciente, porém no
decorrer do processo alguns gargalos foram encontrados.
O processo institucionalizado é eficaz, mas não é eficiente, pois entre as etapas foi
observado perda de controle em alguns casos, assim como elevado nível de rigidez em outro
(o que põe em risco a vida de pacientes caso haja demora na administração de medicamentos
em casos de urgência). Tais intercorrências podem ser facilmente ajustadas em curto prazo
com a humanização do processo, proporcionada através de uma melhor interação entre a
Farmácia e os profissionais de saúde envolvidos (iniciando por meio de uma diretriz que parta
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da direção, comunicando e expondo de forma clara e acessível um protocolo padrão de
atendimento).
A médio e longo prazo, sugere-se o levantamento de viabilidade financeira para
executar a implantação de um Sistema de Distribuição de Medicamentos por Dose Unitária
(SDMDU) totalmente informatizado. Este tipo de dispensação permite melhorias por parte
das devoluções do que não foi utilizado pelo paciente e controle mais efetivo sobre o
medicamento e sobre as doses, além de proporcionar a integração da Farmácia e a equipe de
saúde da instituição (SOUZA, 2012).
O investimento de implantação do SDMDU é relativamente elevado, porém é
justificado diante da economia que traz por meio da maior eficiência na aquisição e
administração de medicamentos, assim como segurança, qualidade e eficácia por ele
proporcionado, além de consequentemente abreviar o tempo de tratamento e internação dos
pacientes (SOUZA, 2012).
Este estudo direcionou-se apenas a uma única unidade pública hospitalar, entretanto
podendo ter características parecidas com outras organizações hospitalares, contribuindo
assim com a melhoria de gestão das mesmas. Com relação a contribuição teórica, verifica-se a
pouca quantidade de pesquisas com foco em gerenciamento de materiais em hospitais no país
na área de Administração, mais ainda quando se analisa o nordeste brasileiro. Dessa forma, tal
pesquisa contribui com mais uma perspectiva de racionalização e compreensão da
administração dos hospitais no Brasil (de forma direta a forma como se dá o processo de
administração de materiais de um hospital público).
Entretanto, faz-se necessário mais estudos em instituições hospitalares públicas e
privadas para que se possa apresentar comparações mais precisas de seus procedimentos de
dispensação e controle de medicamentos, assim como a mensuração de dados pertinentes ao
tema (por meio de estudos quantitativos que comprovem estatisticamente tal situação
relatada).
6. REFERÊNCIAS
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