Você está na página 1de 12

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ENFERMAGEM
Departamento de Enfermagem Básica
Disciplina Administração em Enfermagem I
1semestre 2013

GERENCIAMETO DE RECURSOS MATERIAIS EM ENFERMAGEM1


2
GRECO, ROSANGELA MARIA.
3
DEUS, RAQUEL LÍQUER

1 - Objetivos

 Discutir o gerenciamento de Recursos Materiais no desenvolvimento das ações de


enfermagem;
 Compreender os elementos necessários à realização da previsão, provisão,
organização e controle dos recursos materiais em enfermagem;
 Reconhecer a responsabilidade do enfermeiro na realização dos testes de qualidade e
parecer técnico dos materiais utilizados pela enfermagem.

2 – Introdução: importância, finalidade e objetivos da Administração de Materiais


nas instituições de saúde

Toda organização necessita para um bom funcionamento de recursos


financeiros, materiais e humanos, mesmo nas instituições de saúde onde o resultado
final do processo não se traduz em um produto, mas sim em um serviço, ou seja, a
assistência à saúde de indivíduos e comunidades é importante que os materiais sejam
adequadamente administrados.
Uma administração de materiais adequada sofre a influência e influencia os
recursos financeiros (podendo através de uma destinação mais racional promover uma
diminuição dos custos) e os recursos humanos (pois materiais em quantidade e
qualidade adequadas podem produzir na equipe maior grau de satisfação).

1
Este texto foi elaborado como material instrucional para a Disciplina Administração em Enfermagem I,
para os acadêmicos do Curso de Graduação em Enfermagem do 6º período da Faculdade de Enfermagem da
Universidade Federal de Juiz de Fora.
Pedimos que caso haja o interesse em utilizar este material para outro fim seja citada a fonte, para manter
contato com o autor utilize o seguinte e-mail: rosangela.greco@ufjf.edu.br
2
Enfermeira, Doutora em Saúde Pública, Professor Associado do Departamento de Enfermagem Básica da
Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora.
3
Enfermeira, Professora Substítuta do Departamento de Enfermagem Básica da Faculdade de Enfermagem
da Universidade Federal de Juiz de Fora.

1
A importância da Administração de Materiais pode ser demonstrada, por
exemplo, quando se observa o quanto os materiais representam em termos de
destinação de recursos nas organizações. Em uma empresa os recursos materiais
chegam a representar 75% do capital, e em instituições de saúde significam cerca de
45% das despesas (CASTILHO; LEITE 1991).
Nas instituições de saúde o papel da Administração de Materiais não é diferente
das demais organizações, pois o seu objetivo é coordenar as atividades de compra,
armazenamento, distribuição e controle, de modo a que se garanta o suprimento de
todas as áreas do serviço. Sendo que sua interrupção pode ser atribuída a fatores
como insuficiência na quantidade ou falta de qualidade dos materiais.
Atualmente a administração de recursos materiais tem sido motivo de
preocupação nas instituições de saúde, tanto na rede pública como na privada, que
complementam o SUS. As organizações privadas, sujeitas às regras de mercado
precisam gerenciá-los com preços competitivos em relação ás demais instituições. Em
contrapartida, temos o setor público, que com orçamento restrito, precisa de maior
controle do consumo e dos custos para que sua escassez não reflita na privação dos
funcionários e pacientes ao acesso a esses materiais e consequentemente à uma
assistência de qualidade (CASTILHO; GONÇALVES, 2005).
Portanto, para que não haja falta de material que leve ao prejuízo da assistência
à saúde, e tão pouco para que não haja excessos que elevem os custos, os materiais
devem ter as suas quantidades e qualidades planejadas e controladas (PATERNO,
1991).
Dessa forma, “a administração de materiais (AM) consiste em ter os materiais
necessários na quantidade certa, no local certo e no tempo certo à disposição dos
órgãos que compõem o processo produtivo...” (CHIAVENATO, 1991).
Contudo, é necessário que se compreenda os conflitantes interesses envolvidos
na administração de materiais:

Adaptado de VECINA NETO & REINHARDT FILHO (1998, p. 5).

3 – Administração de Materiais e a Enfermagem

A Enfermagem tem como objeto de seu trabalho o processo saúde-doença de


indivíduos e coletividades e como finalidade a transformação desse processo saúde-

2
doença, o que pode ser expresso através da assistência à saúde (QUEIROZ; SALUM,
1996).
Os enfermeiros ao prestar a assistência à saúde utilizam recursos materiais,
cabendo historicamente a eles a responsabilidade pela previsão, provisão, organização
e controle desses materiais em suas unidades de trabalho (CASTILHO; LEITE 1991).
Segundo FONSECA (1995), “o fato de o enfermeiro participar da implementação
de grande parte dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos no hospital, coloca-o
na condição de desempenhar papel importante na AM. A introdução de novas
tecnologias, novos materiais e equipamentos na prática assistencial, tem exigido dos
profissionais de saúde, em particular do enfermeiro, a adoção de um esquema que
permita o conhecimento e avaliação dos materiais e equipamentos disponíveis no
mercado, no sentido de garantir uma opção que colabore com a manutenção/ elevação
da qualidade da assistência.”
A esse respeito ainda BARA (1997) coloca que “não se pode pensar que a
efetividade da AM é garantia para uma assistência de qualidade, mas principalmente a
forma como o enfermeiro se responsabiliza e gerência os recursos materiais vai
repercutir na qualidade da assistência”.
Assim, pode-se concluir que a atividade da AM realizada pelo enfermeiro deve
ter como objetivo a melhoria da assistência à saúde de indivíduos e comunidade bem
como as condições de trabalho das equipes de enfermagem e de saúde.
Entretanto, o enfermeiro deve ter o cuidado de não transformar a AM por ele
desenvolvida em uma atividade burocrática que vise unicamente a manutenção dos
interesses financeiros da instituição (CASTILHO; LEITE 1991).

4 - Classificação dos materiais

Os materiais em unidades hospitalares usualmente são classificados segundo a


duração sendo agrupados em: materiais de consumo e permanentes

(PATERNO, 1987; CASTILHO; LEITE 1991).


Mas, existem ainda outras classificações para os materiais: segundo o uso a que
se destinam (oxigenoterapia, cateterismo e outros), porte (pequeno, médio e grande),
custo, matéria-prima (plásticos, silicone, metais, cerâmica, vidro, tecido e outros),
função do controle (material fixo, móvel ou circulante) e função da guarda (perecível,
inflamável, frágil, pesado, tóxico, irradiante) (BARA, 1997; CASTILHO; LEITE 1991).

5 - Administração de Materiais nas Unidades de enfermagem

3
Como já foi dito anteriormente a competência e responsabilidade pela AM nas
unidades de enfermagem é do enfermeiro, que para realizar essa atividade desenvolve
as funções de: previsão, provisão, organização e controle através da determinação e
especificação dos materiais e equipamentos; estabelecimento da quantidade de
material e equipamento; análise da qualidade dos materiais e equipamentos;
determinação dos produtos a serem adquiridos; estabelecimento de um sistema de
controle e avaliação; acompanhamento do esquema de manutenção adotado pela
instituição; adoção de um programa de orientação da equipe de enfermagem, sobre o
manuseio e conservação de materiais e equipamentos e atualização de conhecimentos
sobre os produtos utilizados na assistência à saúde e lançados no mercado
(FONSECA, 1995).

5.1 – Previsão

Prever significa “conhecer com antecipação; antever” (PESTANA, 1994). E para


realizar essa função em uma unidade de enfermagem o enfermeiro deve definir através
de um levantamento as necessidades de recursos materiais da unidade, identificando
as quantidades e especificidades dos mesmos.
Neste levantamento deve-se considerar: especificidade da unidade;
características da clientela; freqüência no uso dos materiais, número de leitos na
unidade; local de guarda; durabilidade do material e periodicidade da reposição do
material (CASTILHO; LEITE 1991).
A estimativa do quantitativo de material necessário pode ser obtida através do
consumo médio mensal (CMM) que consiste na observação do consumo por um
período de tempo, que geralmente é de três meses, dividido pelo número de meses
mais uma margem de segurança (ES) definindo-se assim uma cota de material (CM).
Um instrumento que auxilia nessa observação é o mapa de consumo de
material, onde normalmente consta tipo de material, cota mensal e gastos (CASTILHO;
LEITE 1991).

Exemplo: Mapa de consumo de material de uma unidade básica de saúde de um


Município de médio porte.

Unidades Mensais Consumidas


Material
Abril Maio Junho
Seringas de 3 ml sem
200 250 180
agulhas

Castilho & Leite apresentam a seguinte expressão matemática para um cálculo


estimado de material:

 CM= CMM + ES  CTR= CMM/30 x N

 ES = 10 a 20% do CMM + CTR


4
CTR= consumo diário durante o
tempo de reposição
N= número de dias de espera para
Onde: reposição que pode variar de
CM= cota mensal, acordo com o sistema de compra do
CMM= consumo médio mensal, serviço de saúde
ES= estoque de segurança.
O estoque de segurança, também chamado de estoque mínimo é
calculado acrescentando-se de 10 a 20% do CMM, mais o consumo diário
durante o tempo de reposição (CTR).
No caso exemplificado acima o cálculo seria o seguinte, considerando o
N= 15 dias:

CMM=200+250+180 = 210 CTR= 210x15= 105 ES=10% de 210+105= 126


3 30

Portanto o CM será igual a:

CM= 210+126= 336

Para atualização dos dados a cada novo mês, acrescenta-se o valor do


consumo mais recente e despreza-se o mais antigo.
Uma estimativa de material bem elaborada contribui para que não se
tenha um acúmulo de materiais nas unidades, para a economia do hospital e
para que o almoxarifado tenha uma visão real do material que esta sendo
necessário (FONSECA, 1995).

5.2 – Provisão

A provisão diz respeito a reposição de materiais na unidade de


enfermagem. Para desempenhar essa função o enfermeiro deve realizar a
rotina de requisição de materiais, que pode sofrer pequenas alterações de
acordo com a instituição, mas de modo geral, segue os seguintes passos:
descrição do material em ordem alfabética com especificação do tipo,
dimensão e quantidade; verificação do estoque existente; solicitação semanal,
quinzenal ou mensal em impresso próprio, em duas vias ou mais; envio à
Chefia do SE – quando necessário; encaminhamento da requisição ao
almoxarifado de acordo com as normas do serviço, recebimento do material do
almoxarifado sendo que nesse momento deve-se conferir e guardar e por fim
controlar os gastos (FONSECA, 1995).
O mapa de consumo de material auxilia, também, na realização dessa
etapa.
Exemplo da especificação do material a ser pedido: Sonda vesical de marca
XYZ: Sonda vesical de 2 vias, calibre numero 18, de látex, com cuff de 5ml,
balão de formato simétrico ao ser inflado, esterilizado, código 03029 ou similar.
Segundo GRECO (2010), o sistema de reposição pode ser realizado de
quatro formas:
 Sistema de reposição por tempo: em épocas predeterminadas as
cotas são repostas integralmente. É a forma mais utilizada na enfermagem,
porém propicia a formação de grandes estoques na unidade.
 Sistema de reposição por quantidade: quando o estoque chega a um
nível mínimo, denominado de estoque de reposição, é feita a reposição do
material tendo por base a cota predeterminada, independente de um prazo
estipulado. Esse sistema, se bem utilizado, pode revelar-se bastante vantajoso,

5
mas pode ocasionar falta de material caso não seja observado,
constantemente o nível mínimo de estoque.
 Sistema de reposição por quantidade e tempo: é estabelecida uma
cota para um determinado tempo, e em uma época predeterminada, é feita a
solicitação de materiais na quantidade necessária para repor o estoque. Esse
sistema colabora para o não-esquecimento da emissão de solicitação de
material e evita o aumento de estoque, sua realização depende de que se
disponha de estudo frequente da previsão de materiais.
 Sistema de reposição imediata por quantidade: os materiais são
encaminhados diariamente ou com uma frequência ainda maior, para a
unidade, de acordo com o consumo. Um inconveniente nesta forma de
reposição é quando ocorre o esquecimento do débito de material, ficando a
unidade desfalcada.

5.3 – Organização e Guarda de Material

Após prever e prover os materiais e equipamentos é necessários que


estes sejam organizados e guardados em locais e de modo adequado.
Segundo BARA (1997), “armazenar ou estocar materiais é dispor de
forma racional e técnica cada produto em seus depósitos (almoxarifado). O
material deve ser acondicionado em estantes, armários, estrados, prateleiras,
gavetas ou em pilhas seguindo normas técnicas para evitar riscos de queda,
achatamento, deterioração, perda e outros. Deve-se guardar o material
observando a facilidade de visualização para o pessoal, evitar riscos de
contaminação (poeira, umidade, luz), facilidade de realização de inventários,
reposição e controle (uso de fichas por n.º e espécie). A guarda nas unidades
deve ser feita pelo enfermeiro com rigoroso controle, mas ao mesmo tempo
garantindo à equipe de enfermagem o acesso aos materiais conforme as
necessidades do SE. Deve ser evitado sub-estoque, guarda descentralizada, o
que dificulta o controle e favorece o desvio”.
Nesta etapa, o enfermeiro pode levar em conta algumas questões para
se nortear:
 Qual é o espaço necessário para estocar adequadamente cada
material?
 Qual é a frequência de utilização do material?
 Qual o tipo de instalação mais adequada para o armazenamento do
material?
 Quais as dificuldades de armazenamento do material com outros
materiais devido sua incompatibilidade?

5.4 – Controle e Manutenção

O controle é uma função ampla, não se limitando apenas a quantidade,


mas diz respeito também a qualidade dos materiais, auxiliando no
desenvolvimento das demais funções, pois “a realização de um controle
adequado fornece dados para a previsão, propicia informações sobre a
qualidade e a durabilidade do material, diminui o extravio, aumenta a eficiência
dos equipamentos – e assim garante uma utilização apropriada dos recursos
materiais, a continuidade da assistência ao paciente e a diminuição dos custos
relacionados aos materiais.
O controle dos materiais pode ser feito de diversas maneiras através do
método ABC (classifica os materiais segundo custo para a instituição); sistema
de duas gavetas; sistema de troca/reposição; uso de cadernos com o número

6
de patrimônio e quantidade; fichas técnicas e atualmente o uso do computador
(CASTILHO; LEITE 1991).
No entanto, independente do sistema adotado para controle de
materiais, é preciso analisar o comportamento do consumo mensal de cada
serviço, observando as razões que justificam as variações de consumo, tais
como as alterações no número de atendimento ou na taxa de ocupação, as
ocorrências sazonais das doenças e o número de alunos, entre outros
(CASTILHO; GONÇALVES, 2005).
Para que se possa ter o controle dos materiais, antes de mais nada, é
necessário que se tenha uma relação dos mesmos, o que se consegue através
do inventário que consiste na “verificação de todo o material para comprovar a
existência e a exatidão dos estoques registrados (saber o que se tem, o
necessário para atender à demanda e o que comprar – controle)” (GAMA,
1997).
Através do inventário tem-se dados corretos e precisos sobre o
patrimônio do hospital, o que é necessário para que se possa realizar
planejamentos objetivos e para evitar gastos e desperdícios desnecessários.
Os inventários podem ser gerais – realizados no final do exercício fiscal
da empresa, através da contagem de todos os itens do estoque, não
possibilitando reconciliações ou ajustes, nem a análise das causas das
diferenças - e os rotativos - realizados através de uma programação mensal
para determinados itens a cada mês, sem necessidade de paralisação do
serviço, possibilitando a análise das causas e diferenças e, portanto, um
melhor controle (CHIAVENATO, 1991).
No SE para que o enfermeiro possa ter um controle mais efetivo, o
inventário pode ser realizado, através da verificação semanal e de necessidade
de manutenção dos materiais e equipamentos (GAMA, 1998).
Para que a equipe de saúde possa desenvolver as suas atividades, ou
seja, prestar uma adequada assistência à saúde de indivíduos e comunidade, é
necessário que os equipamentos existentes na unidade estejam em perfeito
funcionamento, garantindo dessa forma não apenas a assistência, mas
também a segurança de quem está utilizando o equipamento.
Esta atividade, que consiste em manter os materiais e equipamentos em
perfeitas condições de funcionamento nos momentos em que são necessários,
chama-se manutenção e para que ela ocorra é necessário que assim que a
enfermagem ou equipe de saúde perceba alguma irregularidade no
equipamento, o mesmo seja encaminhado para o serviço de consertos e
reparos. (CASTILHO; LEITE 1991).
Existem dois tipos de manutenção: a preventiva que é realizada
periodicamente nos equipamentos com o objetivo de se detectar e evitar que o
mesmo venha a apresentar defeitos ou mau funcionamento e a reparadora
que é realizada após o aparelho ter apresentado algum problema tendo como
objetivo restaurar, corrigindo o defeito apresentado pelo mesmo (CASTILHO;
LEITE 1991).

6 – O processo de compra dos materiais utilizados nas unidades de


enfermagem
O setor responsável pelo processo de compra e armazenamento nas
instituições hospitalares está vinculado à área administrativa da estrutura
organizacional, onde quem desenvolve essas atividades muitas vezes não é da
área de saúde. Devido a complexidade e adversidade dos materiais utilizados
nas instituições de saúde é indispensável a participação de profissionais do
ramo no processo de gerenciamento dos recursos materiais, assessorando a

7
área administrativa nos aspectos técnicos e nas ações locais (CASTILHO;
GONÇALVES, 2005).
A atuação do enfermeiro no processo de compras de materiais nas
instituições se dá através da atuação em comissões de licitação, ou
informalmente através da opinião sobre o tipo, à quantidade e à qualidade dos
materiais a serem utilizados.
Existem várias modalidades de compra, em instituições privadas é
costume haver uma negociação direta entre o serviço de compras e os
fornecedores, já nas instituições públicas normalmente segue-se um processo
de licitação.
Segundo CASTILHO;GONÇALVES (2005), licitação é “o procedimento
administrativo regido por legislação específica, utilizado para aquisição ou
alienação de bens e serviços, com os objetivos de garantir a observância do
princípio constitucional da isonomia e de selecionar a proposta mais vantajosa
para a administração (Art. 3º da Lei nº 8666/93). Na licitação deve-se fazer uma
descrição/especificação detalhada do material que se deseja adquirir sem
indicação da marca, a não ser em casos excepcionais.
Segundo os mesmos autores, as modalidades de licitação constantes na Lei
8.666/93 são:
 Convite - É para no mínimo três interessados que trabalhem com o
material requisitado, podendo ser cadastrados ou não, escolhidos pela
instituição. Indicada para a compra de valores baixos, estabelecidos pela Lei.
 Tomada de preços É realizada somente entre interessados
previamente cadastrados na instituição. Indicada para aquisições de valores
médios, estabelecidos pela Lei.
 Concorrência – É uma modalidade entre quaisquer interessados que,
na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possui requisitos mínimos
de qualificação exigidos no edital, para aquisição de valores altos.
 Concurso – utilizado entre quaisquer interessados para escolha de
trabalho técnico, científico ou artístico.
 Leilão – utilizada entre quaisquer interessados para venda de bens
móveis inservíveis para a administração ou produtos legalmente apreendidos
ou penhorados.
Além dessas, atualmente tem sido utilizado o pregão que “é uma
modalidade de licitação mais recente, instituída pela Lei 10.520, de 17 julho de
2000. A opção por essa modalidade, independente do valor estimado da
contratação e da disputa pelo fornecimento de bens e serviços comuns, é feita
por meio de propostas e lances sucessivos em sessão pública. Essa
modalidade vem ganhando espaço na Administração Pública por ser um
processo mais dinâmico, que proporciona maior competitividade entre os
concorrentes e maior transparência à gestão de compras, visto que a
negociação é realizada em sessão pública” .
A principal e básica diferença entre as licitações tradicionais, ou seja, as
modalidades de licitações, Concorrência, Tomada de Preços e Convites, é o
valor e/ou complexidade da licitação. O que não se aplica a Pregão, pois para
essa modalidade não há limites de valores.
A escolha de uma modalidade ou outra para compra de materiais se dá
de acordo com o valor estimado, e a urgência na aquisição, como por exemplo,
nos casos em que a falta do material significa um prejuízo na assistência à
saúde do paciente, sendo que a tomada de preços e o convite são as
realizadas mais rapidamente.
O tempo de reposição varia de acordo com o sistema de compra da
instituição. Os hospitais públicos, que realizam processo de licitação, levam
cerca de quatro a seis meses, entre o início do processo de compra e até o

8
recebimento, armazenagem e distribuição interna do material. Com a adoção
do processo e pregão, o tempo tem diminuído para cerca de um mês
(CASTILHO; GONÇALVES, 2005).

6.1– Padronização

A padronização é um método para estender a utilização de um material


ao maior número possível de aplicações, ela visa reduzir as variedades,
através da unificação de dados de materiais que são semelhantes.
As vantagens da padronização segundo PATERNO (1990), são:
favorece a diminuição do número de itens em estoque, simplifica o trabalho de
estocagem, permite a obtenção de melhores preços, reduz o trabalho de
compras, diminui os custos de estocagem, permite a aquisição dos materiais
com maior rapidez e possibilita a economia com consertos e substituições de
peças.
A padronização não é um procedimento que pode ser feito
isoladamente, deve-se compor um comitê de padronização com a participação
do corpo clínico, do administrador de materiais e da enfermagem, tendo-se por
base as rotinas e técnicas do serviço de enfermagem, conhecimentos dos
materiais, sabendo-se quais são semelhantes e quais podem ser substituídos,
além das qualidade farmacológicas e técnicas, a facilidade de compra, o custo,
a armazenagem entre outros.
Devido a essa complexidade, muitas instituições já trabalham com
comissões interdisciplinares para padronização dos materiais. A padronização
deve ser amplamente discutida e, após seu estabelecimento, deverão ser
promovidas estratégias educacionais para capacitação dos usuários
(CASTILHO; GONÇALVES, 2005).
Realizada desse modo, a padronização, facilitará a verificação mensal
da média de consumo, o planejamento e reposição e a manutenção da
qualidade dos materiais utilizados.

6.2 – A especificação técnica dos materiais

A especificação técnica dos materiais consiste na descrição minuciosa das


características do material, pois representa com precisão aquilo que se deseja
adquirir. Além disso, a especificação técnica representa um meio de
comunicação entre a área técnica e administrativa (CASTILHO; GONÇALVES,
2005).
Na descrição deverão constar:
 Nome do produto;  Acabamento;
 Indicação de uso;  Embalagem;
 Desempenho técnico;  Propriedades físico-químicas;
 Matéria-prima de fabricação;  Método de esterilização;
 Dimensões;  Prazo de validade.
Nas instituições públicas o processo de compra de materiais não é uma
atividade simples, e as especificações dos produtos são muito importantes para
que se possa garantir a aquisição de produtos de qualidade, elas são utilizadas
na elaboração do edital de compra, e quanto mais detalhada facilitará o contato
do setor de compras com os fornecedores.
Alguns órgãos oficiais que normatizam e fazem recomendações relativas
à fabricação, esterilizações e uso de materiais devem ser consultados pelos
enfermeiros para se realizar as especificações técnicas e ainda constatar sua
regularização, como: ABNT, ANVISA, Ministério da Saúde e Ministério do

9
Trabalho. Além de poder recorrer às diferentes especificações do fabricante,
presentes nos manuais de instrução (CASTILHO; GONÇALVES, 2005).

6.3 – Os testes de qualidade e o parecer técnico

O controle de qualidade no gerenciamento de recursos materiais é


imprescindível, tantos daqueles disponíveis na instituição como daqueles
existentes no mercado. Para tanto é necessário que, ao adquirir um material, o
mesmo seja submetido a testes de desempenho técnico e análise dos riscos
para os pacientes e para os trabalhadores, a fim de que se verifique se o
produto é de qualidade e se atende a necessidade a que se destina
(CHIAVENATO, 1991).
Em uma avaliação de materiais, no primeiro momento, é realizada uma
verificação minuciosa da embalagem, do método de esterilização, da presença
da data de validade, do acabamento do material, da instrução de uso, dentre
outros fatores que se considere importante para que sejam previamente
avaliados, para que então se passe para a fase de teste a ser realizada na
unidade.
Para se realizar o teste na unidade, o SE deve enviar juntamente com o
material a ser avaliado um impresso, com as características que deverão ser
observadas e avaliadas durante o teste. Vale ressaltar que os testes devem ser
realizados pelos usuários diretos, cabendo ao responsável pelo teste coordenar
o processo de avaliação, estabelecendo juntamente com a equipe critérios
técnicos objetivos para apreciação do produto e emissão de parecer técnico.
Após a realização do teste e de posse dos resultados e das
especificações do material, o SE, elaborará um parecer técnico que consiste na
descrição das vantagens e desvantagens do produto, bem como sugestões
para melhorar ou aprimorar o mesmo.
Um parecer técnico poder ser elaborado sob a forma de ofício no formato
de um relatório técnico ou através do preenchimento de impresso próprio da
instituição, de modo geral um parecer pode conter os seguintes itens:
 Justificativa;  Método de esterilização (se for o
 Nome do produto; caso);
 Finalidade/ uso ou aplicação;  Matéria prima;
 Fabricante;  Descrição do produto;
 Importador (se for o caso);  Vantagens,
 Responsável técnico;  Desvantagens
 Nº do Lote e do registro;  Recomendações;
 Data de fabricação;  Data;
 Validade;  Assinatura de quem elaborou o
 Embalagem parecer.
O controle da qualidade de materiais não deve ser realizado apenas no
momento da aquisição dos produtos, mas sim durante toda e qualquer atividade, e para
isso é importante que toda a equipe se mantenha atenta, e possa estar dando opiniões
sobre os produtos que estão utilizando, de modo que nos processos de aquisição, já se
tenha informações sobre a qualidade ou não dos mesmos.
Na aquisição dos materiais são considerados o parecer técnico e a análise de
custo do produto, sendo que é importante lembrar que “nem sempre o menor preço
corresponde ao menor custo para a instituição, uma vez que a má qualidade do
material pode acarretar maiores prejuízos financeiros e da assistência” (FONSECA,
1995).

7 – Preparo do pessoal

10
O trabalho em enfermagem se caracteriza por ser um trabalho em equipe e na
administração de materiais a participação de todos na avaliação dos produtos que
estão sendo utilizados, ou na aquisição de um material ou equipamento novo é muito
importante.
É necessário que toda a equipe conheça os materiais e equipamentos, sabendo
como utilizá-los corretamente, o que pode ser conseguido através de treinamentos e
educação continuada, visando a própria segurança, dos pacientes, a conservação e
manutenção dos materiais, contribuindo para o controle dos custos evitando-se assim o
uso indevido e o desperdício do material (FONSECA, 1995; BARA, 1997).

8- Conclusão
É importante ressaltar que as funções do enfermeiro em relação ao
gerenciamento de materiais em serviços de saúde devem ser realizadas tendo como
objetivo a melhoria ou aprimoramento das condições de assistência aos usuários e de
trabalho da equipe de enfermagem e de saúde, e não como uma atividade apenas
burocrática, tendo como meta a preservação dos interesses econômicos das
instituições.
O enfermeiro, enquanto responsável pelas unidades onde atua, tem papel
significativo no gerenciamento de recursos materiais dessas unidades, participando
tanto na avaliação quantitativa quanto qualitativa. Tais ações envolvem a previsão,
provisão, organização e controle dos recursos materiais. Cabe ainda destacar quão
importante é o enfermeiro estar sempre atualizado quanto às inovações assistenciais
em saúde, podendo assim contribuir na utilização de novos materiais ou até avaliar o
impacto nos custos com a introdução de novas intervenções.
Outra função essencial consiste no preparo da equipe para adequado manuseio
dos materiais utilizados na unidade, melhorando o aproveitamento desses, garantindo
segurança para paciente e equipe e minimizando os custos envolvidos.

9 - Referencias

CASTILHO, V.; LEITE, M. M. J. A administração de recursos materiais na enfermagem.


In: KURCGANT, P. (Coord.) Administração em enfermagem. São Paulo, EPU, 1991.
P.73-88

CASTILHO, V.; LEITE, M.M.J. Gerenciamento de Recursos materiais.. In:


Gerenciamento em enfermagem: KURCGANT, P. (coord.). Rio de Janeiro,
Guanabara Koogan, 2005, p. 157-170.

CHIAVENATO, I. Iniciação à administração de materiais. São Paulo,


Makron/McGraw-Hill, 1991.

FONSECA, M. das G. Administração de materiais em enfermagem. Juiz de Fora,


EEUFJF/Depto EBA, 1995. (apostila de curso).

GAMA, B. M. B. De M. Administração de recursos materiais em enfermagem. Juiz


de Fora, EEUFJF/Depto EBA, 1997. (apostila de curso).

GRECO, R.M. Gerenciamento De Recursos Materiais Em Enfermagem. Juiz de


Fora, EEUFJF/Depto EBA, 2010. (apostila de curso).

PATERNO, D. A administração de materiais no hospital: compras, almoxarifado e


farmácia. São Paulo, CEDAS, 1990.

11
PESTANA, F. B. (coord). Dicionário prático da língua portuguesa. São Paulo,
Melhoramentos, 1994.

QUEIROZ, V. M.; SALUM, M. J. Reconstruindo a intervenção de enfermagem em


saúde coletiva face a vigilância à saúde. In: 48 Congresso Brasileiro de
Enfermagem. São Paulo, ABEn, 1996.

VECINA NETO, G., REINHARDT FILHO, W. Funções da Administração de Materiais.


In: VECINA NETO, G., REINHARDT FILHO, W. Gestão de recursos materiais e de
medicamentos. São Paulo: IDS, 1998. 93 p.

12

Você também pode gostar