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Terapia Do Luto Contribuicoes e Reflexoe PDF
Terapia Do Luto Contribuicoes e Reflexoe PDF
TEORIA E PRÁTICA
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO USP-SP
Trabalho apresentado
como requisito do Curso de
Especialização em Terapia
Comportamental: teoria e
prática, oferecido pelo Hospital
Universitário da Universidade
de São Paulo, para a obtenção
do título de Especialista em
Terapia Comportamental.
Aos meus pais, que me apoiaram em mais uma etapa de investimento em minha
carreira.
Ao Ti e Ana, que me acolheram em seu lar por tantas semanas, com muito carinho e
atenção.
A minha amada dupla Gabi, que caiu como um anjo e me deixou aprender e ensinar na
nossa parceria de sintonia perfeita.
A minha querida e admirada supervisora Maly, que soube direcionar minha trajetória da
teoria para a prática clínica, dosando reforço positivo, negativo e punição, e garantindo
um ambiente de muito aprendizado.
As minhas bolotas queridas, Gabi, Nana, Sarah e Lu, que fizeram meu ano mais feliz,
com cada risada, com cada discussão, com cada almoço e happy hour que completavam
o prazer de estar ao lado de vocês, analistas do comportamento tão adoráveis.
A todos os professores que nos deram aula durante o curso e aos colegas de supervisão.
A Martha Hubner e Regina Wielenska, que mesmo não sendo minhas supervisoras
estiverem presentes esclarecendo dúvidas e ministrando ótimas aulas.
E ao meu cliente, que permitiu ser ajudado e me ajudou muito no meu processo de
aprendizagem de terapeuta. Sou muito grata por isso.
“Quem não pensa e não reflete sobre a morte,
acaba por esquecer da vida. Morre antes, sem perceber (...)
Rubem Alves
Resumo
voltado para queixas relacionadas a diversos tipos de perdas que envolvam o processo
perdas, morte, luto e terapia do luto, e fazer análises e reflexões sob a ótica da Análise
com queixas relacionadas a diversos tipos de perdas. Será investigado como a Análise
que trabalha com o luto como queixa clínica, e formas de trabalhar o luto em
Introdução ........................................................................................................................1
Referências ....................................................................................................................34
De uma forma geral a Psicologia estuda interações de organismos com seu
ambiente, em especial referindo-se ao homem, mesmo que tenha que recorrer a estudos
com outras espécies de animais para entendê-lo. (Todorov 2007, Keller & Schoenfeld,
1966). Podemos falar de interações e estudá-las durante qualquer fase da vida, desde o
entre si e formam vínculos. Podemos exemplificar com as relações que são criadas e
cultivadas entre pais e filhos, tios, irmãos, amigos, padrinhos e madrinhas de qualquer
parentesco ou não, durante toda nossa vida criamos e cultivamos vínculos, alguns mais
fundamentais e duradouros, outros mais transitórios e não por isso menos importantes.
vida. Portanto, são recorrentes eventos relacionados a perdas, que podem envolver
morte e o processo do luto. Nesse sentido, é tema propício para estudos em Psicologia:
vínculos. E é natural que eventos relacionados às perdas são comumente motivos que
uma faculdade: são exemplos de eventos que envolvem muitas perdas, e por isso
comumente estão relacionados a eventos aversivos e a muito sofrimento a quem por eles
passam.
ocasionadas por morte, o que geralmente envolve um processo de luto. Franco (2010)
aponta que o luto pode ser entendido e trabalhado com base em múltiplas referências, e
realidade, pois é justamente desse fenômeno que se trata: formar e romper e vínculos.
1
Nesse sentido, falamos de luto com referência tanto às perdas em geral, como no que
diz respeito a uma reação diante da ocorrência de morte. Todavia, é mais comum ouvir
falar e comentar sobre as perdas em geral. Cotidianamente, parece ser mais fácil
pessoa amada. O assunto morte, mesmo estando muito presente no cotidiano, é pouco
Falar sobre morte pode causar estranhamento, repulsa e desconforto, por se tratar
de um tema que gera muitas perguntas, às vezes muita revolta, e a sensação de não saber
como agir que vem misturada com o sofrimento, inevitável. Dessa forma, estamos
sujeitos a nos deparar com a ocorrência da morte de pessoas queridas, com as quais
organismo para lidar com a perda. Parkes (1998) aponta que o luto é uma resposta
normal para um estresse que será vivido pela maioria em algum momento da vida.
base teórica que fundamenta as análises feitas neste estudo será a Análise do
1. Análise do Comportamento
2
que apresenta uma visão de homem e mundo que lhe são caraterísticas e que sustentam
“Os homens agem sobre o mundo, modificam-no e, por sua vez, são modificados pelas
muitas vezes é nitidamente percebida, como quando uma criança chora e tem a atenção
da mãe. Mas algumas vezes a função não é percebida claramente, e exige uma análise
mais cuidadosa para averiguar o que está mantendo aquele comportamento. Em alguns
casos, é necessário que essa análise seja feita rapidamente pois pode trazer prejuízos a
quem emite o comportamento. Por exemplo, se uma criança tem comportamentos auto
lesivos é importante entender sua função, para que ele possa ser extinguido e substituído
por outro comportamento que não traga danos a quem está se comportando.
Nesse sentido, para entender porque fazemos o que fazemos, ou seja, porque um
sobrevivência das espécies e à carga genética que carregamos; o nível ontogenético, que
diz respeito aos comportamentos que emitimos, que operam sobre o ambiente, e por fim
o nível cultural, que está relacionado à influência das práticas culturais, da cultura a qual
sempre sendo influenciado por esses três níveis, em diferentes intensidades. (Skinner,
1981)
3
Porém, além disso a AC tem se ocupado a estudar qualquer fenômeno envolvido no
perdas, morte e luto. Pretende-se, portanto, trazer uma discussão das principais
caracterizar como alvo de críticas ao estudo do luto pela AC. Nesse sentido, é possível
argumentar que os processos psicológicos, como o sofrimento do luto, são as causas das
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obediência aos mesmos princípios dos comportamentos observáveis. ”
(p. 313)
percepção) e fenômenos complexos, que deverão ser analisados como qualquer outro
comportamento. E além disso, Hoshino (2006) sugere que o luto humano seja uma
Behaviorismo para suas análises e intervenções. Na prática clínica tem como um dos
levantamento correto dos dados necessários para o processo terapêutico. (Delitti, 1997).
Dessa forma, busca-se entender as variáveis das quais o comportamento alvo na terapia
diversos tipos de perdas que acontecem durante o curso da vida. De fato, desde que
um amiguinho que vai morar longe, a morte de um animal de estimação, uma desilusão
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No trabalho clínico típico, quer em consultórios ou clínica-escolas, não é
possível que haja um controle rigoroso de variáveis, para se saber claramente quais
estão sendo manipuladas, quais estão sendo modificadas, em suma o que é função de
que. (Guilhardi, 1997). Da mesma maneira, com queixas clínicas de luto, fica difícil a
experimentação, pois muitas vezes pode ser aversivo no processo terapêutico que sejam
de Fernandes & Lopes (2010) investigou por meio de uma entrevista semiestruturada as
de culpar outras pessoas pela morte do filho e justificar que o filho já havia cumprido sua
morte do filho, por deixar de fazer algo relacionado ao papel social paterno, aprendido e
socialmente cobrado, como por exemplo, estar distante do filho de quatro anos, no momento do
acidente e morte por afogamento; e dúvidas quanto à busca do melhor tratamento para o
um a sua maneira enfatiza algumas variáveis e apresenta formas de entender e intervir diante às
queixas. Pode-se citar a FAP (sigla em inglês de Psicoterapia Analítico Comportamental), ACT
Dialética. O objetivo desse trabalho não é apresentar tais terapias, nem tão pouco analisá-las,
mas como algumas premissas da FAP são muito compatíveis com a proposta da Terapia
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2. Morte e luto
A morte é um evento natural que faz parte da vida de qualquer pessoa. Pode
evento que modifica o ambiente no qual ele ocorre, que compreende as pessoas que
estão vivas. O efeito desse evento é proporcional às contingências que estavam em vigor
Combinato & Queiroz (2006) apontam que o ato de morrer, além de um fenômeno
manifesta. Essa citação é muito compatível com a visão da AC de que o ambiente irá
O luto é uma reação diante de uma perda. Parkes (1998) aponta que o luto
que se mesclam e se substituem. Franco (2007) mostra que o processo de luto é uma
resposta natural e esperada após uma perda importante, que pode ser decorrente de
conhecido – casa, cidade, país - e, ainda, por experiências que envolvem mudanças e
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Ademais, Hoshino (2006) destaca que a perda desencadeadora do luto consiste
em deixar de se ter o que tinha, na maioria das vezes, alguém ou algo do ambiente a
quem ou ao qual se tinha vínculo afetivo. Isto significa que a perda acarreta modificação
de uma situação ambiental que proporcionava bem-estar. O fato de o luto ser reação a
processo. Passar por essas etapas, que tem características típicas, seria uma forma de
obter uma resolução para esse tipo de condição ao qual nos deparamos diante de uma
perda. Tais fases serão descritas e analisadas posteriormente na seção que aborda o
processo do luto.
Podemos falar de vários tipos de morte, a depender da forma como elas ocorrem,
e a interpretação que damos a elas, que serão proporcionais à visão de morte, crenças e
motivações envolvidas. Até porque, podemos falar de uma morte simbólica, por
exemplo, se pensarmos em uma criança que nasça com alguma doença grave ou uma
deficiência. Não se trata de uma morte concreta e isso pode representar uma morte
simbólica, a morte do filho idealizado. Além disso, podemos falar da morte natural e
não natural. Hoje em dia com o avanço da tecnologia em promover a extensão da vida é
difícil falar em morte natural. Mas podemos pensar também em acidentes ou doenças
graves que levam crianças a óbito, que evidentemente são encaradas como morte não
normais, não naturais, pois fala-se que elas vão na contramão da lei da vida, que seria
8
Philippe Ariès (2003, 1975) é um autor conhecido na área de estudos da morte,
por ter uma vasta literatura em que fala sobre a morte no ocidente e expõe diversas
mencionado autor. Elas se constituem pela visão de morte da época e das características
visão da época, em meados da Idade Média, quando havia a consciência de que todos
nós iremos morrer e que a morte faz parte da vida. Era comum que a morte ocorresse
por doenças ou ferimentos fatais, e a morte temida era aquela que fosse abrupta,
repentina, que não deixava tempo para despedidas. Isso está relacionado ao fato de que
a morte estava envolvida em um evento familiar que incluía a espera no leito, e o que
2003, 1975)
Há também a morte interdita, que era permeada pela visão de que a morte era
o moribundo, que ficava solitário. A morte não era mais vista como um fenômeno
levados aos hospitais para morrer, lugar que era conveniente para esconder a
repugnância e aspectos sórdidos ligados à doença. Dessa maneira, foi ficando mais
que busca a todo custo impedir ou adiar a morte, surge a humanização da morte, junto
possam se preparar para morrer. Nesse sentido fala-se muito em cuidados paliativos,
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que representa o grande pilar do processo de reumanização da morte. (Ariès, 2003,
1975)
Nesse contexto que se inserem as discussões éticas sobre o efeito dos avanços na
medicina na escolha dos pacientes em se submeterem ou não aos processos que adiam a
morte. Com descrições bem simples serão citados esses processos, que podem estar
fortemente envolvidos em como as pessoas lidam com a finitude, seja da própria pessoa
ou de pessoa queridas. Temos a distanásia, que refere-se a manter a pessoa viva mais
tempo do que o necessário, sem que haja chances de melhora. A eutanásia, que no
Brasil é crime, é ajudar uma pessoa a obter sua própria morte, seja por qual motivo for.
E a ortotanásia, que é considerada como a boa morte, quando se cuida para que a pessoa
tenha uma morte digna, sem procedimentos fúteis que iriam somente prolongar a vida
sem qualidade.
Por fim, temos a descrição de Kovács (2003), que fala da morte escancarada,
que convive com a morte interdita e a morte reumanizada. Ela está relacionada com as
banalização da morte:
exposição, e Kovács (2003) apresenta uma reflexão importante em relação a isso, pois é
fato que hoje em dia, com a globalização e a rapidez de transmissão dos meios de
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comunicação é inevitável que as tragédias sejam noticiadas, contudo deve haver muito
cuidado com a forma como as notícias são apresentadas, de modo a gerar uma reflexão
Portanto, fica claro que o ambiente em que a morte ocorre vai determinar em
grande amplitude a forma como ela será encarada. E quando fala-se em ambiente faz-se
familiares ou pelas redes de comunicação em massa. Sem contar que todos esses
Vimos que o luto faz referência a um estresse diante de uma perda, e que trata-se
diversas fontes de reforçamento. Acredita-se que qualquer pessoa irá passar por esse
processo em algum momento da vida, seja o luto diante de mortes ou de outras perdas.
e como qualquer outro comportamento ele é selecionado pelas suas consequências (cf
repertório que a pessoa possui para lidar com perdas e rompimento de vínculos) e do
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morte. Isso envolve muitos pontos de vista, crenças religiosas, sobre a finitude da vida e
relação aos tipos de rituais, mas ressalta-se sua importância, como estratégia que facilita
vivência do processo de luto. É comum falar de fases e estágios que devem ser vividos
reforçadores também (como quando uma viúva recebe uma boa herança do marido), e
lidar com essas novas contingências de forma que não haja sofrimento que impeça a
elaboração das cinco fases do luto. A autora tem uma vasta produção nas questões da
morte e luto, e inicialmente criou as fases quando investigava o processo que levava um
paciente terminal aceitar sua condição. Mas ela percebeu que essas fases também se
negação, quando a pessoa nega a ocorrência da morte e mostra não acreditar que a
pessoa amada está de fato morta. Por exemplo, pais que esperam ansiosamente o filho
chegar em casa, mulheres que colocam um prato na mesa para o marido falecido.
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A segunda fase é a raiva, marcado por sentimentos de revolta, inveja e
culpa para algo ou alguém. A fase da barganha é marcada pela tentativa de alguma
espécie de negociação que possa mudar ou evitar a perda. É comum o apelo a entidades
permeada por extrema tristeza, choro, introspecção e isolamento. E por fim, a última
fase é a da aceitação, que não significa o fim do sofrimento, mas um período em que a
pessoa deixa de lutar contra a morte, a aceita e isso facilita o enfrentamento. (Klüber-
Ross, 1996)
não aceitar a morte inicialmente, confrontar, tentar evitar a realidade da forma que for
possível, extrema tristeza diante da realidade e conseguir aceitar a condição. Essas fases
diante perdas. Não tem um compromisso cronológico, elas podem não acontecer na
nada impede que a pessoa emita comportamentos típicos das fases anteriores.
A ideia de falar em fases do luto é interessante, uma vez que quando falamos em
pesquisa que tem como objetivo gerar conhecimento para aplicação é notória a
para o registro adequado dos achados em cada um dos pacientes. Contudo, é preciso
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fazer uma análise cuidadosa para não encaixar a dor dos pacientes em fases sem ter a
“Numa nota pessoal quero dizer que estou vivendo um longo período
de luto às avessas. Não removeram minhas fontes de reforçamento.
Porém, minhas condições físicas me impedem de acessá-las. Já neguei
que isso pudesse estar acontecendo comigo. Já tive raiva, já chutei o
pau da barraca e rodei a baiana. Já tentei negociar com todas as
entidades divinas. Já tive períodos de depressão e muito choro.
Atualmente, estou tentando lidar com a aceitação, buscando novas
fontes de reforçamento. Estar presente hoje aqui é uma dessas
tentativas”. (Gimenes, 2012, p.77)
Nesse mesmo texto descrito acima, Gimenes aponta um o trabalho que traz uma
aceitação.
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2.4 Tarefas do luto
Outra autora muito conhecida por sua produção é James William Worden,
para profissionais de saúde mental. Diferente das fases do luto ela fala sobre tarefas do
medida em que dá mais autonomia a pessoa que está vivenciando o luto, pois na medida
2013/1932)
em encontrar o morto em outra pessoa (às vezes a pessoa jura ter visto a pessoa morta e
pensa que ele pode estar vivo e precisando de ajuda), é necessário aceitar que a pessoa
morreu e não irá voltar nunca mais. É válido pensar em uma questão de controle de
estímulos, pois há uma atenção seletiva no ambiente que faz com que a pessoa foque
sua atenção em qualquer coisa que lembre o falecido. Por exemplo, repara-se que vários
carros iguais o dele passaram na rua, repara-se nas pessoas que tem um biotipo e
características fenotípicas parecidas com o morto e com isso podem haver essas
2013/1932)
A segunda tarefa é processar a dor do luto, dar um espaço para a dor, que em
muito boa a curto prazo, mas a longo prazo pode ter um efeito desastroso, pois muitas
vezes quando a pessoa percebe que esteve longe e quer voltar para de fato se despedir
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da pessoa, de suas coisas, objetos e lugares, é tarde demais. É comum que a família
interfira nesse sentido, como por exemplo, um caso em que um viúvo, após o enterro de
sua esposa, chega na casa onde viveu cinquenta anos de casamento e encontra tudo
diferente: móveis novos, tudo organizado diferente e sem as fotos, sem as roupas, sem
os pertences de sua esposa. Essa atitude é de extrema violência, embora com boa
intenção, pois o enlutado está vulnerável e pode não perceber que o importante é que ele
entre em contato com as contingências e que aos poucos, na medida em que haja
habituação, ele consiga se desfazer do que não é mais necessário na ausência da pessoa
adaptação à perda, de análise dos papéis que eram antes desempenhados, das novas
habilidades e funções que vem pela frente e de identificação e aceitação dos ganhos com
a perda. Por exemplo, um pai que precise aprender a criar os filhos na ausência da mãe;
meio ao início de uma nova vida. Worden (2013/1932) diz que é preciso criar: “novos
padrões de vida que incluam as relações modificadas, porém duradouras, com aquelas
pessoas que foram importantes e amadas”. Em outras palavras, pode-se dizer que é
esperado que o enlutado fique sob controle de estímulos relacionados ao morto que não
lhe tragam um sofrimento insuportável, como por exemplo, falas características, valores
compartilhados, costumes que podem ser repetidos até como uma espécie de
homenagem ao morto. Dessa forma estabelece-se uma essa conexão com o morto sem
que isso prejudique os planos e as atividades que são previstas nessa nova vida, sem o
morto.
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2.5 Tipos de luto
O processo de luto normal pode ser comparado a uma adaptação sadia à perda e
torna-se organizado quando a morte é tomada como algo real, com o enlutado
apontando certa disponibilidade para novos investimentos em sua vida, ou seja, diante
da perda de uma fonte de reforçadores é preciso buscar outras fontes e lidar com as
perdas. Esse processo sugere a reorganização da nova rotina do dia a dia, caracterizando
Hoje em dia, fala-se em luto virtual. Diante da presença frequente e intensa das
redes sociais e da internet como meio de comunicação imediato, tem sido comum a
realizou a comparação das fases do luto com a extinção operante em uma página de uma
Quando se fala em luto patológico (termo substituído hoje em dia por luto
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Existem alguns fatores complicadores do luto, que se referem ao tipo de morte
são nítidas as fases do luto, por exemplo, diante de um diagnóstico de uma doença
incurável. O luto parental, envolve a morte de um filho, que muitas vezes é chamada de
morte invertida e costuma envolver culpa dos pais por algum motivo não ter cuidado do
filho como deveria. O luto adiado, acontece normalmente quando não há vivência do
luto, por muitos fatores, e ocorre muito tempo após o acontecimento da morte ou perda:
quando as contingências reais da perda na estão mais presentes. O luto não autorizado,
quando por questões de crenças e costumes não há aceitação socialmente, como o luto
acidente na boate Kiss, em Santa Maria no Rio Grande do Sul, onde houve muitas
mortes e a cidade toda ficou de luto pelo acontecimento. Por fim o luto suspenso, que
que apresentam risco para processos de luto complicado. É preciso: (a) identificar
exacerbá-las; (c) observar o que é necessário ser trabalhado para se evitar um luto
complicado.
Há uma importante distinção que deve ser feita quando falamos de luto, tristeza
criança quebra, ela fica triste porque não poderá mais brincar com ele. A perda de um
ente querido provoca tristeza, já que não poderemos mais ter as interações sociais
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Dependendo do oferecimento de reforçadores na vida da pessoa, pode acontecer
de a perda ser muito significativa, e ou, as fontes de reforçamento serem muito restritas,
o que permite que uma profunda tristeza se instale. Geralmente as pessoas com quadro
confundir depressão com luto, pois o luto não é uma doença e não precisa
sentir a tristeza profunda que pode ser confundida com depressão, e se tratada como tal
O luto não é uma doença. Embora possa ser permeado por extrema tristeza e
com sintomas de depressão, o luto não é uma doença e não é a mesma coisa que
luto já foi considerado como necessário de atenção, sendo classificado como “outras
sintomas são: insônia, angústia, isolamento social, anedonia, irritabilidade, fadiga, baixa
(Manfrinato, 2011)
envolvia a publicação da quinta edição do DSM, pois essa edição excluiu a regra que
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elimina o luto dos sintomas de depressão. A mudança é justificada pela ressalva de que
os médicos deverão ficar alerta para diferenciar o luto normal do diagnóstico de uma
doença mental e outra ressalva para o fato de que a depressão e o luto podem coexistir.
(Kupfer, 2013) Contudo, essa questão levanta outra preocupação, pois uma pessoa que
está de luto por ao menos duas semanas pode ser diagnosticada com depressão, e poderá
ser medicada para isso. É preocupante que pacientes enlutados sejam medicados sem
necessidade, uma vez que o medicamento pode deixar a pessoa em uma situação em que
não seja possível vivenciar de fato as contingências, e isso, como já vimos, é um fator
mencionado, uma seção muito interessante em que vai elencando fatores que
influenciam a vivência do luto, pois sabe-se que esses efeitos são muito diferentes. Para
algumas pessoas o luto é uma experiência muito intensa, para outros muito leve; para
alguns o luto começa com o comunicado sobre a morte, e para outros trata-se de uma
experiência adiada. E até mesmo sobre o fim do processo, os autores não tem um
consenso. Bowbly (1980) e Parkes (1998) são unânimes ao afirmar que o luto acaba
quando a pessoa acaba o processo de restituição. Para Worden (2013/1932) o luto acaba
quando a tarefas do luto são cumpridas. Alguns autores falam de períodos, quatro
meses, um ano, dois anos. É comum falar-se em um ano pelo menos, pois é quando o
enlutado vive com a ausência do morto, ao menos uma vez, todas as comemorações e
morreu, qual era o relacionamento entre elas, seus conflitos, suas conquistas juntos, ou
seja, de que forma ocorria o relacionamento. Essa questão é muito importante, pois mais
20
fundamental na magnitude do luto. Outro mediador é a condição da perda, como a
uma grande distância física ou se foi em local próximo, se a morte foi violenta e/ou
(Worden, 2013/1932)
suicídio e abuso de drogas, se existe uma rede social de apoio, se houve ganhos
com a perda, como por exemplo outras perdas. Outra questão muito importante são os
rituais: evidentemente que não existe um ritual específico obrigatório, pois isso vai
depender das crenças de cada pessoa, mas é fato que os rituais após a morte ajudam na
2013/1932)
Todos esses mediadores nada mais são que descritores das contingências que
vão mediar a interpretação da perda pelo enlutado. Uma leitura correta do ambiente irá
envolvida com culpa, o que é muito comum de acontecer. Além disso, essa leitura do
ambiente, que pode ser direcionada pelo terapeuta durante o processo terapêutico,
21
resolução do luto. E naturalmente que a história de vida, o repertório comportamental e
com o mundo. Essa seção exige algum conhecimento prévio desses conceitos que
podem ser adquiridos com a literatura especializada. (cf Skinner, 1978, Keller &
atento a algo, prestar atenção/estar atento a/focar a atenção sobre, nada mais é que um
Portanto, diante de uma perda, de algo ou alguém com o qual havia um vínculo,
a atenção fica focada naquilo, nas lembranças do vínculo, e em qualquer outro tipo de
estímulo que tenha uma equivalência funcional ou semelhança física com o objeto ou
pessoa perdida. Lembrar é ver na ausência da coisa vista, e é comum que o enlutado
lembre de muitas coisas relacionadas a perda, e que até pense ver de fato a pessoa, uma
vez que há uma sensibilidade alterada que faz com que o enlutado fique sob controle de
Por exemplo, uma mãe, após perder o filho adolescente pode jurar que viu a
22
parecida. Um viúvo pode se chatear por sentir a todo momento cheiro de comida, como
quando sua mulher cozinhava, e na verdade o cheiro esteve sempre presente, vindo de
outras casas próximas, mas ele nunca havia percebido até a morte de sua mulher. Ou até
mesmo, morre um cachorro querido, e seu dono começa a reparar e achar que existem
muitos cachorros pela rua e isso lhe traz sofrimento; e na verdade os cachorros sempre
que ocorre diante uma perda. Se pensarmos que a extinção é uma operação que
pessoa, podemos interpretar a extinção operante como similar à reação de luto. A tabela
Tabela 1.
Comparação entre as fases do luto e as fases da curva da extinção.
Fases do luto – Kluber-Ross Fases da curva de extinção
Negação Burst1
reforçador, podemos dizer que a morte pode se tornar uma operação estabelecedora, de
privação e/ou estimulação aversiva. Parkes (1998) que não compartilha da literatura
comportamental apresenta trechos que nos fazem pensar que a comparação faz sentido:
1
Burst é o “jorro constante de respostas mesmo na ausência da apresentação do reforço” (Bravin, 2008,
p. 8)
23
“Privação implica ausência de uma pessoa ou objeto necessários. (...)
Privação significa a falta daqueles “suprimentos” essenciais que foram
anteriormente fornecidos pela pessoa perdida. (...) De certa forma, são
equivalentes psicológicos para comida e bebida. As pessoas têm
necessidade de outras pessoas, e a perda do marido, da mulher ou de
um filho, provavelmente deixam um grande vazio. “
(Parkes, 1998)
mais facilidade ou menos dificuldade em lidar com o luto. E isso pode estar relacionado
aos modelos de aprendizagem durante a vida, pois pode ter havido aprendizagem por
modelação: por bons modelos que foram prontamente seguidos, ou até mesmo, com
grupos de apoio, quando pessoas aprendem a lidar com a dor a partir do modelo de
aproximações sucessivas com perdas pequenas tem-se um repertório que pode facilitar a
resolução de um luto. Isso mostra que é importante que crianças vivenciem perdas, por
estimação. Muitas vezes os pais inventam histórias, com o intuito de poupar a dor das
crianças, mas isso nada mais é do que uma esquiva experiencial, que pode prejudicar a
A falta de contato com uma alguma situação de perda ou morte traz consigo
muita desinformação e incertezas, o que pode fazer com que as crianças tenham crenças
errôneas sobre a morte, inclusive, sentir-se culpada, não aceitar, ter medo de morrer e de
que pessoas amadas também morram. Pode acontecer que, em virtude de diversos
acontecimentos que desagradam as crianças, elas desejem algum mal a outra pessoa,
como, por exemplo, desejar a morte de um irmão. Nesses casos, a criança passa a pensar
que foi responsável pela morte: havendo uma contiguidade entre o desejo da criança e
24
um acontecimento real, ou até mesmo com a criação de uma falsa relação contingente
transparência, pois por mais que os adultos tentem esconder seu sofrimento, ou tentem
poupar a criança, é fato que o sofrimento existe e que a criança sente. Kovács (2010)
aponta que as crianças buscam o adulto como apoio, que pode acolher e legitimar seus
abalado após perdas significativas. Mas muitas vezes não há esse espaço, nem na
ruins para a criança e dificuldades no processo de luto. Participar dos rituais, do velório,
por exemplo, faz a criança se sentir parte da família, e da situação pela qual a família
está passando.
comum, no senso comum falar que diante a morte temos a sensação de impotência, de
que nada podemos fazer, e é nesse sentido que é feita a comparação com o desamparo
aprendido.
Por fim, é importante ressaltar que todas essas comparações são meras
regularidades na reação ao luto. São interpretações que trazem indícios e incentivo para
25
que haja pesquisas empíricas que possam, ou não, atestar com alguma veracidade essas
comparações.
(2010) apresentam uma análise muito coerente: com relação à ausência por morte de um
numa classe operantes que têm como consequência evitar, minimizar, terminar com os
aversivos ou produzir mais punitivos. Nesse caso, o processo de enlutamento pode ser
de maneira adequada.
Para Guilhardi (2013) é preciso ter sempre em conta que as funções que os
eventos têm para cada pessoa são construídas socialmente, como resultado da ação de
entre contingências. E mais que isso, o terapeuta não pode simplesmente desejar mudar
los apropriadamente.
Guilhardi (2013) em uma análise sobre o perdão faz uma análise muito valiosa
amoroso. A citação apresenta uma análise funcional que descreve o caso de Maria, que
26
pois os sentimentos se alteram lentamente, seguindo os princípios
comportamentais que regulam os processos de extinção operante e
respondente. Maria conservará, provavelmente, o comportamento de
se lembrar do ocorrido, mas sem a terrível moldura do sofrimento.
Lembrar, neste episódio, significa: 1. ver na ausência do episódio
visto; 2. imaginar quais foram os comportamentos de João, uma vez
que Maria não teve acesso e não pode ter visto o que ocorreu
exatamente; 3. repetir para si mesma os tatos verbais expressos por
João; 4. ampliar os tatos de João com seus próprios tatos: ela faz a si
mesma questões sobre o que ocorreu, porque ocorreu, como ocorreu,
com que intensidade ocorreu, quando ocorreu e emite suas próprias
respostas, uma vez que as apresentadas por João não a convencem.
Pensar, ver as cenas, imaginar situações ocorridas etc., sem
consequências sociais e ambientais reais, fazem parte dos longos
processos de extinções respondente e operante. Longos e dolorosos!”
(p. 9)
Nesse sentido que é válido destacar a FAP (Terapia Analítico Funcional), que
aponta que a esquiva de sentimentos é obtida por meio de contatos reduzidos com as
(Kohlenberg & Tsai, 2001) A esquiva de sentimentos é muito comum em casos de luto,
pois a estimulação aversiva frequente impede que o enlutado entre em contato com os
enlutado, é que é muito importante entrar em contato com os sentimentos, e não deve
envolver apelos tais como: “É bom colocar para fora, liberar aqueles sentimentos
reprimidos” ou, “Se você segurá-los eles vão sair de outro jeito”. Ao invés disso é dito
27
problema sério indicando uma esquiva que interfere com a terapia e também interfere
Portanto, a FAP mostra que a expressão emocional é crucial, não porque seja
curativa por si mesma, mas porque serve para mostrar que o cliente está em contato com
aprendidos. A citação seguinte mostra o caso de um paciente que fala sobre a perda de
Jesse, e mostra que é preciso entrar em contato com as contingências aversivas e lidar
A Terapia do Luto é indicada para queixas clínicas que envolvam qualquer tipo
de perda, seja por morte, fim de relacionamento ou mudança de país. Está relacionada a
alguns procedimentos e técnicas específicas, e muitas delas são usadas por diversos
modalidades.
tem o objetivo de trazer reflexões sobre a morte, perdas e luto, como um fator de
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proteção para lidar com as reais ocorrências desses eventos durante a vida. Além da
modalidade grupo pode ser realizado um trabalho individual e até mesmo com caráter
terapêutico. O grupo pode ser também terapêutico e costuma trazer bons resultados, pois
envolvidas.
dez encontros2. A tabela 2 apresenta uma descrição das atividades de cada encontro,
atividades e trazê-las para discutir com o grupo, como escrever cartas e trazer objetos
pessoais.
Tabela 2.
Descrição dos encontros do grupo educativo de reflexões sobre a vida e a morte.
Primeiro encontro Apresentação dos terapeutas e dos participantes, integração e
levantamento de expectativas.
Segundo encontro Vivência 1: Sobre a vida a morte e o morrer (discussão da
banalização da morte, representações de perdas, morte, luto e
vida.)
Terceiro encontro Vivência 2: Perdas passadas (compartilhamento do álbum de
retratos de pessoas falecidas e carta ao morto)
Quarto encontro Discussão das Tarefas do luto: Ele morreu? Por que? Preciso falar
sobre isso? Perdas e ganhos após a sua morte? Qual o meu projeto
de vida na ausência dele?
Quinto encontro Vivência 3: Minha morte (cinco objetos que caracterizem o
participante, carta sobre a própria morte, visita ao cemitério)
Sexto encontro Discussão sobre os rituais de passagem, e a criança e a morte.
Sétimo encontro A boa morte – discussões de bioética.
Oitavo encontro Perdas futuras – objetos da pessoa escolhida e carta de despedida
para alguém que ainda não morreu.
Nono encontro Discussão e Retomada das primeiras vivências.
Décimo encontro Retomada das discussões e encerramento.
2
Atividade realizada pela prof. Alessandra de Andrade Lopes como atividade extracurricular no curso de
Psicologia da Unesp-Bauru.
29
Outra proposta é apresentada por Silva (2009), como Terapia Cognitivo-
maneira geral essa intervenção inicia-se com uma função psicoeducativa, com o
como a pessoa lida com perdas, como ela entende a vida, a morte, o luto e as perdas em
geral, que invariavelmente temos por toda a vida. Algumas reflexões são fundamentais
para a preparação para lidar com perdas. Pois como qualquer outro repertório, é preciso
que aprendamos a lidar com elas, e muitas vezes podemos lidar com essa aprendizagem
atenção de estudiosos em Psicologia. Isso tem mudado nos tempos atuais, pois com os
tem aumentado. Nessa fase talvez seja mais fácil aceitar a proximidade da morte, até por
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uma questão temporal, pois se encaminha para o término da vida, e porque trata-se de
declínios comuns, na visão e audição por exemplo. Mas isso não quer dizer que não haja
sofrimento ou que seja fácil aceitar a morte na terceira idade. E mais uma vez, fica
nítida a importância de que haja um repertório de aprendizagem para lidar com perdas,
morte e luto.
parceria com a colega M.E. Vaughan o livro Viva bem a velhice: aprendendo a
programar a sua vida. Nesse livro eles apresentam reflexões sobre a velhice, como
ocorre o contato com o mundo durante a velhice, com passado e lembranças, com as
organizar-se no dia a dia, a relação da convivência com as pessoas, estar bem consigo
mesmo, o papel de velho na sociedade, e, por fim, o medo da morte. A citação a seguir
As reflexões são muito interessantes e servem como uma leitura não técnica para
qualquer idade. A ideia geral do livro é pensar em planejamento, em como nossas ações
diárias refletem nessa fase da vida. Apresenta-se que planejar nossa vida e nossa velhice
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dificuldades. Ao final do livro o tema da morte é abordado, como um final necessário, e
falando-se sobre o medo da morte. Os autores apontam que grande parte do problema
está na incerteza da morte, pois é algo com o qual não aprendemos por experiência
“...a única coisa que devemos temer da morte, é o medo da morte que
nos impede de viver bem nossas vidas. Se, depois da morte, você vier
a ser recompensado ou castigado pelo que fez em sua vida, e se não
está bem seguro de como será, talvez deva tomar cuidado para não
ficar sempre lembrando “que um dia morrerá” (memento mori), sob
pena de provavelmente desfrutar menos da vida. ” (p. 97 )
Skinner & Vaughan (1985) sugerem que provavelmente é melhor não pensar na
morte. Mas acredita-se que esse argumento é contraditório com a linha de raciocínio
morte como qualquer outro tema trabalhado no livro, que envolve a perspectiva de
conhecimento e planejamento para a vida. Pois durante todo o livro apresenta-se que
devemos ter conhecimento das mudanças ocorridas nas contingências, para ajudar a
lidar com elas e programar uma vida saudável. Fica o questionamento: se os autores
afirmam que o medo da morte pode atrapalhar o desfrute da vida, porque não refletir
sobre a morte, para lidar com esse medo e justamente valorizar a vida?
E é com essa perspectiva que acredita-se que devamos encarar a morte, tanto
como profissionais quanto em qualquer outro papel de nossas vidas. Pois acredita-se
que, quanto mais pensamos na morte mais temos motivos para prestar atenção à vida, e
vivê-la com qualidade. A partir do momento que reflexões sobre a morte estão presentes
aversivas que envolvem perdas e consiga lidar melhor com elas. O sofrimento é
inevitável, mas uma mudança no controle de estímulos pode facilitar a vivência de uma
grande dor.
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Considerações Finais
Comportamento. Acredita-se que a Terapia Comportamental tem uma base teórica que
lhe permite estudar qualquer tipo de queixa clínica, e que a análise funcional continua
luto, e das consequências a longo prazo que podem aparecer se não houver um
acolhimento cuidadoso para tais queixas. É tentador e pode parecer uma boa opção a
esquiva dos sentimentos de dor e saudade, que poderiam ser uma boa opção com outro
tipo de queixa. Mas no caso do luto é importante que o terapeuta conduza a manutenção
seja por meio das tarefas, da explicação das fases do luto e de qualquer outra estratégia
E vale ressaltar que para trabalhar com questões de luto o terapeuta precisa ter
representações de morte, ou seja, entrar em contato com sua própria morte por meio das
reflexões sugeridas, para ter em seu repertório esse enfrentamento baseado na premissa
de que é importante refletir sobre a morte, justamente porque assim estamos buscando
que a vida seja de qualidade e nos colocando de frente diante os acontecimentos da vida,
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Referências
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