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Figuras de Linguagens1
Figuras de Linguagens1
Figuras de Linguagem I
1.1 Metáfora
Em sentido estrito, é a substituição do significado de uma palavra por outro, a partir de uma semelhança. Disso
resulta a acumulação de dois significados diferentes na mesma palavra. Exemplos:
Há vários verbos e muitas expressões que também se utilizam em sentido metafórico. Na expressão popular,
quando dizemos que alguém "é difícil de engolir", não estamos cogitando a possibilidade de colocar essa pessoa
estômago adentro. Nesse caso, associamos o ato de engolir (ingerir algo, colocar algo para dentro) ao ato de
aceitar, suportar, agüentar, em suma, conviver. Alguns outros exemplos:
1.2 Catacrese
É a metáfora gasta, inexpressiva, mas necessária por falta de palavra apropriada para designar determinada
coisa.
É a relação de semelhança que se estabelece entre dois termos de sentidos diferentes através de uma conjunção.
Exemplos:
“De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos - beijá-la”.
Castro Alves.
1.5 Sinestesia
É o cruzamento dos sentidos humanos (audição, visão, tato, olfato, paladar), a fusão de sensações diferentes
numa só impressão.
Exemplos:
1.6 Metonímia
É o emprego de uma palavra por outra, com base numa relação de dependência ou contigüidade (a parte pelo
todo, o efeito pela causa, o continente pelo conteúdo, o autor pela obra etc.).
Exemplos:
Nesses exemplos, a parte (espuma, olhos) designa o todo (o mar, a pessoa que parte).
1. Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. ( = Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.)
2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. ( = As lâmpadas iluminam o mundo.)
3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da cruz. ( = Não te afastes da religião.)
4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso havana. ( = Fumei um saboroso charuto.)
5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. ( = Sócrates tomou veneno.)
6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu trabalho. ( = Moro no campo e como o alimento que
produzo.)
7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. ( = Bebeu todo o líquido que estava no cálice.)
8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones foram atrás dos jogadores. ( = Os repórteres foram
atrás dos jogadores.)
9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressadamente. ( = Várias pessoas passavam apressadamente.)
10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem nesse mundo. ( = Os homens pensam e sofrem nesse
mundo.)
11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir às ruas na luta por seus direitos. ( = As mulheres
foram chamadas, não apenas uma mulher.)
12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone. ( = Minha filha adora o iogurte que é da marca danone.)
13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. ( = Alguns astronautas foram à Lua.)
14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá para teu lado. ( = A justiça ficará do teu lado.)
1.7 Antonomásia
Exemplos: o Poeta dos Escravos (Castro Alves); o Boca do Inferno (Gregório de Matos); a Cidade Maravilhosa
(Rio de Janeiro).
2.1 Elipse
Exemplos:
“E, aqui dentro, o silêncio...
E este espanto e este medo!” Olavo Bilac.
Lá fora, a noite escura.
Nos exemplos acima, observa-se a omissão do verbo, que poderia ser HAVER, EXISTIR.
OBS.: ZEUGMA é a omissão, tal qual a elipse, específica de um termo ou expressão que já foram empregados
anteriormente no enunciado, ou seja, ELIPSE é gênero, do qual ZEUGMA é espécie. Ex.: Paulo foi primeiro ao
cinema; depois, ao teatro (omissão da forma verbal FOI, já expressa antes).
2.2 Polissíndeto
Exemplos:
“E eu morrendo! E eu morrendo!
Vendo-te, e vendo o sol, e vendo o céu, e [vendo
Tão bela palpitar nos teus olhos, querida,
A delícia da vida! A delícia da vida!” Olavo Bilac.
2.3 Assíndeto
Exemplos:
“Tua boca, tuas pernas, teu sexo e teus olhos escutaram”. Murilo Mendes.
“Foi apanhar gravetos, trouxe do chiqueiro das cabras uma braçada de madeira meio ruída pelo
cupim, arrancou touceiras de macambira, arrumou tudo para a fogueira."
(Graciliano Ramos)
Vim, vi, venci." ( Júlio César )
2.4 Pleonasmo
Consiste no emprego redundante de palavras para reforçar uma idéia já enunciada. Tal repetição, no falar ou no
escrever, de idéias ou palavras que tenham o mesmo sentido é vício quando empregado por ignorância: Subir
para cima; é figura quando consciente, para dar ênfase à expressão.
Exemplos:
2.5 Hipérbato
Exemplos:
"De tudo, ao meu amor serei atento antes" (ordem indireta ou inversa) . Em vez de "Serei atento ao meu amor
antes de tudo" (ordem direta)
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante”. Em vez de “As margens
plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico”.
2.6. Anástrofe
Inversão branda, da ordem natural das palavras ou dos termos entre si.
Exemplos:
“Se morre, descansa / Dos seus na lembrança” (Gonçalves Dias, Obras Poéticas, II, p. 43), em vez de, ‘na
lembrança dos seus’.
2.7 Aliteração
Repetição de fonemas visando a um efeito expressivo, eufônico (positivo) ou cacofônico (negativo). (Quando a
repetição é de vogais, recebe o nome de assonância.)
Exemplos:
2.8 Anacoluto
Exemplos:
“Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas botassem as mãos”.
José Lins do Rego.
O Brasil, o nosso país é uma grande contradição.
Esse calor grande, muita gente vai passar no jogo.
“Quem o feio ama, bonito lhe parece” (prov.)
2.9 Silepse
Ocorre quando o autor se afasta da norma gramatical para fazer a concordância com a idéia que as palavras
expressam. Pode ser:
A) silepse de número
Exemplos:
“O resto do exército realista evacua neste momento Santarém; vão em fuga para o Alentejo.” Almeida Garrett
“Muita gente anda no mundo sem saber pra quê: vivem porque vêem os outros viverem.” (J. Simões Lopes Neto
B) silepse de gênero
Exemplos:
C) silepse de pessoa
Exemplos:
Os alunos [terceira pessoa] estávamos [primeira pessoa] inquietos, aguardando o resultado da prova.
Os brasileiros [terceira pessoa] seremos [primeira pessoa] sempre eternos otimistas.
2. Figuras de Linguagem I
4.1.1 Antítese
Exemplos:
“Se de uma parte está branco, de outra há de estar negro; se de uma parte está dia, da outra há de estar noite; se
de uma parte dizem luz, da outra hão de dizer sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra hão de dizer
subiu. Basta que não havemos de ver num sermão duas palavras em paz?” Vieira. Sermão da Sexagésima.
“Desceu aos pântanos com os tapires; subiu aos Andes com os condores.” (Castro Alves)
Figura de linguagem que justapõe dois termos que se contradizem: os opostos se misturam em um todo.
Exemplos:
3.2 Gradação
Exemplos:
“Oh não aguardes, que a madura idade, Te converta essa flor, essa beleza, Em terra, em cinza, em pó, em
sombra, em nada”. Gregório de Matos.
No meio da noite, ouviu-se um sussurro, depois uma voz, por último um grito.
3.4 Ironia
A ironia consiste em dizer o contrário do que se pensa. O humor crítico da ironia resulta da percepção da
ambigüidade ou da relação contraditória entre o enunciado e seu conteúdo. Só pode ser percebida em seu
contexto.
Exemplos:
A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças”. Monteiro Lobato.
Muito competente aquele prefeito! Construiu viadutos que ligam nenhum lugar a lugar algum.
3.5 Eufemismo
É a substituição de uma expressão desagradável, ofensiva, ou grosseira, por outra, mais suave.
Exemplos:
3.6 Hipérbole
É exclamação que interrompe o fluxo poético ou narrativo, dirigida a uma pessoa ou coisa, real ou fictícia,
situada fora do contexto.
4. Figuras de Repetição
4.1 Anáfora
Assim se chama a repetição da mesma palavra no início de cada verso ou segmento frasal.
Exemplos:
“Era o concurso. Era a viagem. Eram os quinhentos.” José Carlos Cavalcanti Borges
“Depois o areal extenso... / Depois o oceano de pó... / Depois no horizonte imenso / Desertos... desertos só...”
Castro Alves
4.2 Epístrofe
Ex.:
“Nunca morrer assim! Nunca morrer num dia / — Assim! de um sol assim!” (Olavo Bilac, Poesias, p. 170).
Estudava com o brinquedo, saía com o brinquedo, até dormia com o brinquedo.
4.3 Figura pela qual se repete uma palavra, pondo outra(s) de permeio.
Ex.:
Dia a dia, mão em mão, um por um.
“Dargo, o valente Dargo, a quem na guerra / ninguém nunca jamais não viu as costas” Almeida Garrett
4.4 Epizeuxe
Figura pela qual se repete seguidamente a mesma palavra, para amplificar, para exprimir compaixão, ou para
exortar.
Ex.:
“Já, já me vai, Marília, branquejando / loiro cabelo, que circula a testa” Tomás Antônio Gonzaga
“e eu vos darei tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo...” Machado de Assis
“Nize? Nize? onde estás? aonde? aonde?” Cláudio Manuel da Costa
(1) Metáfora
(2) Comparação
(3) Metonímia
(4) Catacrese
(5) Antonomásia
02. Atente para as repetições presentes nos trechos, identificando-as, segundo o código:
(1) Anáfora
(2) Diácope
(3) Epizeuxe
(4) Epístrofe
03. Grife, nos parênteses, a figura de linguagem correspondente aos destaques dos seguintes trechos:
A) Existem administradores que não respeitam os cofres públicos. (eufemismo - antítese - prosopopéia)
B) André fuma dois maços de cigarro por dia. (metonímia - metáfora - comparação)
C) “O sino de prata / Seus gritos desata.” (metonímia - metáfora - prosopopéia)
D) Apaixonado, Renato já está pensando em pedir a mão de Julinha. (metáfora - metonímia - comparação)
E) Gisele é branca como o frio. (metáfora – metonímia - comparação)
F) “Eis, a mulher amada / Seja ela o princípio e o fim de todas as coisas.” (antítese - eufemismo -
personificação)
G) Aqui todos temos consciência de nossos direitos. (silepse de pessoa - anacoluto - pleonasmo)
H) És linda, linda, como uma rosa. (comparação - epizeuxe - anáfora)
I) Jamais vi prova tão boa quanto a tua. Conseguiste a nota mínima! (eufemismo - ironia - antítese)
J) Ele era um humilde funcionário da limpeza pública. (metáfora - eufemismo - metonímia)
I) Ao longe, soava o bronze. (metonímia - metáfora - antonomásia)
M) Alegrava-os o repouso, alegrava-os o trabalho, alegrava-os a vida. (anáfora - diácope - epizeuxe)
N) Vossa Senhoria é admirado por todos. (silepse de gênero - hipérbato - pleonasmo)
O) A turma deles é mesmo a melhor do colégio; promovem seminários, exibição de filmes e vão até
encenar uma peça teatral. (silepse de gênero – silepse de número - silepse de pessoa)
(1) Anacoluto
(2) Antítese
(3) Hipérbole
(4) Ironia
( ) O time do Chile foi mesmo muito violento com os jogadores brasileiros. Por certo, aquelas cortesias não
serão esquecidas.
( ) Mil vezes já lhes pedi que tenham bastante atenção às aulas.
( ) Estava bem perto de seus olhos, mas muito longe de seu coração.
( ) “Tua mãe, não há idade nem desgraça que lhe amolgue a índole rancorosa.”
GABARITO:
1. 4 – 1 – 3 – 3 – 5 – 1 – 2 – 4 – 3 – 5.
2. 4 – 1 – 3 – 2
3.
a) Eufemismo
b) Metonímia
c) Prosopopeia
d) Metonímia
e) Comparação
f) Anntítese
g) Silepse de pessoa
h) Comparação
i) Ironia
j) Eufemismo
m) Anáfora
n) Silepse de gênero
o) Silepse de número
4. E 05. 4 -3 – 2 – 1
ATIVIDADES PROPOSTAS
A) silepse e assíndeto.
B) pleonasmo e silepse.
C) anacoluto e hipérbato.
D) elipse e pleonasmo.
E) inversão e elipse.
04. (UnB-DF) Assinale o exemplo de metonímia cuja caracterização entre parênteses está invertida:
05. (SUPLETIVO/SP) A figura literária que dá relevo aos pares as mais novas / as mais velhas e adormeço /
desperto é:
06. “Tão longe vai o rastro exíguo das gaivotas.” No período ocorre:
GABARITO
1. B
2. E
3. D
4. E
5. B
6. A
7. E
8. D
MERGULHANDO FUNDO
II. “Seu sorriso se abre como asas de uma borboleta.” Pablo Neruda
III. “Há de surgir uma estrela no céu
Cada vez que ocê sorrir.
Há de apagar uma estrela no céu cada vez que ocê
chorar. O contrário também bem que pode acontecer
De uma estrela brilhar quando a lágrima cair.
Ou, então, de uma estrela cadente se jogar,
Só pra ver a flor do seu sorriso se abrir.” Gilberto Gil
02. (FUVEST/SP)
“Auriverde pendão da minha terra, /Que a brisa do Brasil beija e balança.” A repetição do fonema [b]. e a ação
de “a brisa” beijar no segundo verso desse trecho de Castro Alves, caracterizam respectivamente as figuras de
linguagem
A) antítese - aliteração.
B) pelonasmo - gradação.
C) hipérbole - antítese.
D) aliteração - personificação.
E) metonímia - assíndeto.
03. (CESGRANRIO/RJ)
A) prosopopéia - aliteração.
B) metáfora - gradação.
C) hipérbole - antítese.
D) aliteração - personificação.
E) metonímia - assíndeto.
04. (MACKENZIE/SP)
Há, nesses versos, uma convergência de recursos expressivos, que se realizam por meio de:
05. (FGV-EAESP/SP) Assinale a alternativa que indica a correta seqüência das figuras encontradas nas frases
abaixo.
06. (FMUlFIAM/SP) Na expressão”... a natureza parece estar chorando...”, do ponto de vista estilístico, temos:
07. (UFSC) Indique a alternativa em que o exemplo dado não corresponde à figura de linguagem pedida:
08. (EPCAR/MG) “Com a enxada, ou espada, ou verbo ardente, Todos temos um sulco a abrir na terra E mãos
para espalhar qualquer semente”
10. (SUPLETIVO/SP) Na frase “O rato roeu a roupa do rei de Roma”, há exemplo de uma figura de linguagem
denominada:
GABARITO
1. E
2. D
3. A
4. A
5. B
6. C
7. D
8. B
9. D
10. A