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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO

PARANÁ

Centro de Letras, Comunicação e Artes


Campus Jacarezinho

Tamires Vieira Pinheiro de Castro

Análise do conto “A Causa Secreta” de Machado de Assis tendo


por base o artigo de Edgar Allan Poe “A Filosofia da Composição”

JACAREZINHO/PR
2016
Ao analisar as categorias desenvolvidas no artigo: “A Filosofia da
Composição” publicado no ano de 1846 por Edgar Allan Poe, é importante
observar todo o processo de criação que o autor desenvolve na construção do
processo de concepção do artista.
Para Edgar Allan Poe é importante observar o tamanho da história visto
que se a mesma for muito longa deve ter o dobro de atenção e ainda é
importante começar o texto pelo fim e desenvolver todo o processo criativo
para que cause um efeito perspicaz que mereça ser lido e analisado.
Do mesmo modo que Poe pensou para desenvolver o processo criativo
de um texto, Machado de Assis em seu conto “A Causa Secreta” publicada em
1885, também desenvolveu a história que causa impacto e ao mesmo tempo
curiosidade por parte do leitor que se interessa pela personalidade dos
personagens apresentados.
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839 no
Rio de Janeiro, brasileiro, Machado foi um dos mais importantes escritores
realistas da literatura nacional.
Um dos contos mais impressionantes e sombrios de Machado de Assis é
“A causa secreta”, publicado pela Gazeta de Notícias e incorporado em 1896
em sua obra denominada: Várias Histórias, fazendo parte da quinta coleção de
contos levado ao público. Machado aborda nesse conto a crueldade e o
sofrimento das pessoas, um tema obscuro na personalidade de cada ser
humano.
A história acontece com a apresentação de três personagens que
apesar de já estarem mortos, mostra de forma bem clara que o autor começa a
história pelo final. Os personagens são: Fortunato, homem rico, de 40 anos e
bem sucedido; Maria Luísa, esposa bela, triste e frágil de Fortunato e Garcia,
médico, amigo de Fortunato e se apaixonou secretamente pela esposa do
amigo.
No desenvolvimento da história, os três personagens estão sentados,
num silêncio pesaroso e o narrador vai relatando como se conheceram. Garcia
encontrou Fortunato numa peça de teatro e ali não percebeu que o futuro
amigo ao assistir uma peça/dramalhão demostrava ligeira satisfação nos
momentos mais sanguinários da peça. Ao analisar a caracterização psicológica
de Fortunato é notado certo “sadismo”, visto que o mesmo no desenrolar da
história demostra tendências sádicas, onde tortura animais, fato esse que deixa
a esposa bastante atordoada.
Nesse conto naturalista em uma das cenas mais fortes, Garcia encontra
Maria Luísa aflita, exclamando: “O rato, o rato!”. Quando Garcia entra na sala
onde está Fortunato, percebe que o mesmo está torturando um rato, matando o
mesmo lentamente, revelando o sadismo que possuía e que até o momento
nem os leitores haviam percebido.
Garcia descobre aí a verdadeira fase de Fortunato, que apesar de ajudar
as pessoas quando convidou o amigo para a construção de uma casa de
Saúde, gostava de ver sofrimento também.
Formou-se então um triangulo amoroso. Garcia passou a observar que
Maria Luísa estava com uma tosse estranha, descobrindo que a mesma era
tísica, e que foi morrendo aos poucos mesmo com todos os esforços de seu
marido para restituir-lhe a saúde, essa doença é mortal.
A partir do momento que Maria Luísa morreu, Fortunato foi descansar e
Garcia ficou velando o cadáver, comtemplando a defunta, chegando ao ponto
de chorar de desespero e beijar a mesma. Nesse momento, aparece o marido
que na sua satisfação maquiavélica, saboreou este momento.
Fazendo uma analise crítica, Machado de Assis inicia o conto de trás para
frente assim como faz Edgar Allan Poe em “O corvo”. Machado se inspira em
“A filosofia da composição” para assim, criar seu conto “A causa secreta”.
Edgar Allan Poe quebra a mentalidade antiga romântica da escrita. Poe diz em
“A filosofia da composição” que o autor precisa elaborar toda a história e o
enredo desconstruindo toda a mentalidade romântica, dizendo que na verdade
a história precisa de todo um planejamento, diz que a escrita de “o Corvo” foi
como uma rígida exatidão de um problema matemático, que o ser é racional e
não irracional e que não cria histórias no momento de impulso, de criatividade
extrema: ”(...) não é preciso demonstrar que um poema só é um poema se ele
conseguir nos afetar intensamente, elevando a alma” (A filosofia da
composição, 1846).

Dessa forma, podemos concluir a análise do texto escrito por Machado


de Assis, levando em consideração a metodologia criada por Edgar Alla Poe,
onde o mesmo desenvolveu a construção de um texto que causa efeitos de
contemplação melancólica, que está relacionado à beleza e que deve e pode
ser analisada em cada detalhe, demonstrando assim, a criatividade de um
autor que transcendeu no tempo e no espaço.

Assim, ao definir o tom que poderia ser de alegria, tristeza, enfim, ele
escolheu a melancolia que é um dos tons que mais causa impacto nas pessoas
e ainda ao definir a estética, no processo de criação de “o Corvo”, ele escolheu
a palavra Nevermore (Nunca mais) visto que a mesma tem vogais mais
sonoras. E decidiu ainda fazer com que um animal repetisse a palavra dando
um ar melancólico, pensando no Corvo que é um animal associado a
elementos escuros e sombrios e também a morte.

Durante todo o processo para escrever um poema, Edgar Allan Poe


pensou em vários elementos para que a mesma fosse escrita: a intenção é
agradar tanto o publico quanto a crítica, causar um efeito de extensão que não
fosse muito longo e contemplasse o belo, elevando assim a alma do leitor e
desse um impacto de contemplação, sendo que esses mesmos elementos
foram usados no texto machadiano.

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Referências

http://brevementes.blogspot.com/2009/07/edgar-allan-poe-e-filosofia-
da.html#ixzz4STcL8y91

http://www.passeiweb.com/estudos/livros/a_causa_secreta_conto

http://www.lendo.org/a-causa-secreta/

http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/volumes/32/htm/comunica/ci008.htm

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