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RESUMO
Objeto:
Objetivos:
Desenvolvimento:
Como, então, improvisar sem perder de vista as margens de erro na pesquisa por
amostra? Pois, onde existe abundância de informações contextuais e sólida infraestrutura
de pesquisa, menores serão os custos da rigorosa implementação dos métodos de seleção
e de entrevista de amostras. Por outro lado, onde o pesquisador tenha que ser o seu próprio
agente censitário, geógrafo, estatístico e cartógrafo, os custos de realização de uma
pesquisa minimamente decente sofrerão limitações. Quase todas as situações reais de
pesquisa, declara o autor, encontram-se a “meio-caminho” entre estes dois extremos.
Existe limitações também para a improvisação, não podendo significar uso desgovernado
de técnicas ‘simplificadoras’ do trabalho de campo. A solução para os problemas
encontrados pelo pesquisador não deve residir na segurança de formas rudimentares de
investigação, mas sim na utilização “realista” e “criteriosa” do acervo de teorias, métodos
e técnicas de survey, declara Amaury de Souza.
Sobre fontes de erros em pesquisa por amostras, assim como sobre surveys e
pesquisa de campo em geral, o autor utiliza os estudos de Eugene A. Havens (1964) e
lembra que, em geral, os cientistas sociais revelam profunda inocência em tudo o que diz
respeito aos erros de inferência e de mensuração inerentes ao conhecimento que ele
próprio produz, consome e transmite em forma de credulidade por meio de números
particularmente extraídos de um censo ou de um registro histórico: “erros de mensuração
e de inferência, não obstante, são componentes intrínsecos e irredutíveis do conhecimento
produzido pela ciência empírica, seja qual for o seu objeto de estudo”, (p. 89). O objetivo
da pesquisa por amostras é fazer inferências sobre determinada população com base na
mensuração das características dos elementos selecionados para compor a amostra (3). O
survey envolve três processos interdependentes: a amostragem ou uma parte da população
de que se quer estudar; a mensuração ou o processo de obtenção de informações sobre os
elementos de uma amostra; e a estimação ou o processo de fazer interferências sobre a
população da qual a amostra foi selecionada (4).
Quanto ao desenho amostral face ao problema da não cobertura, (p. 99) este pode
ser melhor avaliado em surveys quando do contexto geral de implementação de projetos
de pesquisa. Lembra Amaury que para fins de exemplo, era de parte de seu artigo a
intenção de selecionar uma amostra probabilística da população de residentes adultos da
região sudeste brasileiro para fins de exemplo de pesquisa por amostra, a qual constituiu-
se pela inclusão do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro (extinto Estado da
Guanabara), São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. De modo que a
amostragem por áreas demonstra que se deve tirar partido do fato de que cada elemento
de uma população humana pode ser identificado com apenas um domicílio; de modo que
a seleção de amostras por áreas é geralmente realizada por quatro estágios: primeiro, a
população deve ser dividida em unidades primárias de amostragem (U.P.A.s); segundo,
uma amostra probabilística das U.P.A.s é selecionada para representar o conjunto inicial
de aglomerados; terceiro, as subamostras de domicílios são selecionadas em cada U.P.A.,
e finalmente, o quarto elemento o qual o autor diz se refere às pessoas selecionadas pelo
pesquisador para serem entrevistadas as quais devem ser selecionadas em cada um dos
domicílios eleitos.
Este primeiro estágio de seleção requer apenas uma lista exaustiva de U.P.A.s de
alguma medida de seus respectivos tamanhos: o tamanho da população residente e/ou o
número de domicílios. Em comparação com outros planos amostrais, a amostragem por
áreas é, segundo Amaury de Souza, mais conveniente e menos dispendiosa. Ainda, uma
segunda vantagem por áreas é a utilização de diferentes métodos de seleção em diferentes
estágios do processo de amostragem. No caso da pesquisa em questão, Amaury de Souza
lembra que a seleção da amostra por áreas foi efetuada por cinco estágios não incluindo
neste a escolha de Estados que representassem a região. Seis Estados, cuja população
conjunta representava em 1970, mais de 90% da população nacional, foram
intencionalmente escolhidos: Espírito Santo, Minas, Rio, Sampa e Rio Grande do Sul, (p.
102). Por sua vez, o segundo estágio consistiria na seleção de um número grande de
setores censitários nas áreas urbanas ou rurais dos municípios selecionados. O setor
censitário serviu de unidade de enumeração do Censo, como espécie de aglomerado com
número bastante variável de habitantes e de domicílios, entre áreas urbanas e rurais, (p.
103).
NOTAS:
(1) A expressão “pesquisa por amostra” parece ser melhor traduzida por enquete
par sondage, encuesta ou sample survey, segundo diz o autor. A expressão diz
respeito à investigação das características de uma população através da
observação destas em uma amostra dos elementos desta população. O método
de observação em surveys de populações humanas é quase sempre a entrevista
baseada em um questionário de uma amostra de elementos, (p. 86).
(2) Lembra Amaury de Souza que os métodos antropológicos de observação
direta e de observação participante são particularmente relevantes para a
pesquisa por amostra.
(3) O uso da amostra, conforme nos provoca o autor, para o estudo de alguma
característica do interesse do pesquisador, é recomendável porque é muito
mais barato (em termos de dispêndio de tempo, energia e dinheiro) coletar
informações sobre um universo amostral do que sobre toda uma população.
Uma outra razão, vai defender Amaury de Souza, é que a observação ou a
mensuração destas características quase sempre pode ser feita de maneira mais
acurada em uma amostra do que em uma população, visto que os erros
sistemáticos de observação ou vieses, de controle mais difíceis em censos do
que em surveys, em geral, causam mais prejuízos do que os erros das
estimativas derivadas de uma amostra, infere o autor, (p. 90).
(4) O autor prefere limitar população a um conjunto finito de elementos definido
pelo pesquisador em função de seus interesses teóricos e substantivos. A
definição do que seja uma população é, portanto, sempre arbitrária. Segundo
Amaury de Souza, o pesquisador pode, por exemplo, definir como populações
todos os operários de uma fábrica, todos os operários de um ramo industrial
ou todos os operários do país. Em contraste, o termo universo denotaria um
conjunto infinito de elementos gerado por um modelo teórico, (p. 90).
(5) Amaury de Souza alerta que sobre os erros de repostas ou de entrevistas existe
uma literatura sobre estas questões, em princípio recomendando os trabalhos
de Canell e Kahn (1968) e Sudman e Bradburn (1974).
(6) Amaury de Souza fala aqui, também, como complemento, de supercobertura,
a ver, quando os elementos inelegíveis de uma pesquisa são incluídos na
amostra.
(7) É costumeiro, preconiza Amaury de Souza, se distinguir entre a recusa em
responder uma questão e a não-resposta por falta de informação ou de opinião
(“não sabe”). A natureza, a incidência e os correlatos de não-respostas a certas
questões são discutidos por Coombs (1976) e por Converse (1976), cita o
autor. Evidentemente, sempre existe a possibilidade de que uma certa
proporção das respostas do tipo “não sabe” consista, na verdade, em recusas
em responder às questões. Com base nos dados do projeto de pesquisa de
Amaury, este cita Cohen (1976), o qual elaborou um modelo estrutural para
estimar os efeitos da situação de entrevista sobre estas não-respostas, bem
como as relações entre recusas explícitas e recusas camufladas como “não
sabe”.