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Apontamentos para o 4º mini teste de MIP

14.1 Os principais conceitos ligados à amostragem


A amostragem é um procedimento através do qual um grupo de pessoas ou subconjunto (amostra) da
população é escolhido com vista a obter informação relacionada com o fenómeno, procurando
salvaguardar a representatividade da população.

A população
 Sujeitos que características comuns definidas por uma conjunto de critérios;
 A população que é objeto de estudo é chamada de população alvo;
 Como raramente se tem a possibilidade de estudar a população alvo na sua totalidade,
examina-se a população acessível, isto é a porção da população alvo a que se pode aceder.

Os critérios de inclusão
 Características essenciais dos elementos da população (Exemplo: grupo etário, estado de
saúde, nível de escolaridade, etc);
 Objetivo de obter uma amostra mais homogénea possível;
 Paralelamente os critérios de exclusão servem para determinar os indivíduos que não farão
parte da amostra.

A amostra
 Fração de uma população sobre a qual se faz o estudo;
 Réplica em miniatura da população alvo;
 Deve ser representativa desta população.
Amostras independentes: quando não existe nenhum tipo de relação ou fator unificador entre os
elementos das amostras.
 Neste tipo de amostras a possibilidade teórica de um elemento pertencer a mais que uma
amostra é nula.
Amostras emparelhadas: quando as amostras são constituídas utilizando os mesmos sujeitos
experimentais, tendo em base algum critério unificador dos elementos das amostras.

Exemplo:
Estudos longitudinais » amostras emparelhadas
Estudos transversais » amostras independentes

A representatividade
 Características da amostra que representam o mais possível a população alvo;

O erro amostral
 Diferença entre os resultados obtidos com a amostra e os que seriam obtidos com a
população alvo.

14.2 Os métodos de amostragem probabilística e não probabilística


Para reduzir o erro de amostragem, utilizam-se dois métodos de amostragem: a amostragem probabilística
e a amostragem não probabilística.

Os métodos de amostragem probabilística


 Amostras obtidas de forma aleatória;
 A probabilidade de cada elemento da população fazer parte da amostra é igual para todos;
 Todas as amostras selecionadas são igualmente prováveis;
 Tem a vantagem de reduzir o erro de amostragem e de aumentar a representatividade;
 É possível estimar o erro amostral cometido no momento da generalização dos resultados.

1. A amostragem aleatória simples


 Consiste em escolher indivíduos de maneira que eles tenham igual possibilidade de fazer
parte da amostra
 Requer uma lista dos potenciais participantes que contem os nomes de todos os
indivíduos da população alvo (plano amostral);
 Amostra retirada ao acaso, como uma lotaria (bolas numa saco, cartões numa tombola,
tabela de números, etc).

2. A amostragem aleatória estratificada


 Supõe-se que se pode dividir a população em grupos homogéneos (estratos) em função
se certas características conhecidas da população (idade, sexo, ect);
 Em seguida, dentro de cada estrato retira-se os sujeitos ao acaso simples ou sistemático.
 O n de cada estrato pode ser proporcional ou então de fixação simples ou constante;
 Garante a maior representatividade de todos os grupos, inclusive a minoria

3. A amostragem em cachos
 Consiste em tirar, ao acaso, grupos em que a população se encontra organizada em vez
de indivíduos singulares;
 Os cachos são escolhidos de forma aleatória. Na escolha das unidades de amostragem,
vai-se do geral para o particular;
 É útil quando os elementos da amostra estão distribuídos geograficamente;
 Comporta riscos de erros, pelo facto da grande homogeneidade dos grupos.

4. A amostragem aleatória sistemática


 Consiste em retirar elementos a intervalos fixos a partir de uma lista exaustiva de todos
de uma dada população;
 O tamanho do intervalo entre a escolha dos elementos é determinado pela relação entre
o tamanho da população (N) e o tamanho da amostra (n);
 Exemplo: se o tamanho da população N = 500 e o tamanho da amostra n = 25, a relação
500/25 dá um intervalo de 20.

5. A amostragem polietápica ou multi-etapas


 Combinação de dois ou mais métodos de amostragem;
 Múltiplas etapas: distrito, concelho, escola ou turma.

Os métodos de amostragem não probabilísticos


 A probabilidade de uma elemento pertencer à amostra não é igual para todos;
 Corre o risco de a amostra ser menos representativa e menos fiável que a amostra
probabilística no que concerne à generalização dos resultados;
 É impossível avaliar o erro amostral.

1) A amostragem acidental
 Constituída por indivíduos facilmente acessíveis e que respondem a critérios de inclusão
precisos.
 Permite escolher indivíduos que estão no local certo e no momento certo;
 Simples de organizar e de custo reduzido;
 É corretamente utilizada mesmo que os indivíduos escolhidos não possam ser
representativos da população.

2) A amostragem por quotas


 Tal como a amostragem estratificada, consiste em formar subgrupos que apresentam
características definidas de maneira que estas estejam representadas em proporções
idênticas às que existem na população;
 Os membros de cada subgrupo não são escolhidos de forma aleatória;

3) A amostragem por escolha racional


 Trata-se de constituir uma amostra de indivíduos em função de um traço característico;
 Para encontrar indivíduos que correspondam a critérios de inclusão definidos, é comum
inserir anúncios nas publicações internas (Amostragem modal);
 É também empregado em certos estudos qualitativos pela seleção de participantes que
possuem as características procuradas (Amostragem de especialistas).

4) A amostragem por redes


 Também chamada de Snowball Sampling;
 Os indivíduos recrutados inicialmente sugerem, a pedido do investigador, os nomes de
outras pessoas que lhe parecem apropriados para participar no estudo;
 Este método é frequentemente utilizado quando é difícil encontrar indivíduos que tem
as características procurados (toxicómanos, alcoólicos, etc).

5) A amostragem heterogénea ou de diversidade


 As amostras são constituídas de modo a que todas as características, opiniões, atributos
estejam presentes na amostra independentemente das proporções com que se
encontram na população.
 Integrar diferenças na experiencia, o máximo de dimensões possível em relação ao
fenómeno.

14.3 Comparação entre os dois métodos de amostragem


Que método de investigação escolher?
 Depende de fatores tais como, os prazos concedidos e os recursos de que se dispõe, a
população a submeter à amostra, os objetivos perseguidos e a precisão das avaliações.
 Se a população alvo é heterogénea, o método que mais convém é a amostragem
probabilística.
 Se a população é homogénea pode-se optar por uma amostragem de tipo não
probabilístico;
 Se se deseja explorar relações entre certas variáveis, uma amostra não probabilística pode
ser suficiente. O investigador pode querer explicar relações entre variáveis e não generalizar
os resultados à população;

14.4 A determinação do tamanho da amostra


 Nos estudos qualitativos, o tamanho da amostra tem uma incidência direta sobre a validade das
conclusões de um estudo;
 Nos estudos qualitativos, têm um efeito sobre a credibilidade e a qualidade da análise dos
testemunhos (Norwood, 2000).
 Os fatores a considerar na determinação do tamanho da amostra são principalmente a
homogeneidade da população, o grau de precisão desejado e o método de amostragem utilizado.
Os fatores ligados ao tamanho da amostra
a. O objetivo e a natureza do estudo
 Se o objetivo do estudo consiste em explorar e em descrever fenómenos a amostra será
de pequeno tamanho;
 Se objetivo é explorar associações entre varias variáveis, como no estudo descritivo-
correlacional, é necessário ter uma ampla amostra;
 Se o objetivo é determinar relações de causa e efeito, como nos estudos de tipo
experimental, a amostra deverá compreender menos sujeitos que nos estudos
descritivos e correlacionais, devido ao facto do aumento de controlo na situação de
investigação.

b. A homogeneidade da população
 Quando o investigador tem boas razoes para pensar que a população é bastante
homogénea, uma amostra de tamanho reduzido pode ser suficiente para responder os
objetivo de estudo.

c. Número de variáveis
 Quanto mais variáveis há num estudo, mais elevado deve ser o numero de participantes;
 No caso de se prever fazer análises com subgrupos, constituir-se-á uma amostra de
maior tamanho.

d. O nível de significância
 Relativa ao nº de elementos da amostra;
 O n da amostra aumenta à medida que o N da população aumenta.

e. A amplitude e o efeito esperado


 Força da relação que une as variáveis ou a grandeza do desvio entre os grupos.
 Quando o efeito é grande (presença de uma grande diferença entre os grupos) uma
amostra de menos tamanho é suficiente;
 Quando o efeito é pequeno é mais difícil de detectar e, no caso, as amostras devem ser
de menor tamanho.
16.1 Como escolher um método de colheita de dados
Depende do nível de investigação, do tipo de fenómeno ou de variável e dos instrumentos disponíveis.

16.2 As medidas fisiológicas


 Consistem em recolher dados biofísicos com a ajuda de instrumentos ou aparelhos medicinais ou
de laboratório;
 Fornecem geralmente dados mais objetivos e mais precisos do que a maior parte dos outros
métodos de colheita dos dados.
 Exemplos: colheita de sangue, a tensão arterial, os testes laboratoriais, os raios X e o ECG;
 Acontece que as medidas fisiológicas são erróneas, e a causa é muitas vezes uma má calibragem de
instrumentos. Entre os erros correntes: falsos positivos e os falsos negativos.

16.5 Os questionários
 Instrumento de colheita de dados que exige da participante respostas escritas a um conjunto de
questões;
 Objetivo é recolher informação factual sobre acontecimentos ou situações conhecidas sobre
atitudes, crenças, conhecimentos, sentimentos e opiniões;
 Os questionários podem ser distribuídos a grupos de qualquer tamanho;
 Tanto podem conter questões abertas como questões fechadas;
 As questões são apresentadas numa ordem logica e os enviesamentos são quase impossíveis;
 Na maior parte dos casos, os investigadores utilizam questionários testados, o que tem a vantagem
de permitir a comparação dos resultados obtidos com os que já foram publicados.
 Por outro lado, é por vezes necessário juntar ou suprimir questões para poder responder às
exigências da investigação.

A construção do questionário
A construção de um questionário exige da parte do investigador uma definição clara do objetivo do
estudo, um bom conhecimento do estado da investigação sobre o fenómeno considerado e uma
ideia clara da natureza dos dados a recolher. A elaboração do questionário segue uma serie de
etapas:
i. Determinar qual a informação a recolher;
ii. Construir um banco de questões;
iii. Formular as questões;
iv. Ordenar as questões;
v. Submeter o esboço do questionário à revisão;
vi. Pré-testar o questionário;
vii. Redigir a introdução.

16.6 As escalas
A escala é uma forma de autoavaliação, constituída por vários enunciados ligados entre si e destinados a
medir um conceito ou uma característica.

A escala de Likert
 É constituída por uma série de enunciados que exprimem um ponto de vista sobre um tema;
 Dizem respeito geralmente ao acordo com qualquer coisa ou com uma frequência de
utilização ou de aplicação;
As etapas da construção de uma escala de Likert
1. Constituir um grande número de enunciado ou pool de itens que exprimem claramente os
aspetos de uma atitude ou de um conceito;
2. Submeter o pool de itens a uma amostra da população alvo (etapa pode ser repetida);
3. Distribuir as opiniões favoráveis ou desfavoráveis em cinco categorias ou escalões:
“completamente de acordo”, “mais ou menos de acordo”, “indeciso ou sem opinião”, “mais
em desacordo” e “completamente em desacordo”;
4. Codificar as respostas obtidas com os enunciados propostos atribuindo-lhe no máximo +2
(completamente de acordo) e no mínimo -2 (completamente em desacordo); fazendo a
soma dos enunciados obtém-se um score total para cada sujeito;
5. Determinar a consistência interna da escala com a ajuda de análises estatísticas que
estabelecem o grau de correlação entre cada enunciado e o score total da escala.

A escala com diferenciação semântica


 Serve para avaliar a significação que um individuo atribui a uma atitude ou a um
determinado objeto;
 O indivíduo escolhe sobre a escala o ponto que corresponde ao seu ponto de vista ou à sua
reação em relação a um conceito;
 A escala bipolar é constituída por adjetivos de sentido oposto tais como “bom-mau”,
“aborrecido-entusiasta”, “forte-fraco”, etc.
 A escala com diferenciação semântica é de uma grande flexibilidade, porque permite a
construção de escalas que servem para medir diferentes aspetos de uma atitude;
 O objetivo visado é extrair a significação do conceito.

A escala visual analógica


 Permite medir elementos tais como a fadiga, a dor, a dispneia;
 É pedido aos participantes para indicarem a intensidade dos seus sentimentos, dos seus
sintomas ou da qualidade do seu humor;
 Os estímulos devem ser claramente definidos e compreensíveis para os respondentes.
 A escala visual analógica é mais sensível às mudanças do que as escalas numéricas e
aditivas.
 Tem também a vantagem de ser fácil de construir, de agradar ais participantes e de ser
bastante sensível para perceber mudanças no grau de intensidade ou na qualidade da
experiencia.

A classificação de Q
 Baseia-se no princípio de que a subjetividade pode ser estudada de maneira objetiva e
científica;
 Serve para avaliar as atitudes, as preferências e a personalidade dos respondentes;
 Consiste em apresentar aos participantes uma pilha se cartas – de 50 a 100 – que contém
cada uma delas uma palavra ou um enunciado reportando-se a uma outra palavra ou um
enunciado designando uma opinião, um comportamento, etc.

16.7 Outros métodos de colheita de dados


A técnica de Delphi
 Consiste numa serie de retornos de questionários visando estabelecer um consenso num
grupo de peritos sobre um assunto particular;
 Permite recolher a opinião de um grande nº de peritos de diferentes países sem que estes
tenham que se deslocar;
 Esta técnica é apropriada para examinar as opiniões e as crenças, para fazer predições a
respeito dos conhecimentos que os peritos têm sobre um tema de interesse ou para
estabelecer prioridades num domínio particular.

As vinhetas
 Curta narração de um acontecimento ou de uma situação que é feita aos respondentes com
vista a recolher as suas opiniões sobre um fenómeno em estudo;
 As situações ou acontecimentos relatados podem ser reais ou hipotéticos;
 As questões colocadas a seguir à apresentação das vinhetas ou vídeos são habitualmente
questões fechadas.
 As vinhetas podem ser úteis para avaliar os comportamentos em situações não habituais;
 Podem também inserir-se num questionário.

As técnicas projetivas
 Métodos de colheita de dados reconhecidos pela sua precisão na colheita de dados
psicológicos;
 A sua utilização assenta no princípio de que a maneira como uma pessoa reage aos
estímulos não estruturados reflete as suas atitudes, as suas motivações, os seus valores e a
sua personalidade;
 Técnicas mais frequentes em psicologia: teste de Rorschach (teste das manhas de tinta), o teste de
perceção temática (TPT), os testes de associações verbais e o psicodrama.

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