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CIRJ
SESI
SENAI
IEL
CURSO TÉCNICO
DE CERVEJARIA
Volume 2
Fundamentos gerais:
produto e processo
versão preliminar
SENAI-RJ • Alimentos
FIRJAN
CIRJ
SESI
SENAI
IEL
CURSO TÉCNICO
DE CERVEJARIA
Fundamentos gerais:
produto e processo
FIRJAN – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira
Presidente
Diretoria de Educação
Andréa Marinho de Souza Franco
Diretora
FIRJAN
CIRJ
SESI
SENAI
IEL
CURSO TÉCNICO
DE CERVEJARIA
Fundamentos gerais:
produto e processo
Rio de Janeiro
2004
Prezado aluno,
Quando você resolveu fazer um curso em nossa instituição, talvez não soubesse que, desse momento
em diante, estaria participando do maior sistema de educação profissional do país: o SENAI. Há mais
de sessenta anos, estamos construindo uma história de educação voltada para o desenvolvimento
tecnológico da indústria brasileira e da formação profissional de jovens e adultos.
Devido às mudanças ocorridas no modelo produtivo, o trabalhador não pode continuar com uma
visão restrita dos postos de trabalho. Hoje, o mercado exigirá de você, além do domínio do conteúdo
técnico de sua profissão, competências que lhe permitam decidir com autonomia, proatividade,
capacidade de análise, solução de problemas, avaliação de resultados e propostas de mudanças no
processo do trabalho. Você deverá estar preparado para o exercício de papéis flexíveis e polivalentes,
assim como para a cooperação e a interação, o trabalho em equipe e o comprometimento com os
resultados.
Soma-se, ainda, que a produção constante de novos conhecimentos e tecnologias exigirá de você a
atualização contínua de seus conhecimentos profissionais, evidenciando a necessidade de uma formação
consistente que lhe proporcione maior adaptabilidade e instrumentos essenciais à auto-aprendizagem.
Essa nova dinâmica do mercado de trabalho vem requerendo que os sistemas de educação se
organizem de forma flexível e ágil, motivos esses que levaram o SENAI a criar uma estrutura
educacional, com o propósito de atender às novas necessidades da indústria, estabelecendo uma
formação flexível e modularizada.
Essa formação flexível tornará possível a você, aluno do sistema, voltar e dar continuidade à sua
educação, criando seu próprio percurso. Além de toda a infra-estrutura necessária a seu
desenvolvimento, você poderá contar com o apoio técnico-pedagógico da equipe de educação dessa
escola do SENAI para orientá-lo em seu trajeto.
Seja bem-vindo!
Diretora de Educação
Fundamentos gerais: produto e processo
2004
Diretoria de Educação
Ficha Técnica
Edição revista da apostila Fundamentos gerais: produto e processo. Vassouras, 1997. (Série
Cursos de Cervejaria). SENAI. RJ. CETEC de Produtos Alimentares. Coordenadoria de Informação
Tecnológica.
SENAI
SENAI––Rio de Janeiro
GEP – Gerência de Educação Profissional
Rua Mariz e Barros, 678 – Tijuca
20270-903 – Rio de Janeiro – RJ
Tel.: (21) 2587-1116
Fax: (21) 2254-2884
GEP@rj.senai.br
http://www.rj.senai.br
Sumário
APRESENTAÇÃO .................................................................................. 11
UMA PALAVRA INICIAL ....................................................................... 13
2 A CERVEJA ........................................................................................
Conceito de mosto ou extrato primitivo ......................................................................
25
27
Principais tipos de cerveja no mundo ............................................................................. 27
Principais tópicos sobre a legislação da cerveja no Brasil .......................................... 28
Aspectos nutricionais e de consumo .............................................................................. 30
Exercícios ................................................................................................................................ 33
3 MATÉRIAS-PRIMAS ..........................................................................
Cevada .....................................................................................................................................
35
37
Adjuntos .................................................................................................................................. 41
Lúpulo ...................................................................................................................................... 47
Água .......................................................................................................................................... 51
Exercícios ................................................................................................................................ 65
6 MOAGEM ...........................................................................................
Fundamentos .........................................................................................................................
91
93
Controle e otimização da moagem .................................................................................. 94
Moinhos de malte e modalidades de moagem .............................................................. 96
Apresentação
Esse grupo objetiva diagnosticar as mudanças e as tendências do mercado, nos diversos setores
produtivos, considerando os reflexos das transformações tecnológicas e organizacionais sobre o trabalho,
a emergência e o declínio de profissões, além da necessidade de redefinição de perfis profissionais,
tanto atuais quanto futuros. Para cumprir essa finalidade, foi adotada uma metodologia que, em
consonância com as novas tendências internacionais e as recomendações da legislação educacional
vigente no país, possibilitasse a construção de perfis profissionais baseados em competências, bem
como o estabelecimento dos padrões de desempenho requeridos.
A partir do perfil então delineado, com as respectivas qualificações intermediárias e tendo sido
também considerado o elenco das competências profissionais gerais definidas pelo MEC para a área
profissional de Química, a equipe responsável pelo desenho pedagógico concebeu o itinerário formativo
do Curso Técnico de Cervejaria.
Em conformidade com tais princípios, o curso visa propiciar os conhecimentos teóricos e práticos
necessários para a atuação do Técnico de Cervejaria, na área de Química, de acordo com o perfil de
competências definido, bem como desenvolver capacidades fundamentais requeridas pela educação
profissional, tais como iniciativa na resolução de problemas, responsabilidade por resultados; versatilidade
e adaptabilidade frente às mudanças; avaliação das práticas no mundo produtivo; flexibilidade e
participação nos processos de aperfeiçoamento.
SENAI-RJ 11
Curso Técnico de Cervejaria Apresentação
Com tal perspectiva, foi também concebido este material didático, estruturado em cinco volumes
e com a finalidade primordial de apoiar os alunos em vários momentos e situações de seu processo de
aprendizagem.
Esses volumes foram organizados de forma a apresentar, através de uma linguagem simples e
com ilustrações, os conteúdos relativos às unidades curriculares estabelecidas nos Módulos I e II do
itinerário formativo do curso. Além disso, eles contêm uma variedade de exercícios, acompanhados
das respectivas respostas, para que o aluno possa, gradualmente, avaliar os conhecimentos recém-
adquiridos, identificar os pontos que, porventura, precisam ser ainda revistos ou reforçados e, assim,
consolidar os conceitos trabalhados tanto nas aulas teóricas quanto nas práticas.
Bioquímica
• Volume 4 - Química
Automação industrial
Esperamos, enfim, que este material didático contribua para a sua formação de Técnico de
Cervejaria, capacitando-o para enfrentar os desafios do mundo do trabalho.
12 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria Uma palavra inicial
Meio ambiente...
Antes de iniciarmos o estudo deste material, há dois pontos que merecem destaque: a relação entre
o processo produtivo e o meio ambiente; e a questão da saúde e segurança no trabalho.
É preciso entender que todas as atividades humanas transformam o ambiente. Estamos sempre
retirando materiais da natureza, transformando-os e depois jogando o que "sobra" de volta ao ambiente
natural. Ao retirar do meio ambiente os materiais necessários para produzir bens, altera-se o equilíbrio
dos ecossistemas e arrisca-se ao esgotamento de diversos recursos naturais que não são renováveis
ou, quando o são, têm sua renovação prejudicada pela velocidade da extração, superior à capacidade
da natureza para se recompor. É necessário fazer planos de curto e longo prazo para diminuir os
impactos que o processo produtivo causa na natureza. Além disso, as indústrias precisam se preocupar
com a recomposição da paisagem e ter em mente a saúde dos seus trabalhadores e da população que
vive ao seu redor.
SENAI-RJ 13
Curso Técnico de Cervejaria Uma palavra inicial
O uso indiscriminado dos recursos naturais e a contínua acumulação de lixo mostram a falha básica
de nosso sistema produtivo: ele opera em linha reta. Extraem-se as matérias-primas através de processos
de produção desperdiçadores e que produzem subprodutos tóxicos. Fabricam-se produtos de utilidade
limitada que, finalmente, viram lixo, o qual se acumula nos aterros. Produzir, consumir e dispensar bens
desta forma, obviamente, não é sustentável.
Enquanto os resíduos naturais (que não podem, propriamente, ser chamados de "lixo") são absorvidos
e reaproveitados pela natureza, a maioria dos resíduos deixados pelas indústrias não tem aproveitamento
para qualquer espécie de organismo vivo e, para alguns, pode até ser fatal. O meio ambiente pode
absorver resíduos, redistribuí-los e transformá-los. Mas, da mesma forma que a Terra possui uma
capacidade limitada de produzir recursos renováveis, sua capacidade de receber resíduos também é
restrita, e a de receber resíduos tóxicos praticamente não existe.
Ganha força, atualmente, a idéia de que as empresas devem ter procedimentos éticos que considerem
a preservação do ambiente como uma parte de sua missão. Isto quer dizer que se devem adotar
práticas voltadas para tal preocupação, introduzindo processos que reduzam o uso de matérias-primas
e energia, diminuam os resíduos e impeçam a poluição.
Cada indústria tem suas próprias características. Mas já sabemos que a conservação de recursos
é importante. Deve haver crescente preocupação com a qualidade, durabilidade, possibilidade de
conserto e vida útil dos produtos.
As empresas precisam não só continuar reduzindo a poluição, como também buscar novas formas
de economizar energia, melhorar os efluentes, reduzir o lixo, o uso de matérias-primas. Reciclar e
conservar energia são atitudes essenciais no mundo contemporâneo.
É difícil ter uma visão única que seja útil para todas as empresas. Cada uma enfrenta desafios
diferentes e pode se beneficiar de sua própria visão de futuro. Ao olhar para o futuro, nós (o público,
as empresas, as cidades e as nações) podemos decidir quais alternativas são mais desejáveis e trabalhar
com elas.
A mudança nos hábitos não é uma coisa que possa ser imposta. Deve ser uma escolha de pessoas
bem-informadas a favor de bens e serviços sustentáveis. A tarefa é criar condições que melhorem a
capacidade de as pessoas escolherem, usarem e disporem de bens e serviços de forma sustentável.
Além dos impactos causados na natureza, diversos são os malefícios à saúde humana provocados
pela poluição do ar, dos rios e mares, assim como são inerentes aos processos produtivos alguns riscos
à saúde e segurança do trabalhador. Atualmente, acidente do trabalho é uma questão que preocupa os
empregadores, empregados e governantes, e as conseqüências acabam afetando a todos.
14 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria Uma palavra inicial
A redução do número de acidentes só será possível à medida que cada um – trabalhador, patrão e
governo – assuma, em todas as situações, atitudes preventivas, capazes de resguardar a segurança de
todos.
Deve-se considerar, também, que cada indústria possui um sistema produtivo próprio, e, portanto, é
necessário analisá-lo em sua especificidade, para determinar seu impacto sobre o meio ambiente,
sobre a saúde e os riscos que o sistema oferece à segurança dos trabalhadores, propondo alternativas
que possam levar à melhoria de condições de vida para todos.
Da conscientização, partimos para a ação: cresce, cada vez mais, o número de países, empresas e
indivíduos que, já estando conscientizados acerca dessas questões, vêm desenvolvendo ações que
contribuem para proteger o meio ambiente e cuidar da nossa saúde. Mas, isso ainda não é suficiente...
faz-se preciso ampliar tais ações, e a educação é um valioso recurso que pode e deve ser usado em tal
direção. Assim, iniciamos este material conversando com você sobre o meio ambiente, a saúde e a
segurança no trabalho, lembrando que, no exercício profissional diário, você deve agir de forma
harmoniosa com o ambiente, zelando também pela segurança e saúde de todos no trabalho.
Tente responder à pergunta que inicia este texto: Meio ambiente, saúde e segurança no trabalho –
o que é que eu tenho a ver com isso? Depois, é partir para a ação. Cada um de nós é responsável.
Vamos fazer a nossa parte?
SENAI-RJ 15
Fundamentos gerais:
produto e processo
Nesta seção...
Exercícios
1
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
A história da fabricação da cerveja tem, pelo menos, 6 mil anos de existência. Quando o homem
aprendeu a moer os cereais e, com eles, preparar o pão, o caminho que levava ao pão líquido não
estava muito longe. Nessa época, os sumérios faziam uma massa consistente com os grãos moídos
que, após o cozimento, era consumida como pão. Essa massa, quando deixada ao tempo, umedecia e
fermentava, tornando-se uma espécie de "pão líquido", uma bebida alcoólica por eles ingerida. Essa
bebida guarda uma semelhança, ainda que distante, com a atual cerveja.
O mais antigo documento sobre a produção de cerveja em solo europeu é de 800 anos a.C. A partir
do início da Idade Média, foram os conventos que assumiram a fabricação. Eles foram, decididamente,
muito importantes para o desenvolvimento da fabricação da cerveja. Particularmente, os monges
tornaram popular o uso de lúpulo como fator de amargor do mosto da cerveja.
Os beneditinos de Weihenstephan, Alemanha, foram os primeiros a receber a autorização oficial
para a fabricação profissional e comercialização da cerveja. Com isso, Weihenstephan é a indústria
cervejeira mais antiga do mundo, tendo surgido no ano de 1040.
Ao que tudo indica, foi da palavra latina bibere que se originou, em vários idiomas, os termos
usados para designar esta bebida, obtida através da fermentação de cereais. Em latim, bibere significa
beber. O termo do latim clássico para designar a cerveja é cervisia ou cerevisia. Dessa raiz, derivam
as palavras cerveja (português) e cerveza (espanhol). Acredita-se que cerevisia proceda de Ceres,
que, na mitologia latina, era a deusa da agricultura.
Designa-se cerveja (bière, bier, beer), em sentido restrito,
toda infusão fermentada de grãos de cereais. Em sentido lato, lato
chamaremos de cerveja toda bebida fermentada alcoólica obtida Largo; amplo; dilatado.
SENAI-RJ 19
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
sempre presentes no meio ambiente. São as bebidas dos tipos cauim e chicha, presumivelmente
as mais antigas.
2. Cervejas maltadas – Obtidas pela ação sacarificante das alfa e betaamilases liberadas durante
a germinação de certos grãos.
3. Cervejas de bolor – Obtidas pela sacarificação dos amiláceos e pela ação de amilases dos
fungos. São as cervejas de arroz do Oriente.
Na Antiguidade, costumava-se experimentar e usar, na elaboração de cerveja, toda espécie de
ingredientes, tais como: folhas de pinheiros, ervas em geral etc., com resultados por vezes fatais. Para
regularizar o processo de fabricação, o duque Guilherme IV da Baviera (Alemanha) decretou, em
1516, a "Lei da Pureza" (Reinheitsgebot). Essa lei é a mais antiga do mundo sobre a manipulação de
alimentos (legislação de produtos alimentares). Determina os ingredientes que podem ser usados para
a produção da cerveja, tais como:
• Cevada.
• Lúpulo.
• Água.
Observação
A esta época, a levedura de cerveja ainda não era conhecida, só mais tarde
sendo incluída à lei em questão.
Louis Pasteur
deterioração
Esse nome é reconhecido pela associação com a palavra Ato ou efeito de: danificar,
"pasteurização", que se refere a um método de conservação corromper, tornar
degenerado.
de alimentos a partir do aquecimento.
Até os estudos de Pasteur, em 1876, o processo de fermentação não podia ser explicado nem
controlado. Pasteur descobriu a participação de microrganismos durante a fermentação e demonstrou
que a deterioração do mosto e das cervejas era provocada pelo desenvolvimento de organismos
microscópicos. Estes microrganismos, estranhos ao processo, provinham do meio ambiente. Com
Pasteur, teve início a ciência cervejeira.
20 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Ele foi o primeiro a isolar uma célula de levedura de cerveja, em 1881, e obteve a multiplicação sob
cultura pura. Como a levedura influencia fundamentalmente o sabor, essa descoberta possibilitou,
especialmente, que se produzisse cerveja com o mesmo sabor e qualidade.
Observação
Na cultura pura, todas as células possuem características absolutamente iguais,
pois são originárias de uma mesma célula.
A cerveja no Brasil
Em 1888, foi fundada no Rio de Janeiro a Manufatura de Cerveja Brahma, Villiger & Cia., de
propriedade do engenheiro suíço Joseph Villiger. Em 1894, a pequena cervejaria foi vendida para a
firma George Maschke & Cia., que a modernizou e ampliou suas instalações. Em 1904, houve a fusão
da cervejaria de Maschke com a Preiss, Haussler & Cia., resultando, então, a Companhia Cervejaria
Brahma, que em 1980 assumiu o controle acionário da Skol.
Em fevereiro de 1854, um colono alemão, Henrique Kremer, fundou uma fábrica de cervejas em
Petrópolis, Rio de Janeiro. Ao falecer, em 1865, seus herdeiros constituíram a firma Augusto Kremer
& Cia., que existiu até 1876.
Foi também em Petrópolis que existiu a cervejaria Mora, fundada em 1893. Esta cervejaria ficou
famosa, na época, por produzir as cervejas Cascata Preta e Cascata Branca.
A Companhia Antarctica Paulista foi a segunda cervejaria de grande porte que surgiu no Brasil.
Criada em 1891, sua primeira unidade de produção foi instalada no Parque Antarctica, no bairro de
Água Branca. Da mesma forma que sua grande concorrente (a Brahma), a Antarctica também
procurou superar o problema de importação de cevada, desenvolvendo um programa de pesquisa para
adaptar algumas variedades de cevada ao clima e às condições do sul do Brasil. Entre as empresas de
grande porte, a Antarctica possui uma grande tradição como anunciante, sendo considerada a mais
antiga no mercado brasileiro.
Paralelamente à história das duas maiores cervejarias do Brasil, muitas outras pequenas fábricas
regionais surgiram e algumas até ganharam expressão nacional. A maioria delas, entretanto, não
conseguiu sobreviver por muitos anos, ou foi absorvida pela Brahma ou pela Antarctica.
SENAI-RJ 21
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
A cervejaria Caracu foi fundada em 1899, na cidade paulista de Rio Claro. Foi a primeira cerveja
preta da América Latina que, pela sua qualidade, recebeu prêmios internacionais na Inglaterra e na
Itália. Em 1969, passou a integrar as Cervejarias Reunidas Skol Caracu S/A.
Na década de 1970, a Skol fez um lançamento pioneiro no Brasil, a cerveja em lata, produzida em
sua fábrica de Rio Claro.
A cerveja Kaiser, fabricada por uma empresa de grande porte, foi lançada em 1982, em Minas
Gerais, com a inauguração da Cervejaria Kaiser Minas S/A, em Divinópolis. Pouco tempo depois,
duas empresas ligadas ao ramo de refrigerantes aderiram a ela, fundando as fábricas Cervejaria
Kaiser Rio S/A e Cervejaria Kaiser São Paulo S/A, em Moji-Mirim e em Jacareí. Mais tarde, surgiu
a Companhia Sul Brasil de Cerveja, em Gravataí, Rio Grande do Sul.
A fábrica Cerpasa, do Pará, começou a produzir, a partir de 1966, a cerveja Cerpa, que goza de
reputação nacional.
As cervejas da Schincariol, de Itu, São Paulo, e da Belco, de São Manoel, São Paulo, são outros
produtos com crescente aceitação no mercado.
A cerveja mineira Ouro Fino teve seus dias de sucesso, porém acabou sendo absorvida pela Skol.
A Bohemia, cerveja de Petrópolis, é uma marca secular e ainda resiste, apesar de ter sido incorporada
à Antarctica.
No estado do Rio, existem ainda famosas marcas, como a Black Princess, produzida pela Princesa,
e a Sul-Americana, que leva o nome de sua fábrica.
No ano de 1995, alcançamos o patamar dos 40 litros de consumo per capita anual. Na Alemanha,
a média por habitante é quase quatro vezes maior: 150 litros. E na Bavária (Sul da Alemanha), o
consumo per capita supera os 250 litros. Em outros países, a média de 100 litros por habitante é
bastante comum. Partindo desses dados, podemos afirmar que o brasileiro, apesar do clima tropical,
ainda bebe pouquíssima cerveja.
A baixa renda da população certamente contribui para esse quadro. Tanto que, após o plano de
estabilização do Real, registrou-se um aumento bastante significativo no consumo de cerveja no país.
Por outro lado, sabe-se que as cervejarias estão investindo grandes volumes de recursos, visando a um
crescimento da produção. No futuro, a expectativa é que o consumo de cerveja no Brasil aumente
conforme o crescimento do poder aquisitivo.
A título de ilustração, vamos apresentar, a seguir, vários dados sobre a produção anual de alguns
países e continentes, em 1991:
22 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Alemanha 118.000.000hl
Espanha 26.447.000hl
Noruega 2.236.000hl
Europa 445.972.000hl
Estados Unidos 237.283.000hl
Brasil 65.000.000hl
Uruguai 710.000hl
México 39.816.000hl
Américas 437.453.000hl
Nigéria 8.386.000hl
Egito 500.000hl
Gâmbia 30.000hl
África 58.500.000hl
China 80.000.000hl
Austrália 19.000.000hl
Japão 68.000.000hl
Legenda
hl = hectolitro
hl = 100 litros
SENAI-RJ 23
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Exercícios
2. Leia com atenção as frases abaixo e preencha as lacunas de acordo com o que você estudou.
a) O termo do latim clássico para designar a cerveja é _________________________ou
_______________________.
b) ______________________, ____________________e _____________________ são
as três personalidades que estão especialmente associadas ao progresso na fabricação de
cerveja.
c) No ano de 1995, alcançamos o patamar dos _______ litros anuais de consumo per capita.
– ____________________________________________________________________
– ____________________________________________________________________
24 SENAI-RJ
A cerveja
Nesta seção...
Exercícios
2
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Entende-se por mosto ou extrato primitivo de uma cerveja o teor de extrato apresentado antes da
fermentação.
O teor de mosto primitivo de uma cerveja não deve ser confundido com teor alcoólico. Para
compreender melhor essa questão, consulte as informações abaixo.
SENAI-RJ 27
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Inglesas
• Ale
• Stout
• Porter
Belgas
• Lambic
• Trappiste
• Blanche
2. Baixa fermentação
• Light
• Especiais
• Pilsen
• Export
• Escuras
• Lager
A cerveja de alta fermentação é aquela obtida pela ação da levedura que sobe à superfície, na
fermentação tumultuosa. Já a de baixa fermentação é a obtida pela ação da levedura que se deposita,
após a fermentação tumultuosa, no fundo do tanque. Por isso, as leveduras se dividem nas de alta
fermentação e nas de baixa fermentação. As cervejas antigas eram todas de alta fermentação.
1. Objeto
Os presentes padrões têm por objetivo estabelecer as normas de identidade e qualidade a que
deverão obedecer as cervejas.
28 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
2. Descrição
Classificação:
Cerveja de baixa fermentação é aquela obtida pela ação de levedura cervejeira que se deposita no
fundo da cuba durante ou após a fermentação tumultuosa.
b) Quanto ao teor de extrato primitivo
Cerveja fraca De 7 a 11
Cerveja normal ou comum De 11 a 12,5
Cerveja extra De 12,5 a 14
Cerveja forte Acima de 14
c) Quanto à cor
SENAI-RJ 29
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Classes Teor de e
Teor xtrato (em % peso)
extrato
Cerveja de baixo teor em extrato Maior que 0,5 e menor que 2,0
Cerveja de médio teor em extrato Igual ou maior que 2,0 e menor que 4,5
Cerveja de alto teor em extrato Igual ou maior que 4,5 e menor que 7,0
3. Tipos
De acordo com seu tipo, internacionalmente conhecido, a cerveja poderá ser denominada Pilsen,
Export, Lager, Dortmunder, Munchen, Bock, Malzbier, Ale, Stout, Porter e Weissbier.
Outro aspecto que merece ser destacado é o alto valor higiênico desta bebida. Devido a seu baixo
pH, sua relativa ação anti-séptica – pela presença do álcool e do lúpulo – e a presença do gás carbônico,
não há condições propícias para o desenvolvimento de microrganismos patogênicos para o homem.
A cerveja apresenta, ainda, um outro aspecto que deve ser ressaltado: ela é, sem dúvida, uma
bebida alcoólica. Por isso, não se deve considerar que a percentagem de álcool contida na cerveja –
apenas 3% a 4% – é inteiramente inofensiva.
Há pessoas que, em curto espaço de tempo, ingerem grande quantidade da bebida, o que acarreta
um teor elevado de álcool no sangue. Já o consumo de, por exemplo, 1 litro de cerveja diariamente,
porém de forma espaçada, ao longo do dia, não evidencia prejuízos consideráveis ao organismo.
Portanto, pode-se dizer que a cerveja é uma bebida que possui uma série de aspectos positivos, se
não for objeto de abusos no consumo.
30 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Degustação prazerosa
A cerveja, como qualquer bebida que se queira degustar saboreando integralmente todas as suas
qualidades, exige alguns critérios indispensáveis. Em primeiro lugar, qual a temperatura ideal para a
cerveja? Embora o bom senso testemunhe que o importante é o gosto pessoal, os experts são unânimes
em afirmar que, para nosso clima, a temperatura ideal é em torno de 8ºC. Não se deve tomá-la
"estupidamente gelada", pois assim ela perde grande parcela de seu sabor característico, além de
reprimir o paladar. Por essas razões, é totalmente desaconselhável colocá-la para gelar no congelador
ou freezer.
Com ou sem espuma? Também neste aspecto os gostos variam muito, mas "cerveja sem espuma
não é cerveja!". Dois dedos de espuma, em média, são indispensáveis, pois sem eles a cerveja perde
sua “personalidade" e fica com aparência de água choca.
SENAI-RJ 31
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
O copo merece toda a atenção de um bom consumidor de cerveja. Detalhe importante é a higiene
do copo, pois vestígios de sabão, restos de gordura etc. já são suficientes para alterar o sabor e influir
na formação da espuma. Por isso, não se devem enxugar os copos com pano, e sim deixá-los secar
com a boca para baixo.
32 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Exercícios
– ____________________________________________________________________
– ____________________________________________________________________
– ____________________________________________________________________
– ____________________________________________________________________
– ____________________________________________________________________
– ____________________________________________________________________
– ____________________________________________________________________
5. Leia com atenção a frase abaixo e preencha a lacuna, de acordo com o que você estudou.
Embora o bom senso testemunhe que o importante é o gosto pessoal, os experts são unânimes
em afirmar que, para nosso clima, a temperatura ideal da cerveja é em torno de _________ ºC.
SENAI-RJ 33
Matérias-primas
Nesta seção...
Cevada
Adjuntos
Lúpulo
Água
Exercícios
3
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Cevada
O malte de cevada é a matéria-prima principal para a fabricação da cerveja. Várias razões indicam
a cevada como o melhor cereal a ser utilizado no processamento de elaboração do malte e da cerveja:
• A cevada possui um alto teor de amido.
• A parte externa (casca) permanece no grão após a debulhagem (extração dos grãos ou sementes
durante a colheita). Essa casca forma uma camada filtrante no processo de classificação do
mosto.
• O teor de proteína está presente em proporcões ideiais em relação ao amido.
• Existem agentes importantes, isto é, enzimas, na cevada ou que se formarão durante a malteação.
De duas fileiras
Duas fileiras de grãos
na mesma espiga.
De quatro fileiras De seis fileiras
Quatro fileiras de grãos na Seis fileiras de grãos na
mesma espiga. mesma espiga.
SENAI-RJ 37
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
O plantio no Brasil
No Brasil, desde 1981, as recomendações técnicas para o cultivo da cevada cervejeira, nos estados
do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná, são estabelecidas por um grupo de instituições
envolvidas ativamente na pesquisa desta cultura. Compõem este grupo de pesquisa o Centro Nacional
de Pesquisa de Trigo (EMBRAPA), o IAPAR (Pólo Regional de Ponta Grossa), a Companhia Antárctica
Paulista I.B.B.C. – Filial Fomento Agrícola e Armazenadora, a Companhia Cervejaria Brahma –
Maltaria Navegantes S.A. A comissão de pesquisa de cevada foi estabelecida através da Portaria 293
de 11/12/1990, do então Ministério da Agricultura e Reforma Agrária.
As épocas de plantio ou semeadura são definidas segundo regiões estabelecidas para a cevada de
verão:
• Rio Grande do Sul – 20 de maio a 30 de junho – regiões Norte e Sul (podendo estender-se até 15
de julho em certos municípios).
• Santa Catarina – 20 de maio a 30 de junho e 20 junho a 15 de julho, conforme municípios.
• Paraná – 10 de maio a 20 de junho e 1º a 30 de junho, conforme municípios.
O período de colheita, em geral, é no final de outubro e no início de novembro.
Observação
Tanto o malteador como o cervejeiro preferem a cevada de verão de duas fileiras.
38 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Embrião
O embrião é uma das partes mais importantes do grão, pois é sua parte viva. Ele localiza-se na
parte dorsal da base do grão (região de ligação com a coluna ou ráquis da espiga). Trata-se da sua
extremidade pontuda.
Endosperma
É a parte mais abundante e, juntamente com o embrião, constitui também o componente mais
importante do grão, pois contém as células de amido. O amido é o elemento do endosperma que
produzirá o extrato (açúcar) no mosto.
A parede celular do amido é constituída de hemicelulose e gomas (glucanos). As gomas são solúveis
e as hemiceluloses insolúveis em água; conseqüentemente, essas últimas somente poderão ser
decompostas e solubilizadas pelas enzimas.
Entre as células que não contêm amido, encontram-se depósitos de proteínas chamados de proteínas
histológicas ou estruturais dos tecidos. No processo de malteação, as enzimas proteolíticas agem
sobre as proteínas, degradando-as.
Casca ou envoltório
A casca é constituída de celulose insolúvel em água e que não pode ser degradada por enzimas.
Serve de camada de proteção ao embrião. Durante o processo de filtração do mosto, é utilizada como
camada filtrante.
Observação
Uma fina rugosidade da casca da cevada cervejeira é um indicador da sua
qualidade.
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Composição da cevada
Observe, a seguir, sua representação gráfica em substância seca.
2,5-3,5% de substâncias
minerais
3,5-7% de celulose
55-65% de amido
Amido
O amido é uma substância orgânica pertencente ao grande grupo dos carboidratos, presentes em
abundância no grão, representando 55% a 65% de cevada em substância seca.
Proteína
Os subprodutos de decomposição das proteínas de alto peso molecular causam uma boa e estável
formação de espuma, além de promover um melhor corpo para a cerveja.
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Uma parte da proteína solubilizada coagula na fervura do mosto e é eliminada como trub quente.
Durante a maturação, uma outra parte é separada por decantação, pela ação do frio.
Adjuntos
Adjuntos são materiais ricos em carboidratos, com composição e propriedades apropriadas para
complementar, de forma benéfica e rentável, a principal matéria-prima empregada na elaboração de
cervejas: o malte de cevada.
Os adjuntos cervejeiros mais utilizados são aqueles derivados dos cereais de milho e arroz.
SENAI-RJ 41
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Principais vantagens
O uso de adjuntos em cervejarias é vantajoso sob vários aspectos, conforme veremos a seguir:
1. Razões econômicas:
– Menores custos de matérias-primas por "hl".
– Disponibilidade do produto e garantia de abastecimento de adjuntos de derivados de cereais
processados, de origem regional, a custos mais favoráveis que o malte de cevada, sempre
dentro de um mesmo padrão de qualidade.
– Facilidade de manuseio (o armazenamento e a manipulação do adjunto devem ser executados
o mais facilmente possível dentro da cervejaria). Devem comparar-se os custos relativos de
capital das instalações, espaços ocupados e os custos de manuseio.
– Capacidade da sala de brassagem – Poderá ser aumentada com o uso de adjuntos líquidos ou
açúcar diretamente adicionados na caldeira de fervura, elevando o extrato básico do mosto para
posterior diluição, o que, em conseqüência, redunda em aumento de produção e rentabilidade
(tecnologia high gravity). Com isso, pode-se postergar a necessidade de ampliações na
capacidade de brassagem.
Importante!
Cuidados no armazenamento e instalações
No caso de adjuntos sólidos, como, por exemplo, os cereais ou seus derivados,
deverão ser previstos os espaços de armazenamento em sacos ou silos para
granel, com sistemas de limpeza.
No caso de adjuntos líquidos, deverão ser previstas instalações, como tanques,
tubulações e moto-bombas.
silos
Nos estabelecimentos
agrícolas, construção
impermeável para
conservar cereais ou
folhagem verde. Depósito
de armazenamento.
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Os produtos derivados do milho são muito procurados como adjuntos pelas cervejarias, por
fornecerem altos rendimentos em extrato.
O gritz de milho é preparado na indústria pelo processo conhecido como Degerminação por Moagem
a Seco. Observe, no quadro da próxima página, as principais etapas desse processo.
Arroz
É um adjunto de grande emprego nas cervejarias, junto com os produtos derivados do milho. Em
ambos os casos, o aproveitamento feito pelo cervejeiro diz respeito apenas ao endosperma (amido).
O adjunto derivado do arroz, para fins cervejeiros, é obtido mediante a eliminação da casca externa,
capas de aleurona, semente e gérmen, através de um beneficiamento e de moagem seca apropriada,
com menor dano possível à porção farinhosa do endosperma do grão.
Essa porção de arroz partido denomina-se arroz cervejeiro ou arroz tamizado, próprio para adjunto
em indústrias cervejeiras.
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Grãos de milho
Sistema de tambores
tamizadores com
granulometrias
diferentes
Observação
O arroz cervejeiro varia no que concerne à sua composição física, na qual o
tamanho das partículas individuais varia de grãos pequenos tamizados a frações
maiores de grãos quebrados.
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O gritz de milho tem sua temperatura de gelatinização entre 62ºC e 75ºC; já para a quirela de arroz,
esta temperatura é entre 75ºC e 85ºC. Para promover a fluidificação, adiciona-se, em geral, uma certa
quantidade de malte à mostura do adjunto (5% a 10% do total).
Observação
Essas operações na sala de brassagem são feitas com o auxílio da caldeira de
grãos crus (caldeira de adjuntos, eventualmente autoclave).
Xaropes
Xarope de milho
Os xaropes de milho são basicamente elaborados a partir do amido dos derivados de milho, como
sêmolas refinadas ou amido puro.
Nos Estados Unidos e em grande parte da Europa, esses adjuntos são produzidos à base do milho
amarelo.
No Brasil, ainda não é muito utilizado, mas o interesse por ele cresce cada vez mais.
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Este adjunto é preparado à base do açúcar de cana – sacarose –, mediante ação enzimática, ou se
esquentando o xarope com uma pequena quantidade de ácido orgânico, normalmente cítrico ou tartárico
– hidrólise ácida.
46 SENAI-RJ
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Açúcares
Os açúcares em geral são também adjuntos adicionados diretamente na caldeira de fervura do
mosto, pouco antes do apronte, aumentando o extrato fermentescível.
A sacarose (açúcar comum) é o produto utilizado como fonte de açúcar. Dá origem a cervejas
muito claras, com alto grau de fermentação, boa estabilidade físico-química coloidal e estabilidade de
paladar.
Para o caso de elaboração de cervejas adocicadas ou tipo Malzbier, cujo teor alcoólico não deve
ser ultrapassado, o açúcar para a correção do mosto básico deverá ser acrescentado após a filtração,
diretamente no tanque de pressão e juntamente com o caramelo corante.
Lúpulo
As variedades aceitas para as cervejarias são as que produzem flores femininas. As flores agrupadas
em torno da "vértebra" formam o "cone".
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Modo de utilização/embalagens
A forma antiga de utilização é a de lúpulo em flor, isto é, de cones soltos ou prensados.
Atualmente, utilizam-se:
• Pellets – Neste caso, o lúpulo em flor passa por um processo de beneficiamento, com remoção de
talos, folhas etc. e posterior formação em pellets. Há grandes vantagens em termos de preservação
da qualidade, volume ocupado, fretes etc.
• Extratos – Os componentes de interesse cervejeiro são extraídos com o uso de diferentes tecnologias.
A concentração dos extratos pode variar. Os benefícios econômicos (custo de transporte,
armazenamento) são significativos.
Observação
O lúpulo alemão possui selo de garantia e certificado de origem, para fins de
comercialização.
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É importante destacar que os lúpulos aromáticos têm alto teor de óleos essenciais, enquanto os de
amargor apresentam alto teor de substâncias amargas.
morfologia
Estudo da forma e da
Segundo a morfologia, a umbela é constituída de: estrutura dos organismos
vegetais.
• Brácteas – Pétalas de cobertura de coloração verde-escura.
• Bractéolas – Pétalas internas que possuem, na parte inferior, uma dobra tipo bolsa, na qual
encontramos a lupulina.
• Vértebra – Suporte lenhoso central, sob a forma de haste ou eixo em ziguezague.
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• Lupulina – Pequeno grão (glândula secretora) de cor amarelada. Com o envelhecimento do lúpulo,
a lupulina gradativamente passa a ter uma coloração avermelhada, até, finalmente, atingir uma
cor marrom-avermelhada. O aroma fresco, fino, vai se perdendo e seu cheiro torna-se desagradável
(cheiro rançoso). Então, o lúpulo não tem mais aproveitamento para fins cervejeiros.
Importante!
A lupulina é a portadora dos componentes importantes do lúpulo para o processo
cervejeiro: óleos essenciais e substâncias amargas.
Óleos essenciais
Eles concedem ao mosto e à cerveja o aroma típico do lúpulo, entretanto são altamente voláteis.
Por isso, na fervura do mosto lupulado, a maior parte dos óleos essenciais (de 96% a 98%) é
eliminada. Essa propriedade deve ser considerada na dosagem do lúpulo.
Substâncias tânicas
Do total contido no lúpulo, cerca de 25% estão presentes na lupulina e 75% nas folhas do cone.
Pertencem ao grande grupo das substâncias polifenólicas (polifenóis).
Substâncias amargas
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Alfa-ácidos
Os alfa-ácidos, inicialmente ainda insolúveis, deverão ser transformados em substâncias solúveis
durante o processo de cozimento do mosto (forma isomerizada). Esse processo de solubilização
denomina-se "isomerização".
Os produtos transformados em solúveis (isomerizados) denominam-se "iso-alfa-ácidos" e possuem
o amargor de maior intensidade.
Beta-ácidos
Os beta-ácidos são insolúveis e, por isso, não têm nenhuma influência no amargor da cerveja.
Água
A água constitui o mais importante regulador energético para a estabilidade térmica da Terra,
sendo elemento essencial à vida animal e vegetal. Seu papel no desenvolvimento da civilização é
reconhecido desde a Antiguidade.
O homem precisa de água de boa qualidade e em quantidade suficiente para todas as suas
necessidades. Um dos principais requisitos para que uma água seja destinada ao consumo público é a
ausência de gérmens prejudiciais ao organismo humano.
Porém, raramente encontramos águas isentas de bactérias. Muitas vezes nos deparamos com
água de elevada pureza físico-química, podendo contudo conter microrganismos nocivos à saúde
humana.
As quantidades e a natureza dos constituintes presentes na água variam, principalmente, em função
da natureza do solo, das condições climáticas e do grau de poluição, esse último decorrente dos
despejos municipais e industriais.
As águas disponíveis na natureza em forma de lagos, rios, fontes e depósitos subterrâneos nunca
são quimicamente puras, pois contêm sais dissolvidos, materiais suspensos, microrganismos, cargas de
dióxido de enxofre (SO2) e amônia (NH3), provenientes de substâncias orgânicas. Eventualmente
contêm, ainda, infiltrações de substâncias oriundas dos produtos de adubação, além de sais de metais
pesados, hidrocarbonetos, halogenados etc.
Durante o ciclo hidrológico natural, a água de condensação (chuva ou neve) tende a absorver do ar
oxigênio e dióxido de carbono, tornando-se agressiva.
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Por seu conteúdo em CO2, essas águas de precipitação, ao atravessarem as diferentes camadas
geológicas, dissolvem certos componentes, transformando-os em sais solúveis. Em conformidade com
as condições geológicas encontradas em diferentes regiões, obtêm-se águas naturais de composições
diversas e, por vezes, típicas.
Composição básica do ar
Nitrogênio – 78,08%
Oxigênio – 20,05%
Gases nobres – 0,94%
Gás carbônico – 0,03%
As águas naturais para o abastecimento público, potável ou industrial dividem-se em três categorias.
• Atmosférica.
• De superfície.
• Subterrânea.
Impurezas
Além dos componentes citados, as águas naturais contêm certas substâncias dispersas consideradas
como "impurezas":
• Substâncias dispersas de natureza orgânica ou inorgânica, como materiais sólidos em suspensão:
areia, argila, lodo, gravetos etc.
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Íons
Os sais que compõem a água natural estão fortemente diluídos e, portanto, quase totalmente
dissociados, ou seja, ionizados.
Os íons mais importantes nas águas naturais são os seguintes:
Cátions Ânions
H+ OH-
Ca ++ HCO3-
Mg++ CO3--
Na+ SO4--
K+ CI
++
Fe SiO3--
Fe+++ NO3–
Mn++ PO4---
NH4+ NO2–
Zn++
Cu++
Al +++
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Dureza total
A dureza total de uma água é a soma dos sais solúveis de cálcio e magnésio, e se subdivide em
dureza permanente e dureza temporária, conforme veremos a seguir.
Dureza temporária
A denominação de dureza temporária provém do fato que, durante a fervura da água, uma parte
dos bicarbonatos de cálcio e magnésio solúveis se convertem em carbonatos insolúveis (com eliminação
de CO2), tornando a água relativamente mais branda.
Observação
A dureza de carbonatos é também conhecida como "alcalinidade total"
(alcalinidade de carbonatos somada à alcalinidade de bicarbonatos).
54 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Dureza permanente
Constituída pelas combinações do cálcio e magnésio com os ácidos sulfúrico, clorídrico e nítrico
(eventualmente silícico), formando basicamente os sais solúveis de sulfatos de cálcio e magnésio e
cloretos de cálcio e magnésio.
Pela natureza destes sais, a dureza de não-carbonatos é também chamada de permanente, por não
se alterar sob condições de fervura.
As águas naturais de regiões diversas se diferenciam comumente tanto em relação à sua dureza
total, quanto em relação à dureza de carbonatos e a de não-carbonatos.
Alcalinidade da água
Alcalinidade é a propriedade que a água ou solução possui quando contém substâncias de caráter
alcalino, como hidróxidos [Ca (OH)2, Mg (OH)2, NaOH e KOH], carbonatos [Na2CO3 = soda, K2CO3
(potássio), CaCO3 e MgCO3] e bicarbonatos [NaHCO3, Ca (HCO3)2 e Mg (HCO3)2].
Os bicarbonatos possuem, ainda, a capacidade de existir abaixo do ponto neutro da escala de pH.
Com o aumento da temperatura, transformam-se em sais alcalinos fortes com eliminação de CO2.
Geralmente, a alcalinidade de uma água é devida ao seu conteúdo em íons bicarbonatos. Como
estão quase sempre combinados com os íons cálcio e magnésio, a referida "alcalinidade total" passa a
ser um parâmetro para a dureza de carbonatos de uma água.
Importante!
• Alcalinidade total = dureza de carbonatos.
• A alcalinidade em CaCO3 é permitida nas águas potáveis de fontes em até
120ppm.
• O pH da água abrandada com cal situa-se entre 8,5 e 9,5.
SENAI-RJ 55
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CO2 total
CO2 livre CO2 combinado
(em estado gasoso) (CO2 de bicarbonato HCO3-)
CO2 livre agressivo CO2 equilibrante CO2 semicombinado CO2 combinado
(CO2 de HCO3-) (CO2 de CO3- -)
Se o conteúdo da água em CO2 livre for superior à concentração de equilíbrio, seu excesso sobre
este valor constitui o CO2 agressivo.
As águas que contêm CO2 agressivo em excesso atacam a cal, dissolvendo os carbonatos em
bicarbonatos, mantendo-os em solução.
Ao contrário, as águas que contêm uma quantidade de CO2 livre inferior à concentração teórica de
CO2 equilibrante precipitam CaCO3. São, então, denominadas incrustantes.
A água que contém CO2 agressivo em excesso é passada sobre pedras de mármore, para se obter
o equilíbrio cal-carbônico.
Água cervejeira
A água, considerando-se a quantidade empregada, representa a matéria-prima de maior importância
qualitativa na elaboração de cervejas.
56 SENAI-RJ
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Importante!
A água cervejeira deve seguir o padrão de potabilidade da água destinada ao
consumo humano, atendendo às exigências físicas, químicas, organolépticas e
bacteriológicas.
Água de serviço
Entende-se por água de serviço a utilizada em locais e equipamentos em que não ocorre contato
com o produto.
Tratamento de água
Dependendo da natureza da fonte de abastecimento, a água deve ser submetida a:
• Tratamento completo: em caso de água captada de rios e lagos.
• Tratamento parcial: quando a água for captada em poços profundos, fontes naturais, ou fornecida
pelo município.
SENAI-RJ 57
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O grau de tratamento a ser efetuado na própria cervejaria depende de cada caso, podendo-se
utilizar todas ou apenas algumas etapas de um tratamento, ou mesmo tratamentos especiais (químicos-
biológicos).
Fases do tratamento
Remoção das substâncias em suspensão
Engloba a separação sólido-líquido, que pode ser efetuada segundo princípios diferentes:
• Simples decantação.
• Filtração ou tamização (peneiramento).
Eliminação de microrganismos
Observação
O tratamento de água bruta natural é definido de acordo com sua aplicação,
ou seu uso, isto é, água potável, de serviço, de limpeza e para geração de
vapor etc.
58 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Aeração
É a operação que consiste em colocar o ar e a água em contato íntimo e efetuar a pressão atmosférica.
Essa etapa objetiva eliminar gases em excesso, como CO2 e H2S (sabor e odor desagradáveis),
introduzir oxigênio para incrementar a oxidação de íons indesejáveis e reduzir efeitos de corrosão.
Pré-cloração
O cloro, devido à sua grande eficácia (alto poder bactericida), aliado a dosagens relativamente
pequenas, e à sua facilidade de emprego, é o produto mais utilizado para a eliminação da carga
orgânica da água.
Clarificação
Pode ser de três tipos, especificados abaixo. Por adição de um coagulante, aplica-se a uma água
relativamente turva, com conteúdo de materiais em suspensão ou coloidais, e de matérias orgânicas.
Coagulação – Dosagem de um produto coagulante, que, na maioria dos casos, é o "sulfato de
alumínio". Ocorre um precipitado floculento volumoso, muito absorvente, constituído geralmente por
um hidróxido metálico. Como se produz uma acidificação pela influência do coagulante de caráter
ácido, torna-se necessária uma neutralização simultânea, com a adição de cal Ca(OH)2, que favorece
a coagulação.
Floculação – Após a coagulação, a água passa pelas denominadas "câmaras de mistura" (com
duração de 15 a 20 minutos globais), nas quais os componentes indesejáveis são capturados pelos
flóculos e precipitados no fundo do reator.
Decantação – É o processo pelo qual se verifica a deposição de matérias em suspensão pela ação
da gravidade.
Filtração
Tem por objetivo reter as partículas em suspensão na água, tanto as procedentes da água bruta
como as que se originam do tratamento químico de coagulação / floculação / decantação, tornando-a
límpida.
Cloração (pós-cloração)
Esterilização da água. A maior parte das águas, mesmo que seja totalmente clara ou tenha sido
submetida a um tratamento prévio, se encontra, geralmente, contaminada com microrganismos.
SENAI-RJ 59
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Decloração
Algumas cervejas tornaram-se famosas no passado pela sua qualidade, que era atribuída à água de
Pilsen, a qual deu origem ao tipo de cerveja que leva o seu nome.
Na realidade, a composição química apropriada depende do tipo de cerveja que se deseja produzir.
Assim, a água pobre em sais é ideal para cervejas do tipo Pilsen, mas não é adequada para outros
tipos.
O tratamento e a correção da água nas cervejarias levam em conta estes fatores.
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Dureza total
Engloba todos os íons de Ca e Mg
O valor do pH possui uma significativa influência sobre muitas etapas do processamento das cervejas.
Assim, por exemplo, haverá uma atuação otimizada das enzimas em relação a um determinado valor
de pH. Também dependem de um valor de pH ótimo a dissociação ou solubilização dos componentes
de amargor dos lúpulos, assim como a solubilização protéica, a coagulação e a formação do trub.
SENAI-RJ 61
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
A adição de "gesso cervejeiro" também diminui a ação dos carbonatos e deve ser bem dosada (15
a 20g de CaSO4 ou CaCI2/hl), pois uma adição excessiva prejudica o paladar da cerveja, reduzindo
ainda a quantidade de fosfatos, com prejuízo das condições tamponantes.
 NION CI SO -4 - HCO 3-
No próximo quadro, você vai conhecer como alguns íons da água influem no processo de produção
das cervejas.
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SENAI-RJ 63
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Importante!
Zn++, Cu++, Pb ++e Sn++ em altas concentrações são tóxicos para a levedura,
contribuindo para oxidações e turvações. O Zn++, em quantidades abaixo de
0,15 mg/l no mosto de apronte, contribui positivamente para a fermentação e
propagação da levedura.
64 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Exercícios
7. Leia com atenção as frases abaixo e preencha as lacunas de acordo com o que você acabou de
estudar.
a) O grau de dureza ou hidrométrico de uma água nos informa a quantidade de sais solúveis de
______________________ e _____________________ contidos em solução.
SENAI-RJ 65
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8. Leia, com atenção, as opções a seguir e assinale com um (X) as que apresentam vantagens no
uso de adjuntos, por razões tecnológicas e de qualidade.
f) ( ) Facilidade de manuseio.
9. Complete os espaços em branco das afirmativas abaixo, utilizando as palavras dos quadros a
seguir.
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– ___________________ – ___________________
– Vértebra – ___________________
– ___________________ – ___________________
b) As três categorias das águas naturais para o abastecimento público, potável ou industrial, são:
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
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Limpeza e sanitização
Nesta seção...
Importância e conceituação
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Importância e conceituação
Com o novo Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078, de 11/9/1990, e Lei nº 8.137, de
27/9/1990), as penalidades previstas para os responsáveis técnicos, diretores e proprietários das empresas
produtoras são pesadas e rígidas.
Esse trabalho em uma cervejaria, além de importante, demanda tempo de execução, custo elevado
e mão-de-obra especializada.
A qualidade de uma cerveja é medida pelas suas características degustativas, imediatamente após
a sua produção e também ao longo do tempo. Portanto, limpeza e sanitização são fundamentais para:
• Garantir a regularidade da qualidade do produto em elaboração.
• Garantir a segurança/satisfação total do consumidor.
• Aumentar o tempo de vida útil do produto (tempo de prateleira).
SENAI-RJ 71
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Limpeza
Entende-se por limpeza a eliminação dos restos de todos os tipos de sujidades em recipientes,
equipamentos e tubulações. Essa remoção pode ser feita a mão ou por ação mecânica, como, por
exemplo, através de esguichos fortes de água (spray-balls), circulação de líquidos etc. Um objeto
pode ser considerado limpo quando todas as partículas visíveis já tiverem sido eliminadas.
Sanitização
O cervejeiro entende por sanitização a eliminação completa de microrganismos indesejáveis nos
equipamentos ou das condições necessárias para sua multiplicação.
Os equipamentos que têm contato com o mosto, cerveja, levedura e água cervejeira devem ser
preparados de tal forma que não possam contaminar os produtos intermediários ou finais do processo.
Isto significa, na maioria das vezes, que todos os microrganismos devem ser destruídos com o uso de
calor ou de agentes químicos.
Conheça, a seguir, as fases de limpeza e sanitização de uma superfície.
Sujo e contaminado
Limpo e sanitizado
Microrganismos
Sujidades
Observação
Devido às exigências de custo e eficácia da sanitização, as indústrias químicas
já produzem produtos compostos, ou seja, que executam ambas as etapas –
limpeza e sanitização – ao mesmo tempo.
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Características
Para serem plenamente satisfatórios, os produtos de limpeza e sanitização devem, obrigatoriamente,
encerrar as características descritas abaixo.
• Atuar rapidamente.
• Ter baixa tensão superficial.
• Ser de remoção fácil e completa, ou seja, não devem deixar resíduos após sua utilização.
• Partículas de sujidades não devem decantar, mas sim ficarem emulsificadas na solução de limpeza.
• Não devem formar espuma.
• Ser, de preferência, de uso a frio.
• Não serem tóxicos ao ser humano.
• Não devem exercer nenhuma influência nas cervejas; traços destes produtos eventualmente
aderidos às paredes não devem interferir no gosto, brilho, cor, espuma ou outras características da
cerveja.
• Ter baixo custo.
• A concentração de uso deve ser a mais baixa possível.
Valores indicativos
Produto de limpeza
Concentrações entre 0,5% e 3% (soluções alcalinas podem ser eventualmente mais elevadas).
Produtos de sanitização
Concentrações entre 0,1% e 1,0%; dependendo do produto, podem-se usar concentrações mais
elevadas.
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Produtos alcalinos
Apropriados para a remoção de impurezas de origem orgânica, são confeccionados à base de:
• Hidróxidos de sódio ou potássio: NaOH ou KOH.
• Carbonatos de sódio ou potássio: Na2CO3 ou K2CO3 .
• Silicatos de sódio ou potássio, com proporções diferenciadas de óxido silícico e base alcalina
(SiO2:Na2O = 0,7 : 3,3).
• Neste grupo, a soda cáustica (NaOH) tem relevante importância, pois seu custo é baixo, sua ação
de limpeza é favorável e dissolve muito bem as sujidades "orgânicas" (proteínas, substâncias
graxas e restos de carboidratos).
Importante!
A soda cáustica tem, também, algumas desvantagens:
– Seu enxágüe difícil.
– Ela ataca o alumínio.
– Espuma facilmente.
Por isso, usam-se freqüentemente aditivos, para diminuir suas
propriedades negativas.
É muito importante destacar que, na preparação de soluções de soda
cáustica (NaOH), usando o produto em escamas, deve-se sempre
adicionar o produto à água, e não o contrário, ou seja, adicionar
água à soda.
Produtos ácidos
Eles são utilizados nas limpeza usuais, principalmente na remoção de pedra cervejeira Bierstein
(sais inorgânicos que ficam incrustados nas paredes dos equipamentos).
Produtos tensoativos
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Estes produtos atuam mediante a "encapsulação" das sujidades. Assim, as partículas não aderem
novamente à superfície, pois esse invólucro possui ação repelente e, por isso, é facilmente enxaguável.
Produtos de sanitização
CH 3 C – Fácil emprego.
O OH – Sensível a sujidades.
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Observe, na figura a seguir, os fatores que influenciam a limpeza e sanitização dos equipamentos
Sujidades
Temperatura
Tempo
Pressão
pH
Produtos de sanitização
Métodos convencionais
Em pequenas cervejarias, a limpeza é efetuada, principalmente, através de um sistema mecânico
(escovões, água, escovetes).
As partículas maiores, como sobras de cerveja, resinas, leveduras etc., podem ser removidas
satisfatoriamente.
Pela ação mecânica, consegue-se separar a maior parte dos resíduos e microrganismos das paredes
do maquinário, com fácil rinsagem.
A maior desvantagem desse tipo de limpeza é o perigo da chamada recontaminação, por exemplo,
através de botas mal-lavadas.
Limpeza CIP
A expressão CIP deriva do termo inglês Cleaning in Place, que significa “limpeza no lugar”.
Nesse sistema, as soluções de detergente, desinfetante e água de enxágüe são circuladas, através de
tubulações, até os equipamentos de produção.
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Observação
Como se pode notar, estes equipamentos podem ser utilizados em praticamente
toda a fábrica; logo, devem ser preparados para todo tipo de sujidade que
ocorrer na cervejaria.
Principais vantagens
• Eficácia da limpeza, uma vez definidos exatamente os parâmetros que se buscam.
• Reprodutibilidade da limpeza, pois é possível sistematizar o procedimento e mesmo automatizá-lo,
para evitar erro humano.
• Preservação do meio ambiente, pela racionalização do uso de produtos químicos da carga e do
volume dos efluentes.
• Redução do custo da limpeza, pela diminuição dos gastos com produto químico, redução do consumo
da água e maior produtividade.
Instalação CIP
Em uma instalação CIP, destacam-se os principais componentes:
• Tanque de água fresca microbiologicamente perfeita.
• Tanque de solução de soda cáustica fria e detergente alcalino.
• Tanque de solução de soda cáustica quente e detergente alcalino.
• Tanque de detergente ácido inorgânico.
• Tanque de desinfetante.
• Tanque auxiliar.
• Bombas de envio e de retorno dos produtos de limpeza.
78 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
• Painel de programação.
• Spray balls (esguichos), que devem equipar os recipientes (tanques) a serem limpos.
• Tubulações que interligam o sistema CIP com os recipientes a serem limpos.
• Trocador de calor, com aquecimento a vapor para solução soda e água.
As concentrações dos produtos utilizados nos tanques encontram-se nas seguintes faixas:
• Soda cáustica – 0,5% a 3% em peso.
• Ácido inorgânico – 0,5% a 2% em peso.
• Desinfetante – 0,1% a 1% em peso.
As temperaturas são as do ambiente, com exceção da soda cáustica quente, que deve ser mantida
a, pelo menos, 85ºC no retorno.
Importante!
Para que a limpeza e sanitização sejam eficientes, é imprescindível a manutenção
das concentrações e das temperaturas das soluções, dentro das faixas de trabalho
preestabelecidas.
SENAI-RJ 79
Malteação
Nesta seção...
Armazenamento de cevada
Processo de malteação
5
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Armazenamento de cevada
A cevada recém-colhida não pode ser malteada imediatamente, pois não possui energia germinativa.
Ela passa por um período de latência antes da malteação, no qual ocorre um pós-amadurecimento no
interior do grão. A dormência da cevada pode levar de quatro a seis semanas, dependendo das condições
climáticas antes da colheita, do cultivo da cevada e das condições de armazenamento até o seu efetivo
malteio.
Quando o malteador armazena a cevada, ele visa a atingir dois objetivos fundamentais:
• A cevada deve quebrar a dormência e estar apta para o malteio.
• Após a quebra da dormência, o embrião não pode sofrer nenhum dano até o malteio.
Observação
A cevada deve ser aerada durante o armazenamento, para suprir o embrião
com oxigênio e, simultaneamente, eliminar o CO2.
• Consumo de nutrientes:
Quanto maior o teor de umidade da cevada, maior será o consumo de nutrientes durante o
armazenamento. Por esta razão, a cevada deve ser secada antes da armazenagem.
Como valor-limite para umidade, temos 13% (no Brasil).
Quanto mais alta a temperatura de armazenagem, mais alto será o consumo de nutrientes. Se a
umidade for grande, as perdas com temperaturas mais elevadas serão ainda maiores.
• Nas cascas dos grãos de cevada, encontram-se microrganismos (fungos). Em grãos danificados
ou meios-grãos, o desenvolvimento dos microrganismos é mais intenso.
Antes de armazenar a cevada, ela deve ser pré-limpa e, se possível, classificada.
SENAI-RJ 83
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Processo de malteação
A maltagem, realizada nas chamadas maltarias, consiste na germinação controlada dos grãos de
cevada. Durante esse processo, originam-se as enzimas, e, por outro lado, as reservas do grão (amido)
são modificadas, de maneira que possam ser hidrolisadas na sala de brassagem.
A cerveja, tal qual existe em nossos dias, não pode ser produzida sem cevada malteada. Todos os
ensaios de reconstituição artificial do mosto a partir de ingredientes diversos, seguidos de fermentação,
conduziram a bebidas bem diferentes da cerveja normal.
A cevada não pode ser utilizada diretamente para a produção de cerveja, por duas razões básicas:
• Os componentes do endosperma do grão não são solúveis.
• Faltam enzimas importantes para o processo.
Portanto, o uso de cevada pode ser feito como adjunto de fabricação.
84 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Maceração
Durante a maceração, a cevada deve absorver água, ser abastecida de oxigênio e eliminar o
dióxido de carbono.
SENAI-RJ 85
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Processos de germinação
Durante a germinação, três processos são muito importantes: formação e ativação de enzimas,
alterações no metabolismo do grão e desenvolvimento da radícula e acrospira.
Estes processos devem ser limitados, pois quanto menos amido, menores serão o extrato do malte
e o rendimento nas cervejarias.
86 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
As radículas devem ser de 1 1/2 a 2 1/2 mais compridas que o grão, brancas e uniformes. Radículas
muito compridas significam perda da substância.
Condução da germinação
A formação e ativação das enzimas, o metabolismo e o consumo de nutrientes, o desenvolvimento
do folículo e das radículas são controlados, na prática, pelos seguintes fatores: temperatura da
massa de grãos; umidade da massa de grãos; composição do ar e tempo de germinação
Sabe-se que o embrião supre suas necessidades de energia através da respiração, transformando
uma parte do amido em CO2 e H2O. O calor então liberado eleva a temperatura dos grãos na germinação.
Nos últimos anos, vem-se utilizando cada vez mais a germinação a temperaturas decrescentes. A
cevada, por exemplo, permanece durante as 24 a 48 horas iniciais da germinação a uma temperatura
de 17ºC a 18ºC, decrescendo, lentamente, para de 13ºC a 10ºC.
O início da germinação é mais uniforme com um grau de maceração de 38% a 40%. Deve-se
alcançar, então, a elevação da umidade nas caixas de germinação para 45% a 48%, revolvendo-as.
Composição do ar
A duração da germinação depende da tecnologia usada; normalmente, varia de quatro a seis dias.
SENAI-RJ 87
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Objetivos
Etapas
88 SENAI-RJ
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Alterações
Por isso, maltes claros são enzimaticamente mais fortes do que maltes escuros.
Assim como nos maltes escuros, trabalha-se com formação intensa de corantes. A desumidificação
é mais lenta, as enzimas atuam durante mais tempo e, em conseqüência, formam-se mais aminoácidos
e açúcares simples, nas fases finais do processo.
Importante!
Temperatura de torrefação a cerca de 105ºC formam-se mais corantes =
melanoidinas que são não somente corantes, mas também aromatizantes e
substâncias que influenciam o paladar.
As diferenças fundamentais que existem na torrefação do malte claro e do malte escuro são
apresentadas no quadro a seguir.
SENAI-RJ 89
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90 SENAI-RJ
Moagem
Nesta seção...
Fundamentos
6
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Fundamentos
As cascas e o corpo farinhoso do malte devem, necessariamente, passar pelo processo de moagem,
em função dos motivos que vamos analisar a seguir.
Cascas
As cascas deverão ser separadas do corpo farinhoso (endosperma).
Exigência
Justificativa
• As cascas servirão como camada filtrante natural na tina de clarificação, durante o processamento
de obtenção de mosto.
• Quanto menor o tamanho das cascas, maior será a fragmentação e, conseqüentemente, maiores
serão o tempo de contato das mesmas com a água durante a mosturação e clarificação, bem
como a extração de substâncias impróprias ao paladar e de ação corante.
Resultante
• Cores mais escuras.
adstringente
• Paladar impróprio ou desagradável. Apertado, escasso;
substância que provoca
• Amargor áspero ou adstringente. constrição.
SENAI-RJ 93
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Corpo farinhoso
Torna-se necessária uma fina moagem do corpo farinhoso (endosperma).
Exigência
É preciso obter grandes proporções em sêmola-fina, farinha e pouca quantidade de sêmolas grossas.
Justificativa
• Granulações mais finas do endosperma são rapidamente dissolvidas pela água, durante o processo
da mosturação.
• Conseqüentemente, as enzimas são mais rapidamente enzimas
ativadas, decompondo mais facilmente substâncias como Proteínas com
propriedades catalíticas
amido, proteína etc. específicas.
Resultante
• Há formação de maior quantidade de extrato.
• Aumenta o rendimento da brassagem.
Análise sensorial
Numa análise sensorial, avaliam-se principalmente os seguintes itens:
• Aspecto das cascas e grau de dispersão do conteúdo do grão.
• Quantidade e características das sêmolas finas e grossas.
• A porção em farinha.
94 SENAI-RJ
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% do índice-padrão
para operação
Peneira Discrimininação % usual da moagem
dos componentes com a tina
de clarificação
1 Cascas 18 a 30 18 a 23
2 Sêmola grossa 5 a 10 máx. 30
3 Sêmola fina I 28 a 42
4 Sêmola fina II 12 a 18
5 Farinha 4a8
Fundo Pó de farinha 8 a 15 máx. 12
Para a otimização da moagem, devemos conhecer qual o sistema de clarificação que se encontra
disponível.
Cascas 18 a 23 8 a 12
Sêmola grossa abaixo de 10 até 6
Sêmola fina I
Sêmola fina II
Farinha abaixo de 12 até 18
SENAI-RJ 95
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Importante!
Na utilização de uma tina de clarificação, as cascas deverão proporcionar uma
camada filtrante natural, devendo ser mantidas inteiras durante a moagem. Assim,
evita-se uma moagem fina dos grãos.
Para o caso do uso de um filtro-prensa, no qual os panos assumem a ação
filtrante, a porção de cascas pode ser menor e a porção de farinha maior.
É importante destacar, ainda, que o procedimento mecânico da moagem possui uma influência
marcante sobre quatro fatores:
• Processamento da mosturação e atuação das enzimas.
• Processamento da clarificação e extração de mosto da camada de bagaço de malte.
• Rendimento em extrato da sala de brassagem.
• Qualidade da cerveja elaborada, isto é, cor e paladar.
96 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Observação
Para modernos moinhos de seis cilindros:
• Até 80kg/cm/h (moagem tina de clarificação).
• Até 65kg/cm/h (moagem filtro-prensa de placas).
Importante!
Nesse tipo de moinho, persiste a preocupação de manter as cascas
preferencialmente em perfeitas condições, desejando-se também uma boa
trituração fina do corpo farinhoso. Um bom rendimento somente será possível
com um malte de boa solubilização.
Composição da moagem
• 28% a 30% de cascas.
• 50% de sêmolas.
• 20% de farinha e pó de farinha.
SENAI-RJ 97
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Buhler/Miag
Capacidade
Visão do conjunto
P ar de c ilindros
cilindros Produtos intermediários Produto final
Par de cilindros de Malte pré-triturado para o Farinha 1
pré-ruptura segundo par de cilindros e
sêmolas grossas para o
terceiro par de cilindros
Par de cilindros de Sêmolas grossas para o Cascas desagregadas
fragmentação das cascas terceiro par de cilindros ou insentas e
farinha 2
Par de cilindros para Sêmolas médias e finas
trituração das sêmolas
98 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
SENAI-RJ 99
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Moagem úmida
O princípio da moagem úmida reside no fato de o malte ser macerado numa tremonha afunilada,
que aumenta a umidade dos grãos, conforme o sistema adotado, para cerca de 20% a 30%.
Para isso, são necessários 30 minutos de maceração com água fria e 10 minutos de maceração
com água quente, a 50ºC.
Quanto ao moinho integrante do sistema, trata-se de um modelo de dois ou quatro cilindros, instalado
sobre a tina de mostura, ou ao seu lado.
O malte não é moído como usualmente ocorre em um moinho de moagem a seco, e sim esmagado.
Cilindros de esmagamento especiais estriados pressionam o conteúdo dos grãos (corpo farinhoso)
para fora das cascas, sem danificá-las. Isso quer dizer que, no processamento da moagem úmida, as
cascas permanecem conservadas integralmente.
Em conseqüência, ocorre a formação, na tina de clarificação, de uma camada de bagaço de malte
maior e mais fofa, o que induz à obtenção mais rápida do mosto, durante a etapa de clarificação.
Em relação ao corpo farinhoso, podem surgir resultados positivos e negativos, como os descritos
abaixo:
Vantagens
Como o corpo farinhoso é umidificado, também as enzimas podem ser ativadas mais cedo,
conduzindo a processos de degradação mais intensos, durante a mosturação.
Desvantagens
Ficando o corpo farinhoso por demais úmido e, conseqüentemente, mais mole, não poderá ser
reduzido a partículas menores e, com isto, muitas porções não serão descompostas durante a
mosturação.
Conseqüências
Perdas do rendimento e de valores de iodo mais altas.
Condicionamento de malte
Pelo sistema de condicionamento, o malte posicionado no chamado "transportador de
condicionamento" é umedecido com água a 30ºC ou com vapor a baixa pressão (± 0,5atm), de modo
que a absorção de água na casca seja de ± 0,8% a 2,0%. A casca fica naturalmente elástica e permite
a separação do corpo farinhoso na forma mais cuidada. Através desse sistema, pode-se estreitar o
distanciamento do par de cilindros e obter, ao mesmo tempo, um aumento de volume em cascas para
até 40%.
100 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
SENAI-RJ 101
Salas de brassagem
Nesta seção...
Mosturação
Clarificação
Fervura do mosto
7
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Mosturação
Vamos analisar, a seguir, os diversos aspectos que reforçam a importância desse processo na
cervejaria.
Particularidades
Atribuições do processo de mosturação
• Formar uma solução, através da dissolução da maior parte das hemiceluloses, gomas e uma parte
das proteínas solubilizadas durante o processo de malteação.
• Processar as substâncias de alto peso molecular ainda insolúveis, como, por exemplo, o amido,
uma parte das proteínas e uma pequena parcela de hemicelulose, por decomposição pelas enzimas,
transformando-as na forma solúvel em água e, conseqüentemente, dissolvendo-as. Esta solução
chama-se mosto.
Objetivos da mosturação
• Composição otimizada do mosto (da maneira previamente planejada).
• Alto rendimento da sala de brassagem.
• Menores custos em energia e pessoal.
SENAI-RJ 105
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Importante!
A composição do mosto é um fator prioritário, pois influenciará decisivamente
todas as etapas operacionais de produção subseqüentes e, por conseguinte, a
qualidade da cerveja.
Reações
Durante o processo de mosturação, ocorrem reações com as seguintes substâncias:
• Amido.
• Proteína.
• Hemicelulose e substâncias gomosas.
• Fosfatos.
• Polifenóis.
Teoria da mosturação
Amido
O amido é um carboidrato de fórmula geral (C6 H10 O5)n, constituído de moléculas de glicose,
C6 H 10 O 6.
106 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Não é uma substância homogênea, e sim constituída de duas substâncias: amilose e amilopectina,
que se diferenciam na maneira pela qual as moléculas de glicose se unem umas às outras, conforme
veremos a seguir.
Amilose
A amilose possui uma estrutura com cerca de 60 a 2 mil moléculas de glicose, com ligações ou
combinações nas posições 1 e 4, formando cadeias sem ramificações.
Amilopectina
A amilopectina é caracterizada por uma estrutura em cadeia ramificada (arbustiforme), com cerca
de 6 mil a 37 mil moléculas de glicose.
As ramificações resultam do fato de que as moléculas de glicose não possuem somente ligações 1
e 4, mas também ligações 1 e 6.
Desdobramento do amido
Após a execução da mistura da moagem com a água – portanto, após iniciada a mostura –,
desenvolvem-se três fases:
1. Entumescimento ou inchação
No interior dos grãos de amido armazena-se água. Nestas condições, os mesmos ficam maiores,
o que conduz a um rompimento na substância do envoltório.
2. Gelatina ou gomagem
Os fragmentos de amido transformam-se numa massa leitosa e pastosa (viscosa), chamada
"goma".
3. Açucaração ou sacarificação (liquefação)
Nesta fase, processa-se a açucaração do amido gelatinizado pela ação das amilases (ação
enzimática).
SENAI-RJ 107
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
As enzimas que desdobram o amido durante a mosturação chamam-se amilases, ou também enzimas
amilolíticas. Diferenciamos três enzimas de decomposição do amido:
Amilases
A alfaamilase é uma endoenzima que atua no interior da molécula, com propriedades de romper a
amilose, numa ligação 1-4, e produzir rapidamente dextrinas.
108 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
A dextrinase pode decompor as ligações 1-6. Assim sendo, ela é capaz de atacar a amilopectina
nas junções das ramificações e formar pequenos fragmentos, como maltose, maltotriose etc., se
anteriormente as alfaamilases já tiverem atuado nas proximidades.
É importante que a dextrinase possua uma temperatura de atuação relativamente baixa e seja
rapidamente desativada em temperaturas acima de 60ºC.
De modo análogo, é também a atuação da dextrinase que prepara, igualmente, terminais livres a
baixas temperatura para possibilitar a atuação das betaamilases.
Enquanto em uma atuação solitária por parte da alfaamilase seriam necessárias semanas para se
efetivar a decomposição do amido, pela atuação combinada (joint-action) das alfa e betaamilases e
dextrinases, a ação amilolítica (decomposição do amido) atinge, durante a mosturação, um grau de
75% a 80%, num tempo relativamente curto.
Atuação pelas Dextrinas superiores Reação ao iodo
alfaamilases e
dextrinases
limítrofes
Dextrinas inferiores = menores
que 9 moléculas de glicose Reação iodo-normal
Trisacarídeo, maltose e glicose (nenhuma coloração)
Atuação prioritária
pelas betaamilases Trisacarídeo, maltose e glicose Iodo-normal
SENAI-RJ 109
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Por grau de fermentação final entende-se "a porcentagem do extrato que pode
ser fermentado pela levedura cervejeira sob condições otimizadas".
É de conhecimento geral que a levedura para cerveja pode facilmente fermentar a maltose e
dificilmente as dextrinas de baixo peso molecular. Portanto, se um mosto lupulado pronto contém
bastante maltose e poucas dextrinas superiores, o grau de fermentação final é alto.
Em outras palavras, quando for muito alto o grau de fermentação final, podemos depreender que
houve formação de muita maltose durante o processo de mosturação.
Durante o processo de mosturação, todas as enzimas são muito sensíveis a variações de temperatura.
Por isso, é preciso que a condução e o controle das temperaturas sejam efetuados com bastante
precisão e de forma cuidadosa, o que só é possível quando são conhecidas as respectivas temperaturas
ótimas.
Importante!
A faixa de temperatura de 70-75ºC é caracterizada como sendo a "temperatura
de açucaração", e o "repouso nesta mesma faixa é denominado "repouso de
açucaração". Tal afirmação, entretanto, induz a erros, pois a maior formação
de açúcares (produção de maltose) se processa num repouso a 62ºC (repouso
da maltose). Um repouso é mantido a 72ºC, para que as alfaamilases possam
decompor as dextrinas superiores em dextrinas inferiores, com conseqüente
normalidade do iodo na mosturação.
Durante o "repouso de açucaração" a cerca de 72ºC (máximo de 75ºC), a
mostura deverá efetivar a normalidade ao iodo. A duração é de cerca de 20 a
25 minutos.
110 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Influência do pH da mostura
A concentração da mostura fica definida pela quantidade de água = água primária/base adicionada
por ocasião do preparo da maceração/empastagem do malte moído = dosagem de malte, isto é:
{
Água + moagem
= = MOSTURA
Proteína
Como já foi explicado anteriormente, uma parte das proteínas da cevada foi previamente decomposta
pelas enzimas proteolíticas durante o processo de malteação, resultando produtos de degradação das
proteínas com alto, médio e baixo peso molecular.
SENAI-RJ 111
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
As proteínas têm influência nas características das cervejas e na sua vida útil de comercialização,
conforme demonstra o quadro a seguir:
Essas enzimas agridem as longas cadeias de aminoácidos, na sua parte central, e produzem,
principalmente, produtos de decomposição de alto e médio peso molecular.
• Exopeptidases
Elas agridem as longas cadeias de aminoácidos, a partir de seus extremos, e seccionam aminoácidos
avulsos, ou seja, produzem produtos de decomposição das proteínas com baixo peso molecular.
112 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Influência da temperatura
Assim como o grau de fermentação final no mosto é um parâmetro em relação à atuação das
amilases, é o alfaamino-nitrogênio o parâmetro para a atuação das proteases na decomposição
das proteínas.
Influência do valor do pH
Enzimas pH ótimo
Endopeptidases 5,0
Exopeptidases 5,2 – 8,2
Com base nas informações apresentadas nos quadros, podemos concluir que a influência do pH da
mostura sobre as proteases é marcante. Quanto mais o pH se aproxima do valor 5,20, mais aumentam
as quantidades de todas as frações nitrogenadas.
SENAI-RJ 113
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Hemicelulose
A hemicelulose é a substância de sustentação e de estrutura das membranas das células de amido;
portanto, é responsável pela dureza, ou seja, pela resistência do endosperma na cevada.
Ao lado da ativação e formação de enzimas, cabe ainda ao processo da malteação a tarefa importante
da decomposição do envoltório das células e/ou sua perfuração, para que o amido fique friável (farinhoso,
tenro). Os produtos de decomposição chamam-se substâncias gomosas (glucanos), e possuem uma
característica negativa de mudar um líquido, como, por exemplo, o mosto, para um estado viscoso.
114 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Arroz 65 a 85ºC
Milho 62 a 75ºC
Cevada 70 a 80ºC
Observação
Ao macerado de adjunto deve ser sempre adicionado cerca de 5% a 10% (até
15%) de moagem de malte.
SENAI-RJ 115
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Clarificação
Funções e objetivos
A função primordial do processo de clarificação consiste na separação das substâncias tornadas
solúveis na operação de mosturação daquelas remanescentes insolúveis.
A referida separação subdivide-se em duas fases:
1ª fase – Obtenção do mosto primário.
2ª fase – Extração do extrato residual no bagaço de malte, com utilização de água secundária de
lavagem.
A tabela a seguir apresenta os objetivos a serem alcançados através do processo de clarificação,
bem como algumas razões que justificam sua importância na produção de cerveja.
Objetivos Justificativas
116 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Existem vantagens e desvantagens em cada um dos métodos. Há grupos cervejeiros que utilizam,
por exemplo, diferentes métodos em diferentes fábricas e, até mesmo, métodos diferentes em uma
única fábrica.
O quadro a seguir apresenta o número de brassagem em 24 horas, nos dois métodos citados.
Tina de clarificação
Esse equipamento é um cilindro vertical com grande diâmetro em relação à altura.
Modernamente, é constituído de aço inox, em vez de cobre.
Possui uma cúpula, tubo de exaustão, isolamento, e não apresenta sistema de aquecimento.
Instalado no fundo da tina, existe um sistema de coleta do mosto filtrado. Suspenso sobre o fundo,
existe um fundo falso (de drenagem), constituído de placas planas e com ranhuras, por onde o mosto
escoa.
A tina possui também uma "máquina de cortar e afofar" que, por rotação, efetua essas tarefas na
camada filtrante.
Refere-se a uma quantidade de dosagem que ocupa a superfície de 1m2 do fundo de drenagem.
Carga específica
do fundo de drenagem,
em kg/m2 160 a 190 190 a 220 280 a 330
SENAI-RJ 117
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Ponto-receptor
Significa uma abertura no fundo ranhurado de drenagem para cada tubo-coletor. O diâmetro de
cada um desses tubos é de 25 a 45mm.
Importante!
De grande importância para o processo da clarificação são as fendas do fundo
falso de drenagem da tina. As referidas aberturas possuem a forma de ranhuras
fresadas.
Em tinas mais antigas, há necessidade do levantamento dos segmentos, com enxágüe posterior.
Os tipos mais modernos de tinas de clarificação já incluem dois injetores de água/m2, instalados
abaixo do fundo falso de drenagem, os quais, por alta pressão e pouca água, eliminam as substâncias
pastosas e restos de bagaço, fazendo melhorarem, com isso, a lavagem e a limpeza do fundo. O líquido
resultante é dirigido para um tanque de água residual.
118 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Importante!
Os critérios de corte e afofar podem ser:
• Quantidade do fluxo.
• Diferença de pressão.
• Turbidez.
Além desses critérios, devem ser impostas outras prioridades.
Etapas de trabalho
Vamos analisar, a seguir, sob o ponto de vista tecnológico, as diversas etapas do processo de
clarificação com o uso da tina.
SENAI-RJ 119
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
São dois os motivos para injetar água quente, a cerca de 75 a 80ºC, por baixo da tina, através do
dispositivo de enxágüe instalado abaixo do fundo falso de drenagem:
• Eliminar a presença do bolsão de ar existente entre o fundo da tina e fundo falso de drenagem.
• Pré-aquecer a tina e evitar um resfriamento inicial da mostura.
A referida etapa deverá ser procedida rápida e cuidadosamente, por baixo da tina e através de
duas ou mais válvulas especiais de assento no fundo.
Exigências
• Isenção de absorção do oxigênio.
• Manter homogênea a mistura da mostura, sem camadas com misturas diferentes e separadas.
• Admissão de mostura com moderação.
120 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Com o aumento de altura, permanece mais mosto preso nas partículas do bagaço
e, em conseqüência, há maior teor em extrato a ser lavado pela quantidade de
água secundária.
A pré-circulação de mosto turvo serve não somente para eliminar a camada pastosa do fundo da
tina, como também para a formação de uma camada na parte inferior da massa da torta de bagaço,
que possuirá uma boa ação filtrante.
O mosto turvo retorna bombeado para a tina de clarificação e, como acontece nas tinas de clarificação
mais modernas, sua admissão por baixo do nível do mosto evita a indesejada absorção de oxigênio.
Observação
A duração dessa etapa dependerá exclusivamente da clarificação a ser obtida
do mosto.
Uma clarificação por demais rápida, com conseqüente ação de sucção do mosto em escoamento,
provoca uma compactação e a impermeabilidade do sistema de camadas da massa de bagaço. Portanto,
o mosto primário deverá escoar durante 50 ou 60 minutos.
Composição do mosto
Quanto maior for a concentração do mosto básico e sua viscosidade, mais lento será seu escoamento.
SENAI-RJ 121
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Engloba a soma de todas as resistências que se contrapõem durante a extração do mosto. No início
da operação de clarificação, a referida resistência é mínima, e se intensifica no decorrer do processo.
Ela é influenciada pelos seguintes fatores:
• Qualidade do malte e processo de mosturação.
• Composição da moagem de malte.
• Alta velocidade de escoamento ou extração.
• Altura da massa de bagaço.
• Compactação sobre o fundo de drenagem.
Após extração do mosto primário, a máquina de corte é colocada em operação numa altura de 5cm
acima do nível do fundo falso de drenagem (corte de fundo), e com a simultânea abertura da primeira
água de lavagem do bagaço.
Durante a clarificação das águas secundárias, deverão ser observados os seguintes pontos:
Perfil de corte efetuado pela máquina de afofar
Deve abranger todas as camadas da massa do bagaço, sem lacunas, e desmontar a resistência
do bagaço em três a quatro minutos.
Cortes muito freqüentes e fundos no bagaço, assim como o rompimento violento da torta de
bagaço por ações muito rápidas de levantar e abaixar a máquina, devem ser evitados, para
preservar a turvação e o teor em materiais sólidos no mosto.
Os critérios de corte e afofamento são, basicamente, os mesmos do mosto básico, ou seja:
• Diferencial de pressão.
• Volume de fluxo, podendo, ainda, ser incluída a duração (fator de turvação e quantidade de
água).
Divisão do total da água secundária a ser adicionada
Algumas fábricas trabalham com até seis parcelas de adição em água secundária, ou lavagem
do bagaço. Em tinas de clarificação mais modernas, é praticada a adição contínua de água
secundária de extrato.
122 SENAI-RJ
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Observe, no quadro a seguir, a compilação do tempo total de ocupação de uma tina de clarificação
para dez brassagens em 24 horas e a diferenciação com os tempos de uma tina para oito brassagens.
SENAI-RJ 123
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Águas secundárias
• Controles idênticos como os descritos para o mosto primário, com exceção do cálculo para
rendimento.
• Controle adicional: temperatura da água secundária de lavagem do bagaço.
Observação
Os extratos total e lavável são determinados por análises, e o extrato
decomponível é obtido calculando-se a diferença entre o extrato total e o lavável.
124 SENAI-RJ
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Ilhós ou "olho"
Na parte mais alta de uma moldura para mostura, existe um "olho", para direcionar a entrada da
mostura, que apresenta uma abertura de interligação em forma de fenda, entre o interior do canal e a
câmara.
Após empurrar as placas de encontro às molduras, formam-se os referidos "olhos", vedados entre
si por juntas de borracha, que são denominados de "canais de admissão da mostura".
Importante!
Quando, de cada lado de uma moldura, for pressionada uma placa, forma-se,
então, uma câmara de mostura.
É possível a construção de um filtro composto de até 60 câmaras.
SENAI-RJ 125
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Panos de filtro
Sobre as placas, cobrindo cada um de seus lados, aplicam-se os "panos de filtro", que assim vedam
também ambos os lados das câmaras de mostura, as quais medem de 6 a 7cm de espessura. Os panos
retêm todas as matérias sólidas e componentes de turvação, e operam uma boa ação de filtração.
Limpeza
Os panos de filtro em polipropileno duram, normalmente, um ciclo semanal de brassagens sem
necessidade de lavagem ou limpeza. Após o último fabrico semanal, é efetuada uma limpeza química
por circulação.
Em intervalos de algumas semanas, após uma das circulações por soda, os panos são removidos e
jateados (em recipientes adequados e pendurados), de ambos os lados, intensivamente, por equipamento
de alta pressão.
126 SENAI-RJ
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Requisitos para o processo de filtração otimizado com uso de filtro de mostura a placas
Fervura do mosto
Importante!
A fervura do mosto significa muito mais do que a simples elevação da temperatura
até a fervura. São fundamentais não apenas a temperatura, mas também o tempo
e a agitação.
É importante destacar, também, que o processo de fervura estabiliza o mosto em quatro aspectos:
• Biológico – A fervura esteriliza o mosto.
• Bioquímico – A fervura destrói as enzimas.
SENAI-RJ 127
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128 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Observação
Os flocos são, em sua maioria, formados por "proteínas coaguladas".
Os colóides protéicos possuem, basicamente, uma estrutura química ordenada, devido à sua carga
elétrica. Pelo calor, durante a etapa da fervura do mosto, os colóides passam da estrutura ordenada
para uma disposição desordenada. Pelo aquecimento, perdem sua água de hidratação e, com isso,
também perdem sua solubilidade. Devido à sua carga elétrica específica, permanecem em suspensão,
num estado estático, e em equilíbrio, porém instável.
No chamado "ponto isoelétrico", que normalmente se situa num valor de pH 5,2, as cargas
positivas e negativas das proteínas são neutralizadas, passando, então, para um estado de grande
instabilidade, e precipitam, em forma de aglomerados primeiramente finos e, depois, mais grosseiros.
O valor do pH de 5,2, mais favorável para a coagulação, não é alcançado na prática. Por isso, é de
capital importância atingir um valor de pH próximo ao ideal, preparando condições favoráveis para tal,
através do emprego de maltes de boa qualidade, água cervejeira tratada e, em circunstâncias especiais,
com acidificação do mosto.
Importante!
• A quebra ou coagulação protéica deve apresentar uma floculação grossa.
• Como dimensão para a intensidade de fervura e de precipitação protéica, serve
a determinação do teor residual do nitrogênio coagulável no mosto de apronte,
que deverá ser menor do que 2mg/100ml a 12%.
• A meta a alcançar deve ser de 1,5 a 2mg/100ml.
• A reação mais importante durante a fervura do mosto, em conotação com as
substâncias amargas do lúpulo, é a "isomerização dos alfa-ácidos" para os
"iso-alfa-ácidos", pois estes últimos delegam ao mosto e à cerveja o princípio
amargo de maior intensidade.
SENAI-RJ 129
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Apronte do mosto
Quando interrompida a fonte de aquecimento na caldeira e acalmada e nivelada sua superfície,
deverá o operador providenciar a execução dos quatro itens descritos abaixo:
Medição do volume com régua de madeira aferida (indicação em HI), mergulhando-a no mosto
quente, até seu batente apoiar-se numa marca predeterminada junto à portinhola da caldeira.
Prova do iodo
Observação
Um mosto de apronte deverá ter iodo absolutamente normal.
Utilizando-se um pequeno copo, preso numa longa haste metálica, coleta-se uma quantidade de
mosto e observam-se, contra a luz, as características da coagulação protéica, o brilho e a cor do
referido mosto lupulado.
Observação
A coagulação protéica deve ser de floculação grosseira e sua coloração de
uma fogosidade brilhante.
130 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Importante!
A grande preocupação a partir do momento que se resfria o mosto é protegê-lo
de contaminação microbiológica.
A levedura necessita de oxigênio para que possa se multiplicar, portanto, o mosto tem de ser
convenientemente aerado, mas, por outro lado, o mosto quente apresenta em suspensão todo o material
protéico que precipitou durante a fervura e que deve ser eliminado. Assim, para assegurar as condições
microbiológicas do processo, torna-se necessário cumprir as seguintes etapas operacionais:
• Trasfega do mosto pronto.
• Remoção do trub quente.
• Resfriamento do mosto.
• Aeração.
• Remoção do trub frio.
• Dosagem da levedura.
Vejamos, agora, as principais características dessas etapas.
SENAI-RJ 131
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Importante!
O trub quente deve ser removido completamente do mosto. Caso contrário, podem
advir as seguintes desvantagens:
• Alteração na fermentação primária, como, por exemplo, impurificação da
levedura.
• Alterações nas características da espuma (ácidos graxos).
• Diminuição da estabilidade do paladar (ácidos graxos).
• Colorações mais escuras (taninos).
132 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Observação
A duração da carga ou trasfega pode ser de 12 a 20 minutos.
Após um repouso de cerca de 30 minutos, inicia-se a extração do mosto claro isento de trub
quente, através de tubulações laterais de saída, que variam de 1 a 3 em diferentes alturas.
Importante!
O repouso do mosto quente no Whirlpool não deve ser muito prolongado, pois
deve-se evitar um forte acréscimo na coloração do mosto, através do processo
de oxidação. Há possibilidade, também, de um acréscimo no amargor.
Além disso, não se deve lançar o trub quente na canalização, e sim sobre o
bagaço da tina de clarificação após a extração do mosto primário, ou após a
extração da primeira ou segunda água da lavagem.
A filtração com terra diatomácea ou perlita é a metodologia mais segura para uma remoção de
trub quente. No entanto, apresenta as seguintes desvantagens:
• Alto custo de instalação.
• Alto custo operacional.
SENAI-RJ 133
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Separadores ou centrífugas
O uso de centrifugação para separar o trub é outra possibilidade. Observe o fluxograma a seguir.
Fluxograma do mosto
Centrífuga
Resfriador
Resfriamento do mosto
Após a eliminação ou remoção do trub quente, o mosto resfriado apresenta uma temperatura de
início de fermentação, como, por exemplo, para cervejas de:
• Baixa fermentação – 4oC a 7oC.
• Alta fermentação – 12oC a 18oC.
O processo de resfriamento para o mosto total não deve ultrapassar uma hora.
Resfriador a placas
Os resfriadores a placas possuem, usualmente, uma zona ou estágio maior de pré-resfriamento e
uma zona ou estágio menor de resfriamento posterior.
134 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Conforme estruturação básica, no primeiro estágio o mosto é resfriado a cerca de 20oC a 15oC, por
água fria cervejeira, com cerca de 75oC a 25oC, em contrafluxo. A água aquece-se, por troca de calor,
para cerca de 75oC a 85oC, e é dirigida para um reservatório, podendo ser, então, reaproveitada para
o preparo da mostura ou água secundária de lavagem do bagaço de malte. A quantidade de água
quente obtida no processo é na proporção de 1,05 a 1,1 vez em relação à quantidade de mosto quente.
Enquanto o trub quente se forma pela precipitação das proteínas coaguladas durante a fervura do
mosto, o trub frio origina-se de um abaixamento da temperatura do mosto e de uma reação daí
decorrente, entre os polifenóis e os produtos de decomposição das proteínas de alto peso molecular
ainda existentes.
SENAI-RJ 135
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Importante!
Cota de remoção até 50%.
• Trasfega-se o mosto resfriado, sem levedura e sem aeração, para uma tina plana (aberta ou
fechada), com uma altura de nível de 1 a 1,5m.
• Deixa-se sedimentar o trub frio por cerca de 12 a 18 horas.
• Rebombeia-se para uma tina ou tanque de fermentação.
• Procede-se, então, à dosagem de levedura e ar.
• Pela adição de 10 a 20g de terra infusória grossa/hl, obtém-se uma precipitação de 60% a 70%.
Centrifugação a frio
Importante!
Cota de remoção = 50% a 60%.
Com base no fato de que o trub frio é formado de partículas muito finas e que a viscosidade do
mosto é maior, torna-se a centrifugação substancialmente mais difícil, ou seja, a capacidade da centrífuga
fica reduzida para apenas 25% a 40%, em relação ao obtido para o mosto quente.
Filtração a frio
Importante!
Cota de remoção = 80% a 90%.
Podem ser utilizados os mesmos tipos de filtro que foram citados para a filtração da cerveja ou trub
quente.
136 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Flotação
Importante!
Cota de remoção = 50% a 65%.
• O mosto frio, pré-dosado com levedura e ar, é adicionado a um tanque de flotação em posição
vertical ou horizontal.
• O oxigênio ascende à superfície do mosto em forma de finas bolhas e carrega com elas as finas
partículas de trub frio.
• Após o tempo de uma hora, termina a etapa de ascensão do ar, com a formação de uma compacta
coberta de espuma de cor marrom.
• Após o repouso de seis a oito horas, o mosto é trasfegado para um tanque de fermentação.
• Ao final, a coberta de espuma com o trub frio permanece no fundo do tanque de flotação.
SENAI-RJ 137
Adegas
Nesta seção...
Fermentação
Filtração
Exercícios
8
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Fermentação
Enzima de levedura
Leveduras floculentas
• Há aglutinação de células, que se sedimentam mais rapidamente no fundo.
• Ocorre, em conseqüência, menor intensidade de fermentação.
• Obtêm-se menor grau de fermentação final e melhor clarificação.
• Ocorre melhor coleta de levedura.
SENAI-RJ 141
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Leveduras pulverulentas
• Algumas células permanecem mais tempo em suspensão.
• Ocorre, em conseqüência, fermentação mais intensa.
• É obtido maior grau de fermentação final.
• Conseqüentemente, a clarificação e a coleta de levedura são piores.
Forma
• Circular ou oval.
Tamanho
• Comprimento – 6 a 10µ.
• Largura – 5 a 8µ.
142 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Núcleo
Contém as características hereditárias
(cromossomos) e se divide na reprodução.
Membrana celular
É semipermeável, por isso permite somente
a passagem de substâncias vitais, como:
• Açúcar
•
•
Sais minerais
Aminoácidos
Água
} Baixo peso
molecular
• Oxigênio
Citoplasma
É o interior vivo da célula, o que circula
dentro dela. O plasma contém:
• Vitaminas.
Vacúolos
São compartimentos de sucos celulares.
Neles são depositados subprodutos do
metabolismo do plasma. Em células
novas, os vacúolos são pequenos e, em
células velhas, são maiores.
SENAI-RJ 143
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
4. Os três requisitos mais importantes para se obter uma boa multiplicação de leveduras em mosto
são:
• Temperatura correta (de 6oC a 10oC).
• Aeração adequada (de 7 a 9mg O2/l).
• Nutrientes assimiláveis – Açúcares (glicose, maltose), aminoácidos e sais minerais.
5. Após a colheita, as impurezas mais grosseiras da levedura podem ser removidas pela utilização
de peneiras (ou peneiras vibratórias).
6. A levedura pode ser armazenada das seguintes formas:
• Em água com pureza microbiológica, à temperatura de 1oC a 2oC, com duração máxima de
três dias.
• Em mosto diluído de cerca de 5,0% e 2oC, em até 15 dias.
7. "Autólise" da levedura é a autodigestão enzimática da célula. Este fenômeno acontece, por
exemplo, quando a levedura fica acondicionada em água por mais de três dias.
8. Dosar a levedura significa injetá-la no mosto resfriado à temperatura inicial de fermentação.
9. Normalmente, uma levedura de baixa fermentação pode ser utilizada de quatro a seis vezes.
Propagação de cultura
A propagação de cultura pode ser conduzida em operação aberta ou fechada, e pode ser processada
em cubas ou tinas de levedura. Nas instalações fechadas, há a possibilidade de uma prévia esterilização
do mosto, eliminando por completo o risco de uma contaminação.
Observação
Cultura pura de levedura é aquela obtida a partir da propagação de uma única
célula.
144 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Importante!
Também é possível o acondicionamento e guarda das cepas em mosto fermentado.
Tubos de ensaio com mosto clarificado esterilizado são inoculados com cerca
de 1ml da cultura pura fluidificada.
Após a fermentação, cada tubo de ensaio com sedimento suficiente em levedura
é guardado a 4°C. A reinoculação para o mosto esterilizado novo deve ser
procedida em intervalos de quatro semanas.
SENAI-RJ 145
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
• Do tubo de ensaio, retira-se, com uma alça de platina, uma porção de cultura pura, para inoculá-
la, sob condições estéreis, num frasco Erlenmeyer, contendo de 50 a 100ml de mosto esterilizado.
• Quando em estágio de alta fermentação (Kräusen), após dois ou três dias, o mosto é passado
para outro frasco Erlenmeyer, contendo 500ml de mosto esterilizado.
• Após mais dois ou três dias, o mosto em alta fermentação é passado para outro frasco Erlenmeyer,
contendo dois ou três litros de mosto esterilizado.
• Novamente, após dois ou três dias, o líquido em alto Kräusen é passado para um frasco
Erlenmeyer com 10 a 15 litros de mosto esterilizado.
• Após outros dois ou três dias, o mosto é passado para um frasco Erlenmeyer com 50 litros de
mosto esterilizado.
• Neste ponto, os 50 litros de mosto em alto estágio de fermentação são enviados ao processo de
propagação da cultura pura na fábrica.
146 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Geralmente, a primeira brassagem destinada à levedura de cultura pura é adicionada 2°C mais
quente que as subseqüentes. A coleta de levedura da primeira propagação costuma ser menor do que
a das propagações de geração subseqüente. Os 30hl de mosto em alto estágio de fermentação poderão
ser dosados para 100 a 150hl de mosto.
Importante!
Os mostos que são adicionados parceladamente devem ter sempre a mesma
temperatura que possui a cerveja nova, receptora, que se encontra em
fermentação.
SENAI-RJ 147
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Parâmetro da dosagem
O parâmetro de 0,5 a 1 litro de levedura pastosa por hl de mosto é muito impreciso, pois não indica
qualquer base sobre a consistência dessa levedura. Se, por ocasião da dosagem, for determinada a
quantidade de células de levedura, nota-se que a mesma varia na prática, numa mesma cervejaria, de
7 a 25 milhões de célula/ml.
As pequenas cervejarias conseguem uma solução prática para determinar a consistência da levedura,
utilizando uma centrífuga manual, com tubos cônicos de vidro graduados.
A quantidade de levedura a ser dosada após a centrifugação sedimento
é definida a partir da relação entre volume total e sedimento Substância depositada
pela ação da gravidade.
de levedura centrifugado, e a quantidade de células na levedura-
base, antes da centrifugação.
Observação
A homogeneização da levedura deve ocorrer antes de sua análise.
Em todos os sistemas com operação de mistura e dosagem, baseada no teor de substâncias sólidas,
deve-se considerar, em especial, que a dosagem deve ser mantida durante todo o tempo do resfriamento
do mosto, com a finalidade de dissolver uniformemente a levedura.
Condução da fermentação
Condução "fria" Condução "quente"
de fermentação de fermentação
Temperatura inicial: 5 a 7ºC Temperatura inicial: 8ºC
Temperatura máxima: 10ºC (até 12ºC) Temperatura máxima: 15ºC
148 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Graus de fermentação
É considerado parâmetro importante para o acompanhamento do processo de fermentação. Por
isso, o operador deve ter pleno conhecimento e domínio sobre esse aspecto.
O Grau de Fermentação (°GF) indica o percentual de extrato fermentado até o exato momento da
determinação.
Momentos da determinação
• Ao término da fermentação principal ou primária ºGFP
SENAI-RJ 149
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
°GFf
Isso significa que 80,8% dos 12,0% de extrato do mosto básico de apronte poderão ser fermentados
pela levedura da cervejaria, sob condições otimizadas.
Este é o parâmetro para o operador de adegas. Sem o conhecimento do valor do °GFf, o operador
das adegas não poderá conduzir a fermentação principal.
°GFP
Isso significa que 68,3% de extrato do mosto básico foram fermentados até o momento da trasfega
para a adega de maturação.
Diferença em relação ao °GFf = 12,5%. Isso quer dizer fermentescível
que ainda se encontram disponíveis para fermentação Que pode ser fermentado.
secundária ou maturação 12,5% de extrato fermentescível.
ºGFA
Isso significa que 79,2% dos 12% de extrato do mosto básico foram fermentados até o momento do
apronte para a filtração.
Diferença em relação ao °GFf = 1,6%.
Geralmente, alguns encarregados de adegas não se orientam pela porcentagem entre os °GFf e
°GFP, mas sim pelos percentuais indicados pela sacarometria, que, com base em nossas exemplificações,
apresentamos a seguir:
• Sacarometria do oGFP = 3,8%.
• Sacarometria do oGFf = 2,3%.
• Diferença de valores = 1,5%.
150 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Em paralelo com outros fatores, a diferença entre o grau de fermentação de apronte na maturação
e o grau final possui uma grande influência sobre as características do paladar da cerveja.
Quanto maior a diferença entre o oGFA e oGFf, maior é o extrato residual e mais
encorpada é a cerveja.
• Numa diferença muita alta, a cerveja pode assumir um paladar bastante encorpado, algo adocicado.
Essa impressão acentua-se quando o oGF final está muito abaixo dos 80% e, portanto, a diferença
entre o oGFA e oGFf apresenta-se muito alta. Nesse caso, a estabilidade biológica da cerveja
também poderá ser prejudicada.
SENAI-RJ 151
Fermentação principal e suas fases
152 SENAI-RJ
fermentação camada fermentação fermentação coberta definitiva
esbranquiçada
Formações ou visualizações Revestimento da área Coberta de uma espuma O franzino (Kraüsen) da Retração da coberta
externas superficial da cerveja por cremosa e encrespada coberta alcança altura de 30 pontiaguda cremosa, fina
uma leve e branca coberta (merengues) cm, com manchas marrom- película de aparência malhada
escuras
Períodos de tempo Após 12 a 16 horas, no Segundo e terceiro dias Quarto, quinto e, No sétimo dia
primeiro dia eventualmente, o sexto dia
Temperatura 6 para cerca de 7oC Aumento de 1ºC por dia até 9ºC - início da refrigeração Redução até temperatura de
9ºC apronte – 3 a 4ºC acima da
temperatura da adega
Redução ou atenuação do 0,2 a 0,4% 0,5 a 1,0% / dia 1,2 a 2,5% / dia 0,2 a 0,4%
extrato 9,6 3,6% 3,6 3,2%
12,0 11,6% 11,6 9,6%
Redução do pH 0,25 a 0,30 de 5,5 para 5,25 0,15 a 0,30% / dia para 4,9 - Para 4,6 – 4,4 (4,2) Quase sem alteração
- 5,20 4,7
Levedura Multiplicação mais intensa Início de forte fermentação Capacidade de fermentação Forte sedimentação
mais intensa – lenta
sedimentação
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Safra da levedura
A safra ou coleta da levedura não deverá ocorrer muito tardiamente. Deverá ser removida do
tanque tão logo se encontre depositada no fundo.
O fundamento de que a levedura, após colheita, precisa ser de imediato reutilizada deve ser mantido.
A levedura deve ser liberada do CO2 através de uma aeração de até duas horas. Tal fato é
aplicável, principalmente, para as leveduras obtidas dos tanques cilindrocônicos.
Observação
A aeração ativa os processos vitais na levedura e, com isso, aumenta a vitalidade
da mesma. Para esse curto espaço de tempo, pode-se desprezar a refrigeração.
Autólise da levedura
Na autólise (autodigestão), o sumo da célula passa para a cerveja. Nessas circunstâncias, ela
também recebe substâncias peculiares básicas que, em conseqüência, fazem subir o valor do pH.
O autolisado de levedura apresenta um aroma e paladar típicos. Cervejas que se caracterizam por
um aroma de levedura autolisada diferenciam-se analiticamente das cervejas normais, pelas variações
de pH (mais altos), pela coloração (mais escura) e pela estabilidade da espuma (pior).
A tendência da levedura para autolisar depende, primeiramente, de sua respectiva raça ou cepa e,
também, de seu estado ou condição de conservação.
As leveduras que foram tratadas aerobicamente antes da fermentação e aquelas que durante a
fermentação tiveram contato com oxigênio, proveniente da aeração do mosto, são mais estáveis contra
a autólise. Portanto, a autólise é influenciada pela maneira como a levedura for tratada entre duas
fermentações sucessivas.
Diacetil
O diacetil é o subproduto mais conhecido na indústria cervejeira.
Importante!
O diacetil delega à cerveja, a partir de teores acima de 0,10 (cerveja Pilsen)
mg/l, aroma e paladar desagradáveis, que lembram a manteiga. Ele é produzido
naturalmente pela própria levedura nas primeiras fases da fermentação. Na
fase final, a própria levedura o reduz, gradativamente, a teores inferiores a
0,10ppm.
SENAI-RJ 153
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Ambiente
O ambiente deverá ser "limpo, seco e bem isolado" para a manutenção de uma boa refrigeração
local. Piso e paredes ceramizados também são recomendados, a fim de se manter boa limpeza e
assepsia. A antiga e usual disposição de refrigeração imóvel, por meio de serpentinas tubulares fixas
no teto ou paredes, nas quais circulava "salmoura", já foi há muitos anos substituída pelo sistema de
refrigeração circulante.
154 SENAI-RJ
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Recipientes de fermentação
1. Cubas ou tinas de fermentação abertas ou fechadas (raramente são encontradas no Brasil)
• Antigamente, eram somente fabricadas com madeira de lei, da espécie carvalho, para
capacidade de 20 a 150hl.
• Atualmente, são fabricadas principalmente com "alumínio ou aço inoxidável".
• Limitadamente, existem ainda tubas de ferro, com revestimento em esmalte vítreo ou material
plástico sintético, e de concreto armado com revestimento de ebonite.
Observação
As cubas ou tinas fabricadas em aço inoxidável apresentam como vantagem
facilitar as operações de limpeza e desinfecção.
Para refrigeração, empregam-se serpentinas penduradas no interior das cubas ou tinas, construídas
em cobre, alumínio ou aço inoxidável.
Hoje em dia, é usual o sistema de refrigeração por camadas, ou seja, as tubulações ou bolsas de
refrigeração encontram-se embutidas nas paredes laterais das tinas.
Principais características
• Comportam até 1.500hl.
• Diâmetro de 2 a 4m.
• Comprimento de até 15m.
Desvantagens
• Dificuldade na coleta da levedura.
• Pela grande superfície líquida decorrente, resulta uma acentuada absorção de O2 durante a
trasfega.
SENAI-RJ 155
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Nos últimos anos, a maior quantidade de montagens foi do tipo out door, com isolamento
individualizado, o que evidencia a vantagem de uma total flexibilidade no processamento de temperatura
e condução.
156 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
5. No que diz respeito aos sistemas de refrigeração, é importante destacar que o calor formado
durante as fases de fermentação e maturação pode ser removido por:
• Ar refrigerado ambiente.
• Agente de refrigeração circulante (água gelada, solução de glicol).
• Agente de refrigeração de evaporação direta (NH3).
Fermentação secundária ou
maturação da cerveja
Esse processo ocorre na adega de maturação. Por isso, é muito importante conhecer esse local.
Recipientes
• O material de construção dos tanques utilizados nas antigas instalações era o alumínio, e, nas
instalações atuais, o aço inoxidável. Esse último é o mais apropriado para uma limpeza e desinfecção
automatizadas.
SENAI-RJ 157
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Observação
No tipo de construção plana-térrea, as paredes devem ser muito bem isoladas.
Observação
O teor de CO2 deverá estar, normalmente, acima de 0,50%, ou seja, 5g/l.
Assim que o tanque de maturação estiver cheio, a rosca da contrapressão e a válvula de segurança
deverão ser fechadas, até que a contrapressão desejada seja alcançada. Esse valor deve ser atingido
ainda no mesmo dia ou, no mais tardar, após um dia da trasfega.
158 SENAI-RJ
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Observação
O valor da contrapressão pode ser mantido entre 0,4 e 0,7bar, sendo que, para
as condições brasileiras, até acima.
Quanto mais alta a pressão em bar e mais baixa a temperatura, maior será a saturação de CO2.
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Clarificação da cerveja
Conforme a cepa de levedura empregada e o desenvolvimento da operação da fermentação principal,
a cerveja nova chega ao tanque de maturação com características opalescentes ou turvas. Durante a
fermentação secundária, os componentes de turvação se depositam e a cerveja se clarifica.
Observação
Uma semana de duração de maturação a temperaturas abaixo de 0°C proporciona
uma boa estabilidade físico-química (estabilidade protéica).
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Filtração
Após o término da fermentação, a cerveja apresenta-se muito turva, devido à presença de levedura
residual e turvação oriunda de complexos tanino-protéina, que se formam e se precipitam no tanque
em decorrência da temperatura, de menor solubilidade em solução que contenha álcool e da queda no
pH.
A turvação torna a cerveja inadequada para o mercado atual, que exige um produto límpido e
brilhante.
Várias tecnologias estão disponíveis para a clarificação da cerveja, tais como, a sedimentação
natural, a centrifugação e a filtração, conforme veremos a seguir.
Sedimentação
Centrifugação
A remoção das leveduras e da turvação pode ser acelerada através de uma centrífuga.
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Há centrífugas de diferentes tipos e modos de operação. Mas, para utilização em cerveja, têm que
ser herméticas para minimizar a captação de oxigênio durante a centrifugação.
Filtração
Sedimentação e centrifugação clarificam a cerveja, mas não dão o límpido exigido. Por isso, é
necessário filtrá-la, pelo menos uma vez.
Adsorção
O meio filtrante pode ou não ter propriedade de adsorção, dependendo da sua natureza.
Observação
A propriedade de adsorção pode reter partículas sólidas e coloidais, assim como
substâncias dissolvidas.
162 SENAI-RJ
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Ação de profundidade
Ocorre quando as partículas de turvação passam da superfície para o interior da camada filtrante.
Essas partículas são, portanto, menores do que a porosidade da superfície do meio filtrante.
Dispersões grosseiras
1
Tamanho das partículas: > 0,1µ = mm
10.000
Colóides
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Substâncias solúveis
Material filtrante
Vejamos, a seguir, as principais características de três tipos de material.
Esse material é constituído dos esqueletos de microrganismos marinhos, cujo componente básico é
o óxido de silício.
Há milhões de anos formaram-se espessos sedimentos de diatomáceas, em oceanos, que hoje não
mais existem. O material filtrante pode, assim, ser obtido através de grandes jazidas.
As formas em agulha são as que proporcionam camadas de porosidade mais fina; conseqüentemente,
filtração mais rigorosa. Pela utilização de diferentes tipos e diferentes granulometrias, as operações de
filtração podem ser muito influenciadas em sua capacidade, rendimento e eficácia de resultados.
Uma escolha adequada da composição das terras usadas nos permite, também, obter filtradas com
uma vasta remoção de células de leveduras e bactérias danosas à cerveja (causadoras de deterioração
do produto).
Infelizmente, a granulometria das terras infusórias, grossas, médias e finas não apresenta
regularidade e completa uniformidade. As terras de alta qualidade são aquelas que encerram mínimas
proporções de granulometria diversa.
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Devemos ter o máximo de cuidado no trato com terras diatomáceas. Uma constante
inalação do pó mineral é prejudicial à saúde e pode provocar a pneumopatia
ou silicose.
Perlita
Pela calcinação a temperaturas de 1.400ºC a 2.000ºC, consegue-se fundir essa formação rochosa.
Os gases e, em especial, os vapores de água, provocam então um inchamento em formato arredondado
num volume 20 vezes maior. O resultado é a obtenção de uma porosidade apropriada para a filtração.
Celulose
Para sua utilização nos processos de filtração, as substâncias indesejáveis incrustadas na celulose
devem ser eliminadas por desintegração química.
Observação
Antigamente, a celulose, em mistura com o algodão, era o componente da
chamada massa filtrante, que, hoje em dia, é muito pouco usada.
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Estabilização coloidal
Na cerveja estão presentes várias proteínas de alto peso molecular e também taninos. Esses
componentes combinam-se lentamente, produzindo uma turvação insolúvel, isto é:
(solúveis) (insolúvel)
Essa turvação se forma, em grande parte, durante a maturação, e é removida nos processos de
clarificação utilizados. No entanto, se quantidades significativas permanecerem na cerveja, o processo
poderá continuar na cerveja já filtrada.
As técnicas usadas para a estabilização deste processo visam a renovar as proteínas e os taninos,
ou então torná-los incapazes de reagir, formando o complexo insolúvel.
Tecnologias
Adsorventes – PVPP (polivinil polipirolidona)
166 SENAI-RJ
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Importante!
A cerveja filtrada é posteriormente submetida a uma filtração com PVPP, através
de um "filtro" especial tipo reservatório cilíndrico, com elementos filtrantes, em
placas horizontais ou velas verticais, e com dispositivo acoplado para a
regeneração do referido produto.
Adsorvente – sílica-gel
É obtido de silicatos naturais (formação rochosa) e pode ser utilizado de diferentes maneiras, como:
• Adição durante a maturação. Neste caso, ficam depositados no fundo do tanque.
• Adição na tubulação de cerveja a ser filtrada.
• Adição em mistura com terra diatomácea, por exemplo, na segunda pré-camada do filtro.
• O sílica-gel não é regenerável, sendo eliminado após uma única utilização.
Carvão ativo
Possui alta capacidade de absorção, sendo usado, particularmente, para dissolver (retirar) certos
componentes prejudiciais à cerveja (corrigir desvios de paladar).
Importante!
Todo material auxiliar de filtração deve ser quimicamente indiferente, ou seja,
não deve influenciar o paladar, o aroma e a cor da cerveja.
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Capacidade de filtração
É importante destacar dois conceitos relativos a essa questão.
Capacidade específica
Refere-se à quantidade de cerveja em hl, que pode ser filtrada por m² de superfície filtrante numa
unidade tempo-hora (hl/m2/h).
Capacidade total
Por esse conceito, entende-se a quantidade máxima de cerveja em hl/m2, ou em hl/área total
filtrante conhecida, que pode ser clarificada em uma etapa operacional de filtração, conforme exemplo
a seguir:
• Capacidade específica de um filtro = 5,5 hl/m²/h.
• Duração de uma operação de filtração (tempo de filtração) = 8 horas.
• Capacidade total = 44 hl/m².
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Podemos então concluir que a capacidade de filtração será maior quanto melhor for a filtrabilidade
de uma cerveja, que é conseqüência das condições em que foi trabalhada nas etapas anteriores do
processo de cervejaria.
Estrutura de sustentação
A camada de filtração propriamente dita de terra diatomácea necessita de um sólido apoio.
Observação
Estruturas de sustentação não possuem ação filtrante, apenas de apoio.
SENAI-RJ 169
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com terra grossa. Nessa ocasião, é de suma importância a escolha certa de granulometria da terra,
para que as malhas da estrutura de apoio não fiquem logo obstruídas. A obstrução poderá acontecer
caso haja uma proporção alta em terra de granulometria fina nessa pré-camada, o que deverá ser
evitado, preservando-se, assim, uma boa ação filtrante inicial.
O consumo fica nos limites de 300 a 600g/m². Essas quantidades formam, sobre a estrutura de
apoio, uma camada de terra de 1,5mm (volume em dosagem úmida).
Por outro lado, no decorrer da filtração, vai aumentando o diferencial de pressão entre a entrada e
a saída do filtro. Conforme o tipo de filtro, existe um diferencial máximo admissível. Atingido o
correspondente valor máximo, deverá a filtração ser interrompida.
É muito importante a limpeza posterior dos elementos de sustentação, para evitar distruções/
entupimentos.
Não é a quantidade de água o fator decisivo para uma limpeza otimizada, mas
sim a eficiência dos produtos químicos de limpeza aplicados.
170 SENAI-RJ
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Tipos de filtro
Merecem destaque dois tipos:
• Filtro reservatório cilíndrico, com elementos de filtro horizontais centrifugáveis (ZHF)
A filtração processa-se, exclusivamente, pelo lado superior do elemento filtrante (peneira horizontal
na parte de cima do elemento – prato).
Com essa modalidade de filtração, evitar-se-á o deslizamento da camada filtrante sedimentada
sobre a peneira por fatores imprevisíveis, tais como variações ou choques de pressão, ou
interrupções durante a filtração (queda de energia).
• Filtro reservatório cilíndrico com elementos de filtro vertical (filtro de velas verticais)
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A cerveja bruta atravessa a camada filtrante e o tecido da vela, indo para o seu interior. Em
seguida, o filtrado escorre do interior da vela para o espaço superior da placa de topo, e daí, a cerveja
filtrada abandona o filtro.
A filtração propriamente dita, com a utilização de um filtro de placas, processa-se pela atuação de
dois elementos ou componentes:
• As câmaras de filtro, destinadas à coleta da cerveja não-filtrada, do trub e da dosagem contínua
de terra infusória.
• As placas de filtro, através das quais a cerveja filtrada é direcionada para o respectivo canal.
Cada elemento ou placa é construído em aço resistente a ferrugem e a ácidos, sendo fabricado em
material plástico ou sintético moldado, contendo ilhós, ou seja, aberturas circulares que constituem
"canais para cerveja". Esses canais apresentam fendas ou rachaduras, que se interligam com o interior
dos elementos do filtro, para a posterior distribuição ou coleta de cerveja.
Os canais estão de tal maneira dispostos que possibilitam uma completa desaeração e um total
esvaziamento do filtrado. As molduras ou câmaras, que estão submetidas a altas cargas ou pressões
durante a filtração, estão reforçadas por apoios não-soldados.
Os filtros com placas filtrantes são utilizados na pós-filtração (por exemplo, um filtro de terra de
diatomácea). Isso significa que esse tipo de filtração nunca é realizado como primário, ou seja, como
primeira etapa do processo.
Com uma filtração com placas filtrantes (conforme o tipo de placas utilizadas), podem ser obtidas
cervejas seguramente isentas de leveduras e partículas coloidais. Os índices de retenção de
microrganismos à cerveja, como os pediococcus, as bactérias lácticas e as leveduras, podem atingir
até 99,9....9%. As cervejas assim obtidas podem ser caracterizadas como sendo esterilizadas a frio.
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A porosidade, ou seja, a totalidade da carga alveolar ou espaço oco nas placas, corresponde a uma
ordem de grandeza de até 80%. Por conseguinte, pode ser absorvida, por m² de área filtrante de uma
placa com uma espessura de 4,5mm, a quantidade de três a quatro litros de substâncias provocadoras
de turvação.
Quanto mais fina (maior limpidez) for uma filtração, mais finas, granulometricamente, serão as
matérias empregadas na confecção das placas.
Importante!
O lado de saída da cerveja filtrada, compactado com material sintético
(polímeros), serve para evitar o desfibramento da placa durante a filtração, a
fim de que nenhuma partícula dessa placa alcance a cerveja já filtrada.
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Os fatores que exercem influência na eficiência de retenção das placas filtrantes estão relacionados
no quadro a seguir.
Existem vários tipos de placas, em função do grau de limpidez desejado e do rendimento de filtração
pretendido, conforme as especificações abaixo.
Estas placas filtrantes servem, especificamente, para a separação e retenção dos microrganismos.
Com relação ao grau de remoção microrgânica ou rendimento quantitativo desejado, deverão ser
considerados os seguintes fatores:
• Composição das placas filtrantes (por exemplo, material empregado, grau de porosidade).
• Velocidade do fluxo de filtração (quanto mais lenta, melhor).
• Propriedades físico-químicas do produto a filtrar.
Importante!
O rendimento específico de um "filtro de placas estéril" é equivalente a
1,0hl/m2/h. O rendimento quantitativo, até a substituição das placas, é de
aproximadamente 20 vezes a capacidade horária, com AP máx. de 1bar.
174 SENAI-RJ
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O grau de limpidez dessas placas filtrantes é menor do que aquele obtido por placas filtrantes para
a remoção microrgânica. A remoção das partículas é considerada bastante ampla e completa.
Importante!
O rendimento específico desse tipo de placas filtrantes corresponde a
aproximadamente 1,5hl/m2/h. O rendimento quantitativo total equivale a cerca
de 50 vezes a capacidade horária, sendo o AP máx. de 1,3bar.
São placas filtrantes para uma filtração com um grau de limpidez menos rigoroso, que têm por
função reter, em especial, as células de levedura e as partículas mais grosseiras, passadas através de
uma filtração preliminar (terra infusória, leveduras, partículas de trub).
Importante!
O rendimento específico dessas placas filtrantes de polimento corresponde a
cerca de 2hl/m2/h. O rendimento ou duração de filtração total é de cerca de 80
vezes a capacidade horária de filtração. O AP máx. é de 1,5 a 2,0bar.
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Observação
Os aditivos permitidos são objeto de regulamentação legal específica e podem
variar de um país para outro.
A existência dos tanques de pressão permite, ainda, que a cerveja receba uma checagem final
antes de ser envasada (checagem dos parâmetros analíticos e sensoriais).
A cerveja na adega de pressão deve permanecer a baixas temperaturas, de 0º a 1ºC, sob contra-
pressão (preferencialmente de CO2, para evitar oxidação) e não mais do que três a quatro dias.
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Exercícios
11. Ordene as palavras que estão dentro do retângulo, formando uma frase verdadeira.
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
a) Por sua atuação diferenciada, podemos classificar os produtos de limpeza em função do seu
pH, que por sua vez são divididos em:
– ___________________________________________________________________
– ___________________________________________________________________
– ___________________________________________________________________
– ___________________________________________________________________
b) A cevada, após algumas semanas de armazenamento, deve ser malteada ou deve germinar
"artificialmente". Para isto, as três condições que devem ser preenchidas são:
– ___________________________________________________________________
– ___________________________________________________________________
– ___________________________________________________________________
– ___________________________________________________________________
– ___________________________________________________________________
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– ___________________________________________________________________
– ___________________________________________________________________
– ___________________________________________________________________
– ___________________________________________________________________
13. Leia com atenção as frases abaixo e preencha as lacunas de acordo com o que você estudou
nesta unidade.
a) A dormência da cevada pode levar de ____ a ____ semanas.
b) Durante o processo de secagem e torrefação, ocorre a seguinte alteração: redução da umidade
de 45-43% até ____________ %.
c) As enzimas que decompõem o amido durante a mosturação denominam-se
__________________, que também são conhecidas por ___________________.
d) Após novos exames para se obter uma boa qualidade do mosto, em cor e paladar, é suficiente
alcançar um "coeficiente total de evaporação" de _____ a ____%, sob condições normais de
fervura a pressão atmosférica.
e) "Fermentação clássica" significa que o início da fermentação é procedido com uma temperatura
entre ______ e ______ ºC, e a temperatura ______________ atinge cerca de 10ºC (até
12ºC).
f) Sedimentação é a natural ____________________________________ de substâncias
sólidas em líquidos, através da ação natural da força da ________________________.
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15. Reflita sobre o que você estudou nesta seção e responda corretamente às perguntas abaixo.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
b) Quais os principais itens que devem ser avaliados numa análise sensorial da moagem?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
d) Quais são as medidas que podem influenciar na decomposição das proteínas durante o
processo de mosturação?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
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______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
g) Quais são os sistemas de refrigeração utilizados para remover o calor formado durante a
maturação?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
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16. Complete os espaços em branco das afirmativas abaixo, utilizando as palavras do quadro a
seguir.
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Chave de respostas
Exercício 1
De acordo com a história, os sumérios foram os primeiros a consumirem uma bebida com
características bastante idênticas às da cerveja.
Exercício 2
a) O termo do latim clássico para designar a cerveja é cervisia ou cerevisia.
b) Louis Pasteur, Emil Christian Hansen e Carl Von Linde são as três personalidades que estão
especialmente associadas ao progresso na fabricação de cerveja.
c) No ano de 1995, alcançamos o patamar dos 40 litros de consumo per capita.
Exercício 3
a) – Cervejas insalivadas
– Cervejas maltadas
– Cervejas de bolor
b) – Cevada
– Lúpulo
– Água
Exercício 4
– Não ultrapassar o limite de álcool.
– Consumir cerveja do mais baixo teor alcoólico disponível.
– Evitar outras bebidas alcoólicas, quando estiver tomando cerveja.
– Não fumar.
– Não tomar medicamentos com bebidas.
– Alimentar-se bem antes de começar a tomar cerveja.
– Antes de começar a beber a cerveja, ingerir outros líquidos, como água, suco de frutas,
limonadas, etc.
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Exercício 5
Embora o bom senso testemunhe que o importante é o gosto pessoal, os experts são unânimes em
afirmar que, para nosso clima, a temperatura ideal da cerveja é em torno de 8 ºC.
Exercício 6
a) (X) cevada – trigo – sorgo – milho – arroz – mandioca
b) (X) hidróxidos – carbonatos – bicarbonatos
Exercício 7
a) O grau de dureza ou hidrométrico de uma água nos informa a quantidade de sais solúveis de
cálcio e magnésio contidos em solução.
b) A dureza de carbonatos ou temporária é aquela constituída pelos sais carbonato e bicarbonato
de cálcio e magnésio na água.
c) O consumo otimizado de água numa cervejaria é de 6,75 hl de água/hl de cerveja.
Exercício 8
a) (X) Produção de cervejas mais claras.
b) (X) Obtenção de cervejas mais brilhantes.
d) (X) Elaboração de cervejas com melhor estabilidade físico-química.
e) (X) Resultam mosto e cervejas de caráter homogêneo.
g) (X) Resultam cervejas com melhor estabilidade de paladar.
Exercício 9
a) Os adjuntos adicionados na caldeira de fervura do mosto são os xaropes derivados dos grãos
de cereais, ou seja, produtos químicos do amido, mediante conservação com ácido e/ou enzimas
e o açúcar de cana (açúcar cristal granulado ou açúcar invertido em forma de líquido, derivado
da cana, açúcar superior ou açúcar demerara).
b) Íons quimicamente ativos são todos aqueles que positivamente entram em reação química com
os componentes do malte e lúpulo durante a operação de mosturação, e influenciam a
elaboração da cerveja, por alterações do valor de pH.
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Exercício 10
a) – Bráctea Pétala de cobertura
– Bractéola Pétala interna
– Vértebra Haste ou lixo
– Lupulina Glândulas secretoras
b) – Superficiais.
– Subterrâneas.
– Atmosféricas.
c) – Remoção de impurezas sólidas.
– Aeração.
– Pré-cloração.
– Clarificação (floculação/decantação).
– Filtração.
– Cloração (pós-cloração).
– Decloração (filtração por carvão ativo).
d) – Óleos aromáticos
– Taninos
– Substâncias amargas
e) – Casca
– Embrião
– Endosperma
Exercício 11
Um objeto pode ser considerado limpo quando todas as partículas visíveis forem eliminadas.
Exercício 12
a) – Produtos alcalinos
– Produtos ácidos
– Produtos complexantes
– Produtos tensoativos
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b) – Umidade
– Oxigênio
– Temperatura
c) – Análise sensorial
– Análise exata da moagem peneirada
d) – Teor de H²O
– Extrato total
– Extrato lavável
– Extrato decomponível
Exercício 13
a) A dormência da cevada pode levar de 4 a 6 semanas.
b) Durante o processo de secagem e torrefação, ocorre a seguinte alteração: redução da umidade
de 45-43% até 1-1,5%.
c) As enzimas que decompõem o amido durante a mosturação denominam-se amilases, que também
são conhecidas por enzimas amilolíticas.
d) Após novos exames para se obter uma boa qualidade do mosto, em cor e paladar, é suficiente
alcançar um "coeficiente total de evaporação" de 7 a 8 %, sob condições normais de fervura a
pressão atmosférica.
e) "Fermentação clássica" significa que o início da fermentação é procedido com uma temperatura
entre 5 e 7°C, e a temperatura máxima atinge cerca de 10°C (até 12°C).
f) Sedimentação é a natural decantação de substâncias sólidas em líquidos, através da ação
natural da força da gravidade.
Exercício 14
a) O cervejeiro entende por sanitização a eliminação completa de microrganismos indesejáveis.
b) As placas filtrantes na "filtração estéril" servem, especificamente, para a separação e retenção
dos microrganismos.
Exercício 15
a) C6H12O6 + 6O2 ⇒ 6CO2 + 6H2O + 674 Kcal
ou
glicose + oxigênio ⇒ gás carbônico + água + calor
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– A porção em farinha.
c) Alfaamilase, betaamilase e dextrinase.
d) Temperatura, valor do pH e concentração da mostura.
e) – Evaporação da água excedente
– Esterilização do mosto
Exercício 16
a) A hemicelulose é a substância de sustentação e de estrutura das membranas das células de
amido, portanto responsável pela dureza, ou seja, pela resistência do endosperma na cevada.
Ao lado da ativação e formação de enzimas, cabe ainda ao processo da malteação a tarefa
importante da decomposição do envoltório da célula e/ou sua perfuração, para que o amido
fique friável (farinhoso, tenro). Os produtos de decomposição chamam-se substâncias gomosas
(glucanos).
186 SENAI-RJ
Curso Técnico de Cervejaria — Fundamentos gerais: produto e processo
Referências bibliográficas
KUNZE, Wolfgang. Technologie Brauer und Malzer. 7. ed. ULB Berlin, Verlagsabteilung.
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FIRJAN
CIRJ
SESI
SENAI
IEL