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TESTAGEM PSICOLÓGICA COM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES
Juliane Callegaro Borsa
Monalisa Muniz
E
ste capítulo abordará variáveis importantes a serem consideradas em uma testagem psicológica com
crianças e adolescentes. Os apontamentos aqui discutidos contribuirão para que os dados advindos
da testagem sejam coletados e interpretados de maneira adequada para a população infantojuvenil. O
leitor pode pensar: “mas os testes psicológicos já nos orientam sobre seu públicoalvo e como deve ser
realizada sua aplicação, correção e interpretação”. Sim, os manuais desses testes instruem sobre a sua
administração; no entanto, é imprescindível que o avaliador conheça uma série de elementos que farão o
material colhido por meio do teste ser realmente útil para a avaliação psicológica, que é o processo no qual a
testagem é inserida. Assim, inicialmente se discorrerá sobre a avaliação psicológica e a testagem psicológica
dentro desse processo; em seguida, serão trabalhadas as especificidades para o público infantojuvenil; e, por
fim, será discutida a necessidade de mais testes para essa população.
A avaliação psicológica é um processo técnico e científico realizado com pessoas ou grupos de pessoas
que requer metodologias específicas de acordo com cada área de conhecimento. Ela é dinâmica e constitui
se em fonte de informações de caráter explicativo sobre os fenômenos psicológicos, com a finalidade de
subsidiar trabalhos nos diferentes campos de atuação do psicólogo, entre eles os da saúde, da educação, do
trabalho e outros setores em que se fizer necessária. Tratase de um estudo que requer planejamento prévio e
cuidadoso, de acordo com a demanda e com os fins para os quais a avaliação se destina (Conselho Federal
de Psicologia [CFP], 2013). Conhecimentos em diversas áreas da psicologia, como, por exemplo,
psicopatologia, psicologia do desenvolvimento, psicologia da personalidade e processos cognitivos básicos,
devem ser associados ao corpo teórico e prático de conhecimentos específicos da avaliação psicológica.
Esse conjunto de informações deve estar presente em todo o processo de avaliação psicológica para que
sejam realizadas interpretações adequadas advindas do material recolhido durante o processo (Nunes et al.,
2012).
Entre as ferramentas de coleta de informações utilizadas na avaliação psicológica, estão os testes
psicológicos, que são definidos como procedimentos sistemáticos de observação e registro de
comportamentos com o objetivo de descrever e/ou mensurar características e processos psicológicos (CFP,
2003). Assim, na avaliação psicológica, pode ser conduzida uma testagem psicológica, que, segundo Cohen,
Swerdlik e Sturman (2014), é um método que se utiliza de instrumentos e/ou procedimentos construídos
com a finalidade de mensurar variáveis associadas ao contexto da psicologia. Com isso, a testagem faz parte
do processo de avaliação psicológica, que é uma investigação mais ampla para a compreensão do
funcionamento do ser humano.
Tanto a avaliação quanto a testagem psicoló gica são atividades complexas e demandam competências e
habilidades específicas dos psicólogos. Neste capítulo, serão tratadas de forma mais detalhada a testagem
psicológica em crianças e adolescentes, mas é imprescindível que tais competências e habilidades estejam
consolidadas na prática profissional do psicólogo. Para melhor detalhamento e compreensão sobre esse
assunto, recomendase a leitura do Código de Ética do Profissional de Psicologia (CFP, 2005), das Diretrizes
para o uso de testes (International Test Comission [ITC], 2000) e de Nunes e colaborado res (2012).
Uma formação sólida das competências e habilidades prepara o psicólogo para lidar com as
especificidades da avaliação psicológica, como, por exemplo, quem é o sujeito ou grupo a ser
compreendido. A condução e as estratégias assumidas no processo da avaliação psicológica dependerão do
sujeito ou grupo que será avaliado. O mesmo cabe aos testes psicológicos, e, com isso, vários aspectos
citados como importantes para o processo de avaliação psicológica, tais como conhecimentos de outras
áreas da psicologia e análise das informações interpretadas com demais dados, também se aplicam para a
testagem psicológica.
Gauy e Guimarães (2006) descrevem que os primeiros trabalhos de avaliação infantojuvenil tinham
como finalidade verificar a frequência, a duração e a taxa de comportamentos em determinados contextos.
Posteriormente, o foco passou a ser a natureza e a causa dos comportamentos, o que demandou a inclusão de
novos agentes e instrumentos no processo, como outros informantes e instrumentos comportamentais com
maior amplitude. As autoras também apontam a complexidade da avaliação dos transtornos nessa
população, que, dadas as características do de senvolvimento, apresenta maior dificuldade em expressar e em
reconhecer suas emoções.
Conforme apontado por Bird e Duarte (2002), quando se tem por objetivo a identificação de problemas
psiquiátricos em crianças e adolescentes, há desafios e particularidades diferentes dos da população adulta.
O período do desenvolvimento, especialmente das crianças, pode limitar a maneira como percebem e lidam
com os problemas emocionais. Para que ocorra um diagnóstico efetivo nessa faixa etária, é necessário um
procedimento de avaliação que utilize diversas fontes de informação, além da aplicação de medidas
padronizadas adaptadas para essa população.
Os apontamentos de Gauy e Guimarães (2006) e Bird e Duarte (2002) justificam ainda mais os
cuidados a serem tomados com a avaliação e o teste psicológico para a população infantojuvenil. Assim, a
prática da testagem psicológica requer uma série de cuidados técnicos e éticos que garantirão sua
efetividade. Tais cuidados são inerentes a qualquer contexto e demanda, porém, na prática com crianças e
adolescentes, é preciso atenção especial. Os resultados obtidos por meio dos testes psicológicos devem ser
sempre considerados de forma contextualizada, atrelados aos resultados das demais técnicas e
procedimentos conduzidos ao longo do processo, como a entrevista, a hora do jogo e a observação.
Além disso, é importante que os resultados dos testes psicológicos também sejam confronta dos com os
dados advindos de outros informantes, como pais, professores, amigos e outros cuidadores e familiares, os
quais poderão fornecer informações úteis sobre o comportamento da criança ou do adolescente no seu
cotidiano. Do mesmo modo, as informações advindas de outros profis sionais, como neurologistas e
fonoaudiólogos, poderão ser de extrema valia, pois fornecem da dos específicos de suas áreas de
conhecimento que, por sua vez, serão importantes para a investigação conduzida pelo psicólogo ao longo do
processo de avaliação psicológica. Concordando com Rocha, Emerich e Silvares (2014), a inclusão de
múltiplos informantes é fundamental, já que permitirá ao psicólogo uma melhor e mais completa
compreensão do caso, auxiliando na tomada de decisão mais adequada quanto à indicação terapêutica.
Ressaltase que a interpretação dos resultados dos testes é outro aspecto que merece atenção especial. É
importante considerar que crianças e adolescentes sofrem significativa influência de referências externas,
como a família, a escola, os pares, entre outros. Nesse sentido, é importante que os resultados não sejam
taxativos e considerem o atual momento de vida do sujeito avaliado.
Outra prática útil para a compreensão do caso é a investigação realizada in loco, visando conhecer as
características dos comportamentos da criança ou do adolescente na escola, em casa ou em outros contextos
de interação. Tal prática permitirá ao psicólogo obter informações que dificilmente seriam apreendidas por
meio de testes padronizados, garantindo, assim, uma visão sistêmica da queixa apresentada no início da
avaliação psicológica. Um exemplo dessa prática é a visita do psicólogo à escola da criança que chega para
avaliação com a queixa de problemas de
aprendizagem. Nessa visita, o profissional poderá entrevistar os professores, conhecer a sala de aula ou
observar as atividades de pátio, a fim de compreender como e com quem a criança interage. Essas
informações poderão auxiliar na compreensão da dificuldade de aprendizagem, considerando as possíveis
variáveis envolvidas para além dos déficits cognitivos. Estaria essa criança com dificuldade de atenção
decorrente de aspectos individuais ou de fatores distratores externos? Estaria apresentando dificuldades de
interação com seus pares, repercutindo nas dificuldades acadêmicas? A relação entre o professor e a criança
poderia estar contribuindo para essa dificuldade? Que outras variáveis do contexto podem estar
influenciando na etiologia e manutenção dos problemas de aprendizagem?
É preciso salientar, também, que toda e qualquer dificuldade psicológica, seja ela cognitiva ou
afetiva/emocional, é, em alguma medida, sempre multifatorial. Assim, o psicólogo deve considerar os
aspectos do contexto social, cultural e familiar do avaliando. Por exemplo, se a criança ou adolescente
apresenta dificuldade de relacionamento, demonstrando comportamentos agressivos, é necessário que o
psicólogo investigue em que contexto essas atitudes ocorrem e compreenda a dinâmica das relações que o
paciente estabelece com seus pares, familiares e professores. Essas informações serão úteis para corroborar
os dados obtidos na testagem, permitindo uma compreensão mais ampla do comportamento agressivo.
Também devese considerar o contexto e os objetivos da avaliação. A testagem realizada no contexto
clínico apresentará características distintas da testagem realizada no contexto hospitalar, escolar ou jurídico,
por exemplo. Independentemente do contexto e dos objetivos da avaliação, a aplicação dos testes deve estar
sempre atrelada a outros procedimentos e técnicas. Porém, na clínica, o processo de investigação tende a ser
mais longo e mais complexo. Essas características permitem uma postura mais exploratória por parte do
psicólogo, que fará uma análise detalhada dos sintomas investigados e das possíveis relações entre eles e
outras características e eventos de vida do avaliando. Já no contexto jurídico, escolar ou hospitalar, a
testagem geralmente tem característica mais pontual, visto que cumpre responder a um objetivo mais
específico, como, por exemplo, avaliação em caso de disputa de guarda, orientação vocacional ou avaliação
précirúrgica. Essas diferentes características e de mandas são essenciais para a escolha dos testes
psicológicos a ser aplicados, que poderão ser mais breves e objetivos (como escalas, inventários e
checklists) ou mais complexos (como técnicas projetivas e expressivas). Quanto aos testes psicológicos,
devese salientar que esses instrumentos não são capazes de responder sozinhos a todas as questões
levantadas no processo de avaliação psicológica. Os testes são ferramentas úteis, porém complementares às
informações oriundas de outras fontes, métodos e técnicas, de que o psicólogo necessariamente deve lançar
mão ao conduzir a avaliação psicológica (CFP, 2003).
Outro aspecto importante na testagem com crianças e adolescentes referese aos cuidados com a
aplicação dos testes. Sobre esse ponto, que se aplica a qualquer testagem, cabe mencionar uma frase de
Cunha (2000, p. 113): “. . . o foco da testagem deve ser o sujeito, e não os testes”. A infância e a
adolescência são etapas do desenvolvimento caracterizadas por importantes aquisições neurológicas,
cognitivas, afetivas e sociais. Crianças e adolescentes podem apresentar diferentes características
psicológicas, dependendo da etapa do desenvolvimento em que se encontram. Por isso, é preciso considerar
essas especifi cidades ao planejar a testagem. São necessários testes específicos para diferentes fases do
desenvolvimento e um ambiente que permita que a criança ou o adolescente sintamse capazes de se
expressar livremente, de acordo com suas próprias demandas e possibilidades. Uma criança de 5 anos, por
exemplo, apresenta capacidade de compreensão e verbalização muito distinta da apresentada por uma
criança de 10 anos. Do mesmo modo, os contextos de interação, a autonomia e o desenvolvimento cognitivo
e socioemocional de uma criança préescolar são distintos dos de crianças mais velhas. Devido a esses
aspectos, é importante que seja respeitada a faixa etária a que os testes se destinam.
Cunha (2000) apresenta algumas recomendações para a administração de testes e técnicas,
especificando algumas particularidades no manejo com crianças quanto à estrutura do am biente e à
organização do material. A autora pontua a necessidade de o ambiente de aplicação ser adequado, com os
materiais disponibilizados de maneira a facilitar o processo de testagem para o próprio psicólogo e a
interação do avalian do com o material. Esse aspecto pontuado por Cu nha é importante para qualquer
avaliando, mas requer atenção especial quando se trata de crianças, a começar pela ergonomia do local de
testagem. O ambiente deve ter mesa e cadeira adequadas ao tamanho da criança, caso contrário, ela será
prejudicada. Por exemplo, o Teste da CasaÁrvorePessoa, conhecido como HTP (Buck, 2003), propõe que
o sujeito realize três desenhos, utilizando papel, lápis e borracha. Para tanto, o psi cólogo deverá
disponibilizar uma mobília que deixe a criança confortável para a execução da tarefa. O mesmo ocorre com
diversos subtestes da Escala Wechsler para Avaliação da Inteligência em Crianças – WISCIV (Wechsler,
2013), co mo, por exemplo, a montagem de cubos, em que os materiais devem estar à altura do campo de
visão da criança. Além disso, a disposição dos materiais e o que deve estar presente durante a aplicação
também merecem cuidados. Diferentemen te do adulto, a criança, e até mesmo o adolescente, tem mais
dificuldade em manter a atenção em um determinado estímulo por um tempo prolongado. Dessa forma, um
ambiente com muitos estímulos desnecessários pode distrair o avaliando, prejudicando a execução da tarefa.
Então, como mencionado por Cunha (2000), a depender da quantidade de material necessária para a
testagem, podese dispor de uma mesa auxiliar para organizar o instrumento e somente arrumar o ne cessário
na mesa principal, como deve ser feito para o WISCIV, cujos materiais devem estar organizados
separadamente, sendo apresentados um a um à criança.
Ainda sobre a aplicação dos testes psicológicos, Cunha (2000) alerta que há uma tendência do
psicólogo a elaborar explicações que ele consi dera mais fácil para a criança compreender, o que se configura
como um desrespeito ao critério de padronização. Aqui é extremamente relevante lembrar que, quando se
trata de teste psicológico aprovado pelo CFP, há um manual que detalha de for ma criteriosa como as
explicações sobre a realização do teste devem ser transmitidas ao avaliando. Tais instruções devem ser
seguidas, pois também foram alvo de pesquisa e análise durante a validade do teste, e modificações na
maneira de explicar podem até mesmo invalidar as interpretações dos resultados. Lembrese que todo teste é
um instrumento padronizado, que deve ser aplicado da mesma maneira em qualquer sujeito, já que formas
diferentes de aplicação e de instrução podem interferir nas respostas. Em síntese, os procedimentos de
aplicação propostos nos manuais dos testes devem ser seguidos de forma rigorosa, a fim de garantir que a
criança ou o adolescente possam compreender, de forma clara, os procedimentos de aplicação. Caso seja
realmente imprescindível modificar a forma de explicar e aplicar o teste, a análise não poderá ser baseada
nas tabelas normativas e nas interpretações padronizadas e validadas para o instrumento, devendo ser
realizada somente uma análise qualitativa da produção do sujeito avaliado, ponderando seu desempenho ao
realizar o teste. Esse tipo de situação, em que há modificação na explicação e na aplicação, tende a ocorrer
em avaliações neuropsicológicas. De acordo com Lezak, Howieson e Loring (2004), essas mudanças são
importantes para esse tipo de avaliação, conforme o quadro clínico apresentado pelo avaliando, e a análise
deve se pautar em observação qualitativa das respostas ao teste, procurando identificar como a pessoa
respondeu e quais foram suas dificuldades e facilidades.
Para ilustrar esse tipo de situação, podese pensar em uma criança que esteja apresentando nível de
desatenção elevado. O psicólogo irá mensurar sua capacidade cognitiva por meio de um teste de inteligência
com 30 itens, em que somente os três primeiros são utilizados para explicar o que a criança deve fazer para
realizar as tarefas e que há tempo limite de duração. Provavelmente, durante a aplicação do teste, o
profissional terá de retomar diversas vezes o que a criança precisa fazer. Nesse sentido, não será possível
avaliála dentro do tempo limite estipulado nas instruções do teste. No entanto, essas duas modificações são
necessárias para que o psicólogo consiga avaliar melhor a capacidade cognitiva, minimizando a influência
da desatenção no desempenho no teste. Assim, mesmo que o resultado obtido não seja comparado aos dos
demais sujeitos da sua idade, justamente porque houve mudanças na aplicação do teste (tempo e instruções),
o avaliador poderá ter informações mais detalhadas sobre a capacidade cognitiva do avaliando, pois, durante
a aplicação, pode observar como a criança raciocina so bre as tarefas.
Além de todos esses cuidados na aplicação, correção e interpretação dos resultados dos testes, há outro
elemento precioso que precede a testagem, que é a conversa inicial, também conhecida pelo termo rapport.
Novamente citando Cunha (2000), não se deve administrar testes ou técnicas sem ter estabelecido uma
conversa inicial. Essa interação inicial tem a função de criar um clima descontraído e de confiança para o
avaliando, o que possibilita uma realização do teste
começar pela ergonomia do local de testagem. O ambiente deve ter mesa e cadeira adequadas ao tamanho da
criança, caso contrário, ela será prejudicada. Por exemplo, o Teste da CasaÁrvorePessoa, conhecido como
HTP (Buck, 2003), propõe que o sujeito realize três desenhos, utilizando papel, lápis e borracha. Para tanto,
o psi cólogo deverá disponibilizar uma mobília que deixe a criança confortável para a execução da tarefa. O
mesmo ocorre com diversos subtestes da Escala Wechsler para Avaliação da Inteligência em Crianças –
WISCIV (Wechsler, 2013), co mo, por exemplo, a montagem de cubos, em que os materiais devem estar à
altura do campo de visão da criança. Além disso, a disposição dos materiais e o que deve estar presente
durante a aplicação também merecem cuidados. Diferentemen te do adulto, a criança, e até mesmo o
adolescente, tem mais dificuldade em manter a atenção em um determinado estímulo por um tempo
prolongado. Dessa forma, um ambiente com muitos estímulos desnecessários pode distrair o avaliando,
prejudicando a execução da tarefa. Então, como mencionado por Cunha (2000), a depender da quantidade de
material necessária para a testagem, podese dispor de uma mesa auxiliar para organizar o instrumento e
somente arrumar o ne cessário na mesa principal, como deve ser feito para o WISCIV, cujos materiais
devem estar organizados separadamente, sendo apresentados um a um à criança.
Ainda sobre a aplicação dos testes psicológicos, Cunha (2000) alerta que há uma tendência do
psicólogo a elaborar explicações que ele consi dera mais fácil para a criança compreender, o que se configura
como um desrespeito ao critério de padronização. Aqui é extremamente relevante lembrar que, quando se
trata de teste psicológico aprovado pelo CFP, há um manual que detalha de for ma criteriosa como as
explicações sobre a realização do teste devem ser transmitidas ao avaliando. Tais instruções devem ser
seguidas, pois também foram alvo de pesquisa e análise durante a validade do teste, e modificações na
maneira de explicar podem até mesmo invalidar as interpretações dos resultados. Lembrese que todo teste é
um instrumento padronizado, que deve ser aplicado da mesma maneira em qualquer sujeito, já que formas
diferentes de aplicação e de instrução podem interferir nas respostas. Em síntese, os procedimentos de
aplicação propostos nos manuais dos testes devem ser seguidos de forma rigorosa, a fim de garantir que a
criança ou o adolescente possam compreender, de forma clara, os procedimentos de aplicação. Caso seja
realmente imprescindível modificar a forma de explicar e aplicar o teste, a análise não poderá ser baseada
nas tabelas normativas e nas interpretações padronizadas e validadas para o instrumento, devendo ser
realizada somente uma análise qualitativa da produção do sujeito avaliado, ponderando seu desempenho ao
realizar o teste. Esse tipo de situação, em que há modificação na explicação e na aplicação, tende a ocorrer
em avaliações neuropsicológicas. De acordo com Lezak, Howieson e Loring (2004), essas mudanças são
importantes para esse tipo de avaliação, conforme o quadro clínico apresentado pelo avaliando, e a análise
deve se pautar em observação qualitativa das respostas ao teste, procurando identificar como a pessoa
respondeu e quais foram suas dificuldades e facilidades.
Para ilustrar esse tipo de situação, podese pensar em uma criança que esteja apresentando nível de
desatenção elevado. O psicólogo irá mensurar sua capacidade cognitiva por meio de um teste de inteligência
com 30 itens, em que somente os três primeiros são utilizados para explicar o que a criança deve fazer para
realizar as tarefas e que há tempo limite de duração. Provavelmente, durante a aplicação do teste, o
profissional terá de retomar diversas vezes o que a criança precisa fazer. Nesse sentido, não será possível
avaliála dentro do tempo limite estipulado nas instruções do teste. No entanto, essas duas modificações são
necessárias para que o psicólogo consiga avaliar melhor a capacidade cognitiva, minimizando a influência
da desatenção no desempenho no teste. Assim, mesmo que o resultado obtido não seja comparado aos dos
demais sujeitos da sua idade, justamente porque houve mudanças na aplicação do teste (tempo e instruções),
o avaliador poderá ter informações mais detalhadas sobre a capacidade cognitiva do avaliando, pois, durante
a aplicação, pode observar como a criança raciocina so bre as tarefas.
Além de todos esses cuidados na aplicação, correção e interpretação dos resultados dos testes, há outro
elemento precioso que precede a testagem, que é a conversa inicial, também conhecida pelo termo rapport.
Novamente citando Cunha (2000), não se deve administrar testes ou técnicas sem ter estabelecido uma
conversa inicial. Essa interação inicial tem a função de criar um clima descontraído e de confiança para o
avaliando, o que possibilita uma realização do teste mais genuína, ajudando a diminuir a ansiedade e a
aumentar a atitude de cooperação. Esse momento pode ser mais complicado quando se trata de crianças e
adolescentes, já que a demanda inicial advém de pais, professores e médicos, e não de si próprio. Então, é
importante que o psicólogo saiba conduzir essa conversa inicial, atentando ainda mais para uma postura
acolhedora e compreensiva dessa situação.
Assim como a conversa inicial, as técnicas grá ficas tendem a ser recomendáveis como técni cas
“quebragelo”, especialmente com crianças (Cu nha, 2000). O desenho e outras atividades lú dicas, como
jogos estruturados, atividades com ar gila e brincadeiras com bonecos de pano, são fa miliares às crianças e,
por isso, pouco ansiogê nicas, se comparadas aos testes padronizados. Entre os testes psicológicos, existem
alguns que são de mais fácil aceitação, como é o caso do HTP ou do Desenho da Figura Humana – DFH
(Wechsler, 2003). O HTP é um teste projetivo que também reúne essas características, podendo ser utilizado
no início de uma sessão de testagem (Borsa, 2010). Já o DFH apresentase como uma técnica útil sobretudo
com crianças, pois se trata de uma tarefa não verbal de expressão gráfica (Borsa & Bauermann, 2013). Essas
técnicas também são úteis quando a criança já está cansada, após a realização de testagens mais complexas,
como é o caso do WISCIV. No entanto, Cunha (2000) salienta que a utilização dessas técnicas não deve
preencher toda a sessão, para que não fique a impressão de que todo encontro será preenchido de forma
estritamente lúdica. É importante considerar, porém, casos em que a criança ou o adolescente não dispõem
de condições emocionais ou cognitivas para a realização de um teste, situação que exige o uso de um
número maior de técnicas lúdicas, em detrimento dos testes psi cológicos. Um exemplo claro são os casos de
crianças e adolescentes com déficits cognitivos im portantes e que não conseguem compreender o enunciado
de um teste ou interpretar adequada mente determinado estímulo. Outro exemplo são as avaliações realizadas
com crianças préescola res que contam com um número limitado de testes para sua faixa etária. Testes que
requerem contar histórias também não são indicados para avaliandos com dificuldade significativa na
verbalização. Em todos esses casos, as técnicas lúdicas poderão ser as principais fontes de informação.
Também são comuns casos em que a criança se sente muito mobilizada com determinado conteúdo
presente no estímulo de um teste. Em uma avaliação conduzida pela primeira autora deste capítulo, a criança
foi convidada a responder ao Teste de Apercepção Infantil Figuras de Animais (CATA). Nas figuras cujos
estímulos abordavam a presença da figura materna, a criança colocava as mãos nas orelhas, na tentativa de
tapálas, verbalizando que “aquelas histórias eram feias” e reportando conteúdos de abandono e privação.
Ficou evidente seu sofrimento ante o conteúdo mobilizador e, portanto, optouse por interromper a
aplicação. Essa experiência pode levar a pensar que talvez o CATA não seja o melhor teste a ser aplicado,
por exemplo, com crianças abandonadas e institucionalizadas, dadas suas características. A segunda autora,
em situação de supervisão de estágio, conduziu um caso em que uma criança com 5 anos se recusou a
realizar todos os testes propostos, embora estivesse disposta a brincar com a caixa lúdica. Durante as
brincadeiras, a es tagiária conseguiu obter respostas para diversas perguntas, as quais não seriam possíveis na
aplicação de outros tipos de técnicas. As respostas dadas pela criança eram sempre por meio dos brinquedos
da caixa – por exemplo, manipulando os animais ou os bonecos.
Por meio das questões apresentadas anteriormente, podese perceber que a escolha dos instrumentos e
das técnicas é muito importante para o pro cesso avaliativo. Além de boas escolhas contribuírem para o
acolhimento inicial do avaliando, também é de extrema relevância saber identificar qual instrumento deve
ser utilizado para a investigação da demanda, bem como que tipo e formato de teste são mais adequados
para a situação e para o avaliando. A escolha por um tipo de instrumento deve considerar a demanda trazida
para investigação e as hipóteses levantadas pelo psicólogo durante o processo. Então, somente devese
aplicar um instrumento que avalia habilidades sociais caso essa seja uma demanda inicial ou o psicólogo
perceba dificuldades da criança ou do adolescente nessa área. É importante que o profissional seja assertivo
no momento de plane jar a bateria de instrumentos a ser administrada. Devese sempre optar por
instrumentos que de fato possam cumprir com os objetivos iniciais da avaliação. O psicólogo deve escolher
testes de qualidade, adequados para a faixa etária e a de manda trazida pelo avaliando.
Outros aspectos também devem ser observa dos no tocante à escolha dos testes psicológicos a serem
utilizados. Como descrito por Cunha
(2000), é importante atentar para as características demográficas do avaliando (idade, sexo, nível
sociocultural, entre outras), e também para a presença de condições específicas, como alguma li mitação ou
deficiência permanente ou temporária. A autora cita a questão de o avaliando utilizar óculos ou aparelho
auditivo. Essas variáveis são decisivas na avaliação e na testagem, e muitas vezes passam despercebidas
para o profissional desatento. No trabalho com crianças e adolescentes, esses são aspectos que devem ser
investigados já no início da avaliação, principalmente com crianças, já que se trata de problemas orgânicos
que tendem a ser observados somente quando se inicia a vida escolar. Prejuízos na audição e na visão,
mesmo em tratamento, podem ser obstáculos para a utilização de diversos testes. Por exemplo, uma criança
que usa óculos e que apresenta um grau elevado de miopia poderá ter dificuldade de responder a diversos
testes de inteligência que exigem a percepção de estímulos pequenos, com detalhes que demandam uma boa
acurácia visual. O cuidado com essas questões no início do processo também pode revelar uma demanda
inicial equivocada. Por exemplo, o avaliador recebe uma criança de 6 anos de idade cuja queixa da escola e
dos pais é a dificuldade em aprender a ler e escrever, e parece que com isso também está mais isolada das
demais crianças. Há diversas hipóteses que o avaliador pode investigar. Entre elas, é importante que seja
averiguado se a criança tem algum problema auditivo ou visual e se já consultou algum oftalmologista e
otorrinolaringologista, pois a dificuldade pode estar relacionada a um problema de visão ou audição que, ao
ser tratado, possibilitará melhor desenvolvimento na aprendizagem.
Falando em aprendizagem, também é importante verificar a capacidade de leitura e compreen são de
texto das crianças e adolescentes, principalmente ao utilizar testes psicológicos de au torrelato ou de
desempenho que dependem da in terpretação de textos. Para avaliar a inteligência e a personalidade, dois
construtos sempre importantes, em especial nas crianças, há diversos formatos de testes. Caso seja
observado que a leitura não está bem desenvolvida, é possível utilizar testes expressivos que demandem a
construção de um desenho, o relato de uma história, a observação de figuras para a verificação de
características da personalidade, e testes com figuras geométricas ou pictóricas para mensurar a capacidade
cog nitiva.
Fadiga, falta de atenção e aspectos motivacionais também devem ser considerados. Nas crianças, o
cuidado maior é com o tempo de duração da testagem, pois aquelas com menos idade tendem a cansar mais
rapidamente e apresentam menor capacidade de manter a atenção por muito tempo em uma mesma
atividade. Já com os adolescentes, o aspecto motivacional carece de maior cuidado, principalmente quando
se encontra na sessão contrariado ou obrigado por seus pais ou responsáveis. É necessário atentar à forma
como o avaliando responde ao teste, pois o resultado obtido pode ser advindo de uma atitude negligen te e
não responsável ao realizar a tarefa. Nas técnicas gráficas, por exemplo, é comum que adolescentes
desenhem de forma muito rápida e sem detalhes (p. ex., figuras unidimensionais), de mo do a concluir logo a
tarefa. Também é comum que façam desenhos com elementos impactantes ou que descrevam conteúdos
fantásticos, sarcásticos, agressivos e chocantes, com o objetivo de cha mar a atenção do psicólogo. Em casos
de testes para avaliação cognitiva, a validade dos resultados pode ser totalmente comprometida quando o
avaliando se comporta de forma displicente e desatenta, ou responde de forma aleatória. Instrumentos para a
avaliação de inteligência, por exemplo, podem ser respondidos de maneira apressada, sem que o avaliando,
de fato, complete o raciocínio.
No que se refere aos instrumentos de autorrelato, outra variável merece atenção: a desejabilidade
social. Em avaliações de indicadores emocionais e da personalidade, o avaliando pode não ser sincero em
suas respostas devido a uma alta desejabilidade social, ou seja, as respostas a de terminados itens podem ser
embasadas no julgamento que a pessoa faz de qual resposta é a mais adequada socialmente, e não em seu
próprio comportamento.
De modo geral, os testes de autorrelato de pendem da interpretação dos itens, mas também da percepção
que o sujeito tem de si quando responde a instrumentos que avaliam personalidade e aspectos
socioemocionais. Por exemplo, podese pensar na criança ou no adolescente que irá responder a um teste de
habilidades sociais. Suas respostas serão embasadas na percepção que tem das situações de relacionamentos
interpessoais. Imagine uma afirmação como “Ajudo meus colegas de escola quando eles não compreendem
a matéria”, e, diante de tal frase, a criança precisa atribuir se sempre, às vezes ou nunca ajuda. A resposta
emitida pode ser “sempre”, mas essa é a percepção da criança, que pode ou não condizer com a frequência
desse seu comportamento. Claro que um teste é composto por um conjunto de informações, mas distorções
perceptivas podem ocorrer em diversos itens, e o resultado final poderá não ser o real.
Os cuidados também são válidos quando se trabalha com testes de heterorrelato, ou seja, quando o
instrumento é respondido por outras pessoas que não a própria criança ou adolescente. Ge ralmente, as
pessoas convidadas a preencher esses testes são os pais ou responsáveis e os profes sores. Embora úteis,
esses tipos de testes contam com um importante viés, que é o julgamento de um terceiro sobre o
comportamento da criança ou adolescente. Adultos tendem a avaliar esses comportamentos a partir de seus
próprios valores ou julgamentos, o que, muitas vezes, impede uma avaliação isenta e imparcial. Além disso,
pais tendem a comparar um filho com os outros filhos ou com filhos de seus amigos, ao passo que
professores tendem a avaliar a criança ou o adolescente comparandoos com outros alunos (BenArieh,
2005). Para minimizar os vieses pertinentes aos diferentes testes psicológicos, a melhor opção é unir
informações advindas de diversos informantes e de diferentes métodos e técnicas. Um exemplo de viés
comum nos instrumentos de auto e heterorrelato referese à avaliação dos problemas de comportamento de
crianças e adolescentes. Os comportamentos internalizantes, por serem mais privados e terem menor
repercussão no ambiente, são mais bem avaliados pela própria criança. Já os comportamentos
externalizantes causam mais impacto no ambiente e nas relações interpessoais, portanto, são mais facilmente
observados por terceiros (Borsa, Souza, & Bandeira, 2011; Lins, Alvarenga, Paixão, Almeida, & Costa,
2012).
Sobre a variável socioeconômica e deficiências que a criança ou o adolescente podem apresentar, há
um tipo de teste denominado de provas as sistidas (Linhares, 1995) ou testes dinâmicos (Sternberg &
Grigorenko, 2002). Tais testes são destinados, principalmente, a mensurar capacidades cognitivas, como o
potencial de aprendiza gem, sendo especialmente importantes para crianças que não estão se desenvolvendo
em um con texto com recursos para a aprendizagem e/ou que apresentam alguma dificuldade de
aprendizagem ou deficiência física. Nesse tipo de testagem, há uma situação de aprendizagem durante a
aplicação, e o avaliador pode fornecer à criança diversos tipos de auxílio para a realização da tarefa
(Linhares, 1995). No entanto, no Brasil, apesar de alguns pesquisadores estudarem o tema e até terem
construído testes dinâmicos, é um formato pouco conhecido e que esbarra nos requisitos mí nimos para um
teste ser considerado válido e, por consequência, adequado para uso. A maior di ficuldade encontrada para
esse tipo de teste re ferese aos estudos de normatização, já que são vol tados principalmente para a análise e
interpretação do próprio desempenho do avaliando, o quanto e como ele consegue resolver uma tarefa a
partir de ajudas e das suas dificuldades. Para melhor conhecimento sobre o assunto e os testes dinâmicos
existentes, inclusive construídos pa ra a população brasileira, sugerese a leitura dos livros: Avaliação
cognitiva assistida: fundamen tos, procedimentos e aplicabilidade (Linhares, Es colano, & Enumo, 2006); e
Crianças em risco de desenvolvimento e aprendizagem: atualizações e pesquisas na área da avaliação
assistida ( Enumo, Dias, & Paula, 2014) – que traz, em seu primeiro capítulo, uma relação com toda a
produção nacional sobre o tema (Enumo & Dias, 2014).
Diante do contexto descrito até o momento sobre a testagem psicológica em crianças e adolescentes,
não há como negar o alto grau de complexidade desse procedimento na avaliação psicológica, que é um
processo ainda mais amplo e complexo. Aliado a todos os pontos aqui debatidos, é fundamental que os
testes utilizados apresentem um conjunto robusto de evidências de validade que garantam sua efetividade,
ou seja, que avaliem aquilo que de fato se propõem a avaliar.
Para serem empregados na prática profissio nal por psicólogos, os testes psicológicos preci sam ser
avaliados e aprovados pelo Sistema de Ava liação de Testes Psicológicos (Satepsi). O Sa tepsi é o sistema do
CFP responsável pela elabo ração de critérios de qualidade e a consequente aprova ção dos testes
psicológicos disponíveis no merca do brasileiro. Uma vez que os testes atendam ao con junto de critérios
estabelecidos, é emitido o parecer favorável, indicando a adequação de seu uso no contexto brasileiro.
Atualmente, a lista do Satepsi conta com testes psicológicos para a avaliação de diferentes construtos
psicológicos e des tinados a diferentes públicos e contextos. No entanto, observase que grande parte desses
testes é destinada a adultos. O número de instrumen tos disponíveis para avaliação de crianças e
adolescentes ainda é escasso. Especificamente, observase um número mais restrito de instrumentos
disponíveis para avaliação de crianças em idade préescolar. Essa realidade exige que o psicólogo utilize
outros métodos e técnicas, de modo a buscar informações mais robustas e detalhadas sobre as características
do avaliando.
Um levantamento realizado na página do Satepsi na internet em maio de 2015, especificamente para
este capítulo, mostra que, dos 153 testes psicológicos aprovados para uso do psicólogo, 52 abrangem a faixa
etária dos 2 anos e meio até os 16 anos, sendo que não foi possível verificar a populaçãoalvo de quatro
instrumentos (Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos [Satepsi], 2015). Desses, para a faixa etária
infantojuvenil, 31 são para avaliação da inteligência, da criatividade ou de processos cognitivos básicos; 10
para mensurar personalidade (6 expressivos e 4 escalas); 3 para investigar habilidade social; 2 para estresse;
1 para depressão; 1 para autocontrole; 1 para motivação para aprender; e 1 para autoconceito. Além disso,
há duas escalas de heteroavaliação, uma para a verificação de sintomas do transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade e outra para habilidades sociais, problemas de comportamento e competências na
escola. No entanto, os instrumentos não tendem a avaliar toda a faixa etária infantojuvenil, alguns avaliam
mais crianças e outros adolescentes.
Esse levantamento embasa o que foi dito an teriormente sobre a escassez de instrumentos para a
população préescolar, pois, para crianças abaixo dos 6 anos, há somente oito testes, sendo seis para
mensuração da inteligência ou de processos cognitivos e dois para personalidade (uma escala e um
expressivo). No entanto, para crianças com 4 anos, há três testes; para crianças a partir de 3 anos e 9 meses,
dois testes; e somente um teste que avalia a partir dos 2 anos e meio, sendo todos para a cognição. Essa
situação reforça a necessidade da utilização de técnicas gráficas para essa faixa etária, conforme já apontado
neste capítulo.
Tal panorama indica a necessidade de estudos de validação de novos testes psicológicos que permitam
avaliar outros construtos e que possam ser aplicados em populações específicas, como crianças préescolares
ou jovens com necessidades especiais (deficientes visuais, indivíduos com déficits intelectuais, indivíduos
com altas habilidades e com diferentes disfunções psicomotoras, entre outros). Nesse contexto, pontuase a
urgência de estudos de padronização e normatização de testes psicológicos para os diferentes contextos e
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