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Serra e Serrotes para Marcenaria

Autor: João Carlos Veloso Out, 2016

Resumo: Este texto tem como objetivo explicar as principais características dos serrotes manuais.

Introdução: Quais as ferramentas mais importantes numa marcenaria amadora? Muitos de nós dirão
plainas, formões, martelo, mas e agora, quais destas ferramentas não são precedidas por um
dimensionamento maior da madeira?

Todos nós estudamos nosso planos, seja ele no papel, no computador ou mesmo maluquices de
nossa cabeça, mas aposto que após estes estudos, o correto corte da madeira a ser trabalhada é uma
das primeiras etapas de nosso trabalho.

Os serrotes manuais, hoje em dia, quase renegados


a segundo plano devido à demanda dos clientes por uma
rapidez na execução do projeto, é uma das ferramentas, até
hoje, mais usada por hobbystas e puristas na marcenaria.

O artigo em questão, não tem como objetivo


comparar o uso de ferramentas manuais com as elétricas.
Muito menos dizer qual é mais precisa, uma vez que ambos
necessitam de treino e prática, mas sim exemplicar cada
serrote manual e seus usos.

Travas da lâmina

Uma característica geral a todos os serrotes, seja ele ocidental ou oriental, é o travamento dos
dentes, que pode ser definido como:

“É a alternancia de angulação entre os dentes do serrote, e tem indicação específica para cada
utilização, variando de 1,3 à 1,8x a largura da lâmina.”

Madeiras mais verdes e fibrosas


requerem um travamento maior (de até 1,8x a
espessura da lâmina). Madeiras mais secas e
duras, um travamento menor (acima de 1,3x)
garantindo um melhor acabamento do corte.
Cortes rasos não há necessidade
deste travamento.
Cortes que não saem retos podem
indicar a falta de calibragem neste
travamento, a ser executado com alicate
específico. (vide vídeos na bibliografia)

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Tipos de dentes:

A. Madeiras médias e duras. Rip cut.


B. Madeiras moles, médias e fibrosas. Rip cut. (orientais)
C. Madeiras médias e duras. Cross cut.
D. Indicado para qualquer tipo de corte (serrotes de ponta)
E. Encontrado no mercado brasileiro, porém não é eficaz, indicado
transformá-lo em F.
F. Pequena mudança na afiação de E, mas evita o dobramento das
pontas da mesma.
G. Madeiras moles, médias e fibrosas. Cross cut. (orientais). Comum
também nos serrotes comuns e de costa ocidentais.

SERROTES OCIDENTAIS

Tipos mais comuns, os quais todos aqui tiveram acesso a um ou mais tipos.
Devido à sua afiação, sua ação de corte faz-se ao empurrar o mesmo contra a madeira.

Serrote de Carpinteiro

Fabricado em aço flexível e formato triangular. Cabo geralmente


de madeira.

Recomendado no mínimo dois, sendo um maior (até 26 pol.)


com dentes mais espaçados (até 6ppi para desdobramento de
pranchas) e o menor (até 24 pol.) com maior numero de dentes (até
9ppi) para cross cut.

Quanto menor o serrote, menor deve ser a espessura de sua


lâmina (0.7mm à 1mm) onde o travamento dos dentes entre 1.3 a 1.8x a
espessura da lâmina. (Quanto maior o travamento, mais indicado para
madeiras verdes)

Serrote de Costa

Fabricado em aço e formato retangular. Por


uma menor espessura de lâmina (em torno de 0.7mm)
usa-se um reforço metálico em seu dorso aumentando
sua resistência.

Indicado para cortes de precisão (encaixes)


uma vez que possui um grande número de dentes (10
a 14 ppi) e um menor travamento (1,3x a espessura
da lâmina) garantem um corte mais limpo.

Serrotes deste modelo, porém em menor


escala (costinha), são usados para cortes ainda mais finos e precisos (encaixes de rabo de andorinha -
dovetails)

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Serra de Joalheiro (Arco tico tico)

Composta por uma arco metálico e serras finas e


intercambiáveis, muito indicada em cortes curvos e no interior de peças.
Muito utilizada em trabalhos de marchetaria. Há um projeto bem bacana
na página de Marcenaria Amadora.

Serra São José/ Serra de arco

Considerada por marceneiros mais tradicionais como a


serra mais importante na marcenaria devido à sua versatilidade,
podendo ser aplicada desde o desdobramento de troncos inteiros
assim como cortes para encaixes.
Não é encontrada à venda, mas pode ser feita com lâminas
de serra de fita.

Serrote de ponta

Lâmina muito flexível e sem travamento dos dentes, indicado para corte de cavilhas rentes a
superfície da madeira sem causar defeitos.

SERROTES ORIENTAIS (Japoneses)

Começando a ficar conhecido no ocidentes, são serrotes que realizam o corte em ação de puxar
o mesmo contra a madeira (ao contrário dos ocidentais), e por esta característica, possibilitam uma
menor espessura da lâmina (isso influencia em menor travamento) e consequente cortes mais "limpos".

Serrotes deste modelo, mais antigos, costumam ser afiados por mestres japoneses, embora os
atuais já possuem lâminas substituíveis.

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Ryoba-Noko ou Ryoba

Noko = Serrote
Ryoba = "os dois"

O Ryoba é o serrote mais comum dentre os


japoneses.Possui dentes em ambos os lados da lâmina, daí
seu nome, onde um dos lados com afiação Cross e outro lado
Rip cut. É o equivalente ao nosso serrote comum, utilizado em
trabalhos gerais, mas contra indicado em trabalhos de
precisão (encaixes).

Hozobiki-Noko (Rip cut) e Dozuki-Noko (Cross cut)

Equivalente ao serrote de costa ocidental, possibilitante cortes precisos de encaixes.


Devido à sua ação ao puxar, permite o uso de uma lâmina muito fina e com reforço nas costas do
mesmo.

Hozo = Espiga; Dozuki = Encosto da espiga; biki = puxar.

Azebiki-Noko
Para cortes no meio de pranchas. Não é comum no ocidentes.

Kugihiki-Noko
O equivalente ao nosso serrote de ponta. Utilizado para cortes de cavilhas, borboletas, etc.

Glossário utilizado neste artigo:


Cross cut = corte perpendicular às fibras da madeira.
Rip cut = corte no mesmo sentido às fibras da madeira.

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ppi (ingles) = dentes por polegada.
Conclusões:

- Independente da forma que você escolha trabalhar, seja profissionalmente, hobbista ou amador, a
utilização de ferramentas, quer seja elétricas ou manuais, é uma atitude que requer treino, com o treino
vem a experiência, com a experiência vem a excelência!

- Ao se fazer encaixes, independente de furas, espigas ou mesmo rabo de andorinha, não ficará bom
nas primeiras vezes. É comum os primeiros cortes ficarem tortos e/ou fora de esquadro. Uma correta
escolha do tipo de serrote e sua afiação ideal, assim como o travamento de seus dentes minimiza esses
defeitos.

Referências Bibliográficas:

http://www.badaxetoolworks.com/index.php
http://www.moritoebine.com/Afiacao%20Serrote.pdf
Projeto Marcenaria Amadora - Serra de Joalheiro: https://www.youtube.com/watch?t=18&v=ljzqAgnbL-o
Projeto Paul Sellers - Serra São José: https://www.youtube.com/watch?v=Z4LohjmskEk

Afiação de serrote Paul Sellers - Rip Cut:


https://www.youtube.com/watch?v=UA5DixEaaUo&feature=iv&src_vid=E06aewpmSyQ&annotation_id=a
nnotation_1529181505
Afiação de serrote Lie Nielsen - Cross Cut: https://www.youtube.com/watch?v=tLzbTOPn5d8

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