PEQUENOS CONTEÚDOS CRIATIVOS:

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MARCENARIA
PARA MULHERES
Madeiras naturais,
de onde vêm?
As árvores são formadas por tecidos e canais,
como nós. As partes importantes para nossa
compreensão são: CASCA que protege de
agentes externos, como fungos até às varia-
ções atmosféricas. Pode parecer lógico, mas
isso faz diferença, como no caso da madeira
Teca, bastante resistente por conta de uma
resina natural que a protege. Depois da
casca, vem um conjunto de tecidos cheios de
canais que levam o combustível pela árvore. O
FLOEMA leva açúcares, aminoácidos e outras
substâncias das folhas à raiz. E o XILEMA faz
o caminho contrário. É uma parte úmida. A
parte que mais nos interessa materialmente
é o CERNE. É onde está a madeira mesmo,
um pouco mais dura, mais seca. É o centro,
o coração.
Há também o ALBURNO, parte mais clara ao
redor do CERNE, onde as células estão mais
novas e por fim a MEDULA, ponto de onde a
árvore se desenvolveu. Os veios funcionam
como as veias mesmo, os canais e é possível
vê-las tranquilamente em algumas madeiras
como a Pínus que trabalhamos.
A madeira é um material vivo, mesmo saindo
da mesma árvore, cada parte é diferente e
reage diferente ao trabalho.
Há nós mais visíveis, massas mais densas e
menos densas em única lâmina de madeira.
A sugestão é ir sentindo como ela responde a
cada trabalho.
BOM SABER: O que são Grãs?
São os veios da madeira.
Alguns tipos de
madeiras: naturais
e transformadas
Madeiras transformadas
- MDP: Partículas maiores no meio e menores
nas extremidades. Prensadas com produtos
químicos. Menos resistente. Requer muito
cuidado com uso de água.
- MDF: Fibras menores distribuídas de forma
uniforme, prensada com resina e à quente
também. Há controvérsias sobre ser mais
resistente ou não que os novos MDPs. Requer
muito cuidado com água também. Mais
usada, mais em conta, mais lisa, preferidas
dos marceneiros. Boa aderência para cola,
fórmica e outras coberturas.
- OSB: Tiras de madeiras orientadas. Resis-
tentes e maleáveis. Desacreditada. Muito
usada em construção para proteger cargas
no transporte.
- COMPENSADO: Resistente, versátil.
Vende em pranchas de 2,60 por 1,10. Três
tipos: SARRAFEADO, Sarrafos menores de
madeira maciça que seriam usados como
combustível pra queima, prensadas entre
lâminas de madeira de tipos iguais, mas dife-
rentes do recheio. Tipo um sanduíche com
várias camadas. LAMINADO, mais encontrado
aqui, são lâminas de madeira de tipos iguais
que se intercalam com camadas de resina em
número ímpar, por isso resistente. NAVAL,
compensando com uma proteção química
maior, resina fenólica, que o torna mais prote-
gido contra umidade. Aqui os mais vendidos
são de eucalipto.
Madeiras naturais
- PÍNUS: Versátil, barata, não tão resistente e
menos dura. Vende em lâminas de até 30cm
de largura por 3m de comprimento. É um aglo-
merado com vários tipos de madeira vindas
de pinheiros e outras árvores coníferas, mas
com a mesma denominação. O Pínus mais
presente aqui é o de Pinheiro Americano e do
Paraná. Podem ter nós e cores diferentes.
- TECA: Mais cara. Importada do sul da Ásia.
Já nasce resistente à água por conta de
uma resina natural que a protege e da sua
casca também. Usada em embarcações. Mas
mesmo assim, deve ter ao menos um óleo
protegendo-a.
- MASSARANDUBA OU MAÇARANDUBA;
JEQUITIBÁ, PEROBA ROSA, ROXINHO,
CEDRINHO, JATOBÁ, ARGELIM: São algumas
das madeiras naturais que encontramos por
aqui, são resistentes, porém sem saber a
certificação e origem é preciso repensar o
consumo.
- Todas precisam de proteção, seja de cera,
verniz, menor ou maior grau de cuidado.
Do que precisamos
para trabalhar com
as madeiras
transformadas?
Vamos por etapa...
Segurança
Nunca deixe de usar óculos, máscara,
protetor auricular, avental, luvas para corte
para madeiras mais pesadas. As luvas podem
ser as usadas por eletricistas, pois possuem
a parte superior maleável ajudando nos movi-
mentos.
Plano de corte
Tente desenhar o que você quer fazer. Dese-
nhando cada parte da peça separadamente,
levando em consideração sempre a espessura
da madeira que vai trabalhar. Enumere cada
parte para facilitar a compreensão, crie suas
formas de identificar largura, comprimento e
altura. Antes de pregar cada parte do móvel,
faça uma montagem com as peças soltas,
pois caso haja a necessidade de correção, Observar a direção dos dentes das serras, se
sua peça não ficará marcada pelos furos. cortam pra baixo ou cortam pra cima, isso faz
diferença no acabamento do corte, lembram?
Acessórios
As lâminas das marca Starret são boas, assim
Sargentos tipo “C” que existem em diversas
com as da marca Bosch. As lâminas são encai-
polegadas; Ganchos de plástico; Ganchos tipo
xadas com os dentes pra frente e se encaixam
GRIP; Esquadros; Sargento de 90° (Se houver
também na roldana guia.
disponível no mercado) Trena (Sempre usar
A instalação das lâminas muda em diferentes
a trava da trena); Brocas para madeira (Para
máquinas podendo ser feita pelo sistema de
furo apenas) Ponteiras ou Bits (Para parafuso
clique ou com a ajuda da chavinha tipo “Allen”
apenas) e parafuso. Conhecemos também
que já vêm em determinadas máquinas.
as brocas chatas para fazer furos redondos.
Algumas tem o sistema de rotação da base
Elas existem em tamanhos variados também
para cortar em ângulos de até 45°. Marcas
e o indicado é comprar a que vai usar de
fazem a diferença. Trabalhamos de prefe-
forma específica. Além disso, vimos também
rência com a Dewalt, Makita e Bosch.
a serra-copo um tipo de broca especial para
A máquina Makita com a qual trabalhamos,
furos e círculos como passa fio. A dica é
por exemplo é uma serra tico-tico comum,
marcar com a própria serra-copo onde vai
sem corte orbital. A diferença é que a veloci-
furar, em seguida, furar o centro com uma
dade é constante pra o corte em qualquer tipo
broquinha até vazar do outro lado. Depois
de material e a lâmina faz sempre o mesmo
voltar com a serra-copo começando de um
movimento de cima pra baixo, de baixo pra
lado até a metade da espessura da madeira
cima. Já a serra Dewalt e uma Bosch maior que
e depois do outro lado até encontrar o furo.
usamos na oficina são serras tico-tico orbitais.
Isso evita da madeira desfiar do lado em que a
Além da velocidade comum e constante da
serra-copo sair e o acabamento fica certinho.
máquina, há mais quatro opções de veloci-
Corte dades no tipo orbital, numa chavinha que fica

Usamos dois tipos de serra tico-tico, as na lateral da máquina.

comuns e as orbitais. Mas antes de começar a Geralmente as velocidades orbitais vão de 0

trabalhar com elas, lembre-se que há lâminas a III sendo a velocidade III a mais agressiva
e tipos de lâminas para corte reto e curvo. e o corte mais impreciso por conta da força.
O corte orbital quer dizer que a gente pode
escolher melhor qual velocidade para cada
tipo de material, qual tipo de corte (reto,
circular) e que além do movimento de cima
para baixo e de baixo para cima, a lâmina vai
para frente também, num pequeno movi-
mento “pendular”, por isso também a opção de
corte orbital é chamado de “Avanço pendular”.
A chave estando na posição 0 significa que
não há avanço pendular e o corte deve ser
reto e em materiais mais duros como alumínio
e madeiras maciças. Pode soar contraditório,
mas o corte em materiais duros precisam ser
mais precisos, sem tanta vibração, já que a
lâmina encontra muita massa do material
pela frente.
Caso contrário, a lâmina poderia quebrar,
entortar e danificar a máquina.
O avanço pendular estando nas posições I,
II ou III quer dizer que o corte pode ser feito
em materiais mais macios, como madeiras
leves e ele será bem rápido. O movimento nas
chaves I, II e III fica mais agressivo e impre-
ciso, a lâmina não encontra resistência e
o trabalho se torna bastante ágil. Usamos
pouco o avanço pendular no nosso trabalho,
pois ele foi rápido. Se por acaso decidirem
utilizar uma máquina com opção de corte
orbital/avanço pendular e em trabalhos de
longa duração, considere usar esse tipo de
ajuste.
Precisão e firmeza nessa hora, não força.
É preciso respeitar o tempo da máquina e
não forçá-la pra frente. Lembrem-se sempre
de buscar a base de apoio, nunca deixar a
máquina “flutuando”. A grade presente na
frente das serras protege a mão. Aperte os
sistemas de fixação de lâmina, base, mas não
muito. E lembrem-se sempre de como usar
as duas mãos ao manusear essa ferramenta.
Aproveitem a “testinha” da serra para dar
segurança ao seu trabalho.
Lixamento
O tipo de lixa manual que geralmente usamos
são as de número 120, 150, 220. A dica é
sempre lixar no sentido do veio, com movi-
mentos longos, evitar o sentido “vai e vem”
se for uma madeira que desfia demais, como
a madeira transformada compensado. Outra
dica é envolver a lixa em um pedaço pequeno
de madeira para lixar manualmente com mais
conforto. Quanto menor a numeração, mais
grossa é a lixa.
A lixa manual é boa opção para lixar quinas e
partes estreitas, que ficam afiadas depois do
corte. Já as máquinas manuais são a lixadeira
orbital e rotoorbital. Há também as lixadeiras
de cinta, mas não são indicadas para essa fase
de aprendizado. Usamos na oficina, as lixa-
deiras orbitais, as famosas “Treme-treme”.
Conhecemos a dinâmica da “treme-treme”,
a sucção, base e a importância do gabarito.
Cada uma tem um sistema de como colocar
a lixa, coletor de pó, movimento e barulho.
Não machuca tanto se bater na mão. E como
saber se já é hora de trocar a lixa? Quando ela
começar a ficar esbranquiçada e você sentir
os seus grãos já finos e não mais ásperos
como em todas as lixas novas. Aprendemos
um pouco também sobre a lixadeira a roto-
orbital que a base gira em seu próprio eixo e
o sistema de colocação da lixa é apenas por
velcro. Esse modelo de máquina além de lixar,
serve também para polir. Os discos de lixa
são mais caros e também possuem coletor
de pó acoplado. Não necessita de gabarito de
perfuração.
A força é feita a depender da aspereza da
madeira.
Furadeira e parafusadeira
para madeira
Podemos trabalhar com alguns tipos de
chave de fenda manual, como a Philips/
estrela ou fenda. As elétricas podem ser à
bateria ou com fio. Possuem partes como
Mandril (Aquele bocal que gira) Torque (A
força de rotação e afundamento enumerada)
e botão Reverso para girar nos dois sentidos.
Lembrar da ordem para furar: sempre abrir o
caminho com brocas mais finas que o para-
fuso que você vai usar. Na nossa oficina
usamos broquinhas de furar de 1.8 “ ou 2”
(polegadas) e parafusos de 4 x 4,0 e 4 x 3,0. A
primeira medida 4 é o diâmetro da cabeça do
parafuso e segunda medida 4,0 é o compri-
mento. Deem preferência aos parafusos de
3,5, 4,0 e 4,5 de comprimento, serve para
quase todos os tipos de trabalhos em marce-
naria mais leve. Não se preocupem tanto com
a medida da cabeça do parafuso, não altera
tanto de uma para outra com esses compri-
mentos. Você pode ter a sorte de aparafusar
direto sem rasgar a madeira, mas isso não é
sempre. Não confie na maciez da madeira,
mesmo assim ela pode rasgar, por isso, abrir
o caminho com furo é mesmo um dos princi-
pais segredos.
O outro é usar a máquina apertando o gatilho
“pulsando” e não de forma ininterrupta. Assim,
não acontece do parafuso soltar da sua mão
ou cair. Perceba que nessa hora você precisa
de força à medida que o parafuso vai entrando
e encontrando a outra parte da madeira. Se vir
que a máquina está escorregando é porque
você precisa pulsar mais curto e colocar ainda
mais força no seu movimento ou no torque
da máquina. Cuidado para não estragar as
pontas de suas ponteiras e do seu parafuso.
Se desejar deixar a cabeça do parafuso
mais discreta, escondida na madeira, basta
usar uma escariadora. Abra caminho com a
broquinha fina, use a escaradora e depois
instale o parafuso. Prestar atenção nas pontas
da escariadora de acordo com a cabeça do
parafuso. Lembre-se sempre da posição das
mãos neste tipo de máquina, assim como em
todas as outras.
Há também a possibilidade de esconder com
Cavilhas, aqueles conectores em madeira.
Basta, depois de usar a escariadora, instalar
o parafuso, no buraco aperto colocar cola,
aplicar a cavilha, bater um pouquinho com
martelo e cortar o excesso.
Acabamento dos furos
Se desejar, pode tampar os furos com massa
acrílica, massa de madeira ou pó de serra mais
cola. Nessa última opção, misture bastante
em uma vasilha até a pasta ficar homogênea.
Montagem
Nosso plano de corte foi feito a partir de uma
prancha de madeira Pínus com espessura
variável a depender do aparelhamento feito.
Lembre-se sempre de aparelhar a madeira
natural como essa ao comprá-la em uma
madeireira. Usamos a Pínus com tamanho
de 3m de comprimento por 29cm de largura/
altura. Lembrem-se do modelo que esco-
lheram, dos descontos das espessuras para
prateleira de dentro. No caso do banco, no
tampo utilizamos toda largura e o compri-
mento foi escolhido de forma individual. Já o
apoio tinha o mesmo comprimento do tampo
menos 2x a espessura da tábua.
A altura do apoio ficou entre 15cm e 20cm.
A altura padrão de assentos é de 45cm. Já nas
pernas do banco, os dois retângulos foram
marcados ao meio, tanto na base quanto
no topo. Das extremidades até o centro foi
marcado 8cm de cada lado. A partir da medida
do meio, subiu-se 15 cm. As larguras de 8 cm
foram ligadas a esse ponto central de 15cm
de altura e assim se fez o triângulo típico das
pernas bandeirolas dos móveis. Os parafusos
de 4,5cm de comprimento foram colocados
nas laterais em duas unidades e no tampo
ligando as pernas em 3 unidades de cada lado.
Se sentir necessidade, pode-se instalar mais
parafusos na parte superior do tampo ligando
ao apoio, onde sentamos mesmo. O uso dos
parafusos é pessoal, mas é preciso prestar
atenção à sustentação do móvel sempre.
Acabamento da peça
Nenhuma madeira pode ficar crua por muito
tempo. Se quiser deixar a cor natural, o indi-
cado é seladora ou mesmo algumas demãos
de cola branca. O verniz pode ser à base de
água (mais difícil de encontrar na cidade) ou à
base de solvente e ele sempre muda a cor da
madeira. Se optarem por este último é preciso
utilizar Thinner para limpar e diluir o produto
com Aguarrás de acordo com a indicação do
fabricante. São sempre mais baratos que os
produtos à base de água e são encontrados
mais facilmente. A seladora também segue ar livre, os produtos à base de solvente são
a mesma regra, pode ser encontrada à base mais indicados. Usar rolinho de espuma para
de água ou solvente. A dica é aplicar o mínimo produtos à base de solvente e rolinho de lã
de 3 demãos com lixamento com lixa 220, para base de água. Mas não encontrando este
320, mais finas em cada intervalo e finalizar último, o de espuma serve.
com cera de ou com carnaúba. Se desejar Para finalizar, mesmo os móveis com seladora
pintar e tendo seladora como base, a camada não devem ficar expostos constantemente
dela poder ser aplicada bastante diluída e à sol e à chuva em áreas externas. Para isso,
apenas uma vez. Não é possível aplicar sela- o mais indicado é usar verniz marítimo nas
dora depois verniz por cima da madeira ou peças. E há a opção de laquear as peças com
determinadas tintas. A seladora é um produto pistola, tinta especial pra esse tipo de serviço
“impregnante” fechando os poros da madeira, e verniz PU, outro bastante resistente.
sem deixar nada penetrar em seguida. Já o
Se ainda restar dúvida, acesse meu site
verniz, quanto mais aplicamos, mais camada
www.evamota.com.br, que na aba “Blog”
ele faz. Protege, mas não entra na madeira.
há inúmeros tutoriais de como usar estes
Para quem quiser pintar a madeira crua pode
materiais e trabalho com madeira.
seguir a ordem: Fundo preparador + esmalte
sintético à base água ou solvente; Fundo
preparador + tinta acrílica; Fundo preparador
+ Tinta PVA. Se usar um fundo à base de água,
todo o resto é à base de água.
Se usar à base de solvente, no caso dos
esmaltes, todo o resto à base de solvente. Não
precisa aplicar verniz em cima do esmalte
sintético.
Se optar usar tintas acrílica e PVA é preciso
usar verniz à base de água por cima pra
proteger a pintura, pois essas tintas são
menos indicadas par amadeira. Para pintar
móveis que vão ser bastante “surrados”,
sujados por crianças, ficarem expostos ao
 Estou muito agradecida por nossa troca.
Obrigada por me permitir viver fazendo o que
amo. Você pode acompanhar o meu trabalho e
as datas dos próximos encontros por minhas
redes sociais como o Instagram @evamotas,
a fanpage facebook.com.br/evamotadecor
ou pelo e-mail evamotas@gmail.com

Espero te encontrar em mais uma oficina.

No mais, siga criando com suas próprias mãos.
Isso é revolucionário!

Um beijo e até já!