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FAVI

NELSON GOMES

A TERAPIA DE VIDAS PASSADAS COMO ELEMENTO DA PSICOLOGIA

TRANSPESSOAL

CAMPINAS, SP

2014
1

NELSON GOMES

A TERAPIA DE VIDAS PASSADAS COMO ELEMENTO DA PSICOLOGIA

TRANSPESSOAL

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como exigência parcial

para a obtenção do Certificado de

Pós-graduação Latu Sensu, da FAVI.

Orientadora: MANI ALVAREZ

CAMPINAS, SP

2014
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NELSON GOMES

A TERAPIA DE VIDAS PASSADAS COMO ELEMENTO DA PSICOLOGIA

TRANSPESSOAL

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como exigência parcial

para a obtenção do Certificado de

Pós-graduação Latu Sensu, da FAVI.

Orientadora: MANI ALVAREZ

Data de aprovação:

Banca Examinadora:

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

CAMPINAS, SP

2014
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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela possibilidade que me dá de conviver com pessoas;


entendê-las e por vezes ser entendido!
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“A alma do homem é imortal e num momento chega ao fim – o


que se chama de morte – para nascer outra vez em outro, sem
nunca perecer... Compreendemos então que a Alma é imortal -,
que nasceu muitas vezes, que viu todas as coisas deste mundo e
do Hades e que aprendeu todas as coisas, sem exceção; por
isso, não é de surpreender que ela possa lembrar-se de tudo o
que soube antes sobre a virtude e outras coisas. E como a
natureza é congenérica, não há motivo algum para que não
possamos através da lembrança de uma única coisa - o que
chamamos de aprendizagem -, descobrir todas as outras, se
formos corajosos e não desistirmos da busca; pois parece que
buscar e aprender são apenas uma questão de recordar-se.”

(Platão, Menon 81 B-D, tr. Para o inglês de Hamilton e Cairns)


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RESUMO

A Terapia de Vidas Passadas – TVP como elemento da Psicologia


Transpessoal pode ser considerada uma “ferramenta”a ser utilizada pelo
terapeuta de regressão para contribuir com as pessoas que o procuram para
amenização de diversos males como medos e fobia, problemas de
relacionamento, depressões, vícios, doenças não diagnosticadas pelos
médicos e outros de toda ordem. O propósito desejável é alcançar a cura.
A TVP utiliza-se dos estados incomuns de consciência, de uma maneira geral,
para acessar os dados condensados e “escondidos”no inconsciente. Embora
os estados alterados de consciência possam ser alcançados
espontaneamente, na TVP, é usual recursos como hipnose, relaxamento
profundo e outros.
A essência da TVP está baseada na catarse e no insight e independe da
crença na reencarnação para um resultado positivo.

Palavras-Chave: Catarse, inconsciente, insight, reencarnação, regressão


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ABSTRACT

Past Life Therapy - PLT as part of Transpersonal Psychology can be


considered a "tool" to be used by regression therapist to help with people
looking for cure of many problems as fears and phobias, relationship problems,
depressions, addictions, undiagnosed diseases by doctors and others of all
kinds. The desirable purpose is to achieve a cure.
The PLT utilizes the unusual states of consciousness, in general, to access the
condensed data "hidden" in the unconscious. Although altered states of
consciousness can be achieved spontaneously, the PLT is usual to use
features such as hypnosis, deep relaxation and others.
The essence of PLT is based on catharsis and insight and is independent of
belief in reincarnation for a positive outcome.

Key Words: Catharsis, unconscious, insight, reincarnation, regression.


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................8

1. DESENVOLVIMENTO ............................................................................... 12

1.1. Estados Incomuns de Consciência ................................................. 12

1.2. A Psicologia Transpessoal como base pra a TVP.......................... 17

1.3. Terapia de Vidas Passadas – TVP................................................... 20

2. CONCLUSÃO............................................................................................ 27

3. BIBLIOGRAFIA......................................................................................... 30
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INTRODUÇÃO

A Psicologia tradicional como ciência do comportamento e dos

processos mentais, como instrumento de ajuda a pessoas com problemas

extremamente diversificados, tem experimentado uma dificuldade

avassaladora, para o alcance de resultados. Este aspecto,por vezes, tem

gerado naquelas pessoas que buscam tratamento psicológico, certa dúvida e

porque não dizer descrença, sobre os processos utilizados.

Entretanto, ao longo do tempo, as gerações têm-se permitido entender

com mais assertividade, que existem outros fatores que influenciam o nosso

comportamento e com isso houve uma possibilidade maior para que as

diversas alternativasnesse campo pudessem proliferar.

É certo, queuma quantidade significativa de profissionais têm se

empenhado diuturnamente na busca de opções que possam contribuir para a

solução dos problemas de uma forma mais efetiva.

Essa busca de soluções e paulatinamente o entendimento da influência

de outras variáveis, é que tem dado à ciência do comportamento e dos

processos mentais outras possibilidades ou alternativas, quando se propõe sair

de um lugar comum e enveredar-se por caminhos complexos, mas que

oferecem possibilidades em vários momentos.

O tema que propomos desenvolver por si só é muito intrigante e

desafiador. Entretanto,quero crer que uma atmosfera de dúvidas e esperanças

pode sercriada.
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A Terapia de Vidas Passadas trata da reencarnação como um fato, o

que não é uma crença, é o que afirma Morris Netherton, um dos nomes mais

conceituadosnesta área. O que se tem com certeza é que os povos ocidentais

encaram a reencarnação em termos de oculto e bizarro. Para milhões de

hindus, budistas e jainistas, a reencarnação é parte deseus fundamentos

filosóficos ea ideia de que vivemos mais de uma vez é tão comum para esses

povos como os credos religiosos ocidentais o são. E vejam que eles

representam um terço da população mundial.

Acreditamos que há muitos aspectos em nossa existência que

merecem e precisam ser compreendidos. Hoje, parece que o caminho está

mais aberto, pois a Medicina e a Psicologia começam a entender que existem

outras forças, influenciando todo o sistema. O valor dado à mente, os estudos e

pesquisas nessa área, o reconhecimento da importância vital da

espiritualidade, têm aberto novos horizontes e a certeza de que o caminho a

ser percorrido é muito longo.

As pessoas nascem, vivem e morrem. Todos sabem que mais cedo ou

mais tarde morreremos, só não sabemos o momento. As descobertas vão se

avolumando, mas dúvidas como “Quem somos?”, “O que nos faz amar, odiar,

enganar, acreditar?” ou mesmo“Por que estamos vivendo essa vida?”

continuam sendo questionamentos de difícil resposta. A reencarnação que é

um dos fatores essenciais dos “mistérios” que acompanham a nossa

existência, não é o objeto de estudo e discussão neste trabalho.


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O presente trabalho tem por finalidade apresentar algumas

considerações sobre a Terapia de Vidas Passadas – TVP, como elemento da

Psicologia Transpessoal.

A Psicologia Transpessoal, que é considerada por uma quantidade

significativa de estudiosos, como a quarta força na Psicologia (a primeira a

Behaviorista, a segunda a Psicanalista e a terceira a Humanista). Essa quarta

força traz em suas possibilidades uma gama muito expressiva de “ferramentas”

que têm contribuído de forma positiva para a melhoria da vida das pessoas.

Dentre essas “ferramentas” nesse trabalho vamos dar um

enfoqueespecífico a Terapia de Vidas Passadas – TVP, que como veremos

pode ser uma opção com comprovada validade, para a obtenção de resultados

positivos, seja amenizando sofrimentos e não raras vezes alcançando a cura

desejada.

O assunto é por excelência muito complexo e talvez seja essa

complexidade o grande motivador para todos os que se propõem seguir esse

caminho.Não se pretende nessa oportunidade abrir discussões em torno de

alguns conceitos considerados de alta complexidade e que geram na prática a

necessidade da quebra de algumas crenças ou até mesmo alguns “tabus”,

como é o caso da reencarnação. Entretanto, faremos menção a ela ao longo do

texto, pois para se crer que há vidas passadas, há que se admitir uma possível

reencarnação. Como vamos enfatizar no texto, não há uma obrigatoriedade de

se crer na reencarnação para se tiver sucesso em uma TVP.

Para tanto vamos desenvolver uma breve análise dos estados

incomuns de consciência, que é um elemento base da Psicologia


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Transpessoal,caracterizar alguns aspectos da Psicologia Transpessoal como

base para a TVP e por fimcaracterizar a TVP como “ferramenta” possível de

ser usada para a cura, sem a pretensão de quebrar qualquer paradigma a

respeito.
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1. DESENVOLVIMENTO

1.1. Os Estados Incomuns de Consciência

Há muito tempo a ciência do psiquismo vem olhando com cuidado para

as terapias que, de uma forma ou de outra envolvem estados incomuns de

consciência. Essas terapias têm recebido o reconhecimento das classes

profissionais de saúde em geral e dos psicólogos em particular. Os estados de

consciência transcendental foram por muito tempo relegados à esfera do

imaginário, ilusório, do irreal, da superstição, das crendices e da religião. A

visão que se tinha era que esses estados de consciência eram fantasias e

como uma fuga da realidade.

Atualmente, há uma visão diferente desses estados incomuns de

consciência, principalmente pela possibilidade de acesso àsinformações que

geram conhecimentos sobre os resultados positivos alcançados a partir desses

estados e ainda pela maior difusão de terapias que exploram tais estados de

consciência. Parece que as pessoas passaram a acreditar mais e têm

procurado outros conhecimentos nessa área. Isso com certeza vem

influenciando a importância que os estados incomuns de consciência passaram

a ter para a Psicologia de um modo geral.

Os estados incomuns de consciência recebem outras denominações

como: estados diferenciados, estados não usuais ou não ordinários, estados

transpessoais,estados alterados dentre outras.

Muitos desconhecem, mas é sabido que a Psicanálise teve seu início a

partir de pesquisas desses estados. Freud começou seus estudos clínicos após

estudar com o hipnólogo Charcot e se associar com Josef Breuer. Freud

começou então, a atender com hipnose regressiva juntamente com Breuer,


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com quem fazia parceria nos atendimentos. Uma de suas pacientes, conhecida

como Anna O., sofria sintomas histéricos bem graves. Essa paciente podia

experimentar estados alterados de forma espontânea durante as sessões. Ela

fez regressão de idade e revivia momentos específicos de sua vida. Em seu

livro “Estudos sobre a Histeria” Freud e Breuer abordaram o tema da hipnose

regressiva e do estado de transe, assim como a ab-reação das cargas, como

forma de tratamento de traumas e de neuroses. Mais tarde Freud mudou seu

enfoque e criou a técnica da associação livre, que não necessita de estados

diferenciados. Também deixou de lado a experiênciadireta do trauma e a

catarse substituindo-as pela transferência. De qualquer forma pode-se observar

com clareza como os estados expandidos de consciência lançaram as bases

para a posterior formulação da Psicanálise.

Essas formas de terapia, além de serem mais efetivas do que as

psicoterapias convencionais, são recursos mais diretos para se alcançar os

conteúdos internos que, numa sessão de psicoterapia normal, levariam muito

mais tempo para serem descobertas.

Quando se leva uma pessoa, por exemplo, ao relaxamento e ela relata

estar sentindo uma angústia sem explicação, ou se depara com uma imagem

mental, ou emerge uma lembrança de sua infância, ou mesmo sente uma

pressão no peito, uma sensação de formigamento na cabeça, ou qualquer

outra percepção física ou psíquica, existe nesse processo uma expressão da

sintomática em seu estado “puro”, sem as máscaras ou defesas de sua mente.

Esse é o processo que Stanislav Grof chamou de “radar interno”. O

funcionamento do radar interno tem sido uma grande vantagem das terapias

que lidam com os estados de consciência, pela facilidade com que revelam os
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conteúdos que devem ser tratados, e em muitos casos, essa expressão ou

exteriorização dos conteúdos já tem caráter terapêutico. Isso ocorrepor que o

inconsciente se revela com muito mais clareza dentro de um estado de

consciência alterado. Ao contrário da terapia verbal, em que o discurso altera,

modifica, resiste, mascara, encobre e cria toda uma série de obstáculos que

devem ser transpostos pelo profissional para se chegar ao cerne de uma

questão.

Vamos dar um exemplo até certo ponto rotineiro, imaginando que uma

pessoa procure um psicólogo convencional por conta de uma fobia de

cachorros. O psicólogo começa a fazer uma anamnese longa, e após várias e

várias sessões procura descobrir a origem da fobia. Ele pode também usar

associações de palavras, e ver como cada aspecto do discurso do paciente se

encaixa para montar um quebra cabeças e perceber conexões da fobia com

circunstâncias dolorosas vividas pelo paciente. Apesar de o paciente fazer

todas as associações e descobrir muitos detalhes sobre si mesmo, a fobia

continua existindo e a verdadeira causa ainda não está clara. O psicólogo irá

percorrer um caminho muito longo, dando muitas voltas, fazendo associações

dentro de associações, procurando encontrar, na fala do paciente, os aspectos

envolvidos na fobia e seu simbolismo no comportamento manifesto.

O terapeuta de regressão, por sua vez, assim como o terapeuta

transpessoal que usa técnica de respiração holotrópica, ou mesmo dentro das

diferentes terapias que usam a criação mental e a imaginação ativa, ou mesmo

as terapias que usam o relaxamento, o transe, e diversas técnicas de acesso

direto aos estados de consciência, vão provocar um estado especial onde


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àfobia de cachorro poderá se mostrar mais próxima de sua causa e menos

encoberta pelas defesas psíquicas conscientes.

Um terapeuta de regressão, ao induzir um estado alterado, poderá em

alguns minutos ver que o sujeito estará, por exemplo, falando, de um período

de sua infância, quando tinha 3 ou 4 anos de idade e que foi atacado por vários

cachorros. Ou ainda relatar outras possíveis causas: num momento em que era

abusado pelo seu padrasto, um cachorro apareceu e começou a se esfregar

nele, associando assim um cachorro com algo nojento, aversivo e asqueroso.

Outra possibilidade não menos remota é o estado de consciência alterada lhe

trazer visões de uma de suas vidas passadas, onde se perdeu numa floresta

após uma guerra e teve seu corpo devorado por lobos.

Algumas palavras de Grof elucidam melhor o processo:

“Isso representa uma enorme vantagem em comparação à psicoterapia

verbal, na qual o cliente traz muitas informações de vários tipos e o terapeuta

tem que decidir o que é importante, o que é relevante, onde o cliente está

apresentando bloqueios, e daí por diante. Há um grande número de escolas de

psicoterapia que diferem grandemente em suas opiniões relativas aos

mecanismos básicos da psique humana, às causas e significados dos

sintomas,e à natureza dos mecanismos terapêuticos eficazes. Como não há

concordância geral sobre essas questões teóricas fundamentais, muitas das

interpretações feitas durante a psicoterapia verbal são arbitrárias e

questionáveis. Elas sempre irão refletir a tendência pessoal do terapeuta,

assim como os pontos de vista de sua escola (...). Uma vez que o cliente entra

num estado holotrópico (estado alterado de consciência) o material a ser

processado é escolhido quase automaticamente”.


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A verdade é que já existem algumas abordagens e técnicas aceitas e

reconhecidas pela Psicologia, que utilizam largamente os estados de

consciência alterados. Entre essas técnicas podemos citara Hipnoterapia, o

Treinamento Autógeno, a Programação Neurolinguística, o EMRD (Eye

Movement Desensitization and Reprocessing – Dessensibilização e

Reprocessamento por Movimentos Oculares), a Terapia da Linha do Tempo,

algumas terapias neo-reichianas e bioenergéticas, a imaginação ativa de Jung,

a regressão de idade (até o período fetal), o relaxamento, o relaxamento

progressivo de Jacobson, técnicas de visualização criativa diversas, o

biofeedback, a meditação, as técnicas de sonho lúcido, dentre outros.

Todos esses métodos são baseados no uso de diferentes estados de

consciência e já demonstraram serem eficientes e capazes de gerar efeitos

terapêuticos extremamente positivos.

O que se pretende evidenciar neste breve relato é que os estados

incomuns ou estados alterados de consciência oferecem alternativas seguras e

confiáveis para se alcançar de uma forma mais rápida o material incrustado no

inconsciente e consequentemente oestado de cura.

Cabe aqui ressaltar que não se está desmerecendo de forma

nenhumaas psicoterapias convencionais que são de um valor inestimável, na

prática clínica.

Outro aspecto de relevância é que os estados alterados de consciência

não são provocados apenas por meio de técnicas, isto é, esses estados

ocorrem também de forma espontânea, sem qualquer causa aparente e até

contra a vontade do indivíduo. Esses aspectos são tratados por Grof como

“emergências espirituais”, um termo que caracteriza mudanças repentinas de


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consciência que implicam num processo de crise e posterior transformação

interna.

1.2. A Psicologia Transpessoal como base da TVP

A Psicologia Transpessoal pode ser considerada a base teórica da

própria Terapia de Vidas Passadas. Trata-se de uma abordagem da Psicologia

que tem como objeto de estudo os estados alterados de consciência, na busca

da cura, como meio alternativo.

A Psicologia Transpessoal estuda os mais variados níveis, estratos ou

camadas da consciência, desde o seu desenvolvimento mais rudimentar até

estados de fusão definitiva com a realidade, o divino ou a consciência cósmica.

Os estados de consciência podem ser facilmente identificados na vida

cotidiana, como por exemplo:

• Durante o sono, quando entramos em estados de consciência

com qualidades e atributos diferenciados;

• Quando assistimos à televisão deitado, normalmente

focalizamos nas imagens e podemos atingir estados não

comuns;

• Quando estudamos matemática, as operações lógico-formais

nos estimulam a trabalhar com nossa camada consciente mais

objetiva;

• Quando tomamos banho, muitas vezes nos deleitamos com o

frescor da água e deixamos o fluxo de consciência correr sem

maiores bloqueios, por vezes até perdendo a noção de tempo;


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• Quando nos alimentamos mal ou comemos alguma comida mais

leve, ou entramos em jejum prolongado, isso modifica a nossa

percepção normal das coisas.

Em épocas muito remotas a humanidade já possuía conhecimentos da

realidade transcendente de consciência, por meio do relato de sábios e

místicos de várias épocas.

A teoria Transpessoal, dentro do cenário científico, ao menos em tese,

iniciou-se com Carl Gustav Jung, através de pesquisas com os arquétipose o

inconsciente coletivo. Jung admitia que essas experiências arquetípicas faziam

parte do inconsciente coletivo da humanidade, isto é, uma instância latente do

ser humano que transcendia sua consciência comum e objetiva.

Nos anos 1960, pesquisas de estados alterados de consciência

mostraram uma imagem da psique humana completamente diferente do que se

conhecia e inspiraram uma visão totalmente nova na Psicologia.

Os fundadores da Psicologia Humanista, Abraham Maslow e Anthony

Sutich, tiveram a percepção de que algo ficara de fora na teoria desenvolvida e

admitiram que faltava um elemento extremamente importante – “a dimensão

espiritual da psique humana”.

A partir daí as coisas passaram a ser vistas de uma forma um tanto

quanto diferente. Uma nova cartografia da psique humana é estabelecida, à luz

das pesquisas e experiências que comprovaram que o modelo adotado

pelaPsiquiatria e a Psicologia, limitado à biografia pós-natal e ao inconsciente

individual não mais satisfaziam na sua plenitude.


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Além do modelo tradicional do nível biográfico pós-natal, a nova

cartografia inclui dois grandes domínios adicionais: um chamado de perinatal

em face de sua identificação com o trauma do nascimento biológico. Esse

domínio armazena as lembranças do que o feto viveu nos estágios

consecutivosdo parto, incluindo todas as emoções e sensações físicas

envolvidas. Todas essas sensações foram agrupadas em quatro Matrizes que

Grof denominou de Matrizes Perinatais Básicas de I até IV. (MPB I-IV).

Outro domínioda nova cartografia é chamado de transpessoal, porque

contém matrizes para uma rica variedade de experiências nas quais a

consciênciatranscende os limites do corpo/ego, e os limitescomuns do tempo

linear e do espaço tridimensional. Isso resulta em identificação experiencial

com outras pessoas, grupos de pessoas e outras formas de vida, incluindo

elementos do mundo inorgânico. A transcendência do tempo permite acesso

experiencial a lembranças ancestrais, raciais, coletivas, filogenéticas e

cármicas.

Stanislav Grof desenvolveu pesquisas em diversos níveis -foram mais

de duas mil experiências - e constatou que todo o espectro de experiências foi

também descrito por historiadores, antropólogos e estudantes de religião

comparada, no contexto de vários procedimentos xamânicos, ritos aborígenes

de passagem e cerimônias de cura, mistérios de morte e renascimento, e

dança de transe em religiões extáticas.

Nessas experiências Grof constatou que as memórias relevantes e

outros elementos biográficos não emergem separadamente, mas formam

diversas constelações dinâmicas, as quais ele denominou de Sistemas COEX,

ou Sistemas de Experiências Condensadas. Um Sistema COEX é uma


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constelação dinâmica de memórias (e material de fantasia associado) de

diversos períodos da vida do indivíduo, cujo denominador comum é uma forte

carga emocional da mesma qualidade. O COEX está relacionado diretamente

com o mecanismo perinatal, ou do nascimento e se faz presente em várias

fases, formando conjunções de energias emocionais e sensoriais que devem

ser tratadas. A esse Sistema COEX elaborado e visualizado por Grof, Roger

Woolgerincorporou algumas particularidades como o que ele chamou de

Ressonância Simbólica, quando na prática da terapia conseguia através de um

discurso simbólico conduzir o seu pacientea outros níveis. Éconduzir o paciente

através de palavras, imagens ou estados afetivos a uma memória

profunda,para explorar o inconsciente em busca de histórias.

A Psicologia Transpessoal não se limita ao que aqui foi tratado. O

nosso enfoque está totalmente voltado para a TVP, que vamos discutir no

próximo tópico.

1.3. A Terapia de Vidas Passadas

Acreditamos que existem muitos aspectos da nossa existência que

ainda não começamos a compreendê-los. A Medicina caminha de forma

dinâmica para alcançar novos rumos no tratamento da deteriorização do corpo.

A Psicologia caminha também de forma ativa na busca de outros

conhecimentos sobre a mente. A introdução do conhecimento sobre a

espiritualidade e a sua aceitação e entendimento por vários segmentos,

oferece um campo fértil e abre novas opções para a exploração de aspectos

antes totalmente desconhecidos e renegados a um plano secundário. A


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Terapia de Vidas Passadas é um passo experimental na busca de novos

conhecimentos.

A Terapia de Vidas Passadas (TVP) é uma abordagem terapêutica,

ainda não vinculada à Psicologia e à Medicina, que tem como hipótese

fundamental a realidade do renascimento sucessivo, ou a teoria da

reencarnação.

A Terapia de Vidas Passadas usa técnicas semelhantes à hipnose

regressiva, que tem como propósito regressar no tempo até os primeiros

períodos da vida atual, como infância, nascimento e vida intrauterina. A TVP,

por sua vez, declara ser possível conduzir o ser humano a estados de

consciência anteriores ao nascimento físico e a fase intrauterina, estados que

transcendema perspectiva de sua personalidade atual. A possibilidade de

regressar a vidas passadas tem como objetivoo tratamento de algo ocorrido em

outras existências e que atualmente concorre para algum tipo de sofrimento,

então a TVP atua para alívio de sintomasfísicos e psíquicos. Nesse tipo

detrabalho dizemos que voltamos ao passado, o que é apenas uma figura de

linguagem, pois de fato só podemos nos dirigir ao futuro, e mesmo assim

permaneceremos continuamente no presente. Quando regredimos ao passado

queremos dizer: contatar o passado que carregamos conosco agora. Não

voltamos às experiências passadas e vidas passadas, mas no passado retido,

que carregamos agora.

Todos nós carregamos uma grande porção do passado conosco. Na

verdade, tudo o que vivenciamos. Mas nem tudo está vivo agora. Somente uma

parte de nosso passado está conectada com nossa personalidade presente

que pensa, sente, pretende e age hoje. A terapia do tipo TVP é


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necessáriaquando o passado nos faz doentes. Quando o presentenos faz

doentes podemos precisar de remédio, fisioterapia, aconselhamento ou uma

mudança da situação atual.

A Terapia de Vidas Passadas trabalha com o pressuposto de que

muitas experiências originárias de encarnações passadas (vidas passadas)

podem ter criado marcas profundas em nosso psiquismo. Essas marcas podem

ter sua formação em certos momentos durante a vida ou no momento da

morte. Com a amnésia pós-nascimento da vida seguinte, a memória da pessoa

fica velada, mas as repercussões decorrentes das marcas deixadas de vidas

passadas continuam ressoando em seu ser, gerando múltiplos e variados

problemas, como dores, fobias, traumas, angústia, ansiedade, sintomas físicos

e emocionais, principalmente gerando males que a medicina não consegue

identificar com os recursos que dispõe.

Os pilares do tratamento da TVP são a catarse e o insight. Catarse é a

descarga de energias emocionais e psíquicas não elaboradas e não digeridas

do passado recente ou remoto. Insight é uma compreensão súbita e inefável de

uma grande verdade sobre nós mesmos, uma percepção panorâmica de nossa

condição, algo que muda radicalmente nossa visão de perspectiva. Tanto a

catarse como o insight são elementos-chave para que ocorra o alívio dos

sintomas e o autoconhecimento.

A TVP é considerada por muitos como uma expansão da Terapia de

Regressão. Entretanto,essa visão precisa ser melhor entendida, pois vai um

pouco mais além disso. A TVP trata das personalidades do passado

encarnatório, trata dos complexos ou subpersonalidades das pessoas (parte

dissociada do eu atual) e também pode tratar de entidades obsessoras


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possessoras. É o que alguns autores chamam de “presenças” espirituais. Há

muitas evidências clínicas de que boa parte dos problemas enfrentados pelo

ser humano sejam reforçados e alimentados pelo que se denominam “más

companhias” espirituais.

O objetivo da TVP não é apenas conhecer intelectualmente o passado

de uma pessoa, além da sua vida atual. Durante a regressão, de uma maneira

geral,o processo requer um estado alterado que permita atravessar novamente

uma situação, revivenciar, reatualizar os eventos passados e senti-los com

grande intensidade, sem, no entanto, perder as referências da mente objetiva

atual e mantendo a consciência durante todo processo. Diz-se que a

intensidade da experiência, seja ela física emocional ou psíquica, é

proporcional ao efeito terapêutico. Essa revivência é como um psicodrama, isto

é, uma retomada do drama inicial reproduzido pelo nosso psiquismo.

A TVP pode tratar várias fases da vida de uma pessoa ou vidas

passadas. A fase adulta, a adolescência, a infância, o nascimento, a fase

intrauterina, o plano de vida, o espaço entre vidas, as vidas passadas, a morte

na vida passada, dentre outras possibilidades. Os hipnotizadores que

trabalham com a regressão de idade (sem a hipótese das vidas passadas),

muitas vezes ouvem relatos dos seus clientes, que aparentam ser

reminiscências de vidas passadas.

O paciente que se submete à TVP não precisa ter qualquer crença em

reencarnação, nem em vida após a morte. Pode mesmo não ter qualquer

crença religiosa. Mesmo assim os efeitos terapêuticos se fazem presentes.

As pessoas procuram a regressão pelos mais variados motivos. Um

percentual muito reduzido procura a TVP apenas por curiosidade ou para saber
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quem eram no passado. Entretanto, uma pesquisa conduzida por instituições

americanas revelou que alguns motivos comuns da procura desse tipo de

terapia são:

• Medos e fobias.

• Problemas de relacionamento.

• Depressões.

• Sintomas físicos sem explicação médica ou que não respondem a

nenhum tratamento medicamentoso.

• Problemas sexuais.

• Vícios.

• Obesidade e transtornos alimentares.

Inúmeros profissionais, como Médicos, Psicólogos e outros estudiosos,

contribuíram, ao longo do tempo, para a criação de uma cultura capaz de fazer

entender e crer na possibilidade de uma Terapia de Vidas Passadas, sob um

enfoque voltado exclusivamente para a ajuda àquelas pessoas necessitadas.

Entretanto, a literatura sobre esse assunto ainda não é a mais abundante.

Nesse trabalho não temos a pretensão de fazer referência a todos, o

que seria humanamente impossível. Entretanto, vou me reportar a quatro

personalidades que temos estudado com certa profundidade e que

contribuíram de forma significativa para uma melhor compreensão e

credibilidade da TVP.

Morris Netherton é um dos principais autores da Terapia de Vidas

Passadas. Foi doutor em Psicologia, de formação protestante e se voltou para

a espiritualidade após um sonho repetido onde se encontrava numa


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embarcação que afundou no mar. Realizou a regressão e reviveu essa mesma

vida em que o barco naufragou e ele morreu por afogamento. A história é longa

e cativante, mas só para o entendimento, após um tempo de investigação

conseguiu provas de que viveu de fato em outra vida. Para Netherton, a TVP

não está associada ao ocultismo. Ele considera que o mais importante não é

saberse é ou não uma vida passada, mas sim se a terapia desenvolvida

funciona ou não. Sempre afirmou que a sua prioridade não era a comprovação

da reencarnação, mas o alívio dos males e a cura.

Roger Woolger um psicólogo de linha junguiana, foi considerado um

dos maiores expoentes em TVP no mundo. Criou uma metodologia conhecida

como Deep Memory Process – (Processo de Memória Profunda), muito

reconhecida pelos resultados apresentados. O exemplo de Morris Netherton

teve uma comprovação de vidas passadas, em face de um fato ocorrido com

ele e a partir de então, ele que tinha muitas dúvidas sobre o assunto, passou a

considerar a possibilidade da reencarnação.

Hans Tendam, de origem holandesa, pedagogo e psicólogo afirma que

a TVP tem como propósito a catarse, como forma de limpeza, libertação e

purificação. O seu livro “Cura Profunda” é considerado um verdadeiro manual

de TVP.

Stanislav Grof é de uma geração mais recente, tcheco de origem,

formado em Psiquiatria, radicado nos Estados Unidos, desenvolveuuma série

de pesquisas e experiências com LSD na busca de dados e aspectos que

pudessem comprovar a existência de vidas passadas. Enfatiza em um de seus

livros “A Aventura da Autodescoberta”, que em face dos aspectos que

envolvem a transpessoalidade os fenômenos que ocorrem não podem ser


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explicados adequadamente pela ciência mecanicista e representa um desafio

conceitual para omundo ocidental.

Finalmente, gostaríamos de fazer referência a um dos fatores mais

importantes, não apenas na Terapia de Vidas Passadas, mas na prática

quotidiana do terapeuta, que é a Confiança. A confiança é a condição básica

de uma sessão catártica. Quando uma sessão constrói uma pirâmide, sua base

é formada pelo quadro da confiança. Para que uma terapia tenha sucesso, a

base está na autoconfiança do paciente, autoconfiança do terapeuta, na

confiança do paciente no terapeuta e na confiança do terapeuta no paciente.

Esses quatro lados formam um quadrado, e sobre essa base começa-se a

construir. “A cura não está baseada na simpatia, mas sim na confiança.

Quando esse quadrado é firme, podemos atravessar o inferno juntos”, diz Hans

Tendam.
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2. CONCLUSÃO

O desenvolvimento deste tema talvez possa ter trazido uma

expectativa de curiosidade para aqueles não familiarizados com o assunto e de

reflexão para outros que já possuem algum conhecimento, em torno de

aspectos que merecem um estudo mais aprofundado e o entendimento do

processo de vida como um todo.

A Psicologia Transpessoal é um fato. Hoje não se discute mais a sua

importânciae à medida que as coisas vão ocorrendo na vida das pessoas e

elas têm interesse em conhecer e entender essas coisas e buscam as

explicações para o que ocorre, descobrem que as coisas não acontecem por

acaso e podem ter ligações com épocas, não raras vezes, muito distantes,

outras vidas, por exemplo.

Como elemento da Psicologia Transpessoal, a Terapia de Vidas

Passadas pode ocorrer, como vimos, através de estados incomuns de

consciência. A prática da TVP, a técnica propriamente dita, não foi aqui

explorada, nem era objeto do estudo. O assunto é de uma amplitude

inimaginável; existem inúmeras variáveis em cada caso e só isso poderia ser o

ensejo para um livro.

O que nos propusemos foi caracterizar a TVP como uma “ferramenta”

que pode ser utilizada pelo terapeuta de regressão, independente da crença

em reencarnação pelo seu paciente, pois como dizia Morris Netherton, o que

interessa é o resultado obtido, isto é, a cura.

Encerramos este trabalho com algumas palavras de Stanislav Grof de

seu livro “BeyondDeath” – Além da Morte -como um pensamento voltado para

os dias atuais.
28

“Ao longo do rápido desenvolvimento da ciência materialista, as

crenças antigas e os conceitos da religião esotérica foram qualificados de

absurdos e ingênuos. Apenas agora é que estamos aptos a entender que

aquelas mitologias e conceitos de Deus, do céu e do inferno, não são

referências temporais ou geográficas, nem tem relação direta com entidades

físicas e que, ao contrário, são realidades psíquicas experimentadas em estado

de consciência alterada. Estas realidades são parte intrínseca da

personalidade humana que não pode ser reprimida nem ser negada, sob pena

de provocar danos profundos sobre a qualidade de vida humana. Deve-se

aceitar, conhecer, explorar, com objetivo de possibilitar a expressão completa

da natureza humana. As descrições tradicionais da outra vida podem nos servir

como guia para esta exploração.

Hoje existe evidência clínica, que apoia as ideias da religião e da

mitologia, de que a morte biológica é o começo de uma aventura. Os “planos”

das fases iniciais desta aventura provenientes da mitologia escatológica

demonstram ser muito exatos, (embora não se tenha a certeza de que as

descrições das fases seguintes sejam igualmente exatas). No entanto, esta

perene sabedoria que tem a ver com a morte dispõe de outra dimensão

imediata e verificável: a sua importância para a vida.

O encontro com a morte, num contexto ritual ou produzido por uma

crise emocional ou psíquica, pode eliminar o medo da morte e levar à

transformação na vida; isto é, a um modo de vida mais enriquecedor e

satisfatório para a pessoa. (...)

“A tradição tibetana insiste na grande importância de uma vida

dedicada ao aprendizado e à preparação para distinguir a luz clara da verdade


29

dos estados imaginários de existência apagada, de modo que, na confusão

imediatamenteposterior à morte, ainda e mais uma vez possa-se estabelecer

esta diferenciação. Para a tradição tibetana, bem como para muitas outras

tradições, o “modo”é viver a própria vida com pleno conhecimento da morte, e

a “meta”é morrer consciente. Esta maneira de entender a relação existente

entrea vida e a morte põeem relevo a atitude negativa perante a aventura da

morte que os ocidentais sustentaram com tanta firmeza nos últimos tempos.”
30

3. BIBLIOGRAFIA

DETHLEFSEN, Thorwald, A Regressão a Vidas Passadas como Método de

Cura. 10.ed. São Paulo: Editora Pensamento Ltda, 1997.

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Editora Pensamento-Cultrix Ltda, 2011.

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31

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Pensamento-Cultrix Ltda , 2012.

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