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POLIANA LOVERBECK CREMONIN

MANUAL DO
CONSTELADOR

SÉRIE COMO CURAR AS DORES DA ALMA Nº 002

Um guia fácil para pessoas que querem seguir carreira e trabalhar com
Constelação Familiar Sistêmica e também pessoas que buscam
desenvolvimento pessoal alinhando as principais áreas da vida como
relacionamentos, saúde,
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profissão e dinheiro.
relacionamentos, saúde, profissão e dinheiro.
Poliana é Enfermeira há 16 anos,
trabalha há 12 anos com comunidades
indígenas e se dedica também em dar
aulas, treinamentos, cursos e eventos
na área da saúde e desenvolvimento
pessoal.

Atualmente vem trabalhando como


Facilitadora e Consteladora Familiar
Sistêmica através do atendimento
Individual/Casal/Grupo (Presencial e
On-line), Coaching Sistêmica (Pessoal e
Profissional), Mentoring Sistêmica, Reiki
I e Toque Terapêutico.

INSTAGRAN:
@poliloverbeck.consteladora

Poliana Loverbeck
Constelação Familiar Sistêmica – SBDI (Sociedade Brasileira de Direito
Sistêmico)
Especialização em Constelação Familiar Sistêmica com a Técnica de
Bonecos (Instituto Vera Bassoi)

Coaching Sistêmica - Pessoal e Profissional (Escola de Heróis e outros)

Mentoring Sistêmica
Reiki (Nível I – Título Internacional)

Toque Terapêutico
Enfermeira

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Prezados (as),

O Manual do Constelador nos permite aprimorar nosso processo de aprendizagem sobre


as Constelações Familiares Sistêmicas, como também fortalecer nosso espírito para o
alcance da cura da alma. E nesta caminhada, precisaremos de perseverança, senso de
compromisso, dedicação entrosamento e responsabilidade.

É com esse espírito e com amor pela Constelação Familiar, que disponibilizamos este
material e esperamos também que todos nós possamos nos apropriar dos
conhecimentos que serão traçados e acreditando que cada um possa galgar passos
maiores, trilhando novos caminhos e transformando-os.

Gratidão!

Poliana Loverbeck Cremonin

Contato: (11) 96779-3360

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SUMÁRIO

1 – Introdução

2 – O papel do Constelador

3 – Dar e receber na mesma medida

4 – Os nossos relacionamentos

5 – O amor interrompido

6 – A prosperidade e nossas crenças limitantes

7 – O amor que adoece é o mesmo que cura

8 – Atuação e a Prática do Constelador

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

*Material elaborado por: Poliana Loverbeck Cremonin. Qualquer meio de replicação deverá ser constado as referências
bibliográficas.

CREMONIN; P. L. Manual do Constelador. Série: Como curar as dores da alma nº02. São Paulo-SP. 2021.

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1 – INTRODUÇÃO

A Constelação Familiar é uma técnica psicoterapêutica, sistêmica, breve e de


natureza fenomenológica criada pelo alemão Bert Hellinger. Através da Constelação é
possível identificar dinâmicas disfuncionais que ocorrem dentro de um sistema familiar
as quais atuam de maneira inconsciente em nossas vidas. Assim, podemos observar
passos necessários rumo a uma solução.
De acordo com Villa do Bem (2020):

Constelação

Refere-se ao método onde as pessoas são posicionadas em um espaço como representantes dos elementos
de um sistema. O nome “constelação” ainda foi influenciado pela tradução do nome original em
alemão, Familienaufstellung, que literalmente significaria “representação familiar”. Entretanto, o verbo
“stellen” em alemão teve sua primeira tradução para o inglês como “constellate” que representa
posicionar certos elementos numa dada configuração.

Sistêmica

Envolve não apenas o cliente, mas também todo o sistema ao qual ele está inserido. Neste contexto,
considera-se sistema tudo o que é formado por mais de uma pessoa onde exista uma influência mútua.
Por exemplo uma família, uma empresa, um país etc.

Breve

Esta terapia em si pode durar pouco mais de uma hora. Breve do ponto de vista da ação terapêutica, mas
longa nos efeitos do tratamento, que podem reverberar por anos atuando em todo o sistema.

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Fenomenológica

Cada um de nós traz em si todo o contexto do seu sistema principal, seu sistema familiar. E toda essa
história de vida de cada um destes membros de um sistema, estão armazenadas em um “local”. A ciência
o chama de campo morfogenético, ou campo mórfico.

A abordagem fenomenológica busca reunir as múltiplas observações sobre o comportamento de


diversas pessoas, buscando similaridades e categorias comuns para formar conceitos. Bert não se atém às
interpretações, mas às soluções. Por isso, ele pula os porquês, dando ênfase apenas ao modo como o caso
se elucidou, preservando o fato de que cada pessoa é única e singular. Assim, investigando aquilo que se
apresenta na prática, observou que padrões de comportamento se repetem nos sistemas familiares ao
longo de gerações (Vittude, 2020).

Nesses estudos realizados por Bert Hellinger e dentro de uma dinâmica de constelação, buscamos
soluções por meio das Ordens do amor, que foi descoberta por ele e chegou-se a 3 princípios que
entremeiam nossas relações: Pertencimento, Ordem e Equilíbrio.

– Pertencimento, onde todo membro de um sistema tem o mesmo direito de pertencer. Ninguém pode
ficar de fora;

– Ordem, que significa que aqueles que vieram antes tem precedência sobre os que vieram depois;

– Equilíbrio entre dar e receber, que busca uma compensação entre as relações destes membros.

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2 – O PAPEL DO CONSTELADOR

Nas Constelações Sistêmicas é preciso deixar de lado a consciência pessoal. Para


se encontrar a solução, deve-se abandonar a consciência individual e ir além, além
inclusive do bem e do mal. O trabalho sistêmico fenomenológico possibilita uma nova
percepção, que às vezes nos chega por meio dos sentidos e não necessariamente da
compreensão e da razão. Ele nos faz olhar para algo, nos permitindo ser tocados por
aquilo, mesmo que nossa mente não entenda. Para sair da consciência pessoal e ir para
a consciência grupal é preciso deixar de lado crenças, conceitos, verdades e até mesmo
a consciência pessoal (BRAGA, 2009).
O trabalho com Constelações Sistêmicas nos permite acessar algo que está
presente no sistema e que muitas vezes não é compreendido, nem percebido sem se
observar o todo. É um trabalho que se ocupa de questões relacionadas a
emaranhamentos sistêmicos. Ao pensar no tipo de questões que são trazidas pelos
clientes, é possível abranger duas ordens de problemas: os psicológicos /
psicopedagógicos e os sistêmicos. Os psicológicos implicam as dificuldades de uma
pessoa na vida, de um modo geral, e quando tratados em terapias convencionais,
ganham melhoras. Os psicopedagógicos são aqueles que tratam das dificuldades de
aprendizagem e de ensinarem, e que também ganham melhoras com o atendimento
psicopedagógico. Os sistêmicos, no entanto, são "resistentes" às terapias, ou seja,
mesmo com um tratamento psicológico de longo prazo, com um atendimento
psicopedagógico onde os pais também colaboram, permanecem sem grandes melhoras
(BRAGA, 2009).

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3 – DAR E RECEBER NA MESMA MEDIDA

Segundo Hellinger (2005) ajudar é uma arte. Como toda arte, faz parte dela uma faculdade que
pode ser aprendida e praticada. Também faz parte dela uma sensibilidade para compreender aquele que
procura ajuda; portanto, a compreensão daquilo que lhe é adequado e, simultaneamente, daquilo que o
ergue, acima de si mesmo, para algo mais abrangente.
Todos nós, dependemos de uma forma ou de outra da ajuda de outra pessoa, isso faz parte até
mesmo para nosso desenvolvimento. Além da gente ser ajudado, temos que ajudar também, tem que haver
uma troca nas relações para que ocorra um equilíbrio. Eu ajudo e você me ajuda, ocorrendo assim uma
reciprocidade mútua.
Para nós, muitas vezes a compensação através da retribuição só é possível de uma forma limitada,
por exemplo, em relação a nossos pais. O que eles nos presentearam é grande demais para que possamos
compensar, retribuindo com algo. Assim, só nos resta, em relação a eles, o reconhecimento pelo presente
que nos deram e o agradecimento que vem do coração. A compensação através da retribuição e o
consequente alívio só se consegue quando se passa isso adiante, por exemplo, aos próprios filhos.
Portanto, o tomar e o dar acontecem em dois níveis. O primeiro, que ocorre entre pessoas equiparadas,
permanece no mesmo nível e exige reciprocidade. No outro, entre pais e filhos ou entre superiores e
necessitados, existe um desnível. Tomar e dar se assemelha aqui a um rio que leva adiante o que recebe
em si. Este tomar e dar é maior. Tem em vista o que vem depois. O ajudar dessa maneira aumenta o que
foi presenteado. Aquele que ajuda é tomado e inserido em algo maior, mais rico e duradouro. Essa ajuda
pressupõe que, primeiro, nós próprios tenhamos recebido e tomado. Somente assim teremos a necessidade
e a força de ajudar outros, principalmente quando essa ajuda exige muito de nós. Ao mesmo tempo,
pressupõe que aqueles que queremos ajudar também necessitam e desejam aquilo que podemos e
queremos dar a eles. Caso contrário, a nossa ajuda se perde no vazio. Separa, ao invés de unir
(HELLINGER, 2005).

Hellinger (2005) descreve sobre 5 (cinco) ordens da ajuda:

1) Primeira Ordem da Ajuda: Consiste em dar o que se tem e somente esperar e tomar o que se
necessita.

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A primeira desordem da ajuda começa quando uma pessoa quer dar o que não tem, e a outra quer
tomar algo de que não precisa. Ou quando uma pessoa espera e exige da outra algo que ela não pode dar,
porque ela mesma não tem. Também ocorre quando uma pessoa não pode dar algo, porque com isso
tiraria da outra algo que só ela pode ou deve carregar e fazer. Portanto, existem limites no dar e tomar.
Pertence à arte da ajuda percebê-los e se submeter a eles.

2) Segunda Ordem da Ajuda: A ajuda está a serviço da sobrevivência, por um lado, e da evolução e
crescimento, por outro. A sobrevivência, a evolução e o crescimento dependem de circunstâncias
especiais, tanto externas quanto internas. Muitas circunstâncias externas são preestabelecidas e
inalteráveis, por exemplo, uma doença hereditária ou consequências de acontecimentos; da própria
culpa ou da culpa de outras pessoas. Quando a ajuda desconsidera as circunstâncias externas ou não
as admite, está fadada ao fracasso. Para muitos ajudantes pode ser que o destino do outro pareça ser
difícil e por isso querem mudá-lo. Entretanto, muitas vezes, não porque o outro precise ou queira,
mas porque os próprios ajudantes não conseguem suportar esse destino. E quando o outro, mesmo
assim, se deixa ajudar por eles, não é tanto porque precise disso, mas porque deseja ajudar o ajudante.
Então, essa ajuda se torna tomar e o tomar a ajuda, doar. Portanto, a segunda ordem da ajuda é nos
submetermos às circunstâncias e somente interferir e apoiar à medida que elas o permitirem. Essa
ajuda é discreta e tem força.

A desordem da ajuda seria, aqui, negarmos ou encobrirmos as circunstâncias, ao invés de olhá-las


juntamente com aquele que procura ajuda. O querer ajudar contra as circunstâncias enfraquece tanto o
ajudante quanto aquele que espera ajuda ou a quem ela é oferecida ou, até mesmo, imposta.

3) Terceira Ordem da Ajuda: está relacionada a maturidade, tanto ao outro, como a nós mesmos, para
isso é necessário assumir uma postura mais adulta e fazer o outro agir de acordo com ela no
relacionamento. Quando formos ajudar alguém, devemos tratá-lo como o adulto que é, reconhecendo
seu potencial sem interferências e trabalhar para conquistar qualquer mudança. Isso fará que a pessoa
amadureça e deixa-o mais consciente.

A desordem da ajuda aqui é permitir que um adulto faça reivindicações ao ajudante como uma
criança aos seus pais, e que o ajudante trate o cliente como uma criança, para poupá-lo de algo que ele
mesmo precisa e deve carregar — a responsabilidade e as consequências.

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4) Quarta Ordem da Ajuda: faz a gente olhar de maneira mais completa e sistêmica, que vai além do
próprio indivíduo, devemos assistir sua relação com quem está mais próximo, especialmente a
família, é ter a visão que este indivídio faz parte de uma família. Somente quando o ajudante o percebe
como uma parte de sua família é que ele percebe de quem o cliente precisa e a quem ele talvez deva
algo. Logo que o ajudante o vê junto com seus pais e ancestrais e talvez, também, com o seu parceiro
e seus filhos, ele o percebe realmente. Percebe também quem nessa família precisa, em particular, de
seu respeito e ajuda e a quem o cliente precisa se dirigir para reconhecer os passos decisivos e
caminhar.

A desordem da ajuda seria, aqui, se outras pessoas essenciais que, por assim dizer, têm nas mãos
a chave para a solução, não fossem olhadas e honradas. A elas pertencem sobretudo as pessoas que foram
excluídas da família, por exemplo, porque os outros se envergonharam delas. Também aqui o grande
perigo é que essa empatia sistêmica seja sentida como dura pelo cliente, principalmente por aqueles que
fazem reivindicações infantis ao ajudante. Pelo contrário, aquele que procura uma solução, de maneira
adulta, sente o procedimento sistêmico como uma libertação e uma fonte de força.

5) Quinta Ordem da Ajuda: devemos respeitar a história de cada pessoa, amando-a sem
impedimentos, da forma verdadeira como elas são e entendendo os caminhos que tomaram em suas
vidas. A quinta ordem da ajuda é, portanto, o amor a cada um como ele é, por mais que ele seja
diferente de mim. Dessa forma, o ajudante abre-lhe seu coração, tornando-se parte dele. Aquilo que
se reconciliou em seu coração, também pode se reconciliar no sistema do cliente.

A desordem da ajuda seria aqui o julgamento sobre outros, que geralmente é uma condenação, e
a indignação moral ligada a isso. Quem realmente ajuda, não julga. Precisamos evitar as reprovações,
julgamentos contínuos, desprezo moral e críticas.

Aprendemos assim que a ordem é equilibrada e que quando algo está equilibrado se completa e se
sustenta.

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4 – OS NOSSOS RELACIONAMENTOS

Bert Hellinger (2012) em seu livro “O Amor do Espírito”, diz : “ O relacionamento de casal
começa de uma maneira bem comum. Um homem precisa de uma mulher e uma mulher precisa de um
homem para que possam se sentir inteiros. O que é um homem sem uma mulher? Vocês poderão ver isso
também aqui comigo. E o que é uma mulher sem um homem? Ela se sente incompleta. E é claro que um
homem solteiro pode se sentir inteiro, se tiver a mulher em seu coração e honrá-la, principalmente a
própria mãe. O mesmo ocorre com a mulher que precisa viver sozinha, quando respeita o masculino e os
homens torna-se respeito.”
Para aprofundarmos no relacionamento de casal, temos que ter em mente todos esses conceitos da
ordem da ajuda nos oferecem desde que surgimos em nossa família e também nossos ancestrais. Um
relacionamento só será equilibrado quando tudo isso for entendido e respeitado. Algumas metas e
circunstâncias acabam mudando e então a ordem também muda, precisando assim entrar em um novo
equilíbrio.
Um casal para dar certo, precisa ter uma sincronicidade quanto a que se espera um do outro com
relação a vida, querem construir algo? Querem segurança? O que esperam fazer juntos? Duas pessoas que
desejam estar juntos precisam reconhecer ao outro e respeitar exatamente como ele é.
O que se observa cada vez mais são as pessoas que se encontram e nutrem esperanças de que a
outra pessoa vai mudar seu jeito de ser e na verdade a essência nunca muda, trazendo ao longo do tempo
diferenças que podem trazem a infelicidade a ambos.

“Certa vez eu estava fazendo um exercício onde se pretendia observar em


uma empresa qual seria o melhor caminho, continuar onde estava ou mudar
e investir em crescimento. O chefe da empresa o marido foi colocado no
campo, no entanto quando começamos o homem suavemente olhou por
cima de seu ombro para sua mulher, e assim resolvi experimentar algo
coloquei a esposa no campo e ela foi para seu lado e ambos uniram as mãos
e seguiram fortes e dinâmica essencial para decisão estava na união dos
dois e assim o necessário se mostrou.
Uns meses depois os dois deram o passo tão esperado e estão construindo
o crescimento para seu futuro” (Fonte: Movimento Sistêmico).

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Como um casal pode fazer isso? Com tanto amor e carinho que se pode observar através de um
olhar, através do respeito e unicidade de propósitos, somente assim podem seguir em frente.
Esse mesmo olhar sempre me encantou em Bert e Sophie Hellinger, um olhar de admiração e
cumplicidade que se vê nos gestos mais simples e que trazem à tona o essencial, e que vejo em tantos
casais alegra profundamente.
Esse amor Através do respeito amor concordando com o outro exatamente como é com a alma e
saber que tudo é construção e crescimento.
Sabendo que nesta união se unem as pessoas e seus sistemas por isso é tão importante que se esteja
aberto a pessoa exatamente como ela é.
Estamos tão acostumados a esperar a aprovação dos outros, de padrões quando na verdade a
decisão parte de cada um, de cada coração com seus próprios sentimentos com o ouvir a si próprio, assim
tomamos decisões e deixamos de toma-las quando necessário.
Virginia Satir traz em seu texto exatamente o que Bert e as Constelações Familiares nos fazem
refletir ao dizer: Quero poder te amar sem me segurar, te apreciar sem te julgar, te encontrar sem te
sufocar, te convidar sem insistência, te deixar sem culpa, te criticar sem te censurar, te ajudar sem te
diminuir. Se você quiser me conceder o mesmo, então realmente poderemos nos unir e nos ajudar a crescer
mutuamente”.
Assim ao se abrir mão do comando dos pensamentos e abrindo o caminho do ouvir o sentir tem-
se algo novo, sereno e tranquilo e muitas vezes novo, que é o amor entre o homem e uma mulher de uma
forma leve com tudo o que ele traz , as mudanças que por acaso possam acontecer são em decorrência
deste novo , e assim vem de dentro para serem descortinados.
As Constelações Familiares unem o que antes estava separado. Neste sentido, está a serviço da
reconciliação, sobretudo com os pais. O que impede essa reconciliação é a diferenciação entre os bons e
maus membros da família, tal como fazem muitos ajudantes, sob a influência de sua própria consciência
e sob a influência de uma opinião pública que está presa nesses limites dessa consciência (HELLINGER,
2005).
Quando falamos em Pai, Mãe e Filhos na Constelação Familiar Sistêmica, vimos que cada um tem
seu papel. São três figuras essenciais para a Constelação Familiar. Todos nós já exercemos pelo menos
um desses papéis na vida. Bravos corajosos exerceram dois. O que é o pai, a mãe e o filho no olhar da
Constelação Familiar?
De acordo com Bert Hellinger, o nosso relacionamento com nossos pais refletem fortemente no
nosso movimento na vida. A forma como nos relacionamos com eles é a forma que nos colocamos no
mundo, e por isso este relacionamento é tão definidor.

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Também como filhos, temos dificuldades de ver a real dimensão dos nossos pais: de que são
homens e mulheres comuns, com problemas e dificuldades como todas as outras pessoas.

O Pai: é aquele que junto com a mãe, participa do primeiro círculo do amor. É desse amor dos nossos pais
que nascemos. É desse amor que o pai também participa. Tomar o Pai, pode significar prosperidade no
trabalho. O não aceitar o pai é como exigir de uma macieira que dê laranjas. É brigar com o que é a
realidade. Este é um caminho que traz dificuldades. Sofrer é mais fácil do que resolver. Quando sofremos,
nos iludimos que nós temos a razão, e por isso, outros deveriam mudar para acalmar nosso sofrimento. O
Pai nos encaminha para o Mundo.

A Mãe: é a nossa ligação com a vida, e com todos os mistérios que a rodeiam. Nossos primeiros
movimentos em direção à ela representa nossa capacidade de tomar ativamente a vida, e esta simbologia
marcará o resto de nossas vidas. Através da amamentação, experimentamos nosso primeiro sucesso. Nós
tomamos da mãe, de forma ativa, assim como devemos fazer em relação ao nosso processo de viver. Por
todos esses simbolismos, a forma como olhamos para nossa mãe é também um grande indicativo de como
nos colocamos em nossa vida. Como diz Hellinger, “O sucesso tem a cara de nossa mãe”.Ainda que a ela
tenha sido reservado o papel tão grande de gerar a via, nossa mãe é também uma mulher bem comum. Nós,
filhos, nos esquecemos disso com bastante facilidade, exigindo dela o comportamento de uma super
heroína. Olhar para ela, de uma forma real, com tudo que faz parte, é uma grande forma de perseverar na
vida. A mãe nos encaminha para a Vida.

O filho: sabemos bem como ser filho até uns 9 ou 10 anos de idade. Depois disso, quando chega a
adolescência, nossa busca por nos individualizar parece nos tirar do caminho e em algum momento,
começamos a acreditar que podemos ser maiores que nossos pais. Nesse movimento, julgamos nossos pais.
Passamos a acreditar que temos melhores soluções do que as que eles nos oferecem. E também aqui nasce
o deslocamento do nosso lugar na nossa família. Esse é um dos movimentos mais vistos na Constelação:
Filhos fora de seu lugar de filhos. Nos movemos para o lugar dos parceiros ou até para o lugar dos pais
dos nossos pais. Acreditamos que somos maiores. E pagamos um caro preço por isso, através de
dificuldades em nossa vida. A sugestão é: será que conseguimos cultivar novamente a sensação de sermos
pequenos, em relação aos nossos pais? Olhar para eles e não sentir o impulso de concorrer, mas de apenas
tê-los conosco, e a segurança que isso proporciona? Diante de nossos pais, conseguir se um filho integral.
E perceber o tanto que recebemos, e o quanto isso é bom. Era assim que nos sentíamos quando crianças.
E esse é o nosso desafio para nosso amor maduro quanto adultos.

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5 – O AMOR INTERROMPIDO

Muitas vezes na vida, nos deparamos diante de grandes desafios, onde nossas intenções divergem
de nossas ações, queremos nos comportar de outra maneira, queremos ser mais amorosos, mais
carinhosos, mais “próximos”, mas há uma barreira, uma lacuna que separa, como se fosse dois polos
diferentes que não conseguem se unir e na verdade, na minha verdade, só acontece do meu lado e acaba
sendo um sentimento sutilmente muitas vezes, outras escancaradamente demonstrado, que sai tão
automático e rápido, que nem me deixa disfarçar ou pensar.
Quando assim acontece vem a culpa, o constrangimento, o querer fazer melhor da próxima vez, o
querer cada dia mais encontrar o “o que” que tenho que aprender para ultrapassar esse desafio.
Até nos esforçamos, nosso coração quer ter atitudes diferentes, todos os dias queremos sim nos
aproximar, mas, há uma ferida não cicatrizada, ou não entendida que ocorreu em algum lugar no passado,
onde antes havia sim uma linda união, um lindo forte amor e houve um rompimento, onde surgiu em seu
lugar um amor ferido, onde cada vez que se toca magoa, ressente por isso se afasta e rejeita. Vamos olhar
para traz e rever o que passou? As vezes a chave está num amor que foi interrompido mesmo ainda quando
era criança. São várias situações que podem acontecer, como por exemplo separação dos pais, internação
hospitalar devido a uma operação, prematuridade, entre outros. O movimento interrompido trata-se de
uma separação prematura que a criança sofre, principalmente em relação à sua mãe, às vezes também ao
seu pai. O efeito que isso terá sobre a vida posterior da criança, e principalmente ameaçada esteve a
criança e quanto mais ela teve de abandonar a esperança de recuperar a proximidade da mãe.
Quando crianças, nosso foco maior de segurança são os nossos pais. Nós precisamos deles e da
segurança que eles nos proporcionam para experimentar o mundo que nos cerca.
Quando experienciamos algum perigo, ainda na infância, a primeira coisa que procuramos é o
olhar e a presença de nossos pais, e em especial, nossa mãe. Neste encontro e nesta presença, aquilo que
nos dá medo perde força, e seguimos nosso crescimento aproveitando da segurança que eles nos oferecem.
Movimentos interrompidos “acontecem” quando buscamos esta segurança e não encontramos, seja por
uma ausência momentânea ou prolongada, por um mal entendido ou por um abandono de fato (GARLET,
2018).

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A dinâmica que atua neste momento é de uma forte desconfiança da criança em relação aos pais.
E como mecanismo de defesa contra esse sentimento, ela impede que novos movimentos de confiança
sejam feitos em relação à eles. Uma decisão inconsciente, que Bert chama de movimento interrompido.
O que acontece é que a criança evita construir um caminho de confiança em relação aos pais como
forma de evitar a dor que ele sentiu ao experienciar o abandono. A sutileza aqui é que geralmente a
sensação de abandono não está calcada em um verdadeiro movimento de abandono pelos pais, mas que a
criança sentiu dessa forma.
Ela carrega este sentimento durante sua vida e geralmente este movimento somente se restaura
através de um trabalho terapêutico ou de autoconhecimento. Isso porque a experiência emocional é tão
forte na infância, e tão instintiva, que isto fica impresso no seu inconsciente, bloqueando outros
movimentos de vida.

“Quando alguém que tenha sofrido a interrupção de um movimento


precoce vai ao encontro de outra pessoa, digamos, de um parceiro, a
lembrança daquela interrupção torna a aflorar, mesmo que apenas como
memória corporal inconsciente. Então a pessoa torna a interromper o
movimento, no mesmo ponto em que o interrompeu da primeira vez.” (Bert
Hellinger, “Ordens do amor.”)

Hellinger fala que quando vivenciamos esta dinâmica do movimento interrompido, a melhor
forma que temos de buscar uma solução é através de nossa mãe, porque é geralmente a ela que este
movimento é dirigido. Ele orienta como podemos restabelecer este contato quando houve um movimento
interrompido:

“Com crianças pequenas a mãe ainda consegue isso facilmente. Ela toma
o filho nos braços, aperta-o amorosamente contra si e o mantêm pelo
tempo necessário, até que esse amor, que tinha se transformado em raiva
e tristeza, flua de novo abertamente para ela.” Bert Hellinger.

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Com filhos adultos, Hellinger diz que também é possível uma mãe ajudar seu filho, porém é
necessário que se regrida em suas sensações e emoções à época onde a interrupção do movimento
aconteceu. Esta é uma sutileza que exige de ambos que se permitam retornar a um momento que para a
criança foi doloroso, e que ainda reside no adulto que ele se tornou.
Quando o pai ou a mãe não estão mais disponíveis, pode ser trabalhado através de um processo
terapêutico, por exemplo.
Algumas vezes, os filhos resistem a estabelecer este movimento, seja por medo, seja por
arrogância. Nestes casos, uma profunda reverência do filho aos seus pais ajuda a aliviar a rigidez desta
resistência.
A reverência profunda é um movimento que atua no interior do adulto. Reverenciar é um ato de
reconhecimento de seu lugar em relação ao fluxo de vida que vem de seus pais. E ainda que de nada
adianta dobrar-se fisicamente diante dos pais se isso não vier acompanhado de uma postura interna
verdadeira, os efeitos são mais fortes quando se faz de forma visível e audível.

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6 – A PROSPERIDADE E AS CRENÇAS LIMITANTES

Quando falamos em prosperidade, imediatamente pensamos na abundância em termos materiais


ou físicos: ter dinheiro, ter relacionamentos, ter uma carreira promissora, ter amigos, ter isso e aquilo.
Mas essa crença reflete a tendência inconsciente de que o valor da vida está na posse de recursos nos
aspectos físicos e materiais.
Esquecemos, porém, que para todo esse “ter” de fato significar prosperidade, depende também da
qualidade da nossa relação mental, emocional e espiritual com esses aspectos materiais e da maneira como
vivenciamos a vida material.
Podemos ter tudo, mas se não estivermos emocionalmente, mentalmente e espiritualmente
equilibrados, sentiremos insatisfação. Isso nos leva a um conflito, afinal, se temos o que queremos, por
que sentimos vazio e insatisfação?
Quando não encontramos a explicação para esse mal estar, isso gera mais angústia, a qual
tentamos, por sua vez, remediar buscando mais do “ter”, que nos leva cada vez mais para longe daquilo
que de fato pode nos fazer feliz.
Afinal, não adianta tentar satisfazer no nível físico uma falta que está nos níveis internos. Trabalhar
de mau humor, triste, irritado ou cansado é muito mais desagradável e geralmente menos produtivo do
que quando estamos minimamente satisfeitos ou motivados.
Tudo parece ficar mais difícil, demorado e pesado. Portanto, a materialização do trabalho é muito
mais fácil, tranquila e agradável quando estamos harmonizados. Sendo assim, fica mais fácil perceber que
as conquistas materiais dependem de como estamos internamente, e que não precisam acontecer de forma
dolorida, sacrificante ou extenuante, basta estarmos mais harmonizados internamente.
Isso não significa que cresceremos sem trabalho, esforço ou perseverança, mas podemos viver
tudo isso com mais leveza e fluidez, sem tanta dureza, sem o tom de luta, e sim como uma brincadeira,
uma aventura, algo a ser curtido e não a ser batalhado no sentido sacrificante.
A prosperidade material é consequência da qualidade da prosperidade nos outros níveis e,
portanto, o sentimento de bem-estar e os pensamentos positivos não podem depender apenas dos
resultados externos.

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O Dinheiro

“Quero dizer algo sobre o dinheiro. O dinheiro tem alma. O dinheiro é algo
espiritual. O dinheiro é resultado do amor. O dinheiro é adquirido através
de um desempenho. É o equilíbrio de um bom desempenho. Se alguém
ganhar dinheiro por seu desempenho, o dinheiro o ama. O dinheiro também
permanece com ele, pois foi adquirido através do seu desempenho.
O dinheiro também quer render algo – depois. Por isso o dinheiro espera
ser gasto. Ser gasto em algo bom, que leve a vida adiante. Então se ganha
mais dele – cada vez mais. Através de seu desempenho, o dinheiro entra no
circuito de serviço, trabalho e ganho, tudo ao mesmo tempo.” – Bert
Hellinger (2014)

O dinheiro em si é um pedaço de papel. Todo o poder, valor e energia que emana dele é uma
convenção da nossa sociedade para tornar as trocas entre os indivíduos mais igualitárias.
Antigamente, o escambo era a prática usual. Mas quantos pães valiam uma galinha? Ou a maçã
valia mais ou menos que uma laranja? Dessa dúvida surgiu a necessidade de padronizar um meio sem
oscilação de valor para realizar as trocas. Desse movimento, o dinheiro foi criado.
O dinheiro pelo olhar da constelação familiar, ainda que tenha fisicamente sua representação bem simples
(papel e metais), é uma manifestação de uma energia que está à serviço da vida, e não somente isso, mas
é essencial a ela.
Bert Hellinger (2014) fala que o “dinheiro é algo espiritual! O dinheiro é vida. Sem dinheiro,
ninguém pode sobreviver em nossa sociedade. O dinheiro nos permite continuar vivos.”
Numa troca, estipulamos um valor e a outra pessoa concorda ou não com o que estipulamos.
Podemos negociar ou encerrar uma negociação com base nos argumentos apresentados entre os lados.
Aqui, somos apresentados à lei que exerce maior influência sobre o fluxo de dinheiro: o equilíbrio.
O dinheiro, para permanecer com quem o recebe, exige que a troca seja justa, para ambos. Quando há um
desequilíbrio, acontece uma disfunção na gestão do valor.
Os rendimentos param, os negócios travam e às vezes não sabemos o porquê. Mas uma boa dica
é olhar para o equilíbrio entre o dar e o tomar em todos os âmbitos do negócio.

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Quem recebe o dinheiro também deve merecer, oferecer na sua troca algo compatível com o que
está cobrando pelo serviço. Compatível aqui quer dizer, nem exigir a mais do seu valor e nem a menos.
Cobrar o que é justo.
Uma pessoa que cobra menos do que o justo pelo seu trabalho, em algum tempo se tornará um
prestador de serviço que parará de servir seu cliente. Como vemos na situação em desequilíbrio, um dos
dois lados se sente pressionado e sai da relação comercial.
Em seu livro “Leis Sistêmicas da Assessoria Empresarial”, Bert Hellinger propõe a seguinte
metáfora:

“O dinheiro possui uma dimensão espiritual. Ele reage como se tivesse uma
alma e um faro fino para a justiça e a injustiça.
Quer ficar com aqueles que o ganharam honestamente, com o suor do seu
trabalho. Quer voltar para aqueles que trabalharam duro para obtê-los ou
para aqueles que o receberam de outros com a condição de administrá-lo
e multiplicá-lo honestamente, a serviço da vida.
O dinheiro que outros ganharam para nós quer ficar conosco quando os
recompensamos corretamente. Acima de tudo, uma vez que pertence à vida,
o dinheiro quer ser gasto e transmitido a serviço da vida. O dinheiro se
alegra quando é gasto. Ele retorna ainda mais rico para nós.”

Hellinger reconhece que esta é só uma metáfora, e que na verdade o dinheiro e seus movimentos
são apenas uma manifestação do que está em nosso centro, que ele chama de alma.
O dinheiro deseja servir nosso interesse pela vida. Por isso, se coloca à disposição naquilo que
contribui para o avanço dela.
A relação com o dinheiro é algo desafiador a todos nós. Geralmente nos queixamos da sua falta e
dizemos: “- Não farei algo pois não tenho dinheiro.”
Sim, é verdade. A falta de dinheiro é um limitador. Mas talvez haja uma dinâmica agindo de forma
oculta neste argumento. Porque é tão desafiador termos dinheiro para servir aos nossos planos?
A partir do momento que você o possui, cabe a você movimentar sua vida, tomar a
responsabilidade do seu caminhar na sua mão. É preciso assumir as suas decisões.

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Por mais que seja desconfortável, muitas vezes a falta de dinheiro pode estar prestando um serviço
àquele que não o tem. Quando não se tem dinheiro é mais fácil terceirizar a responsabilidade por não
fazer algo. A frase sai quase automática: – Queria muito fazer, mas não tenho dinheiro…
O caminho opcional é desafiador: Eu tenho dinheiro, mas tenho medo de tomar tal decisão. O que
devo fazer?
Para todas estas perguntas, somente um adulto pode ter a resposta, pois para se caminhar na vida
é necessário aceitar alguns riscos.
Se não somos capazes de decidir, ficamos como a criança que espera que alguém a cuide ou tome
as decisões por ela (talvez, sim, dentro de nós exista ainda uma criança que em algum momento se sentiu
abandonada e que ainda aguarda por seus pais). A “criança” aguarda que os pais – ou alguém que assuma
o papel deles – venham à sua salvação.
E assim permanece inocente, culpando a tudo e a todos por sua infelicidade. Nesse lugar, é
impossível crescer.
Nestes casos, é preciso perceber que aquilo que não recebemos quando criança, podemos agora
como adultos, conquistar e criar para nós mesmos: seja um relação de afeto, seja o resgate de nosso
vínculo com nossos pais para além de nossas reivindicações, seja a conquista de algo material de que
precisamos.
Também há o movimento de aceitarmos a riqueza quando outros no nosso sistema não tiveram a
mesma sorte. Neste caso, aquele que se sobressai sente peso e culpa pela sua situação. Como superar isso?
Hellinger fala que:
“Somente com a má consciência, com a coragem de ter uma má
consciência. Conseguimos isso quando obtemos, em outro lugar, a força e
a segurança para nos tornamos ricos e continuarmos sendo ricos. Isto é, se
entrarmos em sintonia com um movimento do espírito que permanece
igualmente voltado a tudo tal como é, um movimento além da diferenciação
entre o bom e o mau, porque tudo tem igualmente sua origem em seu
pensamento e por isso só pode ser tal como é”.

Podemos perceber o quanto o dinheiro nos serve e está à nossa disposição. Ele nos pede coragem
para poder andar ao nosso lado. Ao mesmo tempo, se ainda não estamos prontos para assumir nossa vida,
ele aguarda até sermos responsáveis para lidar com as decisões e a maturidade que ele nos exige.

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7 – O AMOR QUE ADOECE É O MESMO QUE CURA

Para onde olhamos primeiro quando precisamos da cura? Olhamos para onde algo dói. Ou seja,
olhamos primeiro para o nosso corpo. É no corpo, acima de tudo, que esperamos por alívio. Procuramos
um médico que conheça o corpo e suas funções. Ele nos examina e encontra o local que está doendo
e o órgão que está sofrendo (HELLINGER, 2014).
Quando falamos sobre a cura sistêmica, devemos olhar para O CORPO, A ALMA E O ESPÍRITO.
As doenças de nosso corpo e mente são a manifestação que busca nos dizer que algo está em
desordem, uma parte dos problemas sistêmicos advém da exclusão, seja qual for o motivo, a exclusão é
uma falta grave no direito de pertencimento de todos. Assim, podemos sintomatizar em nosso corpo
doenças que nos ligam aqueles que foram excluídos.
Segundo Hellinger (2014), todos nós nascemos no interior de uma alma coletiva, em um
campo espiritual, que partilhamos com os membros de nossa família. Essa alma vai além dos
limites d e nosso corpo, ligando- nos de forma profunda a todos os que pertencem a ela. Muitas
vezes, tornam-se nosso destino ainda no útero materno. Por exemplo, através de uma deficiência
ou talvez através de um aborto ou de alguma outra forma que não chegamos a nascer. Ao mesmo tempo
tornamo-nos o destino deles. De uma forma ou de outra, permanecemos conectados.
Por um lado, essa alma coletiva abrange uma faixa restrita, ou seja, apenas determinadas pessoas.
Por outro lado, vai além, abrangendo um círculo maior ou até mesmo diversos círculos. Por exemplo,
o povo a que pertencemos, com seu destino, a sua religião e a sua cultura em comum, a sua raça em
comum. Todos eles com seu destino especial e seu passado em comum, bem como suas doenças
especiais. Finalmente, a humanidade como um todo e, com ela, a Terra e o mundo. Todos eles exercem
influência sobre a nossa saúde e as nossas doenças, bem como sobre as circunstâncias que suportam
o u ameaçam a nossa vida.

Como podemos olhar as doenças através da terapia da Constelação Familiar?

As constelações familiares têm um enfoque sistêmico para as doenças. Dentro de uma rede
familiar, considerando todos os acontecimentos que ocorreram até a geração atual, pode ser que a doença
apareça nas gerações posteriores através da identificação, lealdade, repetição de uma situação, exclusão
ou dificuldade passada. Para iniciar o processo de CURA, faz-se necessário olhar tudo isso com amor e
fazer sua ressignificação, desvinculando-se de todos os preconceitos.

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8 - ATUAÇÃO E A PRÁTICA DO CONSTELADOR

A Constelação Familiar Sistêmica busca na família a origem das dificuldades, bloqueios, crenças
limitantes, padrões comportamentais que trazem sofrimentos desenvolvidos pelas pessoas ao longo da
vida.
Destina-se as pessoas que desejam trabalhar questões sobre as relações familiares/amorosas,
sintomas físicos que afetam a saúde, perdas, luto, dificuldades financeiras, questões judiciais, questões
profissionais, doenças ou padrões hereditárias na família, desequilíbrios emocionais, vícios relacionados
à drogas/cigarros/bebidas alcoólicas, dificuldade para engravidar, separações, entre outras questões
que fazem as pessoas sentir que há um problema que necessita ser resolvido.
Nos sistemas familiares, questões vivenciadas por gerações anteriores, como por exemplo,
injustiças cometidas, mortes precoces, suicídios, podem inconscientemente afetar a vida de seus
familiares com enfermidades inexplicáveis, depressões, novos suicídios, relações de conflito,
transtornos físicos e psíquicos, dificuldade de estabelecer relações duradouras com parceiros,
comportamentos conflitantes entre familiares, dificuldades ou distúrbios de aprendizagem, entre
outros (BRAGA, 2009).
Segundo Hellinger (2003) descobriu que por amor, lealdade e fidelidade à família, quando algum
ancestral deixa situações por resolver, pessoas de gerações seguintes trarão o sentimento e o
comportamento, a ação para a resolução dessas situações, "emaranhando-se" e permanecendo, assim,
prisioneiros a fatos e eventos pelos quais não são responsáveis e dos quais sequer têm conhecimento.
Esta é a herança afetiva, uma transmissão transgeracional de problemas familiares, que acaba criando
uma sequência de destinos trágicos.
As constelações atualmente atendem a outros tipos de sistema, organizações de todos os tipos,
como empresas, escolas, pois percebeu-se que as leis descobertas por Hellinger atuam em todos os
sistemas, não apenas no familiar. Nos sistemas organizacionais, como a escola, por exemplo, questões
que envolvem as relações entre professores e alunos, indisciplina, pais e escola, dificuldades de
aprendizagem, ou mesmo a melhora nos relacionamentos para uma satisfação e sucesso, são
configuradas a partir da trama que se desenrola com os representantes, quando, então, soluções são
apontadas (FRANKE-GRICKSCH, 2005).

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Atendimento em grupo:

As constelações familiares desenvolvidas por Bert Hellinger consistem em um trabalho onde


pessoas são convidadas a representar membros da família de uma outra pessoa (o cliente) e, ao serem
posicionadas umas em relação às outras, são tomadas por um fenômeno que as faz sentir como se
fossem as próprias pessoas representadas, expressando seus sentimentos de forma impressionante,
ainda que não as conheçam. Com isso, vêm à tona as dinâmicas ocultas no sistema do cliente que lhe
causam os transtornos, mesmo que relativas a fatos ocorridos em gerações passadas, e pode-se propor
frases e movimentos que desfaçam os emaranhamentos, restabelecendo-se a ordem, unindo os que
antes foram separados e proporcionando paz a todos os membros da família (STORCH, 2017).
A partir de então, vêm à tona as dinâmicas ocultas no sistema do cliente que lhe causam os
transtornos. Mesmo que relativas a fatos ocorridos em gerações passadas, inclusive fatos que ele, o
cliente, desconhece. Dessa forma, pode-se propor frases e movimentos que desfaçam os
emaranhamentos, restabelecendo-se a ordem. Unindo os que no passado foram separados,
proporcionando alívio a todos os membros da família. Fazendo desaparecer a necessidade inconsciente
do conflito, trazendo paz às relações (VILLA DO BEM, 2020).
Quando ocorre o movimento de solução desses sentimentos que muitas das vezes vem pela dor,
automaticamente essa solução também ocorrerá no campo dessa pessoa, e consecutivamente irá
reverberar para todo seu sistema familiar. No caso da constelação em Grupo, a cura através da
ressonância beneficia não somente a pessoa que busca a constelação e sim todos envolvidos nesse
trabalho, os que ali estão representando e aqueles que “estão fora do campo”, mas que também são
tocados por esse movimento.
A constelação também pode ser realizada individualmente, para isto utilizamos como
representantes, ao invés de pessoas, os “bonecos”. A essência e o princípio da constelação é o mesmo,
apenas é uma forma diferente do campo mórfico ser acessado.
Existem na atualidade diversas maneiras de se realizar uma constelação, todas deverão ser
respeitadas, o que importa é seguirmos os princípios básicos trazidos por Bert Hellinger por meio das
Ordens do Amor.

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Atendimento individual com bonecos:

Os passos de uma sessão individual não diferem muito do procedimento realizado na


Constelação em grupo. O atendimento individual de Constelação Familiar Sistêmica com bonecos é uma
ferramenta muito rica e dinâmica para o terapeuta que pode trabalhar de diversas formas diferentes e
mostra uma imagem clara de determinada circunstância da vida do seu cliente.
Na sessão individual realizada com “bonecos”, o terapeuta primeiramente pergunta-se ao
cliente o que ele conhece sobre o trabalho de Constelação, a fim de saber em que nível deve-se começar
ou que informações ainda precisam ser ditas para começar o trabalho. Dependendo do nível de
conhecimento, do cliente, sobre a Constelação, iniciamos falando sobre a abordagem e posteriormente
faz-se uma escuta “breve” do problema do cliente. Alguns clientes terão a necessidade em que o
terapeuta auxilie na escolha do tema a ser constelado, realizando um “foco” no que será trabalhado.
Desde o início é importante que o terapeuta volta a atenção para duas perspectivas: o problema e a
solução desejada.
Após a escuta do tema, o terapeuta irá definir quais representantes serão utilizados, como por
exemplo: pai, mãe, avós paternos ou maternas, aborto, dinheiro, etc. Isso dependerá muito do tema a
ser constelado e será definido pelo próprio terapeuta. Na sessão individual, os “bonecos”, servirão de
representantes dos familiares do cliente, onde o cliente participa mais ativamente do processo, pois
entra no lugar dos seus próprios familiares, percebendo cada situação.
Dando seguimento, o cliente passa a escolher quais “bonecos” serão seus representantes para
cada membro/elemento/sintoma e realiza o posicionamento dentro do espaço físico pré-estabelecido
pelo constelador, que será o acesso ao Campo Morfogenético do cliente. Nesta etapa existem infinitas
possibilidades para o terapeuta constelador trabalhar, que vai desde a escolha dos representantes de
forma oculta ou as claras.

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Sheldrake propõe a idéia dos campos morfogenéticos, os quais ajudam a
compreender como os organismos adotam as suas formas e
comportamentos característicos. Morfo vem da palavra grega morphe que
significa forma; genética vem de gêneses que significa origem. Os campos
morfogenéticos são campos de forma, campos padrões, estruturas de
ordem. Estes campos organizam não só os campos de organismos vivos,
mas também de cristais e moléculas. Cada tipo de molécula, cada proteína,
por exemplo, tem o seu próprio campo mórfico – hemoglobina, insulina,
etc. De um mesmo modo cada tipo de cristal, cada tipo de organismo, cada
tipo de instinto ou padrão de comportamento tem seu campo mórfico.
Estes campos são os que ordenam a natureza. Há muitos tipos de campos
porque há muitos tipos de coisas e padrões dentro da natureza.
A contribuição de Sheldrake foi juntar noções vagas sobre os campos
morfogenéticos (Weiss 1939) e os formular em uma teoria demonstrável.
Desde que escrevera o livro no qual apresenta a Hipótese da Ressonância
Mórfica, em 1981, foram feitas numerosas experiências que, em princípio,
deveriam demonstrar a validade, ou a invalidade destas hipóteses
(HENDGES, 2011).

Com base na imagem que aparece, o terapeuta pode escolher naquele momento dar
continuidade e trabalhar com a Constelação propriamente dita, ou optar por trabalhá-la de outras
formas, utilizando outras técnicas que naquele momento e circunstâncias lhes parecer mais
conveniente.
Através da imagem formada o constelador poderá perguntar ao cliente sobre os sentimentos
que ele tem com cada representante. O cliente poderá fechar os olhos e imaginar esta imagem em sua
mente ou até mesmo tocar com um dos dedos da mão sobre o boneco indicado. É importante que o
cliente dê informações significativas e assim passa a indicar caminhos.

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Quando encontramos os bloqueios dentro daquela “trama familiar ou situacional”, entramos
num momento da Constelação que chamamos de ressignificação, e assim utilizamos as frases de solução
para a harmonização daquela situação. Neste momento o terapeuta diz as frases e o cliente as repete
se a mesmas o fazer sentido para ele.
Após encerra-se a Constelação dando o tempo necessário para que aquela situação trabalhada
encontre fortalecimento e para o cliente. Cada terapeuta finaliza de uma forma, com infinitas
possibilidades agregando vários elementos ou diferentes outras técnicas.
O maior benefício para o trabalho com os bonecos é que não ocorre a exposição a um grupo de
pessoas e no atendimento individual pode-se estabelecer um diálogo mais “intimista” entre o terapeuta
e o cliente, sem influência de condições externas. Tanto a constelação em grupo ou individual o
resultado é o mesmo, apenas a estruturação que é diferente.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAGA; A. L. A. PSICOPEDAGOGIA E CONSTELAÇÃO FAMILIAR SISTÊMICA: um estudo


de caso. Rev. Psicopedagogia, vol. 26, n°.80, São Paulo. 2009.

FRANKE-GRICKSCH; M. Você é um de nós. Atman, Minas Gerais. 2005.

GARLET; A. C. Movimentos interrompidos. Instituto Ipê Roxo. 2018.

HELLINGER; B. A cura: torna-se saudável. Ed. Atman. Tradução de Daniel Mesquita de Campos
Rosa, Belo Horizonte. 2014.

HELLINGER; B. Histórias de sucesso na empresa e no trabalho. Ed. Atman. 2014.

HELLINGER; B. Leis Sistêmicas da Assessoria Empresarial. Ed. Atman. 2008.

HELLINGER; B. O amor do espírito. Hellinger Sciencia, 5ª edição. 2012.

HELLINGER; B. Ordens da ajuda. Ed. Atman. São Paulo. 2005.

HELLINGER; B. Ordens do amor: um guia para o trabalho com constelações familiares. Cultrix,
São Paulo. 2003.

HENDGES; A. S. A Teoria dos Campos Mórficos do Biólogo Rupert Sheldrake. Revista EcoDebate.
Artigo publicado em 14/03/2011.

IPÊ ROXO; Site: https://iperoxo.com/blog/. Acesso em: 06/09/2020.

MEDIUM; Site: https://medium.com/@joaosneto/o-pai-a-m%C3%A3e-e-o-filho-o-olhar-da-


constela%C3%A7%C3%A3o-familiar-390c96e69c04. Acesso em: 06/09/2020.

STORCH; S. DIREITO SISTÊMICO: a resolução de conflitos por meio da abordagem sistêmica


fenomenológica das constelações familiares. Revista Entre Aspas, vol. 5, UNICORP. 2017.

VILLA DO BEM; Site:


https://villadobem.com.br/constelacao_familiar_oque/?gclid=EAIaIQobChMIqIqq-
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VITTUDE; Blog. Site: https://www.vittude.com/blog/constelacao-sistemica-familiar/. Acesso em:


06/09/2020.

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