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585 Aulademo Dpu01 Afo Gama PDF
585 Aulademo Dpu01 Afo Gama PDF
Aula
DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO 2015 – PÓS EDITAL
Noções de Administração Financeira e Orçamentária
Aula INAUGURAL’
01
www.concurseiro24horas.com.br
Noções de AFO
p/ DPU
Prof. Fernando Gama
AULA INAUGURAL
1. OBSERVAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................................................................... 3
2. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO ORÇAMENTO PÚBLICO BRASILEIRO. .............................................................. 4
2.1. ORÇAMENTO TRADICIONAL. ........................................................................................................................................... 6
2.2. ORÇAMENTO MODERNO .................................................................................................................................................. 8
2.2.1. ORÇAMENTO DE DESEMPENHO .................................................................................................................................... 8
2.2.2. ORÇAMENTO-PROGRAMA ............................................................................................................................................... 9
2.2.3. ORÇAMENTO BASE ZERO ................................................................................................................................................ 11
2.3. ORÇAMENTO PARTICIPATIVO ........................................................................................................................................16
2.4. ORÇAMENTO INCREMENTAL .......................................................................................................................................... 17
3. O CONCEITO DE ORÇAMENTO PÚBLICO.................................................................................................................. 20
3.1. INICIATIVA ............................................................................................................................................................................. 22
3.2. ORÇAMENTO AUTORIZATIVO ....................................................................................................................................... 23
3.3. NATUREZA JURÍDICA DO ORÇAMENTO PÚBLICO .................................................................................................. 25
3.4. MANDADO DE SEGURANÇA E ORÇAMENTO PÚBLICO ....................................................................................... 26
3.5. OUTROS ASPECTOS DO ORÇAMENTO PÚBLICO ................................................................................................... 28
4. LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA NO BRASIL ................................................................................................................ 30
5. PLANO PLURIANUAL – PPA ASPECTOS GERAIS....................................................................................................... 34
5.1. TRAMITAÇÃO ....................................................................................................................................................................... 36
6. LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS – LDO .............................................................................................................41
6.1. TRAMITAÇÃO ....................................................................................................................................................................... 47
6.2. CASOS ESPECIAIS, DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA SOBRE A LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL ..................... 49
7. . PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS .....................................................................................................................................51
7.1. PRINCÍPIO DA ANUALIDADE OU PERIODICIDADE .................................................................................................. 54
7.2. PRINCÍPIO DA UNIDADE .................................................................................................................................................. 56
7.3. PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE .................................................................................................................................. 57
7.4. PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO...................................................................................................................................... 60
7.5. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE ........................................................................................................................................... 63
7.6. PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO .............................................................................................................................................. 64
7.7. PRINCÍPIO DO ORÇAMENTO BRUTO .......................................................................................................................... 65
7.8. PRINCÍPIO DA NÃO VINCULAÇÃO DA RECEITA ...................................................................................................... 68
7.9. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ............................................................................................................................................ 72
7.10. PRINCÍPIO DA CLAREZA ................................................................................................................................................... 72
7.11. PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE ..................................................................................................................................... 72
7.12. PRINCÍPIO DA UNIDADE DE TESOURARIA OU DE CAIXA ..................................................................................... 73
7.13. QUADRO SINÓTICO DOS PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS ................................................................................... 74
Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei n.º 9.610/1998,
que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras
providências.
1. Observações Iniciais
Pessoal,
Como a prova ocorrerá em 21/06/2012, nosso tempo é escasso e deveremos ter mais
de uma aula por semana. Meu cronograma, sempre sujeito a mudanças, é o seguinte:
Data Aula
16/04/2015 Orçamento público. Princípios orçamentários. Diretrizes
orçamentárias.
20/04/2015 Receita pública: categorias, fontes, estágios e dívida ativa.
Despesa pública: categorias, estágios.
Orçamento Público é uma das disciplinas mais interessantes que estudamos para o
ingresso em uma carreira pública. Ciência multidisciplinar, o orçamento público
interfaceia três outros ramos do conhecimento: o Direito Financeiro, as Finanças e
Contabilidade e a Administração Pública.
necessário para viver. Entretanto, a maioria das pessoas faz isso de modo intuitivo, na
maioria das vezes, sem planejar. Não é hábito do brasileiro planejar, tampouco guardar
dinheiro e administrar sua própria vida financeira. E não é por outro motivo que somos
um país de endividados, onde muitas pessoas que até têm boa remuneração não
conseguem construir uma vida tranquila. Imagine o que acontece com aqueles que não
ganham bem!
1
Daí porque muitos chamam o sistema orçamentário de Sistema de Planejamento Orçamentário.
Incorreta a assertiva.
Incorreta a assertiva.
Galera! O orçamento tradicional é o lobo mau! Lobo mau não tem virtudes, só tem
defeitos! Então se liga, o CESPE nunca vai falar bem do lobo mau. Além disso, desde
quando programar excedentes orçamentários é uma boa? Em lugar nenhum. Quando
você programa excedente orçamentário quer dizer que está ocultando receita. A sobra
de receita, vai ser gasta de qualquer jeito, sem planejamento, porque você a ocultou. É
o que acontece em fim de ano em órgãos públicos: tem dinheiro, sobrou dinheiro, então
gasta! Mas precisa? Sei lá! Se não gastar vamos perder, é o papo! É o gastar por gastar.
Se houvesse planejamento adequado, isso não ocorreria, toda a despesa ia ser
planejada, conforme a receita. Portanto, é um absurdo falar que os investimentos devem
vir dessa ação desplanejada!
Incorreta a assertiva!
Orçamento tradicional com planejamento? O que acham? Está NA CARA que está
errado, certo? Orçamento tradicional não tem planejamento. Quantas vezes vou ter que
repetir isso?
Favor não confundir filho com mãe: o orçamento moderno é gênero, das quais são
espécies o orçamento de desempenho e o orçamento-programa. Portanto, o
orçamento de desempenho não é sinônimo do orçamento moderno. Falsa a assertiva.
2.2.2. Orçamento-Programa
Questões de prova:
Como vimos acima, todos os fatores elencados na assertiva são essenciais para
caracterizar o orçamento-programa. Correta a assertiva.
Falso. Toda ação dentro de um programa tem que produzir um resultado mensurável
para ser comparado com as metas inicialmente estabelecidas.
O fator que pode efetivamente impedir a implantação do orçamento base zero é a falta
de apoio da direção - porque os administradores experimentam toda a sorte de
temores e de problemas de implantação antes de perceberem os benefícios.
Existem quatro problemas comuns que podem ser previstos quando da primeira
implantação do processo de orçamento base zero.
que obrigue à tomada de decisão e que exija exame detalhado de suas funções, exame
2
Gomes, Regina Celi Vidal. “Orçamento Base Zero como técnica de planejamento financeiro”. Monografia. Universidade
de Taubaté.
as que existem são, quase sempre, inadequada ou não são corretamente comunicadas
aos administradores dos níveis mais baixos, que prepararão os pacotes de decisão 3; e
• tempo necessário no primeiro ano pode ser maior do que o tempo gasto no
pacotes; e
Uma vez atualizada a análise do orçamento base zero é possível eliminar os pacotes de
decisão que tenham recebido dotações por ordem crescente de prioridade até atingir
o nível de dotação desejado ou acrescentar os pacotes de decisão que não tenham
recebido dotação por ordem decrescente de prioridade até se esgotarem as dotações
adicionais.
3
Conjunto de atributos que devem ser objeto de decisão pelos administradores. É o jeito formal de dizer algo que
precisa ser feito. Se você tem dinheiro para tudo, não precisa do pacote de decisão pois vai fazer tudo. À medida que
precisa decidir, precisa dos pacotes para orientar as priorizações. Se houver recursos sem gastos, você precisa alocar
pacotes de decisão para eles.
Como no orçamento base zero não existe direito adquirido em relação ao que ocorreu
no ano anterior, a assertiva está correta ao dizer que os gerentes devem justificar todos
os gastos orçamentários, sem ter como parâmetro o ano anterior.
Tradução para o Português que se fala no Brasil: o aumento nos gastos com
determinados objetos (pacotes) só devem ser aprovados depois de uma justificativa que
inclua a demonstração do custo-benefício. O que vocês acham? Está correta, esse é o
fundamento maior do Orçamento Base Zero.
Besteira: não faz diferença se é com ou sem fins lucrativos. Ambas as organizações
podem se beneficiar dos orçamentos mais enxutos e mais planejados do orçamento
base zero.
Já está ficando repetitivo né? Acho que vocês aprenderam já: orçamento base zero
precisa de justificativa? Sim! Assertiva correta.
O que está errado nessa questão é o critério único. Como vimos, o orçamento base
zero deve ser flexível para atender aos pacotes de decisão. Desse modo, para cada tipo
de gasto, você deve analisar o seu custo benefício sobre diferentes critérios. Um gasto
com saúde não pode ser analisado, por exemplo, com a mesma ótica de um gasto para
a compra de um carro oficial. O benefício do primeiro é maior do que o do segundo,
apenas para citar um exemplo.
Pede para sair!!!! Comandante!!! Nascimento! Pede para sair se não souber responder
essa! Não vou nem comentar.
O orçamento participativo também não é um tipo de orçamento, mas uma técnica para
elaboração de orçamentos. Nela, o governante escuta a sociedade quando da
elaboração do orçamento público, tentando verificar a possibilidade de entender e
atender às demandas da população.
No entanto, no Brasil, boa parte das despesas públicas estão vinculadas por lei a
determinado tipo de gasto. Segundo os críticos do orçamento participativo brasileiro,
os governos podem apenas dispor de cerca de 10% do orçamento, o que tornaria a
participação popular uma ilusão ou um factóide político.
Atualmente, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) determina que a população deva ser
ouvida na elaboração das leis orçamentárias. Embora haja obrigatoriedade de ouvir a
população, o governante não é obrigado a seguir as propostas da sociedade,
conquanto o Chefe do Poder Executivo de cada uma das esferas da federação detém
competência exclusiva para iniciar o processo legislativo orçamentário.
ORÇAMENTO TRADICIONAL
Ausência de acompanhamento;
ORÇAMENTO MODERNO
ORÇAMENTO DE DESEMPENHO
ORÇAMENTO PROGRAMA
Aperfeiçoamento contínuo;
Desenvolvimento pessoal;
Desvantagens
ORÇAMENTO INCREMENTAL
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO
Nos dias de hoje, o orçamento não é apenas uma peça contábil, mas um
instrumento de planejamento da Administração, ao passo que a contabilidade pública,
outra disciplina interligada ao estudo do orçamento público, registra as variações do
patrimônio público e da execução do orçamento subsidiando a tomada de decisão dos
administradores públicos, além de contribuírem para a transparência da administração.
4
BALEEIRO, Aliomar, Uma introdução à ciência das finanças, Ed. Forense, 14ª ed. - 1994 5 MOTA,
Francisco Glauber Lima, Curso Básico de Contabilidade Pública, 2ª ed, 2006, pg. 17.
3.1. Iniciativa
5
FORTES, João. Contabilidade Pública. Ed. João Fortes, 1ª Ed.
questão comum que deve ser considerada falsa. O poder legislativo, assim como todos
os demais, tem que enviar sua proposta orçamentária para consolidação pelo poder
executivo, para posterior envio, ao Congresso (no caso da União).
Executivo, não podendo ser suprida por outro órgão, ainda que do Poder Legislativo.
As leis podem ser classificadas em leis materiais ou em leis formais. Lei formal é
aquela que tem “cara” de lei, ou seja, é formalmente aprovada pelo poder legislativo.
Todas as leis que são aprovadas pelo poder legislativo são leis formais.
Entretanto, nem todas as normas aprovadas pelo poder legislativo são leis
materiais. Lei material é aquela norma que tem abstração e é genérica, não tendo
destinatário certo. É um conjunto de hipóteses normativas abstratas. Assim, quando o
Código Penal diz que matar alguém é crime e comina as penalidades para quem mata,
a norma não está dizendo quem vai ser penalizado. Todo aquele que matar alguém
(exceto nas hipóteses de exclusão de crime) está cometendo crime, não tendo a lei
destinatário certo, sendo genérica. Assim, o Código Penal é uma lei em sentido material.
Por outro lado, suponha que uma lei conceda aposentadoria vitalícia a um
cidadão em razão de ele ter sido reconhecido, por exemplo, como herói da pátria. Nesse
caso, temos uma lei formal, pois aprovada pelo poder legislativo. Entretanto, ela não é
genérica e tem destinatário certo: a sua natureza jurídica é de ato administrativo e não
de lei. Atos administrativos, em regra, têm efeitos concretos, assim como as leis
meramente formais (chamadas leis de efeitos concretos).
Assim, quem tiver um direito ameaçado que não esteja amparado por habeas corpus
ou habeas data e cujo autor da ofensa seja agente público (ou quem tenha poder de
ordem pública) pode impetrar na via judicial uma ação constitucional chamada
Mandado de Segurança, desde que o direito seja líquido e certo (o que quer dizer, em
termos bem resumidos, que não seja necessária dilação probatória, ou seja, a questão
não deve ser de fatos, mas de direito).
Uma lei pode ser absurdamente ilegal, mas contra ela não é possível a impetração de
mandado de segurança, porquanto, enquanto genérica ela não produz efeitos
concretos nenhum. Nesse caso, seria possível contestar a lei pelo controle direto (ação
direta de inconstitucionalidade) ou, em alguns casos, pelo controle difuso (qualquer
ação), mas, em regra, não seria possível discutir normas abstratas no âmbito do
mandado de segurança em razão da necessidade de se provar a certeza e liquidez do
direito já na inicial.
Situação curiosa ocorre em leis tributárias ilegais. Uma vez aprovada a lei ilegal, os
contribuintes ainda nada podem fazer de concreto, posto que a lei é genérica e abstrata
e nada aconteceu ainda no plano fático apenas com a sua aprovação. Apenas quando
o fiscal ou o auditor tributário fiscaliza e/ou notifica o contribuinte para o pagamento
do imposto é que a lei ilegal sai do plano abstrato e se torna real, momento a partir do
qual, é possível a impetração de mandado de segurança.
O que essa discussão traz de prático para o estudo do orçamento público? É que
quando trouxemos à baila a discussão a respeito da natureza jurídica do orçamento
público e da suas relações com a obrigatoriedade da sua execução (orçamento
impositivo versus autorizativo), vimos que o orçamento autorizativo é visto como um
ato administrativo travestido de lei formal.
Agora é bom ressaltar que não são todas as partes das leis orçamentárias que
têm efeitos concretos. Alguns trechos da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) se
prestam a orientar a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) e, não raro, criam
critérios a ser seguidos nos mais diversos casos. Nesses dispositivos, há abstração e a lei
é genérica, motivo pelo qual pode ser instada em sede de ADI.
"(...) O STF tem dado por inadmissível a ação direta contra disposições insertas na Lei de
Diretrizes Orçamentárias, porque reputadas normas individuais ou de efeitos concretos,
que se esgotam com a propositura e a votação do orçamento fiscal (v.g., ADI 2.100,
Jobim, DJ 1º-6-01). A segunda norma questionada que condiciona a inclusão no
orçamento fiscal da verba correspondente a precatórios pendentes à 'manutenção da
meta de resultado primário, fixada segundo a LDO', constitui exemplo típico de norma
individual ou de efeitos concretos, cujo objeto é a regulação de conduta única, posto que
subjetivamente complexa: a elaboração do orçamento fiscal, na qual se exaure, o que
inviabiliza no ponto a ação direta. Diferentemente, configura norma geral, susceptível
de controle abstrato de constitucionalidade a primeira das regras contidas no dispositivo
legal questionado, que institui comissão de representantes dos três Poderes e do
Ministério Público, à qual confere a atribuição de proceder ao 'criterioso levantamento'
dos precatórios a parcelar conforme a EC nº 30/00, com vistas a 'apurar o seu valor
real': o procedimento de levantamento e apuração do valor real, que nela se ordena,
não substantiva conduta única, mas sim conduta a ser desenvolvida em relação a cada
um dos precatórios a que alude; por outro lado, a determinabilidade, em tese, desses
precatórios, a partir dos limites temporais fixados, não subtrai da norma que a todos
submete à comissão instituída e ao procedimento de revisão nele previsto a nota de
generalidade. Não obstante, é de conhecer-se integralmente da ação direta se a norma
de caráter geral é subordinante da norma individual, que, sem a primeira, ficaria sem
objeto. (...)" (ADI 2.535-MC, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 19-12-01, DJ
de 21-11-03)
Portanto, regra geral, as leis orçamentárias (a parte que faz a previsão da receita
e fixa a despesa) não estão susceptíveis ao controle jurisdicional em abstrato, como em
uma ação direta de inconstitucionalidade. À exceção ocorre na parte em que possuem
abstração e generalidade, ou seja, na parte normativa das leis orçamentárias.
Periodicidade
As autorizações legislativas devem ser feitas por períodos definidos de tempo, o
que chamamos de princípio da anualidade. Se a autorização do Poder Legislativo fosse
muito longa ou indefinida, o controle legislativo perderia o sentido. Por outro lado, se a
autorização tivesse um prazo muito curto, o Poder Executivo ficaria engessado. Hoje, a
Detalhamento
A autorização concedida pelo Poder Legislativo ao Executivo não é um cheque
em branco: o poder legislativo deve ter conhecimento pormenorizado do que está
autorizando, de modo a evitar a autorização de gastos globais. Se a autorização fosse
global (sem detalhar onde o dinheiro seria gasto), o Poder Executivo teria muita
liberdade para gastar onde bem entendesse os recursos orçamentários. No entanto, se
o orçamento for muito detalhada, ele ficará muito engessado e difícil de se adaptar a
eventuais mudanças
A Lei 4.320/64 foi publicada originalmente como lei ordinária, sob a égide da
Constituição de 1946. Entretanto, em face de atual Constituição exigir para as matérias
que ela regulamenta a edição de uma lei complementar, a Lei 4.320/64 foi recepcionada
no novo ordenamento jurídico da CF de 1988 como lei complementar.
A Lei 4.320/64 foi editada sob a Constituição de 1946, como lei ordinária. Naquela
Carta, não havia previsão de leis complementares. Com a aprovação da Constituição de
1988, verificou-se que a Lei 4.320/64 era compatível materialmente com o novo texto.
No entanto, a Constituição previa para as matérias da Lei 4.320/64 (normas gerais de
Direito Financeiro, art. 165 § 9º da CF) a adoção de lei complementar. Por este motivo,
a Lei 4.320/64 foi recepcionada como lei complementar pelo novo ordenamento.
Senão vejamos:
[...]
É bom ter atenção a este fato: a Lei 4320/64 é uma lei ordinária, mas tem status
de lei complementar, o que significa que só pode ser alterada por lei complementar e
não mais, desde a vigência da nova constituição, por lei ordinária nem por medida
provisória. Nos termos da Constituição, medida provisória tem força de lei ordinária e
orçamentários
orçamentárias;
Introduzidos em 1988, o PPA e a LDO são novidades trazidas pela atual Carta Magna.
Já a Lei Orçamentária Anual é instrumento orçamentário de longa data, sendo citada
inclusive na edição da Lei 4320/64. Os três instrumentos normativos (PPA, LDO e LOA)
são leis ordinárias aprovadas pelo Poder Legislativo, depois da iniciativa do Poder
Executivo nos prazos e nos formatos definidos na Constituição, de modo a compor um
sistema integrado e harmonizado de planejamento orçamentário.
que ser traduzidas em termos financeiros, ou seja, em dinheiro. E é nesse momento que
entra em cena a Lei Orçamentária Anual, que prevê a receita e fixa a despesa para um
determinado período.
Para ficar mais clara a situação, vamos a um exemplo. Suponha que o Governo Federal
tenha estabelecido no seu Plano Plurianual a necessidade de se construir 200 hospitais
no período de 4 anos. De acordo com o fluxo financeiro e com os objetivos
governamentais, teremos o estabelecimento de metas anuais, em cada uma das 4 LDOs
que serão publicadas nos quatro anos do PPA (ou seja, para cada PPA existem 4 LDOs).
Como estamos em um exemplo, podemos supor que o decidiu que no ano um iria
construir apenas 20 hospitais; no ano dois, 30; no terceiro, 50 e, finalmente, no quarto,
os 100 restantes. Assim, a cada LDO teremos uma LOA prevendo em valores financeiros
os hospitais. Supondo que cada hospital custe R$ 1 milhão, no primeiro ano, a LDO vai
fixar para a construção de hospitais 20 milhões; no segundo ano, 30 milhões e assim
por diante.
Do ponto de vista da sua tramitação e aprovação, o PPA, a LDO e a LOA são leis
ordinárias e não complementares, como alguns alunos acabam pensando. A confusão
ocorre em razão da Lei 4.320/64 que é uma lei ordinária que foi recepcionada pelo
ordenamento jurídico como lei complementar. Mas a Lei 4.320/64 não é uma lei
orçamentária, mas sim, uma lei que trata sobre a organização dos orçamentos anuais.
É que a Constituição diz que cabe à lei complementar dispor sobre o exercício
financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do PPA, da LDO e da
LOA. Essa lei ainda não existe, mas a Lei 4.320/64 vem suprindo algumas dessas lacunas
e, por esse motivo, ela hoje tem status equivalente ao de uma lei complementar.
Assim como os orçamentos, os projetos de lei relativos ao PPA, a LDO e LOA são
de iniciativa exclusiva do chefe do Poder Executivo, ou seja, somente o Presidente da
A lei delegada, que é aquela lei que o Poder Legislativo ao Executivo legislar sobre
determinado assunto e com algumas condições, sem exceções, não pode tratar de
orçamentários.
- as Diretrizes
- os Objetivos e
continua
De posse das metas plurianuais do PPA, podemos converter isso em metas anuais
na LDO e traduzir isso em aspectos financeiros na LOA. Assim, a LOA de 2008 deverá
consignar R$ 3.000.000 para a execução de 12% da obra e a LOA de 2009, R$ 11.925.000,
para a execução dos 68% restantes. A ponte entre o PPA e a LOA são os “programas”
que vinculam a execução física do PPA com a financeira da LOA.
5.1. Tramitação
As leis orçamentárias, embora sejam leis ordinárias, tem tramitação especial, com
prazos para envio e recebimento pelos poderes envolvidos. Em primeiro lugar, é
interessante notar que o PPA, por ser um plano de quatro anos, é elaborado, também
a cada quatro anos. No entanto, o período de sua validade não é coincidente com o
mandato do Chefe do Executivo (Presidente, Governador, Prefeito). O PPA é deslocado
Vigência do 1º Ano
2º Ano 3º Ano 4º
PPA anterior Ano
2004 2005 2006
2007
O objetivo desta prática é tentar assegurar a continuidade administrativa dos
projetos, evitando que novos governantes descontinuem projetos dos seus
antecessores, por razões de conveniência política, algo comum há algum tempo no
Brasil.
Constituição Federal. No entanto essa legislação ainda não foi elaborada (há projetos
nesse sentido tramitando no Congresso) e a Lei 4.320/64 vem suprindo alguns desses
dispositivos. No entanto, como o PPA e a LDO não existiam na época da elaboração da
Lei 4.320/64, ela não previu qualquer prazo de envio e recebimento para estas leis.
Atualmente, enquanto não elaborada a lei complementar prevista no art. 165 § 9º da
Constituição Federal, os prazos para envio e recebimento do PPA, LDO e LOA estão
estabelecidos no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), um adendo
do texto Constitucional.
O poder legislativo, por sua vez, deverá devolver o PPA aprovado para sanção
até o encerramento da sessão legislativa (22 de dezembro, conforme artigo 57, da CF).
Atenção: o período de encerramento da sessão legislativa foi alterado recentemente pela
EC 50/2006.
todo o contexto.
Alterações
Todo projeto ou plano, seja na nossa vida particular ou na vida de empresas ou, ainda,
na Administração Pública, pode sofrer alterações em razão de fatos supervenientes. No
caso do PPA, e das leis orçamentárias em geral, temos duas fases bem distintas que
devem receber atenção mais que redobrada de todos os alunos. A primeira fase do PPA
e das leis orçamentárias em geral é a fase de projeto de lei, onde eles ainda não foram
aprovados e não se transformaram, ainda, em lei. São chamados de PPPA, PLDO, PLOA,
com o “P” se referindo ao termo projeto de lei.
Essa parte é muito importante: enquanto o PPA (na verdade todas as leis
orçamentárias, LDO e LOA também entram nessa regra) ainda é projeto, ele pode ser
alterado tanto pelo Poder Legislativo, por meio de emendas parlamentares, como por
meio de mensagem do Poder Executivo.
Mas o que é essa Comissão Mista, afinal? O nome Comissão Mista é dado porque
ela é composta de uma proporção dos congressistas (não de todos) e porque ela é
composta de Deputados e Senadores (daí o nome ‘mista’). Essa comissão mista é a
Para que as emendas parlamentares aos projetos de lei sejam aprovadas, alguns
requisitos são, ainda, necessários. Como não é permitida a criação de nova despesa no
seio do parlamento, é necessário que a emenda indique a fonte de recursos para o seu
custeio, somente se admitindo, o proveniente da anulação de despesa. Além disso, as
anulações de despesa não podem incidir sobre despesas com pessoal e seus encargos,
juros da dívida e as transferências constitucionais e tributárias a Estados e a Municípios.
Emendas também são possíveis no caso de erro ou omissão no texto do projeto de lei
orçamentária ou se estiverem relacionadas com o próprio texto do projeto, ou seja,
quando não envolver recursos financeiros.
Destaque especial merece o §1º, do artigo 4º, da LRF que define que “integrará o
projeto de lei de diretrizes orçamentárias o Anexo de Metas Fiscais, que conterá as
metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas,
resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se
referirem e para os dois seguintes”.
17/07/X1 31/12/X2
PPA
A Lei Orçamentária Anual é a tradução financeira, ano a ano, das etapas previstas
no PPA, em consonância com a LDO e com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), O
orçamento anual, em atendimento ao próprio princípio da anualidade, possui vigência
anual, período também chamado de exercício financeiro, e que por força do artigo 34
da lei 4320/64, coincide com o ano civil.
01/01/X1 31/12/X1
Três suborçamentos
A CF trata dos orçamentos públicos anuais estabelecendo que a lei orçamentária
compreenderá:
O importante é notar que não é todo o tipo de despesas dessas empresas que
estará consignado no Orçamento de Investimento de Empresas Estatais. Entram nessa
esfera apenas as despesas com investimentos. Despesas correntes, tais como
pagamento de funcionários ou juros, não são nem consignadas no Orçamento da
União, em nenhuma esfera, nem mesmo na fiscal, porque essas empresas são estatais
dependentes.
No entanto, caso haja empresa estatal dependente, ou seja, aquela que recebe
recursos do Orçamento da União para o pagamento de despesas correntes (salários,
funcionários, juros) e de capital (investimentos), neste caso, todas as suas receitas e
despesas deverão constar do Orçamento da União.
6.1. Tramitação
A exemplo do PPA e da LDO, a LOA também tem uma tramitação especial, com
prazos definidos na Constituição para envio e recebimento, bem como procedimentos
especial para discussão e aprovação da lei. Segue abaixo, um quadro resumo
comparando os prazos de todas as leis orçamentárias (PPA, LDO e LOA):
QUADRO DE ENCAMINHAMENTO
Assim como ocorre com o PPA, a LOA, enquanto ainda é um projeto de lei pode
ser alterada por meio de emenda parlamentar, desde que respeitados os requisitos já
tratados assim, bem como, por meio de mensagem presidencial, enquanto não iniciada
a votação, na Comissão Mista, da parte cuja alteração é proposta.
Esse é o típico caso de emenda substitutiva, aquela que troca uma despesa no
orçamento por outra. No entanto, são admitidas também emendas supressivas, aquelas
que anulam despesas sem incluir outra no seu lugar. Embora pouco comum, é uma
prática permitida. Caso isso ocorra, iremos aplicar a mesma regra relativa as despesas
que foram vetadas.
veto parcial;
\/
Alguns chegaram a alegar que o Poder Legislativo poderia sanar a omissão, mas
como a iniciativa das leis orçamentárias é exclusiva do Executivo, essa tese não foi
adiante, em razão da inconstitucionalidade formal que tal prática carregaria.
Para resolver o caso em questão, temos que recorrer ao art. 32 da Lei 4.320/64
que diz que “se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas Constituições
ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo considerará como proposta
a Lei de Orçamento vigente”. Ou seja, caso o legislativo não receba do Presidente o
PLOA, será considerado como PLOA o orçamento em vigor.
E o que acontece, se o projeto de LOA não for aprovado até o início do exercício?
Como vimos, o prazo para o Poder Legislativo devolver o PLOA para sanção é hoje, dia
Nesse caso, o país não pode ficar parado, pois há despesas que precisam ser
pagas todos os meses, sob pena de inviabilizar a Administração. Nesse caso, a solução
foi utilizar o orçamento em discussão (e ainda não aprovado) como se aprovado
estivesse, na razão dos duodécimos. Ou seja, pode-se executar um duodécimo (1/12
avos) do orçamento em discussão até que ele seja aprovado.
Não é toda a despesa que pode ser executada por meio de duodécimos, mas
apenas aquelas que são consideradas relevantes e inadiáveis, tais como (não é preciso
decorar cada uma delas):
Assim como ocorreu com a LDO, a LRF trouxe inovações também na elaboração da
LOA. Com o artigo 5º, da LRF (LC 101/2000), a LOA ganha mais ênfase, passando a ter
maior importância, de acordo com a LRF, a lei orçamentária deverá:
7. . Princípios orçamentários
Suponha que você esteja passando por graves dificuldades financeiras, em razão
da perda de um emprego ou de algum outro infortuito da vida cotidiana. Mesmo
passando por uma situação difícil, você sabe que não poderá matar, roubar ou fazer
qualquer mal a outras pessoas, porque, provavelmente, ao invés de ter a sua vida
resolvida, você vai acabar se envolvendo em mais confusão.
É claro que roubar propriedade alheia talvez fosse a saída mais rápida para a
solução dos problemas, mas ela não é, de longe, a melhor, em razão da perspectiva
clara da penalidade a que o indivíduo que comete tal crime está sujeito. Parece que
existe uma “lei” superior que dita o que é certo e o que é errado e “roubar” parece
claramente estar do lado “errado”, juntamente com “matar”, “maltratar”, “fofocar”, entre
outros.
Em razão da nossa vida social, sabemos desde pequenos o que é certo e errado
por princípio. Mesmo aos quatro ou cinco anos de idade, não precisamos ler o Código
Penal para saber o que é certo e o que é errado (mesmo porque a maioria de nós não
consegue ler aos quatro ou cinco anos de idade). Por outro lado, há alguns crimes e
contravenções tão incrustados em normas que muitas vezes acabamos por cometê-los
“sem querer”, já que nem todas as pessoas estão habituadas a ler o Código Tributário,
o Estatuto do Idoso ou o Código Florestal.
O termo “princípio” tem relação com a idéia de início, começo. É por isso que
algumas pessoas podem falar que “seus princípios” não admitem o roubo como forma
de vida. E talvez seja por essa razão que alguns políticos dizem que são pessoas de
“princípios”; eles só não dizem quais.
6
Direito Financeiro é a face jurídica do estudo do orçamento público
A Lei 4320/64, principal norma de nosso Direito Financeiro, estabeleceu em seu artigo
2º, alguns dos mais importantes princípios orçamentários, quais sejam, os princípios da
unidade, universalidade e anualidade:
Além destes três, há vários princípios orçamentários que têm origem no texto
constitucional e outros que foram sendo construídos pela doutrina e pela jurisprudência.
7
O termo “norma” aqui está empregado em sentido amplo, como regra, e não no sentido de lei, decreto ou outros atos
do Poder Público. Muitos princípios do Direito estão, de fato, positivados nos textos constitucionais e legais, mas há
uma grande quantidade de normas que não estão escritas e decorrem da evolução doutrinária e da jurisprudência. Em
nosso direito há diversas regras não escritas, mas que tem força equivalente a das normas formais.
8
MOTA, Francisco Glauber Lima, Curso Básico de Contabilidade Pública, 2ª ed, 2006, pg. XX
9
A lista de princípios apresentada neste texto não tem a finalidade de exaurir o tema, tendo em vista que a evolução da
jurisprudência e da doutrina faz com que, de tempos em tempos, novos princípios surjam e outros sejam reformulados.
No entanto, para fins de concurso público, o rol apresentado é, na grande maioria dos casos, suficiente para o
conhecimento solicitado na maioria dos editais no País.
Cada tipo de crédito adicional tem o seu tratamento jurídico específico, não
cabendo entrar em detalhes nesse momento. Por hora é suficiente saber que os créditos
que criam novas dotações orçamentárias, seja em razão de uma alteração no
planejamento (créditos especiais) ou em razão de um fato imprevisto (créditos
extraordinários), podem ser reabertos no ano seguinte ao da sua autorização inicial,
caso esta tenha ocorrido nos últimos quatro meses do ano.
Nesse caso, estes créditos podem ter vigência plurianual (por mais de um ano),
desde que possuam saldo a serem reabertos, constituindo-se exceção ao princípio da
anualidade (que diz que os créditos devem ter vigência anual).
Embora esse princípio pareça bastante abstrato – uma pessoa não iniciada em Direito
Financeiro vai acreditar que é difícil de fato existir um “orçamento paralelo” com tantos
controles governamentais – há bastante aplicação prática dos conceitos envolvidos
nesse princípio.
Um órgão envolvido com pesquisa agrícola pode lecionar cursos para agricultores ou
fazendeiros de determinada região. Se o curso for cobrado, é necessário que a receita
seja incluída no orçamento do órgão para que a despesa posterior também seja
contabilizada. Mas isso, muitas vezes não ocorre, o que infringe o princípio da unidade.
Há outros casos semelhantes, como órgãos que organizam eventos e cobram ingressos
que depois não são contabilizados, ou outros que vendem produtos alimentícios criados
em atividades secundárias sem recolher os recursos a conta única do Tesouro.
Por outro lado, alguns entendem que o princípio da unidade poderia ter sido
relativizado ou mesmo extinto em razão do fato de a Constituição Federal, em seu artigo
165, prever três leis orçamentárias (PPA, LDO E LOA) e três esferas orçamentárias:
orçamento fiscal, orçamento de investimento e orçamentos da seguridade social (art.
165 §5º).
O princípio da universalidade, além de estar previsto na Lei 4.320/64 também tem forte
base constitucional. A Constituição Federal reforça esse princípio ao orientar, no §5º do
artigo 165, que o orçamento deve “conter todas as receitas e as despesas referentes aos
poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta,
inclusive as fundações instituídas e mantidas pelo poder público”.
Usando o exemplo do hospital, podemos dizer que a lei orçamentária anual pode
consignar R$ 10 milhões para a sua construção, autorizando, desde o momento de sua
11
aprovação até o montante (fictício) de R$ 2 milhões em créditos suplementares, para
utilização, em caso de necessidade.
10
Lei de meios é sinônimo de lei orçamentária anual, informação esta, muitas vezes cobrada em concursos.
11
A utilização de valores no exemplo dos créditos suplementares para o hospital é meramente fictícia e serve apenas
para a finalidade ilustrativa, não existindo limite de R$ 2 milhões para abertura de créditos adicionais como alguém
poderia supor.
12
É bom notar que embora os créditos adicionais suplementares possam já estar previstos na própria LOA, não há
proibição para que eles sejam instituídos em lei especial a exemplo do que ocorre com os créditos especiais e
extraordinários, que não podem estar inclusos na lei de meios.
integralmente até o dia dez de dezembro de cada exercício, podemos dizer que as
AROs são operações de crédito de curto prazo, pois têm prazo inferior a doze meses.
meses);
Por fim, cumpre ressaltar que a Lei 4320/64 em seu artigo 7º, também já
relacionava, bem antes da atual Constituição, exceções ao princípio da exclusividade:
Como visto, a autorização legislativa para a realização das despesas e das receitas deve
ser feita de modo a se manter certo controle sobre o que o Governo faz com os recursos
da coletividade, sem engessar demais a Administração. Nesse sentido, vimos que foi
instituído o princípio da anualidade e o da periodicidade. Outra faceta dessa
característica de “liberdade assistida” concedida ao Governo dizer respeito ao princípio
da especificação.
13
Elemento é o quarto nível de classificação da despesa. A despesa pode ser classificada por categoria econômica,
grupo de natureza de despesa, modalidade de aplicação e elemento de despesa. O elemento de despesa pode ser
detalhado, ainda, criando um quinto nível, chamado de
detalhamento do elemento de despesa.
Lei 4.320/64,
Decreto-Lei 200/67,
Passivos contingentes são despesas que ainda não se concretizaram, mas que
podem vir ou que tenha alguma probabilidade de ocorrer, principalmente, em razão de
processos judiciais que ainda estão tramitando e cujo desfecho é desconhecido pode
ser desfavorável à entidade pública. Por exemplo, uma ação judicial movida por
servidores públicos contra a União pode resultar em elevados pagamentos que serão
impactarão negativamente as despesas orçamentárias. Enquanto o desfecho ainda é
desconhecido e a despesa pode ou não ocorrer, os valores em discussão são
contabilizados como passivos contingentes.
A Lei 101/2000, Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), também trouxe diversas regras no
sentido de dar maior transparência aos gastos públicos, com destaque para os artigos
48 e 49.
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será
dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público:
os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de
contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas
desses documentos.
No entanto, nos dias de hoje o princípio vem sendo bastante relativizado. É que
no Brasil, a Contabilidade Pública classifica como receitas, aquelas entradas de caixa
oriundas de operações de crédito. É como se o assalariado considerasse o cheque
especial como parte de sua renda, quando na verdade é um empréstimo. Essa inusitada
contabilização de empréstimos como receita permite que o equilíbrio orçamentário seja
alcançado, ainda que não haja equilíbrio real entre as receitas e despesas. Assim,
atualmente, o princípio do equilíbrio não passa de uma simples questão de técnica
contábil visto que possíveis excessos de gastos podem ser cobertos por operações de
crédito, oferecendo assim o “equilíbrio”, escondendo um déficit econômico.
Receitas “reais”
Receitas de
empréstimos
João Maria
Créditos
É fácil perceber que o saldo líquido de João é negativo em R$ 20,00 e que o saldo
líquido de Maria é positivo em R$ 20,00, se desconsiderarmos outras bens, dívidas e
transações de João e Maria. Para continuar nosso exemplo, vamos supor, agora, que
Maria tome emprestado de João, alguns dias depois, R$ 7,00.
Créditos
Este é o chamado princípio do orçamento bruto que diz que receitas e despesas devem
ser consignadas na lei de orçamento pelos seus valores brutos, vedadas deduções ou a
inclusão de importâncias líquidas.
Não deve ser difícil ao leitor perceber que o princípio do orçamento bruto está
intimamente ligado ao princípio da universalidade, visto acima, que diz que todas as
receitas e todas as despesas devem estar obrigatoriamente consignadas na lei
orçamentária. É que se fossem admitidas deduções e a inclusão de importâncias
líquidas, parte das receitas e/ou despesas seriam omitidas, quando houvesse contas
credoras e devedoras simultaneamente.
Assim, na LOA da União, o IPI deverá constar na parte da receita pelo seu valor
total e na parte da despesa a parcela a ser transferida, evitando-se lançar o valor líquido
resultante do confronto entre estes dois valores.
[...]
Em primeiro lugar, é bom ressaltar que objetivo do dispositivo constitucional que veda
a vinculação da receita de impostos a despesas, fundo ou a órgão é evitar que o
legislativo impeça o executivo de administrar o orçamento de maneira mais adequada,
criando vinculações das receitas a determinadas despesas o que, na prática, deixaria
14
Há uma corrente minoritária que entende que os empréstimos
compulsórios não se constituem em tributos, mas essa
definição é relativamente irrelevante para fins de concurso
público.
não paga impostos para ter um serviço em troca, mas sim, o imposto é recolhido com
a única e exclusiva finalidade de custear as atividades do Estado.
É por esse motivo que a Constituição instituiu um rol taxativo (lista fechada) de
impostos que podem ser cobrados dos contribuintes, ao passo que os outros tributos,
tais como taxas, contribuições não possuem uma relação fechada de situações em que
podem ser cobradas. É que, no caso dos impostos, como não existe uma
contraprestação em bens ou serviços para o cidadão, houve a necessidade de a
Constituição relacionar as situações em que o imposto pode ser cobrado.
Mesmo no caso de impostos, que em regra não podem ser vinculados, há algumas
exceções que permitem a vinculação, no caso das despesas com:
orçamentária (ARO);
No caso dos itens ‘a’ e ‘b’, o que ocorre é que a três esferas (União, Estados e
Municípios) têm interesse no desenvolvimento da educação e nas ações e serviços de
saúde. Por determinação constitucional, há um mínimo do orçamento de cada uma
dessas esferas que deve ser aplicado em saúde e educação, de modo a evitar que estas
áreas, tão sensíveis e importantes para a população, fiquem sem recursos.
O item ‘c’ trata de inovação recente da Constituição trazida pela EC 45/2004 que
permitiu a vinculação da receita de impostos a atividades da administração tributária
das três esferas federativas. Assim, por exemplo, pode ser vinculada uma fração da
receita de impostos com atividades de treinamento de fiscais tributários, por exemplo.
orçamentárias;
É por este motivo que não só o PPA, a LDO e a LOA devem ser aprovadas por lei, mas
também qualquer plano, programa, operação de abertura de crédito, transposição,
remanejamento ou transferência de recursos de uma programação para outra ou de
um órgão para outro e a instituição de fundos (CF, arts. 48, II e IV; 166; 167, I, III, V, VI e
IX).
Importante ressaltar, no entanto, que o sentido do termo “conta bancária” única para
fins de manter respeito ao princípio de da unidade de tesouraria é um pouco diverso
do sentido coloquial de “conta corrente”. Na verdade, o Governo Federal, por exemplo,
dispõe de diversas contas-corrente, em razão de facilidade operacional, já que seria
praticamente impossível uma estrutura administrativa gigantesca ter apenas uma conta-
corrente em uma única agência bancária. No entanto, isso não significa desrespeito ao
princípio da unidade de tesouraria, porquanto todas as contas são contabilizadas como
se fossem uma só.
A lei
orçamentária
não Créditos suplementares,
quando já incluídos na
pode de tratar Art. 7º da Lei
LOA.
de assunto não Operações de crédito de 4,320/64
relacionado a longo prazo. Art. 165 § 8º da
Exclusividade
orçamento Constituição
Operações de crédito
público, de Federal
por antecipação de
modo a evitar receita orçamentária
as (ARO)
“caudas
orçamentárias”
A autorização
legislativa deve
conter
especificação Art. 5º, 15 e 20
Programas especiais de da Lei 4.320/64
da
Especificação trabalho. Art. 91 do
despesa de
(especificidade) Reservas de Decreto Lei
modo
contingência 200/67
a evitar
autorização
globais (apenas
em montante).
Os atos Art. 37 da
relativos à Constituição
elaboração da Federal
Publicidade Não há exceções.
proposta Art. 165 § 3º da
orçamentária e Constituição
à sua execução
Não impede a
vinculação a despesa
de receita dos
demais tributos, tais
como taxas,
contribuições e
contribuições de
melhoria.
Mesmo no caso da
receitas de impostos,
há exceções.
Pode-se vincular a
receita de impostos a:
Impede a
a) saúde
Não- vinculação a Art. 167, IV, da
b) desenvolvimento
vinculação da despesas de Constituição
do ensino
receita receitas de c) atividades da Federal
impostos. administração
tributária,
d) a prestação de
garantias às
operações de
crédito por
antecipação de
receita
e) prestação de
garantia e
contragarantia à
União
f) transferências
constitucionais
Princípio Descrição Exceções/Obs. Fundamento
tributárias
A exceção é a Art. 37 da
É necessário lei
utilização de medida Constituição
para instituir os Federal.
Legalidade provisória para a
orçamentos Art. 165 da
abertura de créditos
públicos. Constituição
extraordinários.
Federal, I, II e III.
O orçamento
deve ser
Princípio
Clareza elaborado em Não se aplica.
doutrinário.
linguagem clara
e acessível.
As regras e
classificações
orçamentárias
devem se
manter Princípio
Uniformidade Não se aplica.
estáveis ao doutrinário.
longo
do tempo para
permitir a
comparabilidade.
Todos os
Unidade de recursos deverão
Art. 56 da Lei
tesouraria ou ser centralizados Não há exceções.
4.320/64
de caixa em uma única
conta bancária.
Pessoal,
É isso.
Espero que tenham gostado da nossa primeira aula e, em caso de dúvidas, entrem em
contato por email.