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METODOLOGIA DA PESQUISA

CIENTÍFICA

Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação


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Meu nome é Carlos Alberto Marinheiro. Sou mestre em


Bioengenharia pela Interunidades (EESC, IQSC e FMRP)
da USP, especialista em Geometria Analítica, Métodos
e Procedimentos Didáticos, Metodologia e Técnicas de
Ensino e Metodologia do Ensino da Matemática e formado
em Matemática e em Pedagogia pelo Centro Universitário
Claretiano (Batatais – SP), bem como em Engenharia Civil
pelo Centro Universitário Moura Lacerda (Ribeirão Preto –
SP). Atuo como professor nas áreas de Metodologia da Pesquisa Científica, Desenho
Geométrico e Geometria Descritiva, Ensino da Matemática através da Resolução de
Problemas, Biofísica, Administração de Produção e Estatística Aplicada em diversos
cursos de Graduação e como professor de Metodologia da Pesquisa Científica e de
Tópicos de Educação Matemática na Educação a Distância. Sou, também, coordenador
da CPA (Comissão Própria de Avaliação) e coordenador geral do PARFOR – Plataforma
Freire –, com convênio com a CAPES/MEC.
E-mail: marinheiro@claretiano.edu.br

Meu nome é Everton Luis Sanches. Sou professor de História,


diretor de teatro amador, ator e dramaturgo. Trabalhei com
TV e vídeo. Em meu mestrado e doutorado, realizados no
curso de História e Cultura da Universidade Estadual Paulista
(Unesp), Franca-SP, pesquisei a mensagem deixada por
Charles Chaplin em seus filmes e sua relação com o período
histórico.
E-mail: evertonsanches@zipmail.com.br
Meu nome é Rafael Menari Archanjo. Sou mestre em Linguística
pela Universidade de Franca (UNIFRAN), especialista em
Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa, Literatura e
Redação – e graduado em Letras pelo Claretiano – Centro
Universitário. Atuo como coordenador geral de pesquisa e
iniciação científica da instituição, onde também sou coordenador
e editor chefe das revistas científicas, e membro titular do
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/Claretiano). Atuo também
como professor de Literatura no ensino médio, do Claretiano
– Colégio São José. Minhas pesquisas atuais estão voltadas à
Ciência Linguística, especificamente inseridas nas linhas do discurso e do texto.
E-mail: coordpesquisa@claretiano.edu.br
Carlos Alberto Marinheiro

Everton Luis Sanches

Rafael Menari Archanjo

METODOLOGIA DA PESQUISA
CIENTÍFICA

Batatais
Claretiano
2016
© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)
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Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia
Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori
Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia
Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Simone Rodrigues de Oliveira
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Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami
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Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

001.42 M289m

Marinheiro, Carlos Alberto


Metodologia da pesquisa científica / Carlos Alberto Marinheiro, Everton Luis Sanches,
Rafael Menari Archanjo – Batatais, SP : Claretiano, 2016.
158 p.

ISBN: 978-85-8377-470-9

1. Ciência. 2. Métodos e técnicas de pesquisa. 3. Projeto de pesquisa. 4. Escrita acadêmica.


5. Artigo científico. I. Sanches, Everton Luis. II. Archanjo, Rafael Menari. III. Metodologia
da pesquisa científica.

CDD 001.42

INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Metodologia da Pesquisa Científica
Versão: ago./2016
Formato: 15x21 cm
Páginas: 158 páginas
SUMÁRIO

CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 11
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS............................................................................. 12
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE................................................................ 13
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 14

Unidade 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA:


INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 19
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 19
2.1. O ARTIGO CIENTÍFICO NO CONTEXTO DO CLARETIANO – CENTRO
UNIVERSITÁRIO: NORMAS GERAIS.......................................................... 20
2.2. MODALIDADES DE PESQUISA................................................................. 22
2.3. PESQUISA COM SERES HUMANOS......................................................... 27
2.4. NOÇÕES DE ESCRITA ACADÊMICA.......................................................... 40
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 57
3.1. MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA..................................................... 58
3.2. PESQUISAS COM SERES HUMANOS....................................................... 58
3.3. ESCRITA ACADÊMICA............................................................................... 59
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 60
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 61
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 62
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 63

Unidade 2 – PROJETO DE PESQUISA II


1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 67
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 68
2.1. A QUESTÃO DO PROBLEMA NA PESQUISA (BASE EPISTEMOLÓGICA).68
2.2. DELIMITAÇÃO DO TEMA.......................................................................... 71
2.3. CONTEXTUALIZAÇÃO/REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................... 76
2.4. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................ 78
2.5. CONSTRUÇÃO DA JUSTIFICATIVA........................................................... 84
2.6. OBJETIVOS ............................................................................................... 86
2.7. METODOLOGIA......................................................................................... 88
2.8. REFERÊNCIAS............................................................................................ 89
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 96
3.1. A QUESTÃO DO PROBLEMA NA PESQUISA (BASE EPISTEMOLÓGICA).96
3.2. DELIMITAÇÃO DO TEMA.......................................................................... 97
3.3. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................ 97
3.4. CONSTRUÇÃO DA JUSTIFICATIVA........................................................... 98
3.5. OBJETIVOS................................................................................................ 98
3.6. METODOLOGIA......................................................................................... 99
3.7. REFERÊNCIAS............................................................................................ 101
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 101
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 106
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 106
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 108

Unidade 3 – ARTIGO CIENTÍFICO


1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 111
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 111
2.1. ESTRUTURA DO ARTIGO CIENTÍFICO..................................................... 111
2.2. QUESTÕES CRUCIAIS DO TEXTO ACADÊMICO: CITAÇÕES E PLÁGIO... 134
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 150
3.1. ESTRUTURA DO ARTIGO CIENTÍFICO..................................................... 150
3.2. INTRODUÇÃO........................................................................................... 152
3.3. DESENVOLVIMENTO................................................................................ 153
3.4. CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................. 153
3.5. PLÁGIO...................................................................................................... 153
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 154
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 156
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 156
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 157
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Conteúdo
Métodos e técnicas de pesquisa e iniciação ao Projeto de
Pesquisa. Projeto de pesquisa II. Artigo científico.

Bibliografia Básica
DEMO, P. Introdução a metodologia da ciência. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1987.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

Bibliografia Complementar
CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2010.
ECO, U. Como se faz uma tese. 13. ed. São Paulo: Perspectiva, 1996.
GOLDSTEISN, N.; LOUZADA, M. S.; IVAMOTO, R. O texto sem mistério: o texto e a
escrita na universidade. São Paulo: Ática Universidade, 2009.
OLIVEIRA, M. M. Como fazer projetos, relatórios, monografias, dissertações e teses. 3.
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
PÁDUA, E. M. M. Metodologia da pesquisa – abordagem teórico-prática. 10. ed. rev.
atual. Campinas: Papirus, 2004.

9
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

É importante saber
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá
ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias
à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos,
os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento
ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de
saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente se-
lecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados
em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é
imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos,
não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitu-
ra de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade
e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigató-
rios, para efeito de avaliação.

10 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1. INTRODUÇÃO
Nesta obra serão abordados os principais aspectos do es-
tudo científico com o intuito de possibilitar a você, como aluno
de graduação, a elaboração de seu Projeto de Pesquisa (Plano
de Texto) e seu Artigo Científico, seja para atender o Trabalho
de Conclusão de Curso (TCC), em cursos em que este é obrigató-
rio segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), se for o
seu caso; seja para propiciar a você uma experiência acadêmica
substancial com relação à produção de conhecimento, caso você
esteja vinculado a um curso que não tem TCC obrigatório.
Para alcançar tal objetivo, serão tratados, ao longo das três
unidades, as normas, a linguagem e os critérios previstos para a
elaboração de um trabalho científico/acadêmico, as informações
sobre a escrita do projeto e do artigo científico, bem como os
aspectos gerais acerca daquilo que se pretende ao realizar um
trabalho dessa natureza.
Nesse sentido, procuramos dar ênfase à importância do
desenvolvimento do pensamento científico e a como ele pode
ser organizado em uma escrita coesa e fluente, alertando para
algumas “armadilhas” ou elementos comuns que podem dificul-
tar o trabalho do pesquisador iniciante e também do pesquisa-
dor mais experiente.
Os vídeos e textos indicados ao final de cada uma das uni-
dades também são importantes ferramentas para situar você no
universo da produção científica, apresentando formas diversas
para realizar seus estudos e dicas que podem facilitar o trabalho
de coleta de dados ou a pesquisa bibliográfica.
Considerando o tempo abreviado para a realização do Pro-
jeto de Pesquisa (Plano de Texto) e do Artigo Científico, ambos

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 11


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

a serem desenvolvidos sequencialmente em Metodologia da


Pesquisa Científica, sua dedicação é fundamental. A leitura aten-
ta de cada um dos capítulos e a realização adequada de todas
as atividades permitirá que você conclua satisfatoriamente mais
essa etapa de seus estudos.
Um dos fatores cruciais para o bom aproveitamento dessa
etapa é a compreensão da relevância da realização autêntica de
sua pesquisa, evitando, assim, as sanções pertinentes àqueles
que ainda insistem na realização do plágio.
Estes e outros assuntos igualmente importantes serão ana-
lisados mais profundamente ao longo das unidades. Desejamos
que você explore ostensivamente todo o conteúdo disponibiliza-
do, acesse os materiais indicados e tenha um excelente aprovei-
tamento dos referenciais e conceitos aqui tratados.
Bons estudos!

2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e
precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí-
nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci-
mento dos temas tratados.
1) Artigo científico: para Marconi e Lakatos (1983), os
artigos científicos são publicações em revistas ou pe-
riódicos. Neles são detalhados estudos que tratam
de uma questão verdadeiramente científica, mas não
chegam a se constituir em matéria de um livro. Os
artigos científicos diferem das monografias pela sua
reduzida dimensão e pelo conteúdo.

12 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

2) Ciência: estudo de “problemas”, em que se utilizam


métodos, técnicas e procedimentos científicos. Co-
nhecimento racional, sistemático e verificável. Pro-
cura metódica do saber.
3) Conhecimento científico: podemos dizer que conhe-
cimento científico é o conhecimento pela demons-
tração. Para que o conhecimento seja científico, de-
vemos seguir métodos e técnicas, de forma que haja
controle e sistematização do processo.
4) Metodologia científica: a metodologia científica for-
nece os métodos e técnicas necessários para que a
pesquisa tenha caráter científico. Ela padroniza os
métodos e as técnicas dos trabalhos científicos, to-
mando como base os estudos científicos já realiza-
dos na área específica em que o pesquisador está
situado.
5) Projeto de Pesquisa: é um documento escrito com a
função de explicitar o planejamento de uma pesquisa
científica. De uma maneira mais ampla, significa todo
o processo de pesquisa, ou seja, planejamento, exe-
cução e, por último, a elaboração do produto final de
sua pesquisa (relatório de pesquisa demonstrando os
resultados, artigo científico, monografia, dissertação
ou tese).

3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE


O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos concei-
tos mais importantes deste estudo.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 13


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Metodologia da Pesquisa Científica.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ECO, U. Como se faz uma tese. 13. ed. São Paulo: Perspectiva, 1996.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1983.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

14 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1
MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA
ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE
PESQUISA

Objetivos
• Compreender as normas gerais do Artigo Científico, no contexto do Clare-
tiano – Centro Universitário.
• Tomar conhecimento das modalidades de pesquisa.
• Aprender alguns dos pressupostos para a construção do Projeto de
Pesquisa.
• Assimilar as orientações indispensáveis para uma pesquisa com seres
humanos.
• Dominar as técnicas gerais da escrita acadêmica.

Conteúdos
• O Artigo Científico no contexto do Claretiano – Centro Universitário.
• Modalidades de pesquisa.
• Pesquisa com Seres Humanos.
• Noções de Escrita Acadêmica.

15
UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações
a seguir:
1) Os conteúdos descritos nesta unidade permitem o
entendimento dos procedimentos de pesquisa perti-
nentes a qualquer trabalho científico. Desse modo, é
importante estar atento para a aplicação desses pro-
cedimentos à sua área específica, adaptando alguns
detalhes, caso seja necessário.
2) A metodologia deve servir de instrumento para aquele
que pergunta, e não ser mais um obstáculo a ser venci-
do. O método é uma ferramenta. Como qualquer outra
ferramenta, você deve aprender a manuseá-la. Após
aprender o seu manejo, o método facilitará seu cami-
nho de pesquisa.
3) Tome conhecimento da sistemática do Artigo Científi-
co no contexto do Claretiano – Centro Universitário.
Lembre-se de que ele é uma das condições indispensá-
veis para a conclusão do curso.
4) Todo texto deve estar adequado à sua esfera de co-
municação. Na confecção do Projeto de Pesquisa e do
Artigo Científico, você deverá empregar a linguagem
característica do gênero acadêmico, além de obser-
var e cumprir cuidadosamente suas regras. Consulte o
conteúdo (tópico “2. 4 Noções de Escrita Acadêmica”)
não somente para atender à necessidade da presente
unidade, mas durante toda construção do Projeto de
Pesquisa e na redação do Artigo Científico.

16 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações
a seguir:
1) Não se limite ao conteúdo desta obra; busque outras
informações em sites confiáveis e/ou nas referências
bibliográficas apresentadas no Conteúdo Digital Inte-
grador. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o en-
gajamento pessoal é um fator determinante para o seu
crescimento intelectual.
2) Acesse regularmente o SGA-SAV (ou Sala de Aula Vir-
tual, se considerar mais fácil), e utilize as ferramen-
tas que estão à disposição. Elas foram desenvolvidas
para promover a interação entre você, tutores e co-
legas de curso, contribuindo para o sucesso de sua
aprendizagem.
3) Os conteúdos descritos nesta unidade permitem o
entendimento de procedimentos de pesquisa perti-
nentes a qualquer trabalho científico. Desse modo, é
importante estar atento para a aplicação desses con-
teúdos à sua área específica, adaptando alguns por-
menores, caso seja necessário.
4) Todo trabalho de pesquisa é um exercício de persistên-
cia e humildade. Por isso, mantenha a sua persistência
durante o estudo e esteja sempre aberto às novidades
que poderão surgir durante a sua pesquisa.
5) Não deixe de recorrer aos materiais complementares
descritos no Conteúdo Digital Integrador. Eles serão
imprescindíveis para esclarecer questões que talvez
lhe tragam mais dificuldade.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 17


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

18 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

1. INTRODUÇÃO
Vamos iniciar nossa primeira unidade de estudo? Você está
pronto? Daremos, então, os primeiros passos.
No decorrer do estudo desta unidade será detalhada parte
dos passos necessários para a realização do Projeto, o momento
de início da pesquisa, e que será essencial para a sequência do
processo: a escrita do Artigo Científico.
Esses passos constituem um caminho comum que poderá
ser aplicado em diversos tipos de trabalhos científicos e que, uma
vez assimilado, poderá ser usado sempre que você for realizar
uma pesquisa, tomando o pensamento científico como guia.
Aqueles que não têm experiência quanto à realização de um
trabalho de iniciação científica terão a oportunidade de conhecer
os critérios que definem um trabalho científico-acadêmico.
Os que já realizaram esse tipo de pesquisa anteriormente
poderão rever alguns pontos fundamentais a esse respeito e
aprofundar os seus conhecimentos realizando um novo trabalho
de pesquisa, agora em nível um pouco mais avançado – além
de conhecer como os pressupostos básicos de um Projeto de
Pesquisa e de um Artigo Científico foram adaptados ao modelo
do Claretiano – Centro Universitário. Portanto, a leitura atenta e
o cumprimento das atividades é indispensável a todos os alunos!
Vamos lá!

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 19


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-


do Digital Integrador.

2.1. O ARTIGO CIENTÍFICO NO CONTEXTO DO CLARETIANO –


CENTRO UNIVERSITÁRIO: NORMAS GERAIS

Antes de tratarmos de métodos e técnicas de pesquisa, si-


tuaremos você no contexto do Artigo Científico exigido na pre-
sente disciplina.
Você chegou a mais uma etapa decisiva de sua formação
acadêmica. Este estudo, que compõe a grade curricular do seu
curso de Graduação, tem alcance transversal. Isso significa que,
apesar do estudo ter um fim em si mesmo, os conceitos traba-
lhados em seu escopo tendem a contribuir para outras áreas de
estudo de seu curso, além de pesquisas atuais e futuras.
Ainda que você não tenha a intenção de seguir carreira
acadêmica, as discussões acerca do método científico e da cons-
trução do conhecimento acadêmico contribuirão para que você
tenha um novo olhar em relação à vida social. Um olhar que não
seja ordinário, e sim mais consciente para as tomadas de posição
responsivas exigidas pelo convívio em sociedade.
Com esse intuito, começaremos com as regras básicas que
você deverá seguir ao longo desse trajeto.
A partir deste momento, elucidaremos outras normas a se-
rem seguidas durante sua realização.
Segundo Regimento da Coordenadoria Geral de Pesquisa e
Iniciação Científica (CPIC, 2013), o Artigo Científico:

20 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

1) Deve ser desenvolvido dentro da disciplina Metodolo-


gia da Pesquisa Científica. O não cumprimento do pra-
zo estabelecido acarretará dependência.
2) Deve ser construído gradativamente por meio da in-
teração entre orientando (aluno) e orientador (tutor).
Isso significa que a construção do trabalho passa por
etapas de comunicação entre aluno (autor) e tutor
(coautor) até ser considerado concluído e apto a ser
apresentado. Orientandos que postarem o trabalho
concluído, ou mesmo próximo à data de encerramen-
to, sem interações periódicas com o orientador, não
aproveitando adequadamente o período de orienta-
ção, poderão ter o trabalho reprovado.
3) Necessita ser concebido em interação periódica junto
a seu orientador, por intermédio do Portfólio do SGA-
-SAV. Trabalhos encaminhados por outras ferramentas,
como a Lista, ou por Correio Eletrônico (e-mail) não se-
rão aceitos.
4) Deve abordar um tema ligado “[...] à realidade nacio-
nal e/ou regional, pertinente à área de conhecimento
na qual se insere o curso e suas respectivas linhas de
pesquisa [...]” (CPIC, 2013, p. 2). Em outras palavras: o
tema abordado deve estar em consonância com a área
de abrangência do curso.
Norma–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Cabe ao aluno seguir as orientações do Tutor da disciplina. Qualquer mudança
em relação ao trabalho deverá ser efetuada em comum acordo.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Na instituição, dentre as maiores causas de reprovação do
Artigo Científico, destacamos algumas, a saber:

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 21


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

1) O não aproveitamento das atividades e leituras do es-


tudo, levando à não conclusão do Artigo Científico.
2) O envio do trabalho concluído, sem ter sido construí-
do por meio de interações periódicas com o tutor da
disciplina.
3) Cópia parcial ou total de outros trabalhos sem a devida
referência (plágio).
4) Identificação de trabalho comprado.
5) Conclusão parcial ou inadequada do artigo científico,
que configura o não atendimento dos critérios mí-
nimos para que o trabalho seja considerado apto à
apresentação.
Plágio–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A temática do plágio será abordada na Unidade 3 (tópico “2.2. Questões do
texto acadêmico: citações e plágios”). No entanto, você deverá fazer uma
leitura atenta do conteúdo citado para a realização das atividades das Uni-
dades 1 e 2, momento em que o Projeto de Pesquisa (Plano de Texto) será
desenvolvido.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

2.2. MODALIDADES DE PESQUISA

A pesquisa científica pode ser realizada de acordo com cri-


térios específicos, com diferentes maneiras de pesquisar e tam-
bém com formas de apresentação específicas. Sendo assim, há
várias classificações ou modalidades possíveis para a pesquisa
científica.
De acordo com Gil (2007, p. 41) “[...] toda e qualquer clas-
sificação se faz mediante algum critério. Com relação às pesqui-
sas, é usual a classificação com base em seus objetivos gerais”,
isto é, com base no resultado que deseja alcançar com sua pes-

22 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

quisa. Essa classificação diz respeito ao marco teórico e permite


a organização dos conceitos que você utilizará ao longo do cami-
nho da pesquisa.
Todavia, esta não constitui a única maneira de classificar
uma pesquisa. Podemos, também, “[...] analisar os fatos do pon-
to de vista empírico, para confrontar a visão teórica com os da-
dos da realidade” (GIL, 2007, p. 43) e, desse modo, classificar a
pesquisa conforme seu delineamento, ou seja, o tipo de organi-
zação e planejamento, as ações do pesquisador, a forma como irá
fazer o seu levantamento de informações e, consequentemente,
o caminho que seguirá para analisar tais informações. Por essa
perspectiva, teremos que delinear modalidades específicas de
pesquisa para usar como critério para tal definição os procedi-
mentos técnicos utilizados.
Conforme a política do Claretiano, as modalidades de pes-
quisa pertinentes a um artigo científico são: artigo científico de
revisão bibliográfica, artigo científico de pesquisa de campo,
relato de experiência e estudo de caso. Cada uma dessas moda-
lidades pode ser entendida da seguinte maneira:
Artigo Científico de Revisão Bibliográfica – é o resultado de uma
investigação bibliográfica que procura explicar um problema
com base em referências teóricas publicadas em artigos, livros,
dissertações e teses. A pesquisa bibliográfica é meio de forma-
ção por excelência e constitui o procedimento básico para os
estudos, pelos quais se busca o domínio sobre determinado
tema.
Artigo Científico de Pesquisa de Campo – é o resultado de uma
investigação em que o aluno assume o papel de observador e
explorador, coletando os dados diretamente no local (campo)
em que se deram ou surgiram os fenômenos. Portanto, o tra-
balho de campo caracteriza-se pelo contato direto com o fenô-
meno de estudo.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 23


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Relato de Experiência – divulgação de experiências profissio-


nais e/ou acadêmicas desenvolvidas ou em andamento que,
por suas propostas, tragam contribuições para a área na qual
o aluno se insere.
Estudo de Caso – é a pesquisa sobre determinado indivíduo,
família, grupo ou comunidade que seja representativo de seu
universo, a fim de se examinarem aspectos variados relaciona-
dos à sua vida.

Vamos entender um pouco mais sobre cada uma dessas


modalidades. Uma das questões frequentes trata da diferença
entre pesquisa de campo, estudo de caso e relato de experiên-
cia. Para alguns alunos, essas três modalidades podem ser bas-
tante parecidas. Vamos analisar, de maneira pontual, quais as
suas peculiaridades.
De acordo com Gil (2007, p. 43), na divisão em modalida-
des que se faz a partir do delineamento, o principal critério con-
siderado é o “[...] procedimento adotado para a coleta de dados”.
Analisando a proposta do Claretiano – Centro Universitá-
rio, temos que a pesquisa de campo, o relato de experiência e o
estudo de caso envolvem o contato direto do pesquisador com o
seu objeto de estudo. Contudo, em cada uma dessas modalida-
des, esse contato é realizado de forma distinta.
No relato de experiência, o pesquisador é parte da situa-
ção pesquisada, ou seja, está diretamente envolvido com o obje-
to de estudo. Desse modo, os dados serão coletados a partir de
uma experiência específica, vivenciada pelo pesquisador. É essa
vivência que trará as informações que serão devidamente orga-
nizadas conforme os critérios da análise científica.
O estudo de caso, por sua vez, é realizado a partir das in-
formações referentes a um caso do qual o pesquisador não faz

24 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

parte, ou seja, não se trata da experiência ou da vivência profis-


sional do pesquisador. As informações coletadas dirão respeito
a um caso específico que o pesquisador acompanha “de fora” e
sobre o qual tratará em sua pesquisa. Da mesma maneira que no
relato de experiência, é necessário dar um tratamento científico
para as informações analisadas a partir do estudo de caso e a
impessoalidade na escrita é fundamental para lidar com as infor-
mações coletadas.
E a pesquisa de campo? Como funciona? Podemos consi-
derar que as duas modalidades anteriores envolvem pesquisa de
campo, porém não são caracterizadas como tal por se tratarem
de pesquisas vinculas a um caso específico (estudo de caso) ou
por referirem-se à vivência de seu autor (relato de experiência).
O que define a Pesquisa de Campo é a coleta direta das informa-
ções, seja por meio de observação, seja por meio de aplicação
de questionários etc. Pode referir-se a fenômenos gerais, obser-
váveis em diferentes contextos e, por isso, não caracterizando as
modalidades de pesquisa anteriores.
Todavia, resta entendermos um pouco mais sobre o artigo
científico de revisão bibliográfica. Nessa modalidade, o trabalho
consiste em fazer o levantamento das informações a partir do
suporte escrito, que pode ser composto de livros e revistas cien-
tíficas, documentos a respeito de seu objeto de estudo ou de-
mais produções de nível acadêmico e oficial (dados estatísticos
ou informações de institutos de pesquisa, instituições do gover-
no etc.). A partir da leitura desses textos, o pesquisador faz uma
triagem daquilo que precisará utilizar para tratar do tema de sua
pesquisa, e demonstra como tal assunto vem sendo abordado,
quais são as divergências ou convergências, possíveis pontos que
ainda não foram bem esclarecidos etc. Assim, ele fará aquilo que
Umberto Eco (2008, p. 02-03) chama de compilação:

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 25


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Numa tese de compilação, o estudante apenas demonstra ha-


ver compulsado criticamente a maior parte da “literatura” exis-
tente (isto é, das publicações sobre aquele assunto) e ter sido
capaz de expô-Ia de modo claro, buscando harmonizar os vários
pontos de vista e oferecendo, assim, uma visão panorâmica in-
teligente, talvez útil sob o aspecto informativo mesmo para um
especialista do ramo que, com respeito àquele problema espe-
cífico, jamais tenha efetuado estudos aprofundados.

Na Graduação o intuito está longe de construir uma tese,


mas sim um Artigo Científico – o que diminui consideravelmen-
te o nível de complexidade. Porém, a sistemática acaba sendo
a mesma apontada por Eco (2008): análise crítica da literatura
consultada sobre o assunto e construção de uma abordagem
consistente sobre o objeto de estudo, ainda que não seja “dita”
nenhuma novidade ao seu respeito.

Atenção!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O “objeto de estudo” corresponde ao “que” será analisado
na pesquisa.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A revisão bibliográfica também é necessária para a execu-
ção de todas as modalidades de pesquisa científica que estuda-
mos anteriormente. Isso porque qualquer pesquisa deve sempre
partir de leitura prévia que permita estabelecer critérios de aná-
lise e mesmo os procedimentos de sua realização, seja na busca
de informações sobre um caso específico, para a reflexão qua-
lificada de sua experiência profissional ou para a formatação e
análise de um questionário aplicável a uma pesquisa de campo.

26 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Importante–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O entendimento da área em que você está realizando o seu estudo também
depende diretamente da revisão bibliográfica, que deverá fornecer as linhas
de estudo existentes e a aplicação de cada uma delas, delimitando qual será
aquela que você irá adotar, assim como a utilidade de seu estudo diante daqui-
lo que já foi produzido a respeito. Como afirmou Eco (2008, p. 03) “[...] a compi-
lação pode constituir um ato de seriedade da parte do jovem pesquisador que,
antes de propriamente iniciar a pesquisa, deseja esclarecer algumas idéias,
documentando-se bem”. Por esse motivo, sempre indicamos aos alunos a rea-
lização de artigo científico de revisão bibliográfica, uma vez que a pesquisa e o
estudo qualificados da bibliografia podem oferecer grandes possibilidades da
realização de um trabalho simples e autêntico, além de ser mais viável dentro
do tempo disponível para a sua execução. Outro fator favorável da revisão bi-
bliográfica é a isenção de algumas questões éticas que podem estar presentes
nas demais modalidades de pesquisa.
Devido a essa importância, trataremos, no próximo item, das questões ine-
rentes à uma pesquisa com seres humanos e da sistemática de atuação do
Comitê de Ética em Pesquisa da instituição.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

2.3. PESQUISA COM SERES HUMANOS

Como citado no item anterior, a ética é imprescindível em


qualquer atividade acadêmica. A partir deste momento, orien-
taremos você especificamente sobre a ética em pesquisa com
seres humanos.
A principal função de um Comitê de ética em pesquisa
com seres humanos é assegurar o direito à liberdade e garantir
a proteção ao sujeito (voluntário da pesquisa), isto é, à pessoa
humana que venha, eventualmente, a participar direta ou indi-
retamente de alguma pesquisa. Compreende-se que “[...] todo
o progresso e seu avanço devem, sempre, respeitar a dignidade,
a liberdade e a autonomia do ser humano” (BRASIL, 2013, p. 1).
Podemos encontrar uma correspondência a essa preocupação

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 27


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

na Missão do Claretiano – Centro Universitário, a qual é nortea-


da pelo “[...] compromisso com a vida”, na observação dos “[...]
valores éticos” (MISSÃO E PROJETO EDUCATIVO, 2007, p. 11).
Para sua informação, esclarecemos que nem sempre foi
assim. Na história da pesquisa, ocorreram uma série de trans-
gressões aos direitos básicos da pessoa, que não foram apura-
dos, ou mesmo, quando apurados, ficaram impunes. Tais acon-
tecimentos motivaram a discussão e elaboração de três marcos
regulatórios com o intuito de reprimir as práticas inadequadas
em pesquisas com pessoas, com o intuito de garantir a estas dig-
nidade e autonomia.
Os marcos regulatórios a que nos referimos foram: o Códi-
go de Nuremberg (1947), a Declaração de Helsinque (1964) e as
Diretrizes Internacionais para Pesquisas Biomédicas envolvendo
Seres Humanos (1982). O Código de Nuremberg, por exemplo,
atesta que: “[...] as pessoas que serão submetidas ao experimen-
to devem ser legalmente capazes de dar consentimento” e de
“[...] exercer o livre direito de escolha sem qualquer intervenção
de elementos de força, fraude, mentira, coação, astúcia ou ou-
tra forma de restrição posterior” (TRIBUNAL INTERNACIONAL DE
NUREMBERG, 1947, n.p.).
Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Note que um voluntário somente pode dar seu consentimento em participar
de uma pesquisa se for maior de 18 anos e tiver condições cognitivas e au-
tônomas de declarar conscientemente sua participação de livre e espontânea
vontade. Em caso de pesquisa com crianças e/ou adolescentes, ou mesmo
com alguma pessoa incapaz de dar tal consentimento, a autorização deve ser
assinada pelo responsável!
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Toda pesquisa que envolva seres humanos, antes da cole-
ta de dados, necessita ser avaliada e aprovada por um Comitê

28 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

de Ética em Pesquisa vinculado à instituição de sua realização,


no nosso caso específico, ao Claretiano. Logo, se você optar por
um estudo dessa natureza, precisará confeccionar seu Projeto de
Pesquisa, atendendo a uma estrutura mais aprofundada do que
a exigida na atividade da disciplina, enviá-lo para a avaliação do
comitê, para, somente em caso de aprovação, realizar os pro-
cedimentos diretos ou indiretos que envolvam pessoas. Perceba
como é sério.
A instituição conta com a atividade de um comitê desde
dezembro de 2009. Trata-se do CEP/CLARETIANO – responsável
pela avaliação dos Projetos de Pesquisa com seres humanos rea-
lizados na instituição.

Norma Institucional––––––––––––––––––––––––––––––––––
Fica estritamente proibida a realização de trabalhos de pesquisa com seres hu-
manos sem autorização prévia do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição.
Caso condutas que contrariam essa normativa sejam identificadas, o autor es-
tará sujeito a reprovação do Artigo Científico – o que implicará o cumprimento
do respectivo componente curricular em regime de dependência no semestre
subsequente, com pagamento de taxa administrativa padrão.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Definição de pesquisa com seres humanos


Importa-nos saber, de imediato, qual é a definição adequa-
da de “pesquisa com seres humanos”. Nota-se que há certa con-
fusão quanto a esse parâmetro. É corrente reduzir a compreen-
são de “pesquisa com seres humanos” aos estudos que tenham
influência direta na saúde física do voluntário da pesquisa. Entre-
tanto, a definição é consideravelmente mais abrangente.
Conforme delimitação conceitual elaborada pela Comis-
são Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), contida no Manual

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 29


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Operacional para Comitês de Ética em Pesquisa, que atende à


Resolução CNS n.º 466/12, “pesquisas com seres humanos” são
aquelas:
[...] realizadas em qualquer área do conhecimento e que, de
modo direto ou indireto, envolvam indivíduos ou coletividades,
em sua totalidade ou partes, incluindo o manejo de informa-
ções e materiais. [...] também são consideradas pesquisas en-
volvendo seres humanos as entrevistas, aplicações de questio-
nários, utilização de banco de dados e revisões de prontuários
(CONEP, 2008, p. 27, grifo nosso).

Portanto, compreende-se como “pesquisas com seres hu-


manos” qualquer projeto e/ou atividade de pesquisa que envolva
pessoas, seja de apenas uma pessoa ou coletivamente, havendo
contato direto com o participante ou por meio de informações
indiretas sobre ela.
Como exemplos mais claros de informações indiretas so-
bre seres humanos podemos citar: entrevistas, pesquisas de opi-
nião, questionários, acesso a prontuários, filmagens, fotografias
ou gravações em áudio ou vídeo, observação a distância, testes
ou ensino com exercícios corporais, jogos ou brincadeiras, inges-
tão de alimentos etc.
Devido ao curto prazo para o desenvolvimento do Artigo
Científico, bem como à relação de documentos necessária para
submissão do Projeto de Pesquisa à avaliação do Comitê, reco-
mendamos que você opte por desenvolver um artigo de revisão
bibliográfica, ou mesmo artigo de pesquisa de campo que não
envolva seres humanos. Contudo, caso tenha interesse em tra-
balhar com dados de pessoas, você deverá seguir os passos cita-
dos nos próximos subitens.
Se você decidir formular um Projeto de Pesquisa com seres

30 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

humanos, deverá levar em conta que será necessário se debru-


çar profundamente sobre os referenciais teóricos que balizarão o
seu Projeto de Pesquisa. Vejamos o que a Resolução CNS 196/96
(apud CONEP, 2008, p. 34, com destaque nosso) orienta, por in-
termédio do item VII. 14:
[...] a revisão ética de toda e qualquer pesquisa envol-
vendo seres humanos não poderá ser dissociada de sua análi-
se científica. Não se justifica submeter seres humanos a riscos
inutilmente e toda pesquisa envolvendo seres humanos envolve
risco (Res. CNS 196/96-V). Se o projeto de pesquisa for inade-
quado do ponto de vista metodológico, é inútil e eticamente
inaceitável.

Percebeu a seriedade? Contextualizando em linhas ge-


rais a orientação supracitada, podemos entender que, para ser
aprovado pelo comitê, além do atendimento de todas as devidas
considerações éticas, que serão tratadas logo mais, seu projeto
deverá apresentar uma consistente revisão teórica, que sustente
o tema delimitado e os objetivos a serem alcançados, apoiados,
ainda, em uma metodologia minuciosamente descrita e perti-
nente ao problema da pesquisa e ao que será analisado (cor-
pus).

Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Você deve estar preocupado com a quantidade de detalhes apresentados. En-
tretanto, cada item do Projeto de Pesquisa será abordado de maneira especí-
fica e didática nas próximas unidades. De qualquer forma, sugerimos que
aproveite o tempo e comece a refletir sobre um possível tema para seu
Artigo Científico, uma vez que, na próxima unidade, você deverá obriga-
toriamente escolher um. Lembre-se: nossa sugestão é que você desen-
volva uma pesquisa que não envolva dados diretos e indiretos de seres
humanos, conforme os conceitos já trabalhados.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 31


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Envio do Projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa


De acordo com determinação da Comissão Nacional de Éti-
ca em Pesquisa (Conep), com base na carta nº 327/2011/CONEP/
CNS/MS, a partir de 2012, a submissão e apreciação de pesqui-
sas com seres humanos deverá ser feita por meio da Platafor-
ma Brasil. Trata-se de uma ferramenta desenvolvida pela equipe
técnica do Conselho Nacional de Saúde (CNS) com o intuito de
regularizar e acompanhar com mais proximidade as atividades
dos mais de 600 CEPs distribuídos no território nacional.
Desse modo, se você optar por uma pesquisa com seres hu-
manos, deverá acessar o site da Plataforma Brasil (BRASIL, 2015)
e se cadastrar no sistema. Por meio dele, além de enviar seu Pro-
jeto de Pesquisa ao comitê, você poderá acompanhar os trâmi-
tes da análise e receber o parecer correspondente à avaliação.

Importante–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Caso você tenha compreendido o conceito de pesquisa com seres humanos
aqui referenciado, e já tenha em mente que realizará uma pesquisa que não
envolva, direta ou indiretamente, dados de pessoas, você não precisará
fazer a leitura das páginas seguintes da presente unidade. Desse modo,
recomendamos que você reinicie a leitura a partir do tópico “2.4 Noções de
Escrita Acadêmica”.
É claro que, durante o transcorrer de seus estudos, você poderá mudar de
opção. Isso poderá ocorrer principalmente durante as leituras da Unidade 2,
momento em que você deverá delimitar o seu tema de pesquisa. Caso isso
ocorra, basta retornar a esta unidade e fazer a leitura completa dos tópicos.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Cadastro na Plataforma Brasil


O primeiro passo a ser dado antes de enviar seu Projeto ao
CEP/CLARETIANO é o cadastro na Plataforma Brasil. Alunos de
cursos de Pós-Graduação podem se cadastrar como pesquisador

32 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

responsável não necessitando de um orientador designado para


encaminhar o projeto à avaliação, conforme orientação do Ma-
nual Operacional:
A pós-graduação pressupõe a existência de responsabilidade
profissional, o desenvolvimento de competências nas áreas
científica e metodológica e o conhecimento das normas de pro-
teção aos sujeitos de pesquisa, por parte do pesquisador. Assim
sendo, o pós-graduando tem qualificação para assumir o papel
de pesquisador responsável (CONEP, 2008, p. 27).

Você, como aluno de curso de graduação, precisará de um


orientador (Tutor da disciplina) que se cadastre na Plataforma
Brasil, e submeta o Projeto de Pesquisa à avaliação. Durante o
cadastro na Plataforma Brasil, você deverá “portar” os seguintes
itens:
1) Documento com foto digitalizado (JPG ou PDF) – po-
dendo ser a CNH, ou mesmo o RG.
2) Curriculum vitae ou Lattes, em formato “doc”, “docx”,
“odt” ou “pdf”.
3) E-mail pessoal.
4) Número do CPF.

Nota–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Cabe referenciar que o cadastro na Plataforma Brasil é “único”. Isso significa
que, caso futuramente o pesquisador venha a fazer outra pesquisa com seres
humanos, bastará acessar a Plataforma e enviar o projeto segundo os trâmites
aqui tratados.
Dúvidas sobre a utilização da Plataforma Brasil podem ser encaminhadas para
o seguinte e-mail: <plataformabrasil@saude.gov.br>. Há também a opção do
chat on-line. Para utilizá-lo, acesse o site da Plataforma Brasil (BRASIL, 2015),
clique em Central de Suporte (botão localizado ao lado direito do topo da pá-
gina) e posteriormente em atendimento on-line.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 33


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Após a efetivação do cadastro, o pesquisador receberá um


e-mail com a senha de acesso. O login será exatamente o mesmo
e-mail cadastrado. Posteriormente, o pesquisador poderá alte-
rar a senha conforme sua preferência. O próximo passo é reunir
todos os documentos exigidos pelo comitê, para, no momento
seguinte, submeter o projeto à avaliação do comitê.
Os modelos dos documentos podem ser obtidos na pági-
na do CEP/CLARETIANO, especificamente no menu Formulários
(CLARETIANO, 2015b).
Mas quais são os documentos obrigatórios? Qual sua fun-
ção? Indicaremos quais são e, adiante, explicaremos sucinta-
mente o que eles significam:
1) Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
2) Declaração de Anuência e Termo de Compromisso.
3) Currículo Lattes dos pesquisadores.
4) Folha de Rosto.
5) Projeto de pesquisa na íntegra.
Agora, vamos a cada um deles.

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)


A página virtual do Comitê de Ética em Pesquisa da Uni-
versidade Federal do Amazonas (Ufam) aponta-nos uma objetiva
definição para o TCLE. Vamos a ela:
O TCLE é um documento que informa e esclarece o sujeito da
pesquisa de maneira que ele possa tomar sua decisão de forma
justa e sem constrangimentos sobre a sua participação em um
projeto de pesquisa. É uma proteção legal e moral do pesquisa-
dor e do pesquisado, visto ambos estarem assumindo respon-
sabilidades. Deve conter, de forma didática e bem resumida,

34 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

as informações mais importantes do protocolo de pesquisa


(UFAM, 2015).

O TCLE deve ser redigido como uma espécie de convite ao


voluntário da pesquisa. Sua linguagem deve respeitar a norma
culta da língua, mas evitar o emprego de termos técnicos ou de
um vocabulário pouco comum (rebuscado).
Quando um projeto é enviado ao Comitê de Ética, a equipe
de relatores observará com atenção esse quesito. A linguagem
deve ser suficientemente clara para que um leigo consiga enten-
der todos os detalhes. Em raríssimas exceções uma pessoa co-
mum conhecerá parte dos termos técnicos de sua área.
É de suma importância que, no TCLE, não sejam omitidos
possíveis riscos e/ou desconfortos ao voluntário da pesquisa. No
TCLE, é preciso pontuar detalhadamente todo possível constran-
gimento, desconforto ou risco que a pesquisa poderá trazer ao
voluntário.

Dispensa do TCLE
Caso o pesquisador venha a trabalhar com dados arquiva-
dos (dados indiretos), não será necessário aplicar o TCLE. Toda-
via, deverá solicitar ao Comitê de Ética a dispensa da necessidade
de entrega do documento. Como fazê-lo? Durante o cadastro do
Projeto de Pesquisa na Plataforma Brasil, mais especificamente
na Tela 5, haverá um item em que o pesquisador poderá assina-
lar e justificar a dispensa do documento.

Informações imprescindíveis ao TCLE e sua aplicação


Se, de acordo com seu Projeto de Pesquisa, for necessário
aplicar o TCLE, o pesquisador deverá fazê-lo em duas vias, de

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 35


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

modo que uma delas seja entregue ao voluntário e a outra seja


arquivada pelo pesquisador. Ambas devem ser assinadas pelo
voluntário (ou responsável) e pelo pesquisador.
Em suma, além das orientações já citadas, o TCLE deve
conter:
1) Título da pesquisa.
2) Objetivos da pesquisa.
3) Local de realização da pesquisa.
4) Tempo de duração da pesquisa.
5) Número de seções nas quais a presença do voluntário
será necessária.
6) Riscos e benefícios com relação à pessoa do voluntário.
7) Linguagem clara e acessível, evitando termos técnicos
(como já citado).
8) Metodologia da pesquisa (descrita clara e sucintamen-
te) indicando a forma de participação do sujeito.
9) Declaração de que a participação do sujeito é voluntá-
ria (e sem gastos).
10) Explicitação de que o voluntário pode deixar de partici-
par da pesquisa quando quiser, sem qualquer prejuízo.
11) Menção da garantia de sigilo para com a identidade do
voluntário.
12) Nome do pesquisador e telefone para contato.
13) Campo para assinatura do voluntário, no qual este de-
clara estar ciente e de acordo com a pesquisa.
14) Campo para assinatura do pesquisador (adaptado de
UFAM, 2015).

36 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Importante–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O pesquisador poderá recorrer ao modelo disponível na página do CEP/CLA-
RETIANO (CLARETIANO, 2015b).
Caso seja de seu interesse, conheça com profundidade os critérios-chave ob-
servados pelo Comitê de Ética em Pesquisa na análise dos projetos submeti-
dos à sua apreciação, a partir da leitura do conteúdo compreendido entre as
páginas 31 a 38 do Manual operacional para comitês de ética em pesquisa
(BRASIL, 2008). Cabe reiterar: sugerimos a realização de um trabalho de re-
visão bibliográfica.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
São muitos detalhes, não? Entretanto, são necessários
para garantir o respeito à pessoa humana. Reflita sobre isso.

Declaração de Anuência e Termo de Compromisso


“Anuir” significa “aprovar”, “consentir”. A Declaração de
Anuência ou Termo de Compromisso é um documento a ser as-
sinado pelo responsável do local em que a pesquisa será realiza-
da, autorizando sua realização.
A declaração deve ser emitida em papel timbrado da insti-
tuição de realização do estudo. Ou seja: se o Projeto de Pesquisa
prevê a aplicação de questionários em uma equipe de um depar-
tamento da Universidade de São Paulo (USP), quem deve assinar
a declaração de anuência é o responsável pelo departamento.
Atenção!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O modelo da Declaração de Anuência e Termo de Compromisso também
pode ser encontrado no site do Claretiano (2015b).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 37


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico
3. 2.

Currículo Lattes do pesquisador


O currículo Lattes é um instrumento acadêmico de gran-
de abrangência, importante, principalmente, para profissionais
e pesquisadores da esfera acadêmica. O currículo Lattes é gerido
pelo CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa). Caso o pesquisador
não tenha currículo Lattes e não tenha interesse em criar um,
prepare um curriculum vitae.

Conheça a plataforma Lattes. Acesse o site por meio do link dis-


ponível em: <http://lattes.cnpq.br/>. Acesso em: 15 jan. 2016.

Projeto de pesquisa na íntegra


Em suma, antes de enviar o projeto à análise, será necessá-
rio ampliar sua estrutura, de modo que outros itens que não são
exigidos no modelo de Projeto de Pesquisa do Claretiano – Cen-
tro Universitário sejam atendidos de acordo com as diretrizes da
CONEP. Para ter uma visão do todo acesse o Manual Ilustrado da
Plataforma Brasil.
Manual Ilustrado da Plataforma Brasil––––––––––––––––––
Com base no modelo elaborado pela equipe técnica responsável pela
Plataforma Brasil, a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) criou um

38 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

tutorial que orienta detalhadamente as etapas de cadastro do Projeto de


Pesquisa. O nome do documento é Manual Ilustrado da Plataforma Brasil.
É possível acessá-lo por meio do link disponível em: <http://www.cep.ufam.
edu.br/attachments/010_Manual%20Ilustrado%20da%20Plataforma%20
Brasil%20%28CEP-UFAM%29.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2016.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Folha de Rosto
A Folha de Rosto é um documento elaborado simultanea-
mente ao cadastro do Projeto de Pesquisa na Plataforma Brasil.
Nela é indicada parte dos dados da pesquisa. A Folha de Rosto
somente será disponibilizada para impressão na Tela 5 do ca-
dastro do Projeto, após o preenchimento de todos os dados im-
prescindíveis. O pesquisador deverá, então, imprimi-la, assiná-la,
digitalizá-la e inseri-la no sistema.

Envio do Projeto ao Comitê de Ética


Para iniciar o cadastro do Projeto de Pesquisa, o pesquisa-
dor deverá acessar a Plataforma (BRASIL, 2015) e clicar inicial-
mente em nova submissão. Será exibido um formulário a ser
preenchido.
Importante–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Caso considere mais fácil, o pesquisador poderá acompanhar um tutorial sobre
o cadastro na Plataforma Brasil em forma de vídeo, que está disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=0md74C5ycYI>. Acesso em: 15 jan. 2016.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A partir do conteúdo abordado até o momento, você deve
estar pensando que pesquisar não é fácil, e isso está correto.
Entretanto, ninguém nasce pesquisador. É necessário dar os pri-
meiros passos, e gradativamente assimilar os conceitos-chave a
serem observados na construção do texto científico. Para tanto,

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 39


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

é imprescindível dedicar-se com esmero às atividades da disci-


plina e se organizar quanto a horários de leitura e escrita. Assim
procedendo, e esclarecendo suas dúvidas com o Tutor responsá-
vel, será possível desenvolver um bom Projeto de Pesquisa, e por
extensão, um bom Artigo Científico. Pense nisso!

Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Na Unidade 2, você escolherá o tema a ser abordado em seu Artigo Científico.
Antes de optar por uma pesquisa com seres humanos, reflita sobre as orienta-
ções desta unidade, pois a realização desse tipo de pesquisa demanda mais
tempo e rigor. Na condição de pesquisador, é seu dever pensar sobre a
viabilidade do Projeto.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Dica:
Caso ainda tenha alguma dúvida sobre os trâmites que envol-
vem o Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, você poderá
entrar em contato pelo e-mail: cepclaretiano@claretiano.edu.br.

Também é possível acessar a página do CEP/CLARETIANO


(CLARETIANO, 2015a).

Agora trataremos de noções que também lhe serão muito


úteis para o cumprimento das atividades da disciplina, ou seja,
na construção de seu Projeto de Pesquisa e na elaboração de
seu Artigo Científico. Portanto, você deverá tê-las a tiracolo para
consultá-las até a conclusão da escrita do artigo. Pense nisso!

2.4. NOÇÕES DE ESCRITA ACADÊMICA


Os limites da minha linguagem denotam os limi-
tes do meu mundo (WITTGENSTEIN, 1968, p.111).

40 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Cotidianamente, nos comunicamos por meio de textos,


sejam eles orais ou escritos. No trânsito, em casa, no trabalho,
nas redes sociais, construímos diálogos e significados a partir de
textos. Devido à importância da comunicação em nosso dia a
dia, podemos afirmar que comunicar-se bem é um valor social
indispensável.
É claro que os textos são menos ou mais elaborados de
acordo com a finalidade para as quais os empregamos. Isso nos
permite concluir que seu formato está indissociavelmente ligado
à necessidade do campo comunicativo em que será utilizado.
Por exemplo, se você está em casa com seu marido ou es-
posa, à mesa do café da manhã, e quer pedir o pão que não está
ao seu alcance, provavelmente dirá: “Por gentileza, me passe o
pão?” (em vez de: “Por gentileza, passe-me o pão?”). Ou mes-
mo, em uma partida de futebol com os amigos, você, livre de
marcação, poderá pedir (provavelmente aos berros) ao compa-
nheiro de time que avança em direção ao gol adversário: “Passa
a bola!!!” (em vez de “Passe-me a bola!!!”).
Em contrapartida, caso você seja professor e for receber
o pai de um aluno em sua escola, para uma reunião, tomará
mais cuidado com o que e como dirá. E não é para menos: para
cada finalidade comunicativa, é necessário um modo discursivo
diferente.
O nível de linguagem a ser empregado na construção de
um texto científico é o nível da norma culta da língua. Isso não
significa, porém, que a linguagem coloquial (ou da fala) seja pior
que a linguagem que segue as regras da gramática. O que signi-
fica é que o nível de linguagem empregado na construção de um
texto deve ser compatível com o seu gênero. E o gênero acadê-
mico exige a observação da norma culta da língua.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 41


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Falar e escrever exigem níveis discursivos diferentes. Aqui


estamos tratando da escrita, especificamente da escrita acadê-
mica. E ela, como tal, tem normas bem estabelecidas.
Infelizmente, no Brasil, nota-se que muitos alunos chegam
ao Ensino Superior, ou mesmo concluem a Graduação, sem es-
tarem efetivamente letrados. Em outras palavras, muitos alunos
chegam à Pós-Graduação com dificuldades de diversos níveis
quanto ao entendimento e redação de textos, como podemos
confirmar por meio do argumento do professor Faraco (2014,
n.p.):

Somos ainda [...] uma sociedade com baixo índice de escolari-


dade e, claro, baixo índice de letramento. Nossas relações com
a linguagem escrita e com a cultura letrada são ainda muito li-
mitadas. Há claras dificuldades com a leitura e compreensão
de textos; e grandes dificuldades com a produção de textos,
conforme se observa cotidianamente com os alunos do Ensino
Superior: suas dificuldades são indicadores relevantes porque
são estudantes que concluíram a Educação Média.

Durante a construção do Projeto de Pesquisa e do Artigo


Científico você precisará “enfrentar o papel em branco”, isto é,
precisará enfrentar o exercício desafiador e criativo de escrever.
Se você não lê regularmente, possivelmente terá mais dificulda-
de na confecção de seus trabalhos acadêmicos, principalmente
na elaboração do projeto e do artigo. Portanto, se você se encai-
xa nessa observação, é hora de mudar!
Os princípios indispensáveis à redação científica podem ser
resumidos em quatro pontos fundamentais: “[...] clareza, preci-
são, comunicabilidade e consistência” (BASTOS et al., 2000, p.
15). Não se aprende a escrever bem de uma hora para outra, em

42 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

um passe de mágica. Dificilmente se escreve com qualidade sem


leituras antecedentes de textos ligados aos gêneros acadêmicos.
É preciso familiarizar-se com o gênero específico. A escrita aca-
dêmica, principalmente, exige prática e disciplina.

A Linguagem do Texto Acadêmico


Aprendamos do céu o estilo da disposição,
e também o das palavras. As estrelas são muito
distintas e muito claras. Assim há de ser o estilo
[...]; muito distinto e muito claro. E nem por isso
temais que pareça o estilo baixo; as estrelas são
muito distintas e muito claras, e altíssimas. O estilo
pode ser muito claro e muito alto; tão claro que
o entendam os que não sabem e tão alto que te-
nham muito que entender os que sabem (Vieira,
1965).

Dentre as contribuições dos estudos da ciência linguística,


pode-se ressaltar a noção de que um ato de comunicação se es-
tabelece efetivamente quando um emissor (aquele que “fala”),
dialoga com um receptor (aquele que “ouve”), de maneira que
ambos se entendam. Se assim ocorrer, a comunicação é consi-
derada bem-sucedida. Entretanto, em um texto acadêmico, não
basta estabelecer uma comunicação genérica, como a que utili-
zamos frequentemente em nossas relações cotidianas. “Dizer” e
ser “entendido” é um pressuposto, mas não o único. De acordo
com Piacentini (2009, p. 318):
A aplicação de regras gramaticais e metodológicas só tem eficá-
cia quando a tese, a monografia ou dissertação traz boa subs-
tância. Jogar todas as fichas na pesquisa, leituras, na base teó-
rica, parece mais relevante do que se preocupar com a redação
em si – e disso ninguém duvida. Mas é com palavras que se
transmitem ideias! Embora a forma tenha peso menor, não se
pode absolutamente subestimá-la.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 43


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Não basta que sua pesquisa aborde um bom tema e te-


nha uma problematização adequada (a delimitação do tema e a
questão do problema na pesquisa serão abordados na Unidade
2); não basta que o referencial teórico seja sólido e que você faça
boas descobertas. Ser pesquisador não significa somente fazer
ciência, mas também escrever ciência. Na confecção de seu Pro-
jeto de Pesquisa e de seu Artigo Científico, você está na condição
de pesquisador. Um bom achado no campo da ciência pode, por
exemplo, ter sua publicação vetada, caso não apresente uma lin-
guagem adequada.
O texto científico precisa ser sóbrio, apresentando equilí-
brio entre os dois planos. Veja a Figura 2:

Figura 2 Plano de expressão e plano de conteúdo.

Com isso, fica claro que, no texto científico, plano de con-


teúdo e plano de expressão precisam “andar” juntos, precisam
ser cuidados com rigor.
Relatar o trajeto utilizado para a construção de um novo
saber, bem como compartilhar com clareza as contribuições de
sua pesquisa para o debate científico, exige comunicação ade-
quada. Ótimos resultados de estudos não comunicados de ma-
neira clara, com o emprego de uma linguagem fluente e sem o
cuidado da estrutura do gênero acadêmico, podem tornar o bom
resultado em uma “má ciência”. Isso seria “ciência mal comuni-
cada”. Você precisa se fazer compreendido. A linguagem científi-
ca é informativa e técnica.

44 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Escrever academicamente bem não significa conceber um texto formado por
termos e construções truncados. Pelo contrário: significa saber comunicar
suas ideias com clareza, respeitando as especificidades do gênero. O uso de
uma linguagem rebuscada tende a afastar o leitor do entendimento das ideias
que você, como autor, deseja comunicar. Ao redigir sua pesquisa, pressuponha
que seu leitor não compartilha dos mesmos conhecimentos prévios que você.
Quando está confeccionando seu Projeto de Pesquisa e seu Artigo Científico,
você está na posição de um comunicador da ciência. Sua palavra se dirige
a um “outro”. Portanto, ao redigir cada um dos parágrafos, você deve se
perguntar: “o leitor compreenderá exatamente o que pretendi ‘dizer’?”
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Concisão, objetividade e clareza


No romance Dom Casmurro, Machado de Assis constrói
um personagem chamado José Dias. Segundo o narrador, José
costuma dar ênfase ao seu discurso por meio do superlativo, o
que faz com que aquele o ironize: “Se achares neste livro algum
caso da mesma família, avisa-me, leitor, para que o emende na
segunda edição; nada há mais feio que dar pernas longuíssimas
a idéias brevíssimas” (ASSIS, 1995, p. 101, destaque nosso).
O exemplo extraído do romance supracitado é pertinente
ao texto acadêmico, o qual tem como uma de suas bases a con-
cisão. Em linhas gerais, escrever concisamente é ser econômico
ao escrever.
Essa economia consiste em construir um alicerce argumen-
tativo claro e objetivo, sem dar vazão à prolixidade. O texto aca-
dêmico funciona segundo a expressão de que “menos é mais”.
Vejamos como o escritor alagoano Graciliano Ramos entende o
processo da escrita:
Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de
Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira la-

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 45


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

vada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou riacho, torcem


o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam anil
e sabão, torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais
uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano
na laje ou na pedra limpa e dão mais uma torcida e mais ou-
tra, torcem até não pingar do pano uma só gota (RAMOS, 2015,
n.p.).

A perspectiva do autor de Vidas Secas sobre a escrita lite-


rária vem ao encontro das diretrizes do texto científico: escrita
é lavor. Isto é, escrita é trabalho. Até chegar ao produto final,
é necessário “transpirar”, como as lavadeiras trabalham com a
roupa suja “[...] até não pingar do pano uma só gota” (RAMOS,
2015, n.p.).
É esse o processo pelo qual seu Projeto de Pesquisa e
seu Artigo Científico precisam passar. Em outras palavras, você
pode entender que, além da redação, terá que se valer de re-
visões e reescritas, acrescentando o necessário e cortando o
desnecessário.

Importante!–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Perceba que temos tratado das atividades deste estudo, divididas entre dois
fins: Projeto de Pesquisa e Artigo Científico. Tratamo-las assim, pois são de
gêneros diferentes. A compreensão desse pressuposto é relevante para sua
vida acadêmica. Entretanto, é salutar que você compreenda, para atendimento
do que é proposto na disciplina, as duas atividades como um único fluxo se-
quencial. Ou seja, um depende estritamente do outro. Em outras palavras, o
Projeto de Pesquisa elaborado aqui em linhas gerais, já é um pré-texto (plano
de texto) da atividade-fim: o artigo científico.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A concisão é laboriosa. Engana-se quem se deixa levar pela
ideia de associar qualidade de escrita científica a textos longos.
Umberto Eco, em sua obra Como se faz uma Tese, oferece-nos

46 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

um exemplo pertinente ao contexto: “Certo, a descoberta da


equação de Einstein, E = mc2, exigiu muito mais engenho do que
qualquer brilhante manual de física” (ECO, 1998, p. 113).
Para alcançar a concisão, é necessário pensar, repensar, re-
visar e, em algumas partes, reescrever – ajustando, cortando ou
acrescentando. Para se chegar a um texto “enxuto”, você deverá
trabalhar como um artesão que esculpe sua obra. Você começa
o trabalho sobre a pedra bruta e vai lhe dando forma.
A Professora Mirian Gold, em sua obra Redação Empresa-
rial: escrevendo com sucesso na era da globalização, oferece-nos
um bom exemplo para refletirmos sobre concisão. Vejamos os
dois textos a seguir:
A média de produção para o último ano fiscal é maior do que a
do ano anterior, porque aquele foi o ano em que se instalaram as
novas prensas de estamparia, automáticas e hidráulicas, portan-
to aumentando o número de peças estampadas durante o perío-
do, assim como também foi o ano em que se introduziram novos
métodos de economia de tempo e economia de mão-de-obra,
e que também contribuíram para a média maior de produção
(GOLD, 2005, p. 17).
A média de produção do último ano fiscal foi maior que a do
ano anterior. Instalaram-se novas máquinas hidráulicas, auto-
máticas, de alta velocidade, para estamparia e introduziram-se
novos métodos de economia de tempo e trabalho (GOLD, 2005,
p. 17).

Os dois exemplos tratam da mesma informação, entretan-


to é fácil observar que o segundo texto reproduziu a essência do
primeiro, sem perder a substância. O texto 2 nos traz um exem-
plo de “escrita enxuta”, objetiva.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 47


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Objetividade
Na literatura, a exploração de recursos que conduzem o lei-
tor a construir significações múltiplas é bem vista. Grosso modo,
podemos entender isso como subjetividade.
No caso da literatura, que se constrói a partir de um traba-
lho de elaboração da linguagem para o alcance de efeitos lúdi-
cos ou de estilo, a subjetividade é perfeitamente adequada, pois
aumentará o potencial de significado do texto. Ao lê-lo, o leitor
poderá chegar a várias interpretações. O mesmo não se aplica
ao texto científico. E é justamente esse o gênero sobre o qual
você deverá se debruçar para construir seu Projeto de Pesquisa
e seu Artigo Científico.
Conceito de Literatura–––––––––––––––––––––––––––––––
Perceba que aqui utilizamos o conceito “moderno” de literatura, tido como a
“[...] linguagem carregada de significado” (POUND, 2006, p. 32). Referimo-nos
aqui aos textos que trabalham com o lúdico, com a imaginação e subjetividade.
É comum, por exemplo, empregar a expressão “literatura médica” para as pu-
blicações correspondentes à área da Medicina, e assim sucessivamente para
outras áreas. Também se trata de um uso adequado do termo. Nesse caso,
“literatura” indica o conhecimento já publicado e aceito pela comunidade cien-
tífica da área.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Diferentemente do texto literário, o texto científico tem
parâmetros normativos bem estabelecidos. Tais parâmetros são
comuns à comunidade científica. Isto é, há um “código” relativa-
mente homogêneo na composição dos textos que se prestam à
apresentação do conhecimento científico. E é esse código que
você deverá aprender a manusear.

Clareza e escolha de vocabulário

48 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

A escolha do vocabulário e a confecção das orações devem


estar a seu serviço enquanto autor da pesquisa, e a serviço do
entendimento do leitor. É uma via de mão dupla. Portanto, pro-
cure empregar uma linguagem denotativa, que não venha a sub-
verter o que você intencionou expressar. Vamos a um exemplo
elementar, retirado e adaptado da obra Redação Científica: “O
iminente professor foi escolhido como paraninfo da formatura”
(ILHESCA; SILVA; SILVA, 2013, p. 69, destaque nosso).
Identificou qual é a inadequação? O termo “iminente” sig-
nifica “algo prestes a acontecer”. Possivelmente, o autor quis
realçar a importância do Professor escolhido como paraninfo da
turma. Nesse caso, o termo correto é “eminente” – que indica
“excelência” – isto é, significa que o professor convidado é de va-
lor “notável”. Temos aí um caso de imprecisão vocabular: a troca
de “eminente” por “iminente”. Uma palavra errada mudou com-
pletamente a interpretação do texto.
Vamos a outro exemplo, adaptado da mesma obra: “A filha
do ministro que veio de São Paulo, passou a noite em Cuiabá”
(ILHESCA; SILVA; SILVA, 2013, p. 69, destaque nosso).
Temos aí um caso de ambiguidade – inimiga de qualquer
texto ou forma de comunicação. Nesse caso, não houve clareza.
Veja: “Quem veio de São Paulo: a filha ou o ministro?” (ILHESCA;
SILVA; SILVA, 2013, p. 69).
Indiscutivelmente, o uso inadequado do pronome relativo
(“que”) geraria uma leitura dúbia por parte do leitor. Imagine o
quanto uma inadequação como essa pode prejudicar um texto
que se presta ao conhecimento científico, como seu Projeto de
Pesquisa e seu Artigo Científico?

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 49


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

A obra Redação Científica explica que o vocabulário repe-


titivo também é um dos inimigos do texto científico. Além de
empobrecer o tecido textual e desestimular o leitor, evidencia
um repertório linguístico restrito por parte do autor. Isto é, o lei-
tor perceberá que você tem um vocabulário limitado (ILHESCA;
SILVA; SILVA, 2013).
Vejamos um outro exemplo: “O professor explicou ao alu-
no que na sala de aula é o professor a autoridade e que, por isso,
os alunos devem sempre respeitar os professores”(ILHESCA; SIL-
VA; SILVA, 2013, p. 68, destaque do autor).

Importante–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Variar as palavras, termos e conectivos é positivo; contudo, é necessário ter
atenção para empregar palavras que realmente correspondam ao sentido que
se pretende transmitir. Por isso, adquira o hábito de consultar dicionários. Um
termo mal-empregado pode levar o leitor a subtrair do texto outro sentido.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Paragrafação e progressão textual


São problemáticos os parágrafos extensos, com ideias que
se misturam, confundem o leitor, dificultando o entendimento
do que se pretende comunicar. A obra O texto sem mistério: o
texto e a escrita na universidade orienta-nos sobre esse princípio:
É justamente o bom entrosamento das unidades oracionais que
garante a organização dos parágrafos, não devendo haver frag-
mentação da mesma ideia em vários parágrafos nem apresenta-
ção de muitas ideias em um só parágrafo (GOLDSTEIN; LOUZA-
DA; IVAMOTO, 2009, p. 54).

A confecção de parágrafos longos pode misturar a ideia


principal (do parágrafo) com outras ideias. A professora Maria

50 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

do Carmo Silva Soares, na obra Redação de Trabalhos Científicos,


trata cada parágrafo “[...] como uma unidade de pensamento”
(SOARES, 1995, p. 135); portanto, cada um dos parágrafos do
texto deve ser composto de “início”, “meio” e “fim”. Concluindo-
-se um determinado raciocínio, procede-se com a incursão de
um novo parágrafo.
Esse cuidado com a paragrafação deve estar ligado à pro-
gressão textual. A abordagem do tema deve ser tecida por meio
de uma sequência lógica, gradativa. Você, na condição de autor,
deve ter o cuidado de não fugir do objetivo principal da pesqui-
sa. Antes de considerar o texto pronto, reflita se as ideias desen-
volvidas nos parágrafos são realmente necessárias à discussão
proposta.
Para melhor encadeamento das ideias e entendimento do
leitor, sugerimos que redija frases curtas. Não há uma medida
exata que indique o número máximo de linhas de um parágrafo.
Cabe a você usar o bom senso.
Repare na linguagem empregada nesta obra. Temos a exis-
tência de parágrafos relativamente curtos, com alguns mais lon-
gos para efeito didático, que oferecem um diálogo entre leitor,
texto e autor. Se estivéssemos redigindo um Projeto de Pesqui-
sa, ou mesmo, um Artigo Científico, a linguagem teria um outro
tom: seria mais direta, econômica, objetiva e impessoal.
Vamos a um exemplo:
O pianista Wittgenstein, que era irmão do famoso filósofo que
escreveu o Tractatus Logico-Philosophicus, que muitos hoje
consideram a obra-prima da filosofia contemporânea, teve a
sorte de ver escrito especialmente para ele, por Ravel, o con-
certo para mão esquerda, uma vez que perdera a direita na
guerra (ECO, 1998, p. 115).

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 51


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

A partir da leitura do trecho, podemos depreender certas


informações. São elas:
1) Wittgenstein era pianista.
2) Wittgenstein era irmão de um filósofo famoso.
3) Wittgenstein era irmão de Ludwing Wittgenstein (au-
tor do Tractatus Logico-Philosophicus)
4) Ludwing Wittgenstein é o autor de Tractatus
Logico-Philosophicus.
5) Atualmente o Tractatus Logico-Philosophicus é con-
siderado por “muitos” a obra-prima da Filosofia
contemporânea.
6) Ravel escreveu para Wittgenstein um concerto para a
mão esquerda.
7) Wittgenstein perdeu a mão direita na guerra.
Mas qual o objetivo do texto? Não seria informar que Ravel
escreveu um concerto para a mão esquerda, composto especial-
mente para Wittgenstein, devido ao acidente que este sofrera na
guerra? Seriam as outras informações necessárias ao tópico tra-
balhado? No exemplo dado, o autor usou e abusou de orações
subordinadas. O texto ficou prolixo. Há excesso de informações
não necessárias ao objetivo-fim, o que pode distrair o leitor e
desviar o foco do pretendido.
Como já citado, o texto acadêmico é informativo; entre-
tanto, as informações empregadas devem estar a serviço do ob-
jetivo da pesquisa. Não podem ser mera “perfumaria”. A quan-
tidade de dados não pertinentes ao tema “sujam” a linguagem.
Atentemos para um outro exemplo: “O pianista Wittgens-
tein era irmão do filósofo Ludwig. Tendo perdido a mão direita,

52 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Ravel escreveu para ele o concerto para mão esquerda” (ECO,


1998, p. 115).
Para que “dizer” em muitas linhas o que pode ser “dito”
em duas? Temos aí um exemplo claro de concisão. Lembre-se de
que, no texto acadêmico, “menos é mais”.

Importante–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Durante a construção de seu Projeto de Pesquisa ou Artigo Científico, você
pode rascunhar inúmeras ideias. Essa é uma estratégia positiva para que não
se percam boas observações encontradas durante as leituras e/ou reflexões.
Posteriormente, de acordo com o direcionamento dado ao trabalho, você terá
que descartar algumas delas: algumas por perceber, devido a um entendimen-
to maduro da teoria, que não compreendia tão bem antes, e outras por serem
menos importantes em relação ao tema pesquisado. Todavia, todo o texto de-
verá passar por revisões até chegar ao “produto final”.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Pessoa pronominal
O texto científico se constrói a partir de um “apagamento”
do “sujeito pesquisador”. Em sua esfera, a “pessoalidade” é uma
prática condenada. Basicamente, há duas maneiras de redigir o
texto científico.
A orientação é que, seja qual for a opção tomada, esta seja
seguida ao longo de todo o texto. Hibridismo não é bem visto no
gênero científico. Vejamos o que orienta a professora Maria do
Carmo Silva Soares:
Os verbos que indicam certeza, cujo sujeito se dilui sob a forma
de um elemento de significação ampla e impessoal, indicando
que o enunciado é produto de um saber coletivo, que se deno-
mina ciência, esses verbos indicam certeza e o enunciador vem
generalizado por um “nós” em vez de “eu”, ou ainda indetermi-
nado (SOARES, 1995, p. 141).

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 53


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Vamos aos exemplos. Primeiro, aqueles que usam a pri-


meira pessoa do plural:
• “A leitura de Haraway (2000) nos permite inferir que...”.
• “Concluímos, a partir do referencial teórico de Haraway
(2000), que...”.
Em seguida, aparecem exemplos de apagamento total do
sujeito:
• “A partir das premissas de Haraway (2000), depreende-
-se que...”.
• “Constata-se, balizado em Haraway (2000), que...”.
Não é tão difícil, não é mesmo? Mas fica aqui uma orien-
tação relevante: se você optar pelo tom na primeira pessoa do
plural, faça-o durante todo o texto. O mesmo serve para o caso
de escolher o uso da forma passiva seguida do pronome “se”.
Jamais se deve usar a primeira pessoa do singular.
A impessoalidade não está restrita ao uso correto da pes-
soa pronominal, mas ao todo do texto. Na escrita de seu Projeto
de Pesquisa e Artigo Científico, é necessário se policiar para que
suas impressões particulares não apareçam na “superfície do
texto”. Vejamos um exemplo:
• “De acordo com Haraway (2000), a libertação feminina
depende da construção da consciência de sua opres-
são, da atribuição de significado a todo o conjunto de
experiência de vida que seja elemento identificador do
‘ser mulher’. Dessa forma, a história das mulheres pre-
cisa ser reinventada, já que as experiências femininas
se perderam quando a visão da história concentrou-se
apenas nos homens”.

54 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Percebeu quais são as inadequações? Vamos trabalhá-las


uma a uma.
No início do parágrafo, o autor recorre à uma paráfrase
de Haraway, sobre o tema “libertação feminina”. Na sequência,
emprega uma conjunção coordenativa conclusiva (“dessa forma”
– o mesmo que “portanto”), como se a afirmação a seguir reto-
masse o já dito na paráfrase, acrescentando-lhe a conclusão da
ideia.
Ora, analisando o parágrafo no todo, diagnosticamos que
trata-se de duas afirmações que não se complementam. Na pri-
meira, temos o tema “libertação feminina”; na segunda, temos a
abordagem da “necessidade de se reinventar a história das mu-
lheres”. As ideias não estão interligadas.
O exemplo nos indica, de início, ao menos duas inadequa-
ções. O emprego indevido da conjunção coordenativa conclusiva
(uma vez que uma ideia não conclui a outra), e o uso incorreto
da “paragrafação”, em que duas ideias não convergem para o
mesmo sentido, estão soltas. Deveriam ser trabalhadas em pará-
grafos separados.
Há ainda uma outra incorreção. O fragmento em destaque
indica uma afirmação parcial sem embasamento teórico.
Nesse excerto, o autor deixou que sua opinião particular
ficasse evidente, fazendo uma afirmação parcial (“a visão da
história concentrou-se apenas nos homens”). Provavelmente, o
“autor-pessoa” (autor do artigo) pensa dessa forma; e pode até
ter sua razão. Todavia, tratando-se de um texto científico, esse
tipo de construção é condenado. Como ficou claro quando fala-
mos de objetividade, a afirmação estaria adequada se estivesse
ancorada a um referencial teórico que sustentasse a ideia.

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 55


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Já quanto à expressão “concentrou-se apenas”, seria ade-


quado escrever apenas “concentrou-se”, uma vez que o significa-
do do verbo concentrar já remete a “centralização”. Nesse caso,
o autor cometeu uma redundância. No contexto, o termo “ape-
nas”, foi utilizado desnecessariamente.
Perceba que discutimos apenas um parágrafo de poucas
linhas e identificamos diversas inadequações. Pois é, o exercício
da escrita realmente não é simples.

Adjetivação
Acabamos de falar sobre “parcialidade”. No texto acadê-
mico, o emprego de adjetivos deve ser evitado, para não causar
tal efeito. Se um adjetivo atribui “qualidade” ou “característica”
a um “substantivo”, quando o usamos no texto científico, pode-
mos incorrer a “juízos de valor”, quebrando a impessoalidade do
discurso. Veja o exemplo a seguir:
• “O excepcional Bakhtin (1991) nos traz ensinamen-
tos valiosos quanto à enunciação”.
Se o autor tivesse recorrido a uma citação literal, retirada
de literatura específica, na qual constassem os adjetivos “excep-
cional” e “valiosos”, estaria fazendo uma transcrição literal da
fonte. Todavia, os adjetivos que atribuem juízos de valor sobre
a notoriedade do teórico russo foram acrescentados pelo autor
do texto.
O texto diz algo e ponto. Como aluno-pesquisador você
deve fazer deduções a partir da literatura pesquisada. Não incor-
ra à parcialidade.

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UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

Revisão final
Embora pareça cansativo consultar as “regrinhas” dos ma-
nuais de escrita acadêmica, tenha as recomendações por perto
quando estiver escrevendo o texto, isto é, construindo cada item
do seu Projeto de Pesquisa e, na sequência, durante a redação
do Artigo Científico. E utilize-as novamente para uma revisão fi-
nal, antes de considerar o trabalho pronto.
Como nos ensina o professor Antônio Soares Abreu (2008),
é imprescindível que se leve em consideração as “normas” es-
pecíficas do gênero, quando se produz um texto. Seu design é
delineado durante sua construção, e não após sua conclusão.
Lembre-se: pesquisar é fazer descobertas à luz da razão.
Escrever a pesquisa é comunicar essas descobertas.

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmen-
te os conteúdos apresentados nesta unidade.

Apronfunde seus conhecimentos––––––––––––––––––––––


Neste tópico, há uma seleção de fontes que, se bem utilizadas, contribuirão
para que você tenha um conhecimento mais apurado dos conceitos trabalha-
dos na presente unidade. Recomendamos que você as aproveite da melhor
forma possível!
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 57


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

3.1. MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA

A seguir, relacionamos alguns vídeos que são muito im-


portantes e podem ajudar a entender o método científico, tirar
dúvidas sobre como pesquisar e oferecer dicas de como realizar
os seus estudos de forma dinâmica e sistematizada, facilitando,
assim, o alcance do objetivo principal, que é a aprendizagem.
Sobre como estudar, quais técnicas podem ser utilizadas
e como melhorar os hábitos de estudo, indicamos o seguinte
vídeo:
• WEBER, O. J. Curso completo de metodologia da pesqui-
sa – aula 1. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=isFbNOIexak>. Acesso em: 20 fev. 2015.
Outro tema importante para complementar o seu estudo é
a maneira como você lê um texto acadêmico. O texto acadêmico
pressupõe uma leitura diferente da de outros textos, devido à
sua linguagem. Sobre esse tema, sugerimos o seguinte vídeo:
• FALCONI, C.; SAUVÉ, J. Como ler um artigo científico-2.
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=u3eDZFVDo6U>. Acesso em: 20 fev. 2015.

3.2. PESQUISAS COM SERES HUMANOS

Sobre o tema Pesquisas com Seres Humanos, sugerimos o


seguinte vídeo:
• CANAL SAÚDE. Ética em pesquisa. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=jpINI-0eFTU>.
Acesso em: 15 jan. 2016.

58 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

A título de curiosidade, indicamos também um documen-


tário sobre experiências com seres humanos em campos de con-
centração nazistas:
• GNT. Ciência e ética. Experiências do passado.
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=UVLDwGIaLm4>. Acesso em: 15 jan. 2016.

3.3. ESCRITA ACADÊMICA

As indicações a seguir são de obras disponíveis na Bibliote-


ca Pearson. Os textos tratam com certa especificidade dos con-
ceitos-chave da escrita acadêmica. Caso tenha disponibilidade,
não deixe de fazer uma leitura atenta:
• PIACENTINI, M. T. Q. A forma em evidência: estilo e
correção em trabalhos acadêmicos. In: MEKSENAS,
P.; BIANCHETTI, L. (Orgs.). A trama do conhecimento:
Teoria, método e escrita em ciência e pesquisa. 2. ed.
Campinas: Papirus, p. 317-334 (confira na Biblioteca
Digital).
• Sobre “concisão”, “objetividade”, “clareza”, “coerência”
e “vícios de linguagem”, confira: GOLD, M. Redação
empresarial: escrevendo com sucesso na era da
globalização. 3. ed. São Paulo: Pearson, 2008, p. 14-78
(confira na Biblioteca Digital).
• Sobre “coesão” e “coerência”, confira: GOLDSTEIN, N.;
LOUZADA, M. S.; IVAMOTO, R. O texto sem mistério:
o texto e a escrita na universidade. São Paulo: Ática
Universidade, 2009, p. 19-46 (confira na Biblioteca
Digital).

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 59


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

• LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia científica.


7. ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 81 (confira na Biblioteca
Digital).
• CASTRO, C. M. Como redigir e apresentar um trabalho
científico. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011, p.
1-13; 129-131(confira na Biblioteca Digital).

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Assinale a alternativa correta.
Conforme o conteúdo tratado na presente unidade, as modalidades de
pesquisa pertinentes a um artigo científico são: artigo científico de revisão
bibliográfica, artigo científico de pesquisa de campo, relato de experiência
e estudo de caso. Sobre o artigo científico de revisão bibliográfica, é cor-
reto afirmar:
a) É o resultado de uma investigação em que o aluno assume o papel de
observador e explorador, coletando os dados diretamente no local em
que se deram ou surgiram os fenômenos.
b) Consiste na divulgação de experiências profissionais e/ou acadêmicas
desenvolvidas ou em andamento que, por suas propostas, tragam con-
tribuições para a área na qual o aluno se insere.
c) Caracteriza-se pelo contato direto com o fenômeno de estudo; é meio
de formação por excelência e constitui o procedimento básico para
os estudos, pelos quais se busca o domínio sobre determinado tema.
d) É a pesquisa sobre determinado indivíduo, família, grupo ou comuni-
dade que seja representativo de seu universo, a fim de examinar as-
pectos variados relacionados à sua vida.

60 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

e) É o resultado de uma investigação bibliográfica que procura explicar


um problema com base em referências teóricas publicadas em artigos,
livros, dissertações e teses.

2) Assinale a alternativa correta.


Podemos dizer que a principal função de um comitê de ética em pesquisa
com seres humanos é:
a) Garantir a eficiência, pertinência e utilidade da pesquisa que venha
eventualmente a utilizar direta ou indiretamente a participação de se-
res humanos.
b) Garantir a proteção e assegurar o direito à liberdade de expressão ao
sujeito (pesquisador), isto é, à pessoa humana que venha eventual-
mente a realizar alguma pesquisa científica.
c) Garantir a proteção e assegurar o direito à liberdade ao sujeito (volun-
tário da pesquisa), isto é, à Pessoa Humana que venha eventualmente
a participar direta ou indiretamente de alguma pesquisa.
d) Garantir a proteção dos direitos autorais do pesquisador e assegurar a
difusão da obra científica (de acordo com sua relevância), isto é, divul-
gar trabalhos científicos para facilitar o acesso das pessoas à informa-
ção de nível acadêmico.
e) Realizar a análise das características da pesquisa científica, garantindo
e protegendo a realização daquelas pesquisas que ofereçam potencial-
mente oportunidade de melhoria para a pessoa humana e sua vida em
sociedade, em detrimento daquelas que possam ser nocivas ao desen-
volvimento humano em sentido coletivo e para o próprio pesquisador.

Gabarito
1) e.

2) c.

5. CONSIDERAÇÕES
No decorrer do estudo desta unidade, vimos que, para a
realização de uma pesquisa acadêmica, é preciso que seja esta-

© METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA 61


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

belecido um caminho específico, que sejam respeitadas as de-


terminadas normas para manter a seriedade da pesquisa e que
seja atingido um nível cada vez mais elevado de entendimento
sobre os diversos eventos humanos e da natureza.
Mesmo considerando o nível inicial da pesquisa científica,
ainda assim é fundamental que esses cuidados sejam tomados
para que o pesquisador (ou aluno-pesquisador) consiga aprofun-
dar seus conhecimentos e participar da produção do conheci-
mento científico.

6. E-REFERÊNCIAS

Sites pesquisados
BRASIL. Ministério da Saúde. Plataforma Brasil. Disponível em: <http://aplicacao.
saude.gov.br/plataformabrasil/login.jsf>. Acesso em: 19 fev. 2015.
______. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de
dezembro de 2012. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13
jun. 2013. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.
pdf>. Acesso em: 5 fev. 2015.
______. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Comissão Nacional de Ética
em Pesquisa. Manual operacional para comitês de ética em pesquisa. 4. ed. rev. atual.
Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2008. Disponível em: <http://conselho.saude.
gov.br/web_comissoes/conep/aquivos/materialeducativo/Manual_ceps_v2.pdf>.
Acesso em: 19 fev. 2015.
CLARETIANO – CENTRO UNIVERSITÁRIO. Comitê de ética em pesquisa. Disponível em:
<www.claretianobt.com.br/cep>. Acesso em: 19 fev. 2015a.
______. Formulários. Disponível em: <http://claretianobt.com.br/p/cep/formularios>.
Acesso em: 19 fev. 2015b.
CNPQ – CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO.
Linha de pesquisa – ajuda. Disponível em: <http://www.cnpq.br/>. Acesso em: 20 fev.
2015.

62 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA


UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E ESCRITA ACADÊMICA: INICIANDO O PROJETO DE PESQUISA

DALAROSA, A. A. Epistemologia e educação: articulações conceituais. Publicatio UEPG:


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2008. Disponível em: <http://www.revistas2.uepg.br/index.php/humanas/article/
view/651/631>. Acesso em: 20 fev. 2015.
VIEIRA, A. Sermão da sexagésima. In: ______. Sermões escolhidos. São Paulo: Edameris,
1965. v. 2. Disponível em: <http://www.culturatura.com.br/obras/Serm%C3%A3o%20
da%20Sexag%C3%A9sima.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2015.
RAMOS, G. Linhas tortas. Disponível em: <http://graciliano.com.br/site/obra/linhas-
tortas-1962/>. Acesso em: 20 fev. 2015.
UFAM – UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS. Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido – TCLE. Disponível em: <http://www.cep.ufam.edu.br/index.php/tcle>.
Acesso em: 19 fev. 2015.
TRIBUNAL INTERNACIONAL DE NUREMBERG. Código de Nuremberg. Trad. José Roberto
Goldim. 1947. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/bioetica/nuremcod.htm>. Acesso
em: 19 fev. 2015.
SARMENTO, E. Epistemologia e metodologia, notas sobre a cooperação para
o desenvolvimento. Lisboa: Universidade de Aveiro; Acep; Cesa-Iseg, 2009.
(Documentos de trabalho, v. 83). Disponível em: <http://pascal.iseg.utl.pt/~cesa/files/
Doc_trabalho/83.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2015.
SCIELO – SCIENTIFIC ELECTRONIC LIBRARY ONLINE. Home page. Disponível em:
<http://www.scielo.org/php/index.php>. Acesso em: 20 fev. 2015.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ASSIS, M. Dom Casmurro. São Paulo: Ática, 1995. (Série Bom Livro).
BASTOS, L. et al. Manual para elaboração de projetos e relatórios de pesquisa, teses,
dissertações e monografias. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC,2000.
CASTRO, C. M. Como redigir e apresentar um trabalho científico. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2011.
CPIC – COORDENADORIA GERAL DE PESQUISA E INICIAÇÃO CIENTÍFICA. Normas gerais
para elaboração do trabalho de conclusão de curso (TCC). Batatais: Claretiano, 2013.
DEMO, P. Introdução a metodologia da ciência. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1987.

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______. Metodologia científica em ciências sociais. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas,
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GOLDSTEIN, N.; LOUZADA, M. S.; IVAMOTO, R. O texto sem mistério: o texto e a escrita
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ILHESCA, D. D.; SILVA, D. T. M.; SILVA, M. R. Redação acadêmica. Curitiba: Intersaberes,
2013.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MEDEIROS, J. B. Manual de redação e normalização textual: técnicas de editoração e
revisão. São Paulo: Atlas, 2002.
PIACENTINI, M. T. Q. A forma em evidência: estilo e correção em trabalhos acadêmicos.
In: BIANCHETTI, L.; MEKSENAS, P. (Orgs.). A trama do conhecimento: teoria, método e
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PÁDUA, E. M. M. Metodologia da pesquisa – abordagem teórico-prática. 10. ed. rev.
atual. Campinas: Papirus, 2004.
PIVA, S. I.; MAZULA, R. (Orgs.). Missão e Projeto Educativo. Centro Universitário
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POUND, E. ABC da literatura. Trad. Augusto de Campos e José Paulo Paes. São Paulo:
Cultrix, 2006.
RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. Petrópolis: Vozes, 2007.
SOARES, M. C. S. Redação de trabalhos científicos. São Paulo: Cabral, 1995.
WITTGENSTEIN, L. Tractatus Logico-Philosophicus. Trad. José Arthur Giannotti. São
Paulo: Companhia Editora Nacional, 1968.

64 © METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA

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