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Publicações Matemáticas
Manfredo do Carmo
IMPA
impa
Copyright 2012 by Manfredo do Carmo
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
Capa: Noni Geiger / Sérgio R. Vaz
Publicações Matemáticas
• Introdução à Topologia Diferencial – Elon Lages Lima
• Criptografia, Números Primos e Algoritmos – Manoel Lemos
• Introdução à Economia Dinâmica e Mercados Incompletos – Aloísio Araújo
• Conjuntos de Cantor, Dinâmica e Aritmética – Carlos Gustavo Moreira
• Geometria Hiperbólica – João Lucas Marques Barbosa
• Introdução à Economia Matemática – Aloísio Araújo
• Superfícies Mínimas – Manfredo Perdigão do Carmo
• The Index Formula for Dirac Operators: an Introduction – Levi Lopes de Lima
• Introduction to Symplectic and Hamiltonian Geometry – Ana Cannas da Silva
• Primos de Mersenne (e outros primos muito grandes) – Carlos Gustavo T. A. Moreira e Nicolau
Saldanha
• The Contact Process on Graphs – Márcia Salzano
• Canonical Metrics on Compact almost Complex Manifolds – Santiago R. Simanca
• Introduction to Toric Varieties – Jean-Paul Brasselet
• Birational Geometry of Foliations – Marco Brunella
• Introdução à Teoria das Probabilidades – Pedro J. Fernandez
• Teoria dos Corpos – Otto Endler
• Introdução à Dinâmica de Aplicações do Tipo Twist – Clodoaldo G. Ragazzo, Mário J. Dias
Carneiro e Salvador Addas Zanata
• Elementos de Estatística Computacional usando Plataformas de Software Livre/Gratuito –
Alejandro C. Frery e Francisco Cribari-Neto
• Uma Introdução a Soluções de Viscosidade para Equações de Hamilton-Jacobi – Helena J.
Nussenzveig Lopes, Milton C. Lopes Filho
• Elements of Analytic Hypoellipticity – Nicholas Hanges
• Métodos Clássicos em Teoria do Potencial – Augusto Ponce
• Variedades Diferenciáveis – Elon Lages Lima
• O Método do Referencial Móvel – Manfredo do Carmo
• A Student's Guide to Symplectic Spaces, Grassmannians and Maslov Index – Paolo Piccione e
Daniel Victor Tausk
• Métodos Topológicos en el Análisis no Lineal – Pablo Amster
• Tópicos em Combinatória Contemporânea – Carlos Gustavo Moreira e Yoshiharu Kohayakawa
• Uma Iniciação aos Sistemas Dinâmicos Estocásticos – Paulo Ruffino
• Compressive Sensing – Adriana Schulz, Eduardo A.B.. da Silva e Luiz Velho
• O Teorema de Poncelet – Marcos Sebastiani
• Cálculo Tensorial – Elon Lages Lima
• Aspectos Ergódicos da Teoria dos Números – Alexander Arbieto, Carlos Matheus e C. G.
Moreira
• A Survey on Hiperbolicity of Projective Hypersurfaces – Simone Diverio e Erwan Rousseau
• Algebraic Stacks and Moduli of Vector Bundles – Frank Neumann
• O Teorema de Sard e suas Aplicações – Edson Durão Júdice
• Tópicos de Mecânica Clássica – Artur Lopes
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
O Método do Referencial
Móvel
1.1 Equações de estrutura do Rn
Uma variedade riemaniana é uma variedade diferenciável M e uma escolha,
para cada ponto p ∈ M , de um produto interno positivo definido h , ip no
espaço tangente Tp (M ) de M em p, que varia diferenciavelmente com p no
seguinte sentido: Se X e Y são campos diferenciáveis de vetores em M , então
a função p 7→ hX, Y ip , p ∈ M , é diferenciável em M . Diferenciável sempre
significará de classe C ∞ . O produto interno h , i é usualmente chamado
uma métrica riemaniana em M .
A noção natural de equivalência entre variedades riemanianas é a noção
de isometria. Um difeomorfismo f : M → M 0 entre duas variedades rie-
manianas M de M 0 é uma isometria se para todo p ∈ M e todo par
X, Y ∈ Tp (M ), tem-se
1
2 Equações de estrutura do Rn Seção 1.1
como definição das formas ωij , que são chamadas formas de conexão do Rn
no referencial {ei }.
Derivando a expressão hei , ej i = δij , obteremos
isto é, as formas de conexão ωij = −ωji são antisimétricas nos ı́ndices i, j.
O ponto fundamental no método do referencial móvel é que as formas
ωi , ωij satisfazem as chamadas equações de estrutura de Elie Cartan.
Cap. 1 O Método do Referencial Móvel 3
ou seja X X
ωij βjs = dβik βjk βjs = d βis , s = 1, . . . , n. (7)
j jk
X X ½¡ X
n
¢ ¡X ¢
¾
dωij = − dβik ∧ dβjk = − ωi` β`k ∧ ωjs βsk
k k `=1 s
X X
=− ωis ∧ ωjs = ωik ∧ ωkj ,
s k
Observe que
X j
X
k
ω̄kj − ωkj = Bki ωi = −(ω̄jk − ωjk ) = − Bji ωi
i i
j k
e, como os ωi são linearmente independentes, Bki = −Bji . Usando as
simetrias obtidas, concluı́mos que
k j j i i k k
Bji = −Bki = −Bik = Bjk = Bkj = −Bij = −Bji = 0,
x ∗ ωi = ω i , x∗ ωij = ωij .
P
e, por outro lado, como dei = ωij ej ,
j
donde K = K 0 .
O Teorema de Gauss significa que a curvatura Gaussiana, embora tenha
sido definida usando o espaço “ambiente” R3 , só depende de medidas feitas
sobre a superfı́cie. Isto levou Gauss em 1827 a imaginar a existência de
geometrias independentes do espaço ambiente. Por falta de conceitos ade-
quados (particularmente da noção de variedade diferenciável), ele não de-
senvolveu estas idéias que foram retomadas por Riemann em 1852, dando
inı́cio ao que hoje chamamos de Geometria Riemaniana.
Exemplo 1. Considere a imersão x : U ⊂ R2 → R3 , onde U é dado por
e x é dado por
x(s, v) = (h(s) sen v, h(s) cos v, g(s)).
as funções h(s) e g(s) são funções diferenciáveis em s que satisfazem a
¡ ¢2 ¡ dg ¢2
condição dh
ds + ds = 1. A imagem x(U ) é uma superfı́cie de revolução
do eixo 0z cuja curva geratriz y = h(s), z = g(s) é parametrizada pelo
comprimento de arco de s.
Vamos mostrar que a curvatura desta superfı́cie de revolução é K =
00
− hh , onde linha indica derivada em relação a s.
Observe inicialmente que hv mede o comprimento de arco do cı́rculo
¡∂¢ ¡ ∂¢
paralelo x (const., v). Portanto e1 = dx ∂x , e2 = dx h1 ∂v são vetores
ortonormais e tangentes a x(U ). Completando-os com um vetor e3 unitário
e normal a x(U ), teremos um referencial adaptado e1 , e2 , e3 . Em verdade,
para o cálculo da curvatura, não precisaremos nos preocupar com o e3 , e
basta calcular ω1 , ω2 , ω12 .
É imediato verificar que ω1 = ds, ω2 = hdv. Usando que
e que
h0 ds ∧ dv = dh ∧ dv = dω2 = ω1 ∧ ω12 = ds ∧ ω12 ,
concluı́mos que ω12 = h0 dv. Levando estes valores na expressão dω12 =
−K ω1 ∧ ω2 , obteremos finalmente
h00 ds ∧ dv = −K ds ∧ hdv,
10 Aplicações às superfı́cies em R3 Seção 1.3
ou seja,
h00
K=− ,
h
que é a expressão procurada.
Em geral, entidades geométricas em S que podem ser calculadas a partir
de ω1 , ω2 e ω12 dependem apenas da métrica induzida de S no sentido
acima mencionado, e devem poder ser definidas sem fazer menção alguma
à imersão x. Voltaremos a este assunto na Seção 1.9.
Pelo que vimos anteriormente, dada uma imersão x : S → R 3 ficam
definidas duas formas quadráticas em cada Tp (S), p ∈ S, da maneira
seguinte.
A primeira forma quadrática Ip é simplesmente a forma quadrática as-
sociada à forma bilinear h , ip isto é,
ou seja,
hdx, e3 i = 0. (2)
A equação (2) significa que se α : (−ε, ε) → U é uma curva em S
parametrizada digamos, pelo comprimento de arco s, com α(0) = p e
α0 (0) = v, então, escrevendo
¿ À¯ ¿ À¯
d2 x ¯ dx de3 ¯¯
¯
, e3 (s) ¯ =− , = −hdx(v), de3 (v)i
ds2 s=0 ds ds ¯s=0
Portanto,
¿ À¯
d2 x ¯
IIp (v) = 2
, e3 (s) ¯¯ = hkn, e3 i = khn, e3 i,
ds s=0
Analogamente
dω̄2 = ω̄1 ∧ (ω12 + dθ). (3)
Portanto, as formas
1 ≤ A, B, C, · · · ≤ n + q,
1 ≤ i, j, k, · · · ≤ n,
n + 1 ≤ α, β, γ, · · · ≤ n + q.
dx = Σ ωA eA , (1)
deA = Σ ωAB eB . (2)
ωα (v) = ωα (Σ vi ei ) = 0.
A forma quadrática
X X
II α = ωi ωiα = hα
ij ωi ωj
i ij
¡e quen+1
a matriz
¢ de Aν em um referencial adaptado com en+1 = ν é dada por
− hij .
18 Subvariedades de um espaço euclideano Seção 1.5
dω = W ∧ ω,
dW = W ∧ W + Ω.
W = d U U ∗ + U W U ∗, (10)
Ω = U Ω U ∗, (11)
W = d U U ∗ + U W U ∗,
W ∧ W = (d U U ∗ + U W U ∗ ) ∧ (d U U ∗ + U W U ∗ )
= −d U U ∗ U ∧ (dU )∗ − U W U ∗ U ∧ (dU )∗
+ d U U ∗U ∧ W U ∗ + U W U ∗ ∧ U W U ∗
= −dU ∧ (dU )∗ + dU ∧ W U ∗ − U W ∧ (dU )∗ + U W ∧ W U ∗ ,
20 Subvariedades de um espaço euclideano Seção 1.5
e
∗
dW = −dU ∧ (dU )∗ + dU ∧ W U ∗ − U W ∧ (dU )∗ + U ∗ dW ∧ U.
Portanto,
Ω = −W ∧ W + dW = −U W ∧ W U ∗ + U d W U ∗
= U (dW − W ∧ W )U ∗ = U Ω U ∗ ,
onde X
Ωαβ = ωαi ∧ ωiβ = −Ωβα ,
i
vemos que elas possuem uma certa analogia formal com as equações de
estrutura de um espaço euclideano com um “termo de correção” Ωαβ . Por
um raciocı́nio inteiramente análogo ao do Lema 1, verificaremos que a matriz
de formas (ωαβ ) = W ⊥ e a matriz de formas (Ωαβ ) = Ω⊥ se transformam,
por uma mudança da parte normal {eα } do referencial, de modo semelhante
às formas W e Ω, respectivamente. Por esta razão, chamaremos ωαβ as
formas da conexão normal e Ωαβ as formas da curvatura normal.
© É claro que, ª fixados p ∈ M e dois vetores X, Y ¡∈ ⊥Tp (M ¢ ), a matriz
(Ωαβ )p (X, Y ) determina uma transformação linear RXY p
: (Np (M ) →
⊥
Np (M ). RXY é chamado o operador de curvatura normal da imersão x.
Para o caso x : M 2 → R4 , podemos definir, por analogia com a curvatura
Gaussiana, uma função KN chamada curvatura normal da imersão x por
dω34 = −KN ω1 ∧ ω2 .
Cap. 1 O Método do Referencial Móvel 21
temos que
X ½ dxj X ∂
¶ ¾ µ
(∇Y X)P = + ωij x i ej
j
dt i
∂t
X© X ª
= dxj (Y ) + ωij (Y )xi ej
j i
o que
¡ mostra
¢ que ∇Y X só depende dos ωij e portanto da métrica induzida.
∇Y X p é chamada a derivada covariante do campo X segundo o vetor
Y no ponto p. Se X = ei , obteremos
h∇Y ei , ej i = ωij (Y ),
o que fornece uma interpretação geométrica das formas de conexão ωij em
termos da derivação covariante.
Uma interpretação análoga pode ser dada às formas de conexão normal
ωαβ : Seja η um campo diferenciável de vetores normais em M e y ∈ Tp (M ).
A derivada covariante normal (∇⊥ y η)p de η em relação a y no ponto p é a
projeção sobre o complemento ortogonal Np (M ) de Tp (M ) da derivada usual
¡ dη ¢
dt t=0 . Como anteriormente, t é o parâmetro de uma curva diferenciável
α : (−ε, ε) → M , com α(0) = p, α0 (0) = y.
De uma maneira inteiramente análoga à anterior, verifica-se que
¡ ⊥ ¢ X© X ª X
∇y η p = dηα (y) + ωαβ (y)ηα eβ , η = η α eα ,
β α α
22 Subvariedades de um espaço euclideano Seção 1.5
isto é, ∇⊥
y η depende apenas das formas ωαβ . A interpretação geométrica
das formas ωαβ é obtida observando que, se η = eα , temos
h∇⊥
y eα , eβ i = ωαβ (y).
e portanto x é uma imersão. Como x(u + 2nπ, v + 2mπ) = x(u, v), para n,
m inteiros, a imagem x(R2 ) é um toro S 1 × S 1 ⊂ R4 .
Para estudar a geometria deste toro, escolhamos um referencial ortonor-
mal e adaptado:
e1 = (− sen u, cos u, 0, 0),
e2 = (0, 0, − sen v, cos v),
1
e3 = √ (cos u, sen u, cos v, sen v),
2
1
e4 = √ (− cos u, − sen u, cos v, sen v).
2
Como dx = Σ ωi ei , concluı́mos que
ω1 = hdx, e1 i = du, ω2 = dv, ω3 = 0, ω4 = 0.
Para o cálculo das ωij , calcularemos primeiro
de1 = (− cos u du, − sen u du, 0, 0),
de2 = (0, 0, − cos v dv, − sen v dv),
1
de3 = √ (− sen u du, cos u du, − sen v dv, cos v dv),
2
donde
ω12 = hde1 , e2 i = 0,
−du
ω13 = hde1 , e3 i = √ ,
2
du
ω14 = hde1 , e4 i = √ ,
2
−dv
ω23 = hde2 , e3 i = √ ,
2
−dv
ω24 = hde2 , e4 i = √ ,
2
ω34 = hde3 , e4 i = 0.
De ω12 = 0, concluı́mos que a curvatura Gaussiana da métrica induzida
é zero. De ω34 = 0, concluı́mos que a curvatura normal KN da imersão
também é zero.
Para o cálculo das segundas formas quadráticas nas direções e3 e e4 ,
faremos
ω13 = h211 ω1 + h312 ω2 ,
ω23 = h321 ω1 + h322 ω2 ,
24 Variedades riemanianas Seção 1.6
−1 −1
donde h311 = √
2
, h312 = h321 = 0, h322 = √ 2
, isto é,
±√
−1 2 0
A2 = ±√
.
0 −1 2
Analogamente, ±√
1 2 0
A4 = ±√
.
0 −1 2
√
Observe que e3 = √1 x descreve uma esfera unitária, pois |x| = 2.
2 √
Portanto x(S 1 × S 1 ) está contida na esfera S√ 3
2
de raio 2 de R4 e o
referencial e1 , e2 , e4 é tangente a esta esfera, com e3 normal a x(S 1 × S 1 ).
Como imersão, x : S 1 × S 1 → S√ 3
2
em S√3
2
, x descreve o chamado toro
de Clifford. Observe que é natural considerar A4 como a segunda forma
quadrática desta imersão (uma definição rigorosa será dada na Seção 1.9) e
que o traço de A4 é zero. Como veremos na Seção 1.9, isto significa que o
toro de Clifford é uma superfı́cie mı́nima da esfera S 3 .
i i
Queremos determinar funções Ckj = −Cjk tais que as formas diferenciais
X
i
ωkj = Ckj ωi (2)
i
Ajki = Ckj
i k
− Cij ,
j
Akij = Cik i
− Cjk ,
j
Aiij = Cki k
− Cji .
i 1 j
Ckj = (A + Akij + Aikj ).
2 ki
i
Definindo Ckj pela equação acima e as formas ωij por (2), verificamos facil-
mente que elas satisfazem as condições pedidas.
As formas ωij são chamadas as formas de conexão de M no referencial
{ei }. O interesse geométrico das formas de conexão é que elas permitem
definir uma noção de derivação para campos de vetores em M . Observe-se
que em uma variedade diferenciável, podemos derivar funções, porém não
campos de vetores. O conteúdo do Lema 1 e da proposição seguinte é que
em uma variedade riemaniana uma tal derivação é bem definida.
Proposição 1. Sejam X e Y campos diferenciáveis de vetores em M
P e seja
{ei } um referencial em um aberto U ⊂ M . Suponhamos que Y = y i ei e
i
façamos X© X ª
∇X Y = dyj (X) + ωij (X)yi ej . (3)
j i
∇X Y = e(dy(X) + W ∗ (X)y).
Como X não irá interferir nos cálculos, vamos abandoná-lo nas expressões
abaixo. Inicialmente, observemos que
dy = dU ȳ + U dȳ,
Portanto
∗
e(dy + W ∗ y) = e(dU ȳ + U dȳ − dU ȳ + U W ȳ)
∗ ∗
= eU dȳ + eU W ȳ = ē(dȳ + E ȳ),
d 0 Dγ 0 (t) 0
hγ (t), γ 0 (t)i = 2 h , γ (t)i = 0
dt dt
isto é, o vetor tangente γ 0 (t) tem comprimento constante. Observe, entre-
tanto, que γ pode ter auto-intersecções.
Os seguintes fatos sobre geodésicas serão apresentados sem demons-
trações. As demonstrações dependem dos teoremas de existência, unicidade
e dependência das condições iniciais das equações diferenciais ordinárias e
podem ser encontradas em M. do Carmo [dC ].
Para todo ponto p ∈ M e todo vetor v ∈ Tp (M ) existe uma única
geodésica γ(t; p, v) definida em um intervalo (−ε, ε) e satisfazendo às con-
dições: γ(0; p, v) = p, γ 0 (0; p, v) = v; uma tal geodésica é homogênea no
sentido seguinte: se γ(t; p, λv) está definida em t ∈ (−ε, ε), a geodésica
28 Variedades riemanianas Seção 1.6
¡t ¢ ¡ ¢
γ λ ; p, v está definida em t ∈ − λε , λε e
µ ¶
t
λ ; p, v = γ(t; p, λv), λ ∈ R.
λ
expp : Bη (0) ⊂ Tp (M ) → M
Observe que expp (0) = p e que a diferencial de expp na origem é dada por
¯ ¯
d ¯ d ¯
(d expp )0 (v) = ¯
γ(1; p, tv)¯ = γ(t; p, v)¯¯ = γ 0 (0, p, v) = v.
dt t=0 dt t=0
ou seja X
ωi ∧ Ωij = 0. (8)
i
X
0= ωi ∧ Ωij (X, Y, Z)
i
X© ª
= ωi (X)Ωij (Y, Z) − ωi (Y )Ωij (X, Z) + ωi (Z)Ωij (X, Y )
i
= hRY Z X − RXZ Y + RXY Z.ej i,
donde
RXY Z + RY Z X + RZX Y = 0. (8’)
De (8’) e (7) decorre a seguinte identidade
2hRZX Y, T i + 2hRT Y Z, Xi = 0,
donde
X ¡ ¢
Ω12 = u1k u2` Ωk` = ± cos2 θ Ω12 − sen2 θ Ω21 = ± Ω12
k`
hRXY X, Y i
K(P ) = · (11)
(A(X, Y ))2
para todo X, Y .
Afirmamos que isto implica que (note a mudança de ı́ndices no lado
direito da igualdade)
Então,
1 = x i x k yj y` = x k x i yj y` = x i x k y` yj = x k x i y` yj ,
e todos outros produtos são nulos. Segue-se que
dKp ∧ ωi ∧ ωj = 0,
donde
Ωij = ωi,n+1 ∧ ωn+1,j .
Como podemos pensar em x = en+1 como o vetor posição da esfera S n em
Rn+1 , teremos
dx = Σ ωi ei = den+1 = Σ ωn+1,i ei ,
donde ωi = ωn+1,i . Decorre daı́ que Ωij = −ωi ∧ ωj , isto é, S n tem
curvatura constante 1.
Exemplo 2 (O espaço hiperbólico). Seja H n = {x ∈ Rn ; |x|2 < 4} a bola
aberta em Rn de raio 2. Vamos definir em H n uma métrica riemaniana
dada por
¿ À
∂ ∂ δij n
, =µ ¶2 , x = (x1 , . . . , xn ) ∈ H .
∂xi ∂xj x 2
1 − |x|4
1 1 X ∂u
dωi = − 2
du ∧ dxi = − 2 dxj ∧ dxi
u u j ∂xj
X X µ ¶
∂u ∂u ∂u
=− ωj ∧ ωi = − ωj ∧ ωi − ωj .
j
∂xj j
∂xj ∂xi
Cap. 1 O Método do Referencial Móvel 35
Façamos
∂u ∂u
ωij = ωi − ωj = −ωji .
∂xj ∂xi
Pelo Lema 2 da Seção 1.2, ωij são as formas de conexão de H n no refe-
rencial {ei }. Resta-nos mostrar que Ωij = ωi ∧ ωj para concluir que H n
tem curvatura constante −1.
Σ x2i
Como u = 1 − 4 , temos que ∂u
∂xj = − 21 xj . Então
1
ωij = − (xj ωi − xi ωj ).
2
Portanto,
X X 1© ª © ª
ωik ∧ ωkj = x k ωi − x i ωk ∧ x j ωk − x k ωj
4
k k
1 X© ª
= x k x j ωi ∧ ω k − x k x k ωi ∧ ω j + x i x k ωk ∧ ω j
4
k
e
u
dωij = (ωi ∧ ωj − ωj ∧ ωi )
2
1© ª
− xj ωk ∧ (xk ωi − xi ωk ) + xi ωk ∧ (xj ωk − xk ωj ) .
4
Decorre daı́ que
|x|2
Ωij = dωij − Σ ωik ∧ ωkj = u ωi ∧ ωj + ωi ∧ ω j = ω i ∧ ω j ,
4
conforme querı́amos.
Daremos mais um exemplo que, embora não tão fundamental como os
exemplos anteriores, apresenta aspectos instrutivos. Os cálculos abaixo
foram feitos por Antonio Carlos Asperti e Renato Tribuzy.
Exemplo 3 (A métrica do fibrado tangente). Seja M n ⊂ Rn+k=N uma
variedade riemaniana com a métrica induzida. Seja T M ⊂ R N × RN o
fibrado tangente de M , isto é,
T M = {(p, v) ∈ RN × RN ; p ∈ M, v ∈ Tp (M )}.
T M possui uma métrica riemaniana natural que passaremos a definir.
Seja (p, v) ∈ T M e sejam V , W dois vetores tangentes a T M no ponto
(p, v). Sejam α(t) = (x(t), v(t)) e β(t) = (y(t), ω(t)) duas curvas em T M
com
α(0) = (x(0), v(0)) = (p, v), β(0) = (y(0), ω(0)) = (p, v)
α0 (0) = (x0 (0), v 0 (0)) = V, β 0 (0) = (y 0 (0), ω 0 (0)) = W.
36 Variedades riemanianas Seção 1.6
Definiremos
1 cos r
ε1 = ∂r, ε2 = ∂θ, ε3 = ∂ω − ∂θ, (*)
sen r sen r
Cap. 1 O Método do Referencial Móvel 37
isto é,
D
e2 = − cos r e1 .
dθ
Decorre daı́ que
(d)
¿ À
∂ ∂
h∂r, ∂θi = ,
∂r ∂θ
¿ À
D D
+ (cos ω e1 + sen ω e2 ), (cos ω e1 + sen ω e2 )
∂r ∂θ
¿ À
D D D D
= 0 + cos ω e1 + sen ω e2 , cos ω e1 + sen ω e2 = 0
∂r ∂r ∂θ ∂θ
(e)
¿ À
D D
(∂θ, ∂ω) = cos ω e1 + sen ω e2 , − sen ω e1 + cos ω e2 = 0.
∂r ∂r
(f)
¿ À
D D
(∂θ, ∂ω) = cos ω e1 + sen ω e2 , − sen ω e1 + cos ω e2
∂θ ∂θ
= h cos ω cos r e2 − sen ω cos r e1 , − sen ω e1 + cos ω e2 i
= cos2 ω cos r + sen2 ω cos r = cos r,
cos r
ω1 ∧ ω3 = dω3 = ω1 ∧ ω13 + ω2 ∧ ω23 .
sen r
Para calcular as formas de conexão ω12 , ω13 , ω23 , procederemos da
maneira seguinte. Da primeira equação acima e do lema de Cartan, temos
que
ν = ω1 ∧ ω2 ∧ · · · ∧ ωn = ωn+1,1 ∧ · · · ∧ ωn+1,n .
Fp : Tp (M ) × · · · × Tp (M ) → R.
| {z }
r fatores
Rp (X, Y, Z, T ) = hRZT X, Y i.
Gp (X, Y ) = hX, Y ip .
Portanto
X
Fi1 i2 ,...,ir ;i = Fi1 i2 ,...,ir ;j ωj (ei )
j
Sejam agora
X X X X
X1 = x1i1 ei1 , X2 = x2i2 ei2 , . . . , Xr = xrir eir , Y = y i ei
i1 i2 ir i
2
onde Y = grad(f /2). Por outro lado, usando (4),
Z Z Z
∆(f 2 /2)ν = f ∆f ν + | grad f |2 ν.
M M M
iX ν = ω1 ∧ · · · ∧ ωn−1 xn .
pois, de (2), X
xn ωni = xi;k ωk .
k
F ∗ ωi = fi dt + θi , F ∗ ωij = θij ,
fi (t, a1 , . . . , an ) = ai .
∂θi ∂θi
onde a forma ∂t , por exemplo, é definida por dθi = dt ∧ ∂t + termos sem
dt.
48 Equações de estrutura em referenciais geodésicos... Seção 1.8
Demonstração: Façamos
θij = F ∗ ωij = βij dt + αij ,
onde αij não contém dt. Fixado a = (a1 , . . . , an ) ∈ Rn , a curva γ(t) =
F (t, a) é uma geodésica partindo de p com vetor tangente γ 0 (t) = Σ ai ei . É
claro que γ ∗ ωi = fi dt e γ ∗ ωij = βij dt. Portanto,
µ ¶ µ µ ¶¶
∂ ∂
f i = γ ∗ ωi = ωi dγ = ωi (γ 0 (t)) = ai ,
∂t ∂t
µ ¶ µ µ ¶¶
∗ ∂ ∂
βij = γ ωij = ωij dγ = ωij (γ 0 (t)) = h∇γ 0 (t) ei , ej i = 0,
∂t ∂t
pois o referencial {ei } é paralelo ao longo de γ. A primeira afirmação do
lema está portanto provada.
Para provar a validade das equações indicadas, apliquemos as equações
de estrutura às formas F ∗ ωi , F ∗ ωij . Por um lado,
X
dF ∗ ωi = F ∗ dωi = F ∗ (Σ ωj ∧ ωji ) = (fj dt + βj ) ∧ θji
j
X X
=− aj θji ∧ dt + θj ∧ θji
j j
e por outro,
∂θi
dF ∗ ωi = d(ai dt + θi ) = dai ∧ dt + dt ∧ + termos sem dt.
∂t
Portanto,
∂θi ¡ X ¢
∧ dt = dai + aj θji ∧ dt + termos sem dt,
∂t j
o que fornece a equação em (1) (a condição inicial (1) será verificada dentro
em pouco).
Analogamente,
¡X 1X ¢
d(F ∗ ωij ) = F ∗ dωij = F ∗ ωis ∧ ωsj − Rijk` ωk ∧ ω`
s
2
k`
X 1 X
+ θis ∧ θsj − Rijk` (fk dt + θk ) ∧ (f` dt + θ` )
s
2
k`
¡1 X 1X
= Rijk` ak θ` + Rij`k a` θk ) ∧ dt = termos sem dt
2 2
k` k`
X
= Rijk` ak θ` ∧ dt + termos sem dt,
k`
Cap. 1 O Método do Referencial Móvel 49
e
∂θij
dF ∗ ωij = dθij = dt ∧ + termos sem dt.
∂t
Portanto,
∂θij X
=− Rijk` ak θ` ,
∂t
k`
f : expp V = U → expp0 V 0 = U 0
isométricas isométricas
dilatação = f
1 ≤ A, B, C, · · · ≤ n + q, 1 ≤ i, j, k, · · · ≤ n, n + 1 ≤ α, β, γ, · · · ≤ n + q.
X 1 X
dωAB = ωAC ∧ ωCB + ΩAB , ΩAB = − RABCD ωC ∧ ωD .
2
C
0 = dωα = Σ ωi ∧ ωiα ,
−Aνp : Tp (M ) → Tp (M ).
¯ X ξ,
Estendendo X e ξ a campos vetoriais de M , podemos calcular ∇
¯
onde ∇X é a derivada covariante em M , da seguinte maneira:
X© X ª
¯ Xξ =
∇ dξA (X) + ωBA (X) ξA eA
A B
X© X ª X
= dξα (X) + ωβα (X) ξβ eα + ωβi (X) ξβ ei
α β iβ
X¡X ¢
= ∇⊥
Xξ + ωβi (X) ξβ ei .
i β
Portanto ∇⊥ ¯
X ξ é a componente normal de ∇X ξ. Observe (Cf. item 5 da
¯
Prop. 2 da Seção 1.6) que ∇X ξ não depende realmente das extensões con-
sideradas mas só dos valores de X e ξ em M .
Analogamente se verifica que ∇X Y é a componente tangente de ∇ ¯ XY ,
onde X e Y são campos
P de vetores tangentes em M .
As formas dωij − ωik ∧ωkj = Ωij são as formas de curvatura da métrica
k P
riemaniana de M . As formas dωαβ − ωαγ ∧ ωγβ = Ωαβ são chamadas
γ
formas da curvatura normal da imersão. Elas determinam, da maneira
⊥
usual, um operador de curvatura normal (RXY )p : Np (M ) → Np (M ), para
todo par de vetores X, Y ∈ Tp (M ).
Da equação (3) decorre que o tensor curvatura Rijk` de M está rela-
cionado com as componentes tangentes Rijk` do tensor curvatura de M
por
1 X X X
− Rijk` ωk ∧ ω` = Ωij = dωij − ωik ∧ ωkj = ωiα ∧ ωαj + Ωij
2 α
k` k
1 X¡X α α ¢ 1 X
= (hi` hjk − hα α
ik hj` ) ωk ∧ ω` − Rijk` ωk ∧ ω` ,
2 α
2
k` k`
ou seja, X
Rijk` = Rijk` − (hα α α α
i` hjk − hik hj` ), (6)
α
hRXY (Z), T i = hRXY (Z), T i − {hB(X, T ), B(Y, Z)i − hB(X, Z), B(Y, T )i}
1X X
− Rαβij ωi ∧ ωj = Ωαβ = dωαβ − ωαγ ∧ ωγβ
2 ij γ
X
= ωαk ∧ ωkβ + Ωαβ
k
1 X¡X α α X α β ¢ 1
− hkj hki − hki hkj ωi ∧ ωj − Rαβij ωi ∧ ωj
2 ij 2
k k
ou seja, X β α
Rαβij = (hα α
ik hkj − hik hkj ) + Rαβij (7)
k
Por um teorema de Álgebra Linear, [Aξp , Aηp ] = 0, isto é, Aξp e Aηp comutam
se e só se existe uma base em Tp (M ) que diagonaliza simultaneamente Aξp
e Aηp . Decorre daı́ a seguinte proposição.
r 2 e0 − r 1 f 0
ν=
D
é um vetor unitário normal de x. Defina formas ϕi e ϕ̃j , i = 1, . . . , m,
j = 1, . . . , q, por X X
de0 = ϕi ei , df0 = ϕ̃j fj .
i j
r1 r2 ¡ X 2 X 2 ¢
= ϕi − ϕ̃j .
D2 i j
Definindo
r1 r2
ωi = ϕi , ω̃j = ϕ̃j ,
D D
teremos finalmente
r12 X 2 r2 X 2 X 2 X 2
I = hdx, dxi = 2
ϕi + 22 ϕ̃j = ωi + ω̃j ,
D D i j
r2 X 2 r1 X 2
−II = hdx, dvi = ω − ω̃ .
r1 i i r2 j j
¡ ¢2
Observe que se rr21 = m q , então o traço de II é zero, isto é, x é uma
imersão mı́nima de um produto de esferas em uma esfera unitária. Este
x1
exemplo inclue o caso do toro de Clifford para m = q = 1, r1 = r2 e x = √ 2
(Cf. Exemplo 1 da Seção 1.5). Observe ainda que, pela fórmula de Gauss,
as curvaturas seccionais dos planos gerados por vetores ei , fj são nulos.
Por outro lado, os planos gerados por ei , ek , i, k = 1, . . . , m têm curvaturas
positivas.
hα
11 = ω1α (e1 ) = h∇e1 e1 , eα i = 0,
0 = hα
12 = ω2α (e1 ) = h∇e1 e2 , eα i. (10)
dωi,n+1 = dλ ∧ ωi + λdωi .
n+q
Como M tem curvatura constante, Ωi,n+1 = 0. Além disto, en+1 é
paralelo na conexão normal, isto é, ωα,n+1 = 0, para todo α. Portanto,
X
dωi,n+1 = ωij ∧ ωj,n+1 = λωj ωij ∧ ωj = λdωi .
j
dλ ∧ ωi = 0,
ν(p)
y(p) = x(p) − , p ∈ M.
λ
Se mostrarmos que y é constante, teremos que x(M ) está contida na (n +
q − 1)-esfera de Rn+q de centro y e raio 1/λ. Mas, em uma vizinhança de
um ponto arbitrário de M ,
1 X 1X
dy = dx − den+1 = ω i ei − ωn+1,i ei = 0.
λ i
λ i
e A∗ a sua transposta. Não é difı́cil mostrar (V. Lima [Li 2] pg. 67) que
2
estas equações definem 0(N ) como uma subvariedade de R N de dimensão
N (N − 1)/2.
A variedade produto B = RN × 0(N ) será chamada o fibrado das bases
ortonormais de RN . Um ponto de B é um par (p, {eA }), onde p ∈ RN e
{eA }. A = 1, . . . , N é uma base ortonormal de RN . A projeção π : B → RN
de B em RN , definida por B(p, {eA }) = p é certamente uma aplicação
diferenciável. Uma secção de B em um aberto U ⊂ RN é uma aplicação
diferenciável σ : U → B tal que π ◦ σ = ident. Observe que uma secção de
B em U é um referencial móvel em U .
Seja agora M n ⊂ Rn+q=N uma subvariedade de RN . Usaremos as con-
venções usuais para os ı́ndices:
1 ≤ A, B, C, · · · ≤ n + q, 1 ≤ k, j, k, · · · ≤ n, n + 1 ≤ α, β, γ, · · · ≤ n + q.
Considere o subconjunto BM ⊂ B das bases adaptadas a M , isto é,
BM = {(p, {eA }) ∈ B; p ∈ M, ei ∈ Tp (M ), eα ∈ Tp (M )⊥ }.
Indicaremos com a mesma letra π a restrição a BM da projeção π definida
em B, isto é, π : BM → M é dada por π(p, {eA }) = p. A imagem inversa
π −1 (p) de um ponto p ∈ M é chamada a fibra sobre p.
BM é uma variedade diferenciável. Com efeito, seja U ⊂ M uma vizi-
nhança coordenada de M onde exista um referencial móvel adaptado {eU A }.
Os pontos (p, {eA }) de π −1 (U ) podem ser parametrizados
© pelas
ª coordenadas
de p ∈ U e pelas coordenadas dos vetores eA na base (eU A )p . É claro que na
interseção π −1 (U ) ∩ π −1 (V ), onde V ⊂ M é outra vizinhança coordenada
de M com um referencial móvel {eVA } e V ∩ U 6= φ, a mudança de tais
parâmetros é diferenciável, o que prova a afirmação feita. A construção
mostra também que a inclusão BM ⊂ B é diferenciável.
Uma secção de BM em um aberto U ⊂ M é uma aplicação diferenciável
σ : U → BM , tal que π ◦ σ = ident. Em outras palavras, uma secção é a
escolha de um referencial móvel adaptado em U .
Observe-se que BM não é mais necessariamente um produto, mas deve
ser pensado como um conjunto de fibras π −1 (p), p ∈ M . Entretanto, para
todo aberto U onde existe uma secção, © isto ªé, um referencial móvel ẽA ,
π −1 (U ) pode ser obtido aplicando a (ēA )p em cada p ∈ U as trans-
formações ortogonais que deixam Tp (M ) (donde Np (M )) fixo. Deste modo
π −1 (U ) ≈ U × (0(n) × 0(q)), isto é, BM é localmente um produto.
Passemos agora à geometria diferencial de BM . Definiremos aplicações
diferenciáveis x̃ : BM → RN , ẽA : BM → RN por
x̃(p, {eA }) = p ∈ M ⊂ RN ,
ẽA (p, {eA }) = eA ∈ RN .
Cap. 1 O Método do Referencial Móvel 63
Portanto,
X X X
dx̃ = ω̃A ẽA = ω̃A β̃AB aB
A A B
X¡X ¢ X X
= ω̃A β̃AB aB = hdx̃, aB i = dx̃B aB .
B A B B
P
Decorre daı́ que dx̃B = ω̃A β̃AB , isto é,
A
X
ω̃A = β̃AB dx̃B .
B
teremos X
d(ẽρA − ẽ0A ◦ g̃) = ρ
ω̃AB (ẽρB − ẽ ◦ g̃). (10)
B
em todo Bρ(M ) .
De maneira inteiramente análoga, mostrarı́amos que
X
d(x̃ρ − x̃0 ◦ g̃) = ω̃i (ẽρB − ẽ0B ◦ g̃) = 0,
B
f ∗ ωA
0
= ωA , f ∗ ωAB
0
= ωAB .
com condições iniciais em ρ(p) : (eρA −e0A ◦g)(ρ(p)) = 0. Portanto, eρA = e0A ◦g.
Analogamente, e usando o fato que acabamos de provar,
X ρ ρ
d(xρ − x0 ◦ g) = ωB (eB − e0B ◦ g) = 0,
B
dx = Σ ωA eA , (3)
Além disto, (1) fornece as seguintes relações entre as formas ωAB . Como
(en+1 , en+1 ) = h, temos
e, como h 6= 0,
ωn+1,n+1 = 0. (6)
Analogamente, de (ei , en+1 ) = 0 vem
donde
ωn+1,i = −h ωi,n+1 . (7)
Considere agora o conjunto dos pontos x ∈ E n+1 tais que (x, x) = h.
Escrevendo
x = x1 a1 + · · · + xn an + xn+1 an+1 ,
teremos que
(x, x) = x21 + x22 + · · · + x2n + h x2n+1 = h.
Cap. 1 O Método do Referencial Móvel 71
1 ≤ i, j, k, · · · ≤ n − 1, 1 ≤ A, B, C, · · · ≤ n.
donde
X
dvj = vi ωji − vn ωnj − vn+1 ωn+1,j ,
i
X
dvn = vi ωni ,
i
X X
dvn+1 = − vi ωn+1,i = − vi ω i .
2
Mas vi (q) = 0. Logo an+1 = vn en + vn+1 en+1 , donde vn+1 − vn2 = 1 em q.
Portanto, obtemos finalmente,
2 2
vn+1 vn+1 −1 1
Rijij = hii hjj − 1 ≥ 2
− 1 = 2
= 2 > 0,
vn vn vn
o que contradiz o fato da curvatura seccional de M em q ser não positiva, e
termina a demonstração.
O Teorema de Amaral foi generalizado por E.F. Stiel [St] na seguinte
forma: Seja M n compacta com curvaturas seccionais K ≤ 0. Então não
existe uma imersão isométrica x : M n → H n+q , se q < n.
A maior vantagem de ter um modelo da esfera S n em Rn+1 e um modelo
de H n em E n+1 é poder estender às subvariedades destes espaços certas
construções que efetuamos para as subvariedades do espaço euclideano.
Por exemplo, a globalização do método do referencial móvel e o teo-
rema de unicidade da seção anterior se estendem sem dificuldades às sub-
variedades do S n e do H n . Trataremos rapidamente o caso de S n ⊂ Rn+1 ,
deixando o caso do H n como exercı́cio.
Seja M n ⊂ S n+q ⊂ Rn+q+1 . Escolheremos sempre referenciais locais
e1 , . . . , en , . . . , en+q , en+q+1 em Rn+q+1 de modo que en+q+1 descreve S n+q
e, restritos a M , e1 , . . . , en são tangentes a M e en+1 , . . . , en+q são normais
a M e tangentes a S n+q . Usaremos os ı́ndices:
i ≤ i, j, k . . . , ≤ n, n + 1 ≤ α, β, γ, · · · ≤ n + q, 1 ≤ A, B, C, · · · ≤ n + q + 1.
Construiremos o fibrado BM ⊂ B = RN × 0(N ), n = n + q + 1, con-
siderando M como subvariedade de RN . Como, no caso presente, x̃ =
ẽn+q+1 , teremos
dx̃ = Σ ω̃i ẽi = dẽn+q+1 = Σ ω̃n+q+1,A ẽA ,
donde
ω̃i = ω̃n+q+1,i , ω̃n+q+1,α = 0, ω̃n+q+1,n+q+1 = 0.
Portanto, as formas ω̃n+q+1,A não mais aparecem explicitamente quando
nos restringimos a M , e as equações de estrutura tomam a seguinte forma:
X
dω̃i = ω̃j ∧ ω̃ji ,
i
X X
dω̃ij = ω̃ik ∧ ω̃kj + ω̃iα ∧ ω̃αj − ω̃i ∧ ω̃j ,
k α
X X
dω̃αβ = ω̃αγ ∧ ω̃γβ + ω̃αi ∧ ω̃iβ ,
γ i
X X
dω̃iα = ω̃ij ∧ ω̃jα + ω̃iβ ∧ ω̃βα ,
j β
Cap. 1 O Método do Referencial Móvel 75
Imersões em um espaço
de curvatura constante
76
Cap. 2 Imersões em um espaço de curvatura constante 77
teremos ωn+1 = 0 e
X
ωi,n+1 = hij ωj , hij = hn+1
ij = hji , (1)
j
X
dωi = ωj ∧ ωji , (2)
j
X
dωij = ωik ∧ ωkj + ωi,n+1 ∧ ωn+1,j − c ωi ∧ ωj (3)
k
λ1 λ2 . . . λn = K(p)
λ1 + · · · + λ n
= H(p)
n
78 Hipersuperfı́cies em um espaço de curvatura constante. Seção 2.1
onde Ωij são as formas de curvatura da métrica induzida. Decorre daı́ que
Rijij = λi λj + c, i 6= j. (4)
1 ≤ α, β, γ ≤ m, m + 1 ≤ a, b, c ≤ n, 1 ≤ i, j, k ≤ n.
e portanto X
ωab = Aαba ωa . (7)
a
Decorre daı́ que as formas ωb , que anulam P , satisfazem a seguinte
condição:
X X X
dωb = ωk ∧ ωkb = ωα ∧ ωαb + ωa ∧ ωab
k α a
XX X
=− Aαba ωa ∧ ωα + ωa ∧ ωab
α a a
X ¡ X ¢
= ωa ∧ ωab − Aαba ωα , (8)
a α
isto é, as formas dωb pertencem ao ideal gerado pelas ωb ’s. Mas isto é pre-
cisamente a condição do Teorema de Frobenius, que garante a integrabili-
dade da distribuição P definida pelas formas ωb . Portanto, por cada ponto
de x(V ) passa uma subvariedade de dimensão m. Restritas a esta subvarie-
dade, as formas ωa = 0 e, de (7), as formas ωαb , que fornecem as segundas
formas quadráticas desta subvariedade nas direções normais eb , também
se anulam. Como por (5), a segunda forma quadrática na direção en+1 é
nula, concluı́mos que as subvariedades obtidas são totalmente geodésicas em
Qn+1 , o que prova a primeira parte do lema.
Para provar a segunda parte, vamos estudar o comportamento do deter-
minante D ao longo da variedade totalmente geodésica que passa por um
ponto de x(V ). Observe que
Y
ωa,n+1 = ωm+1,n+1 ∧ · · · ∧ ωn,n+1
a
Y
= det(hab )ωm+1 ∧ · · · ∧ ωn = D ωc . (9)
c
Mas, de (8), X X
¡ ¢
dωa = ωb ∧ ωba − Aβab ωβ . (11)
b β
d2 hp = hd2 xp , ν̃i
dh ¡ dϕ ¢ dϕ
(ϕ(t)) = dh = h grad h (ϕ(t)), i = | grad h (ϕ(t))|2 .
dt dt dt
Diz-se que uma trajetória ϕ(t) do gradiente sai de um ponto crı́tico p se
ϕ(0) está próximo de p e lim ϕ(t) = p.
t→−∞
Considere uma trajetória ϕ(t) do gradiente de h que sai do ponto de
mı́nimo q. Como h é limitado em M , e
Z t Z f
d
h(ϕ(t)) − h(ϕ(0)) = h(ϕ(t))dt = | grad j (ϕ(t))|2 dt,
0 dt 0
II = a ω12 + 2b ω1 ω2 + c ω22
II 0 = a0 ω102 + 2b0 ω10 ω20 + c0 ω202 .
Queremos provar que f ∗ II 0 = II, isto é, que f ◦a0 = a, f ◦b0 = b e f ◦c0 = c.
Como f é uma isometria, temos que
K = ac − b2 = f ◦ K 0 = f ◦ (a0 c0 − (b0 )2 ).
e, analogamente
dy2 = ω2 + ω21 y1 + ω23 y3 .
Portanto, utilizando a simplificação de notação mencionada e notando que
f ∗ ω12
0
= ω12 , teremos
dθ = ω1 ∧ (f ∗ ω23
0
) − ω2 ∧ (f ∗ ω13
0
) + y3 (ω13 ∧ f ∗ ω23
0
− ω23 ∧ f ∗ ω13
0
)
0 0 0 0 0
= (a + c )ω1 ∧ ω2 + y3 (ac + ca − 2bb )ω1 ∧ ω2
= (2H 0 + y3 J)ω1 ∧ ω2 , (1)
(1) det(A − B) = α ≤ 0
(2) Se, em adição, A e B são definidas (isto é, os valores próprios são
> 0), a igualdade em (1) ocorre se e só se A = B.
ac = a0 c0 − (b0 )2 ,
Cap. 2 Imersões em um espaço de curvatura constante 93
d2 ¡ 1 ¢
= 0.
ds2 λ
ou seja
dλ
+ Aλ = 0.
ds
Diferenciando exteriormente (6) e usando as equações de estrutura dω2 =
ω1 ∧ ω12 , dω12 = −K ω1 ∧ ω2 , obteremos, ao longo de L,
¡ dA ¢
0 = −K ω1 ∧ ω2 = dω12 = dA ∧ ω2 + A dω2 = + A 2 ω1 ∧ ω 2 .
ds
Portanto,
d2 λ dλ dA 1 ¡ dλ ¢2
2
=− A−λ = 2λA2 = 2 .
ds ds ds λ ds
donde 2 ¡ dλ ¢2
d2 ¡ 1 ¢ λ d λ2 − 2
2
= − ds ds
= 0,
ds λ λ3
como querı́amos.
Podemos agora concluir a demonstração do Teorema 1. Como p0 ∈ U10
e, pelo Lema 2, λ1 e λ10 são lineares ao longo de L e L0 , respectivamente,
podemos escrever
1 1
λ(s) = , λ0 (s) = ,
As + B A0 s + B 0
onde, como f é uma isometria, s é o comprimento de arco comum a L e
L0 . Podemos supor que s = 0 corresponde a q1 ; então q2 corresponde a
s = ` = comp. L. Como λ(0) = λ0 (0) e λ(`) = λ0 (`), concluı́mos que
λ(s) = λ0 (s). Decorre daı́ que de3 = de03 ao longo de L, em particular, em
p, como querı́amos mostrar.
Observação 2: O Teorema de Cohn-Vossen é a parte da unicidade do
famoso problema de H. Weyl: Provar que toda variedade riemaniana de
dimensão dois, compacta e com curvatura K > 0 pode ser isometricamente
imersa em R3 . Para o caso em que a variedade e a métrica são analı́ticas,
este problema foi resolvido por H. Weyl e H. Lewy. O caso C ∞ foi re-
solvido por A. Alexandroff e A.V. Pogorelov. Em verdade, motivado por
este problema, Alexandroff iniciou o estudo das superfı́cies convexas sem
diferenciabilidade, e desenvolveu uma série de técnicas que constituem a
marca registrada de um grupo de geômetras russsos, e que permitiram re-
solver o problema de Weyl em uma grande generalidade. O Teorema 1
afirma simplesmente que, uma vez obtida uma tal imersão diferenciável, ela
é única a menos de um movimento rı́gido. A prova de Cohn-Vossen reque-
ria analiticidade e K > 0. A prova acima é uma apresentação de S. Chern
de um argumento devido a Herglotz. Uma exposição detalhada, e com re-
ferências, dos fatos acima mencionados pode ser encontrada no excelente
artigo de Efimov [Ef].
Cap. 2 Imersões em um espaço de curvatura constante 97
perfil de S1
perfil de S 2
eixo de rotação
R
e M K dMR = 2π (pelo teorema de Sacksteder citado na Observação da
Seção 2.1, M K dM ≤ 2π) então duas imersões isométricas de M 2 diferem
por um movimento rı́gido. Por outro R lado, Olowjanischnikow demonstrou,
nas mesmas condições acima, que se M K dM < 2π, então existem imersões
isométricas de M 2 que não diferem por um movimento rı́gido. Para uma
demonstração simples do resultado de Pogorelov no caso C ∞ ver Saksteder
[Sa 2].
Observação 6: O Teorema de Cohn-Vossen se estende para as hiper-
superfı́cies da esfera que possuem curvaturas seccionais maiores que a do
espaço ambiente. Para uma demonstração V. M. do Carmo e F. Warner
[dCWa];
Em geral, os problemas de unicidade estão historicamente ligados a
problemas de rigidez e rigidez infinitesimal. Por completação, daremos as
definições relevantes. M será uma variedade de dimensão dois, conexa e
orientável.
Uma deformação de uma imersão x : M → R3 é uma aplicação dife-
renciável F : [0, 1] → R3 , tal que, indicando ft (p) = F (t, p), t ∈ [0, 1],
p ∈ M , as seguintes condições sejam satisfeitas:
1) f0 = x,
2) ft é uma imersão para todo t ∈ [0, 1],
3) hdft (X), dft (Y )i = hdx(X), dx(Y )i, para todo par X, Y ∈ Tp (M ) e
todo t ∈ [0, 1].
Uma deformação de x é trivial se, para todo t, ft = At ◦ x, onde At é um
movimento rı́gido de R3 . A imersão x é rı́gida se toda deformação de x é
trivial; no caso contrário, x é deformável.
Uma versão infinitesimal da situação acima é motivada pelas considera-
ções seguintes. Suponhamos que x seja uma inclusão. Então a condição (3)
se escreve
hX, Y i = hdft (X), dft (Y )i.
Se indicarmos por Zt o vetor tangente à curva t → ft (p), em t, teremos
d
0= hdft (X), dft (Y )i = Zt hdft (X), dft (Y )i.
dt
Portanto, em t = 0,
equivalente a
ou seja,
hdZ, dxi = 0. (9)
Isto motiva a seguinte definição. Um campo diferenciável de vetores
Z : M → R3 é uma deformação infinitesimal de x se (9) é verificada.
O significado preciso da condição (9) é obtido da maneira seguinte. A
métrica da deformação x + tZ de x é dada por
ft (p) = Ot (p) + at ,
Como Ot é uma matriz ortogonal (Ot Ot∗ = ident.), a derivada 00t satisfaz
O00 + (O00 )∗ = 0,
Isto mostra que der = 0, isto é, er é um vetor constante, e dfr = 0. Como
U é conexa, fr = const. Isto significa que x(U ) está contida em um hiper-
plano de E n+q+1 , perpendicular a er , para todo r = n + d + 1, . . . , n + q .
Como a intersecção de um tal hiperplano com Qn+q é uma subvariedade
totalmente geodésica de Qn+q , e os vetores er são linearmente indepen-
dentes, concluı́mos que x(U ) está contida em uma subvariedade totalmente
geodésica de Qn+q de dimensão (n + q) − (q − d) = n + d.
No caso em que c = 0, isto é, Qn+q (c) = Rn+q , não há necessidade
de imergir Rn+q em um espaço auxiliar, e a demonstração é análoga (em
verdade, mais simples).
1 ≤ i, j, k ≤ n; n + 1 ≤ α, β, γ ≤ n + d; n + d + 1 ≤ r, s, t ≤ n + q;
1 ≤ A, B, C ≤ n + q. (1)
1
(eA , eB ) = δAB , (eA , en+q+1 ) = 0, (en+q+1 , en+q+1 ) = ·
c
Diremos que uma base ortonormal b = {eA , en+q+1 } em x(p), p ∈ M , é
adaptada a x e a Ne se dada uma vizinhança U ⊂ M de p onde x é injetiva,
as seguintes condições são satisfeitas:
0 = h∇⊥
X es , eα i = ωsα (X), n + d + 1 ≤ s ≤ n + q, n + 1 ≤ α ≤ n + d,
isto é, ωsα = 0, para todo s e todo α. Como N contém N1 , II s = 0, isto é,
ωsi = 0, i = 1, . . . , n. Além disto, como ωsi = 0 e ωsα = 0, teremos
X X X X
dωsr = ωsi ∧ ωir + ωsα ∧ ωαr + ωst ∧ ωtr = ωst ∧ ωtr ,
i α t t
Como τ ≥ 2, podemos supor que todas as formas ω1α , ω2α são linearmente
independentes. Portanto, de (2),
Vamos mostrar que as formas ωαr são nulas em U . Para isto, seja
q ∈ U e modifique a parte tangente do referencial {eA } de modo que os
vetores (ei )q diagonalizem todas as segundas formas quadráticas em q. Isto
evidentemente não altera as formas ωαr e permite escrever ωiα = λα i ωi em
q, onde λα
i é o i-ésimo valor próprio de II α
q . Utilizando a expressão anterior,
obteremos, em q,
X ¡X α ¢
λαi ωi ∧ ωαr = − λi ωαr ∧ ωi = 0,
α α
Esta
P última expressão significa que a única direção própria de
ωαr (ej )eα
Aα (ei ) com valor próprio não nulo é ej com
P valor próprio −c⊥j .
Por minimalidade, cj = 0, para todo j. Portanto ωαr (ej )eα ∈ (N1 )q ,
α
isto é, pertence ao espaço gerado pelos er . Segue-se que ωαr (ej ) = 0, para
todo j, isto é, ωαr = 0 em q. Como q é arbitrário, ωαr = 0 em U .
Como ωαr = 0, N1 é paralelo na conexão normal e o resultado decorre
do Teorema 1.
Como Qn+q tem curvatura constante, segue da fórmula de Ricci (Cf. (7’)
da Seção 1.9) que
∇⊥ ⊥
Z R (X(t), Y (t), ξ(t), η(t))
df
= ZhR⊥ (X(t)Y (t))ξ(t), η(t) = = 0,
dt
pois ∇⊥ ⊥ ⊥ ⊥
Z X(t) = ∇Z Y (t) = ∇Z ξ(t) = ∇Z η(t) = 0. Como p e X, Y , ξ, η
⊥ ⊥
são arbitrários, teremos que ∇ R ≡ 0. Para a recı́proca, basta percorrer
o argumento em sentido contrário.
1 ≤ i, j, k ≤ n, n + 1 ≤ α, β, γ ≤ n + ρ, n + ρ + 1 ≤ µ, ν, λ ≤ n + d,
n + d ≤ r, s, t ≤ n + q.
N1
~
tangente N
}}
}
i r
ij i i ir i
sr r
e é paralelo na conexão
Pela construção do referencial, ωir = 0. Como N
normal, ωrα = 0. Decorre daı́ que
X X X X
0 = dωri = ωrj ∧ ωji + ωrα ∧ ωαi + ωrµ ∧ ωµi + ωrs ∧ ωsi
j α µ s
X
= ωrµ ∧ ωµi .
µ
isto é,
P
X X ωrµ (ej )eµ
δij cj ei = ωrµ (ej )aµi ei = − ωrµ (ej )Aµ (ei ) = −A µ (ei ).
µ µ
Decorre daı́,
P por minimalidade, que ci = 0, para todo i.
⊥
Logo, ωrµ (ej )eµ ∈ (N1 ) , onde ωrµ = 0 em q. Como q é arbitrário,
µ
ωrµ = 0 em U , o que conclui a demonstração do Teorema.
h[Aξ , Aη ]X, Y i
0 0
(3)
(area(ξ, η))(area(X, Y ))
ξ = a 1 e1 + a 2 e2 , A ξ = a 1 A1 + a 2 A2 ,
η = b 1 e1 + b 2 e2 , A η = b1 A1 + b2 A2 ,
X = c 1 f1 + c 2 f2 ,
Y = d 1 f1 + d 2 f2 ,
pois hCe1 , e1 i = −he1 , Ce1 i = 0. Decorre daı́ que a expressão (3) é igual
a h[A1 , A2 ]f1 , f2 i. Como {e1 , e2 } e {f1 , f2 } são bases positivas arbitrárias,
segue-se o resultado.
e, pelo Lema 6, esta última expressão só depende dos planos orientados
P e σ. Vamos denotá-la por Kp (P, σ) e chamá-la de curvatura biseccional
da imersão x em p segundo os planos P e σ. No caso em que n = 2 e
q = 2, Kp (P, σ) se reduz a curvatura normal KN de x : M 2 → Q4 dada por
dω34 = −KN ω1 ∧ ω2 .
Cap. 2 Imersões em um espaço de curvatura constante 113
1 ≤ i, j, k ≤ n; n + 1 ≤ α, β, γ ≤ n + r; n + r + 1 ≤ µ, λ, ν ≤ n + q;
1 ≤ A, B, C ≤ n + q.
P
Como dx = ωi ei , teremos
X
d2 x = ωi dei + parte tangente
i
X X X
= ωi ωij ej + ωi ωiα eα + ωi ωiµ eµ + parte tang.
ij iα iµ
X X
= ωi ωiα eα + parte tang. = II α eα + parte tang.
iα α
P
Decorre daı́ o fato já conhecido que a componente normal de d2 x é II α eα .
α
114 Posto e número tipo de uma imersão Seção 2.3
Analogamente,
X X X
d3 x = II α deα + dII α eα + Ai dei + parte tangente,
α α i
P
Por analogia com a segunda forma quadrática II α = ωi ωiα , que é a
i
projeção de d2 x sobre N (M ), chamaremos de terceira forma fundamental
de x na direção eµ à forma cúbica
X
III µ = ωi ωiα ωαµ .
αi
µ
onde ∂II µ
∂ωi , por exemplo, é definido considerando III como um polinômio
do terceiro grau nas variáveis ω1 , . . . , ωn .
P
Demonstração: Como III µ = ωi ωiα ωαµ , teremos
iα
X ∂ωjα X
ωj = hα
ij ωj = ωiα (6)
j
∂ωi j
P
Portanto, fazendo ωαµ = Aµαk ωk , teremos
k
X©X µ ª
0= hα
ij Aαk ωj ∧ ωk ,
α jk
donde X X
µ µ
hα
ij Aαk = hα
ik Aαj ,
α α
isto é,
X ∂ωjα X ∂ωαµ
ωαµ = ωjα , (7)
α
∂ωi α
∂ωi
o que mostra
P que as duas últimas parcelas de (5) são iguais. Notando que
II α = ωj ωjα , obteremos (4), como querı́amos.
j
f ∗ ωA
0
= ωA , f ∗ ωAB
0
= ωAB . (1)
para todo i, j = 1, . . . , n. Então existe uma matriz ortogonal (hβα ) tal que
X
0
yiβ = hβα yiα , β = 1. . . . , r.
α
Como as formas y1β , y2γ , y3δ são linearmente independentes, conclui-se que
0
y1α depende apenas de y1β , isto é,
X
0
y1α = kαβ y1β .
β
Analogamente,
X X
0 0
y2α = `αβ y2β , y3α = mαβ y3β .
α α
Cap. 2 Imersões em um espaço de curvatura constante 119
teremos, para i = 1, 2, 3
X XX X ¡X ¢
0 0
yiα ∧ yjα = kβα yiα ∧ yjβ = yiα ∧ kβα yjβ ,
α β α α β
ou seja X© X
¡ 0
¢ª
yiα ∧ yjα − kβα yjβ = 0.
α β
isto é,
X
ωiβ ∧ (f ∗ ωβα
0
− ωβα ) = 0.
β
f ∗ ωβα
0
− ωβα = comb. lin. ω1γ
f ∗ ωβα
0
− ωβα = comb. lin. ω2γ ,
donde f ∗ ωβα0
= ωβα . Portanto, dado um referencial adaptado do {eA } em
x(U ), existe um referencial adaptado {e0A } em x0 (U ) tal que (1) se verifica.
Pelo teorema de unicidade local da Seção 1.10, existe um movimento
rı́gido ρU de Qn+r que leva x(U ) em x0 (U ). Como o primeiro espaço normal
tem dimensão constante r, a imersão é substancial em cada aberto U ⊂
M . Decorre daı́ que ρU é único, e que, portanto, existe ρ = ρU tal que
ρ ◦ x = x0 .
donde X
d2 x 0 = d 2 x − hd2 x, (eλ )p i(eλ )p .
λ
Assim
Como
Conclui-se do que foi visto que x(M n ) ⊂ Rn+q−1 e que a nova imersão
0
x : M n → Rn+q−1 tem curvatura total 2cn+q−2 . Por indução em q, obtém-
se que x(M n ) ⊂ Rn+1 e que a curvatura total da nova imersão é 2cn .
Cap. 2 Imersões em um espaço de curvatura constante 125
Teorema 3 (do Carmo, Lima [dCLi 1]). Seja x : M n → Rn+q uma imersão
de uma variedade compacta e conexa M . Suponhamos que as segundas
formas quadráticas sejam semi-definidas (isto é, seus valores próprios não
nulos têm o mesmo sinal) e que, para algum (p, ν0 ) ∈ N0 (M ), se tenha que
IIpν é positiva definida. Então, existe uma subvariedade linear R n+1 ⊂ Rn+q
tal que x : M n → Rn+1 , x é um mergulho e x(M ) ⊂ Rn+1 é a fronteira de
um corpo convexo.
[Po] Pogorelov, A.V. On the rigidity of convex surfaces with curvature 2π,
Doklady Akademie Nauk 106 (1956), 19-20 (em russo).
Referências adicionais
[Al] Alexander, S. Locally convex hypersurfaces of negatively curved spaces,
Proc. A.M.S., 64 (1977), 321-325.
[Cu] Currier, R., On hypersurfaces of hyperbolic spaces infinitesimally
supported by horospheres, Trans. of the A.M.S., 313 (1989), 419-
431.
[Da 1] Dajczer, M., et al. Submanifolds and Isometric Immersions, Publish
or Perish, Inc. Houston, Texas, (1990), 172 pp.
[Da 2] Dajczer, M., Reduction of the codimension of regular isometric im-
mersions, Math. Z. 179 (1982), 263-286.
[ET] Eschenburg, J. and Tribuzy, R., Existence and uniqueness of maps
into affine homogeneous spaces, Rend. Sem. Mat. Univ. Padova,
vol. 89 (1993), 11-18.
[Te] Tenenblat, K., On isometric immersions of riemannian manifolds,
Bol. Soc. Bras. Mat. 2 (1971), 23-35.