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Tradução do espanhol

,."
Maria do Carmo

Revisto pelo autor


Dutra de Oliveira

AVALIAÇAO ~

ECONOMICA
DE PROJETOS
UMA APRESENTAÇÃO DIDÁTICA

Cristovam Buarque
Com a colaboração de
Hugo Javier Ochoa

25ª Tiragem

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ELSEVIER CAMPUS
--------I-I~Capítulo I JZ---
Introdução
ao Estudo
de Projetos

~.(
•. 1. o PROCESSO PRODUTNO E O SISTEMA ECONOMICO
Como todos os animais, o homem vive num processo de permanente troca com a
natureza, da qual retira o necessário para a sua sobrevivência. No caso dos homens essa
troca consiste na utilização do trabalho (uso da vida) para transformar os recursos que
existem na natureza em bens úteis à satisfação das necessidades humanas (reprodução da
vida). Para isso é necessário realizar um processo de produção (obtenção) dos bens e servi-
ços a partir dos recursos, tais como se encontram na natureza. O processo de produção ca-
racteriza-se assim por uma relação entre os homens e a natureza, de modo a que esta seja
transformada e assuma a forma de bens e serviços à disposição dos homens.
Os elementos citados acima para caracterizar o processo de produção são:
- os homens (que se relacionam com a natureza pelo trabalho);
a natureza;
- os bens e serviços; e
- os homens (que têm bens e serviços para seu consumo).
A estes primeiros homens (os que se relacionam com a natureza) chama-se: RECUR-
sos HUMANOS - T; à natureza, chama-se: RECURSOS NATURAIS - RN; ao total de
bens e serviços, chama-se: OFERTA DE BENS E SERVIÇOS - BS; aos homens que têm
esses bens à sua disposição chama-se: CONSUMIDORES; ao relacionamento dos homens
de uma determinada sociedade com a natureza que os rodeia, com fins produtivos, chama-
se: ATIVIDADE ECONÔMICA.
Uma característica dessas atividades econômicas tem sido a procura de obter formas
de eficiência na troca dos homens com a natureza, objetivando reduzir a quantidade de
trabalho necessário, ao mesmo tempo que se consegue expandir a produção de bens e
serviços.
As diferenças entre os sistemas econômicos começam a surgir quando são observa-
das as formas como os recursos se combinam e como os produtos se distribuem.
Por exemplo: a forma pela qual um nativo da Amazônia (T) se relaciona com a na-
tureza (RN) para "produzir um peixe" não é igual à forma com que um operário moder-

17
Figura I.l
Figura 1.2
Funcionamento do sistema econômico'

FATORES
HOMENS
TRABALHO

I
Y S K T RN
E
T
O P
DISTRIBUiÇÃO R
11
E K T RN
NATUREZA S

111 K P
T RN

BENS E PRODUÇÃO
SERViÇOS - C
MERCADO DE BENS DE
BENS E BC CONSUMO
SERViÇOS
DE CONSUMO

no opera uma fresadora programada para produzir uma engrenagem que servirá ao contro-
le automático de um avião a jato.
O primeiro produz quase com as próprias mãos, e diretamente a partir da natureza, S
o bem que necessita para si, sua família ou sua tribo. O segundo trabalha com equipamen-
- - -
tos refinados, reelaborando um material que já foi manufaturado por outros operários, há
muitos anos e a milhares de quilômetros de distância, e prepara uma pequena parte de um
bem intermediário que ele não utilizará, e que talvez nem mesmo saiba para que serve.
Dessa maneira, diferenciam-se tanto a estrutura de combinação dos recursos como a es-
MERCADO DE BENS
E SERViÇOS DE
CAPITAL
) BP
BENS DE
CAPITAL
OU DE
trutura de uso e de consumo. Nos sistemas econômicos atuais, uma parte das pessoas tra- MERCADO PRODUÇÃO
balha na produção de bens de consumo e outra na produção de bens que serão utilizados FINANCEIRO -
na produção de outros bens, cujo valor equivale ao capital (K).I
Uma outra característica dos sistemas atuais é que os trabalhadores não recebem di-
retamenteos bens de que necessitam para sua sobrevivência. Recebem quantidades de di- - Os bens secundários, provenientes do setor industrial - setor 11.
nheiro com as quais têm que comprar os bens de que necessitam nos centros <t~
encontro - Os serviços, ou bens invisíveis - setor Ill.
entre vendedores e compradores: o mercado de bens e serviços.
O aparelho produtivo produz dois fluxos: o fluxo monetário ou nominal Y e o flu-
A Figura 1-2 indica o funcionamento básico do sistema econômico, combinando os xo de produtos ou real, P. ' ,
três fatores produtivos (K, Te RN), e indicando os fluxos nominal e real de bens de con-
sumo e de bens de capital. Por sua vez, conforme a origem, os produtos podem ser classifi- .0 p~imeiro fluxo é composto da soma de todas as remunerações recebidas pelos
propnetanos dos fatores de produção (Y) (rendas pagas dentro do processo produtivo) e
cados, em um dos três setores:
o segundo consta de todos os bens e serviços produzidos (P).
Os bens de obtenção primária, ou seja, aqueles. produzidos na agrícultura ou ex- Tanto o fluxo nominal como o fluxo real se compõem de duas partes. O fluxo real é
tração mineral - setor I. composto por dois tipos de produtos: alguns são consumidos pelos indivíduos; outros ser-

A economia capitalista moderna, além dos bens de consumo e de produção, gera uma grande 2
quantidade de bens (como armas) que não servem ao consumo nem à produção. Prefere-se po- Esqu~ma d~lgado através do conhecido livro Introdução à economia - Uma abordagem estru-
rém evitar aqui estas distinções. tumlista. RIO de Janeiro, Forense Universitária, dos Professores Antonio Castro e Carlos Lessa.

18
19
vem para a produção de novos bens. A produção total (P) deve ser igual à produção de ção dessas prioridades, critérios e instrumentos é orientada por um aspecto da ciência eco-
bens e serviços de consumo (PBd mais a produção de bens e serviços de produção ou de nômica denominada planejamento.
capital (PBP)' O planejamento é a técnica que determina a melhor maneira de combinar os recur-
Por outro lado, o total de recursos pagos pela economia (Y), deve ser igual à soma sos nacionais disponíveis, de maneira que os objetivos nacionais sejam atingidos.
da parte gasta no consumo (C) mais a parte não consurnida ou poupada (S). Em perío~os Para isso, o planejamento determina uma estratégia global e programas setoriais
normais, a parte dos recursos poupados (S) é dirigida integralmente para o setor produ~IvO combinados em um Plano de Desenvolvimento Nacional. Definida uma estratégia, o plane-
em forma de investimento (l). Graças a este investimento, a produção (P) será ampliada jamento quantifica as variáveis econômicas (disponibilidade de recursos e necessidades da
de uma deterrninada quantidade (AP). população) e determina suas combinações (produções, níveis de investimento etc.).
Esse incremento na produção vai servir para aumentar a quantidade de bens e servi- Entretanto" observa-se facilmente que na realidade a combinação dos fatores não é
ços à disposição da coletividade, tanto aqueles destinados ao con~umo como aqueles dest~- realizada ao nível global da economia, mas por unidades contidas dentro desses setores,
nados a continuar o processo, alimentando novamente a produçao. A esse processo contí- denominadas UNIDADES DE PRODUÇÃO e que definem o marco rnicroeconômico.
nuo de aumento da produção denomina-se crescimento econômico.
3. AS UNIDADES DE PRODUÇÃO
2. O CRESCIMENTO ECONÔMICO E O PLANEJAMENTO
OS setores de produção são conceitos abstratos de que a ciência econômica se utiliza
É possível definir políticas para acelerar o crescimento econômico e melhor distri- para realizar os seus estudos.
buir seus benefícios entre os membros da sociedade. Uma laranja comprada no mercado não é um produto do setor primário em geral, e
Essas políticas, também chamadas planos de desenvolvimento, constam fundamen- sim um produto de uma específica fazenda ou empresa agrícola. Um sapato, não é um
talmente, de duas partes: metas (ou objetivos) e meios. produto do setor secundário, é produzido pela fábrica de calçados X situada na rua Y. Um
doente não pode ser atendido pelo setor terciário, mas sim por um determinado médico
2.1 Metas do Crescimento com consultório em uma determinada avenida.
Se o objetivo da economia é melhorar o nível de vida dos ha~itantes de uI? país, e Tanto a empresa agrícola, como a fábrica, como o consultório são unidades de pro-
se este nível é medido, basicamente, pela quantidade de bens e serviços de que dispõe ca- dução, uma do setor I, outra do setor 11,outra do setor IH.
da um deles, a medição do crescimento deve ser feita através da quantificação do aumento
dos bens recebidos por cada um dos habitantes, em dois períodos diferentes. 3.1 O Papel da Unidade de Produção
Se uma produção P é distribuída a uma população N, do ponto de vist~ do cre~ci- Considere-se o exemplo de uma fábrica de sapatos.
mento o que importa é saber, em cada instante, quanto é P/N, produto per capita, eqUlv~- A unidade de produção (a fábrica) tem por função combinar fisicamente os fatores,
lente a Y/N, renda per capita; ou seja, quanto cresceram os valores Y, P e N, entre dOIS com o objetivo de produzir os sapatos. Portanto, a unidade deve ter edifícios (a fábrica,
momentos ti e t2 • os escritórios), depósitos para água, instalações elétricas, equipamentos que tratem o cou-
ro, que cortem, que costurem, que transportem, etc.
Quadro 1.1
Além dessas instalações e equipamentos, a fábrica deve ir ao mercado e comprar:
= taxa couro, energia elétrica, água, produtos químicos, etc.
g = taxade crescimento r = taxade crescimento p de crescimento
Para fazer funcionar os equipamentos e produzir os sapatos, a fábrica deve contar
do produto da renda demogrãfico
Y2 Y, N2 -N1 também com o trabalho dos operários.
P2 -P, -

--- ---
P, Y, N1 Quadro 1.2
'"
o Papel da Unidade de Produção
Pode-se dizer que ocorre crescimento econômico desde que g seja maior do que p. O
crescimento identificar-se-á com o desenvolvimento quando essa evolução do produto ma- TRANSFORMA
COMPRA VENDE
nifestar-se em relação a todos os aspectos da vida da sociedade, inclusive nos aspectos cul- E PRODUZ
turais e na qualidade de vida, e quando isto ocorrer de forma homogênea e ge~~rali~ada
Matérias-primas e Utilizando os equipamentos o produto
para todos os habitantes da nação, em vez de atingir somente uma mmona privilegiada.
todos os componentes e instalações (capital) e o
Dentro dessa definição geral, aviabilidade do desenvolvimento depende, em cada momen- (insumos) trabalho (mão-de-obra)
to histórico, de características próprias de cada sociedade, com suas aspirações esp~cíficas
de desenvolvimento e com as suas disponibilidades próprias de recursos para realízar um
esforço deliberado e consciente para atingir um objetivo nacional. ., . Note-se que a fábrica de sapatos praticamente não utiliza recursos vindos diretamen-
Uma série de medidas e de disposições devem ser adotadas para defimr pnondades, te da natureza. A matéria-prima é o couro que vem de outra fábrica (curtume), a energia
critérios e instrumentos a fim de obter um rápido desenvolvimento econômico. A defini- elétrica vem da central hidrelétrica (unidade de produção geradora de energia), etc. Por

20 21
Figura 1.3
Funcionamento da unidade de produção Figura IA
Relações entre as unidades de produção

Procura
total de Oferta total
RN

T
- Fazenda
bens e
serviços
fora da
de bens e
serviços
fora da K
- RN + T+ K
Leite (bem final)

unidade unidade

Compra Receita
insumos Gado (bem intermediário)
UNIDADE
Venda
~
Energia
Custos produtos
Água Carne (bem final)
Matadouro
81+T+ K -
Procura
originada //
7--" \ Oferta
eriqinada
na unidade
T

K , Couro bruto (bem intermediário)


na unidade
-,
\
MERCADOS

Energia
,
f
\
Produtos
- Curtume
'- - Químicos RN + 81+ T+ K
-
isso são chamados bens intermediários, uma vez que não são recursos (brutos) naturais, K f
nem servem ainda para o uso final, seja como bem de consumo, seja como bem de capital.
Mas se se observa a origem .dos bens intermediários, pode-se perceber que em última
instância provêm também dos recursos naturais, O couro, por exemplo, é o produto de al- Energia
,
gum curtume, e este, para fabricar o couro, comprou-o em algum matadouro que, por sua
~
Cola Fábrica de sapatos Sapatos (bem final)
vez, adquiriu o gado de alguma fazenda. A fazenda, para "produzir" o gado, utilizou água,
terras etc, ou seja, recursos naturais, conforme a Figura 1.4. T
81+T+ K -
Dessa forma, enquanto no sistema global interessa os fatores de produção: K, RN e
T, na unidade de produção interessa:
o capital (equipamento e outros);
K f
- os insumos (matéria-prima, matérias secundárias etc.);
- a mão-de-obra (trabalho).
A unidade de produção é portanto o local onde, mediante a presença de certos equi- muítí . I
pamentos, combinam-se os diversos insumos e o trabalho, a fim de produzir determinados nece~~:r~~~~a, etc. e que esse coordenador, como responsável, tenha acesso aos recursos
produtos e assim aumentar a oferta global de bens e serviços no mercado.
não' No caso mais comum dos empresários privados, o objetivo primordial do mesmo
em e a~~entar a of:rt~ de b~ns ou serviços, mas aumentar seu estoque de capital. Para o
3.2 A Organização da Unidade de Produção prepsano, a produçao e o meio, não o fim. Meio para obter receitas e portanto lucro
ara o bter este a t d . I " .
O objetivo social da unidade de produção é aumentar a oferta de bens e serviços. Pa- cio ". .umen o e. capíta , o empresário tem que utilizar o seguinte artifí-
ra que isso ocorra são necessárias certas condições. A principal delas é que exista um coor- a econômico: a receita que obtem com a venda de seus produtos deve ser superior aos
denador: empresário privado, dirigente de estatal, presidente de cooperativa, executivo de âestos deco.rrentes da compra de insumos, do pagamento de salários, do custo do desgaste
seus equipamentos durante a produção etc.

22
23
o projeto como instrumento de análise e observação das conseqüências do uso de
Figura 1.5
Atividade do empresário determinados recursos, em relação aos objetivos macroeconômicos do plano de
desenvolvimento.
Até pouco tempo considerava-se o projeto e o planejamento como se cada um tives-

- Compra Vende a Aumenta se os seus enfoques próprios e independentes, às vezes até contraditórios. Isso porque em-
Tem um Estabelece 1--- seu capital
uma unidade f- insumos e f-- produção bora procure a maximização na utilização dos recursos, o empresário (responsável por
certo
de produção coordena a
capital grande parte dos projetos) tem um enfoque microeconômico, enquanto que o estado (res-
disponível produção
ponsável pelo plano) tem um enfoque macroeconôrnico (social e econômico).
Por exemplo, enquanto a criação de emprego é um objetivo corrente e comum nos
planos de desenvolvimento, nos projetos procura-se maximizar de forma privada o uso dos
1 recursos, o que em geral é obtido por uma redução no emprego de mão-de-obra.
f
A divergência entre os enfoques é uma conseqüência da diferença entre o valor e o
custo que são atribuídos aos bens e aos recursos seja pelos indivíduos isoladamente, seja
pela sociedade em seu conjunto.
Quadro 1.3
Relacionar os projetos e o planejamento, de maneira a que estes possam maximizar
Lucro sua participação nos objetivos do plano, requer o conhecimento de certas relações entre
Vendas Custos
os projetos e os planos, tanto no que se refere às relações institucionais como na redefini-
L ção dos valores e dos preços, dos bens e dos recursos, enfocados de um ponto de vista social.
Cabe ao organismo central de planejamento a tarefa de definir os critérios de avalia-
Resultado líquido para
a, Quantid~de produzida Cj Custo do insumo
necessário à
i
o empresário ção e todos os parâmetros que permitam a melhor combinação possível dos projetos com
do bem I (lucro privado) os objetivos do plano. Para que essa definição seja eficiente, é necessário que o organismo
Pi Preço do bem i produção
de planejamento receba informações dos organismos executores e realize uma análise per-
manente dos resultados da aplicação de seus critérios na seleção das alternativas de investi-
o empresário deve manejar uma imensa quantidade de variáveis, com o objetivo de mento (projetos).
ultado da venda de Q produtos ao preço P seja superior a todos os cust?S ~ q. A
d~:er~;;: é o lucro líquido L, que é a variável mais importante do ponto de VIsta do seu
S. A PREPARAÇÃO DO PROJETO E SUAS ETAPAS3
objetivo fundamental. .'á .
Até pouco tempo, e ainda hoje em alguns setores ,mals atrasados, es~a,~van ~els S.l A Preparação
eram manejadas pela íntuiçãodos empresários que poSS~l!ll~ um certo dom. o sentido
Em um de seus trabalhos (Generalidades sobre projetos) o engenheiro Fernando
dos negócios". Os que não tinham esse sentido eram ~reJ.udlcados. ~ela presença,~os I?e-
Caldas define: "O projeto é um conjunto ordenado de antecedentes, pesquisas, suposições
lhores dotados. Gradualmente, o conhecimento economlCO permitiu .que este sentid?
e conclusões, que permitem avaliar a conveniência (ou não) de destinar fatores e recursos
dos negócios" fosse substituído por decisões lógicas, ba~adas em pes~Ul~~ e estudo~ rea:- para o estabelecimento de uma unidade de produção determinada."
zados para determinar como e onde investir uma quantidade de capital. sao os estu os e
A realização do projeto, desde a idéia inicial até o seu funcionamento como uma
projetos. unidade de produção, é um processo contínuo no tempo, através de sucessivas fases, nas
quais se combinam considerações de caráter técnico, econômico e financeiro estudadas
4 O PLANEJAMENTO E O PROJETO através de diferentes etapas.
. As unidades produtivas são as responsáveis diretas pela execução dos objetivos defi- O projeto começa com a idéia de investir uma certa quantidade de capital na produ-
ção de um certo bem ou serviço. Essa idéia tem que ser desenvolvida por um estudo que
nidos no planejamento. - d r
Se or exemplo, o objetivo do plano é aumentar a produçao de roupas, ou e 1- inclui as várias etapas, inclusive etapa final onde se estudam as operações da execução do
P projeto.
vros ou 'd e carne, o,u de milho ou de eletricidade ' ou o fluxo de transporte
.. _ por terra,
. se-
rão fábricas, ou fazendas, ou centrais elétricas, ou estradas que permitirão cumpnr esses Basicamente, o processo de elaboração e execução do projeto, ao longo do tempo,
deve seguir cinco fases distintas: a identificação da idéia, o estudo de previabilidade, o es-
objetivos.' d -
Portanto, os projetos de fábricas, de fazendas, de estradas etc. c~rr~spon em a ma
nifestações microeconômicas do que o plano propõe a n~vel m~cro~conomlco.
3
Essa relação do projeto com o plano ocorre em dois sentidos. . Na preparação desta seção utilizou -se o material didático e as aulas dos engenheiros Femando
o projeto como instrumento de planejamento microeco~ômico, de m~~lfa a de- Caldas e Lauro de Paiva, realizadas quando foram diretores de cursos de projetos promovidos
pela Divisão de Treinamento do BID.
finir a otimização dos recursos necessários a uma determmada produçao,

25
24
tudo de viabilidade, o detalhamento da engenharia, a execução. As três primeiras dessas Com esses dados provisórios, a engenharia pode iniciar seus estudos que permi-
fases são as que interessam no quadro de um estudo .de projeto. . tem o conhecimento do nível dos custos, a localização e o tamanho.
Durante a fase de identificação, os projetistas devem caractenzar, em forma Determinam-se assim, de forma ainda preliminar, os custos e receitas, a estrutura
preliminar, a concepção da idéia, dando base par~ indicar se a I?e~.majustifica ser estuda- do financiamento e a rentabilidade da empresa.
da ou não. Caso haja uma recomendação no sentido de que a ídéia deve ser estudada, os Conhecida a rentabilidade provisória, suspende-se o estudo se ela não satisfaz, ou
projetistas aprofundam a mesma, realizando um estudo de prevíabíüdade, durant~ o. 9-ual realiza-se outra volta da espiral, até chegar a um grau de profundidade suficiente e a uma
é elaborado um projeto preliminar, com base em dados não necessanamente definitivos forma de apresentação compreensível.
Ou completos. Só em caso de que essa previabilidade justifique .in~e.stir no estudo defini- Pode-se verificar que:
tivo é que os projetistas partem para a elaboração do estudo de Viabilidade.
a) Os diversos temas são estudados sucessivamente em diferentes graus de profundi-
Para cada uma dessas fases, conforme pode ser observado na Figura 1.6, o estudo de-
dade.
ve realizar cada uma das etapas que compõem um projeto. Embora a estrutura e a apre-
b) As informações obtidas no estudo de uma etapa, transmitem-se à outra etapa, na
sentação definitivas dependam do grupo de elaboradores, o projeto, e cada fase, deve con-
seqüência da trajetória da espiral.
ter, pelo menos, as seguintes etapas básicas: um estudo de ~ercado, um ~studo de t~a-
c) Cada arco percorrido corresponde a um grau mais elevado de profundidade no
nho e localização, a engenharia, uma análise de custos e receitas, uma avaliação do mento
estudo.
do projeto, também chamada de análise de rentabilidade. d) Após cada volta completa da espiral, as etapas voltam a alimentar-se das informa-
ções obtidas das outras.
Figura 1.6 e) Para fazer outra volta na espiral, tem-se que realizar um custo adicional na prepa-
ração (ou avaliação), ao mesmo tempo em que se obtém um aumento do grau de
confiança do projeto.
Na preparação de um projeto, é necessário decidir a cada momento se é conveniente
gastar mais tempo, esforço e dinheiro em reunir antecedentes mais completos e realizar es-
tudos mais refinados. Para isto é necessário confrontar o custo adicional com o objetivo
real de um estudo mais aprofundado: reduzir as incertezas do empreendimento.
No estudo de projetos, a certeza é uma situação que nunca é alcançada. A partir de
um certo ponto, aprofundar qualquer estudo exige um custo muito elevado. Na Figura
I.7 verifica-se que com um custo adicional de US$ 20.000 pode-se elevar consideravel-
mente o grau de certeza LlCI, enquanto que para elevar ainda mais a certeza, somente em
LlC2, os custos serão também de US$ 20.000.

Figura 1.7

Linha de Certeza (lnalcançável)

100%T---------------------------=====::~~==~~ "

; LlC2

Fases

Estudo de Estudo de , , - - - -, - -, '7."C-.- --;


Identificaçiio
da idéia pré-vlabilidade viabilidade

De acordo com essa figura, a "seqüência" a seguir deve ser aproximadamente a se-
guinte:
Começa-se por caracterizar preliminarmente o produto numa macrolocalização o 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
provisória; inicia-se assim um estudo de mercado superficial, a partir do qual se Custo do estudo
podem determinar dados gerais da procura potencial. (milhares de US$)

27
26
Não há nenhum critério que permita saber exatamente até onde deve chegar a pro- a) Os Investimentos
fundidade do estudo.
Em geral, o básico a considerar é que o custo do estudo de projeto d~ve representar O objetivo da etapa de investimentos é determinar as necessidades de recursos finan-
sempre uma parte pequena do total dos investimentos. Para compensar os nscos sem gran- ceiros para executar o projeto, põ-lo em marcha e garantir o seu funcionamento inicial.
dê custo, em vez de aprofundar o estudo com grande custo adicional, é melhor considerar A determinação dos investimentos representa a valorização dos elementos calcula-
para cada variável valores conservadores desfavoráveis à rentabili~ade do projeto. . dos em outras partes do estudo.
Durante a preparação do projeto, as diversas etapas relacionam-se de uma maneira Os investimentos necessários para a instalação e o funcionamento do projeto divi-
dinâmica que permite com que uma influa sobre as outras. A identificação do produto le- dem-se em: investimentos fixos e investimentos circulantes.
va ao estudo de mercado e este pode influir na etapa anterior, pela sugestão de novos produ- Os investimentos fixos dependem do nível de produção projetado, e são calculados
tos: o estudo de mercado deve levar ao tamanho e este último define a engenharia (processo simplesmente a partir dos dados definidos pela engenharia.
de 'produção e equipamentos). Mas a engenharia pode produzir modificações nas etapas Os investimentos circulantes dependem do nível efetivo de produção da empresa, e
anteriores. Pode originar subprodutos e pedir complementações ao estudo de mercado e seu cálculo exige o conhecimento dos recursos financeiros necessários para pôr em funcio-
pode influir na definição do tamanho, da localização etc. .. . . namento a unidade de produção, garantir este funcionamento sem risco de escassez de in-
Portanto, a realização do estudo de projeto deve ser uma tarefa interdisciplinar e ~e sumos, nem de liquidez (dinheiro), necessários para todas as suas atividades.
equipe. Na realidade, não é possível afirmar, de f~rma d.::finitiva, que ~a et~pa do proje-
to deve vir antes das outras. As etapas de um projeto nao se podem realizar isoladamente b) As Receitas
e ser justapostas por um coordenador. O estudo de projetos é um trabalho de aproxima-
Se a rentabilidade do projeto é o que determina a sua viabilidade, o cálculo das re-
ções sucessivas até à redação final. As etapas não se sucedem independentemente ou com
ceitas e dos custos é o ponto culminante do estudo do projeto, pois a rentabilidade é uma
uma dependência linear. função direta dessas duas partes:
A diversidade de temas e de tipos de conhecimentos necessários à realização do es-
tudo de projeto exige uma perfeita integração entre os membros do grup~ ~e trabalho qu~ R-C
r=--
prepara esse estudo. Sem uma comunicação perfeita entre todos os participantes da equi- I
pe de trabalho não é possível obter um projeto coerente. . . ,
O técnico projetista deve sentir-se parte de uma unidade maior, que e o grupo de O cálculo das receitas depende diretamente do programa de produção, isto é, da
preparação ou de avaliação do projeto, onde as pessoas dividem-se por especialidades, mas previsão de quanto será produzido e vendido pela unidade de produção, assim como dos
integradas num conjunto homogêneo e coerente. . ... preços que terão os produtos no mercado.
Uma só pessoa não pode preparar ou avaliar bem um projeto. Mas um grupo dividi-
do, sem a devida comunicação entre os especialistas, sem uma visão de conjunto, tampou- R =Eq, -r,
co pode fazer um bom projeto.
Deve-se evitar duas coisas no grupo projetista: que alguns tenham a seu cargo dema- Para determinar as quantidades e os preços dos produtos, o cálculo da receita utiliza
siados aspectos do estudo, e que cada um fique isolado na ~ua especialid:de. A exp~ri~n- os dados do estudo de mercado.
cia mostra que a melhor forma de realizar um estudo de projeto, prepar~ç~o ou avahaçao,
é ter um grupo de especialistas, em que cada um trabalhe em sua especíalídade e ao mes- c) Os Custos Operacionais
mo tempo cada um tenha conhecimento do trabalho dos outros.
O cálculo dos custos operacionais é uma das mais importantes e detalhadas etapas
do projeto. A estrutura destes depende de todas as outras etapas e ao mesmo tempo tem
influência sobre muitas dessas partes. Por exemplo: o cálculo de custos depende da estru-
tura de financiamento dos investimentos, e esta depende do capital de trabalho que, por
5.2 As Etapas Sua vez, depende também do total dos custos.
5.2.1 Os investimentos, as receitas e os custos operacionais Os custos estão divididos basicamente em custos fixos e custos variáveis. Os custos
fixos são aqueles que não dependem, em cada momento, do nível de produção da unida-
O projeto é como uma caixa mágica, onde através de um fluxo físico, alguns insu-
de. Por exemplo: os custos financeiros do investimento, o custo da mão-de-obra constan-
mos são transformados em produtos novos. Esses fluxos físicos têm necessariamente uma
te etc. Os custos variáveis são os que dependem diretamente do nível de produção que a
contrapartida financeira, onde aos insumos comprados e às máquinas usadas correspon-
unidade produz num período dado, por exemplo, os custos das matérias-primas.
dem saídas de dinheiro, e aos produtos que são produzidos correspondem entradas de di-
Além dessas duas classificações dos custos, é importante conhecer os custos unitá-
nheiro. Às saídas chamam-se custos e às entradas chamam-se receitas. Há dois tipos de
fios (isto é, os custos para produzir uma unidade do produto) e o custo marginal (isto é, o
custos: aqueles que são realizados' antes que a empresa comece a funcionar são os investi-
custo para produzir uma unidade adicional do produto) em diferentes níveis de produção.
mentos; e aqueles que se repetem, a cada período de tempo considerado - um ano por
O cálculo das receitas e dos custos é uma tarefa que, a maioria das vezes, se ajusta, se
exemplo - são os custos operacionais.
revê, se corrige. Dessa maneira, para evitar desperdício de tempo, é conveniente que o es-

28
29
Figura 1.8 ra bastante inferior o estudo de mercado será o responsável por uma redução do
lucro possível caso fosse utilizada uma maior escala de produção. .
r CAPITAL DE TRABALHO
I
5.2.3 A engenharia
I
Os objetivos da engenharia são basicamente dois:
- determinar ,o proc~sso de produção, os equipamentos e as instalações e, assim,
r CUSTO I I INVESTIMENTOS TOTAIS
1 - tomar possfvel o calculo dos custos de investimento e de operação.
Estas funções proporcionam ainda informações para outras etapas, como por exem-
plo:

reorientar o estudo de mercado (indicando outros tipos de artigos que se podem


r ESTRUTURA DE FINANCIAMENTO produzir com as mesmas instalações);
I orientar as decisões sobre tamanho e localização da unidade de produção;
orientar o esquema de financiamento (com a informação do tempo necessário
para a execução e o funcionamento das instalações);
tudo das receitas e dos custos seja realizado numa etapa posterior e avançada do estudo definir o tipo de mão-de-obra requerida e os serviços auxiliares necessários
do projeto. (~ão-de-obra especializada, problemas de know-how, assistência técnica etc.);
As receitas e os custos são determinados dentro de um conjunto de hipóteses bem - onentar quanto a problemas legais (patentes, marcas, regalias).
definidas quanto ao tamanho da unidade, o programa de produção, os preços, os coefi-
cientes técnicos, os preços de matérias-primas etc. .~ Dentro da idéia de elaboração do projeto através de um processo em espiral a enge-
nharia é elaborada ao mesmo tempo que outras etapas, conforme o fluxo da Figura 1.9.
5.2.2 O estudo de mercado
Figura 1.9
A finalidade básica do estudo de mercado é estimar em que quantidade, a que preço Participação da Engenharia no Cicto de Decisões de um Projeto
e quem comprará o produto a ser produzido pela unidade de produção em estudo.
Das respostas a estas perguntas dependem todas as etapas seguintes: as formas de co-
mercialização, o tamanho, a localização, a engenharia, o programa de produção, as recei-
tas etc.
Para se obter as respostas devem ser considerados os seguintes aspectos:
a) Quem comprará o produto:
Isto é: a área geográfica onde se situam os compradores, a situação econômica, a
faixa etária, o sexo etc. dos consumidores.
b) Por qual preço:
O estudo de mercado deve determinar por qual preço o produto pode ser vendi-
do de acordo com a concorrência e com as quantidades passíveis de serem pro-
,
duzidas.
"
c) Quanto comprará:
A resposta a esta pergunta exige o conhecimento da procura do produto por par-
te dos consumidores e da oferta da concorrência que produz bens similares ou
substitutos.
d) A importância do estudo do mercado:
Além de ser uma etapa determinante, o mercado tem uma importância particular
pela quase impossibilidade de ser corrigido, depois que o projeto for executado.
Dentro de certos limites, os erros em outras etapas, como por exemplo no dimen-
sionamento do Investimento ou na Engenharia, corrigem-se por um aumento do
capital ou mudança de equipamentos, respectivamente.
Mas o erro no mercado pode ser crítico para o funcionamento da empresa, se o
estudo projeta uma procura superior à realidade. No 9~so de projetar uma procu- (Desenho de H. J. Ochoa.1

30 31
Para que uma opção de engenharia seja aprovada é necess~ri? ~ue, os cá.lculos.indi- Pi = os preços de venda do bem i
quem que a receita é superior aos custos e que o lucro (R - C) dividido pelos ínvestímen- Qi = a quantidade gasta de matéria-prima i
P, = o preço de compra da matéria-prima i
tos (I) sejam o máximo. F = os juros do financiamento
Se = O salário da mão-de-obra qualificada
5.2.4 Tamanho e localização
Sne = o salário da mão-de-obra não-qualificada
Por tamanho entende-se a capacidade de produção que deve ter a unidade de pro-
Assim a função da rentabilidade pode ser:
dução.
Nos países subdesenvolvidos, a determinação do tamanho depende de duas f~n.ções,
quase sempre contraditórias: a capacidade mínima dos equipamentos e a potencialídade r=na, ·Pl,···,qn 'PmQI ·P1,.··,Qn ·Pn, I,F,Se,Sne,···)
do mercado.
Ao expressar r em função de todas as suas variáveis, pode-se determinar como de-
ve mudar a rentabilidade se variam as receitas e os custos. A essa variação chama-se sensi-
Figura 1.10 bilidade do projeto a tal ou qual variável.
O estudo da sensibilidade é muito importante principalmente no caso dos projetos
cuja taxa de rentabilidade não é grande. A sensibilidade informa aos responsáveis pelo
POTENCIALlDADE projeto qual é o comportamento da rentabilidade, se há por exemplo um aumento de 10%
CAPACIDADE
DO no preço da matéria-prima principal, ou uma redução de 5% no preço do produto. Dessa
MrNIMA DOS TAMANHO
MERCADO maneira, conhecida a sensibilidade do projeto com relação às variáveis principais, pode-se
EQUIPAMENTOS
conhecer os riscos que sofrem os investidores.
Ao comparar essa rentabilidade com outras alternativas, pode-se determinar se o pro-
jeto em estudo representa uma decisão acertada para o investimento. Entretanto, a renta-
bilidade apresenta uma grande limitação pelo fato de que o tempo (ou seja, a vida do pro-
o tamanho vincula-se especialmente com: jeto) e o custo desse tempo (ou seja, o custo do capital) não são tomados em conta. É pa-
ra corrigir essas limitações da rentabilidade, que se utilizam outros critérios de medição da
- o estudo de mercado;
bondade de um projeto, tais como o valor presente líquido e a taxa interna de retorno.
- a engenharia;
- os custos de produção. 5.3 A apresentação do projeto
Algumas indústrias apresentam a característica de ter. o tamanho com poss!bi~idades
Deste aspecto depende a própria compreensão do projeto.
de modulação, isto é, de crescer de acordo com as necessidades, graças ao acrescrmo ~e
O redator do projeto deve considerar que:
novos equipamentos; por exemplo: indústrias têxteis. Outras têm um t~~a~o que nao
pode ser aumentado depois da execução do projeto sem ~rofundas ~odlfIcaçoes nas suas a) O projeto estudado é dirigido a outras pessoas.
instalações, por exemplo: as indústrias químicas, as refinarias de petroleo. b) As outras pessoas não estão necessariamente identificadas com os antecedentes
do projeto.
c) Estas pessoas têm um certo poder de decisão, e vão decidir de acordo com a opi-
5.2.5 Análise da rentabilidade e sensibilidade do projeto nião que formem sobre o assunto apresentado no projeto.
A rentabilidade de um projeto está em função das receitas e custos (tanto investi- d) Em geral, as pessoas que vão ler o informe não têm maior interesse em conhecer
mentos quanto operacionais). . detalhes do processo de aproximações sucessivas realizado durante o estudo,
nem de saber os caminhos errados que foram abandonados.
r=f(R, C, I) e) Finalmente, não se deve esquecer que as pessoas às quais vão dirigidos os relató-
rios têm um tempo limitado e devem poder ler e compreender o relatório em
Entretanto, pode-se calcular em função de outras variáveis, das quais dependem R e pouco tempo.
C. Devem tomar-se algumas precauções na apresentação dos estudos de projetos e nos
relatórios de avaliação dos mesmos:
Ri=ftq, ·PI,q2 ·P2, ',qn 'Pn)
a) É necessário haver uma ordem lógica, com perfeita concatenação de todas as eta-
C=f(Q1 ·P1,Q2 .P2, ;Qn 'Pn,J,F,Se,Sne ... ) pas.
b) Devem evitar-se, na medida do possível, os conceitos muito especializados ou
onde
muito genéricos.
qi = a quantidade produzida do bem i

33
32
c) A redação deve ser clara, fluida e concisa, partindo-se sempre do mais simples ao
mais complexo. O setor público desenvolveu duas formas básicas de financiamento ao setor privado:
d) O trabalho deve estar completo, bem distribuído e organizado; por exemplo: é
- o financiamento indireto, através de isenção de impostos, e
conveniente deixar clara a metodologia utilizada, apresentar resumo e anexos.
- o financiamento direto, através do fornecimento de recursos com baixas taxas de
e) Deve-se deixar claro quais são as informações e os antecedentes já conhecidos an- juros.
teriormente, com as fontes bem especificadas.
Se o financiamento público resume-se às duas formas indicadas anteriormente os
Algumas regras práticas que facilitam uma boa apresentação do texto, são as seguin- métodos utilizados pelo sistema para fazer chegar os recursos até os empresários são os
tes: mais diversos. O método mais simples é o dos organismos financeiros (bancos ou financei-
ras) de fomento.
a) Não utilizar dados, informações, conceitos ou conclusões antes que estes tenham
O governo cria um banco de fomento do qual é o maior acionista. Esse banco tem
sido explicados.
por objetivo o financiamento de projetos com baixas taxas de juros e sob condições mais
Quando isso for indispensável, deverá mencionar-se em que parte do estudo o
brandas que o financiamento privado.
conceito será explicado.
b) Determinar sempre com clareza as fontes de informações e de dados (autor, tra-
balho, página, quadro, anexo etc.) e indicar se constituem o resultado do próprio Figura 1.11
estudo, ou se são provenientes de outras origens.
c) Indicar em cada etapa e capítulo as conclusões alcançadas, as premissas que fo- Ações
BANCO DE Financiamento
ram consideradas, os limites dessas conclusões e, se for o caso, os estudos adicio- GOVERNO
FOMENTO
SETOR J--
r4' PRIVADO
nais necessários.
d) Usar uma linguagem que mantendo a objetividade técnica, seja também um texto
agradável. Paga Paga
impostos empréstimos Produz

6. A AVALIAÇÃO DO PROJETO
O uso de projeto decorre de uma evolução na forma de administrar e empreen- Uma forma mais complexa de sistema de financiamento é a que, além de um banco
der. A avaliação, entretanto, surgiu em razão de outra evolução: o fortalecimento dos or- de fomento, mobiliza outras empresas e órgãos de planejamento que juntos financiam
ganismos de fmanciamento, principalmente os organismos de fomento ao desenvolvimento. projetos através de recursos originados de isenções de impostos.
Enquanto o empresário realizava suas iniciativas sem nenhuma análise científica, os No caso do Nordeste do Brasil, por exemplo, o sistema Sudene - BNB ~ Empresas
bancos que forneciam o financiamento contentavam-se apenas em ter uma idéia da inicia- Financiadas e Empresas Isentas funciona conforme a Figura 1.12.4
tiva, e a pedir as garantias dos bens da empresa e do empresário. O que veio modificar ra-
As características desse sistema são as seguintes:
dicalmente esta situação, foi o aparecimento, na década dos anos 50, de organismos de
planejamento e de fmanciamento do desenvolvimento. Esses organismos públicos, tinham a) Todas as empresas do país têm uma certa isenção de impostos com a condição
a preocupação de conhecer todos os impactos dos projetos que queriam incentivar, e para de depositarem no banco de fomento todos os recursos liberados pela isenção, e
isso necessitavam realizar avaliações detalhadas. posteriormente investi-los em projetos aprovados pela agência de planejamento
do governo.
b) A aprovação desses projetos deve ser feita pela agência de planejamento.
6.1 Os Organismos de Fomento ao Desenvolvimento c) O banco de fomento é apenas o depositário dos recursos da isenção e investe de
A criação desses organismos ocorre em função da teoria de que o principal entrave ao acordo com a aprovação da agência de planejamento.
desenvolvimento era a escassez de recursos fmanceiros que permitissem aos países subde- O importante a assinalar é que, devido aos limites de capital, o financiamento não po-
senvolvidos financiar a industrialização de suas economias. O setor privado, de acordo de ser generalizado indiscriminadamente a todas as empresas. As agências que participam
com essa teoria, tinha uma altíssima propensão ao consumo e portanto um conseqüente do sistema são obrigadas a usar critérios de seleção dos projetos a serem financiados. Essa
baixo nível de poupança. Isso acontece por existir um mercado muito limitado, que não seleção é realizada através da avaliação dos projetos apresentados solicitando financia-
gera expectativas favoráveis para investimentos por parte dos empresários temerosos do mento.
grande risco das empresas. Sem esses investimentos, o mercado não pode expandir-se e a
economia permanece num círculo vicioso de pobreza.
Para romper esse círculo vicioso, uma vez que a poupança e o investimento eram
4
bastante baixos, a solução seria levar o setor público a suprir esta falta e a intervir no setor Ver, do autor, o trabalho Le Financement public des investissements privés et choix technolo-
produtivo. gique, Le Fonctionnement de l'Economie Mixte du Nordeste Brésilien, Paris, 1972 mimeo.,
p. 131.

34
35
Figura, 1.12 segundo: se a empresa tinha uma rentabilidade financeira grande, poderia obter fi-
nanciamento no próprio setor privado, e o setor público encarregar-se-ia do finan-
Depósito BANCO DE ciamento de empresas mais próximas dos objetivos nacionais.
da isenção FOMENTO Investimento Dessa forma, a avaliação feita pelo setor público começou a diferenciar-se da avalia-
r---" -l ção exclusivamente privada.
I L-~ ~ ~
Sem esquecer a necessidade de que a empresa apresente uma rentabilidade financei-
I ra, o financiamento público passou a exigir certos critérios próprios de análise que justifi-
I
quem vantagens para toda a sociedade, além das vantagens de uma rentabilidade financei-
I ra para o empresário.
I
A avaliação pública passa a considerar os efeitos do projeto sobre:
I
I o emprego de mão-de-obra;
I - o emprego de recursos naturais nacionais;
I - a poupança de divisas.
I A um empresário específico não interessa se um projeto cria um grande número de
I
empregos, mas para a economia em geral isto pode interessar, pois é uma forma de dina-
I
I
mizar o mercado de bens de consumo, além de reduzir problemas sociais. Não interessa a
um empresário se as matérias-primas utilizadas no processo produtivo e os equipamentos
2 I I
da empresa são nacionais ou estrangeiros, o que importa é reduzir os custos para aumen-
~------'r-----'-- - - - -j Dividendos-juros tar a rentabilidade do projeto. Entretanto, como para a economia nacional é muito impor-
EMPRESA I • ~---- __ -- __ ~ __ --~ __ ~~
EMPRESA tante a poupança de divisas, o governo e suas agências não poderiam jamais limitar-se à
ISENTA :
L_ - ..•. --,
FINANCIADA análise financeira feita pela empresa privada.
A avaliação do ponto de vista do interesse público, ou social, ou macroeconômica
3
,
r- - - - -- ~~---~.-----------~
I1
ou simplesmente econômica, conforme será denominada daqui por diante, apresenta dois
tipos de problemas principais:
Seleção do Aprovação I
I primeiro: a determinação exata das disponibilidades dos recursos nacionais;
projeto do projeto
I - segundo: conhecendo essas disponibilidades, a correção dos conceitos financei-
I ros para transformã-los em conceitos econômicos.
I Por isto, a quantificação dos resultados macroeconômicos de um projeto apresenta
I
dificuldades mais complexas do que a avaliação privada.
I
Há uma grande quantidade de trabalhos recentes sobre o assunto. A metodologia da
I avaliação é comumente chamada "análise benefício-custo". A análise benefício-custo,
I apesar de todo seu desenvolvimento recente, é ainda uma matéria nova que apresenta
I grandes possibilidades de discussão não somente na quantíficação dos parâmetros, mas tam-
I I bém nos próprios conceitos. Mesmo aqueles trabalhos já consagrados na literatura exigem
AGÊNCIA DE L
.- -J
certos refinamentos que nem sempre podem ser aplicados por causa do pequeno conhecimen-
PLANEJAMENTO Apresentação
do projeto
to dos recursos nacionais e por causa das limitações técnicas dos próprios organismos de fo-
mento. Em certos casos podem ser aplicados, mas exigem para isso um tal custo na avalia-
ção, que uma análise benefício-custo da avaliação apresentá-Ia-ia com resultados nega-
6.2 A Avaliação de Projetos pelos Organismos Públicos tivos.
Mas, se nem sempre os organismos financiadores estão em condições de aplicar as
O método de avaliação inicialmente utilizado pelos organismos, foi o mesmo adota-
refinadas ferramentas de benefício-custo, os técnicos desses organismos estão em condi-
do pelos fmanciadores privados, isto é, a rentabilidade financeira provável do projeto.
ções de estudá-Ios, compreendê-los e participar da decisão de quais Os crítéríos que devem
Entretanto, percebeu-se que a rentabilidade financeira dos projetos não justifica in-
ou não devem ser aplicados nos seus organismos,
teiramente o financiamento público, por duas razões principais:
Definidos esses critérios, o setor público pode, através da avaliação de projetos,
primeiro: o financiamento público devia ter em consideração certos objetivos nacio- optar entre as diversas alternativas de financiamento (diferentes projetos) e escolher aque-
nais que não interessam ao financiamento privado; las que pareçam mais rentáveis do ponto de vista da coletividade.

36 37
Além disso, o setor público pode, mediante normas e diretrizes, utilizar a avaliação
de projetos como uma forma de "controlar" o setor privado, a fim de que este contribua
para os objetivos do Plano Nacional.

6.3 O Projeto como Instrumento de Controle para o Cumprimento do Plano


Numa economia de livre iniciativa, o governo determina, através de seu plano, certas
prioridades e metas. Algumas dessas metas não seriam obtidas no jogo livre de recursos.
Por exemplo, se uma das metas do governo é o desenvolvimento de uma região subdesen-
volvida, ou a utilização de mão-de-obra intensiva, é provável que os interesses do governo
não estejam de acordo com os interesses privados.
Nesse caso o governo pode orientar os seus financiamentos e incentivos aos projetos
que estejam de acordo com os seus objetivos e metas.
Deve-se chamar a atenção sobre dois aspectos:
primeiro: para que o controle do setor público seja eficaz, é necessário uma per-
feita combinação entre os organismos de planejamento global do país e os orga-
nismos financiadores do setor privado. Somente assim podem definir-se bem os
critérios de avaliação; .
segundo: as agências financiadoras devem dispor de mecanismos de fiscalização,
para poder comprovar se as determinações dos projetos são cumpridas n~ mo-
mento da sua execução.

38
------.....,./2 Capítulo 111 I--
Tamanho
e Localização

1. TAMANHO
1.1 Introdução
O estudo de mercado determina a capacidade que a economia tem para absorver o
produto em estudo, e estima a evolução futura dessa capacidade de absorção durante a vi-
da útil do projeto.
Com essa informação os projetistas têm o ponto de partida de quanto deve ser, em
princípio, a produção programada para oprojeto.
Suponha-se o exemplo de um projeto específico de uma fábrica para produzir lápis.
O estudo de mercado determina uma procura anual insatisfeita cujas cifras são apresenta-
das a seguir:

Quadro 1II.l
Pais X: Procura Insatisfeita de Lápis
1984 - 1995 [em grosas}

Tipo de
1984 1985 1986 1987
lápis

Pretos 65.000 73.000 75.000 85.000


Cores 15.000 17.000 20.000 25.000
Total 80.000 90.000 95.000 l10.000

Tipo de
1988 1989 1990 ................. 1995
lápis

Pretos 100.000 120.000 160.000 ...... 160.000


Cores 30.000 40.000 45.000 ...... 45.000
Total 130.000 160.000 205.000 ...... 205.000

61
rias-primas de alta densidade de transporte,' ou com uma baixa densidade de valor! ,
Pode-se deduzir que a fábrica não deve ser desenhada para anualmente produzir: quando o aumento do tamanho da fábrica pode forçar o projeto a utilizar matérias-primas
a) Menos de 100.000 grosas, porque assim ela deixa de aproveitar toda a potenciali- de locais muito distantes, tornando os custos de produção superiores ao máximo permis-
dade do mercado. sível.
b) Mais de 250.000 grosas, porque assim a fábrica terá de trabalhar durante anos
1.3 A Escolha do Tamanho Ótimo
sem utilizar toda a sua capacidade instalada, apresentando uma capacidade
ociosa. Considere-se o caso em que o tamanho já está delimitado: no seu máximo, pela ca-
pacidade de absorção do mercado, e, no seu mínimo, pela inexistência de tecnologias que
No entanto, para a elaboração das demais etapas do projeto, necessita-se definir
produzam abaixo de um certo nível; combinado isso com as possibilidades empresariais e
qual é o melhor nível específico de produção (ou capacidade de produção) para o qual
localizacionais.
a empresa deve ser projetada. Essa é a tarefa da etapa chamada tamanho do projeto.
Restará ainda um grande número de alternativas possíveis, entre as quais deve-se to-
Se o nível de absorção da economia é determinado pelo mercado, o dimensiona-
mar a que vai corresponder ao tamanho ótimo do projeto. O processo para determinar
mento da capacidade de produção é um. trabalho de aproximações sucessivas entre as di-
esse tamanho ótimo é, uma vez mais, um processo de aproximações sucessivas que consis-
versas etapas, tendo por objetivo a solução ótima quanto ao tamanho. Essa solução será
te em:
aquela que conduza ao resultado econômico mais provável para o projetono seu conjun-
to. Por isso, o tamanho é definido pelo jogo de dois grupos de variáveis: as variáveis de via- a) Tomar uma das alternativas viáveis de tamanho (de acordo com os critérios de
bilidade e as variáveis de otimização. eliminação vistos no item 1.2 anterior).
b) Considerar essa alternativa, desenvolver todo o projeto a um nível preliminar
(conforme as sucessivas voltas da espiral vista na introdução).
c) Determinar os custos e receitas, lucro e rentabilidade dessa alternativa.
1.2 A Viabilidade do Tamanho
d) Repetir essas operações para cada uma das demais alternativas.
Antes de determinar o tamanho ótimo, através da análise das alternativas viáveis, os e) Determinar qual dessas alternativas é a "melhor".
projetistas podem eliminar diversas possibilidades de tamanho que se apresentam inviáveis. f) Tomar essa alternativa como o tamanho ótimo para o projeto.
g) Com esse tamanho, elaborar o projeto numa forma mais detalhada, em outras
voltas da espiral vista na Introdução.
a) A lnviabilidade do Mercado
Esse processo exige os seguintes esclarecimentos:
No exemplo anterior do projeto de lápis, pode-se ver que não seria viável uma fábri-
ca para produzir 250.000 grosas de lápis, uma vez que não existiria mercado para absorver a) No que se refere ao desenvolvimento das alternativas viáveis, é preciso simplificar
tal quantidade. esse processo e ocupar-se somente das alternativas que, de acordo com a expe-
riência dos projetistas, pareçam mais aproximadas do nível ótimo.
b) A lnviabilidade Tecnolôgica b) No que se refere à definição da alternativa "melhor", há que aplicar os critérios
utilizados mais adiante, nas etapas de custos e receitas, de rentabilidade e de ava-
Se, por outro lado, se tomasse como tamanho a produção de 20.000 grosas por ano,
liação do projeto. Preliminarmente, pode-se antecipar que na determinação do
os projetistas certamente não obteriam uma tecnologia adequada para produzir, com ren-
melhor tamanho é possível utilizar um dos seguintes critérios principais:
tabilidade, tão pequena quantidade de lápis. Além disso, esse tamanho deixaria de apro-
veitar toda a potencialidadeque o mercado oferece. i) Máxima rentabilidade - um tamanho que possibilite empresa obter a máxi-
â

ma rentabilidade sobre o próprio capital.


c) A lnviabilidade Empresarial e Financeira ii) Máxima soma de lucros - um tamanho que possibilite empresa o máximo
â

de lucros em cada ano, ou no total de sua vida útil, seja em valores correntes
Mesmo quando se reúnem todas as condições de viabilidade de um certo tamanho
ou em valores atuais," o que equivale, aproximadamente, a procurar o tama-
de projeto, pode ocorrer a inviabilidade pelo lado dos empresários, seja através de incapa-
nho em que o lucro com a produção adicional (receita-custo) devido à última
cidade frnanceira, seja por incapacidade administrativa para realizar um projeto de grandes
unidade produzida (lucro marginal) será mínimo.
dimensões. No caso de empresas privadas, esse aspecto corresponde a um dos mais impor-
tantes fatores limitativos da viabilidade do tamanho mínimo permitido pelo mercado. No
caso das empresas públicas, essa limitação também se apresenta quando se trata de gran- Relação do custo de transporte da matéria-prima até a fábrica pelo custo total de produção:
des projetos de infra-estrutura, cujo financiamento exige recursos enormes. CTRANS,/CTOTAL PROD.·-
2
Relação do valor do produto pelo seu peso: valor/peso.
d) A lnviabilidade Localizacional 3
O conceito de atualização de valores será visto nos capítulos de avaliação financeira e econô-
Tamanho e localização são duas etapas muito vinculadas. Por isso, a localização po- mica.
de ser um fator de inviabilidade para certos tamanhos. Isso ocorre nos projetos com maté-

63
62
Em geral, utilizam-se os critérios do custo unitário e/ou. do custo médio, principal- A esse nível, se não houver limites de recursos e sem considerar em detalhe o estudo
mente porque quase sempre essa situação coincide com o máximo valor dos lucros e, por- do mercado, as conclusões do projetista seriam:
tanto com o máximo valor atual líquido. . a) A alternativa A é desvantajosa pelo alto custo unitário e a baixa rentabilidade.
,O critério do custo unitário mínimo baseia-se nos princípios de economia de escala. b) Se, ao optar pela alternativa B (US$ 200.000), o empresário não tem outra alter-
Por economia de escala entende-se o fato de que uma elevação na produção permite redu- nativa de investimento para o seu capital restante (380.000 - 200.000 = US$
zir, até um certo ponto, o custo de cada unidade produzida. Assim, na pro~o,r~ão em que
se aumenta a produção, tanto o custo de cada um dos produtos (custo unitário) como o 180.000), ou a tem, mas a uma rentabilidade inferior a 25% ( 125; 80), a me-
lhor solução é a alternativa C. 1 O
custo médio tendem abaixar. , . ,
De acordo com esse critério, o tamanho adequado da fabnca e o que conduza ao c) Se o empresário pode implementar o projeto B e investir a parte restante dos
custo unitário mínimo, dentro da capacidade de absorção do mercado. No caso de uma seus recursos (US$180.000) em outros projetos com rentabilidade superior a
procura evolutiva, o tamanho deve ser o que conduza ~o cust~ unit~rio mínimo para,aten- 25%, a alternativa B é a superior.
der procura atual, ao mesmo tempo que tenha capacidade disponível para atender a pro-
â
Estas observações não podem ser definitivas pelas seguintes razões:
cura futura. . a) Não vinculam a capacidade de produção ao mercado.
Observe-se o exemplo do projeto de lápis.
b) Não consideram a possibilidade da empresa trabalhar mais de um turno.
Sabe-se que, por razões de mercado, o tamanho do projeto ~ão deve .ser superior. a
uma produção de 250.000 grosas de lápis por ano, mas tampouco e conveniente ~u~ seja Como foi visto, o mercado de lápis oferece as capacidades de absorção apresentadas
inferior a 30.000 grosas. Com base nesses limites, o projetista busca dados preliminares no Quadro 111.1. Estudemos esta capacidade de absorção com cada uma das alternativas
sobre tecnologia com capacidade de produzirdentro desses limites. Tais tecnologias são pro- e as suas possíveis subalternativas.
curadas no que se chama mercado internacional de tecnol~gias, atr~vés dos fornec~dores Em primeiro lugar, considere-se a alternativa A. Essa mesma alternativa pode apre-
de equipamentos e de processos de produção, como se vera no capítulo referente a enge- sentar três diferentes capacidades de produção, conforme seja utilizada em um turno, dois
nharia. turnos e três turnos de oito horas de trabalho.
Suponha-se que os projetistas, pela sua experiência e pelas característ~cas do merc~- À exceção das fábricas cuja paralisação dos equipamentos gera grandes custos e pro-
do internacional de tecnologias, sejam conduzidos a selecionar as alternativas tecnológi- blemas tecnológicos (caso das siderúrgicas, fábricas de cimento), não se costuma dimen-
cas viáveis, mostradas no Quadro 111.2: sionar uma unidade de produção para três turnos, por causa das necessidades de manuten-
ção, limpeza etc., embora em certos períodos se trabalhe nessas condições. Considere-se
Quadro IlI.2 então duas subalternativas A 1 e A2, com os mesmos equipamentos da tecnologia A em
Projeto Lápis
um e dois turnos, respectivamente.
Tamanho: Alternativas Tecnológicas Viáveis

Subalternativa A 1
Alternativas Tecnológicas
Variáveis A subalternativa AI corresponde ao uso da fábrica (alternativa A) num só turno de
A B C funcionamento. Nessas condições, a capacidade de produção é de 70.000 grosas, o investi-
mento total necessário é de US$140.000, correspondendo, para a produção máxima, um
a. Capacidade de produção custo total de US$237.000 anuais e uma receita total de US$265.000 (resultado das ven-
anual por um turno
(em grosas) 70.000 100.000 150.000 das de toda a produção ao preço de US$3,8 agrosa:US$265.000=US$3,8 x US$70.000).
b. Investimento total Com base nestes dados, calcula-se qual é o custo para produzir uma unidade do pro-
necessário (US$) 140.000 200.000 380.000 duto (custo total dividido pela produção total, ou seja, 237.000 -;-70.000 = 3,4), o lucro
c. Custo total de gerado (receitas - custos, ou seja, 265.000 - 237.000 = 28.000) e a rentabilidade do ca-
produção (US$) 237.000 300.000 445.000
265.000 380.000 570.000 pital (lucro dividido pelo investimento, ou seja, 28.000 -;-140.000 = 20%).
d. Receita total (US$)
e. Custo unitário (US$) O resultado dessa alternativa pode ser observado no Quadro 111.3.Observa-se que a
(e=c+a) 3,4 3,0 2,9 utilização da subalternativa A 1 deixa ainda insatisfeita uma grande margem da demanda.
f. Lucros (US $)
(j=d - c) 28.000 80.000 125.000
g. Rentabilidade (%) Subaltemaiiva A2
20 40 33
ss=I+ b) A subalternativa A2 consiste em utilizar a tecnologiaA num regime de trabalho su-
perior às oito horas de um único turno (ver Quadro III.4). Pode-se observar que não seria
Estes dados permitem observar que a tecnologia A, sob todos os critérios, é a menos Conveniente utilizar dois turnos no ano I de funcionamento, posto que com o primeiro
interessante, e que a tecnologia B apresenta mais rentabilidade sobre o capital, mas a tec- turno consegue-se produzir 88% da demanda insatisfeita. Nesse caso, será mais vantajoso
nologia C apresenta um lucro anual superior, em valor absoluto. utilizar os operários do primeiro turno em horas extraordinárias de trabalho. No entanto,

65
64
Quadro m.3
a) Redução no seu custo unitário (ver item d. no Quadro 1II.4).
Projeto Lápis
b) Uma elevação no valor global dos lucros, apesar de uma redução no ano de 1977,
Tamanho: Estrutura de Produção, Custos e Receitas para a Subaltemativa Tecnológica A 1
quando se implanta o regime de dois turnos (ver item f.).
c) Elevação da rentabilidade (ver item g.).
1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990...1995
Resta ver o que ocorre quando se consideram as demais alternativas B 1 e B2 e C.
a. Capacidade de absorção Por raciocínios similares, determinam-se as estruturas de B 1 e B2 •
(mil grosas) 80 90 95 110 130 160 200 200
b. Produção e vendas Quadro 11I.4
(mil grosas) 70 70 70 70 70 70 70 70
Projeto Lápis
c. Custo total
Tamanho: Estrutura de Produção, Custos e Receitas para a Subaltemativa Tecnológica A 2
(US$l.OOO) 237 237 237 237 237 237 237 237
d. Custo unitário
(US$)d=c+b 3,38 3,38 3,38 3,38 3,38 3,38 3,38 3,38 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 ...1995
e. Vendas e receitas
(US$l.OOO) a. Capacidade de absorção
e=3,8Xb 265 265 265 265 265 265 265 265 (mil grosas) 80 90 95 110 130 160 200 200
f. Lucrosf= e- c b. Produção e vendas
(US$l.OOO) 28 28 28 28 28 28 28 28 (mil grosas) 80 90 95 110 130 140 140 140
g. Rentabilidade (%) c. Custo total
s=f+ 140.000 20 20 20 20 20 20 20 20 (US$l.OOO) 271 305 321 394 435 455 455 455
d. Custo unitário
(d=c- b)(US$) 3,40 3,38 3,37 3,58 3,34 3,25 3,25 3,25
a partir do segundo ano, seria impossível preencher a brecha entre a procura insatisfeita e. Vendas e receitas
e a capacidade de produção através do uso de horas extraordinárias, já que os operários e = 3,8 X b (US$l.OOO) 305 340 360 420 495 530 530 530
f. Lucros
seriam incapazes de trabalhar mais de 12 horas por dia.
t= e - c (US$I.000) 33 38 39 24 50 65 65 65
A solução é estabelecer o outro turno a partir dessa data, embora os dois turnos não g. Rentabilidade (%)
utilizem a sua capacidade máxima. g = f + investimento 23 27 28 14 29 38 38 38
Evidentemente, as receitas são determinadas com base no preço de US$3,8 por gro-
sa, multiplicado pela quantidade vendida.
Para determinar os custos, utilizou-se o processo de cálculo que se verá no capítulo Subaltemativa B 1
correspondente (Custos e Receitas). É conveniente expor que os custos de um projeto A subalternativa B I corresponde à tecnologia B em um só turno, com capacidade de
dividem-se, basicamente, em custos fixos, que não variam a uma razoável elevação da pro- produção de 100.000 grosas por ano e um investimento de US$ 200.000.
dução, e os custos variáveis que são função direta (quase sempre linear) da produção." É
preciso chamar a atenção para o fato de que a utilização de horas extraordinárias, ou de Quadro 11I.5
dois turnos, exige, por força de lei, remunerações superiores às normalmente pagas du- Projeto Lápis
rante o horário do dia normal. Tamanho: Estrutura de Produção, Custos e Receitas para a Subaltemativa Tecnolôgica B 1
Além dos ajustes de custos e receitas, o grande aumento na produção exige certos
investimentos adicionais a partir do ano de 1987. Calculou-se que esses invegtímentos adi- 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990...1995
cionais correspondem a US$30.000, o que aumenta o investimento total da fábrica para
US$170.000. a. Capacidade de absorção
(mil grosas) 80 90 95 110 130 160 200 200
Em resumo, a subalternativa A2 consta de: utilizar a tecnologia A num só turno, b. Produção e vendas
com horas extraordinárias até 1986 e, a partir dessa data, realizar investimentos adicionais (mil grosas) 80 90 95 100 100 100 100 100
de US$30.000 e utilizar um regime de trabalho de dois turnos. c. Custo total
Nessa organização produtiva, a fábrica apresentará uma diferente estrutura de cus- (US$l.OOO) 248 274 287 300 300 300 300 300
d. Custo unitário
tos e receitas, que se pode ver no Quadro IH.4 já mencionado. Observa-se que o projeto d=c+b(US$) 3,02 3,00 3,00 3,00
3,10 3,04 3,00 3,00
permitirá uma sensível redução na brecha entre a produção e a procura insatisfeita apre- e. Vendas e receitas
sentada pelo mercado. Graças a essa maior produção e conseqüentes vendas, o projeto mos- e = 3,8 X b (US$l.OOO) 305 340 360 380 380 380 380 380
tra uma sensível melhora do ponto de vista de: f. Lucros
f= e - c (US$l.OOO) 57 66 73 80 80 80 80 80
g. Rentabilidade (%)
4
Este aspecto será estudado mais adiante no Capítulo 5. g = e + investimento 28 33 36 40 40 40 40 40

66 67
Subalternativa B2 Comparação entre alternativas
A subalternativa B2 corresponde à tecnologia B em um só turno até 1986, com horas
Os Quadros m.8, 1II.9, lll.lO e III.lI mostram uma comparação entre as alternati-
extraordinárias em 1987 e 1988, e com dois turnos a partir desse ano, o que exige um in-
vas, segundo cada variável.
vestimento adicional de US$30.000.
Com base na comparação. destas variáveis (custo unitário, utilidades e rentabilidade)
Quadro 11I.6
apresentadas para cada alternativa de tamanho analisada, pode-se determinar a alternativa
Projeto Lápis que corresponde ao tamanho ótimo para o projeto.
Tamanho: Estrutura de Produção. Custos e Receitas para a Subalternativa Tecnológica B,

1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 ...1995 Quadro 11I.8
Projeto Lápis
a. Capacidade de absorção 160 200 200 Tamanho: Lucros Apresentados pelas Alternativas de Tamanho Analisadas
(mil grosas) 80 90 95 110 130
1984 - 1995 (US$ 1.000)
b. Produção e vendas 160 200 200
(mil grosas) 80 90 95 110 130
c. Custo total Alternativas 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 ...1995 Total
248 274 287 333 399 478 590 590
(US$1.000)
d. Custo unitário AI 28 28 28 28 28 28 28 28 336
d=c.;.b(US$) 3,10 3.04 3,02 3,02 3,06 2,99 2.95 2.95 Ao 33 38 39 24 50 65 65 65 639
e. Vendas e receitas BI 57 66 73 80 80 80 80 80 916
e = 3,8X b (US$1.000) 305 340 360 420 500 610 760 760 B, 57 66 73 78 101 98 160 160 1.433
f. Lucros C 4 16 22 50 84 118 160 160 1.254
t= e- c
57 66 73 78 101 131 170 170
(US$1.000)
g. Rentabilidade (%) 74 74
g = f + investimento 28 33 36 39 50 57 Quadro IlI.9
Projeto Lápis
Tamanho: Rentabilidades Apresentadas pelas Alternativas de Tamanho Analisadas
Finalmente há que considerar as possibilidades da alternativa C. 1984 - 1995 (%)

Alternativa C Alternativas 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 ... 1995 Média
A alternativa C corresponde ao uso da tecnologia C, investimento de US$380.000, ca-
pacidade de produção de 150.000 grosas num só turno até 1988, com horas extraordinã- AI 20 20 20 20 20 20 20 20 20
rias em 1989, e com dois turnos a partir de 1990, ano em que se necessita de um investi- A, 23 27 28 14 29 38 38 38 32
BI 28 33 36 40 40 40 40 40 38
mento adicional de US$50.000. B, 28 33 36 39 50 57 74 74 57
C 1 4 6 13 22 31 42 42 27
Quadro m.7
Projeto Lápis
Tamanho: Estrutura de Produção, Custos e Receitas para a Subalternativa Tecnolôgica C
li Quadro IlI.lO
1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 ...1995
Projeto Lápis
Tamanho: Custos Unitários Apresentados pelas Alternativas de Tamanho Analisadas
a. Capacidade de absorção 200 1984 -1995 (US$)
(mil grosas) 80 90 95 110 130 160 200
b. Produção e vendas
80 90 95 110 130 160 200 200 Alternativas 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 ... 1995 Média *
(mil grosas)
c. Custo total 3,38
301 324 336 370 416 492 600 600 AI 3,38 3,38 3,38 3,38 3,38 3,38 3,38 3,38
(US$1.000) 3,40 3,58 3,31
A, 3,38 3,37 3,34 3,25 3,25 3,25
d. Custo unitário
d=c.;.b(US$) 3,76 3,60 3,54 3,36 3,20 3,07 3,00 3,00 BI 3,10 3,04 3,02 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,01
B, 3,10 3,04 3,02 3,02 3,06 2,99 2,95 2,95 2;J9
e. Vendas e receitas 3,21
e = 3,8 X b (US$1.000) ,305 340 360 420 500 610 760 760 C 3,76 3,60 3,54 3,36 3,20 3,07 3,00 3,00
f. Lucros
r= e - c (US$ 1.000) 4 16 22 50 84 118 160 160 * Calcul~da pela divisão da soma dos custos totais anuais, pelo total da produção em toda a vida dtil
do projeto,
g. Rentabilidade (%)
g = f .;.investimento 4 6 13 22 31 40 40

69
68
Uma análise desses quadros já permite observar que a alternativa ótima será o tama- co com grandes benefícios sociais e será provavelmente preferível a alternativa
nho B2, posto que essa alternativa apresenta os melhores resultados em relação a todas as que apresenta o custo mínimo.
variações consideradas. c) F~nalmente, suponhamos que entre as alternativas B2 e C houvesse uma pequena
O exame deum quadro-resumo serve para comprovar essa conclusão, como se pode diferença nos lucros totais, nas rentabilidades e nos custos mínimos, todos a fa-
ver no Quadro I1I.ll. vor da alternativa B2 ; nesse caso, normalmente a opção seria por essa alternativa.
Mas considerando a proximidade entre os valores, os projetistas devem levar em
Quadro DI.11 conta outras variáveis, como por exemplo:
Projeto Lápis i) se a alternativa C permite que se utilize o plástico como recobrimento do gra-
Lucros, Rentabilidade e Custo Unitário Durante a Vida do Projeto fite;
1984 - 1995
ii) se a alternativa C permite uma execução mais rápida da instalação da fábrica'
iii) se existe a possibilidade de que a procura seja ainda mais ampliada a partir de
Lucro total I Rentabilidade 2 Custo unitário'
Alternativas
(US$1.000)
1990. Nesse caso, seria mais conveniente optar pela alternativa C, em vez da
média (%) médio (US$)
alternativa B2 •
AI 336 20 3,38 Cabe observar que uma pequena diferença de rentabilidade e lucros pode ser com-
A2 639 32 3,31
916 38 3,01
pensada por outros fatores, como maior segurança para o investimento. Para determinar
BI
B2 1.433 57 2,99 essa segurança, é necessário analisar os riscos que cada alternativa implica como se verá
C 1.254 27 3,21 no capítulo correspondente. '

I Ver-se-á que, para ser um instrumento perfeito no processo de tomada de decisões, o lucro total
deve ser ajustado através de um processo de "atualização" que permita corrigir a perda de valor dOill 1.4 Resumo Operacional
dinheiro com o tempo. '
Entende-se por tamanho de um projeto a sua capacidade de produção durante um
2 Ver-se-a que, com a atualização dos lucros, a rentabilidade média deve ser substituída pela "taxa in-
terna de retorno", como instrumento mais exato no processo de tomada de decisões. período de tempo que se considera normal para as circunstâncias e tipo de projeto a tratar.
Por exemplo: o tamanho de uma fábrica de cilindros de gás é dado em unidades por
• Também o custo unitário médio deve ser calculado com a atualização dos custos totais de cada ano.
cada ano de produção com 300 dias úteis e de turnos de 8 horas diárias.
Há casos em que a especificação de um período de tempo normal de funcionamento
é. desnecessária, porque o processo técnico obriga a que este seja contínuo, salvo em pe-
Em casos como este, que ocorrem muito comumente e onde os resultados de cada ríodos de manutenção e reparação (altos fornos, geradores etc.).
variável decisória coincidem em relação à melhor alternativa, torna-se fácil determinar o Em termos gerais, o tamanho de um projeto não pode ser menor do que o tamanho
tamanho ótimo do projeto. Considerando que o tamanho ótimo é a alternativa B2 - ou mínimo econômico do projeto nem deve ser maior do que a demanda permitida pelo di-
seja: projetar a fábrica para ter inicialmente uma capacidade de produção de 100.000 gro- namismo do mercado.
sas por ano, com um investimento total de US$200.000 - esta fábrica trabalhará três . Dada a inter-relação que deve existir entre as diferentes etapas do projeto, a deter-
anos com capacidade ociosa (20% em 1984, 10% em 1985 e 5% em 1986), dois anos utili- mínação do tamanho é definida através da análise das demais etapas, especialmente mer-
zando horas extraordinárias dos operários (1987 e 1988) e trabalhando dois turnos a par- cado, financiamento, economia de escala, matéria-prima, mão-de-obra.
tir de 1989 (com um investimento adicional de US$30.000), atingindo a plena capacida- As conclusões do estudo do mercado proporcionam os critérios básicos para deter-
de dos dois turnos a partir de 1980. #I minar o tamanho do projeto através da quantidade e do dinamismo da procura.
No caso em que as variáveis conduzam a diferentes conclusões, os projetistas devem Os aspectos do mercado que devem ser analisados com relação ao tamanho são, en-
atribuir valores prioritários a cada uma das variáveis consideradas, ou utilizar outras variá- tre outros, os seguintes:
veis secundárias que lhes permitam um julgamento definitivo. i) Fatores relacionados com o produto (bens de consumo intermediário, bens de
Por exemplo: consumo final etc.).
a) Suponhamos que a alternativa AI, que oferece a menor soma total de lucros, ii) Magnitude do mercado (volumes de produção versus projeção do consumo,
apresenta a melhor.rentabílidade sobre o seu pequeno investimento. Nesse caso, preços versus coeficiente de elasticidade da demanda).
os projetistas (se não há limites de recursos que impeçam outras alternativas e se iii) Tipo de mercado (monopolístico, concorrencial).
não há outros projetos mais rentáveis) devem guiar-se mais pela variável lucro do iv) Política econômica governamental (substituição de importações).
que pela variável rentabilidade ou custo mínimo. v) Concorrência favorável devido à nova tecnologia do projeto.
b) Suponhamos que se trate de um projeto para fabricar vacinas, que a alternativa vi) Magnitude futura do mercado (ampliações).
que permite o custo mínimo não apresenta o lucro máximo (por alguma razão vii) Localização do mercado (uma ou várias fábricas estrategicamente situadas de
do mercado). Nesse caso, trata-se de um projeto a ser realizado pelo setor públi- acordo com os centros de consumo).

70 71
Um dos fatores que limitam o tamanho de um projeto é o seu fmanciamento, dado Figura Hl.I
que a quantidade dos recursos disponíveis determina até onde se pode projetar uma fábri-
ca e se é necessário construir por etapas.
Aqui é necessário considerar as fontes de fundos e o seu volume, já que estes podem
ter origem em capital próprio ou em empréstimos bancários nacionais ou internacionais.
Não obstante se possa, num dado momento, obter toda a quantidade de créditos, é
r--·---- T-,------,

necessário ter em conta o custo desse capital, já que em muitos casos isso torna inviável
um projeto, dado que o seu rendimento econômico não é suficiente para cobrir os com-
promissos assumidos.
Entende-se por economias de escala aquelas que derivam da variação dos custos uni-
tários com relação ao tamanho da fábrica. PF
O tamanho adequado será aquele que conduza ao custo unitário mínimo, para aten-
der a demanda atual, ao mesmo tempo que tenha capacidade disponível para atender a
procura futura.
Em resumo, o processo de decisões em relação ao tamanho ótimo do projeto baseia-
se em:
a) Determinar alternativas de produção que sejam viáveis, do ponto de vista tecno-
lógico e do ponto de vista do mercado.
b) Considerações financeiras e econômicas através das variáveis, máximo lucro total
gerado, custo unitário mínimo e rentabilidade máxima, para determinar qual das
alternativas viáveis permite um melhor desempenho para o projeto. PF - Preço do. produto na fábrica
c) Essas variáveis são quase sempre dependentes e correlacionadas, de forma que MPI - Matéria-prima 1; TI - transporte de MPI
não se entrechocam de forma conflitiva. MP2 - Matéria-prima 2; T2 - transporte de MP2
d) Quando particularidades tecnológicas ou de mercado geram conflitos entre essas 01 - Outros insumos; T 3 - transporte de 01
variáveis, os projetistas definem uma hierarquia entre elas, em função dos objeti- ti - Transporte do produto até o mercado MI
vos dos responsáveis pelo projeto (empresário privado ou Estado), ou consideram t2 - Transporte do produto até o mercado M2
outras variáveis (quantificáveis ou não) que ajudem no processo de tomada de t3 - Transporte do produto até o mercado M3
decisões. PMI - Preço do produto no mercado 1
e) É sempre conveniente considerar outras variáveis quantificáveis ou não-quantifi- PM2 - Preço do produto no mercado 2
cáveis, que permitam incluir o risco e as possibilidades de mercado adicional não PM3 - Preço do produto no mercado 3
considerado no processo de determinação do tamanho.

Os fatores básicos que regem normalmente a determinação da localização das fábri-


cas são:
2. WCALIZAÇÃO
a) Localização dos materiais de produção (insumos).
2.1 Introdução b) Disponibilidade de mão-de-obra.
O estudo do projeto deve definir claramente qual será a melhor localização possível c) Terrenos disponíveis, clima, fatores topográficos.
para a unidade de produção. Evidentemente, a melhor localização será a que permitir au- d) Distância da fonte de combustível industrial.
mentar a produção e ao mesmo tempo reduzir os custos necessários a essa produção, ele- e) Facilidades de transporte.
vando assim ao máximo os benefícios líquidos do projeto. i) Distância e dimensão do mercado e facilidades de distribuição.
A observação de uma unidade de produção em sua posição no espaço mostra que g) Disponibilidade de energia, água, telefones, rede de esgotos.
para ela convergem quantidades de insumos, que lá são transformados e de lá saem pro- h) Condições de vida, leis e regulamentos, incentivos.
dutos para o mercado consumidor. i) Estrutura tributária.
O custo do fluxo de insumos em direção à fábrica implica uma elevação dos custos Dessa maneira, o estudo da localização está relacionado com as demais etapas do
de produção, o que provoca uma redução no nível dos benefícios expressos em termos projeto, principalmente os custos, a engenharia, o mercado, o tamanho.
monetários. Da mesma maneira; um alto custo do transporte do produto final pode tam- A Figura 111.2mostra a interdependência entre o mercado, o tamanho, a localização
bém forçar a empresa a baixar os seus preços de fábrica para evitar a perda do mercado. e a engenharia do projeto.

72 73
Figura IlI.3
Figura 1Il.2

I,
Mercado
CTpI1
~.r'"~ ~
CTPB L:J

Tamanho

para um certo número de cidades - A, B e C - e para certas quantidades de bens - MA,


MB e Mc - e de insumos - li ,12 e 13 - o custo total de transporte que permita determi-
------4~ E_n_ge_n_h_a_r_ia ~~------~ nar um ponto P tal que:

CT = CFPA + CTpB + CFpc + CFP11 + CFPI2 + CFPI3


(Desenho: Eng. H. J. Ochoa)
seja o mínimo possível.
O ponto de partida para a determinação dessa minimização é analisar a orientação
localizacional do produto. Essa orientação informa se a unidade deve, em princípio, si-
tuar-se mais perto da fonte de matéria-prima ou do mercado consumidor.
Com os dados obtidos nestas etapas, pode-se chegar a determinar a localização óti- Por exemplo, na macrolocalização de uma central açucareira, pode-se eliminar uma
ma de uma determinada unidade de produção. Para isso, costuma-se seguir duas etapas grande quantidade de alternativas, ao observar-se que o transporte do açúcar é menos cus-
básicas: toso que o transporte da cana. Nesse caso, trata-se de um produto orientado para a fonte
Na primeira etapa, define-se a zona geral (MACROLOCALIZAÇÃO) 9nde se insta- de matéria-prima.
lará a empresa e,na segunda, elege-se o ponto preciso (MICROLOCALIZAÇAO). Ao contrário, no caso de uma padaria, devido às características do produto, a locali-
zação é obrigatoriamente orientada para o mercado consumidor.
2.2 A Macrolocalização li
A determinação da orientação básica da localização não é difícil, quando se conhe-
cem certos dados tecnológicos da produção.
O estudo da macrolocalização consiste em definir a região ou cidade onde se deverá
Por exemplo, uma fábrica que para produzir 1_000 kg do produto necessita de
situar a unidade de produção, para reduzir ao mínimo os custos totais de transporte. 2.200 kg da matéria-prima principal, provavelmente localizará a sua unidade de produção
Provavelmente haverá uma ou mais localizações em que será mínima a soma total perto do mercado de consumo, exceto quando se tratar de matéria-prima de transporte
dos custos de transporte dos insumos até a fábrica e dos produtos até o mercado. Então, especial, ou "não-transportável" a longas distâncias.
é possível determinar uma série de pontos geográficos em que a soma dos fretes seja igual- Outra simplificação do processo de tomada de decisões com respeito à macrolocali-
mente mínima e que possam se,r considerados como possíveis para a instalação da fábrica. zação, dá-se com a concentração da análise nos principais insumos, estudando-se, para
Este problema é o que realmente se enfrenta ao procurar uma localização P para cada um destes, a disponibilidade, as características e as particularidades do transporte.
uma fábrica que terá de abastecer os mercados de três cidades - A, B e C - mercados cu-
jo consumo anual, em toneladas, seja respectivamenteMA,MB eMc, de uma tal maneira a) Dtspontbllidade e Características da Matéria-Prima
que torne mínimo o custo de movimentação do produto até os três mercados e o custo de As características da matéria-prima são conhecidas através da engenharia. Devem-se
transporte dos insumos 11,12 e 13 até a fábrica. observar os problemas particulares que o transporte pode apresentar.
Trata-se, portanto, de analisar:

75
74
Há matérias-primas que pela sua natureza física ou pelas dificuldades de outra or- Quadro 11I.12
dem qualquer não são de fácil transporte. Se essas matérias-primas constituem parte im- Projeto Z
portante dos insumos, não é conveniente transportá-Ias desde longas distâncias, e torna-se Localização: Custo dos Serviços
necessário decidir por uma localização próxima da sua origem. US$l.OOO
Por exemplo, fábricas que utilizàm matérias-primas agrícolas como o leite, frutas
para conservas, mariscos etc. que são perecíveis; ou cerâmicas e outras matérias pesadas. Alternativas localizacionais
Serviços
A B C D
b) Disponibilidade e Classificação da Mão-de-Obra
1. Energia
No interesse de obter-se um custo mais baixo, existe a tendência de buscar localiza- 2. Água
ções onde a oferta de mão-de-obra seja alta e o nível dos salários baixo. Porém, é necessá- 3. Esgotos
rio ponderar-se uma série de fatores que, dependendo da natureza da indústria, obrigam a 4. Serviço telefônico
considerar e avaliar as seguintes alternativas: 5. Combustível
6 . Habitações
Estimar a incidência dos custos de diferentes tipos de mão-de-obra requeridos, 7. Vias e ruas
sobre o custo total da produção da indústria em estudo. 8. Proteção para incêndio
9. Segurança e polícia
Investigar a disponibilidade dos diversos tipos de mão-de-obra em diferentes lo- 10. Hospitais
calizações. 11. Escolas
Averiguar as taxas de remunerações e salários nos diferentes locais. 12. Serviços judiciais
Estimar a incidência da mão-de-obra no custo total da produção para as diferen-
tes localizações, e determinar se as diferenças são importantes ou não.

c) Disponibilidade dos Serviços Básicos


Os aspectos relativos aos serviços influem consideravelmente na seleção da localiza-
ção das unidades industriais. da localização, ainda que não seja a localização ótima de acordo com os aspectos vistos
A disponibilidade e o custo dos mesmos têm incidência no custo do produto. anteriormente.
Quando a região não dispõe de abundantes recursos de geração e distribuição de . _ F~~mente, depois de estudados todos os aspectos, as possibilidades de macroloca-
energia elétrica, esse fato pode constituir um fator limitante no estudo da localização. hzaçao otuna resumem-se em algumas alternativas que podem ser estudadas e comparadas
Geralmente a região que conta com bons serviços de energia goza também de outros através, por exemplo, de quadros como os que se seguem:
serviços básicos de infra-estrutura, como: aquedutos, rede de esgotos, escolas, hospitais
etc., elementos básicos para diminuir os custos das instalações industriais.
Há indústrias em que a disponibilidade de energia elétrica a baixo custo é decisiva Quadro 11I.13
para a sua instalação: por exemplo, as eletroquímicas. Noutras, representa uma parcela Projeto Z
tão pequena que o seu custo relativo não tem importância. No entanto, surgem casos em Localização: Custos Anuais de Transporte dos Insumos desde a Origem até cada Alternativa
que é tão grande o custo das linhas de transmissão até o local da fábrica, que se torna mais de Localização - (US$ 1.000)
econômico instalar o próprio gerador. Fatos semelhantes ocorrem no caso da água potável
e dos esgotos. Alternativas localizacionais
Para simplificar a escolha da localização, com relação aos serviços básicos, é conve- Insumo Origem Quantidade LI L. L3 L4
niente que a etapa de engenharia prepare o Quadro I1I.l2.
Cu CT Cu CT Cu CT Cu CT
d) Políticas Localizacionais II
I.
Além das considerações exclusivamente técnicas sobre a localização, é necessário
13
considerar as políticas governamentais referentes à localização, especialmente das in-
dústrias. Custo total CT
Os governos, com o objetivo de reduzir desigualdades regionais, oferecem certos in-
centivos e vantagens para a instalação em regiões menos desenvolvidas. Tais vantagens - CU :: . custo de transporte por unidade; CT::' custo total do transporte
fínancíamento, isenção de impostos etc. - podem, muitas vezes ,justificar uma determina-

76 77
Quadro 1Il.14
ProjetoZ d) Custos do terreno.
Localização: Custos Anuais de Transporte dos Produtos de Acordo com cada Macrolocalização e) Impostos presentes e futuros sobre o mesmo.
Alternativa e a Demanda de cada Centro (US $1. 000) f) Proximidade das vias de comunicação.
g) Proximidade dos serviços públicos.
Centros de demanda h) Transportes urbanos ou suburbanos.
i) Serviço de esgotos, água, luz, telefone, gás.
Localização Quantidade A B C D E Custo total
CT-P
j) Disponibilidade de escolas, hospitais e demais necessidades requeridas para os
Cu CT Cu CT Cu CT Cu CT Cu CT trabalhadores e as suas famílias.
k) Obras futuras nos arredores do terreno.
L, 1) Regulamentação da zona industrial.
L2
L3 Como se pode deduzir, na prática é difícil conseguir um terreno que preencha todas
L4 as condições ideais. É fundamental que cada projetista procure comparar as alternativas e
possua bases sólidas para defender posteriormente a localização que recomendar.
Todos esses fatores, devidamente quantificados dentro de uma análise técnica, eli-
minam apreciações subjetivas que podem causar dificuldades devido a erros de localização.
Estes dois quadros permitem determinar a localização que propicia o menor custo
de transporte dos insumos e dos produtos. A macrolocalização será assim determinada,
teoricamente, pela alternativa que conduza ao mínimo custo do transporte geral (de insu-
mos e de produtos): [CT-1 + CT-P] mínimo.
Sempre que estas conclusões não sejam suficientes, podem-se utilizar outros pará-
metros secundários na escolha definitiva da macrolocalização, antes de passar à decisão
microlocalizacional.

4.3 A Microlocalização
A investigação do lugar específico, recomendado para a instalação definitiva de um
projeto, é o passo seguinte após ter sido definida a zona de localização. Apenas em casos
muito raros poderá ocorrer que, por dificuldades em determinar o local específico apro-
priado, tenha-se de mudar a macrolocalização.
Para efetuar a seleção do local é necessário ter informações básicas a respeito das ca-
racterísticas da engenharia da fábrica.
a) Descrição física do edifício a construir.
b) Área atual e futura requerida.
c) Necessidade de linhas férreas, estradas etc.
d) Quantidade de água, energia, gás etc.
e) Volume e características de águas residuais.
f) Regulamentações sobre poluição do ambiente e volumes estimados que o projeto
gerará.
g) Instalações de equipamentos e construções especiais.
h) Layout (distribuição dos equipamentos e fluxo, e transporte de material dentro
da fábrica).
Com essas informações chega-se a estudar a localização específica, analisando-se os
terrenos disponíveis com o seguinte esquema:
a) Superfície disponível.
b) Topografia do terreno.
c) Características mecânicas do solo.

78
79
________ ..,;1 Capítulo VII I~/-

A Incerteza
do projeto

1. INTRODUÇÃO
Todas as conclusões de um projeto, em qualquer das suas etapas (mercado, loca-
lização, receitas, custos etc.), referem-se ao futuro, próximo ou distante, e é natural
que os coeficientes calculados com base nessas conclusões estejam submetidos a um certo
grau de incerteza.
Evidentemente, o papel do projetista é o de evitar ao máximo os erros de elabora-
ção e de projeção das variáveis. Portanto, se ele toma tal ou qual dado, dessa ou daquela
fonte, é porque crê com absoluta honestidade que esses são os "melhores" valores previsí-
veis à sua disposição.
Mas, apesar de todo o cuidado, o projetista deve reconhecer a incerteza intrínseca ao
projeto e deve oferecer instrumentos de análise que permitam estimar o grau de incerteza
e de risco do investimento.
Basicamente, utilizam-se três instrumentos de análise do risco e da incerteza.
o ponto de equilíbrio;
a análise de sensibilidade;
a análise de probabilidade.

2. O PONTO DE EQUILÍBRIO
Uma das incertezas mais graves do projeto refere-se às perspectivas de vendas da em-
presa.
O mercado, com a projeção das tendências e a análise das perspectivas, defme a pro-
cura insatisfeita e os preços de vendas previsíveis para os produtos da empresa.
Com base nisso, definem-se as receitas esperadas e calcula-se a "rentabilidade" do
projeto.
No entanto, os preparadores e os avaliadores necessitam conhecer o que aconteceria
Com tal rentabilidade, no caso de ocorrer alguma mudança nas perspectivas desse mercado.

179
Isso é necessário se consideramos que, além dos investimentos, todo projeto apre- que é uma maneira financeira de representar o ponto de equilíbrio, como o valor das ven-
senta custos fixos operacíonaís que devem ser cobertos a cada ano, independentemente do das (N = R . n) necessárias para que não haja perdas na empresa.
nível de produção em que funcionará a empresa. Dessa maneira, a análise dos pontos de nivelação permite estimar dentro de que zo-
O instrumento mais utilizado correntemente para tal fim é o ponto de equilíbrio. O nas de capacidade utilizada a empresa terá possibilidades de êxito. Essa análise é tanto
ponto de equílfbrio (ou ponto de nivelação ou break-even point) indica o grau em que um mais importante quanto maior for a insegurança que se tenha nas projeções do mercado.
erro nas vendas não gera perdas efetivas à empresa. Um projeto cuja procura não-satisfeita se situa em 400.000 unidades de um certo
O princípio em que se baseia o ponto de equilíbrio é dos mais simples. Se o projeto produto, e o tamanho mínimo é para produzir 400.000 unidades, com o ponto de nivela-
está desenhado para produzir e vender uma quantidade Q de bens, e obter um lucro L = R - ção a 90%, caso seja executado, apresentará um imenso risco e uma grande vulnerabilí-
e, ao empresário interessa saber qual a quantidade mínima q, que deve ser vendida, para dade.
que, pelo menos, não ocorram perdas; ou seja, interessa-lhe saber: no caso do estudo de
mercado estar errado ou a demanda comportar-se mal em algum ano, até que ponto pode-
se reduzir as vendas sem que a fábrica sofra prejuízo. O ponto de equilíbrio é o nível mí- 2.2 Determinação Gráfica
nimo de produção e venda em que uma fábrica pode funcionar "autonomamente", ou Paralelamente à fórmula encontrada, é muito comum determinar o ponto de equilí-
seja, sem perdas. brio através de um método gráfico bastante simples.

2.1 Determinação Analítica


Figura VII.l
Para calcular o ponto de equilíbrio é suficiente aplicar o seu conceito a uma
são que iguale as receitas e os custos, representados em função do nível de produção.
Receitas
Sejam, no nível de produção máxima, a receita igual a R, e o custo total igual Receita para
e custos
e= e, + Cu• Com base nesses dados pode-se calcular o lucro da empresa: 100% da produção

L = R - e= p • Q - (e, + eu) Zona de


lucro
Considere-se o ponto de equilíbrio correspondendo a um nível de produção q, equi-
valente à fração n da produção total Q. Para esse ponto: Ctotal para 100%
da produção
Rn=R'n Pontos de equilíbrio
com depreciação
en =e, + eu <n Ctotal excluída
Sem a depreciação
n(R - eu) = e, depreciação
Cvariável para
n=---
e, 100% da
Zona de produção
R-eu
prejuízo

Assim, o ponto de equilíbrio pode ser obtido em função do custo fixo, da receita
Cf
do custo variável que a empresa apresenta ao seu nível máximo de produção projetada.
Essa expressão indica com que fração da capacidade instalada em funcionamento
empresa se mantém sem lucros nem prejuízos.
t"'-.--------;~----+_--_.r<__--+_---------_If_----_r__-- r
...• Depreciação

O ponto de equilíbrio pode também apresentar-se de outras maneiras. Por exemplo:


Cfixo excluída
a depreciação
n=
e,
--·100 ~--i---~ i-L--L*-~~~---i __~~ __ -L __ ~
R - eu o 10 20 30 50 70 100

é uma maneira de apresentá-Ia como a percentagem da produção total projetada ou: Nível de produção em percentaqem
da produção máxima

N=--
e,
1- -e Pela Figura VII. 1 observa-se que a linha de custo total corresponde à soma das orde-
R
nadas dos custos fixos e variáveis.

180
181
o ponto em que a linha de custo corta a linha da receita corresponde, na abscissa, pode-se tomar:
ao ponto nl de equilíbrio. Num nível de produção superior a nl a empresa oferece lucros
que podem ser medidos pela diferença DC entre a linha da receita e a de custo total. A R=PI x ql +P2 X q2 + ... +Pn x qn,
um nível de produção inferior a n I a empresa apresenta o prejuízo indicado pela diferença
BA entre o custo total e a receita. onde PI, P2, P3 ... Pn são os preços dos produtos 1, 2,3 ... n, vendidos em quantidades
O ponto de equilíbrio assim calculado serve para determinar o risco básico do proje- ql,q2,q3 ···qn·
to. No entanto, sempre é conveniente calcular um outro ponto de equílfbrío.n-, retirando
dos custos fixos as depreciações. Esse segundo ponto de equilíbrio indica o nível de pro-
C= Cmp + Cma + Cadm + Cat'
dução abaixo do qual a empresa incorre em desembolsos efetivos. Entre n2 e nl, há pre- onde:
juízo, mas não há necessidade de desembolso, uma vez que os recursos reservados para de- Cmp = gastos em matéria-prima
preciação cobrem as perdas operacionais. Com isso, reduz-se o ponto de equilíbrio e indi- Cma = gastos em mão-de-obra
ca-se o ponto abaixo do qual a empresa necessitará de contribuições externas para finan- Cadm = gastos administrativos
ciar as suas perdas. Com a depreciação incluída nos custos, a produção ao nível do ponto Cat = outros gastos
de equilíbrio ainda permite uma certa recuperação do capital e a formação de uma re-
serva. Dessa forma, r torna-se:
Quando se tem diferentes alternativas de processo, é conveniente apresentar os dife- Pl xql +P2 xq2 + ... +Pn xqn - C - Cma - Cadm - Cat
rentes pontos de equilíbrio de cada alternativa. r=~--~~~~~----~~~~~~--~~~~~~~mp
I
Com essa expressão pode-se determinar o que ocorre com a rentabilidade a cada va-
riação em algumas das variáveis. Noutras palavras, pode-se determinar qual é a sensibilida-
3. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE de do projeto (da rentabilidade) a cada variável.
3.1 Introdução Suponha-se por exemplo um projeto simplificado que produza 1.000 unidades de
Tanto no cálculo da rentabilidade como na determinação do ponto de equilíbrio, um determinado bem, ao preço de UM $ 7 ,00 (UM = unidade monetária),utilizando os se-
guintes insumos:
utilizam-se os dados como certos e constantes. Isso dificilmente ocorre, já que todos os
dados utilizados num projeto são apenas valores aproximados de uma realidade que mu- a: quantidade necessária, 500 toneladas, ao preço UM$4,00;
da. Se a rentabilidade calculada para um projeto é de 23%, esse valor provavelmente não b: quantidade necessária, 300 toneladas, ao preço UM$3,00;
corresponderá exatamente ao lucro gerado por cada unidade de investimento, posto que: c: quantidade necessária, 200 toneladas, ao preço UM$5,00.
a) Os dados utilizados no seu cálculo não representam o valor exato de cada variá- Mão-de-obra (toda fixa): 15 operários com salário anual de UM$ 15,00; o capi-
vel. tal necessário é de UM$lO.OOO.
b) Cada uma dessas variáveis sofre mudanças com o tempo, alterando-se entre a rea- A rentabilidade normal do projeto será:
lização do estudo e a implantação e funcionamento do projeto.
7 x 1.000 - 500 x 4 - 300 x 3 - 200 X 5 - 15 x 15
Vale a pena, portanto, incluir um método de análise que permita aos avaliadores e r=
dirigentes conhecerem de que forma as variações de cada uma das variáveis pode influir 10.000
nos resultados esperados para o projeto. Noutras palavras, qual é a sensibilidade do resul- 7.000 - 2.000 - 900 - 1.000 - 225
tado do projeto a cada uma de suas variáveis principais. r=
10.000
Através da análise de sensibilidade, determina-se em que medida um erro ou modifi-
cação de uma das variáveis incide nos resultados finais do projeto. Dessa maneira, pode-se 7.000- 4.125 4.125
r= = --- =0287
determinar quais desses elementos devem ser estudados mais profundamente. Além disso, 10.000 10.000'
a análise de sensibilidade é um instrumento de grande utilidade na administração futura,
já que permite conhecer a importância de cada insumo e de cada variável sobre o desem- Rentabilidade normal r = 28,7%.
penho da empresa. A análise de sensibilidade consiste em definir a rentabilidade do proje- A rentabilidade desse projeto em função das suas variáveis é:
to em função de cada uma de suas variáveis, e observar a variação que ocorrerá na rentabi-
lidade para cada alteração nas variáveis. R-C
r=
Assim, em I
R-C R = n =p
r= ---,
I

182
183
Cmp = a; -r, +qb -r, +qc -r, i) Diminuição de 10% na quantidade vendida:

Cmo = m • S n = 0,9 x 1.000 = 900


900(7 - 0,5 x 4 - 0,3 x 3 - 0,2 x 5) - 15 x 15
n 'p'-qa ·P~-qb ·pb-qc ·P~-m ·S r= =
r= 10.000
I 900(7 - 2,0 - 0,9 - 1) - 225 900(3,1) - 225
Sabe-se da engenharia que a obtenção de urna unidade do produto necessita das se- 10.000 10.000
guintes quantidades! de cada insumo: 2.790 - 225 2.565
----= --=256%
10.000 10.000 '
Insumo Coeficiente
técnico ti) Diminuição de 10% no preço do produto:
a 0,5 p=0,9 x7=6;3
b 0,3
c 0,2 1.000(6,3 - 3,9) - 225 1.000 x 2,4 - 225
r=
10.000 10.000
r =21,7%
Assim: iii) Aumento de 10% no preço do insumo a:
nxp-0,5n 'p~-0,3n 'p,,-0,2n ·Pc-15 ·5 Pa = 1,1 x 4 = 4,4
r=
I
1.000(7 - 0,5 x 4,4 - 0,9 - 1) - 225
n(p - 0,5 • P~- 0,3 • Pb - 0,2 • Pc) - 15 • S r=
r= 10.000
I
1.000(2,9) - 225 2.900 - 225
r=------ ----=267%
Substituindo-se nesta expressão os valores "normais" do projeto, obter-se-á a renta- 10.000 10.000 '
bilidade "normal" antes determinada em 28,7%.
Valores normais: iv) Aumento de 10% no preço do insumo b:
n = 1.000 Pb=I,lx3=3,3
P =7,00
Pa =4,00 r = 1.000(7 - 2,0 - 0,3 x 3,3 - 1) - 225
Pb =3,00 10.000
Pc = 5,00 1.000(3) - 225
S = 15,00 r = = 277%
10.000 '
Rentabilidade normal:
1.000 (7 - 0,5 x 4 - 0,3 x 3 - 0,2 x 5) - 15 x 15 v) Aumento de 10% no preço do insumo c:
r=
10.000
=287%
'
», = 1,1 x 5 = 5,5
1.000(7 - 2,0 - 0,9 - 0,2 x 5,5) - 225
A análise de sensibilidade consistirá em aplicar diferentes valores para cada uma r =
10.000
das variáveis, supondo as demais como constantes. Como regra geral far-se-á uma va-
riação de 10% em cada variável, sempre no sentido desfavorável para a rentabilidade. 1.000(3) - 225
r = ------ = 27 ,7%
10.000

vi) Aumento de 10% nos salários:


A quantidade de cada insumo necessaria para a obtenção de uma unidade do produto chama-se
coeficiente técnico, ou coeficiente tecnológico. S = 1,1 x 15 = 1,65

184 185
1.000 x 3,1 - 15 X 1,65 4.100 - 248 d. Dessa forma, podem-se introduzir variações num ou mais parâmetros e verificar
r=
10.000 10.000 de que forma e em que proporções essas variações afetam os resultados finais.
e. Como ponto de referência, devem-se tomar os valores "normais" determinados
r= 28,5% no estudo do projeto.
f. A orientação a seguir deve ser:
Resumindo, para uma variação de 10% em cada variável, sempre no sentido desfa-
vorável para a rentabilidade, tem-se o Quadro VIU. i) Calcula-se o resultado fínal escolhido, tomando por base os valores normais
do estudo do projeto.
Quadro VIl.l ii) Altera-se depois o valor de um ou mais dos parâmetros. Essa alteração pode
ser, por exemplo, de 10% do valor "normal" de cada um dos parâmetros a
n s Normal
variar. De preferência deve-se tomar valores pessimistas em relação à renta-
Variáveis P Pa Pc
bilidade: elevação para os custos, redução para as vendas.
r 25,6 21,7 26,7 27,7 27,7 28,5 28,7 iíi) Introduzem-se os novos valores na expressão, mantidos constantes os demais
parâmetros.
r normal = 100 89,2 75,6 93,0 96,5 96,5 99,3 100
iv) O novo resultado é então comparado com o seu valor normal.
v) O projeto é tanto mais seguro quanto menos varia o resultado final.
Pode-se ver que esse projeto é muito sensível ao preço do seu produto, apresenta vi) Os parâmetros cuja influência é mais notória, devem merecer um estudo cui-
uma certa sensibilidade à quantidade vendida e ao preço do insumo a, e pouca sensibili- dadoso. Da mesma forma esses parâmetros devem merecer mais atenção du-
dade aos preços dos demais insumos, sobretudo aos salários. rante o funcionamento futuro da empresa.
Nesse caso, o estudo de mercado e o tamanho do projeto devem ser reestudados
com mais cuidado. No caso de serem confirmados, a empresa deve manter cuidado especial
em relação à concorrência, durante todo o tempo de funcionamento. 3.3 Exercício Prático - Matadouro Industrial"
Pode, por exemplo, elevar os salários dos operários em 10%, o que quase não altera
a rentabilidade, e pode obter com isso a elevação da qualidade do produto ou a produti- O projeto tem por objetivo estudar a viabilidade da implantação de um matadouro
vidade, o que permite uma melhor concorrência. Pode, também, analisar a sensibilidade industrial capaz de atender, com monopólio de orferta, a procura de derivados e subpro-
a uma campanha publicitária, levando em consideração o impacto positivo sobre as vendas dutos de carne num determinado município do Nordeste do Brasil.
e o custo adicional respectivo.
Investimentos totais $20.000 mil
Receita total anual $32.000 mil
3.2 Resumo do Procedimento Prático para Realizar a Análise de Sensíbílídade? Custo total anual $26.372 mil
O procedimento da análise de sensibilidade pode ser resumido nas seguintes etapas:
Programa de produção:
a. Deve-se escolher o coeficiente a sensibilizar:
150 bovinos/dia = nb = 45 mil bovinos/ano
i) No caso de uma análise do ponto de vista do empresário, é importante a ren-
tabilidade em relação ao capital próprio, medido num ano de funcionamento 50 suínos/dia = np = 15 mil suínos/ano
normal, ou a taxa interna financeira de retomo. 4,5 toneladas de embutidos
ii) No caso de uma análise do ponto de vista econômico, a rentabilidade em rela-
ção ao capital próprio deverá ser substituída pela taxa econômica interna de a. Determinação da expressão da rentabilidade
retomo.
R-C
b. Escolhido o indicador a ser sensibilizado, determina-se a sua expressão em n=--
I
função dos parâmetros e variáveis escolhidas.
c. Prepara-se um programa de computação que permita a obtenção dos resultados a
3
partir da introdução dos valores dos parâmetros na expressão. Esse exercício foi desenvolvido com base na análise de sensibilidade do estudo de projeto elabo-
rado por um dos grupos de participantes do Curso de Preparação e Avaliação de Projetos realiza-
do pelo BID e pelo governo do estado de Pernambuco, em Recife, Brasil, em junh%utubro de
2 1970.
Esse procedimento corresponde basicamente ao que propõe o prof. Fernando Caldas nos seus
t~aballios sobre análise de sensibilidade, ilustrados pelo seu conhecido e brilhante exemplo da O projeto foi realizado pelos seguintes participantes: Antonio Maranhão, Carlos Alberto Cunha,
fabrica de garrafas. Carlos Augusto de Oliveira, Evamberto Lucas Farias, José Artur Calheiros de Meio e João Cha-
ves Neto, sob a supervisão do consultor Cristovam Buarque.

186 187
Quadro VII.2 Quadro VII.3

Receitas e Custos Anuais Sim bolos Utilizados no Cálculo


Símbolos Unidades Descrição
Valor em $1.000
Discriminação Código nb um Quantidade anual de bovinos abatidos
Total Fixo Variável np um Quantidade anual de suínos abatidos
n, t Quantidade anual de carne de bovino comerciaJizada
32.705 _ n. t Quantidade anual de carne de suíno comerciaJizada
I. Receitas n, t Quantidade anual de embutidos produzidos
1. Receitas bovinos (*) R, 10.160
(*) R, 2.453 n. t Quantidade anual de couro produzido
2. Receitas su Ínos
3. Receitas embutidos (*) R, 5.441 na t Quantidade anual de produtos diversos
(*) R. 1.512 n, t Quantidade anual de carne bovina produzida
4. Receitas couro
(*) Rs 3.139 n, t Quantidade anual de carne suína produzida
5. Receitas diversas
ib % Carne bovina comercialízada/produzida
22.725 1.622 24.347 Q t Peso médio de carne de 1 bovino
lI. Custos totais Carne suína comercíalizadajproduzida
%
1. Custos de produção
1.1 Bovinos (*) G,
20.985
16.200 16.200 ? t Peso médio de carne de 1 suíno
1.2 Suínos (*) G, 2.625 2.625 f t Peso médio de 1 couro
1.3 Insumos (embutidos) (*) G, 384 384 R, S mil Receita anual, carne bovina
1.4 Insumos diversos G. 796 34 762 R. S mil Receita anual, carne suína
1.4.1 Alimentação de R, S mil Receita anual, embutidos
animais G" 270 270 R4 S mil Receita anual, couros
1.4.2 Taxas pagas R, S mil Receita anual, diversos
para abate (*) G., 402 402 w $ mil Valor médio dos resíduos de 1 bovino
1.4.3 Outros 124 34 90 G, $ mil Custo anual de compra de bovinos
G'3
1.5 Mão-de-obra Gs 302 302 G, S mil Custo anual de compra de suínos
1.6 Energia elétrica G. 35 24 11 G, S mil Custo anual de insumo para embutidos
1.7 Manutenção G7 29 29 G•• S mil Custo anual de taxa de abate
1.8 Depreciação Gs 614 614 Go, S mil Custo anual com imposto
G9 1.238 117 1.121 G S mil Custo anual das variáveis não-sensibilizadas
2. Custos de vendas
2.1 Impostos G91 708 708 c t Quantidade de carne bovina necessária para produzir uma to-
2.2 Gastos financeiros e nelada de embutidos
publicidade G9, 287 287 d t Quantidade de carne de suínos para produzir uma tonelada
2.3 Comissões e vendas G93 109 109 de embutidos
2.4 Outros G•• 134 117 17 e S Valor de insumo necessário para produzir uma tonelada de
3. Gastos administrativos G,O 260 290 embutidos
4. Gastos financeiro, Gil 150 150 v, s Preço da tonelada de carne bovina
5. Depreciação e gastos iniciais G12 92 62 v, S Preço da tonelada de carne suína
v, S Preço da tonelada de embutido
(*) Variável para efeito de cálculo. v4 S Preço da tonelada de couro
Vs S Preço da tonelada de embutido
tb S Taxa de abate do bovino
tp $ Taxa de abate do suíno
Pb $ Preço de um bovino
Pp $ Preço de um suíno

a.l Receita
a.l.l Receita por carne bovina
R)=n)ov)

n) = n6 • ib

n6 = nb • Q

n)=nb'Qoib

(1)

188
a.1.2 Receita por carne suína a,1,5 Receitas por produtos diversos:
R2 = n2 • V2
n2 = n7 • i s, =nb'w (8)
n7 = np • r; . Receita total: (1) + (5) + (6) + (7) + (8)
n2 =np • b 'lp
R2 =np·b ·ip 'V2 (2)
;,n -' Ilb 'a • lb
'
• VI + [np • b 'c - (1 - ib) • nb • a 'd] • v2
a.1.3 Receita por embutidos
C
A produção de embutidos, toda ela comercializada, tem origem nas par-
tes de bovinos e suínos não-comercializadas que se misturam em uma de-
terminada produção, proporcional a ce d de forma que
R3 =n3 • V3
Sendo n3 = ~(1 - ib) • nl, • aVc, ou
parte não -comercia-
lizada do bovino b. Gastos totais:
n3 =.0 - ip) • n~ • bjd G = GI + G2 + G3 + G42 + G91 + G'
parte não-comercia- GI =nb 'PI, 'a
lizada do suíno
G2=np'Pp'b
No caso do presente projeto, considera-se, por razões de mercado, que a
parte de carne de suíno comercializada seria função da produção de em- G3=n3'e'
butidos. Assim, ip é função das variáveis que determinam a produção de
embutidos.
G42 = nb 'tI, + np . tp
(1 - ib) • nb • a (1 - ip) • n~ • b'
= b.5 Gastos por impostos diretos, G91•
c d
Nesse caso, todos os produtos, exceto os embutidos, têm isenção de impostos.
(l-ib) 'nl, ·a·d Os embutidos pagam um imposto de 13,4% sobre o valor agregado, Então:
---'-----:--- = (1 - ip) • n~ • b
c G91 = 0,134 (n3 'V3 - /13 • e)
-(1-ib)nb ·a'·dlc+np 'b'=ip 'np'b G91 = 0,134 n3(v3 - e)

np • b • c~ (1 - ib) • nb • a • d
G = Ilb • Pb • a + IIp 'Pp • b + n3 'e + nb • tb + np 'tp +
ip = (4) +0,134 'n3 '(V3 -e)+G'
c • np • b
(1 - ib)
G =llb(Pb 'a+tb)+np '(Pp ·b+tp)+ --'- <n-;>« '(0,134 'V3 +
Assim, substituindo a fórmula (4) na fórmula (2) para receitas de suínos:
+ 0,866 e)+ G' c
[np • b 'c - (1 - ib) nb • a • d] ,
R2 = V2 ' np· b (1 - ib)
c 'np • b G =nb {a [Pb + '(0,134 'V3 + 0,866 e)] + tb} +
c
[np b o o c .; (1 - ib) nb o a· d] .
R2= .~ (5)
C
c, Lucro:
(6)

a.l.4 Receitas por couros:

(7)

190
191
(1 - ib) e. Resultados
L = nb {a [ib • VI - Pb - (d • V2 - 0,866 V3 + 0,866 e)] + f . V4 +
C Determinada a expressão final da rentabilidade, pode-se programar a variação da
expressão, em função de uma ou várias das variáveis do projeto. No caso do exemplo, o
resultado foi o seguinte:
Substituindo os coeficientes técnicos:
Quadro VII.6
Quadro VII.4
Resultado da Análise de Sensibilidade
Símbolo Valor Unidade Descrição

0,18 ton Peso médio do bovino Hipóteses Rentabilidade s/ investimentos Índice da nova rentabilidade
a
0,07 ton Peso médio do su íno totais (%) em relação ao valor normal
b
c 0,89 Quantidade de carne bovina para produzir uma tonela-
1. Considerando todos os parâmetros
da de embutido
normais 43 100
d 0,31 Quantidade de carne de suíno necessária para produ-
2. Aumento de 10% no preço de
zir uma tonelada de embutidos compra de bovinos
f 0,028 ton Peso médio de um couro 32 74
3. Aumento de 10% nos preços das
matérias-primas, fora bovinos 41 95
4. Diminuição de 10% na quantidade
A rentabilidade do projeto é dada pela expressão: de bovinos a abate 37 96
1 5. Diminuição de 10% na quantidade
r = -{nb{0,18[ (ib • VI - Pb) - (1 - ib)(0,063 • V2 - 0,17 • V3 + 0,17 e)] + de suínos a abate 42 98
I 6. Diminuição de 10% no preço de
venda da carne bovina
+ 0,028 V4 + w - tu} + np[O,07 (V2 - Pp) - tp]- G'} 7. Diminuição de 10% no preço de
29 67
venda da carne de suíno 41 95
d. Valores normais do projeto: 8. Diminuição de 10% no preço de
venda de embutidos 43 100
Ao funcionar normalmente, o projeto apresenta os seguintes dados: 9. Diminuição de 10% na proporção
da carne bovina comercializada 29 67
Quadro VIl.5 10. Aumento nas taxas de abate até
Parâmetros e Valores Normais o ponto das cidades vizinhas -
$ 26,1O/bovino e $7,20/suÍnos 37 86
Valor
Código normal Unidade Descrição
previsto
f Conclusões
e 284 s Valor de insumos necessários para produzir 1
ton embutidos O Quadro VII.6 mostra-nos, inicialmente, a boa rentabilidade que o projeto apre-
VI 2.922 $/ton Preço médio de venda de carne bovina senta em condições ''normais''. Isso se explica, em grande parte, pelas peculiares condi-
v2 3.900 $/ton Preço médio de venda de carne suína ções de modernização do processo de produção e comercialização, pela primeira vez im-
v3 4.030 $/ton Preço de venda de embutidos plantado na cidade. Assim, considerou-se que inicialmente a nova empresa manterá os
ib 0,85 % Proporção de carne bovina cornercializada/car-
ne bovina produzida
mesmos preços de venda dos atuais produtores, que têm uma baixa produtividade.
Pb 2.000 $/ton Preço de compra do bovino Na realidade, é muito provável que as autoridades exijam um controle dos preços e
v4 1.200 $/ton Preço de venda do couro os ponham abaixo do nível atual. Logo, é muito importante a conclusão 6, que nos mos-
w 69,7 $/ton Valor médio dos resíduos do bovino tra a grande importância do preço de venda da carne bovina sobre a rentabilidade da em-
tb 8,24 $ Taxa de abate do bovino presa.
nb 45 mil Quantidade anual de bovinos processados Outro dado que merece consideração refere-se às taxas de abate. Nas atuais condi-
Pp 2.500 $/ton Preço de compra do suíno ções, essas taxas são muito baixas. Mas, no momento em que o sistema se toma mais
tp 2,10 $ Taxa de abate do suíno rentável, a municipalidade vai, provavelmente, aumentar essas taxas até o nível das taxas
np 15 mil Quantidade de suínos processados anualmente recebidas nas cidades vizinhas. Isso terá grandes efeitos sobre o nível da rentabilidade.
G' 4.000 mil Valor anual dos gastos não-sensibilizados
Um aspecto interessante é que o aumento da proporção de carne comercializada
I 14.000 mil $ Valor do investimento total
deverá ter efeitos positivos sobre a rentabilidade.

192 193
Isso significa que a produção de embutidos seria menos rentável que a da carne, des- 4.2 A Determinação do Nível de Risco
de que fosse aumentada a proporção da carne comercializada, os preços da carne se man-
tivessem no mesmo nível médio, e se as condições da procura de carne fossem suficiente- As medidas anteriores servem para reduzir o risco de que ao executar o projeto os
mente elásticas para absorver o crescimento da oferta. promotores se vejam com uma rentabilidade inferior à que lhes foi prometida. No entan-
Estas duas condições são falsas. to, como instrumento de análise do risco, essas medidas são limitadas por duas razões. Por
Primeiro, porque quando se aumentar a parte comercializada, a nova carne terá uma um lado, porque na busca da redução do risco deformam o resultado real. Segundo, por-
qualidade mais baixa e provocará uma baixa no preço médio, mesmo que ocorra uma pro- que a rentabilidade, ou rentabilidades, assim determinadas, não passam de valores com
cura para essa carne; segundo, porque o estudo de mercado mostrará que a procura de car- certa probabilidade de que se verifiquem no futuro. Assim, justifica-se o cálculo das pro-
ne de qualidade inferior é bastante .inelãstica e reduzida, enquanto que há um grande merca- babilidades, para analisar o risco dos investimentos.
do para os embutidos. Além disso, a engenharia deve informar acerca da viabilidade técni- O sistema consiste basicamente no seguinte:
ca de aumentar a parte comercializada, sem novos investimentos. a. Elegem-se as principais variáveis, que determinam a rentabilidade do projeto."
Essa situação mostra que, em alguns casos, depois de realizada a sensibilidade, o es- b. Estimam-se os possíveis valores que cada uma dessas pode assumir, e a respectiva
tudo do projeto deve ser reestruturado nas suas etapas: probabilidade de que cada um destes valores venha a ocorrer no futuro.
Novos detalhes no estudo de mercado para determinar se há procura de carne de c. Realiza-se uma espécie de análise de sensibilidade, em que se combinam diferen-
qualidade inferior e a que preços. tes valores possíveis para cada variável combinados com suas respectivas probabi-
A engenharia deve resolver o problema de aumentar a proporção de carne comer- lidades.
cializada e determinar os investimentos adicionais. d. Com base nisso, utilizando uma computadora simples, obtém-se um certo núme-
ro de rentabilidades e as respectivas probabilidades de que ocorram.
De acordo com o estudo, prepara-se uma nova expressão analítica mais detalhada da
rentabilidade e sensibiliza-se com base nas novas condições.
Figura VII.2

4. A INCERTEZA
O ponto de equilíbrio e a análise de sensibilidade são os instrumentos que permitem
Probabilidade

simples 4~ ~Ifr-- +-- +--+-+-+-+-+-1

aos avaliadores e promotores conhecer as conseqüências que se darão no resultado nor-


mal previsto do projeto, em função de modificações possíveis nas suas variáveis.
No entanto, em nenhum caso, o risco de um investimento reduz-se a zero, e a renta-
bilidade calculada apresenta sempre uma incerteza para o futuro. Por essa razão, os proje-
tistas devem esforçar-se em: primeiro, reduzir esse risco o quanto for possível; segundo,
30
2o
r..
L~~-~ ·.l·
-.~.I.· ~-~ ~

+1--+- tt- -r-t-

determinar um indicador do nível de risco e incerteza ainda envolvidos no projeto. 10

4.1 A Redução do Risco _J


5 10 15 20 Rentabilidade (%)
Para reduzir o risco, sugerem-se três medidas:
a. Utilizar dados bem estudados em relação ao futuro. Isso significa que não se deve
assumir a priori que a presente situação da economia manter-se-á no futuro.
No exemplo acima que apresenta distribuição de probabilidades simples, pode -se
Deve-se estudar com cuidado principalmente as condições e possibilidades de
ver que a rentabilidade que mais probabilidade apresenta de verificar-se é a renta-
evolução dos preços dos produtos e dos insumos, a vida útil dos equipamentos,
bilidade compreendida entre 15 e 16%.
as taxas de evolução dos mercados de produtos e de insumos.
e. Para facilitar a análise pode-se preparar probabilidades acumuladas, e saber que
b. Sempre que ocorram dúvidas em relação a uma determinada variável, utilizar da-
probabilidade há de que a rentabilidade esteja compreendida numa certa escala.
dos conservadores (negativos para o resultado do projeto).
Uma computadora um pouco mais sofisticada pode ser programada para traçar
c. Considerar um leque de valores para cada variável principal, em vez de assumir
um gráfico representativo das probabilidades acumuladas, como a Figura VII.3.
um valor determinado para cada uma. Isso consiste em tomar para cada uma das
variáveis principais diversos valores que reflitam situações pessimista, realista e
otimista. Com isso, determinar-se -ão rentabilidades pessimista, realista e otimis-
ta. Esse método é similar, em certos aspectos, a uma análise de sensibilidade ge- 4
É claro que os sistemas e métodos aqui tratados servem igualmente no caso de aplicar-se a renta-
ral do projeto, considerando as variáveis em bloco.
bilidade simples ou as taxas internas de retorno ou outro índice do mérito do projeto.

194
195
Figura VIl.3

Probabilidade 180
acumulada (%) I--- ~ --- e--
~
80
•••••

60

40 - --
I'-"""

20 I--

O
5
-- 10 15 20 25 30
Rentabilidade (%)

Pela Figura VII.3 pode-se ver que há uma probabilidade de quase 100% de que a
rentabilidade esteja compreendida entre 5% e 25%. Há 80% (88 - 8) de probabi-
lidade de que a taxa esteja entre 18 e 10%, e 65% de que esteja entre 15 e 10%.
Entre 15 e 12%, a probabilidade é de 55%.

196

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