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Escola

Secundária com
3o Ciclo
Poetas do século XX e Grupo II HENRIQUE
MEDINA

GRUPO I

Leia o poema.

As pessoas sensíveis

As pessoas sensííveis naã o saã o capazes


De matar galinhas
Poreí m saã o capazes
De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheira


AÀ roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque naã o tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor naã o foi lavada
Porque naã o tinham outra

“Ganharaí s o paã o com o suor do teu rosto”


Assim nos foi imposto
E naã o:
“Com o suor dos outros ganharaí s o paã o”

OÓ vendilhoã es do templo
OÓ construtores
Das grandes estaí tuas balofas e pesadas
OÓ cheios de devoçaã o e de proveito

Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem

Sophia de Mello Breyner Andresen, Livro sexto, ed. definitiva,


Lisboa, Editorial Caminho, 2003, p. 64.

1. Descodifique o sentido iroí nico do tíítulo, considerando o conteuí do do texto.

O tíítulo eí uma denuí ncia aà hipocrisia humana daqueles que esquecem a feí , a sua devoçaã o e ideais divinos
uma vez que se encontram no poder e quando teê m como objetivo explorar os outros. O titulo do poema eí
taã o iroí nico quanto o primeiro verso que abre o discurso com a hipocrisia dos exploradores, que se
consideram “sensííveis” porque naã o teê m coragem para matar galinhas mas naã o se recusam a come-las.

2. Explique o trocadilho presente nas afirmaçoã es “Ganharaí s o paã o com o suor do teu rosto” e “Com o
suor dos outros ganharaí s o paã o”.

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O uso desta metaí fora tem como objetivo denunciar a situaçaã o dos explorados com o recurso aà citaçaã o
bííblica. A autora mostra o odio pela exploraçaã o, que eí entaã o reforçada pela afirmaçaã o da existeê ncia de
pessoas que com o trabalho de outros (“suor dos outros”) ganham o que querem (“o paã o”).

GRUPO II

Nas respostas aos itens de escolha muí ltipla, selecione a opçaã o correta.

Leia o texto.

5 Eles existem, os fascistas

Combater os fascistas, as suas ideias, as suas organizações, as suas ações, a sua violência, não é um concurso
de boas maneiras. José Carvalho e Alcindo Monteiro, lembram-se?
10 Joseí Carvalho (1952-1989), assassinado na noite de 28 de outubro de 1989, por um grupo de nazifascistas.
Conhecido por “Zeí da Messa” […] foi barbaramente assassinado […]. O assassino foi preso no dia seguinte e, com
mais sete arguidos, acusado e levado a tribunal. Dois dos reí us saã o absolvidos, outros dois viram a pena suspensa e os
15 restantes foram condenados a penas entre os cinco e os doze anos de prisaã o. […]
Alcindo Monteiro (1967-1995), brutalmente espancado na noite de 10 de junho de 1995, por um grupo de “cabeças
rapadas” de extrema-direita.
Jovem cabo-verdiano, de 27 anos, morador na praceta Ribeiro Sanches, ao Barreiro, onde vivia com os pais e os
irmaã os. […] Foi brutalmente espancado e abandonado inconsciente na rua Garrett, […] acabou por naã o resistir aà
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gravidade dos ferimentos (“muí ltiplas hemorragias internas, fratura do craê nio com lesoã es traumaí ticas do enceí falo e
tronco cerebral, extenso edema cerebral”). Morreu no dia 12 pelas 10h30.
“Ser-se skin, nacionalista, racista, naã o eí crime perante a diretiva constitucional da liberdade de conscieê ncia, de
25 opiniaã o, de expressaã o, de pensamento e de organizaçaã o”, leê -se no recurso interposto por um dos assassinos de
Alcindo Monteiro junto do Tribunal da Relaçaã o. Por outras palavras, mas no mesmo sentido, tenho ouvido ou lido,
por estes dias, vaí rios jornalistas, comentadores e polííticos, surpreendentemente situados tanto aà esquerda como aà
30 direita, a propoí sito da suspensaã o e adiamento de uma confereê ncia na Faculdade de Cieê ncias Sociais e Humanas de
Lisboa, promovida por um grupo de extrema-direita – racista, nacionalista e fascista – com o apoio do PNR e de uns
tantos “cabeças rapadas”, tudo gente da mesma “famíília”.
5 Leio, ouço e pasmo com o que escrevem ou dizem: a superioridade da democracia exprime-se na toleraê ncia de
permitir aos fascistas a liberdade que eles recusam aos outros ou, mais claro ainda, eí com aqueles de que
discordamos que mais devemos respeitar a liberdade. Mas, pergunto, a praí xis democraí tica eí apenas uma questaã o de
ser mais ou menos tolerante, o que nos opoã e, afasta e distingue dos fascistas naã o eí muito mais que uma simples
discordaê ncia?
Estou francamente surpreendido e, confesso, nada descansado. Naã o imagino que o paradigma da democracia, o must
democraí tico, seja deixar os fascistas fazerem a uí nica coisa que os mobiliza e sabem fazer: atacar a democracia e os
democratas, na esperança de acabarem com ela e com eles. A democracia naã o baixa a guarda, protege-se, defende-se.
Sim, com inteligeê ncia políítica, sem violar princíípios e regras democraí ticas, claro, mas sem equíívocos nem
ambiguidades. Combater os fascistas, as suas ideias, as suas organizaçoã es, as suas açoã es, a sua violeê ncia, naã o eí um
concurso de boas maneiras.
Joseí Carvalho e Alcindo Monteiro, lembram-se?

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(Artigo de Joaã o Semedo, publicado na VISAÃ O nº 1255, de 23 de março de 2017, disponíível em http://visao.sapo.pt/opiniao/2017-
03-28-Eles-existem-os-fascistas)
1. A questaã o colocada no paraí grafo destacado e no fim eí
(A) o ponto de partida para o autor evocar o passado.
(B) a forma de lembrar a morte dos dois homens.
(C) o modo encontrado para condenar os assassinatos.
(D) o pretexto usado para alertar os cidadaã os em geral. 

2. A frase “Zeí da Messa […] foi barbaramente assassinado […].” (l. 6)


(A) encontra-se no discurso direto.
(B) encontra-se no discurso indireto livre. 
(C) eí ativa.
(D) eí passiva.

3. O vocaí bulo “extrema-direita” (l. 11) foi obtido pelo recurso aà


(A) derivaçaã o por sufixaçaã o.
(B) composiçaã o morfossintaí tica. 
(C) composiçaã o morfoloí gica.
(D) parassííntese.

4. O uso das aspas (ll. 17-18) constitui a forma de


(A) destacar a ideia que o autor vai defender a seguir.
(B) reproduzir as palavras dos autores dos crimes cometidos.
(C) citar os argumentos usados pela defesa dos arguidos. 
(D) dar conta dos argumentos usados para a condenaçaã o.

5. A forma verbal “tenho ouvido” (l. 20) estaí no


(A) preteí rito mais-que-perfeito composto do indicativo.
(B) preteí rito perfeito composto do conjuntivo.
(C) preteí rito perfeito composto do indicativo. 
(D) condicional composto.

6. No segmento “eí com aqueles de que discordamos que mais devemos respeitar a liberdade” (l. 26)
configura-se a modalidade
(A) episteí mica com valor de certeza.
(B) episteí mica com valor de probabilidade.
(C) deoê ntica com valor de permissaã o.
(D) deoê ntica com valor de obrigaçaã o. 

7. O pronome pessoal utilizado em “seja deixar os fascistas fazerem a uí nica coisa que os mobiliza e
sabem fazer” (ll. 32-33) garante a coesaã o
(A) referencial. 
(B) lexical.
(C) interfraí sica.
(D) temporal.
8. Classifique a oraçaã o “onde vivia com os pais e os irmaã os.” (ll. 12-13).

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9. Indique a funçaã o sintaí tica do pronome “nos” em “o que nos opoã e” (ll. 29-30)
sujeito

10. Identifique o processo utilizado na construçaã o da frase complexa “A democracia naã o baixa a
guarda, protege-se, defende-se” (l. 34).

GRUPO III

A toleraê ncia parece ser a palavra de ordem na maioria dos estados democraí ticos. Poreí m, quer a violeê ncia
quer os atentados mais recentes teê m vindo a gerar uma forte indignaçaã o entre os cidadaã os e levam muitos
a questionar os valores adotados nestes estados.

Num texto de 200 a 300 palavras, apresente a sua opiniaã o relativamente ao aumento da violeê ncia e dos
atentados contra a humanidade, referindo-se aos modos de atuaçaã o dos estados democraí ticos face a essas
situaçoã es.

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